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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

JOSIAS ALVES RIBEIRO


THAIS MATIAS DOS SANTOS

ESTUDO SOBRE APLICAÇÃO DO FRATURAMENTO HIDRÁULICO EM


MODELO COM CARACTERÍSTICAS DO CAMPO DE NORNE

NITERÓI, RJ
2019
JOSIAS ALVES RIBEIRO
THAIS MATIAS DOS SANTOS

ESTUDO SOBRE APLICAÇÃO DO FRATURAMENTO HIDRÁULICO EM


MODELO COM CARACTERÍSTICAS DO CAMPO DE NORNE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia de Petróleo da Escola
de Engenharia da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial à obtenção
do título de Engenheiro(a) de Petróleo.

Orientador:
Prof. Dr. João Felipe Mitre de Araujo – UFF

Coorientadora:
Prof.ª Drª. Juliana Souza Baioco – UFRJ

NITERÓI, RJ
2019
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA GERADA EM:


http://www.bibliotecas.uff.br/bee/ficha-catalografica

Ficha catalográfica automática - SDC/BEE


Gerada com informações fornecidas pelo autor

R484e Ribeiro, Josias Alves


Estudo sobre a aplicação do fraturamento hidráulico em modelo
com características do campo de Norne / Josias Alves Ribeiro,
Thais Matias dos Santos ; João Felipe Mitre de Araujo, orientador
; Juliana Souza Baioco, coorientadora.
Niterói, 2019.
80 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de


Petróleo)-Universidade Federal Fluminense, Escola de Engenharia,
Niterói, 2019.

1. Fraturamento Hidráulico. 2. Simulação númerica. 3. Produção


intelectual. I. Santos, Thais Matias dos. II. Araujo, João Felipe
Mitre de, orientador. III. Baioco, Juliana Souza, coorientador.
IV. Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia. V.
Título.
CDD -

Bibliotecária responsável: Fabiana Menezes Santos da Silva - CRB7/5274


Dedicamos este trabalho aos nossos familiares,
pelo incentivo e por acreditarem em nossos
potenciais para realizá-lo.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer à minha família por todo apoio, não somente
durante a minha graduação, mas também em todos os momentos da minha vida, em especial
aos meus pais, Neide e Maurílio, que sempre me apoiaram na realização desta conquista. Esse
sonho não é somente meu, este diploma também é de vocês!

À minha irmã, Cristina, meu maior exemplo de dedicação, aquela que sempre me
inspirou a buscar o meu melhor, me apoiando em todas as decisões. Espero um dia ser um
profissional igual a você, sua determinação me inspira!

Aos meus amigos, pela compreensão das ausências e pelo afastamento temporário
durante a execução do trabalho.

Ao professor orientador João Felipe Mitre por ter aceito nos orientar e por suas
considerações a respeito deste trabalho de conclusão de curso.

À professora coorientadora Juliana Souza Baioco, que contribuiu para o meu interesse
pelo tema, e pelo intermédio para o acesso ao software, ferramenta de grande importância para
a execução do trabalho.

Ao Filipe Nathan por ter disponibilizado materiais que foram utilizados para
aprendizagem do software para execução do trabalho.

Aos meus amigos da Universidade Federal Fluminense, gostaria de agradecer por terem
contribuído para que esses anos de graduação fossem mais leves e minha saudade de casa fosse
amenizada. Em especial a Thais, pelo convite para execução do trabalho, Pamela, Marco,
Andressa e amigos dos cursos de engenharia química e comunicação social.

Aos professores do Departamento de Engenharia Química e de Petróleo da


Universidade Federal Fluminense, com quem tive a oportunidade de ter aula e receber um
ensino de qualidade, contribuindo assim para minha formação em Engenharia de Petróleo.

À P&Q Engenharia Júnior, empresa júnior do curso que transformou minha vida
profissional, e me permitiu conhecer grandes amigos que levarei para o resto da vida.

Aos amigos da Gerência de Mercados Especiais da Petrobras Distribuidora, pelo


acolhimento e por todo o conhecimento passado durante meu período de estágio.

Josias Alves Ribeiro


AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por todo cuidado e amor por mim. Por Sua infinita fidelidade. Sem
Ele eu não chegaria aqui. Ele tem os melhores sonhos e sou grata por escrever minha história
com tanta perfeição.
À minha mãe Claudice por toda dedicação desde sempre, muitas vezes abrindo mão de
suas vontades para fazer o melhor por mim e minha irmã. Agradeço a minha irmã Thaynah, que
juntamente com minha mãe estão sempre ao meu lado, me incentivando e apoiando meus
sonhos. Eu dedico esse diploma a vocês que são minha inspiração. Amo vocês!
Ao meu pai Antônio (in memorian) que estará sempre vivo em meu coração. Foi difícil
te perder, ainda mais durante a graduação. Muitas vezes pensei em desistir, mas fiz o que te
deixaria feliz: prosseguir! Sei que está feliz por mim aí no céu. Te amo, pai! Agradeço também,
aos meus irmãos Fábio e Wellington por todo amor e carinho.
Aos familiares que estão sempre comigo e torcendo por mim. Em especial, à minha tia
e madrinha, Maria de Lourdes, por ser minha fã número 1. Agradeço por todo incentivo,
otimismo e cuidado.
Ao Irving que esteve comigo durante toda graduação. Obrigada por estar presente em
todos os momentos, por ser amigo, ouvir as minhas lamentações e me fazer sorrir. Agradeço
por todo apoio, carinho e respeito.
Aos professores João Felipe Mitre e Juliana Souza Baioco por toda contribuição e
atenção ao nos orientar neste trabalho de conclusão de curso. Agradecemos à Fernanda Tardin
e João Crisósthomo por aceitarem participar da banca deste trabalho.
Ao Felipe Nathan por ter compartilhado materiais que nos auxiliaram no uso do
software de simulação. Foi de grande importância para a execução deste trabalho.
Agradeço aos amigos da UFF, da Matemática, meu antigo curso, por todos os momentos
juntos que passamos e aos da Engenharia de Petróleo da UFF por todo companheirismo, estudo,
e risadas, tornando a caminhada mais leve. Em especial, agradeço ao Josias pela parceria na
realização deste trabalho, Andressa, Emilaine, Guto, Natália, Júlia e Carina.
À Superintendência de Produção de Combustíveis, da Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por toda oportunidade, acolhimento, aprendizado e
bolos. Agradeço a Coordenação de Autorizações, em especial a Fernanda e Lorena, melhores
chefes, por toda paciência, ensinamentos e confiança.
Thais Matias dos Santos
"Todos os seus sonhos podem se tornar realidade
se você tiver a coragem de persegui-los".

(Walt Disney)
RESUMO

Atualmente, a demanda energética mundial é caracterizada por um alto consumo de petróleo e


seus derivados, embora ainda existam grandes reservas de hidrocarbonetos, empresas da
indústria do petróleo destinam pesquisas para o avanço de novas técnicas que visem o aumento
do fator de recuperação (FR) atrelado ao desenvolvimento do campo petrolífero. Nesta
perspectiva, o fraturamento hidráulico surge como uma técnica de estimulação de poços, tendo
como objetivo principal, elevar o índice de produtividade sendo aplicado principalmente em
reservatórios não convencionais. A técnica consiste na injeção de fluidos sob alta pressão no
reservatório, sendo capaz de causar falhas nas rochas, possibilitando assim a criação de
caminhos para o escoamento dos fluidos. O faturamento hidráulico é muito utilizado nos
Estados Unidos e contribuiu para o aproveitamento dos recursos não convencionais e
fortalecimento da economia do país. Apesar do sucesso, a técnica é muito questionada pelos
órgãos ambientais, sendo proibida em muitos países. Neste trabalho, foi efetuada uma
simulação computacional de faturamento hidráulico em um modelo com características reais
do campo de Norne, localizado no Mar da Noruega. A simulação foi realizada no módulo IMEX
do programa da CMG (Computer Modelling Group) versão 2019.10. A modelagem das fraturas
levou em consideração os parâmetros reais obtidos no modelo disponibilizado pela Norwegian
University of Science and Technology (NTNU). Tendo como objetivo principal a avaliação do
FR de gás, 20 casos foram elaborados variando o número de fraturas, a altura das fraturas e o
espaçamento entre as mesmas. Observou-se a influência que os parâmetros variados possuem
na produtividade de um campo.

Palavras chaves: fraturamento hidráulico, simulação, índice de produtividade, fator de


recuperação
ABSTRACT

Currently, the world's energy demand is characterized by a high consumption of oil and its
derivatives, although there are still large reserves of hydrocarbons, oil industry companies are
conducting research to advance new techniques aimed at increasing the recovery factor linked
to development of the oil field. In this perspective, fracking emerges as a well stimulation
technique, with the main objective of increasing the productivity index, being applied mainly
in unconventional reservoirs. In this perspective, fracking appears as a well stimulation
technique, with the main objective of increasing the productivity index, being applied mainly
in unconventional reservoirs. The technique consists of the injection of fluids under high
pressure in the reservoir, being able to cause rocks failures, thus allowing the creation of paths
for the flow of the fluids. The fracking is widely used in the United States and has contributed
to harnessing unconventional resources and strengthening the country's economy. Despite its
success, the technique is very questioned by environmental agencies and is prohibited in many
countries. This work, a computational simulation of fracking was performed in a model with
real characteristics of the Norne field, located in the Norwegian Sea. The simulation was
performed in the IMEX module of the CMG (Computer Modeling Group) version 2019.10
program. Fracture modeling took into account the actual parameters obtained in the model
provided by the Norwegian University of Science and Technology (NTNU). With the main
objective of evaluating the gas recovery factor, 20 cases were elaborated by varying the number
of fractures, fractures height and the spacing between them. The influence that varied
parameters have on the productivity of a field was observed.

Keywords: fracking, simulation, productivity index, recovery factor


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do campo de Norne ................................................................................ 3


Figura 2 - FPSO Norne no Mar da Noruega............................................................................... 4
Figura 3 - Histórico de produção do campo de Norne ............................................................... 4
Figura 4 - Seção transversal de uma amostra de rocha............................................................... 7
Figura 5 - Rocha-reservatório contendo três fluidos .................................................................. 9
Figura 6 - Triângulo de recursos............................................................................................... 11
Figura 7 - Fraturamento Hidráulico no Campo de Hugoton .................................................... 13
Figura 8 - Principais esforços compressivos na formação ....................................................... 15
Figura 9 - Aplicações dos modelos de simulação de reservatórios no diagrama de fases pressão-
temperatura ............................................................................................................................... 19
Figura 10 - Fluxograma ............................................................................................................ 26
Figura 11 - Imagem 3D do grid ................................................................................................ 30
Figura 12 - Modelo de porosidade ............................................................................................ 31
Figura 13 - Modelo de permeabilidade na coordenada i .......................................................... 31
Figura 14 - Modelo de permeabilidade para coordenada j ....................................................... 32
Figura 15 - Modelo de permeabilidade para coordenada k ...................................................... 32
Figura 16 - Curva de razão de solubilidade do gás no óleo e fator volume formação do óleo em
função da pressão...................................................................................................................... 33
Figura 17 - Fator volume formação do gás............................................................................... 34
Figura 18 - Fator de expansão do gás versus pressão ............................................................... 34
Figura 19 - Viscosidade do óleo e do gás em função da pressão ............................................. 35
Figura 20 - Permeabilidade relativa do gás e permeabilidade relativa do óleo em relação ao gás
em função da saturação de gás ................................................................................................. 36
Figura 21 - Permeabilidade relativa da água e permeabilidade relativa do óleo em relação a água
em função da saturação de água ............................................................................................... 36
Figura 22 - Vista frontal do poço produtor PROD-1 (plano IK-2D X-Sec, J layer:110)......... 37
Figura 23 - Vista lateral do poço produtor PROD-1 (plano JK-2D X-Sec, I layer: 30)........... 37
Figura 24 - Vista superior das fraturas ..................................................................................... 39
Figura 25 - Refinamento de fratura .......................................................................................... 39
Figura 26 - Parâmetros dimensionais das fraturas. ................................................................... 40
Figura 27 - Fator de Recuperação de Gás para a Recuperação Primária em função do tempo em
anos ........................................................................................................................................... 43
Figura 28 - Comparativo da vazão de gás em condições padrão em função do tempo em anos
.................................................................................................................................................. 44
Figura 29 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com fraturas com 90 ft de comprimento
em função do tempo em anos ................................................................................................... 45
Figura 30 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com fraturas com 180 ft de comprimento
em função do tempo em anos ................................................................................................... 46
Figura 31 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com fraturas com 280 ft de comprimento
em função do tempo em anos ................................................................................................... 46
Figura 32 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com fraturas com 460 ft de comprimento
em função do tempo em anos ................................................................................................... 47
Figura 33 – Fator de Recuperação de Gás para os casos com 50 ft de espaçamento entre as
fraturas ...................................................................................................................................... 49
Figura 34 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com maiores resultados em função do
tempo em anos .......................................................................................................................... 50
Figura 35 - Comparativo da vazão de gás em condições padrão entre o FR em função do tempo
em anos ..................................................................................................................................... 50
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Densidade e resistência do tipo de propante ........................................................... 18


Tabela 2 - Condições Inicias do Reservatório .......................................................................... 29
Tabela 3 - Posicionamento do grid ........................................................................................... 29
Tabela 4 - Dados dimensionais do modelo............................................................................... 29
Tabela 5 - Dimensionamento de propriedades ......................................................................... 30
Tabela 6 - Propriedades do reservatório ................................................................................... 33
Tabela 7 - Permeabilidade relativa da água e óleo em relação à saturação de água ................ 35
Tabela 8 - Permeabilidade relativa do gás e óleo em relação à saturação de gás ..................... 36
Tabela 9 - Condições operacionais do poço produtor PROD-1 ............................................... 38
Tabela 10 - Dados da fratura .................................................................................................... 38
Tabela 11 - Planejamento dos casos para simulação ................................................................ 41
Tabela 12 - Parâmetros das simulações .................................................................................... 42
Tabela 13 - Resultados das simulações dos casos planejados .................................................. 48

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Componentes dos fluidos de fraturamento ............................................................. 16


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis


BUILDER Pre-Processing Applications
CMG Computer Modelling Group
DTMIN Fração de tempo mínima
EIA Energy Information Administration
FPSO Floating Production Storage and Offloading
FR Fator de Recuperação
GNL Gás Natural Liquefeito
HOWCO Halliburton Oil Well Cementing Company
IMEX Adaptive Implict-Explict black-oil simulator
IO Center Centro de Operações Integradas da Indústria do Petróleo
𝐼𝑃 Índice de Produtividade
ITERMAX Iterações máximas permitidas na rotina da solução da matriz jacobiana
MINC Multiple-Interacting Continua
NCS Norwegian Continental Shelf
NCUTS Número máximo de cortes
NEWTONCYC Quantidade máxima de iterações newtonianas
NORM PRESS Alterações típicas na variável pressão
NORTH Número máximo de ortogonalizações
NPD Norwegian Petroleum Directoarate
NTNU Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia
OPM Open Porous Media
PIB Produto Interno Bruto
PROD-1 Poço produtor horizontal
PSA Petroleum Safety Authority
RC Reservatório Convencional
RESQML Reservoir Mark-up language
RNC Reservatórios não convencionais
SPE Sociedade de Engenheiros de Petróleo
WINPROP Phase Behaviour and Property Program
WT Transformações de wavelets
XML Extensible Markup Language
𝑊𝑃 Well productivity
LISTA DE SÍMBOLOS

𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 Abertura da fratura

𝐴 Área da seção transversal


𝑐𝜇𝑜 Coeficiente angular da curva de viscosidade do óleo

𝛼 Coeficiente de Biot

𝜈 Coeficiente de Pisson

𝑐𝑤 Compressibilidade da água

𝑐𝑜 Compressibilidade do óleo
𝑐𝑓 Compressibilidade efetiva da formação

ℎ Comprimento da formação

𝐿 Comprimento do meio poroso


𝐶𝑓 Condutividade da fratura
𝐻𝑔𝑜𝑐 Contato gás-óleo

𝜌𝑤 Densidade da água
𝜌𝑔 Densidade do gás

𝜌𝑜 Densidade do óleo

∆𝑃 Diferencial de pressão

𝜎𝑧 Esforço de sobrecarga

𝜎𝑥 Esforço horizontal na coordenada x


𝜎𝑦 Esforço horizontal na coordenada z

𝜎𝑒𝑥𝑡 Esforço tectônico


𝑃𝑘𝑟𝑔 Expoente da lei de potência para 𝑘𝑟𝑔

𝑃𝑘𝑟𝑜𝑔 Expoente da lei de potência para 𝑘𝑟𝑜𝑔

𝑃𝑘𝑟𝑜𝑤 Expoente da lei de potência para 𝑘𝑟𝑜𝑤

𝑃𝑘𝑟𝑤 Expoente da lei de potência para 𝑘𝑟𝑤

𝑍 Fator de compressibilidade do gás


𝐸𝑔 Fator de expansão de gás

𝑓𝑓 Fator geométrico de completação


𝑠 Fator skin

𝐵𝑤 Fator volume-formação da água

𝐵𝑜 Fator volume-formação do óleo


𝑤𝑓𝑟𝑎𝑐 Fração angular do poço
𝜆𝑗 Mobilidade da fase j
𝜆𝑔 Mobilidade do gás

𝜆𝑜 Mobilidade do óleo

𝑘 Permeabilidade
𝑘𝑝 Permeabilidade do propante

𝑘𝑤 Permeabilidade efetiva a água


𝑘𝑔 Permeabilidade efetiva ao gás

𝑘𝑜 Permeabilidade efetiva ao óleo

𝑘𝑖 Permeabilidade na coordenada i
𝑘𝑗 Permeabilidade na coordenada j

𝑘𝑘 Permeabilidade na coordenada k

𝑘𝑟𝑤𝑖𝑟𝑜 Permeabilidade relativa da água no óleo irredutível


𝑘𝑟𝑗 Permeabilidade relativa da fase j

𝑘𝑟𝑜𝑐𝑤 Permeabilidade relativa do óleo na presença da água conata

𝑘𝑟𝑜𝑤 Permeabilidade relativa do óleo na presença de água


𝑘𝑟𝑜𝑔 Permeabilidade relativa do óleo na presença de gás
𝑘𝑟𝑔𝑐𝑙 Permeabilidade relativa do óleo na presença de gás em função da 𝑆𝑙𝑐𝑜𝑛
𝑘𝑟𝑜𝑔𝑐𝑙 Permeabilidade relativa do óleo na presença de gás em função da 𝑆𝑙𝑐𝑜𝑛

𝐾rw Permeabilidades relativas da água


𝑘rg Permeabilidades relativas do gás

𝑘ro Permeabilidades relativas do óleo

𝜙 Porosidade

𝑃 Pressão

𝑃𝑏 Pressão de bolha

𝑃𝑤 Pressão de fluxo de poço


𝑃𝑝 Pressão de poros

𝑃𝑅 Pressão do reservatório

𝑃𝑒 Pressão estática

𝑃𝑆𝐶 Pressão nas condições padrão

𝑃𝐵𝐻 Pressão no fundo do poço


𝑃𝑟𝑒𝑓 Pressão Referencial

Gp Produção acumulada de gás


𝐻𝑟𝑒𝑓 Profundidade Referencial

𝐻𝑤𝑜𝑐 Profundidade Referencial

𝑟𝑤 Raio do poço

𝑟𝑒 Raio efetivo do poço

𝑅𝑠 Razão de solubilidade do gás no óleo

𝑆𝑤𝑐𝑟𝑖𝑡 Saturação crítica da água


𝑆𝑔𝑐𝑟𝑖𝑡 Saturação crítica de gás

𝑆𝑤 Saturação de água

𝑆𝑤𝑖 Saturação de água conata


𝑆𝑔 Saturação de gás
𝑆𝑔 Saturação de gás

𝑆𝑜𝑟𝑤 Saturação de óleo residual


𝑆𝑓 Saturação do fluido

𝑆𝑙 Saturação do líquido

𝑆𝑙𝑐𝑟𝑖𝑡 Saturação líquida conata

𝑇𝑅 Temperatura do reservatório

𝑇𝑆𝐶 Temperatura nas condições padrão

𝜎𝑚á𝑥 Tensão máxima

𝜎𝑚𝑖𝑛 Tensão mínima

𝑞 Vazão de fluido
𝑞𝑔 Vazão de gás

𝑞𝑤 Vazão de gás
𝑞𝑔𝑆𝐶 Vazão de gás nas condições de superfície

𝑞𝑜 Vazão de óleo

µ𝑤 Viscosidade da água
𝜇𝑗 Viscosidade da fase j

𝜇 Viscosidade do fluido

𝑉𝑅 Volume de gás nas condições de reservatório

𝑉𝑆𝐶 Volume de gás nas condições padrão

𝑉𝑉 Volume de vazios
𝑉𝑓 Volume do fluido
𝑉𝑝 Volume poroso

𝑉𝑡 Volume total
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................. 1
1.2. OBJETIVO........................................................................................................................ 3
1.3. ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................................... 3
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 6
2.1. DEFINIÇÃO DE RESERVATÓRIO ............................................................................... 6
2.2. PRINCIPAIS PROPRIEDADES DO RESERVATÓRIO ................................................ 6
2.2.1. POROSIDADE ............................................................................................................. 6
2.2.2. PERMEABILIDADE ................................................................................................... 7
2.2.3. COMPRESSIBILIDADE ............................................................................................. 8
2.2.4. SATURAÇÃO.............................................................................................................. 9
2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS ............................................................... 10
2.3.1. RESERVATÓRIOS CONVENCIONAIS (RC) ........................................................ 10
2.3.2. RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCINAIS (RNC’s) ............................................ 10
2.4. FRATURAMENTO HIDRÁULICO .............................................................................. 12
2.4.1. HISTÓRICO DO FRATURAMENTO HIDRÁULICO ............................................ 12
2.4.2. OBJETIVOS DO FRATURAMENTO HIDRÁULICO ............................................ 14
2.4.3. MECÂNICA DO FRATURAMENTO HIDRÁULICO ............................................ 14
2.4.4. FLUIDO DE FRATURAMENTO HIDRÁULICO ................................................... 16
2.4.5. PROPANTES ............................................................................................................. 17
3. SIMULAÇÃO NUMÉRICA ....................................................................................... 19
3.1. MODELO BLACK-OIL .................................................................................................. 20
3.2. MODELO COMPOSICIONAL ...................................................................................... 20
3.3. SIMULADOR IMEX ...................................................................................................... 21
4. METODOLOGIA........................................................................................................ 26
5. MODELAGEM............................................................................................................ 28
5.1. FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS ....................................................................... 28
5.2. CONDIÇÕES INICIAS .................................................................................................. 28
5.3. MODELO DE MALHA.................................................................................................. 29
5.4. PROPRIEDADES DA ROCHA ..................................................................................... 30
5.5. MODELO DE FLUIDO .................................................................................................. 33
5.6. CARACTERÍSTICAS DO POÇO PRODUTOR ........................................................... 37
5.7. MODELAGEM DA FRATURA .................................................................................... 38
5.8. PLANEJAMENTO DAS SIMULAÇÕES ...................................................................... 40
6. RESULTADOS ............................................................................................................ 42
6.1. ANÁLISE DA RECUPERAÇÃO PRIMÁRIA DE GÁS ............................................... 42
6.2. ANÁLISE DOS CASOS COM FRATURAS DE 90 FT DE COMPRIMENTO ........... 44
6.3. ANÁLISE DOS CASOS COM FRATURAS DE 180 FT DE COMPRIMENTO ......... 45
6.4. ANÁLISE DOS CASOS COM FRATURAS DE 280 FT DE COMPRIMENTO ......... 46
6.5. ANÁLISE DOS CASOS COM FRATURAS DE 460 FT DE COMPRIMENTO ......... 47
6.6. ANÁLISE COMPARATIVA GERAL ........................................................................... 47
7. CONCLUSÃO.............................................................................................................. 51
7.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 51
7.2. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................. 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 52
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 56
1

1. INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

A Noruega é reconhecida por ser um dos países produtores de petróleo e gás natural
com melhor estrutura na exploração e produção, proporcionando bem-estar para as empresas
locais e para a população. O país é localizado no norte da Europa e é banhado pelo Mar do
Norte, da Noruega e Barent. Através da exploração dos recursos petrolíferos, a economia do
país foi beneficiada (ALMEIDA; HENRIQUE; LEMOS, 2012).
Na década de 50, pouco se acreditava no potencial de exploração e produção na
Noruega. Com a descoberta de uma reserva de gás, na Holanda em 1959, muitos geólogos
reformularam suas teorias sobre o potencial de exploração no Mar do Norte. Em 1963 foram
autorizados levantamento geológico por sísmica, sem a permissão de perfuração (ALMEIDA;
HENRIQUE; LEMOS, 2012).
Em 13 de abril de 1965, ocorreu a primeira rodada de concessão para exploração na
plataforma continental norueguesa (Norwegian Continental Shelf – NCS) com a
responsabilidade do Ministério da Indústria. No ano seguinte, o primeiro poço foi perfurado e
obtiveram um poço seco (ALMEIDA; HENRIQUE; LEMOS, 2012).
Com a descoberta de um novo campo de petróleo em 1969, foi necessária a criação de
um órgão regulador. Dessa forma, em 14 de julho de 1972, criou-se a Agência Norueguesa de
Petróleo (Norwegian Petroleum Directoarate – NPD) e a Equinor, anteriormente conhecida
como Statoil, para atuação na exploração e produção de petróleo no país. Inicialmente, esta
detinha 50% de participação em cada licença, que posteriormente passou a variar de acordo
com as circunstâncias (ALMEIDA; HENRIQUE; LEMOS, 2012).
Em 2004 a NPD foi dividida, resultando na criação da Autoridade de Segurança do
Petróleo (Petroleum Safety Authority – PSA), órgão regulador independente do governo, com
o objetivo de ser responsável pelas regras técnicas para saúde, segurança e meio ambiente no
setor de óleo e gás (CAMPOS; SARTORI, 2010).
De acordo com o Energy Information Administration (EIA), em 2017, a Noruega foi o
terceiro maior exportador de gás natural do mundo, depois da Rússia e do Catar. O setor de
petróleo e gás natural, representou cerca de 40% das receitas de exportação do país e mais de
15% do produto interno bruto (PIB).
A Noruega, atualmente, fornece cerca de 2% do consumo global de petróleo. Uma das
exportações mais importantes para economia norueguesa é o óleo bruto, que em 2018
2

representou cerca de 26% do comércio externo total de mercadorias (NORSK PETROLEUM,


2019).
Em 2018, a Noruega exportou cerca de 70 milhões de Sm³ (1,2 milhões de barris por
dia) de petróleo para países da Europa e 16 milhões de Sm³ (0,3 milhão de barris por dia)
distribuídos para empresas onshore na Noruega. Aproximadamente 95% do gás é transportado
por dutos submarinos para outros países europeus, enquanto 5% é exportado como gás natural
liquefeito (GNL) através de navios (NORSK PETROLEUM, 2019).
Ao analisar a história da indústria de petróleo na Noruega, é possível identificar a
importância desse setor para o país. A Noruega enfrentou desafios na exploração em alto mar
e atualmente desfruta dos resultados desse investimento, mesmo diante do declínio de produção
de alguns campos, como é o caso de Norne.
Com o declínio de produção, é possível destacar meios de desenvolver esses campos.
Na indústria de petróleo, a viabilidade de desenvolver um campo petrolífero está associada às
propriedades das rochas e do fluido. Para o aumento da produtividade, são necessárias a
aplicação de técnicas denominadas “métodos de estimulação”.
A estimulação viabiliza a exploração em reservatórios com baixa permeabilidade,
criando caminhos na formação, de forma que possibilite o fluxo do fluido, ou seja, resulta no
aumento do índice de produtividade. Os métodos de estimulação podem ser divididos em:

• Fraturamento hidráulico;
• Acidificação matricial;
• Fraturamento ácido.

Na Engenharia de Petróleo, a ferramenta mais utilizada para prever o comportamento


do reservatório é a simulação de reservatórios. Através desta ferramenta, os engenheiros de
reservatórios podem estabelecer um plano de desenvolvimento com os resultados da produção
ao longo de um período, obter informações sobre a dinâmica de movimentação de fluidos e
métodos necessários para aumentar o Fator de Recuperação (FR)1.
A indústria de petróleo utiliza diversos simuladores comerciais para previsão do
comportamento do reservatório. Neste trabalho, são apresentados resultados do faturamento
hidráulico, utilizando o Adaptive Implict-Explict black-oil simulator (IMEX) da CMG

1
O Fator de Recuperação (FR) de um reservatório de gás é definido como o quociente entre a produção
acumulada e o volume original (ROSA et al., 2006).
3

(Computer Modelling Group). Para tal simulação, é utilizado o modelo black-oil, assumindo o
escoamento das três fases óleo, água e gás.

1.2. OBJETIVO

Este trabalho está estruturado de forma a analisar a aplicação de um fraturamento


hidráulico em um modelo black-oil com características reais do campo de Norne, um
reservatório convencional localizado na Noruega. A análise está baseada no estudo numérico
através da utilização de um simulador comercial motivada pela importância que o incremento
nos valores de recuperação de hidrocarbonetos possui para o futuro energético do mundo.
Visando o estudo da produtividade do reservatório e do FR do campo, foi estabelecido
o período de 10 anos como tempo de avaliação e foram planejados 20 casos levando em
consideração a inserção de fraturas ao longo do reservatório com diferentes comprimentos e
espaçamentos, mantendo em todos os casos as alturas das fraturas constantes. Além disso, para
determinação dos parâmetros de recuperação primária, um caso inicial é definido sem a
presença das fraturas. A discussão final dos resultados toma como base os valores simulados
para o caso inicial e discute as configurações propostas dos conjuntos de fraturas.

1.3. ÁREA DE ESTUDO

A área selecionada para o atual estudo, compreende o campo de Norne, Figura 1, situado
nos blocos 6608/10 e 6508/1, no mar da Noruega com 380 m de lâmina d’água. O campo foi
descoberto em 1992 e o plano de desenvolvimento e produção aprovado em 1995. Somente em
6 de novembro de 1997 o campo iniciou a sua produção. O campo é operado pela Equinor
Energy AS com a Petoro AS e Var Energi AS como colaboradoras (NORSK PETROLEUM,
2019).
Figura 1 - Localização do campo de Norne

Fonte: NTNU (2012)


4

O campo foi desenvolvido através de um navio de produção e armazenamento (Figura


2), também conhecido como Floating Production Storage and Offloading (FPSO). Os risers
flexíveis conectam o poço até o navio, que possui uma planta de processamento e tanques de
armazenamento. O óleo é escoado por navios aliviadores e o gás, por meios de gasodutos para
a Europa continental. Para aumentar a recuperação de petróleo, é realizado o método de injeção
de água, visto que possui menor custo operacional (EQUINOR, 2019).

Figura 2 - FPSO Norne no Mar da Noruega

Fonte: Equinor (2019)


O histórico de produção do campo de Norne pode ser visto pela Figura 3, onde o pico
de produção ocorreu em 2001 com 11,3 milhões Sm³ de óleo e 1,08 milhão Sm³ de gás. Em
2018 a produção foi de 0,61 milhão Sm³ de óleo e 0,18 milhão Sm³ de gás. Embora o campo se
encontre em declínio, ainda há expectativa para aumentar os volumes recuperáveis no campo
(NORSK PETROLEUM, 2019).

Figura 3 - Histórico de produção do campo de Norne

Fonte: Norsk Petroleum (2019)


5

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

A estrutura do presente estudo foi planejada com a divisão em 7 capítulos, sendo o


Capítulo 1 destinado a introdução do tema a ser abordado, juntamente com o objetivo, área de
estudo e estrutura adotada no trabalho.
No Capítulo, 2 é apresentada uma revisão bibliográfica que abrange o assunto. A partir
desse capítulo, são expostos os conceitos de: reservatório, fraturamento hidráulico, assim como
seus objetivos, mecânica da operação, tipos de fluidos e propantes. Também são abordadas as
principais propriedades de reservatório, que serão utilizadas na simulação numérica no módulo
IMEX do software da CMG.
O Capítulo 3 aborda a importância da simulação numérica no estudo dos reservatórios
e apresenta os modelos de fluido, sendo eles o black-oil, composicional e por fim, as equações
que regem o modelo e caracterização do reservatório no simulador IMEX.
O Capítulo 4 é constituído pela metodologia do trabalho. Neste capitulo será apresentada
a fonte dos dados utilizados no modelo, a sequência de etapas estabelecidas para obtenção dos
arquivos e informações necessárias para modelagem e tratamento de dados nos softwares.
A modelagem é exposta no Capítulo 5, as ferramentas computacionais são apresentadas
juntamente com as condições iniciais adotadas no modelo, as propriedades da rocha, o modelo
de malha, além das condições operacionais do poço produtor e modelagem das fraturas
considerando o planejamento dos casos e parâmetros das mesmas.
No Capítulo 6, são apresentados os resultados obtidos da simulação numérica e a
discussão dos mesmos é feita levando em consideração o fator de recuperação (FR) do modelo
de recuperação primária como comparação.
No Capítulo 7, são apresentadas as conclusões. São realizadas considerações finais,
avaliando a produtividade do campo de Norne e o FR após a simulação. Também são sugeridas
recomendações para trabalhos futuros.
6

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. DEFINIÇÃO DE RESERVATÓRIO

O reservatório é constituído por uma rocha capaz de armazenar hidrocarbonetos em seus


espaços vazios (porosidade), que estejam interconectados, conferindo a característica de
permeabilidade. Dessa forma, podem ser constituídos por arenitos e calcarenitos, como também
rochas sedimentares dotadas de porosidade intergranular com permeabilidade. Vale ressaltar
que é possível ter rochas, como folhelhos e carbonatos com porosidade, porém impermeáveis e
com características de um reservatório, desde que sejam naturalmente fraturados (THOMAS,
2004).

2.2. PRINCIPAIS PROPRIEDADES DO RESERVATÓRIO

No estudo de um reservatório é essencial informações sobre propriedades das rochas e


dos fluidos nelas contidos. Tais propriedades determinam a quantidade dos fluidos existentes
no meio poroso, sua distribuição e a capacidade de se moverem (THOMAS, 2004).

2.2.1. POROSIDADE

A porosidade de uma rocha é adimensional e mede a capacidade de armazenamento de


fluidos. Relaciona o volume de vazios de uma rocha e o volume total da mesma. Pode ser
classificada como absoluta, efetiva, primária e secundária (ROSA et al., 2006). A expressão
matemática é definida pela Equação (1):
𝑉𝑉
𝜙= (1)
𝑉𝑡

Onde, 𝜙 é a porosidade (%); 𝑉𝑉 o volume de vazios; e 𝑉𝑡 o volume total.


A porosidade absoluta é definida como a relação entre o volume total de vazios de uma
rocha (interconectados ou não) e o volume total da mesma (ROSA et al., 2006). O termo
interconectado faz referência aos poros que constituem uma fase contínua no meio poroso.
A porosidade efetiva relaciona o volume dos espaços vazios interconectados e o volume
total da rocha. Do ponto de vista da engenharia de reservatório, representa o espaço ocupado
por fluidos que podem ser deslocados através do meio poroso (ROSA et al., 2006).
7

A porosidade primária é desenvolvida durante a deposição do material sedimentar, ou


seja, é a porosidade original. É o volume e distribuição dos poros que o agregado tinha no
momento da deposição (ROSA et al., 2006).
Após a sua formação, a rocha é submetida a processos geológicos podendo resultar no
desenvolvimento de fraturas naturais, aumentando o volume de vazios. Essa definição é
chamada de porosidade secundária.
Na Figura 4 é esquematizada a seção transversal de uma amostra de rocha. É possível
observar poros interconectados e poros isolados. Ao somar o volume de poros interconectados
ao volume de poros isolados, obtém-se o volume total de poros, que foi definido em porosidade
absoluta.

Figura 4 - Seção transversal de uma amostra de rocha

Fonte: Rosa et al. (2006)

2.2.2. PERMEABILIDADE

A permeabilidade de um meio poroso é definida pela capacidade de se deixar atravessar


por fluidos, ou seja, é uma medida de condutividade de fluidos de um material. Geralmente é
expressa em Darcy (D) ou miliDarcy (mD). É comum na engenharia de petróleo o uso da
abreviatura md, em vez de mD (ROSA et al., 2006).

A equação mais utilizada foi formulada por Henry Darcy, em 1856 através do estudo de
problemas de tratamento de água utilizando filtros de areia. Definiu-se que a vazão era
proporcional à diferença de pressão ao longo do fluxo, à área da seção e uma constante 𝑘, que
ficou definida como uma propriedade da rocha, denominada permeabilidade absoluta e
8

inversamente proporcional ao comprimento do meio poroso (ROSA et al., 2006). A


permeabilidade é definida pela Equação (2)
𝑞∗𝜇∗𝐿
𝑘= (2)
𝐴 ∗ ∆𝑃

Onde, 𝑘 é a permeabilidade do meio poroso (D); 𝑞 a vazão de fluido (cm³/s); 𝜇 a


viscosidade de fluido (cp); 𝐿 o comprimento do meio poroso (cm); 𝐴 é a área da seção
transversal (cm²); e ∆𝑃 o diferencial de pressão (atm).
A permeabilidade pode ser classificada em: permeabilidade absoluta, permeabilidade
efetiva e permeabilidade relativa.
A permeabilidade é dita absoluta quando existe apenas um único fluido saturando a
rocha, isso significa que existe um único fluido escoando no espaço poroso (THOMAS, 2004).
Uma rocha-reservatório contém sempre mais de um fluido. Logo, a facilidade com que
cada fluido se move no meio poroso é denominada permeabilidade efetiva. As permeabilidades
efetivas ao óleo, gás e água são simbolizadas por 𝑘𝑜 , 𝑘𝑔 e 𝑘𝑤 , respectivamente (THOMAS,
2004). A permeabilidade efetiva é sempre menor que a permeabilidade absoluta e depende da
saturação dos fluidos.
É a razão entre a permeabilidade efetiva e a permeabilidade absoluta. O cálculo
quantifica o quanto um material permite o movimento de um fluido, mediante a presença de
outro fluido (THOMAS, 2004).

2.2.3. COMPRESSIBILIDADE

Um corpo de um volume inicial V, quando sofre uma compressão p, há uma variação


de volume ΔV. Dividindo a variação fracional de volume pela variação de pressão, tem-se a
compressibilidade (THOMAS, 2004).
A porosidade das rochas sedimentares está relacionada ao grau de compactação das
mesmas. Logo, os sedimentos que estão a grandes profundidades possuem porosidade inferior
aos valores de sedimentos que não estão profundamente soterrados (ROSA et al., 2006). A
compressibilidade pode ser classificada em: compressibilidade da rocha matriz,
compressibilidade total da rocha e compressibilidade dos poros.
Para a engenharia de reservatório, a compressibilidade efetiva da formação é de maior
importância, sendo definida a seguir.
Os poros existentes na rocha-reservatório são preenchidos por fluidos que exercem
pressão sobre as paredes dos mesmos. Quando é retirada uma quantidade de fluido do interior
9

da rocha, a pressão diminui e reduz o volume dos poros (THOMAS, 2004). Fica definida como
compressibilidade efetiva da formação (𝑐𝑓 ), a razão entre a variação fracional do volume poroso
e a variação de pressão, expressa pela Equação (3).
1 𝜕𝑉𝑝
𝑐𝑓 = ∗ (3)
𝑉𝑝 𝜕𝑃
Onde, 𝑉𝑝 é o volume poroso da rocha; e 𝑃 a pressão interna. Com a definição de
porosidade, é possível escrever uma expressão para volume poroso, Equação (4) e
compressibilidade efetiva da formação, Equação (5), em função da mesma (ROSA et al., 2006).
Vp = 𝑉𝑡 ∗ 𝜙 (4)
1 𝜕𝜙
𝑐𝑓 = ∗ (5)
𝜙 𝜕𝑃

2.2.4. SATURAÇÃO

Os espaços vazios de uma rocha podem estar preenchidos por líquidos e o restante por
gás. Também pode ocorrer todo o preenchimento por dois ou mais líquidos. É necessário o
conhecimento do conteúdo existente no meio poroso, pois o valor econômico de um
reservatório depende da quantidade e tipo do fluido presente (ROSA et al., 2006). A Figura 5
mostra a situação onde uma rocha-reservatório está saturada por três tipos de fluidos.

Figura 5 - Rocha-reservatório contendo três fluidos

Fonte: Rosa et al. (2006)

Define-se saturação de um determinado fluido, como a fração ou porcentagem do


volume de poros ocupada pelo fluido. Dessa forma, temos a Equação (6):
𝑉𝑓
𝑆𝑓 = (6)
𝑉𝑝
10

Onde, 𝑆𝑓 é a saturação do fluido (água, óleo ou gás); 𝑉𝑓 o volume do fluido; e 𝑉𝑝 o


volume poroso. Reescrevendo em termos de porcentagem, temos a Equação (7):
𝑉𝑓
𝑆𝑓 (%) = ∗ 100% (7)
𝑉𝑝
A descoberta de um reservatório de petróleo possui certa saturação de água inicial, que
recebe o nome de água conata. Quando uma rocha contém apenas um fluido, sua saturação será
de 100% (THOMAS, 2004).

2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS

Os reservatórios podem ser subdivididos em reservatórios convencionais e reservatórios


não convencionais. Em um reservatório convencional de gás, a produção é considerada fácil e
economicamente viável diante do desenvolvimento tecnológico. Já em um reservatório não
convencional de gás, a sua produção é complexa, tornando-o economicamente inviável. O
conceito de reservatório não convencional não é algo preciso, visto que, pode se tornar
convencional com os avanços tecnológicos (ANP, 2010).

2.3.1. RESERVATÓRIOS CONVENCIONAIS (RC)

Reservatórios convencionais são formados por reservatórios de permeabilidades médias


a altas. Possuem pequena extensão geográfica, mas de fácil desenvolvimento. É possível
produzir grandes volumes de óleo e gás sem a necessidade de grandes métodos de estimulação
(NAIK, 2003).
Um reservatório convencional é definido como rochas com porosidade que permite o
acúmulo de grande quantidade de hidrocarbonetos. O sistema petrolífero é constituído por
rochas geradoras, reservatórios e selantes com presença de trapas. Para ser considerado um bom
reservatório, além de ter a função de armazenar é necessário ter boa permeabilidade efetiva para
que os hidrocarbonetos sejam facilmente extraídos.

2.3.2. RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCINAIS (RNC’S)

Denominam-se reservatórios não convencionais as camadas sedimentares com baixa


permeabilidade, que requerem tecnologia avançada para serem explorados (SUÁREZ, 2012).
A rocha geradora no sistema petrolífero será rocha reservatório, e por ter baixa permeabilidade,
terá também a função de rocha selante.
11

Conforme Devloo e Rosolen (2018), os RNC’s podem ser divididos em cinco tipos,
denominados em inglês e associados aos fluidos que o saturam: o gás de arenitos fechados (tight
gas sands), o metano de carvão (coalbed methane), o gás de folhelho (shale gas), o óleo de
folhelho (shale oil) e o folhelho betumino (oil shale), que não é vinculado ao fraturamento
hidráulico. De forma equivocada é traduzida para xisto os três últimos reservatórios. Para
reservatórios não convencionais de gás são classificados os termos tight gas, shale gas e
coalbed methane.
O termo tight gas faz referência à exploração de rochas fechadas (normalmente
arenitos), com baixa permeabilidade portadora de gás natural seco. Para a produção é necessário
utilizar técnicas de fraturamento hidráulico. Em alguns reservatórios naturalmente fraturados é
possível perfurar poços horizontais, mas estes necessitam ser estimulados.
O termo shale gas é traduzido erroneamente para “gás de xisto”. O xisto é uma rocha
metamórfica, isto é, sofreram alterações em sua composição e estrutura ao serem consolidadas.
O shale (folhelho) é uma rocha sedimentar e ao ser metamorfisado torna-se ardósia.
O termo coalbed methane (metano de carvão) refere-se a uma fonte de gás natural que
possui sua geração e armazenamento em jazidas de carvão.
Na década de 1970, Masters propôs a representação da pirâmide (Figura 6),
posteriormente adaptada por Holdich em 2006, que relaciona reservatórios convencionais e não
convencionais com o custo e grau de dificuldade de extração. Os reservatórios convencionais
encontram-se no topo, representando reservatórios com menores volumes, porém com baixo
custo e fácil exploração. Os reservatórios não convencionais ocupam a base, com grandes
volumes e alto custo, necessitando de alto investimento em tecnologia para a produção.

Figura 6 - Triângulo de recursos

Fonte: Adaptado de Holditch, 2006


12

Na maioria dos países, a indústria está focada na produção de gás em reservatórios


convencionais. As reservas de gás não convencionais nos Estados Unidos representam
importantes componentes de recursos de gás natural. No restante do mundo o recurso não
convencional é conhecido, mas as informações de geologia e engenharia para tal exploração
são ineficientes.
Durante a última década outros países desenvolveram a exploração de gás em
reservatórios não convencionais como Canadá, Austrália, México, Venezuela, Argentina,
Indonésia, China, Rússia, Egito e Arábia Saudita.

2.4. FRATURAMENTO HIDRÁULICO

A operação de fraturamento hidráulico, também conhecida como fracking, é uma das


técnicas utilizadas na estimulação de poços para elevação do índice de produtividade de poços
produtores e taxa de injetividade de poços injetores. A remoção de dano ou criação de canais
condutivos nas formações durante as operações de estimulação de poços resultam no aumento
da permeabilidade. A técnica de fraturamento hidráulico é aplicada em formações com baixa
permeabilidade que possuem um baixo potencial econômico, com o objetivo de obter uma
produção de hidrocarbonetos com vazões comerciais.
O fraturamento hidráulico consiste na injeção de um fluido de fraturamento pressurizado
no interior do poço visando a criação de esforços na área de interesse do reservatório com a
finalidade de ultrapassar a resistência à tração da formação, gerando fraturas que serão
propagadas para o interior da mesma. Após o término do bombeamento, as fraturas geradas
devido à pressão de confinamento tendem a fechar, por isso são utilizados propantes que serão
responsáveis pela sustentação da fratura aberta (FRANTZ et al., 2005).
Existem outros métodos de estimulação de poços como a acidificação matricial, onde
ocorre o bombeamento de fluido ácido na formação, visando dissolver os minerais presentes na
formação, sendo aplicada com o objetivo de remoção de dano ao redor do poço. Outro método
é o fraturamento ácido que é uma combinação dos métodos de fraturamento hidráulico e
acidificação matricial.

2.4.1. HISTÓRICO DO FRATURAMENTO HIDRÁULICO

Segundo Montgomery (2010), na década de 1960, foram registradas as primeiras


operações envolvendo a técnica de fraturamento hidráulico, onde a nitroglicerina era utilizada
como fluido fraturante em formações rasas e duras nos Estados Unidos, nas regiões de
13

Kentucky, New York, Pensilvânia e West Virginia. A utilização da substância química associada
à explosivos foi considerada bem-sucedida a princípio, mas foi considerada extremamente
perigosa, tornando a utilização ilegal no país.
Na década de 1930, através de estudos iniciados pela Stanolind Oil and Gas
Corporation, subsidiária da Standard Oil Company, foi estabelecida uma relação entre o
desempenho do poço e as pressões registradas na fratura para diferentes profundidades, sendo
um dos primeiros estudos para definição do conceito de “pressão de colapso”. Com uma melhor
compreensão do conceito, foram iniciados testes com a injeção de outros fluidos explosivos e
não ácidos em formações consolidadas (MONTGOMERY, 2010).
Conforme Holditch (2007), em 1947, a técnica de fraturamento hidráulico foi inserida
na indústria petrolífera pela Stanolind Oil and Gas Corporation. A companhia era operadora
do campo de gás Hugoton localizado em Grant County, Kansas nos Estados Unidos (Figura 7).
A operação na formação de calcário foi realizada em um poço a uma profundidade de 2.400
pés, a composição do fluido utilizado foi de 1.000 galões de gasolina e aditivos como ácido de
palmeiras e óleo naftênico para aumentar a viscosidade do fluido (MONTGOMERY, 2010).

Figura 7 - Fraturamento Hidráulico no Campo de Hugoton

Fonte: Holditch (2007)

Em 17 de março de 1949, a Halliburton Oil Well Cementing Company (HOWCO)


conquistou uma licença exclusiva para utilização da técnica de fraturamento hidráulico, patente
conquistada pelo JB Clark da Stanolind Oil and Gas Corporation, engenheiro que descreveu
os processos da nova tecnologia. A HOWCO realizou as duas primeiras operações comerciais
de fraturamento hidráulico nas regiões de Stephens e Archer nos Estados Unidos (SHAHAB et
el., 2000).
14

2.4.2. OBJETIVOS DO FRATURAMENTO HIDRÁULICO

Em grande parte das operações de fraturamento hidráulico o principal objetivo é elevar


o índice de produtividade (𝐼𝑃). O 𝐼𝑃 define a taxa de produção de hidrocarboneto devido ao
diferencial de pressão entre a formação e o poço, sendo definida pela Equação (8):

𝑞
𝐼𝑃 = (8)
𝑃𝑒 − 𝑃𝑤

Onde, 𝑞 é a vazão; 𝑃𝑒 a pressão estática ou média do reservatório; e 𝑃𝑤 a pressão de


fluxo do poço.
O fraturamento hidráulico interfere na produção de hidrocarbonetos de um reservatório
de diferentes formas, tendo o engenheiro a possibilidade de permitir, facilitar ou acelerar a
produção durante o desenvolvimento da vida útil do reservatório. De acordo com Clegg (2006),
existem diversos objetivos para o fraturamento hidráulico, sendo alguns deles:
• Aumentar a taxa de fluxo de óleo e/ou gás em reservatórios de baixa
permeabilidade;
• Incrementar a taxa de fluxo de fluidos em poços com alto dano à formação;
• Conectar as fraturas e/ou microfraturas da formação ao poço;
• Reduzir a queda de pressão ao redor do poço para minimizar a produção de areia
e problemas com asfaltenos ou parafinas;
• Aumentar a área de drenagem;
• Conectar toda a extensão de um reservatório vertical a um poço inclinado ou
horizontal.

2.4.3. MECÂNICA DO FRATURAMENTO HIDRÁULICO

Segundo Castro (2005), o que mantém a formação do reservatório unida são as tensões
aplicadas devido ao peso das camadas superiores à formação e resistência natural da rocha.
Todas as formações presentes no subsolo estão submetidas a tensões nas 3 direções.
A Figura 8 apresenta o estado de esforços locais de um elemento de formação,
conhecidos como esforços in-situ. Os três esforços existentes são normalmente compressivos e
anisotrópicos, ou seja, suas propriedades dependem da direção de medição, os esforços são
perpendiculares entre si e não são homogêneos. As magnitudes e direção dos esforços principais
são determinantes no processo de criação e propagação das fraturas, pois controlam a forma e
15

extensão das fraturas, assim como o fechamento da fratura obtida durante o processo (NÉQUIZ
et al., 2014).

Figura 8 - Principais esforços compressivos na formação

Fonte: Castro (2005)

As tensões apresentadas na Figura 8 podem ser descritas como:

• Esforço de sobrecarga (𝜎𝑧 ): surge devido ao peso das formações sob o


reservatório;
• Esforços horizontais (𝜎𝑥 e 𝜎𝑦 ): são os esforços que surgem devido à pressão do
reservatório e forças tectônicas. Sendo sempre considerados valores máximos
(𝜎𝑚á𝑥 ) e mínimos (𝜎𝑚𝑖𝑛 ) no processo de caracterização do estado de tensão.

Segundo Tavares (2010), em uma fratura hidráulica, a propagação da fratura ocorrerá


de forma perpendicular ao plano do menor esforço principal, a tensão mínima. A tensão mínima
(𝜎𝑚𝑖𝑛 ) pode ser calculada pela Equação (9):

1
𝜎𝑚𝑖𝑛 = (𝜎 − 𝛼𝑃𝑝 ) + 𝛼𝑃𝑝 + 𝜎𝑒𝑥𝑡 (9)
1−𝜈 𝑧

Onde, 𝜎𝑚𝑖𝑛 é a tensão mínima; 𝜈 é o coeficiente de Poisson; 𝜎𝑧 é o esforço de


sobrecarga; 𝛼 é o coeficiente de Biot; 𝑃𝑝 é a pressão de poros; e 𝜎𝑒𝑥𝑡 é o esforço tectônico.
16

2.4.4. FLUIDO DE FRATURAMENTO HIDRÁULICO

As propriedades do reservatório são importantes no momento da escolha do fluido de


fraturamento. Os principais fluidos utilizados no fraturamento hidráulico são à base de água em
função da alta disponibilidade e baixo custo. Entretanto, as formações argilosas são sensíveis a
fluidos à base de água, logo os fluidos de fraturamento podem ser compostos por gases como
nitrogênio, dióxido de carbono e propano.
Nesse caso, fluidos a base de óleo também podem ser utilizados, mas possuem um custo
mais elevado e de difícil manuseio. Nos casos de fraturamento ácido ou acidificação matricial,
aplicados em formações carbonáticas, os fluidos são à base de ácido (SPELLMAN, 2013).
Como mencionado, os fluidos à base água são comumente utilizados na indústria, além
do baixo custo, possuem alto desempenho e são considerados de fácil manuseio. A composição
mais utilizada é formada de água (90%), propantes (8%) e aditivos químicos (2%), em alguns
casos, gases são adicionas em pequenas proporções para formação de espuma (ECONOMIDES
et al., 2000).
De acordo com Oliveira (2012), as funções de cada componente do fluido de
fraturamento base água e os resultados nos poços são apresentados no Quadro 1.

Quadro 1 - Componentes dos fluidos de fraturamento


(continua)
Produto Objetivo Resultado no poço
Água e areia ~ 98%
Uma menor parcela da água
Expande a fratura e é responsável
permanece na formação enquanto o
Água pelo carreamento do agente
restante é produzido junto com os
propante.
fluidos da formação.
Possibilita que as fraturas
permaneçam abertas e oferecem
Permanece no interior das fraturas
Areia (propante) um caminho de alta
introduzidas na formação.
permeabilidade para o fluxo de
hidrocarboneto da formação.
Outros aditivos ~ 2%

Ajuda na dissolução de minerais e Reage com minerais presentes na


Ácidos na indução de fraturas na rocha formação produzindo sal, água e
reservatório. dióxido de carbono neutralizado.

Elimina bactérias presentes na Reage com micro-organismos que


Agente antibactericida água, impedindo assim que estas possam estar presentes no fluido de
produzam subprodutos corrosivos. tratamento ou na formação.
17

Continuação do Quadro 1 - Componentes dos fluidos de fraturamento


(continuação)
Produto Objetivo Resultado no poço

Na formação, reage com o


crosslynker e gel possibilitando
que o fluido de tratamento flua de
Possibilita o retardamento da
Quebrador volta ao poço e superfície. Esta
quebra do gel de fraturamento.
reação produz amônia e sais
sulforosos, que retornam a
superfície junto à água.

Reage com a argila presente na


formação através da troca iônica
Previne o inchamento da argila sódio-potássio. Esta reação resulta
Estabilizador de argilas
presente na formação. na formação do cloreto de sódio,
que retorna à superfície junto à
água produzida.
Ferramentas de fundo de poço.
Previne a corrosão de Qualquer produto restante é
Inibidor de corrosão equipamentos metálicos presente quebrado e consumido por micro-
no poço. organismos ou retornam à
superfície junto à água produzida.
Permanece na formação onde na
presença de elevadas temperaturas
Lubrifica a água de forma a
Crosslinker e através da exposição ao
minimizar a perda de carga.
quebrador pode ser consumido por
microrganismos.
Torna a água mais viscosa de Mantém a viscosidade do fluido de
Agente gelificante forma a possibilitar o carreamento tratamento até que o quebrador se
do cascalho. torne ativo.
Reage com minerais da formação
Previne contra a precipitação de
Controlador de ferro criando sais, dióxido de carbono e
metais nos tubos.
água.
Reage com agentes ácidos no
fluido de tratamento de forma a
Mantém a efetividade de outros
Agente de ajuste de pH manter o pH neutro. Esta reação
componentes como crosslinkers.
resulta em sais, água e dióxido de
carbono.

Fonte: Adaptado de OLIVEIRA, 2012.

2.4.5. PROPANTES

Os agentes de sustentação de fraturas, também chamados de propantes, são os materiais


responsáveis por conferir condutividade às fraturas obtidas no processo de fraturamento
18

hidráulico após o encerramento do bombeio de fluido. Os materiais mais utilizados são areias,
propantes cerâmicos e areis resinadas (CACHAY, 2004).
Segundo Barreto (2010), os propantes devem possuir resistência mecânica superior à
pressão de confinamento, sendo a pressão responsável pelo fechamento da fratura, e ao mesmo
tempo possuir densidade moderada, para facilitar o processo de injeção do fluido de
fraturamento.
A Tabela 1 apresenta os principais materiais utilizados como propantes e suas
respectivas densidades e resistência à tensão de confinamento da fratura.

Tabela 1 - Densidade e resistência do tipo de propante

PROPANTE DENSIDADE [g/cm³] RESISTÊNCIA [psi]


Areia pura 2,65 < 6000
Areia tratada com resina (RCS) 2,55 < 8000
Cerâmica de resistência intermediária (ISP) 2,7 – 3,3 5000 – 10000
Cerâmica de resistência elevada (HSB) 3,4 ou superior > 10000
Bauxita 2,00 > 7000

Fonte: Adaptado de Bessa Junior (2014)


19

3. SIMULAÇÃO NUMÉRICA

Na indústria petrolífera, a simulação numérica surge como um dispositivo importante


para caracterizar e prever o comportamento de reservatórios de hidrocarbonetos.
De acordo com Rosa et al. (2006), os simuladores numéricos na engenharia de petróleo
são conhecidos como simuladores numéricos de fluxo, devido ao fato de possuírem como
fundamento as curvas de declínio, balanço de materiais e modelos de fluidos.
Durante a modelagem do reservatório no simulador, informações como características
da rocha e do fluido são atribuídas ao modelo de fluxo por meio dos chamados “grids”, que são
células oriundas da subdivisão do reservatório no modelo de fluxo (MORSE, 2006).
Através da simulação numérica é possível determinar as previsões de produção de óleo,
gás e água, os efeitos da utilização de métodos de recuperação, prevendo os impactos de novas
perfurações, sejam de poços produtores ou injetores no reservatório (COTIA, 2012).
As informações obtidas durante o processo de simulação são importantes para o
gerenciamento do reservatório, sendo o principal insumo para uma análise técnico-econômico
do projeto.
A modelagem dos fluidos presentes nos reservatórios é relevante na classificação dos
simuladores numéricos de fluxo apresentada na literatura, além de informações PVT, conforme
exemplo apresentado na Figura 9. Sendo os principais modelos desta classificação o modelo
black-oil e o composicional, onde o modelo black-oil considera uma região de fluido
quimicamente homogênea que apresenta interfaces entres as fases oleosa, aquosa e gasosa, e o
modelo composicional considera vários componentes de uma única fase durante a modelagem
(NOGUEIRA et al., 2012).
Figura 9 - Aplicações dos modelos de simulação de reservatórios no diagrama de fases pressão-temperatura

Fonte: Machado, 2011.


20

3.1. MODELO BLACK-OIL

O modelo black-oil é aplicado quando o fluido se apresenta em três fases: óleo, água e
gás, sendo considerado um modelo composicional simplificado aplicado em casos de
recuperações primárias e avançadas. Sendo assim, o modelo é utilizado em situações onde o
processo de produção possui baixa sensibilidade às alterações composicionais nos fluidos do
reservatório (NOGUEIRA et al., 2012).
De acordo com Nogueira et al. (2012), o comportamento PVT do sistema leva e assume
os efeitos de compressibilidade, e algumas considerações são feitas no modelo, como por
exemplo: o óleo e água são considerados imiscíveis e o gás é assumido ser solúvel no óleo,
dentro do reservatório as reações químicas são desprezíveis, ocorrendo equilíbrio
termodinâmico instantâneo entres as fases que estão a temperaturas constantes, não havendo
transferência de massa e calor.
Assumindo todas as considerações apontadas, juntamente com propriedades como
densidade , pressão de bolha (Pb), densidade de gás, pressão e temperatura obtidas com auxílio
de correlações é possível expressar os fatores volume formação do óleo (Bo), da água (Bw) e do
gás (Bg), a razão de solubilidade do gás no óleo (Rs) sendo a transferência de massa entre óleo
e gás (MACHADO, 2011).

3.2. MODELO COMPOSICIONAL

O modelo composicional é utilizado quando o processo de recuperação possui alta


sensibilidade às mudanças composicionais do fluido presente no meio poroso do reservatório.
Conforme apresentado na Figura 9, a aplicação do modelo inclui os reservatórios de óleo volátil
e gás retrógrado, devido a variação na concentração e número de componentes presentes em
cada fase, o que torna a análise composicional mais complexa, no caso de óleos e gases leves,
a análise composicional é mais precisa. Neste modelo, o comportamento PVT é baseado em
equações cúbicas de estado, pois a modelagem acontece para cada fase, levando em conta seus
vários componentes, onde cada fase possui uma constante de equilíbrio químico definida em
cada iteração (MACHADO, 2011).
O modelo composicional possui maior complexidade em comparação ao modelo black-
oil devido a caracterização mais precisa do fluido, como por exemplo, a modelagem do gás
natural é feita levando em consideração os componentes C1, C2, C3, C4, C5+, o componente
C5+ é chamado pseudocomponente, pois engloba os demais componentes para simplificar a
modelagem (CAVALCANTE, 2011).
21

3.3. SIMULADOR IMEX

O simulador utilizado neste estudo foi a ferramenta IMEX do pacote CMG, versão
2018.10, o qual é baseado no modelo black-oil trifásico e isotérmico. A ferramenta possibilita
cinco variações de modelos de simulação: porosidade simples, dupla-porosidade, dupla
permeabilidade, Multiple-Interacting Continua (MINC) e subdomínio. Cabe ressaltar que o
modelo adotado neste trabalho foi o da porosidade simples.
A caracterização das propriedades dos fluidos utilizadas no modelo é de grande
importância para o estudo do comportamento do reservatório. Diante disso, esta seção apresenta
as equações utilizadas na simulação do modelo black-oil para determinação das propriedades
que serão abordadas no Capítulo 5 – Modelagem e parâmetros calculados nos resultados
apresentados no Capítulo 6.
A razão de solubilidade (𝑅𝑠 ), Equação (10), de uma mistura de hidrocarbonetos, a uma
certa temperatura e pressão, é definida como a relação entre o volume de gás dissolvido nas
condições padrão, e o volume obtido de óleo, expressos nas condições padrão (ROSA et al.,
2006).

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑔á𝑠 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜 𝑆𝑡𝑑


𝑅𝑠 = (10)
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 𝑛𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 𝑆𝑡𝑑

A Equação (11) aponta a relação utilizada no simulador para o cálculo da 𝑅𝑠 em função


da pressão (𝑃), onde índice 𝑜 representa a fase óleo, o índice 𝑑 refere-se aos dados de liberação
diferencial, 𝑏𝑝 significa que a propriedade foi calculada considerando a pressão de bolha e por
fim, 𝑓 que tem relação com os dados do vaso flash (FANCHI, 2010).

𝐵𝑜𝑓𝑏𝑝
𝑅𝑠 (𝑃) = 𝑅𝑠𝑜𝑓𝑏𝑝 − (𝑅𝑠𝑜𝑓𝑏𝑝 − 𝑅𝑠𝑜𝑑 (𝑃)) (11)
𝐵𝑜𝑑𝑏𝑝

A mistura líquida nas condições de reservatório possui óleo com uma quantidade de gás
dissolvido. Quando a mistura é levada para as condições de superfície, parte permanecerá no
estado líquido (óleo), e outra parte se vaporizará (gás natural). Dessa forma, é possível definir
o fator volume formação do óleo (𝐵𝑜 ), Equação (12), como a razão entre o volume ocupado da
fase líquida (óleo mais gás dissolvido) em condições de temperatura e pressão quaisquer, e o
volume que permanece na fase líquida, medido nas condições padrão (ROSA et al., 2006).
22

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 + 𝑔á𝑠 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çõ𝑒𝑠 [𝑃, 𝑇]


𝐵𝑜 = (12)
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 𝑛𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 [𝑆𝑡𝑑]

No simulador IMEX 2018.10, o fator volume formação do óleo é calculado em função


da pressão (𝐵𝑜 (𝑃)), Equação (13), onde a compressibilidade do óleo (𝑐𝑜 ) fornece a inclinação
da curva dividida pelo fator volume formação do óleo na pressão de bolha (𝐵𝑜(𝑃𝑏) ) (CMG,
2018).

𝐵𝑜 (𝑃) = 𝐵𝑜(𝑃𝑏) ∗ [1 − 𝑐𝑜 ∗ (𝑃 − 𝑃𝑏 )] (13)

O fator volume formação do gás (𝐵𝑔 ), Equação (14), é a relação entre o volume de gás
ocupado, a uma certa temperatura e pressão, e o volume ocupado por ele nas condições padrão
(ROSA et al., 2006).

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑔á𝑠 𝑛𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çõ𝑒𝑠 [𝑃, 𝑇]


𝐵𝑔 = (14)
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑔á𝑠 [𝑆𝑡𝑑]

Segundo CMG (2018), o fator volume-formação do gás é calculado pela Equação (15).

𝑉𝑅 𝑃𝑆𝐶 𝑍𝑇𝑅 𝑍𝑇𝑅


𝐵𝑔 = = = 0.0.02831685 ∗ (15)
𝑉𝑆𝐶 𝑇𝑆𝐶 𝑃𝑅 𝑃𝑅

O fator de expansão do gás (𝐸𝑔 ), Equação (16), é a relação entre o volume de gás nas
condições padrão e o volume de gás ocupado a uma certa temperatura e pressão (ROSA et al.,
2006).

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑔á𝑠 [𝑆𝑡𝑑]


𝐸𝑔 = (16)
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑔á𝑠 𝑛𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çõ𝑒𝑠 [𝑃, 𝑇]

Para o cálculo no simulador é utilizada a Equação (17), onde o termo é definido em


função da pressão P do reservatório, fator de compressibilidade Z e temperatura do reservatório
(𝑇𝑅 ).

𝑃
𝐸𝑔 = 198,588 ∗ (17)
𝑍𝑇𝑅
23

No simulador IMEX, a viscosidade do óleo (𝜇𝑜 ) em função da pressão (𝑃) é determinada


pela Equação (18), onde (𝑐𝜇𝑜 é o coeficiente angular da curva de viscosidade do óleo acima da
pressão de bolha (𝑃𝑏 ).

𝜇𝑜 (𝑃) = 𝜇𝑜 + 𝑐𝜇𝑜 ∗ (𝑃 − 𝑃𝑏 ) (18)

De acordo com CMG (2018), a saturação crítica da água (𝑆𝑤𝑐𝑟𝑖𝑡 ) e a saturação de óleo
residual (𝑆𝑜𝑟𝑤 ) são estabelecidas com a inserção de uma tabela no simulador que considera a
relação entre saturação de água (𝑆𝑤 ), permeabilidade relativa do óleo (𝑘𝑟𝑜 ) e permeabilidade
relativa da água (𝑘𝑟𝑤 ). Considerando as Equações (19) e (20) as curvas que relacionam a 𝑘𝑟𝑤
e a permeabilidade relativa do óleo na presença de água (𝑘𝑟𝑜𝑤 ) em função da 𝑆𝑤 serão plotadas
e apresentadas no Capitulo 5.5 – Modelo de Fluido.

𝑃𝑘𝑟𝑤
𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑐𝑟𝑖𝑡
𝑘𝑟𝑤 = 𝑘𝑟𝑤𝑖𝑟𝑜 ∗ ( ) (19)
1 − 𝑆𝑤𝑐𝑟𝑖𝑡 − 𝑆𝑜𝑟𝑤
𝑆𝑤 − 𝑆𝑜𝑟𝑤 − 𝑆𝑤 𝑃𝑘𝑟𝑜𝑤
𝑘𝑟𝑜𝑤 = 𝑘𝑟𝑜𝑐𝑤 ∗ ( ) (20)
1 − 𝑆𝑤𝑖 − 𝑆𝑜𝑟𝑤

Onde, 𝑘𝑟𝑤𝑖𝑟𝑜 é a permeabilidade relativa da água no óleo irredutível, 𝑘𝑟𝑜𝑐𝑤 é a


permeabilidade relativa do óleo na presença da água conata, 𝑃𝑘𝑟𝑤 é o expoente da lei de
potência para 𝑘𝑟𝑤 , e 𝑃𝑘𝑟𝑜𝑤 é o expoente da lei de potência para 𝑘𝑟𝑜𝑤 .
De forma similar, para determinação da saturação crítica de gás (𝑆𝑔𝑐𝑟𝑖𝑡 ) e saturação
líquida conata (𝑆𝑙𝑐𝑜𝑛 ), uma tabela relacionando a saturação de gás (𝑆𝑔 ), a permeabilidade
relativa do óleo na presença de gás (𝑘𝑟𝑜𝑔 ) e 𝑘𝑟𝑜 deve ser inserida no simulador para
caracterização das curvas da permeabilidade relativa do óleo na presença de gás 𝑘𝑟𝑜𝑔 e 𝑘𝑟𝑔 em
função da 𝑆𝑔 através das equações (21) e (22).

𝑃𝑘𝑟𝑔
1 − 𝑆𝑔𝑐𝑟𝑖𝑡 − 𝑆𝑙
𝑘𝑟𝑔 = 𝑘𝑟𝑔𝑐𝑙 ∗ ( ) (21)
1 − 𝑆𝑙𝑐𝑜𝑛 − 𝑆𝑔𝑐𝑟𝑖𝑡
𝑃𝑘𝑟𝑜𝑔
𝑆𝑙 − 𝑆𝑙𝑐𝑟𝑖𝑡
𝑘𝑟𝑜𝑔 = 𝑘𝑟𝑜𝑔𝑐𝑙 ∗ ( ) (22)
1 − 𝑆𝑙𝑐𝑟𝑖𝑡 − 𝑆𝑔𝑐𝑟𝑖𝑡

Onde, 𝑘𝑟𝑔𝑐𝑙 é a permeabilidade relativa do gás em função 𝑆𝑙𝑐𝑜𝑛 , 𝑘𝑟𝑜𝑔𝑐𝑙 é a


permeabilidade relativa do óleo na presença de gás em função da 𝑆𝑙𝑐𝑜𝑛 , 𝑃𝑘𝑟𝑔 é o expoente da
lei de potência para 𝑘𝑟𝑔 , e 𝑃𝑘𝑟𝑜𝑔 é o expoente da lei de potência para 𝑘𝑟𝑜𝑔 .
24

Executando a lei de potências nas entradas das tabelas de permeabilidade relativas em


função das saturações é possível gerar uma tabela igualmente espaçada que melhor se ajuste
aos dados no intervalo especificado (CMG, 2018).
A Equação (23) apresenta a relação utilizada para determinação da saturação de água
conata (𝑆𝑤𝑖 ) através dos dados de entrada 𝑘𝑟𝑜 , 𝑆𝑔 e 𝑆𝑤 .

[𝑆𝑔 𝑘𝑟𝑜𝑔 + 𝑘𝑟𝑜𝑤 ∗ (𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖 )]


𝑘𝑟𝑜 = (23)
(𝑆𝑔 + 𝑆𝑤 − 𝑆𝑤𝑖 )

Em relação a modelagem dos poços, Aziz et al. (1972) citado por CMG (2018), afirmam
que dentro do poço os efeitos térmicos possuem uma grande importância, sendo assim, a
mudança de pressão na cabeça do poço deve ser regida em função das razões de produtividade
e water cut. O simulador utiliza um modelo simplificado para aplicar restrições à cabeça de
poço e apresenta apenas o equacionamento que governa a mudança de pressão na direção do
fluxo para os poços injetores em seu manual, este tipo de poço não será utilizado neste trabalho.
Para os poços produtores é utilizado o procedimento de consulta de tabelas, pois as correlações
apresentadas por Aziz et al. (1972) são inconsistentes com a modelagem utilizada na simulação.
Segundo CMG (2018), as vazões de óleo (𝑞𝑜 ), gás (𝑞𝑔 ) e água (𝑞𝑤 ) podem ser
calculadas pelas equações (24), (25) e (26).

(𝑃𝐵𝐻 + ℎ𝑒𝑎𝑑𝑙𝑦 − 𝑃𝑙𝑦 )


𝑞𝑜 = ∑ [𝑊𝑃𝜆𝑜 ∗ ] (24)
𝐵𝑜
𝑙𝑦

𝑞𝑔 = ∑[𝑊𝑃𝜆𝑔 ∗ (𝑃𝐵𝐻 + ℎ𝑒𝑎𝑑𝑙𝑦 − 𝑃𝑙𝑦 ) ∗ 𝐸𝑔 + 𝑅𝑠 𝑞𝑜 ] (25)


𝑙𝑦

(𝑃𝐵𝐻 − ℎ𝑒𝑎𝑑𝑙𝑦 − 𝑃𝑙𝑦 )


𝑞𝑤 = ∑ [𝑊𝑃𝜆𝑤 ∗ ] (26)
𝐵𝑤
𝑙𝑦

Onde o índice 𝑙𝑦 nos termos das equações representa o índice das camadas que possuem
contato. A mobilidade da fase (𝜆𝑗 ) é calcula pela Equação (27) que apresenta a relação entre a
permeabilidade relativa da fase (𝑘𝑟𝑗 ) com a viscosidade da fase (𝜇𝑗 ), onde a fase é representada
pelo índice 𝑗. 𝑃𝐵𝐻 é a pressão de fundo de poço, ℎ𝑒𝑎𝑑𝑙𝑦 é o termo do dimensionamento da
cabeça do poço e 𝑃𝑙𝑦 é a pressão do bloco. Sendo o termo 𝑊𝑃 considerado como a
produtividade do poço no simulador e calculada pela Equação (28).
𝑘𝑟𝑗
𝜆𝑗 = (27)
𝜇𝑗
25

2𝜋𝑓𝑓 ∗ 𝑘 ∗ ℎ ∗ 𝑤𝑓𝑟𝑎𝑐
𝑊𝑃 = 𝑟 (28)
[𝑙𝑛 (𝑟𝑒 ) + 𝑠]
𝑤

Onde, o fator 𝑓𝑓 é o fator geométrico de completação, 𝑘 é a permeabilidade, ℎ o


comprimento da formação, 𝑤𝑓𝑟𝑎𝑐 é a fração angular do poço, 𝑟𝑒 é o raio efetivo do poço, 𝑟𝑤 é o
raio do poço e o termo 𝑠 é o fator skin.
A produção acumulada de gás é apresentada através do somatório das vazões para o
período determinado para simulação, no simulador o resultado é exportado pela chave *STG-
CP considerando as condições padrões. Neste trabalho, a produção acumulada de gás será
considerada como o termo Gp.

O fator de recuperação (𝐹𝑅) de gás é definido em termos percentuais como apresentado


na Equação (29), neste estudo não serão considerados poços injetores, desta forma, o 𝐹𝑅 será
definido apenas pela produção acumulada, sendo a fase estudada o gás.

(𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑎𝑐𝑢𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 − 𝐼𝑛𝑗𝑒çã𝑜 𝑎𝑐𝑢𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎) (29)


𝐹𝑅 (%) =
𝑀𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑜
26

4. METODOLOGIA

Conjuntos de dados reais para simulação são essenciais para elaboração de testes de
novos métodos computacionais em ambiente realista e relevante, no entanto tais dados
geralmente são de difícil acesso. Os dados reais do campo de Norne, disponibilizados pela
operadora Equinor e parceiros (ENI e Petoro), são gerenciados pelo Centro de Operações
Integradas da Indústria do Petróleo (IO Center) da Universidade Norueguesa de Ciência e
Tecnologia (NTNU). Grandes quantidades de dados subterrâneos do campo de Norne foram
liberados para fins de pesquisa e educação tendo como objetivo, estabelecer uma série de casos
de referência internacional com base em dados reais para o teste de caracterização de
reservatórios, correspondência de histórico e metodologias de otimização de produção. Os
dados do IO Center estão disponíveis para pesquisa e educação sem fins lucrativos e são
liberados através de contratos de licença (NTNU, 2019).
Iniciativas como a Open Porous Media (OPM) incentiva a inovação e a pesquisa
reproduzível para modelagem e simulação de processos de mídia porosa e organizam vários
conjuntos de dados com licença aberta. Os dados utilizados para a simulação foram retirados
do repositório OPM-data e a metodologia do trabalho segue o fluxograma da Figura 10.

Figura 10 - Fluxograma

Repositório Execução do Visualização do


Revisão
modelo no OPM modelo no
Bibliográfica OPM-data e ResInsight Petrel

Análise dos Modelagem do


Simulação no
parâmetros Construção dos reservatório e
simulador
Results/Graphic casos analisados fluido no
IMEX
s modúlo Builder

Análise e
Conclusões e
discussão dos
recomendações
resultados

Fonte: Elaboração própria

O case completo de referência de Norne do repositório OPM-data inclui um modelo


black-oil com grid contendo propriedades como permeabilidade, porosidade, multiplicadores
27

de transmissibilidade dependentes da pressão, além de informações de gás vaporizado, óleo


vaporizado, saturação de água e óleo, escala de ponto final para permeabilidade relativa, pressão
capilar, controles de poço de produção com histórico. Além disso, um modelo reduzido foi
disponibilizado com as mesmas propriedades do grid do case completo de Norne, onde os
multiplicadores de transmissibilidade foram extraídos com o objetivo de serem utilizados em
simuladores menos complexos (OPM).
Entretanto, pela complexidade do modelo completo, Rasaei et al. (2008) utilizando a
técnica de transformações de wavelets (WTs) desenvolveram um método mais preciso para
melhorar o modelo geológico do reservatório, através da suavização dos dados de
permeabilidades disponíveis. O modelo escolhido foi o spe10model2 que representa um
reservatório muito heterogêneo e é representado por uma grade cartesiana regular (RASAEI et
al., 2008).
O arquivo SPE10_MODEL2.DATA foi executado utilizando o módulo Flow do
software OPM, simulador de reservatório trifásicos para modelo black-oil, com a finalidade de
obtenção do arquivo SPE10_MODEL2.EGRID para visualização do modelo e suas respectivas
propriedades geocelulares na plataforma do software Petrel E&P.
O software Petrel E&P foi escolhido para visualização do modelo devido a integração
existente com os módulos do software CMG. Após a reconstrução do modelo, através das
ferramentas de exportação do Petrel, foi utilizada a função de exportação do modelo para
obtenção dos arquivos RESQML (Reservoir Mark-up language) com extensão *.bin, este
formato de arquivo é um padrão de troca de dados baseado em XML (Extensible Markup
Language) que auxilia na resolução da incompatibilidade de dados, um dos desafios
enfrentados pelos profissionais petro-técnicos ao usar os vários pacotes de software necessários
ao longo de todo o fluxo de trabalho, para análise, interpretação, modelagem e simulação. Os
dados exportados foram utilizados para reconstrução do grid, modelagem do reservatório e
propriedades do fluido que serão apresentados no Capítulo 5 – Modelagem deste trabalho.
28

5. MODELAGEM

Neste capítulo, as ferramentas computacionais que compõem o simulador utilizado no


trabalho são apresentadas, juntamente com os principais dados de entrada para modelagem: do
reservatório, do fluido e das fraturas. As condições iniciais empregadas no modelo são expostas,
e as condições de operação do poço produtor são definidas. Os casos estudados são
apresentados no final do capítulo.

5.1. FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS

As simulações foram realizadas no módulo WINPROP (Phase Behaviour and Property


Program), BUILDER (Pre-Processing Applications) do software IMEX (Adaptive Implict-
Explict black-oil simulator) do grupo CMG na versão 2018.10, e serão definidos a seguir.
No módulo WINPROP é definido o modelo de fluido. A ferramenta através das
equações de estado define as propriedades de equilíbrio multifásico para as componentes e
pseudocomponentes, sendo capaz de ajustar dados de laboratórios, simular processos de contato
múltiplo, plotar o diagrama de fases (PVT) e simular experimentos de laboratório (BESSA
JÚNIOR, 2014).
O módulo BUILDER é a ferramenta utilizada para descrição do reservatório. Nesta
etapa, um arquivo com extensão *.data com dimensões, pressão, porosidade, permeabilidade,
altura e comprimento das fraturas é gerado. Neste módulo, o arquivo de saída *.bin da função
Rescue Model do Petrel foi utilizado como base para o código do arquivo *.data, que será
utilizado como input no módulo IMEX.
O módulo IMEX, do simulador do grupo CMG, é responsável por prever os valores de
recuperação de gás em reservatórios não convencionais do tipo Shale e Tight Gas quando
estimulados através do fraturamento hidráulico. A ferramenta adota o modelo black-oil sendo
utilizada em formações carbonáticas e folhelhos, pois apresenta uma transferência matriz-
fratura precisa em reservatórios fraturados.

5.2. CONDIÇÕES INICIAS

Levando em consideração os dados reais obtidos no Repositório OPM-data, as


condições inicias do reservatório utilizadas, ou seja, os parâmetros do campo que configuram
suas características antes de nenhuma modificação. As condições inicias que serão consideradas
como equilíbrio inicial paras as simulações são apresentadas na Tabela 2.
29

Tabela 2 - Condições Inicias do Reservatório

Parâmetro Símbolo Unidade Valor


Pressão referencial Pref psi 6000
Profundidade Referencial Href ft -12000
Contato água-óleo Hwoc ft -12170
Contato gás-óleo Hgoc ft -12150
Pressão de Bolha Pb psi 3640

Fonte: Elaboração própria

5.3. MODELO DE MALHA

O modelo de malha foi criado no módulo Builder utilizando o arquivo


RESCUE/RESQML do modelo gerado no Petrel. A Tabela 3 apresenta as coordenadas mínimas
e máximas para o posicionamento dos blocos no grid e a Tabela 4 apresenta os dados
dimensionais de cada bloco.

Tabela 3 - Posicionamento do grid

Coordenada Mín. (ft) Máx. (ft)


i 0 12000
j - 2200 0
k -12170 -12000

Fonte: Elaboração própria

Tabela 4 - Dados dimensionais do modelo

Número total de blocos 1122000


Dimensão em i (ft) 1200
Dimensão em j (ft) 2200
Dimensão em k (ft) 170
Número de blocos em i 60
Dimensão dos blocos em i (ft) 200
Número de blocos em j 220
Dimensão dos blocos em j (ft) 10
Número de blocos em k 85
Dimensão dos blocos em k (ft) 2

Fonte: Elaboração própria


30

A Figura 11, representa o modelo do grid em 3D para as coordenadas i, j e k, com


dimensões 1200 ft x 2200 ft x 170 ft, respectivamente. O modelo corresponde à uma parte da
sequência de Brent, sendo os 70 ft (35 camadas) superiores representando a formação de
Tarbert, e os 100 ft (constituindo 50 camadas) representando a formação Upper Ness. O modelo
de escala geológico contém 60 × 220 × 85 blocos sem a aplicação de nenhum método de
refinamento sendo utilizado em suas características originais, possuindo o total de 1.122.000
células, com o tamanho dos blocos na escala fina na ordem de 20 ft × 10 ft × 2 ft (RASAEI et
al., 2008).

Figura 11 - Imagem 3D do grid

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Builder

5.4. PROPRIEDADES DA ROCHA

A Tabela 5, apresenta os dados da rocha-reservatório utilizados no modelo,


considerando os valores mínimos e máximos. As informações foram retiradas do software
Petrel E&P. O modelo não possui falhas para permitir o máximo de flexibilidade na seleção de
grades escalonadas.

Tabela 5 - Dimensionamento de propriedades

Propriedade Símbolo Unidade Mín. Máx.


Porosidade Θ - 0 0,5
Permeabilidade i ki mD 6,65 x 10-4 2 x 104
Permeabilidade j kj mD 6,65 x 10-4 2 x 104
Permeabilidade z kk mD 0 6x103

Fonte: Elaboração própria


31

Como resultado, foram gerados os modelos para a porosidade (Figura 12),


permeabilidade em relação a coordenada i (Figura 13), permeabilidade em relação a coordenada
j (Figura 14) e permeabilidade em relação a coordenada k (Figura 15).

Figura 12 - Modelo de porosidade

Fonte: Elaboração própria utilizando o Petrel

Figura 13 - Modelo de permeabilidade na coordenada i

Fonte: Elaboração própria utilizando o Petrel


32

Figura 14 - Modelo de permeabilidade para coordenada j

Fonte: Elaboração própria utilizando o Petrel

Figura 15 - Modelo de permeabilidade para coordenada k

Fonte: Elaboração própria utilizando o Petrel


33

5.5. MODELO DE FLUIDO

O modelo black-oil gás-água foi definido como modelo de fluido considerando os


valores para as propriedades definidas na Tabela 6. As curvas de razão de solubilidade do gás
no óleo e fator volume formação do óleo em função da pressão (Figura 16), fator volume
formação do gás (𝐵𝑔 ) (Figura 17), fator de expansão (𝐸𝑔 ) do gás versus pressão (Figura 18), as
viscosidades do gás e óleo versus pressão (Figura 19) foram geradas utilizando as correlações
existentes no módulo Builder 2018.10 a partir das propriedades definidas.

Tabela 6 - Propriedades do reservatório


Propriedades Símbolo Unidade Valor
Temperatura do reservatório 𝑇𝑅 °F 212
Densidade do óleo 𝜌𝑂 lb/ft³ 53
Densidade do gás 𝜌𝑔 lb/ft³ 0,0624
Densidade da água 𝜌𝑤 lb/ft³ 64
Fator volume formação
𝐵𝑤 - 1,01
da água
Compressibilidade da água 𝑐𝑤 psi-1 3 x 10-6
Pressão Referencial 𝑃𝑟𝑒𝑓 psi 5300
Viscosidade da água µ𝑤 Cp 0,300 cp
Razão de Solubilidade do gás
𝑅𝑠 SCF/STB 617,604
no óleo
Fonte: Elaboração própria

Figura 16 - Curva de razão de solubilidade do gás no óleo e fator volume formação do óleo em função da pressão

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder 2018.10


34

Figura 17 - Fator volume formação do gás

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder 2018.10

Figura 18 - Fator de expansão do gás versus pressão

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder 2018.10


35

Figura 19 - Viscosidade do óleo e do gás em função da pressão

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder 2018.10

Para elaboração das permeabilidades relativas do óleo em relação ao gás (Figura 20) e
permeabilidades relativas do óleo em relação a água (Figura 21) no modelo criado no IMEX,
foram utilizadas as relações extraídas do modelo gerado no Petrel E&P, as Tabela 7 e 8
apresentam os valores de 𝑘rw, 𝑘ro e 𝑘rg em função da saturação de água (𝑆𝑤 ) e saturação de gás
(𝑆𝑔 ).
Tabela 7 - Permeabilidade relativa da água e óleo em relação à saturação de água

𝑺𝒘 𝑲𝐫𝐰 𝑲𝐫𝐨
0.2 0 1
0.25 0.0069 0.8403
0.3 0.0278 0.6944
0.35 0.0625 0.5625
0.4 0.1111 0.4444
0.45 0.1736 0.3403
0.5 0.25 0.25
0.55 0.3403 0.1736
0.6 0.4444 0.1111
0.65 0.5625 0.0625
0.7 0.6944 0.0278
0.75 0.8403 0.0069
0.8 1 0

Fonte: Elaboração própria com informações do modelo do Petrel


36

Tabela 8 - Permeabilidade relativa do gás e óleo em relação à saturação de gás

𝑺𝒈 𝒌𝐫𝐠 𝒌𝐫𝐨
0 0 1
0.8 1 1

Fonte: Elaboração própria com informações do modelo do Petrel

Figura 20 - Permeabilidade relativa do gás e permeabilidade relativa do óleo em relação ao gás em função da
saturação de gás

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder 2018.10


Figura 21 - Permeabilidade relativa da água e permeabilidade relativa do óleo em relação a água em função da
saturação de água

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder 2018.10


37

5.6. CARACTERÍSTICAS DO POÇO PRODUTOR

A Figura 22 mostra uma visão frontal do poço produtor horizontal, PROD-1, com
localização no centro do plano da direção i, o poço está localizado à 12100 ft em relação à
coordenada z.

Figura 22 - Vista frontal do poço produtor PROD-1 (plano IK-2D X-Sec, J layer:110)

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder 2018.10


Na Figura 23 é apresentada uma visão lateral do poço produtor em relação as
coordenadas j e k, o poço está localizado na camada K51 e possui 400 ft de extensão, os pontos
em destaque na imagem são as regiões canhoneadas do poço produtor.

Figura 23 - Vista lateral do poço produtor PROD-1 (plano JK-2D X-Sec, I layer: 30)

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder 2018.10


38

As condições operacionais do poço produtor foram definidas de acordo com a Tabela 9


e foram mantidas constantes durante a vida produtiva do poço. O tempo de produção
considerado nas simulações foi de 10 anos, contando a partir da data 01/10/2029.

Tabela 9 - Condições operacionais do poço produtor PROD-1


Parâmetro Condição Valor Unidade

Pressão no fundo do poço (𝑃𝐵𝐻 ) mín. 500 psi

Vazão de gás na superfície (𝑞𝑔𝑆𝐶 ) máx. 1800000 ft³/d

Fonte: Elaboração própria

5.7. MODELAGEM DA FRATURA

Nesta seção, serão expostos os parâmetros estabelecidos para a inserção das fraturas ao
longo do reservatório, as mesmas foram criadas a partir do canhoneio das zonas de interesse,
que variam de acordo com o caso. Entretanto, os dados para cada fratura não sofrem alteração,
conforme Tabela 10.

Tabela 10 - Dados da fratura


Parâmetro Símbolo Valor Unidade

Abertura da fratura (simulada) 𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 2 ft

Permeabilidade efetiva (simulada) 𝑘𝑝 492 mD


Porosidade 𝜙 0.30 -

Refinamento em i - 11 -
Refinamento em j - 11 -
Refinamento em z - 1 -

Camadas acima do canhoneado - 10 -

Camadas abaixo do canhoneado - 10 -

Fonte: Elaboração própria

Santos (2010) afirma que o processo de modelagem de fratura é viabilizado através da


utilização da equação da condutividade da fratura, apresentada na Equação (30). Onde 𝐶𝑓 é a
condutividade da fratura propada convencional, 𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 é a abertura da fratura em ft e 𝑘𝑝 a
permeabilidade do propante em mD.
39

𝐶𝑓 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 ∗ 𝑘𝑝 (30)

Visando obter uma fratura com condutividade igual à fratura apresentada na simulação,
foram utilizadas as relações expostas nas equações (31), (32) e (33).

𝐶𝑓 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝐶𝑓 𝑠𝑖𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 (31)


𝐶𝑓 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = (𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 ∗ 𝑘𝑝 )𝑠𝑖𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 (32)
𝐶𝑓 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 ∗ 𝑘𝑝
𝑘𝑝 𝑠𝑖𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 = = (33)
𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 𝑠𝑖𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 𝑠𝑖𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎
Para a modelagem da fratura neste estudo optou-se por utilizar um propante 20/40 mesh
sand (𝑘𝑝 = 60000 mD) com abertura da fratura igual a 0.0164 ft (5 mm), levando em
consideração o refinamento aplicado à malha. A abertura da fratura simulada será igual a 2 ft.
Dessa forma, aplicando os valores na Equação (33) temos a permeabilidade efetiva simulada
apresentada na Equação (34).

𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 ∗ 𝑘𝑝 0.0164 ∗ 60 000


𝑘𝑝 𝑠𝑖𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 = = = 492 𝑚𝐷 (34)
𝜔𝑓𝑟𝑎𝑐 𝑠𝑖𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 2

Segundo Bessa Júnior (2014), o refinamento da malha do modelo é utilizado em


simulações computacionais como ferramenta para aumentar a especificidade de blocos em
unidades menores, desta forma, elevando a eficiência dos resultados do estudo. Na Figura 24 é
representada a vista superior da fratura, que foram refinadas com o intuito de atingir a abertura
ideal (Figura 25).

Figura 24 - Vista superior das fraturas Figura 25 - Refinamento de fratura

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder Fonte: Elaboração própria no módulo Builder
2018.10 2018.10
40

5.8. PLANEJAMENTO DAS SIMULAÇÕES

Nesta seção é apresentada a estratégia adotada para o planejamento das simulações e


como as dimensões das fraturas foram abordadas para determinação da disposição das fraturas
no modelo.
Foram considerados 20 casos com diferentes conjuntos de parâmetros das fraturas, a
altura para todos os casos foi considerada 40 ft e os parâmetros variáveis foram: comprimento
das fraturas e o espaçamento entre as mesmas. Cada parâmetro possui 4 níveis de variação e
para cada comprimento foi estabelecido um caso contendo apenas uma fratura. Quanto ao
comprimento das fraturas, foram analisados casos com comprimento de fraturas iguais a 90 ft,
180 ft, 280 ft e 460 ft. Os espaçamentos entre as fraturas para os casos foram 50 ft, 100 ft, 150
ft e 200 ft. Além disso, um caso inicial (caso 0) sem a aplicação de um método de estimulação
foi considerado, ou seja, apenas a recuperação primária. A Tabela 11 apresenta o planejamento
das simulações para o presente estudo.
A Figura 26 ilustra os parâmetros dimensionais utilizados para a disposição das fraturas
ao longo do reservatório, e a escala de permeabilidade efetiva da fratura estabelecida no capítulo
5.7. Modelagem da fratura. Como exemplo, é apresentada uma visão 3D do reservatório com 4
fraturas de 280 ft de comprimento espaçadas em 100 ft.

Figura 26 - Parâmetros dimensionais das fraturas.

Fonte: Elaboração própria no módulo Builder 2018.10


41

Tabela 11 - Planejamento dos casos para simulação


Comprimento da Fratura Espaçamento entre as Fraturas
Caso Nº de Fraturas
[ft] [ft]
00 - - -

01 1 90 -

02 7 90 50
03 4 90 100

04 3 90 150

05 2 90 200

06 1 180 -

07 7 180 50

08 4 180 100
09 3 180 150
10 2 180 200

11 1 280 -

12 7 280 50
13 4 280 100

14 3 280 150
15 2 280 200
16 1 460 -

17 7 460 50

18 4 460 100
19 3 460 150
20 2 460 200

Fonte: Elaboração própria


42

6. RESULTADOS

Neste capítulo, são analisados os resultados obtidos com o uso do simulador IMEX
2018.10. As discussões levam em consideração os parâmetros dimensionais dos casos
apresentados no item 5.8. Planejamento de Fraturas, e mostra a influência de cada configuração
dimensional no fator de recuperação (FR) de gás em comparação com os resultados obtidos
para recuperação primária. O período para as simulações foi delimitado em 10 anos (3 653
dias), com início em 01/10/2019.
Com o propósito de minimizar os erros atrelados às simulações, foram considerados os
seguintes parâmetros apresentados na Tabela 12, os demais parâmetros foram utilizados com
valores padrões do simulador. A quantidade máxima de iterações newtonianas
(NEWTONCYC) foi definida como 40 e o número máximo de iterações permitidas na rotina
da solução da matriz jacobiana (ITERMAX) foi especificado como 80, o número máximo de
ortogonalizações (NORTH) a serem executadas antes da redefinição para o método da solução
iterativa foi fixado com 80. Em relação a cada fração de tempo utilizada nas iterações, foi
determinado o tamanho mínimo (DTMIN) como 0.0001, com o número máximo de cortes
(NCUTS) em cada tempo igual a 40. O parâmetro NORM PRESS identifica as alterações típicas
na variável pressão e foi considerado como 100 psia. Os parâmetros de convergência foram
alterados levando em consideração as recomendações do manual do simulador e um trecho do
código da modelagem pode ser verificado no apêndice A deste trabalho.

Tabela 12 - Parâmetros das simulações

Parâmetro Valor

NORM PRESS 100

NEWTONCYC 40
NCUTS 40

NORTH 80

ITERMAX 80
DTMIN 0.0001
Fonte: Elaboração própria

6.1. ANÁLISE DA RECUPERAÇÃO PRIMÁRIA DE GÁS

Na Figura 27 é apresentado o FR de gás do reservatório sem a presença de métodos de


estimulação. Ao término do período estabelecido, 10 anos (3653 dias), o valor obtido foi
43

21,15% de FR. Considerando que o campo de Norne é um reservatório convencional, o valor


obtido está dentro dos parâmetros esperados.

Figura 27 - Fator de Recuperação de Gás para a Recuperação Primária em função do tempo em anos

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Results 2018.10

Levando em consideração as definições de operação do poço produtor, a Figura 28


apresenta o gráfico com as vazões de gás nas condições padrão em função do tempo para os
casos simulados, sendo: caso 00 - recuperação primária (em azul), caso 01 – fratura com
comprimento igual a 90 ft (em vermelho), caso 11 - considerando apenas uma fratura com
comprimento igual a 280 ft (em verde) e por fim, caso 16 - única fratura com 460 ft de
comprimento (em amarelo).
Analisando a produção do reservatório foi possível observar, que a vazão para a
recuperação primária iniciou com valores próximos a 90 000 ft³/dia e após o segundo ano de
simulação se manteve em média igual a 65 000 ft³/dia.
Para os casos com a presença do fraturamento hidráulico, a produção atinge seu pico
nos primeiros anos de acordo com a condição de operação do poço (1 800 000 ft³/dia), após 4
anos de simulação, os valores para os 4 casos com fraturas convergem para um valor próximo
a 180 000 ft³/dia, essa tendência tem relação com a queda de pressão do reservatório buscar se
igualar a pressão no fundo do poço.
44

Figura 28 - Comparativo da vazão de gás em condições padrão em função do tempo em anos

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Results 2018.10

6.2. ANÁLISE DOS CASOS COM FRATURAS DE 90 FT DE COMPRIMENTO

A partir desta seção os resultados serão agrupados de acordo com um parâmetro


dimensional da fratura, para as primeiras análises serão considerados os casos simulados que
possuem o mesmo comprimento de fratura.
A Figura 29 apresenta o FR de gás para os casos com comprimento de fratura igual a
90 ft, variando apenas o espaçamento entre as mesmas. É possível observar que para o caso
com 7 fraturas (espaçamento de 50 ft), foi apresentado o maior FR dentre os casos comparados,
fração final de 72,17%.
Para o caso com 4 fraturas e espaçamento de 100 ft (em verde), a fração final resultou
em um valor próximo do modelo com 7 fraturas, necessitando da análise da viabilidade
econômica para definir o melhor caso. Além disso, os casos com 150 ft (em amarelo) e 200 ft
(em roxo) de espaçamento entre as fraturas de acordo com o gráfico possuem uma pequena
diferença.
Após os 10 anos de projeto, nenhum dos casos estudados apresentaram estabilização do
FR de gás. Com isso, foram estudados casos com maiores comprimentos de fraturas, mostrado
nas próximas seções.
45

Figura 29 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com fraturas com 90 ft de comprimento em função do
tempo em anos

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Results 2018.10

6.3. ANÁLISE DOS CASOS COM FRATURAS DE 180 FT DE COMPRIMENTO

Os próximos casos estudados nesta seção, levam em consideração as fraturas com 180
ft de comprimento, variando o número de fraturas e o espaçamento entre as mesmas. A Figura
30, apresenta a comparação entre os casos com aplicação do fraturamento hidráulico e o caso
inicial sem a presença de um método de estimulação.
O caso 07 considera 7 fraturas espaçadas em 50 ft (em vermelho) apresentou o melhor
FR de gás, totalizando um valor de 78,39 %. Nota-se também, que para os casos 09 e 10 com 3
fraturas espaçadas em 150 ft (em verde) e 2 fraturas espaçadas em 200 ft (em amarelo), os
resultados obtidos possuem uma pequena diferença, tendendo para um valor de FR bem
próximo.
Observa-se que ao comparar as curvas do caso 07 (em vermelho) e o caso sem fratura
(em azul), houve aumento de 57,24% de FR. Isso representa no aumento de 6,41x108 ft³ std da
produção acumulada de gás.
Comparando a Figura 29 com a Figura 30, é possível observar que ao aumentar o
comprimento da fratura, há aumento do FR de gás, obtendo valores próximos a 79% de
recuperação. Entretanto, para os casos analisados não houve estabilização do FR ao final de 10
anos de projeto.
46

Figura 30 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com fraturas com 180 ft de comprimento em função do
tempo em anos

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Results 2018.10

6.4. ANÁLISE DOS CASOS COM FRATURAS DE 280 FT DE COMPRIMENTO

Na Figura 31, o fator de recuperação no final de 10 anos de projeto para os casos 12 (em
vermelho) e 13 (em laranja), resultaram em um FR de 82,26% e 80,71%, respectivamente. Para
avaliação do melhor caso, é necessário realizar uma análise econômica.

Figura 31 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com fraturas com 280 ft de comprimento em função do
tempo em anos

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Results 2018.10


47

Os casos 12 e 13, possuem 7 fraturas espaçadas por 50 ft e 4 fraturas espaçadas por 100
ft, respectivamente. Apesar de possuírem o mesmo comprimento, um número maior de fraturas
com espaçamento menor, apresentou maior FR. Para os outros casos, não houve estabilização
de recuperação. Dessa forma, foram analisados casos de fraturas com 460 ft de comprimento.

6.5. ANÁLISE DOS CASOS COM FRATURAS DE 460 FT DE COMPRIMENTO

Na Figura 32, observa-se que há uma aproximação do fator de recuperação de gás para
os casos com 7 fraturas com 50 ft de espaçamento (em vermelho), 4 fraturas com 100 ft de
espaçamento (em laranja) e 2 fraturas com 200 ft de espaçamento (em verde). Sendo assim, é
necessário avaliar economicamente para escolha do melhor caso.

Figura 32 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com fraturas com 460 ft de comprimento em função do
tempo em anos

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Results 2018.10

6.6. ANÁLISE COMPARATIVA GERAL

A Tabela 13 apresenta um resumo com todos os resultados obtidos para os casos


simulados com as configurações das fraturas ao longo do reservatório, os respectivos valores
dimensionais variados, o fator de recuperação de gás em porcentagem e a produção acumulado
de gás final (GP). Os resultados estão ordenados em relação ao fator de recuperação de gás
obtido e os casos em destaque (em cinza) representam os casos com maior resultado
considerando para cada comprimento simulado, 90 ft, 180 ft, 280 ft e 460 ft.
48

O dimensionamento do poço horizontal possui impacto direto na recuperação de gás,


assim como o comprimento e números de fraturas como analisado na seção anterior, entretanto,
esse dimensionamento está diretamente ligado aos custos operacionais. Mayerhofer et al.
(2006) afirmam que a melhor estratégia para o projeto de fraturas é alcançar a maior
recuperação de modo que a quantidade de fraturas seja maximizada sem prejudicar a viabilidade
do projeto.

Tabela 13 - Resultados das simulações dos casos planejados


Fator de
Comprimento da Espaçamento entre
Nº de Recuperação de Gp
Caso Fratura as Fraturas
Fraturas Gás [108 ft³ std]
[ft] [ft]
[%]
17 7 460 50 86,50 9,76
18 4 460 100 85,59 9,65
20 2 460 200 83,22 9,38
12 7 280 50 82,26 9,27
19 3 460 150 81,26 9,15
13 4 280 100 80,71 9,09
7 7 180 50 78,39 8,83
16 1 460 - 76,39 8,60
8 4 180 100 75,98 8,56
14 3 280 150 75,38 8,49
2 7 90 50 72,17 8,13
10 2 180 200 71,89 7,87
15 2 280 200 71,89 8,09
9 3 180 150 69,91 8,09
11 1 280 - 69,09 7,78
3 4 90 100 68,81 7,75
5 2 90 200 63,97 7,20
6 1 180 - 62,80 7,07
4 3 90 150 62,46 7,03
1 1 90 - 55,26 6,22
0 - - - 21,15 2,42
49

Fonte: Elaboração própria

A Figura 33 apresenta os casos com maior FR para cada comprimento estabelecido no


planejamento do estudo (em destaque cinza na Tabela 13) comparado com o caso inicial para
recuperação primária. Todos os casos possuem 7 fraturas espaçadas em 50 ft, número máximo
utilizado no estudo.
O resultado era esperado pois a quantidade de fraturas aplicadas ao modelo está
diretamente ligada a área de drenagem. Vale ressaltar que o modelo considerou apenas um poço.
Outras situações com vários poços produtores e fraturas, o layout deve ser projetado de forma
que não comprometa a drenagem dos poços vizinhos por efeito de sobreposição.

Figura 33 – Fator de Recuperação de Gás para os casos com 50 ft de espaçamento entre as fraturas

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Results 2018.10

A Figura 34, apresenta os 6 primeiros casos com maiores resultados de FR da Tabela


13 (acima de 80%), comparados com a recuperação primária de gás. Dentre os resultados,
aparecem todos os casos simulados para o comprimento igual a 460 ft. É certo que quanto maior
o comprimento das fraturas e menor o espaçamento entre as mesmas, maior será o volume de
gás recuperável, entretanto o custo está diretamente ligado ao volume de água necessária para
conseguir a propagação de fraturas tão extensas, sendo necessário uma avaliação de viabilidade
econômica para tomada de decisão.
Diante dos resultados, é possível observar para o período estudado que valores próximos
de FR podem ser obtidos com diferentes configurações de projeto, ou seja, é possível obter o
mesmo resultado esperado com fraturas menores e mais espaçadas.
50

Figura 34 - Fator de Recuperação de Gás para os casos com maiores resultados em função do tempo em anos

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Results 2018.10

A Figura 35 apresenta uma comparação entre a vazão de gás e o fator de recuperação


para o caso 17, devido as condições do poço produtor, a vazão de gás se mantém constante nos
primeiros meses de produção, com isso, o FR para os primeiros meses possui uma tendência
linear, essa é a justificativa para o comportamento linear do fator de recuperação nos primeiros
meses para os casos discutidos nesse capítulo.

Figura 35 - Comparativo da vazão de gás em condições padrão entre o FR em função do tempo em anos

Fonte: Elaboração própria utilizando o módulo Results 2018.10


51

7. CONCLUSÃO
7.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar do campo de Norne ter características de um reservatório convencional,


possuindo fator de recuperação de gás igual a 21,15% na recuperação primária, no presente
estudo foi observado que a implementação de métodos de estimulação, como o faturamento
hidráulico, seria uma ótima opção para uma boa recuperação de gás.
Para os 20 casos de simulação analisados individualmente, houve aumento do fator de
recuperação como esperado. O fator de recuperação atingiu valores de 86,50%, 85,59%,
83,22% e 82,26% para os melhores casos.
O objetivo do trabalho foi analisar a aplicação de um fraturamento hidráulico em um
modelo black-oil com características do campo de Norne. Como resultado foi possível notar
que para cada comprimento de fratura estudado, aumentar o número de fraturas e diminuir o
espaçamento entre elas, aumenta o fator de recuperação, mas nem sempre é o ideal, devido ao
custo com equipamentos e aditivos. Da mesma forma acontece para análise de fraturas com
maiores comprimentos, onde na simulação apresentaram maiores fatores de recuperação. Dessa
forma, é de grande importância realizar um estudo de viabilidade econômica, para escolha do
caso.

7.2. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

As bacias terrestres do Recôncavo, Espírito Santo, Sergipe-Alagoas e Potiguar, são


classificadas como bacias maduras. Não há expectativas de novas descobertas com grandes
volumes de hidrocarbonetos de forma convencional. No entanto, por ter uma infraestrutura já
instalada, torna estas propícias para dar início a exploração e produção de reservatórios não
convencionais (CTMA/PROMIMP, 2016).
O desenvolvimento de fontes não convencionais no Brasil deverá ser a longo prazo,
levando em consideração o cenário atual de oportunidades de exploração convencional offshore
e os embargos em relação à técnica de fraturamento hidráulico por parte de diversos municípios,
onde pontos como: contaminação dos lençóis freáticos e liberação de gases poluentes, são
levantados para proibição da atividade.
Como recomendações para trabalhos futuros, sugere-se a análise da viabilidade
econômica de produção em um reservatório não convencional com características de uma bacia
do Brasil. Assim como, os riscos e impactos associados ao desenvolvimento da exploração de
reservas não convencionais comparando-os com a exploração de reservas convencionais.
52

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Setembro de 2019.
56

APÊNDICE A

Trecho do arquivo *.out da modelagem do estudo no simulador, os modelos se diferenciam


apenas nas configurações das fraturas ao longo do reservatório mantendo as demais
informações constantes.

***************************************************************************
Definition of fundamental corner point grid
***************************************************************************
GRID CORNER 60 220 85
CORNERS
0.0000 2*20.0000 2*40.0000 2*60.0000 2*80.0000 2*100.0000 2*120.0000
2*140.0000 2*160.0000 2*180.0000 2*200.0000 2*220.0000 2*240.0000 2*260.0000
2*280.0000 2*300.0000 2*320.0000 2*340.0000 2*360.0000 2*380.0000 2*400.0000
2*420.0000 2*440.0000 2*460.0000 2*480.0000 2*500.0000 2*520.0000 2*540.0000
2*560.0000 2*580.0000 2*600.0000 2*620.0000 2*640.0000 2*660.0000 2*680.0000
2*700.0000 2*720.0000 2*740.0000 2*760.0000 2*780.0000 2*800.0000 2*820.0000
2*840.0001 2*860.0000 2*880.0000 2*900.0000 2*919.9999 2*940.0000 2*960.0000
2*980.0001 2*999.9999 2*1020.0000 2*1040.0000 2*1060.0000 2*1080.0000
2*1100.0000 2*1120.0000 2*1140.0000 2*1160.0000 2*1180.0000 1200.0000 0.0000
2*20.0000 2*40.0000 2*60.0000 2*80.0000 2*100.0000 2*120.0000 2*140.0000
2*160.0000 2*180.0000 2*200.0000 2*220.0000 2*240.0000 2*260.0000 2*280.0000
2*300.0000 2*320.0000 2*340.0000 2*360.0000 2*380.0000 2*400.0000 2*420.0000
2*440.0000 2*460.0000 2*480.0000 2*500.0000 2*520.0000 2*540.0000 2*560.0000
2*580.0000 2*600.0000 2*620.0000 2*640.0000 2*660.0000 2*680.0000 2*700.0000
2*720.0000 2*740.0000 2*760.0000 2*780.0000 2*800.0000 2*820.0000 2*840.0001
2*860.0000 2*880.0000 2*900.0000 2*919.9999 2*940.0000 2*960.0000 2*980.0001
2*999.9999 2*1020.0000 2*1040.0000 2*1060.0000 2*1080.0000 2*1100.0000
2*1120.0000 2*1140.0000 2*1160.0000 2*1180.0000 1200.0000 0.0000 2*20.0000
2*40.0000 2*60.0000 2*80.0000 2*100.0000 2*120.0000 2*140.0000 2*160.0000
2*180.0000 2*200.0000 2*220.0000 2*240.0000 2*260.0000 2*280.0000 2*300.0000
2*320.0000 2*340.0000 2*360.0000 2*380.0000 2*400.0000 2*420.0000 2*440.0000
2*460.0000 2*480.0000 2*500.0000 2*520.0000 2*540.0000 2*560.0000 2*580.0000
2*600.0000 2*620.0000 2*640.0000 2*660.0000 2*680.0000 2*700.0000 2*720.0000
2*740.0000 2*760.0000 2*780.0000 2*800.0000 2*820.0000 2*840.0001 2*860.0000
2*880.0000 2*900.0000 2*919.9999 2*940.0000 2*960.0000 2*980.0001 2*999.9999
2*1020.0000 2*1040.0000 2*1060.0000 2*1080.0000 2*1100.0000 2*1120.0000
2*1140.0000 2*1160.0000 2*1180.0000 1200.0000 0.0000 2*20.0000 2*40.0000
2*60.0000 2*80.0000 2*100.0000 2*120.0000 2*140.0000 2*160.0000 2*180.0000
2*200.0000 2*220.0000 2*240.0000 2*260.0000 2*280.0000 2*300.0000 2*320.0000
2*340.0000 2*360.0000 2*380.0000 2*400.0000 2*420.0000 2*440.0000 2*460.0000
PERMI VARI 0.00665 - 20000
POR VARI 0.00 – 0.50
PERMJ VARI 0.00665 - 20000
PERMK VARI 0.0000 - 6000
PINCHOUTARRAY CON 1
PRPOR 6000
CPOR 9.9974e-007
PVCUTOFF 0
*PLNRFRAC_TEMPLATE 'CF460'
*PLNR_REFINE *INTO 10 10 1
*BWHLEN 230
*JDIR
*INNERWIDTH 2
*WF1 2 *K1INT 492
*LAYERSUP 10
*LAYERSDOWN 10
*POR MATRIX *FZ 0.3
57

*END_TEMPLATE
RESULTS PLNRSTAGE NAME 'Planar Stage 1'
RESULTS PLNRSTAGE WELL 'PROD-1'
RESULTS PLNRSTAGE DATE 2019-10-01
RESULTS PLNRSTAGE BASENAME 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50'
RESULTS PLNRSTAGE FRACS 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_1' 'PROD-1 -
Frac_CF460_EF50_2'
RESULTS PLNRSTAGE FRACS 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_3' 'PROD-1 -
Frac_CF460_EF50_4'
RESULTS PLNRSTAGE FRACS 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_5' 'PROD-1 -
Frac_CF460_EF50_6'
RESULTS PLNRSTAGE FRACS 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_7'
RESULTS PLNRSTAGE MINFRACSPACING 50
RESULTS PLNRSTAGE PERFOPTION 1
RESULTS PLNRSTAGE LAYERMIN 51
RESULTS PLNRSTAGE LAYERMAX 51
RESULTS PLNRSTAGE END
*PLNRFRAC 'CF460' 30,110,51 *BG_NAME 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_1'
*PLNRFRAC 'CF460' 30,105,51 *BG_NAME 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_2'
*PLNRFRAC 'CF460' 30,100,51 *BG_NAME 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_3'
*PLNRFRAC 'CF460' 30,95,51 *BG_NAME 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_4'
*PLNRFRAC 'CF460' 30,90,51 *BG_NAME 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_5'
*PLNRFRAC 'CF460' 30,85,51 *BG_NAME 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_6'
*PLNRFRAC 'CF460' 30,80,51 *BG_NAME 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_7'
MODEL BLACKOIL
TRES 212
PVT EG 1
** p Rs Bo Eg viso visg co
14.696 4.18194 1.07477 4.36571 1.91388 0.0127142 3e-005
256.413 43.7317 1.09211 78.2567 1.54283 0.0129624 3e-005
498.13 92.2148 1.11396 156.115 1.26974 0.0133412 3e-005
739.847 145.681 1.13875 237.867 1.07779 0.0138225 3e-005
981.564 202.777 1.16593 323.208 0.938133 0.0144035 3e-005
1223.28 262.776 1.19521 411.536 0.832628 0.0150848 3e-005
1465 325.216 1.22639 501.92 0.750289 0.0158663 3e-005
1706.71 389.773 1.25932 593.14 0.684274 0.0167437 3e-005
1948.43 456.207 1.29389 683.81 0.630156 0.0177088 3e-005
2190.15 524.332 1.33 772.565 0.58496 0.0187487 2.92362e-005
2431.87 594 1.36758 858.24 0.546623 0.0198483 2.55216e-005
2673.58 665.088 1.40655 939.975 0.513668 0.0209914 2.25692e-005
2915.3 737.493 1.44686 1017.24 0.485017 0.0221627 2.01727e-005
3157.02 811.129 1.48845 1089.81 0.459861 0.0233488 1.81933e-005
3398.73 885.92 1.53128 1157.66 0.437582 0.0245386 1.65341e-005
3640.45 961.801 1.5753 1220.93 0.417701 0.0257231 1.51256e-005
3972.36 1067.67 1.63763 1300.78 0.393631 0.0273289 1.35088e-005
4304.27 1175.35 1.70205 1373.19 0.372624 0.0288997 1.21751e-005
4636.18 1284.74 1.76847 1438.97 0.354116 0.0304283 1.10584e-005
4968.09 1395.74 1.83684 1498.88 0.33767 0.0319107 1.01113e-005
5300 1508.26 1.90708 1553.65 0.32295 0.0333458 9.29916e-006
BWI 1.03235
CVW 0
CW 3.00531e-006
DENSITY OIL 53
DENSITY WATER 60.8676
58

REFPW 5300
VWI 0.294779
DENSITY GAS 0.0624
PTYPE CON 1
ROCKFLUID
NONDARCY GENERAL 0.5
1.485e+009 1.021 0 10000
1.485e+009 1.021 0 10000
1.485e+009 1.021 0 10000

RPT 1
** Sw krw krow
SWT

0.200000 0.00000 1.00000


0.215789 6.926685E-04 0.948062
0.231579 2.770561E-03 0.897510
0.247368 6.233615E-03 0.848342
0.263158 1.108180E-02 0.800559
0.278947 1.731508E-02 0.754161
0.294737 2.493345E-02 0.709148
0.310526 3.393688E-02 0.665520
0.326316 4.432538E-02 0.623277
0.342105 5.609892E-02 0.582419
0.357895 6.925750E-02 0.542946
0.373684 8.380111E-02 0.504858
0.389474 9.972973E-02 0.468154
0.405263 0.117043 0.432836
0.421053 0.135742 0.398903
0.436842 0.155826 0.366354
0.452632 0.177294 0.335191
0.468421 0.200148 0.305412
0.484211 0.224387 0.277019
0.500000 0.250010 0.250010
0.515789 0.277019 0.224387
0.531579 0.305412 0.200148
0.547368 0.335191 0.177294
0.563158 0.366354 0.155826
0.578947 0.398903 0.135742
0.594737 0.432836 0.117043
0.610526 0.468154 9.972973E-02
0.626316 0.504858 8.380111E-02
0.642105 0.542946 6.925750E-02
0.657895 0.582419 5.609892E-02
0.673684 0.623277 4.432538E-02
0.689474 0.665520 3.393688E-02
0.705263 0.709148 2.493345E-02
0.721053 0.754161 1.731508E-02
0.736842 0.800559 1.108180E-02
0.752632 0.848342 6.233615E-03
0.768421 0.897510 2.770561E-03
0.784211 0.948062 6.926685E-04
0.800000 1.00000 0.00000
** Sg krg krog
SGT

0 0.00000 1.00000
0.016 2.000000E-02 0.980000
0.032 4.000000E-02 0.960000
0.048 6.000000E-02 0.940000
59

0.064 8.000000E-02 0.920000


0.08 0.100000 0.900000
0.096 0.120000 0.880000
0.112 0.140000 0.860000
0.128 0.160000 0.840000
0.144 0.180000 0.820000
0.16 0.200000 0.800000
0.176 0.220000 0.780000
0.192 0.240000 0.760000
0.208 0.260000 0.740000
0.224 0.280000 0.720000
0.24 0.300000 0.700000
0.256 0.320000 0.680000
0.272 0.340000 0.660000
0.288 0.360000 0.640000
0.304 0.380000 0.620000
0.32 0.400000 0.600000
0.336 0.420000 0.580000
0.352 0.440000 0.560000
0.368 0.460000 0.540000
0.384 0.480000 0.520000
0.4 0.500000 0.500000
0.416 0.520000 0.480000
0.432 0.540000 0.460000
0.448 0.560000 0.440000
0.464 0.580000 0.420000
0.48 0.600000 0.400000
0.496 0.620000 0.380000
0.512 0.640000 0.360000
0.528 0.660000 0.340000
0.544 0.680000 0.320000
0.56 0.700000 0.300000
0.576 0.720000 0.280000
0.592 0.740000 0.260000
0.608 0.760000 0.240000
0.624 0.780000 0.220000
0.64 0.800000 0.200000
0.656 0.820000 0.180000
0.672 0.840000 0.160000
0.688 0.860000 0.140000
0.704 0.880000 0.120000
0.72 0.900000 0.100000
0.736 0.920000 8.000000E-02
0.752 0.940000 6.000000E-02
0.768 0.960000 4.000000E-02
0.784 0.980000 2.000000E-02
0.8 1.00000 0.00000
NDARCYCOR CON 0
*NDARCYCOR MATRIX BG 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_1' *FZ 1
*NDARCYCOR MATRIX BG 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_2' *FZ 1
*NDARCYCOR MATRIX BG 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_3' *FZ 1
*NDARCYCOR MATRIX BG 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_4' *FZ 1
*NDARCYCOR MATRIX BG 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_5' *FZ 1
*NDARCYCOR MATRIX BG 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_6' *FZ 1
*NDARCYCOR MATRIX BG 'PROD-1 - Frac_CF460_EF50_7' *FZ 1
INITIAL
VERTICAL BLOCK_CENTER WATER_OIL_GAS
REFDEPTH 12000
REFPRES 6000
DWOC 12170
DGOC 12150
60

PB CON 3640.45
NUMERICAL
NORM PRESS 100
NEWTONCYC 40
NCUTS 40
NORTH 80
ITERMAX 80
DTMIN 0.0001
RUN
DATE 2019 10 1
DTWELL 1
WELL 'PROD-1'
PRODUCER 'PROD-1'
OPERATE MIN BHP 500.0 CONT
OPERATE MAX STG 1800000.0 CONT
** rad geofac wfrac skin
GEOMETRY I 0.25 0.37 1.0 0.0
PERF GEOA 'PROD-1'

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