Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Engenharia
Um curso de mecânica do corte
Design da capa
Daniel Rebouças
Fotos
Capa: ©Phuchit Aunmuang/Depositphotos
Figuras 2.10a, 2.10b, 2.10d, 2.13a, 2.14a, 2.14b, 4.10b, 4.10c, 4.10d, 4.12a, 4.12b, 5.2c: ©AB
Sandvik Coromant. Todos os direitos reservados. Uso permitido. A permissão é concedida
exclusivamente para o uso nessa publicação. O uso adicional deste ou de outros materiais
com direitos autorais da Sandvik Coromant deve ser solicitado separadamente.
ISBN 978-65-00-08056-8
Esta é uma obra didática para alunos de graduação em Engenharia com uma
visão crítica dos processos de usinagem, a partir dos fundamentos da mecânica
do corte, que pode também ser utilizada como introdução para um curso de pós-
graduação em Processos de Fabricação.
A ideia do livro iniciou durante os cursos de Usinagem no Departamento de
Engenharia Mecânica da UFRJ, quando o curso já vinha sendo apresentado em
um formato semelhante à estrutura apresentada neste volume. Precisamente no
dia 15 de outubro de 2017, Dia do Mestre, o projeto se iniciou concretamente e
foi ganhando colaboradores, apoiadores e incentivadores, a quem agradecemos
imensamente.
O objetivo desta obra é se diferenciar das demais em língua portuguesa de
forma por tentar conectar à usinagem, de forma didática, os conhecimentos ad-
quiridos em outras disciplinas da Engenharia como, por exemplo, a mecânica dos
meios sólidos, a metrologia e o planejamento de experimentos, e ser apresentada
em uma abordagem fenomenológica baseada nos conceitos de mecânica do corte.
O leitor perceberá que a sequência de capítulos amplia pouco a pouco os
conceitos e integra com conceitos mais gerais. Desta forma, o livro é dividido em
três partes: a primeira denominada de Tecnologia de usinagem apresenta os
fundamentos técnicos dos processos de usinagem, introduzindo a nomenclatura
das máquinas operatrizes, ferramentas, materiais e a cinemática dos processos;
a segunda parte, a Mecânica do corte, aborda os fenômenos físicos envolvidos:
tensões elásticas e plásticas, contato, atrito, temperatura, forças e potência; e
a terceira parte, o Processo de usinagem, integra o conteúdo desenvolvido ao
longo do livro aos resultados do processo de usinagem como um todo: na superfície
da peça, no desgaste da ferramenta e na propriedade de usinabilidade do sistema.
Procurou-se detalhar os temas na medida justa de uma disciplina: nem tão
aprofundado ao ponto de tornar a obra muito extensa, nem tão superficial ao ponto
de obrigar o aluno a buscar conteúdos básicos fora deste livro. Muito embora seja
sempre recomendado ao leitor complementar a informação com boas bibliogra-
fias, algumas citadas ao final do livro, procurou-se condensar todo o conteúdo de
usinagem em um volume único. Para fixação do conteúdo, a cada capítulo são
propostos exercícios e atividades.
Os materiais complementares (resolução de exercícios, slides de apoio ao
professor e planejamentos de aulas) são disponibilizados na internet (link).
usinagemparaengenharia@gmail.com
Vetores unitários:
Variável Direção unitária
𝑎̂ γ Vetor perpendicular à S𝑛 , contido na superfície de saída Aγ
𝑎̂ 𝑐 Vetor tangente a S𝑛 em P
𝑎̂ 𝑐 Vetor tangente à aresta de corte
𝑎̂ 𝑛 Vetor normal à superfície de saída Aγ
𝑛̂ 𝑓𝑒 Vetor normal ao plano de trabalho efetivo
𝑛̂ 𝑏 Vetor perpendicular ao vetor 𝑛̂ ℎ no plano de referência
𝑛̂ 𝑐 Vetor perpendicular ao plano de referência
𝑛̂ ℎ Vetor contido nos planos de referência e plano normal
𝑣𝑒̂ Direção efetiva de corte
𝑣𝑐̂ Direção de corte
𝑣𝑓̂ Direção de avanço
Variáveis gerais:
xvi
3.4 Ângulo de inclinação da aresta de corte . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.5 Área do Cavaco no torneamento cilíndrico externo . . . . . . . . . . 60
3.6 Área do cavaco na furação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.7 Espessura do cavaco ℎ(P) em função da posição angular do ponto
de referência θP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.8 Relação entre a largura de corte e o diâmetro da ferramenta . . . . 67
3.9 Representação dos planos de referencia e de trabalho no fresa-
mento frontal quando aresta de corte é paralela ao eixo de rotação
(λ = 0 e κ𝑟 = 90𝑜 ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.10 Representação da fresa no faceamento quando κ𝑟 < 90𝑜 e Z = 4 . . 69
3.11 Análise da aresta de corte no fresamento de topo . . . . . . . . . . 70
10.1 Dados geométricos dos desgastes de flanco e cratera (ISO 3685) . 213
10.2 Valores de referência de X para os materiais da ferramenta . . . . . 217
xxi
Sumário
I Tecnologia de usinagem 1
1 Introdução 3
1.1 Classificação dos processos de fabricação . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Processos de usinagem convencional . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Usinagem não-convencional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.1 Usinagem por ultrassom . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.3.2 Usinagem por jato de alta pressão . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.3.3 Usinagem por eletroerosão (EDM) . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3.4 Usinagem com feixes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3.5 Usinagem eletroquímica e química . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.4 Fatores relevantes no corte por usinagem . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.5 Perguntas de fixação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2 Usinagem convencional 23
2.1 Cinemática da usinagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1.1 Movimentos e direções de usinagem . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1.2 Velocidades de usinagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.3 Avanço e profundidade de corte . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2 Processos de usinagem de geometria definida . . . . . . . . . . . . 26
2.2.1 Aplainamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.2 Brochamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.3 Serramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2.4 Torneamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.2.5 Fresamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2.6 Furação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.7 Alargamento, escareamento e rosqueamento . . . . . . . . 43
2.3 Usinagem convencional por abrasão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.4 Taxa de remoção de material . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3 Geometria do cavaco 53
xxii
3.1 Referenciais em usinagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.1 Referencial fixo na máquina-ferramenta . . . . . . . . . . . . 53
3.1.2 Referencial móvel definido com origem na ferramenta . . . . 54
3.1.3 Referencial local segundo a aresta de corte e a superfície
de saída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.1.4 Relação entre os referenciais da ferramenta e da superfície
de saída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.2 Análise da geometria do cavaco no torneamento . . . . . . . . . . . 59
3.3 Análise da geometria do cavaco na furação . . . . . . . . . . . . . . 61
3.4 Análise da geometria do cavaco no fresamento . . . . . . . . . . . . 64
3.4.1 Fresamento frontal de faceamento . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.4.2 Fresamento frontal de topo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
11 Usinabilidade 223
11.1 Critérios de usinabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
11.1.1 Vida da ferramenta como critério de usinabilidade . . . . . . 226
11.1.2 Força de corte como critério de usinabilidade . . . . . . . . . 229
11.1.3 Rugosidade da peça como critério de usinabilidade . . . . . 231
11.1.4 Morfologia do cavaco como critério de usinabilidade . . . . 232
11.2 Influências na usinabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
11.2.1 Efeitos do material de trabalho na usinabilidade . . . . . . . 232
11.2.2 Efeitos da ferramenta de corte na usinabilidade . . . . . . . 237
11.2.3 Efeitos das condições de corte na usinabilidade . . . . . . . 238
11.2.4 Efeitos da máquina-ferramenta e do processo de usinagem 239
11.3 Condições econômicas de usinagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . 240
11.3.1 Velocidade de corte de máxima produção . . . . . . . . . . . 241
11.3.2 Velocidade de corte de mínimo custo . . . . . . . . . . . . . 244
11.3.3 Intervalo de máxima eficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . 247
11.4 Perguntas de fixação e exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
Tecnologia de usinagem
1
Capítulo 1
Introdução
4
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
5
1a Edição
Processos de
Usinagem
Usinagem Usinagem não-
convencional convencional
Usinagem com
Usinagem por Remoção Remoção Remoção
ferramenta de Energia térmica
abrasão mecânica eletroquímica química
geometria definida
USINAGEM PARA ENGENHARIA
6
Usinagem a Estampagem
Aplainamento Serramento Brunimento Jato a Alta
laser Química
Pressão
Usinagem por
Usinagem por
Torneamento Brochamento Lapidação feixe de
Fotocorrosão
elétrons
Usinagem por
Fresamento Dressagem
feixe de íons
Furação Polimento
Figura 1.1: Classificação dos processos de usinagem
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
7
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
8
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
9
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
10
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Ferramenta Fluxo
Peça
gap
gap = 2x o tamanho do
grão
Válvula
Fonte de
Fonte de água água de alta
de alta pressão pressão
Distância do Bocal
Abrasivo
Bocal
Peça
Jato de água
Válvula
Sistema de
Mistura Gás-Abrasivo Exaustão
Conjunto
Injetor
Manual
Peça
11
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Contudo, o processo gera um ruído intenso que exige que os operadores utilizem
proteção auditiva.
No caso do corte por jato d’água, onde apenas a pressão atua como meca-
nismo de corte, os materiais da peça são plásticos, têxteis (por exemplo, couro) e
outros não-metais de menor resistência mecânica (Figura 1.2(b)). Fluidos alternati-
vos (álcool, glicerina, óleos de cozinha) têm sido usados no corte para processa-
mento de alimentos congelados. Tem a vantagem de não formar rebarbas, gerando
uma perda mínima de material na zona de corte e gerar menos poluição ambiental.
Na maioria das aplicações de usinagem de metais com jato de água, é neces-
sária a adição de abrasivos, processo de usinagem conhecido como corte por jato
d’água abrasivo (Figura 1.2(c)). Através deste processo, além dos metais, pode-se
usinar plásticos, borracha, vidro, cerâmica e compósitos. Partículas abrasivas são
adicionadas ao jato de água em uma câmara ou tubo de mistura, anterior à saída
do jato, que devem ser fabricados com materiais resistentes, usualmente em metal
duro ou cerâmicas. Entre os materiais abrasivos utilizados no jato d’água estão:
óxido de alumínio, o dióxido de silício e a granada (um mineral de silicato) com
granulometrias que variam entre 60 mesh e 120 mesh. A taxa de adição do abrasivo
é de aproximadamente 0,25 kg/min. A distância do bocal até a peça é a metade
(ou até um quarto) da distância do processo de jato d’água.
Quando se utiliza o jato de gás com partículas abrasivas, chama-se de pro-
cesso de jato abrasivo (Figura 1.2(d)). A remoção de material ocorre devido à ação
de uma corrente de gás em alta velocidade, ar seco, nitrogênio, dióxido de carbono
ou hélio, contendo pequenas partículas abrasivas. O gás seco é pressurizado no
bocal, onde ocorre a mistura com o abrasivo. Neste caso, a distância até a peça
é bem maior que nos processos com água, da ordem de 3 mm a 75 mm. Não é
eficiente com materiais de reduzida dureza (macios) e de baixo módulo elástico,
mas pode cortar bem materiais com alta resistência mecânica.
Quando o jato é formado por partículas abrasivas misturadas a um polímero
viscoelástico, chama-se de usinagem por fluxo abrasivo. A mistura é forçada
através ou em torno das superfícies e bordas da peça, principalmente para retirar
rebarbas e polir superfícies de difícil acesso, e para arredondar cantos vivos. O
abrasivo é tipicamente o carboneto de silício. O controle do processo fornece uma
qualidade consistente e alta repetibilidade.
12
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
13
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Avanço da
Ferramenta
Ferramenta-
Eletrodo
Fluido Dielétrico
Peça (+)
gap
Sobrecorte lateral
(a) Eletroerosão
Desgaste do
Ferramenta Eletrodo
Eletrodo (-)
Fluido Descarga elétrica
Ionizado
Fluxo de
dielétrico
Bobina de alimentação
Fio-eletrodo do arame
Trajetória do corte
Fluxo de dielétrico
Peça
Bobina de recuperação
do arame
Avanço
Sobrecorte Lateral
gap
Espelho de
100% de Reflexão
Laser
Lampada de flash
(em ambos so lados)
Tubo de descarga
do Laser
Espelho de
Reflexão Parcial
Distância Focal
Feixe de luz
Laser
Lente Convergente
Peça
Avanço
Suporte da Ferramenta
Fluxo de
Isolamento eletrólito
Eletrodo (catodo)
Peça (Anodo)
15
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
16
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Máscara
Peça
(4) (5)
17
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Condições ambientes
Peça
• Microestrutura
Processo de Usinagem • Temperatura
• Umidade
• Inclusões/Poros (morfologia do cavaco, força, • Campo elétrico e
• Propriedades potência, temperatura, desgaste da magnético
(Dureza, Tensões ferramenta, qualidade da peça)
limite, ...)
• Rigidez
18
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
19
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
20
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
21
Capítulo 2
Usinagem convencional
Rotação
da ferramenta Rotação da peça
radial radial
P P
DP DP
Figura 2.1: Vetor unitário da direção de corte 𝑣𝑐̂ em movimento rotativo entre a peça e a
ferramenta
24
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
Vf Ve Pfe
nfe
v^f v^e
ᵠ he
Vc
P v^c
Figura 2.2: Plano de trabalho efetivo P𝑓𝑒 , velocidades de usinagem e direções de usinagem
V⃗ 𝑐 + V⃗ 𝑓
V⃗ 𝑒 = V⃗ 𝑐 + V⃗ 𝑓 ⟶ 𝑣𝑒̂ = (2.2)
‖V⃗ 𝑐 + V⃗ 𝑓 ‖
1Apartir deste ponto, usar-se-á apenas o módulo do vetor velocidade de corte para representá-lo nos
cálculos desta obra.
25
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Exercício 2.1
⟶
Exercício 2.2
⟶
26
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
2.2.1 Aplainamento
O aplainamento (planning e shapping, em inglês) utiliza uma ferramenta mo-
nocortante. O movimento da ferramenta descreve uma trajetória retilínea alterna-
tiva, composta de percursos de corte e de retorno. A Figura 2.3(a) apresenta um
esquema ilustrativo da ferramenta fixada ao cabeçote da máquina e as direções
de corte e de avanço. O cabeçote realiza o percurso de corte sem que o movimento
de avanço esteja ativo. Neste caso, V𝑐 = V𝑒 e o ângulo da velocidade efetiva de
corte é nulo, pois o movimento de avanço não é simultâneo ao de corte.
No percurso de corte, a ferramenta remove cavaco. No retorno, em vazio,
a ferramenta volta à posição inicial. O movimento de avanço é então realizado
antes de um novo percurso de corte, para que possa efetuar uma nova remoção de
material, de forma intermitente. Cada conjunto formado pelo percurso de corte,
percurso de retorno e avanço é chamado de golpe.
A profundidade de corte 𝑎𝑝 , perpendicular ao plano formado pela direção de
corte e de avanço, e o avanço 𝑓 estão identificados na Figura 2.3(a).
A Figura 2.3(b) apresenta o mecanismo simplificado de uma plaina limadora.
As plainas são as máquinas-ferramentas que realizam este processo. O movimento
de translação do cabeçote da plaina é responsável pelo movimento de corte. A
velocidade de corte V𝑐 (𝑡) pode ser observada durante o percurso de corte e a
velocidade de retorno V𝑟 (𝑡) é a velocidade de deslocamento do cabeçote quando
ele retorna. Ambas não são constantes no tempo devido ao tipo de mecanismo da
máquina, apresentado na Figura 2.3(b), pois é acionado pela rotação de um volante
acoplado a uma haste através de uma castanha. Percebe-se que nas extremidades
do percurso, na entrada e na saída, as velocidades são muito baixas e, portanto,
deve ser evitado usinar nessa região.
Atualmente há outros mecanismos que podem ser utilizados para realizar o
movimento linear intermitente como, por exemplo, motores lineares com veloci-
dade controlada, que fornecem maior precisão de posição com menor potência
disponível.
Exercício 2.3
⟶
2.2.2 Brochamento
No processo de brochamento (broaching, em inglês), assim como no aplaina-
mento, a ferramenta descreve uma trajetória retilínea, ou seja, o corte também se
dá apenas no percurso de corte, e pode ser realizado em uma superfície externa
da peça ou em uma superfície interna, um rasgo ou um furo da peça, como indica
a Figura 2.4(a). É um processo de formação realizado por uma ferramenta mul-
ticortante chamada de brocha e a máquina-ferramenta se chama brochadeira,
27
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Cabeç
ote
ap
Peça
f
Direção de avanço
(a) Direção de corte e de avanço
Velocidade Percurso
de corte
Vc
Lc
0
Percurso em Deslocamento
VR vazio do cabeçote
Direção de corte
Cabeçote
Percurso
200°
Direção de
rotação
do mecanismo
160°
28
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
b
Vc
Comprimento usinado
peça
Peça Lh
h
Fixação Vc
Ferramenta
Brocha Interna
(a) Geometria de corte (b) Vista em corte da peça usinada
Exercício 2.4
⟶
2.2.3 Serramento
No processo de serramento (sawing, em inglês), a parte retirada da peça é
uma fenda estreita. É realizado com o objetivo de dividir a peça em duas partes e
oferece normalmente pouca precisão dimensional. Assim como no brochamento, o
processo de serramento é realizado por uma ferramenta multicortante chamada de
serra, cujos dentes entram progressivamente na peça. No caso do serramento, a
entrada progressiva é realizada pelo movimento da ferramenta e não pela geometria
da ferramenta, como no caso da brocha, como apresentado na Figura 2.5, adaptada
de (GROOVER, 2014).
29
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Movimento Alternativo
Direção de avanço
Lâmina dentada
Mesa de Fixação
Rotação
Corte
Movimento da peça
direção de avanço
Peça Movimento da peça
Rotação
Mesa de Fixação
Movimento de avanço
30
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
2.2.4 Torneamento
O processo de torneamento retira o cavaco de forma contínua através de
uma ferramenta monocortante. É o principal processo para usinar superfícies de
revolução devido à sua cinemática característica que realiza simultaneamente
os movimentos de avanço e de corte. A máquina-ferramenta mais utilizada para
este processo é o torno, que fornece o movimento de rotação à peça, para gerar o
movimento de corte, e o movimento de avanço para a ferramenta.
31
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
N
Superfície de trabalho ap
Superfície usinada
f
D Cavaco Du
Vf
Ferramenta
Lu
DP
2
Pfe
Vc
Vf P
(b) Velocidades
Exercício 2.5
⟶
32
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
Exercício 2.6
⟶
Exercício 2.7
⟶
33
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Exercício 2.8
⟶
O sangramento é utilizado para cortar uma peça em duas partes (uma que
fica presa ao torno e a outra que fica livre após o corte) ou para criar um colar, um
rebaixo, em uma região da peça, como demonstra a Figura 2.7(b). A ferramenta
é chamada de bedame. Se ela chega até o centro do eixo de rotação, a peça é
dividida em dois, caso contrário, ela produz um canal na superfície externa. Quando
o comprimento usinado L𝑢 (na direção radial) for pequeno, a velocidade de rotação
pode ser mantida constante, caso contrário, se a máquina-ferramenta tem esta
opção, a rotação deve variar mantendo a velocidade de corte constante.
Exercício 2.9
⟶
Torneamento cônico
A trajetória da ferramenta pode ser uma composição das direções longitudinal
e radial. Neste caso, se a trajetória é linear dizemos que o torneamento é cônico. A
ferramenta pode também realizar variações durante sua trajetória para produzir
uma geratriz mais complexa e um perfil usinado curvilíneo.
Exercício 2.10
⟶
2.2.5 Fresamento
O processo de fresamento (milling, em inglês) utiliza ferramenta rotativa e
multicortante, cujas arestas de corte principais estão distribuídas na superfície
cilíndrica do eixo de rotação da ferramenta. A componente da velocidade de avanço
na direção axial é nula ou muito menor que as outras componentes.
A fresa gera duas superfícies usinadas: a superfície perpendicular ao eixo
de rotação da ferramenta e a(s) superfície(s) lateral(is), paralelas ao eixo. Assim,
dependendo da posição da fixação da peça em relação à ferramenta, há duas
classificações principais para o processo de fresamento, apresentadas na Figura
2.8:
34
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
Vf
D Vf D
Superfície transitória
f
(a) Faceamento
D
Vf
(b) Sangramento
35
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Superfície usinada
Fresa perpendicular ao eixo
Superfície usinada
lateral
ap
ae
direção de avanço N
ap
ae
Peça
36
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
Eixo de
DPi
apmax
revolução
2
Pi
Superfície envelope
Aresta
de corte
geratriz
(a) Envelope de uma fresa tangencial com perfil semi-esfera (b) Envelope de uma fresa
esférica ballnose
A Figura 2.9 mostra dois exemplos: uma superfície envelope gerada por um
conjunto de pontos de uma semi-circunferência em uma fresa tangencial (Figura
2.9(a)) e outra gerada pela aresta de corte formada por um quarto de círculo e
um segmento de reta de uma fresa frontal (Figura 2.9(b)). Em ambas pode-se
identificar a profundidade de corte máxima 𝑎𝑝𝑚𝑎𝑥 .
Há então uma grande diversidade de geometrias de fresas com nomenclatura
específica, diferentes relações entre comprimento e diâmetro e formas geométricas
diferentes dos perfis: fresas cilíndricas, cônicas, esféricas, fresas de disco, cada
uma com um envelope diferente.
Na fresa cilíndrica, o envelope gerado pela rotação das arestas de corte é um
cilindro com diâmetro D. As fresas cilíndricas mais comuns são: a fresa de facear
(Figura 2.10(a)), cujo diâmetro tem dimensão próxima à máxima profundidade de
corte (D ≈ 𝑎𝑝𝑚𝑎𝑥 ), a fresa de topo, com diâmetro bem menor que a máxima pro-
fundidade de corte: D << 𝑎𝑝𝑚𝑎𝑥 (Figura 2.10(b)) e a fresa de disco com diâmetro
bem maior que a profundidade de corte máxima D >> 𝑎𝑝𝑚𝑎𝑥 . No caso da fresa de
disco, apresentada na Figura 2.10(c), é também chamada de três cortes porque há
duas geometrias diferentes de aresta de corte que se alternam para usinar as três
superfícies: as duas perpendiculares ao eixo e a superfície cilíndrica.
Quando o envelope é um tronco de cone, é chamada de fresa cônica (Figura
2.10(d)). As fresas com perfis específicos de envelope são chamadas de fresas
de perfil (Figura 2.10(e)). A fresa esférica é aquela que a extremidade do seu
envelope tem a forma de uma semi-esfera, como foi apresentado na Figura 2.9b.
37
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
(a) Fresas cilíndricas de facear (b) Fresas de topo (c) Fresa de disco (com 3 cortes)
Figura 2.10: Diferentes geometrias de fresas - Imagens (a), (b) e (d) gentilmente cedidas
pelo Grupo Sandvik
38
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
Figura 2.11: Aresta de corte de uma fresa esférica com ângulo de hélice λ (em tracejado o
perfil quando λ = 0)
do envelope. No caso das fresas cujo envelope é formado por uma superfície não-
cilíndrica, uma vez definida a velocidade de rotação N, a velocidade de corte de
cada ponto da aresta de corte terá módulo diferente, dependendo da distância ao
centro de rotação.
D/2
N
N
Vf
Vf
ae
fz
ae
fz
Lu
Figura 2.12: Direção de avanço no fresamento tangencial (exemplo de fresa com 6 dentes)
V𝑢 = 𝑎𝑝 𝑎𝑒 L𝑝 (2.7)
39
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
FD[Hz] = FR 𝑧 (2.11)
L𝑢 L𝑢 L𝑝 + D/2
𝑡𝑐 (𝑚𝑖𝑛) = = = (2.13)
V𝑓 𝑓𝑧 𝑧 N 𝑓𝑧 𝑧 N
40
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
Exercício 2.11
⟶
Exercício 2.12
⟶
Exercício 2.13
⟶
2.2.6 Furação
O processo de furação (drilling, em inglês) utiliza uma ferramenta multicortante
chamada broca (Figura 2.13(a)) que, assim como no processo de fresamento, é
uma ferramenta rotativa. A direção de avanço na furação é colinear ao eixo de
rotação, como apresenta a Figura 2.13(b). Por este motivo, as arestas de corte
principais se localizam na base cônica do envelope da ferramenta. Usualmente são
duas arestas de corte principais 𝑧 = 2 igualmente espaçadas (ξ = 180𝑜 ). A Figura
2.13(c) mostra o detalhe de uma aresta de corte principal. A posição inclinada da
aresta de corte gera um envelope cônico. A altura do envelope é a altura da ponta
da broca L𝑏 .
A velocidade de rotação N é calculada utilizando a Equação 2.1 considerando
o diâmetro externo da broca, o diâmetro nominal D. Desta forma, a velocidade de
corte cada ponto P da aresta de V𝑐 (P) terá um valor diferente, uma vez que DP
varia linearmente, como pode ser observado na Figura 2.13(c).
A menor velocidade de corte ocorre no diâmetro interno da aresta de corte
D𝑖 . A aresta transversal é a aresta localizada entre este ponto interno de menor
velocidade de corte e o centro de rotação da broca. Como a velocidade tangencial é
muito baixa nesta região, ao invés de cortar, ela promove uma deformação plástica
na região e, por isso, tem geometria diferenciada da aresta de corte.
Exercício 2.14
⟶
V𝑓 (mm/min) = 𝑓 N = 𝑧 𝑓𝑧 N = 2 𝑓𝑧 N (2.14)
41
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
D
N
Broca
Vf
Aresta
de corte
principal
Lu
Peça
D/2
DP/2
Lb P Aresta de corte
principal
Aresta Dt/2
transversal
Figura 2.13: Processo de furação (*Imagem gentilmente cedida pelo Grupo Sandvik)
Exercício 2.15
⟶
Quando a região do furo não foi usinada anteriormente por uma broca de
menor diâmetro, diz-se que é realizada uma furação em cheio. É chamado de
furo passante quando a broca usina a espessura da peça, atravessando à outra
superfície, caso contrário, é chamado de furo cego. No furo passante, o compri-
mento usinado é a espessura da peça mais a altura da ponta da broca: L𝑢 = 𝑒 + L𝑏 .
No furo cego, o comprimento usinado é calculado a partir do comprimento do furo
L𝑓 : L𝑢 = L𝑓 + L𝑏 .
O tempo de corte 𝑡𝑐 para um broca com 2 arestas de corte principais é calculado
por:
L L𝑢
𝑡𝑐 = 𝑢 = (2.15)
V𝑓 2 𝑓𝑧 N
42
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
L𝑢 πD2
V𝑢 ≈ (2.17)
4
A profundidade de corte 𝑎𝑝 no processo de furação é medida na direção radial.
Na furação em cheio, 𝑎𝑝 = D
2.
Exercício 2.16
⟶
43
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
de parafusos com cabeça chata ou oval. Os machos (Figura 2.14(b)) são as ferra-
mentas utilizadas para usinar filetes de rosca internos a um furo. O envelope da
ferramenta produz uma geometria mais estreita na base e mais próxima à geome-
tria do filete no topo, se aproximando progressivamente do perfil da rosca desejada.
Usualmente, os fabricantes de ferramentas produzem um jogo de machos, ou
seja, um conjunto de ferramentas com ajustagem diferente para produzir a mesma
geometria de rosca: de uma dimensão mais justa a uma mais folgada. Esta ferra-
menta pode ter a geometria apropriada para realizar o processo manualmente por
um operador, ou pela máquina-ferramenta, que deverá ter o avanço por rotação
igual ao passo da rosca.
Uma opção para fabricar roscas internas ou externas com ferramenta rotativa
é o fresamento de roscas que utiliza uma ferramenta com o perfil rosqueado
e utiliza uma trajetória helicoidal para produzir a superfície ao redor do eixo de
translação (ARAUJO, 2004).
44
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
A usinagem por abrasão consiste na remoção de material pela ação dos diversos
grãos abrasivos que são deslocados com pressão e velocidade sobre a peça a ser
usinada.
Aglomerante
Grãos abrasivos
Cavaco
Rebolo
45
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
46
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
V𝑢
Q𝑟𝑚 (𝑚𝑚3 /min) = = V 𝑓 L𝑢 (2.18)
𝑡𝑐
πD𝑎𝑝 L𝑢
Q𝑟𝑚 = ou Q𝑟𝑚 = 1000V𝑐 𝑓𝑎𝑝 (2.20)
𝑡𝑐
Exercício 2.17
⟶
πD2
Q𝑟𝑚 = V𝑓 (2.22)
4
47
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Exercício 2.18
⟶
10 AlCuMgPb
Torneamento
8
Fresamento
Área do Cavaco (ap . fz) [mm²]
6 50CrV4V
4
Qrm = 15000 cm³/min
TiAl6V4
2 Qrm = 1500 cm³/min
Inconel
1 Ck45N
0.8
0.6 Q = 150 cm³/min GG30
rm
0.4
2.5 Exercícios
2.1 Sendo a velocidade de corte de módulo V𝑐 = 100𝑚/𝑚𝑖𝑛 na direção de corte
< 1, 0, 0 > e a velocidade de avanço de módulo V𝑓 = 400𝑚𝑚/𝑚𝑖𝑛 na direção
de avanço < 0, 1, 0 >, qual o vetor velocidade efetiva de corte? Quais os
ângulos η𝑒 e φ? Represente ambos no plano de trabalho efetivo. Qual o vetor
normal ao plano 𝑛̂ 𝑓𝑒 ?
2.2 Sendo a velocidade de corte de módulo igual a V𝑐 = 150𝑚/𝑚𝑖𝑛 na direção
de corte < 1, 0, 0 > e a velocidade de avanço de módulo V𝑓 = 200𝑚𝑚/𝑚𝑖𝑛
√
na direção de avanço < 12 , 23 , 0 >, qual o vetor velocidade efetiva de corte?
Quais os ângulos η𝑒 e φ? Represente ambos no plano de trabalho efetivo.
2.3 Um bloco de alumínio de 100 x 30 x 40 mm deve ser usinado para reduzir a
dimensão de 30 para 28 mm. Foi utilizada uma plaina limadora com profundi-
dade de corte de 0,5 mm e avanço de aproximadamente 0,2 mm. A direção
de corte está alinhada com a maior dimensão da peça, e o percurso de corte
e retorno foi ajustado como 130 mm.
48
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
2.7 Para fabricar uma rosca M12 em uma superfície interna no torno realizou
apenas um passe de rosqueamento. A velocidade de corte utilizada foi de
120 m/min. Qual a velocidade de avanço deve ser utilizada?
2.8 Indique qual a variação da velocidade de rotação para facear uma barra
de 3 polegadas de diâmetro mantendo a velocidade de corte de 100 m/min.
Considerando um avanço de 0,1 mm/rot, qual a variação da velocidade de
avanço e qual tempo de corte do faceamento?
49
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
2.9 Qual o avanço deve ser utilizado para sangrar uma barra de 100 mm de diâme-
tro produzindo um canal com 80 mm de diâmetro com velocidade de rotação
constante de 1200 rpm em 20 s? Qual deveria ser a variação da velocidade
de rotação se a velocidade de corte inicial fosse mantida constante?
2.11 Uma fresa cilíndrica com 6 dentes e diâmetro de 12 mm deve usinar com V𝑐
de 200 m/min. Qual é a velocidade de avanço se o avanço por dente for 0,2
mm/dente? Qual o tempo de corte para usinar uma superfície de 50 x 50
mm? Qual trajetória você escolheu? Considere a entrada da ferramenta.
2.12 Uma das arestas de uma fresa cônica é descrita pelas coordenadas (0, 𝑟𝑖 +0, 1𝑧,
𝑧) com raio inicial 𝑟𝑖 = 5 mm. A profundidade de corte máxima é 10 mm. Re-
presente a aresta de corte e o envelope da ferramenta. Quando a velocidade
de rotação é de 600 rpm, qual a variação da velocidade de corte ao longo da
aresta de corte?
2.13 Qual a frequência de entrada de dentes de uma fresa cilíndrica com 4 dentes,
diâmetro nominal de 20 mm e velocidade de corte de 320 m/min? Se a largura
de corte for igual à 3/4 do raio, qual a frequência de saída de dentes? Quando
uma aresta entra na peça, no mesmo instante um dente sai? Se a ferramenta
apresentar um ângulo de hélice, a saída é instantânea ou suave?
2.15 Faça uma Figura representando o envelope de uma aresta de corte de uma
broca identificando as velocidades de corte e de avanço, a velocidade de
corte efetiva e o plano de trabalho em um ponto de referência P. A direção da
velocidade de corte efetiva muda com a posição do ponto de referência?
2.16 Qual o volume de cavaco removido durante a uma furação de uma chapa de
10 mm com uma broca de 6 mm?
Se for realizada uma nova furação neste mesmo local, agora com uma broca
de 10 mm, qual o volume removido pela segunda furação?
2.17 Qual o aumento da taxa de remoção de material quando troca-se uma fresa de
5 dentes para uma fresa de 2 dentes com as mesmas dimensões e parâmetros
de corte? O que acontece com a frequência de entrada de dentes?
50
CAPÍTULO 2. USINAGEM CONVENCIONAL
51
Capítulo 3
Geometria do cavaco
r t
Parâmetros e referencial
segundo o envelope an
ag
z Velocidade de corte P
Vc
ac
y x Avanço por aresta fz
Parâmetros e referencial no ponto
Profundidade de corte p a P da aresta de corte orientado
Parâmetros e referencial (e largura de corte) ae segundo a superfície de saída
segundo a máquina
ferramenta Velocidade de corte em P Vc(P)
54
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
Ve
Vc
P
h Envelope
da broca Pt Pr
Vf Vc(P)
Pt
Pp
h
Pp P
Vf Ve
Pr
(a) Torneamento (b) Furação
qP
D
Envelope
da Pp Pr qP Vf
fresa P D
h P
Pt
Vc Vf Vc Ve
Ve Pt
(c) Fresamento (d) Configuração do plano de
trabalho no fresamento de topo
55
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Exercício 3.1
⟶
Exercício 3.2
⟶
56
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
^n
a
Sn
^a
g Ag
^c
P
a
Cunha
Aa de
corte
Ag
g
Cunha
^
a de corte
g
Aa
β
^n
a
a
Vc(P) P
(c) Ângulos de saída e de folga
57
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
γ + α + β = 90𝑜 (3.1)
A𝑐 = ∫ ℎ(P)𝑑𝑏 ≈ ℎ𝑏 (3.2)
S𝑛
Uma observação importante é que a aresta de corte pode ser divida em aresta
de corte principal e aresta de corte secundária ou lateral. As duas arestas
compõem uma curva contínua, mas há uma mudança brusca na direção da aresta,
de tal forma que a aresta principal ficará voltada para a direção de avanço e a
secundária fica voltada para a direção contrária. O ponto de interseção entre a
aresta principal e a aresta secundária é chamado de ponta de corte da ferramenta.
O ângulo de ponta da aresta de corte é medido entre a aresta principal e a
aresta secundária (ϵ), medido no plano de referência da ferramenta P𝑟 . O ângulo
de posição κ𝑟 da aresta de corte principal está localizado entre a direção de avanço
e a aresta de corte principal e o ângulo de posição da aresta lateral é κ𝑟′ .
O ângulo de ponta da aresta ϵ e os ângulos de posição são suplementares, ou
seja:
κ𝑟 + κ𝑟′ + ϵ = 180𝑜 (3.3)
A ponta da ferramenta pode ter um chanfro ou ser formada por uma seção
de círculo com raio de ponta igual a 𝑟ϵ , como mostra a Figura 3.5 para o caso do
torneamento cilíndrico externo.
58
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
^ ^
vc=nc ^
^c
a nh
l n^b
Pr Sn
Figura 3.4: Ângulo de inclinação da aresta de corte
59
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
x x
ag
y y z
z ac
kr
Peça Ferramenta
b
ap
f
kr
Ferramenta
Pr rε
Are
rte sta
Plano de referência late kr '
co l Ponta ral
e
d ip a
t a nc
es ri
Ar p
Ferramenta
(a) 𝑎𝑝 > 𝑟ϵ
Peça
Detalhe
Ac ɸε
h(
P) rε
ap
60
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
Exercício 3.3
⟶
Exercício 3.4
⟶
A𝑐 ≈ 𝑓 𝑎 𝑝 = 𝑏 ℎ (3.7)
𝑎𝑝 − 𝑟ϵ (1 − 𝑐𝑜𝑠(ϕϵ ))
𝑏 = 𝑟ϵ ϕϵ + (3.9)
sen(κ𝑟 )
Exercício 3.5
⟶
61
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Exercício 3.6
⟶
Vf Vf
Broca
Broca
Pr
RP
ap h
kr ap Pr
Lf
P
fz
Lb
lf (t)
b
Vf
b
fz
Peça Di Peça
Vf
Vf
Broca
Broca
Pr
ap Pr
fz
b
Lf
lf (t)
Peça Peça
lf (t)
Lf
ap
b
(c) Furo passante: 𝑙𝑓 (𝑡) < L𝑓 (d) Furo passante: 𝑙𝑓 (𝑡) > L𝑓
62
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
de corte é: 𝑎𝑝 = D−D
2 , quando as arestas de corte principais e a aresta transversal
𝑖
D − D𝑖 D
L𝑏 = ≈ (3.11)
2 𝑡𝑔(κ𝑟 ) 2 𝑡𝑔(κ𝑟 )
ℎ = 𝑓𝑧 sen(κ𝑟 ) (3.13)
D − D𝑖
A𝑐 = 𝑎 𝑝 𝑓 𝑧 = 𝑓𝑧 = 𝑏 ℎ (3.14)
2
Durante a entrada da broca na peça, a profundidade de corte aumenta até
que toda a aresta de corte esteja em contato com a peça (Figura 3.6(b)). Quando
a broca está entrando na peça, a distância percorrida pela broca no instante t é
menor que a altura da ponta da broca: 𝑙𝑓 (𝑡) < L𝑏 .
D−D𝑖 D−D𝑖
Neste caso, 0 < 𝑏(𝑡) < 2𝑠𝑒𝑛(κ ) e 0 < 𝑎𝑝 (𝑡) < 2 :
𝑟
𝑎𝑝 (𝑡) 𝑙𝑓 (𝑡)
𝑏(𝑡) = = (3.15)
𝑠𝑒𝑛(κ𝑟 ) 𝑐𝑜𝑠(κ𝑟 )
Exercício 3.7
⟶
63
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Exercício 3.8
⟶
𝑎𝑝 (𝑡)
𝑏(𝑡) = = (L𝑏 − 𝑙𝑓 (𝑡) + L𝑓 )𝑐𝑜𝑠(κ𝑟 ) (3.17)
𝑠𝑒𝑛(κ𝑟 )
Exercício 3.9
⟶
64
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
Vf Vf
fz fz
o
qP=90
qP≠90o
Figura 3.7: Espessura do cavaco ℎ(P) em função da posição angular do ponto de referência
θP
65
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
(a) Quando a largura de corte for menor que o raio externo da ferramenta e o
corte for discordante: θ𝑒 = 0 e θ𝑠 = arccos ( R−𝑎
R ). A espessura do cavaco
𝑒
(b) Quando a largura de corte for menor que o raio externo da ferramenta e o
corte for concordante: θ𝑒 = 180𝑜 − arccos ( R−𝑎 𝑜
R ) e θ𝑓 = 180 . A espessura
𝑒
66
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
qe=0 N
N qe
qs
ae
ae
qs=0
(a) Fresamento discordante, 𝑎𝑒 < R (b) Fresamento concordante, 𝑎𝑒 < R
qe=0
N N
qs qe qs
ae
ae
(c) Fresamento frontal 𝑎𝑒 > R (d) Fresamento frontal com fresa cen-
trada na peça e 𝑎𝑒 < D
Exercício 3.10
⟶
67
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Pr
Vf Pt
Fresa θP=90o
ap
Vf
ae=D
P
fz h=fz
(a) Plano de referência quando θP = (b) Plano de trabalho quando θP = 90𝑜
90𝑜
fz
Pt qP h<
P Vf
180o<qP<360o
h=0
Exercício 3.11
⟶
68
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
Pr
Vf
Vf
fz Fresa l
Fresa
kr
ap
kr
b Di
h De
(a) Aresta de corte inclinada no plano (b) Aresta de corte inclinada (λ ≠ 0
de referência (λ = 0 e κ𝑟 ≠ 0) e κ𝑟 ≠ 0)
69
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
ap=b
P
E1 E3
E2
λ=0
(a) Arestas de corte paralelas ao eixo
D
D/2.π
l
b
l
ap
P
ap
E1 E3 E1 E2 E3 E4 E1
E2
λ≠0 Superfície cilíndrica
desenrolada
(b) Arestas na direção do ângulo de hélice λ
A análise da área do cavaco neste caso é mais complexa pois cada ponto P
estará em uma posição angular e portanto terá uma espessura de cavaco diferente.
Sem realizar uma análise minuciosa dos pontos em contato com a peça, a área de
contato do cavaco em uma única aresta, por exemplo a aresta E2 da Figura 3.11(b),
pode ser escrita por:
𝑏 𝑏
(E2 )
A𝑐 = ∫ ℎ(P)𝑑𝑏 = ∫ 𝑓𝑧 𝑠𝑒𝑛(θP )𝑑𝑏. (3.26)
0 0
70
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
Exercício 3.12
⟶
3.5 Exercícios
3.1 Considerando o processo de fresamento tangencial ilustrado a seguir, identi-
fique: o plano de trabalho, o plano de referência, os vetores velocidade de
corte, velocidade de avanço e a velocidade efetiva de corte a partir de um
ponto de referência P da aresta de corte.
Rotação
da fresa
Mov.
Avanço
Peça
71
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
3.6 No processo de furação utilizando uma broca com ângulo da ponta da ferra-
menta (2κ𝑟 ) igual a 120𝑜 e com ângulo de saída igual a 30𝑜 , quais matrizes
colunas representam os vetores 𝑎𝑐 , 𝑎γ e 𝑎𝑛 ?
3.7 No processo de furação é utilizada uma broca helicoidal com 2 dentes, cujo
diâmetro é de 8 mm e ângulo da ponta da ferramenta (2κ𝑟 ) é de 120𝑜 . A
velocidade de rotação utilizada é de 1000 rpm e com velocidade de avanço
de 120 mm/min.
72
CAPÍTULO 3. GEOMETRIA DO CAVACO
3.8 Em uma operação de furação, utiliza-se uma broca helicoidal com 2 gumes
(dentes) com 6 mm de diâmetro e ângulo da ponta da broca (2κ𝑟 ) igual a 120𝑜 .
Os parâmetros de corte são: velocidade de rotação de 600 rpm e avanço de
0,15 mm/rot.
3.9 Considerando um furo cego onde L𝑓 > L𝑏 , calcule a altura da ponta da broca,
o comprimento da aresta principal em contato com a peça e a espessura
do cavaco para o processo com uma broca de 3 dentes e ângulo da ponta
da broca igual a 90𝑜 . Neste processo as condições de corte são :velocidade
de rotação de 1350 rpm, velocidade de corte de 80 m/min e velocidade de
avanço 130 mm/min. O comprimento usinado foi de 4 mm
3.10 Um processo de fresamento é realizado na superfície superior topo de uma
peça retangular de aço carbono com 200 mm de comprimento por 50 mm de
largura. A fresa de facear (com 3 dentes e 30 mm de diâmetro) realiza uma
trajetória centrada em relação à peça . A velocidade de corte utilizada foi de
80 m/min, a velocidade de avanço 230 mm/min e a profundidade de corte
3,8 mm. Calcule a área de contato aparente do cavaco com a superfície da
ferramenta considerando a posição angular da aresta de corte igual a 45𝑜 .
3.11 Uma fresa de faceamento é formada por um suporte que fixa 6 insertos de
metal duro com passo regular (ângulo entre as arestas tem o mesmo valor).
A velocidade de avanço utilizada é 200 mm/min e com rotação de 800 rpm.
O diâmetro da fresa é 20 mm e ela usina um rebaixo com largura de corte de
10 mm e profundidade de corte de 2 mm.
(a) Sabendo que cada aresta inicia o corte com movimento discordante
(h = 0), qual a variação da espessura do cavaco em uma rotação da
ferramenta para uma aresta de corte (κ𝑟 = 90𝑜 )?
(b) Quando uma aresta de corte cortar a espessura do cavaco igual ao
avanço por aresta (θP = 90𝑜 ), qual a área de contato, considerando
κ𝑟 = 90𝑜 ?
(c) Se κ𝑟 = 30𝑜 ? Como representar a área no plano de referência?
(d) Qual o valor da espessura do cavaco e da aresta ativa nesta configura-
ção?
73
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
3.12 Um engenheiro está responsável por indicar a compra de uma fresa de topo
com diâmetro de 10 mm e 4 dentes. Ele compara uma fresa com λ = 15𝑜 com
uma segunda com λ = 30𝑜 . Sabendo que ele usará as mesmas velocidades
de corte e avanço com uma profundidade de corte de 15 mm :
(a) Qual o comprimento da aresta de corte ativa em cada caso?
(b) Haveria diferença entre a taxa de remoção de cavaco da fresa A e a fresa
B?
(c) A distribuição no tempo do volume de cavaco removido por cada aresta
das duas fresas é diferente? Por quê?
74
Capítulo 4
Máquinas operatrizes e
ferramentas
Máquina-Ferramenta
Elementos de fixação
Sensores
Atuadores
Acessórios de Acessórios
Fixação de fixação e
Gabaritos Elementos
Suporte da funcionais da
Ferramenta máquina
Ferramenta Peça
(aresta de corte) Fluido de
corte
4.1 Máquinas-ferramentas
As máquinas-ferramentas, ou máquinas operatrizes, têm grande importância
na engenharia porque estão envolvidas na fabricação de praticamente todos os
componentes de todas as máquinas e equipamentos mecânicos.
Pode-se definir a máquina-ferramenta (machine-tool, em inglês) como o equi-
pamento industrial que realiza as operações de usinagem e executa os movimen-
tos relativos entre peça e ferramenta de forma controlada e com repetibilidade
para garantir a qualidade das peças produzidas. Os elementos que compõem a
máquina-ferramenta apresentam subsistemas de funcionamento e acessórios e
componentes para garantir que a operação de usinagem seja realizada da melhor
forma possível.
As máquinas convencionais são as máquinas operatrizes nas quais as velo-
cidades de rotação e avanço são ajustadas por um operador, que também deve
acionar o início do avanço e interromper o movimento quando o comprimento usi-
nado for alcançado. A qualidade das peças produzidas depende da precisão da
máquina e da experiência do operador.
A máquina-ferramenta automática realiza operações sequenciais de usina-
gem a partir do acionamento de mecanismos (cames ou cilindros pneumáticos)
projetados para reduzir o tempo de produção de um determinado tipo de peça.
Um exemplo comum é o torno automático, utilizado principalmente para usinar
matéria-prima em barras, com carga e descarga automática das peças. Este tipo
de equipamento com acionamento mecânico é cada vez mais raro com a presença
das máquinas com programação CNC, mas ainda é utilizado para grandes lotes de
um único tipo de peça com geometria simples e de baixo custo.
As máquinas de comando numérico computadorizado, ou simplesmente
CNC, ajustam a velocidade de rotação da peça (ou da ferramenta) e a velocidade
de avanço através de uma unidade de controle, cujos valores são inseridos dire-
tamente no painel de controle pelo operador ou indicados por uma programação
computacional. A trajetória da ferramenta é produzida através de uma sequência
de acionamentos realizada pelos motores a partir das linhas de programação da
peça.
76
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
77
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Exercício 4.1
⟶
78
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
79
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
(a) Convencional
80
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
Figura 4.3: Fresadoras convencionais com usinagem realizada por operador - Imagens de
nullplus e deprimagefactory/Depositphotos.com
81
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
furo e usualmente tem a potência de corte limitada pelo peso do motor elétrico
para o manuseio do operador. A furadeira de bancada (Figura 4.4(a)) tem uma
estrutura maior que a manual e é projetada para ser suficientemente leve para
ser posicionada sobre uma mesa de trabalho mas com capacidade de garantir
melhor posicionamento vertical da broca em relação à mesa, o que não ocorre na
furadeira manual. A precisão do posicionamento do furo depende do dispositivo de
movimentação da peça que é desacoplado do movimento vertical. É projetada para
usinar pequenos furos, de até aproximadamente 20 mm, e consequentemente, com
força e torque que não comprometam a movimentação e resistência da estrutura
apoiada sobre uma mesa industrial. Para realizar a furação com maior potência,
com furos maiores, e precisão a furadeira de coluna e a fresadora universal
(como mostra a Figura 4.4(b)) são mais utilizadas pois a estrutura é maior, com o
motor elétrico e a fixação da ferramenta acoplados de forma robusta. A furadeira
de coordenadas possui um mecanismo de posicionamento mais preciso para a
localização dos furos.
Há diversas outras máquinas-ferramentas (brochadeiras, retificadoras, serras
etc.) não apresentadas neste texto e que podem ser encontradas facilmente pelo
leitor em uma busca digital. Recomenda-se que o leitor consulte através do nome
das operações de usinagem e há excelentes vídeos exemplificando o funcionamento
destas máquinas.
82
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
Um fluido de corte é qualquer líquido ou gás (ou a mistura entre eles) que é aplicado
diretamente à operação de usinagem para melhorar o desempenho de corte.
Pode-se também realizar a usinagem a seco, sem fluido de corte, o que pode
comprometer a vida da ferramenta, assunto que será abordado ao longo do livro,
especialmente nos capítulos 9 e 10. A usinagem a seco evita os problemas de
contaminação do fluido de corte, de descarte e filtragem, mas pode levar ao su-
peraquecimento da ferramenta e acúmulo de cavacos na superfície usinada. Os
fabricantes de ferramentas têm desenvolvido materiais específicos para utilização
em usinagem a seco.
83
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Figura 4.5: Exemplos de aplicação de fluido de corte (Imagens gentilmente cedidas por
Blaser Swisslube do Brasil Ltda)
Os fluidos de corte líquidos mais comuns podem ser divididos nas seguintes
categorias, de acordo com sua composição química: os óleos de corte, óleos
emulsionáveis, os fluídos de corte semissintéticos e os fluídos sintéticos.
Os óleos de corte são usados principalmente para lubrificar, com pouco poder
de refrigeração. São utilizados para usinagem com baixa velocidade de corte, como
por exemplo a usinagem de roscas com macho manual, e podem ser usadas em
máquinas-ferramentas.
A emulsão é uma mistura do óleo emulsionável com água, com proporção
indicada pelo fabricante, e é utilizada para promover principalmente a refrigeração,
com leve lubrificação garantida pelo óleo colocado na mistura. A mistura é realizada
pelo operador para ser inserida na máquina ou por um sistema integrado para
84
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
Figura 4.6: Usinagem de pás de turbina a gás usinada utilizando controle da inclinação da
ferramenta em A e B (Imagem de cookelma/Depositphotos.com)
85
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
medidos através das três coordenadas cartesianas (X, Y, Z) e mais três possíveis
inclinações da posição do eixo de rotação do movimento de corte em torno de cada
um dos eixos: A, em torno do eixo X, B do Y e C do Z.
Uma máquina de comando numérico é caracterizada pelo número de eixos
(posições lineares ou angulares) que ela controla. Por exemplo, a máquina é dita
de 2 eixos se tem capacidade de posicionamento em duas posições ou 5 eixos se
pode controlar todas as posições relativas (FITZPATRICK, 2013).
Em operações de torneamento a comando numérico são usados o torno CNC
e o centro de torneamento CNC, ambos com dois eixos de controle linear, ou seja,
dois acionamentos de motores para compor a direção de avanço da ferramenta:
na direção radial (X) e na direção longitudinal (Z).
O centro de usinagem CNC é utilizado para as operações com ferramenta
rotativa (como o fresamento e a furação) usualmente com três eixos (lineares: X, Y
e Z), com quatro eixos (adicionando o controle da rotação de um eixo: A, B ou C)
ou com cinco eixos (adicionando um segundo controle de rotação articulado, como
mostra a Figura 4.6).
As torno-fresadoras são máquinas-ferramentas CNC que são capazes de
realizar operações de torneamento ao girar a peça e de fresamento e furação
quando fixa o movimento de rotação da peça e controla a trajetória da ferramenta
rotativa.
86
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
87
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Z1
C
Y - Zero Peça
RM B
Y1
X - Zero
Peça Z A
X1
Exemplo 4.2. Utilizando como referência a Figura 4.7 onde a origem do PZP
foi colocada na superfície superior da peça, para que uma fresa de 6 mm
realize a usinagem de um canal com profundidade de 4 mm no centro da
peça de 20 mm de largura e 40 mm de comprimento, basta indicar a posição
inicial da fresa antes de usinar o canal sendo sendo C𝑖 = (−5, 10, −10) e
a final C𝑓 = (45, 10, −10). Se fosse utilizada a origem RM, ter-se-ia que
conhecer a posição da peça na mesa para programar.
88
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
89
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Exercício 4.2
⟶
90
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
91
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
92
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
93
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
para garantir que não haja deslocamento adicional mesmo com a ação das forças
durante a usinagem.
94
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
(c) Insertos com fixação por parafusos no (d) Insertos fixados com parafuso ao su-
suporte de ferramenta para torneamento porte de ferramenta para fresamento
Figura 4.10: Ferramentas com diferentes formas de fixação - Imagens (b), (c) e (d)
gentilmente cedidas pelo Grupo Sandvik
De acordo com sua forma de fixação, as ferramentas podem ser então classifi-
cadas da seguinte forma:
• Ferramenta monobloco: é montada diretamente à máquina-ferramenta
(Figura 4.10(a));
• Ferramenta inteiriça: é fixada diretamente aos sistemas de fixação padro-
nizados da máquina-ferramenta (Figura 4.10(b)). Normalmente estas ferra-
mentas têm nomes específicos para o processo de usinagem a que foram
95
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
96
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
l
Suporte
kr
Ferramenta
Figura 4.11: Ângulo de posição e de inclinação (hélice) definidos pelo suporte da ferramenta
em uma fresa de faceamento com 4 insertos
(a) Caixa com pinças para fixação de ferramentas (b) Diferentes cones porta-pinça
Figura 4.12: Tipos de fixação para ferramentas rotativas - Imagens (b) e (c) gentilmente
cedidas pelo Grupo Sandvik
97
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
4.7 Exercícios
4.1 Explique como funcionam os diferentes tipos de acionamento das máquinas-
ferramentas para realizar os movimentos relativos entre peça e ferramenta.
Qual a relação do tipo de acionamento com a classificação entre cortes
contínuo e intermitente?
4.5 Quais são os principais elementos de uma máquina operatriz e quais deles
são específicos de máquinas CNC?
4.12 Qual a diferença entre a aplicação de fluido de corte por MQL e a aplicação
por jorro?
98
CAPÍTULO 4. MÁQUINAS OPERATRIZES E FERRAMENTAS
4.17 Explique por que não é correto chamar de ”ferramenta” ao conjunto montado
que inclui os insertos intercambiáveis.
4.20 Qual a diferença entre a fixação de brocas por cone porta-pinça e a por cone
térmico?
99
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
100
Capítulo 5
Contudo, nenhum material tem todas estas características! Cada um dos mate-
riais usados para fabricar as ferramentas de corte tem uma característica mais
presente, pois ao alcançar uma destas propriedades listadas, naturalmente outras
são perdidas, ou seja, é uma questão de escolha e adequação do processo e do
material.
102
CAPÍTULO 5. MATERIAIS PARA FERRAMENTAS
Material ideal
Diamante, PCD
Resistência ao desgaste
Sf=600 MPa
Sf=800 MPa
MD + revestim.
Cerâmicas
12-21HV Metal Duro
Sf=750 MPa
12-18 HV HSS + revestim.
Sf=1500 MPa
Aço Rápido
Valores médios para referência 7-10 HV
Sf=2000 MPa
Tenacidade
Resistência a flexão (Sf)
Deformações plásticas
Figura 5.1: Relação entre tenacidade (MPa) e dureza (HV) dos materiais de ferramentas de
corte
103
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
(a) Ferramentas inteiriças de aço rápido (b) Ferramentas de metal duro com recobri-
mento
Figura 5.2: Exemplos de tipos de ferramentas e seus materiais - Imagens (a) e (b) de
BiggimoT e bartekchiny/Depositphotos.com; Imagem (c) gentilmente cedida pelo Grupo
Sandvik
104
CAPÍTULO 5. MATERIAIS PARA FERRAMENTAS
105
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Todos os aços rápidos têm quantidade suficiente de carbono para reagir com
os metais refratários e formar carbonetos de alta dureza (chamados carbonetos
primários), o que aumenta a resistência ao desgaste e a dureza à quente. O
tratamento térmico de têmpera e revenido é aplicado para maximizar todos os
mecanismos de aumento de resistência possíveis.
106
CAPÍTULO 5. MATERIAIS PARA FERRAMENTAS
Carbonetos
+
Metal
+
Poros
Figura 5.3: Microestrutura do metal duro (Imagem (a) gentilmente cedida por Matheus
Mendes - CEFET/RJ)
107
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
108
CAPÍTULO 5. MATERIAIS PARA FERRAMENTAS
altas, o que limita a utilização em altas velocidades de corte. O TiC e o TaC apre-
sentam pouca tendência à difusão e são melhores para o comportamento a quente
(MACHADO et al., 2015).
A granulometria (tamanho médio do grão) também influencia nas propriedades
do inserto. Em geral, o tamanho dos pós de carboneto varia entre 1 e 10 μ𝑚. Con-
tudo, tamanhos de grãos menores resultam em poros menores e maior densidade
do material. Afim de aumentar dureza e tenacidade utiliza-se estruturas submícron
e ultra-fine-grained (nanofase) com tamanhos de grãos de 0,5 a 0,8 μ𝑚 e menores
que 0,2 μ𝑚, respectivamente.
Há um grupo específico de metal duro chamado de Cermets que tem base
em TiC, TiN e TiCN, sendo a fase ligante de Ni, Cr e/ou Mo (por praticamente não
conterem W, Ta e Co, preços não sofrem grandes flutuações). Esses materiais
possuem maior resistência ao desgaste abrasivo, alta dureza a quente e melhor
estabilidade química e baixa tendência ao desgaste da oxidação, comparados ao
metal duro. Por outro lado, a tenacidade e a resistência ao choque são menores e,
por esta razão, não são adequados para processos com corte interrompido, como,
por exemplo, o fresamento. São utilizados em operações de acabamento em aços,
usinagem de aços com altas velocidades de corte e pequenas seções de usinagem
(DINIZ et al., 2013).
109
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Nomenclatura: Cerâmicas
Composição Química: Átomos com ligações iônicas ou covalentes
Microestrutura: Cristalina cerâmica
Classificação: Base de óxido de alumínio ou nitreto de silício
Principais propriedades: Altíssima dureza a quente
tendência a propagar trincas
110
CAPÍTULO 5. MATERIAIS PARA FERRAMENTAS
111
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Nomenclatura: PCD
Composição Química: Diamante em matriz de metal duro
Microestrutura: Estrutura cristalina cúbica /
Carbono alotrópico
Classificação: De acordo com tamanho
do grão dos diamantes
Principais propriedades: Maior dureza e capacidade de afiação
112
CAPÍTULO 5. MATERIAIS PARA FERRAMENTAS
113
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
114
CAPÍTULO 5. MATERIAIS PARA FERRAMENTAS
115
Parte II
Mecânica do corte
117
Capítulo 6
Tensões mecânicas no
material usinado
120
CAPÍTULO 6. TENSÕES MECÂNICAS NO MATERIAL USINADO
onde σ𝑚 representa a tensão média, que pode ser descrita em função das tensões
normais σ𝑖𝑖 :
σ𝑥𝑥 + σ𝑦𝑦 + σ𝑧𝑧
σ𝑚 = (6.2)
3
t s =txz
t xy
s2 sm s xx
s3=0 s
syy s1
1 sugere-seque o leitor realize uma revisão de mecânica dos sólidos no caso de dúvida a respeito do
círculo de Mohr apresentado na Figura 6.2.
121
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
1 ∂𝑣𝑖 ∂𝑣𝑗
ϵ𝑖𝑗
̇ = ( + ) (6.6)
2 ∂𝑥𝑗 ∂𝑥𝑖
Exercício 6.1
⟶
122
CAPÍTULO 6. TENSÕES MECÂNICAS NO MATERIAL USINADO
Exercício 6.2
⟶
Exercício 6.3
⟶
123
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Modelo de Oxley
A equação constitutiva utilizada por Oxley (LALWANI et al., 2009) tem o formato
simplificado que inclui o encruamento através do coeficiente 𝑛 de endurecimento
por deformação plástica. A influência da taxa de deformação (viscosidade) e da
temperatura (amolecimento) se dá na variação da tensão σ𝑣+𝑎 .
124
CAPÍTULO 6. TENSÕES MECÂNICAS NO MATERIAL USINADO
Exercício 6.4
⟶
Modelo de Johnson-Cook
O modelo de Johnson-Cook (JOHNSON; COOK, 1985) é o mais citado em
processos de fabricação (GRZESIK, 2016). A equação constitutiva tem a forma
clássica de modelo desacoplado com as três parcelas: encruamento, viscosa e de
amolecimento. É escrita em função da deformação equivalente ϵ𝑒𝑞 , taxa de defor-
mação equivalente ϵ𝑒𝑞 ̇ , a temperatura ambiente de referência T𝑟 e a temperatura
de fusão da liga T𝑓 .
Os parâmetros A, B, C, 𝑛 e 𝑚 são calibrados a partir de ensaios experimentais
𝑜
e ϵ𝑒𝑞
̇ representa a taxa de deformação de referência.
𝑚
𝑛
ϵ𝑒𝑞̇ T − T𝑟
σ𝑒𝑞 = (A + Bϵ𝑒𝑞 ) (1 + C ln 𝑜̇
) (1 + ( ) ) (6.12)
ϵ𝑒𝑞 T𝑓 − T𝑟
125
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Exercício 6.5
⟶
Exercício 6.6
⟶
Modelo de Zerilli-Armstrong
O modelo de Zerilli-Armstrong também une a parcela de viscosidade à parcela
de amolecimento. Ele diferencia as equações para diferentes estruturas cristalinas
dos materiais (GURUSAMY; RAO, 2017).
Para materiais metálicos com estrutura cristalina cúbico de corpo centrado
(CCC), a equação constitutiva é expressa pela Eq. 6.13 e para estrutura de cúbico
de face centrada (CFC), a Eq. 6.14 é utilizada. Os coeficientes C𝑖 (𝑖 = 1, 2, ..., 5) e 𝑛
são obtidos experimentalmente para cada material.
ϵ𝑒𝑞
̇
σ𝑒𝑞 [CCC] = C0 + C1 exp (−C3 T + C4 Tln 𝑜
) + C5 ϵ 𝑛 (6.13)
ϵ𝑒𝑞̇
ϵ𝑒𝑞̇
σ𝑒𝑞 [CFC] = C0 + C2 ϵ 0.5 exp (−C3 T + C4 Tln 𝑜̇
) (6.14)
ϵ𝑒𝑞
Exercício 6.7
⟶
Exercício 6.8
⟶
126
CAPÍTULO 6. TENSÕES MECÂNICAS NO MATERIAL USINADO
A'
P A
A' A
B
Cavaco
Ferramenta
II
B
°
90
I
P A P III
127
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Plano Cavaco
de
cisalhamento
h Cunha
Vc
de corte superfície
usinada
Vc P
b
λ=0
η
Cavaco
Vc Cunha
de corte superfície
usinada
P
Vc
λ
128
CAPÍTULO 6. TENSÕES MECÂNICAS NO MATERIAL USINADO
ℎ = ℎ𝑠 sin ϕ (6.15)
129
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Plano de
hs cisalhamento
b
Ferramenta
ɸ ts
Vc P Superfície usinada
ℎ.𝑏
A𝑠 = (6.16)
sin ϕ
0 σ𝑠𝑛 0 0 τ𝑠 0
σ𝑖𝑗 = ⎡
⎢σ𝑠𝑛 0 0⎤ ⎡
⎥ = ⎢τ𝑠 0 0⎤
⎥ ⟶ σ1 = τ𝑠 , σ2 = 0 𝑒 σ3 = −τ𝑠 (6.17)
⎣ 0 0 0⎦ ⎣ 0 0 0⎦
130
CAPÍTULO 6. TENSÕES MECÂNICAS NO MATERIAL USINADO
Ag
Vg g g
Vs
Aa he
b
h
ɸ
Vc P
hs
f
g -g
Vs
Vg
90
-ɸ
Vc
(c) Diagrama de velocidades
131
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
V⃗ 𝑐 + V⃗ 𝑠 = V⃗ 𝑒 (6.22)
ℎ𝑒 = ℎ𝑠 cos (ϕ − γ) (6.23)
ℎ
𝑟𝑐 = (6.24)
ℎ𝑒
Assim, considerando que ℎ𝑠 é dada pela equação 6.15, a relação entre a razão
de recalque é:
ℎ𝑠 sin (ϕ) sin (ϕ)
𝑟𝑐 = = (6.25)
ℎ𝑠 . cos (ϕ − γ) cos (ϕ − γ)
𝑟𝑐 cos γ
ϕ = arctan ( ) (6.26)
1 − 𝑟𝑐 sin γ
Vγ V𝑐
= (lei dos senos) (6.27)
sin 90 cos(ϕ − γ)
132
CAPÍTULO 6. TENSÕES MECÂNICAS NO MATERIAL USINADO
V𝑐 sin ϕ
Vγ = (6.29)
cos(ϕ − γ)
V𝑐 cos γ
V𝑠 = (6.30)
cos(ϕ − γ)
Exercício 6.9
⟶
Isto significa que, quanto mais distante está o ponto de contato entre o cavaco
e a ferramenta da aresta de corte, menor a tensão normal, até que no ponto de
descolamento do cavaco, eles se separam e a tensão normal é zero. Se 𝑙𝑓 for
conhecido e for medida a força normal entre cavaco e ferramenta, é possível
calcular 𝑛′ .
Em uma região afastada da aresta de corte, a tensão de cisalhamento, provo-
cada pelo atrito entre a ferramenta e o cavaco se aproxima do modelo de Coulomb
das forças de atrito:
133
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
lg Ponto de
Cavaco descolamento
a
lf -l
Contato de
deslizamento
la
P Contato de
agarramento
(a) Comprimento de contato (adesão e deslizamento)
σng
tsg t s
max
Cavaco
P lg
la lf -la Ponto de
descolamento
Contato de Contato de
agarramento deslizamento tsɣ=snɣ=0
134
CAPÍTULO 6. TENSÕES MECÂNICAS NO MATERIAL USINADO
135
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Superfície
livre do cavaco
Aresta * * *
* postiça de corte
*
Tensão
Tensão
Tensão
*
Tensão
* *
Figura 6.8: Relação entre o tipo de cavaco e a tensão alcançada no plano de cisalhamento
136
CAPÍTULO 6. TENSÕES MECÂNICAS NO MATERIAL USINADO
Figura 6.9: Cavacos coletados em um mesmo processo com parâmetros de corte diferentes
6.5 Exercícios
6.1 Por que as relações constitutivas do ensaio de tração não podem ser utilizadas
para explicar o comportamento do material durante o corte no processo de
usinagem?
6.2 Em um ponto crítico de uma peça submetida ao processo de torneamento,
as componentes de tensão encontradas foram σ𝑥𝑥 = 80 MPa, σ𝑦𝑦 = −30 MPa e
τ𝑥𝑦 = 20 MPa. Considerando que este ponto se encontra em estado plano de
tensões, determine se o material falha segundo o critério da máxima tensão
de cisalhamento para os quatro materiais apresentados abaixo.
137
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
6.6 Usando os mesmos dados do exercício 6.5 e com a temperatura inicial da peça
de 50𝑜 C, determine se um material com tensão de cisalhamento 450 MPa irá
falhar pelos critérios de Tresca e Mises considerando a Lei Constitutiva de
Johnson-Cook.
6.7 Calcular σ𝑒𝑞 pelo modelo de Zerilli-Armstrong considerando os aços ferritico e
̇
austenitico com temparatura 256ºC, ε=0,035, ε=13219, ε𝑜̇ =1/s e 𝑛=0,05. Os
valores de C𝑖 são apresentados na tabela abaixo. Quais os novos valores de
σ𝑒𝑞 quando T=500ºC?
6.8 Determinar a temperatura mínima para que um material com estrutura CFC
não ultrapasse o limite de 120 MPa considerando a equação constitutiva de
Zerilli-Armstrong. A deformação do material é 0, 86, a taxa de deformação
é de 3079.2𝑠−1 e a deformação de referência é 1 𝑠−1 . Os coeficientes C𝑖 são
apresentados na tabela da questão anterior.
6.9 Em uma operação de usinagem do aço SAE 1045 a ferramenta de corte tem
ângulo de saída de 8𝑜 , diâmetro de 125 mm e a rotação do eixo principal de
450 rpm. A espessura do cavaco indeformado (ℎ) é de 0,125 mm e a espessura
do cavaco (ℎ𝑒 ) é de 0,258 mm. Calcular o ângulo de cisalhamento primário e
a velocidade de cisalhamento do material para estas condições.
138
Capítulo 7
F𝑖
F⃗ 𝑢 = ⎡ F
⎢ 𝑗 ⎥
⎤ (7.1)
⎣ F𝑘 ⎦𝑖,𝑗,𝑘
140
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
F𝑖
F⃗ 𝑢 (t) = ⎡ F
⎢ 𝑗 ⎥
⎤ ⟶ F𝑢 = √F2𝑖 + F2𝑗 (7.3)
⎣ 0 ⎦𝑖,𝑗
141
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
ângulo de saída
Fng g
Fu ângulo de cunha
Fg
b
f bm
ângulo de
atrito
h Fc a
Fu P Fng
P
Fh Fu
FƔ
f
Fs
Fu P
Fns
(c) F𝑠 e F𝑛𝑠
Fγ
μ= (7.6)
F𝑛γ
Exercício 7.1
⟶
142
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
ℎ
F𝑠 = τ𝑠 .A𝑠 = τ𝑠 .ℎ𝑠 .𝑏 = τ𝑠 . .𝑏 (7.9)
sin(ϕ)
ℎ.𝑏
F𝑠 = τ𝑠 (JC). (7.10)
sin ϕ
Exercício 7.2
⟶
143
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
f + bm - g
Fs
Fc P
Fc P Fh Fu
Fh Fu
bm-g Fg
Fg βµ
Fns
Fs Fng
Fng g
componentes:
F𝑠 = F𝑢 cos (ϕ + βμ − γ) (7.15)
F𝑛𝑠 = F𝑢 sin (ϕ + βμ − γ) (7.16)
Exercício 7.3
⟶
144
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
F𝑐 Fℎ F𝑠
F𝑢 = = = (7.17)
cos (βμ − γ) sin (βμ − γ) cos (ϕ + βμ − γ)
τ𝑠 ℎ.𝑏
F𝑢 = . (7.18)
cos(ϕ + βμ − γ) sin(ϕ)
τ𝑠 ℎ.𝑏
F𝑐 = . .cos (βμ − γ) (7.19)
cos(ϕ + βμ − γ) sin(ϕ)
Exercício 7.4
⟶
Exercício 7.5
⟶
145
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
F𝑐 τ𝑠 cos (βμ − γ)
K𝑐 = = (7.21)
A𝑐 sin ϕ cos (ϕ + βμ − γ)
A força específica Kℎ (MPa) no modelo de Merchant é:
Fℎ τ𝑠 sin (βμ − γ)
Kℎ = = (7.22)
A𝑐 sin ϕ cos (ϕ + βμ − γ)
τ𝑠 cos(βμ − γ)
P𝑐 = F𝑐⃗ .V𝑐⃗ = F𝑐 V𝑐 = K𝑐 A𝑐 V𝑐 = ℎ.𝑏 V𝑐 (7.23)
cos(ϕ + βμ − γ) sin(ϕ)
146
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
π βμ − γ
ϕ= − (7.25)
4 2
Exercício 7.6
⟶
147
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Fu
Fc
kr =0
l=0
Ff
f=h
p
b=a
F⃗ 𝑢 = F⃗ 𝑐 + F⃗ 𝑓 + F⃗ 𝑝 (7.26)
F𝑐 = F𝑡 = K𝑐 A𝑐 = K𝑐 𝑓𝑧 𝑎𝑝 (7.27)
F𝑓 = F𝑟 = K𝑓 A𝑐 = K𝑓 𝑓𝑧 𝑎𝑝 (7.28)
148
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
τ𝑠 cos (βμ − γ)
K𝑐 = (7.29)
sin ϕ cos (ϕ + βμ − γ)
τ𝑠 sin (βμ − γ)
K𝑓 = (7.30)
sin ϕ cos (ϕ + βμ − γ)
Exercício 7.7
⟶
A potência de corte P𝑐 (N.m/min) e a potência de avanço P𝑓 (N.m/min) são
calculadas em função da velocidade de corte V𝑐 (m/min) e da velocidade de avanço
V𝑓 (mm/min):
P𝑐 = K𝑐 𝑓 𝑎𝑝 V𝑐 (7.31)
−3
P𝑓 = K𝑓 𝑓 𝑎𝑝 V𝑓 10 (7.32)
P𝑢
P𝑟𝑒𝑞 = (7.35)
η𝑒𝑓
149
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
λ=0
h
Fr ap=b
Fu
Ft=Fc
F⃗ 𝑢 = F⃗ 𝑡 + F⃗ 𝑟 + F⃗ 𝑧 = F⃗ 𝑡 + F⃗ 𝑟 (7.36)
Exercício 7.8
⟶
150
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
Vf
fz
q=90o
h=fz
(q=90o)
P
b=ap
Vf h=fz
Fh=Fr y
q=90°
Ft=Fc Fu
x Fr =Fx
Fu
Ft=Fy
Exercício 7.9
⟶
151
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
fz Vf
Vf
h=fz sen(q)
Fh=Fr
y
Fu
Ft=Fc q
x
Fx
Fr Ft
Fu Fy
F⃗ 𝑢 = função(𝑏, ℎ) (7.41)
F𝑐 K𝑐 ℎ𝑏
F⃗ 𝑢 = ⎡ F ⎤ = ⎡ K ℎ𝑏 ⎤
⎢ ℎ ⎥ ⎢ ℎ ⎥ (7.42)
⎣ F𝑎 ⎦ ⎣ K𝑎 ℎ𝑏 ⎦
152
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
cial tangencial, radial e vertical, ou de forma mais precisa, nas direções (𝑛𝑎 , 𝑛ℎ , 𝑛𝑏 )
(Capítulo 3).
Uma prática comum é encontrar o valor de K𝑐 e assumir uma constante de
proporcionalidade entre K𝑐 as demais forças específicas Kℎ e K𝑎 . Pode-se ilustrar
com um exemplo: Kℎ ≈ 0.7K𝑐 e K𝑧 ≈ 0.2K𝑐 , poderia em um caso especifico resumia
a incógnita para apenas a força específica de corte.
K𝑐 (ℎ)
F⃗ 𝑢 = ⎡ ⎤
⎢ Kℎ (ℎ) ⎥ ℎ𝑏 (7.43)
⎣ K𝑧 (ℎ) ⎦
𝑘𝑐1.1
K𝑐 = → F𝑐 = 𝑘𝑐1.1 ℎ(1−𝑚𝑐) 𝑏 (7.44)
ℎ𝑚𝑐
K𝑐 𝑘𝑐𝑎
F⃗ 𝑢 = ⎡ K
⎢ ℎ ⎥
⎤ ℎ𝑏 + ⎡ 𝑘 ⎤ 𝑏
⎢ ℎ𝑎 ⎥ (7.45)
⎣ K𝑧 ⎦ ⎣ 𝑘𝑧𝑎 ⎦
153
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
1500
Kc
500
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
Avanço por dente (mm/dente)
Figura 7.7: Resultado experimental da variação da força específica com o avanço por dente
(RUBEO; SCHMITZ, 2016)
Note que as constantes experimentais 𝑘𝑐𝑎 , 𝑘ℎ𝑎 e 𝑘𝑧𝑎 são chamadas de forças
específicas do efeito de aresta e tem usualmente a unidade N/𝑚𝑚. Este modelo
é muito utilizado em microusinagem (como é apresentado no Capítulo 12) e na
usinagem de precisão.
Até este ponto, calculou-se a força de usinagem de apenas uma aresta de corte,
seja em ferramenta monocortante ou multicortante. Porém, a força de usinagem
F⃗ 𝑢 (𝑡) de uma ferramenta é resultado da soma da força de usinagem realizada por
(𝑖)
todas as arestas de corte 𝑖, ou seja F⃗ 𝑢 (𝑡), que realizam estão em contato com o
material da peça em um determinado instante 𝑡.
Por exemplo, se uma fresa de topo tem duas arestas de corte com ângulo de
inclinação nulo, ou seja, na vertical, então embora a ferramenta seja multicortante,
cada aresta de corte estará em contato com a peça em momentos diferentes.
Porém se o ângulo de inclinação não for nulo ou, por exemplo, a fresa tiver quatro
arestas com largura de corte maior que o raio da ferramenta, as arestas cortam
em posições diferentes mas ao mesmo tempo.
Importante notar que a soma das componentes deve ser realizada no referen-
cial global da ferramenta, ou seja, não basta somar as forças no referencial local de
cada aresta de corte! Por exemplo, no caso estudado na Seção 7.3.2, fresamento
154
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
Z
(𝑖) (𝑖=1) (𝑖=2) (𝑖=Z)
F⃗ 𝑢 = ∑ F⃗ 𝑢 = F⃗ 𝑢 + F⃗ 𝑢 + ... + F⃗ 𝑢 (7.46)
𝑖=1
Exercício 7.10
⟶
⃗
F⃗ 𝑢 (X(𝑡)) ̈⃗ + 𝑘X(𝑡)
= 𝑚X(𝑡) ⃗̇ + 𝑐X(𝑡)
⃗ (7.48)
155
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Força de Rigidez do
fz, ap Usinagem Fu(t) sistema X(t) Geometria do
Kc.h(t).b m,k,c Cavaco
h(t)
A diferença da espessura do cavaco deve ser considerada para calcular a nova força
de usinagem, fechando o circuito de realimentação. A ocorrência deste circuito
causa vibrações regenerativas, fenômeno conhecido como chatter.
4
Região acima das curvas: Instável (Com chatter)
Profundidade de Corte [mm]
3.5
C D
3
A
2.5
B
2 Região abaixo das curvas: Estável (Sem chatter)
1.5
156
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
7.7 Exercícios
7.1 Sabendo que a força de corte F⃗ 𝑐 = [0, 10, 10] N e que Fℎ tem módulo igual a
2N, qual o módulo da força de usinagem F⃗ 𝑢 ?
157
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
7.5 Um material apresenta τ𝑠 = 200 MPa e será usinado por uma ferramenta com
ângulo de saída γ = 15𝑜 . A geometria do corte considerando corte ortogonal
é de 1 mm de comprimento de aresta por 0,1 mm de espessura de cavaco
indeformado. O coeficiente de atrito considerado é de 0,7.
(a) Se a força de usinagem tiver módulo 100N, qual o valor das componentes
F𝑐 (força de corte) e Fℎ (perpendicular à força de corte)?
(b) Represente o círculo de Merchant com estes três vetores em escala.
(c) Usando o círculo que construiu, represente a direção da superfície de
saída, os vetores Fγ , F𝑛γ e indique o ângulo de atrito.
(d) Qual o valor do módulo das forças Fγ e F𝑛γ ?
(e) Qual o valor das componentes no plano de cisalhamento F𝑠 , F𝑛𝑠 e o
ângulo de cisalhamento ϕ?
158
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
7.6 Com uma ferramenta que apresenta ângulo de saída igual a 18𝑜 e conside-
rando o coeficiente de atrito igual a 0,8:
(a) quais seriam os dois valores obtidos para a previsão do ângulo de cisa-
lhamento considerando os dois modelos apresentados na Seção 7.2.5?
(b) Considerando a espessura do cavaco indeformado igual a 0,1 mm e os
valores de ϕ calculados teoricamente, qual seriam os valores esperados
ao medir a espessura do cavaco usinado (ℎ𝑒 )?
280
Força de corte (N)
240
200
160
120
80
40
159
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
160
CAPÍTULO 7. FORÇA E POTÊNCIA DE USINAGEM
161
Capítulo 8
Temperatura na usinagem
Esta fonte de calor é móvel no que diz respeito à peça, mas pode ser fixa em
relação à ferramenta (LUCHESI; COELHO, 2012), dependendo se o processo de
usinagem é de corte contínuo ou intermitente. Por isso, a ferramenta pode estar
em constante aquecimento ao longo do comprimento usinado.
A parcela de contribuição do trabalho de cada um dos fatores (A-E) no trabalho
total é analisado em função do comprimento usinado e se distribui de forma dife-
rente dependendo da quantidade de material deformado, ou seja, da espessura do
cavaco indeformado ℎ, o que pode ser visto na Figura 8.1 adaptada de (FERRARESI,
1973). Pode-se também analisar a variação das contribuições em função da da
velocidade de corte V𝑐 .
700
de comprimento usinado
500
400
300
Cisalhamento
200
Atrito na superficie de saída
100
Atrito na superficie de folga
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Espessura do cavaco indeformado (h)
164
CAPÍTULO 8. TEMPERATURA NA USINAGEM
Cavaco
600o
350 o
450 o
600 o
400 o
650o
720 o
700o
Ferramenta
360 o
o
720
300 o
0o
650o
5o
39
0o
39
40
600o
10 o
500o
0o
20
300o
0o
16
Peça
165
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
100
Percentual de calor que flui para a ferramenta
60
Percentual de calor que flui para o cavaco
40
20
0
0 20 40 60 80
Velocidade de corte (m/min)
Figura 8.3: Quantidade de calor que flui para peça, para o cavaco e para a ferramenta em
função da velocidade de corte
166
CAPÍTULO 8. TEMPERATURA NA USINAGEM
∂T
ρ𝑐𝑝 ( + VQ ⋅ ∇T) − 𝑐𝑡 ∇2 T − 𝑞 ̇ = 0, (8.1)
∂𝑡
As propriedades do material representadas na Equação 8.1 são: ρ a densidade
do material, 𝑐𝑝 a capacidade térmica e 𝑐𝑡 condutividade térmica, e VQ é a velocidade
da fonte de calor.
Para realizar o cálculo do campo de temperaturas utilizando a Equação 8.1, é
necessário supor as condições de contorno prescritas. São propostos os seguintes
exemplos, representados na Figura 8.4:
∂T
−𝑐𝑡 = 𝑞̇ (8.3)
∂𝑎𝑛
∂T
−𝑐𝑡 = 𝑐𝑐 (T − T∞ ) (8.4)
∂𝑎𝑛
Exercício 8.1
⟶
167
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Cavaco
Ts
T= Ve
P x ou lg
Contato
Ferramenta
Figura 8.4: Condições de contorno para modelo simplificado para o cálculo da distribuição
de temperatura
(8.2, 8.3 e 8.4), pode ser resolvida utilizando: métodos analíticos (MACHADO et al.,
2015), por diferenças finitas (LAZOGLU; ALTINTAS, 2002) ou por elementos finitos
(CHILDS et al., 2000).
Entretanto, apesar do significante avanço tecnológico na velocidade de pro-
cessamento computacional, os métodos numéricos ainda consomem muito tempo
e a precisão dos resultados dependem da formulação, dos modelos constitutivos
dos materiais e das condições de contorno. A estimativa utilizando modelos analíti-
cos ainda é válida, pois são rápidos, de fácil implementação e são razoavelmente
precisos.
Exercício 8.2
⟶
168
CAPÍTULO 8. TEMPERATURA NA USINAGEM
Q = W − ΔE (8.5)
Q̇ = ζP𝑢 (8.7)
Por sua vez, a quantidade de energia que é transformada em calor é dada pela
relação:
Q̇ = 𝑚̇ 𝑐𝑝 ΔT, (8.8)
onde 𝑚̇ é a taxa de remoção de material (em massa) e ΔT a variação de temperatura
de usinagem.
Na região primária, a potência P𝑠 no plano de cisalhamento é calculada em fun-
ção da tensão cisalhante τ𝑠 , da área do plano de cisalhamento A𝑠 e da velocidade
de cisalhamento V𝑠 , de acordo com a Equação 8.9.
P 𝑠 = τ 𝑠 A𝑠 V𝑠 . (8.9)
169
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
𝑚̇ = ρ QRM = ρ 𝑏 ℎ V𝑐 (8.10)
ζ F 𝑠 V𝑠
ΔT = . (8.11)
𝑏 ℎ V𝑐 ρ 𝑐𝑝
F𝑠 V𝑠
T𝑠 = T𝑟 + ζ (1 − 𝑞𝑝 ) (8.13)
𝑏 ℎ V𝑐 ρ 𝑐𝑝
ρ 𝑐 𝑝 V𝑐 ℎ
RT = (8.14)
𝑐𝑡
170
CAPÍTULO 8. TEMPERATURA NA USINAGEM
0.7
Weiner (teórico)
Nakayama (experimental)
0.6
Latão (10 o) - técnica fotográfica
Aço (20o) - técnica fotográfica
0.5 Aço (30o) - técnica fotográfica
0.4
qp
0.3
0.2
0.1
0
0 1
10 10
R t tan( )
Exercício 8.3
⟶
171
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
ΔT𝑐𝑚𝑎𝑥 R ℎ R ℎ
log ( ) = 0, 06 − 0, 195 δ𝑝 √ T 𝑒 + 0, 5 𝑙𝑜𝑔 ( T 𝑒 ) (8.18)
ΔT𝑐 𝑙𝑓 𝑙𝑓
ℎ sen(ϕ + βμ − γ)
𝑙𝑓 = (8.19)
sen(ϕ) cos(βμ )
Tγ = T𝑠 + ζ𝑐 ΔT𝑐𝑚𝑎𝑥 (8.20)
8.4 Exercícios
8.1 Considerando a Equação de governo e as condições de contorno que descre-
vem o sistema ferramenta-peça-cavaco, como a aplicação de fluido de corte
pode influenciar na distribuição de temperatura?
8.2 Por que com o aumento da velocidade de corte, a temperatura na usinagem
aumenta? Baseado no Figura 8.1 explique a parcela de contribuição do atrito
no aumento da temperatura de usinagem.
8.3 Ensaios práticos foram conduzidos para estimar a temperatura no tornea-
mento ortogonal do aço SAE 1045, cujas propriedades são C𝑝 = 420 W/𝑚 K,
172
CAPÍTULO 8. TEMPERATURA NA USINAGEM
Ensaio V𝑐 𝑓 ℎ𝑒 F𝑐 F𝑡
1 200 0, 15 0, 47 430 170
2 200 0, 30 0, 70 773 230
3 300 0, 15 0, 35 406 136
4 300 0, 30 0, 80 899 370
173
Parte III
Processo de usinagem
175
Capítulo 9
Superfície usinada
178
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
179
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
180
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
lisas, com menor risco de iniciação de trincas, tem maior resistência à corrosão e
são usualmente menos absorventes.
Os parâmetros de acabamento da norma ISO4287 (ABNT, 2002) que são
apresentados a seguir se referem a um perfil da superfície da peça medido apenas
em cada direção linear separadamente. Contudo, hoje já se usam parâmetros
calculados a partir de imagens tridimensionais obtidas em área da superfície da
peça com instrumentos óticos, apresentados no Capitulo 13. Neste tipo de análise,
é possível avaliar a isotropia e anisotropia das variações geométricas da superfície,
bem como realizar quantificar as alterações de geometria em todas as direções da
superfície simultaneamente (BARLIER; CEPPETELLI, 2013).
181
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Perfil bruto
Perfil de forma
2
Perfil de ondulação
Perfil de rugosidade
1.5
0.5
-0.5
0 2 4 6 8
localização na direção x (mm)
182
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
100%
ls lc lf
Figura 9.3: Curvas representando os filtros utilizados para obtenção do perfil de rugosidade
e de ondulação
183
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
184
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
• Rugosidade total média (R𝑧 ): é calculada pela média das distâncias entre
o maior pico e o maior vale de cada comprimento de mostragem dentro do
comprimento de medição.
A rugosidade média R𝑎 é a mais utilizada por representar o conceito mais
amplo de uma superfície com mais ou menos variações, contudo sozinha não
representa bem o perfil de rugosidade porque é pouco influenciada por picos e
vales isolados, como mostra a simulação apresentada na Figura 9.4a. Peças com
o mesmo valor de R𝑎 podem apresentar superfícies com qualidade bem distintas.
Uma suavização pode ser feita utilizando a rugosidade média quadrática (R𝑞 ) que
valoriza os valores mais distantes por utilizar 𝑑𝑧2 ao invés de |𝑑𝑦 |.
Um exemplo de perfil de rugosidade de uma superfície real é apresentado na Fi-
gura 9.4b1 . Esta medida foi realizada na sala de Microusinagem Mecânica2 durante
1 Resultados obtidos com os alunos da UFRJ durante aula de Laboratório em Engenharia Mecânica 2 em
maio de 2019.
2 Esta sala foi um ambiente muito saudoso e particular onde foram desenvolvidas teses e disserta-
185
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Perfil de Rugosidade ( m)
Rugosidade média (Ra)
1 Rt
dy
0.5
-0.5
-1
-1.5
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Distância medida (mm)
30 30
20 20
10 10
-0 -0
-10 -10
-20 -20
-30 -30
-40 -40
30,2 30,4 30,6 30,8 31,0 31,2 31,4 31,6 31,8 32,0 32,2 32,4 32,6 32,8 33,0 33,2 33,4 33,6 33,8 34,0 34,2
milímetros
Rampa 0,779 °
(b)
Ra Perfil medido
5,7866 µm na direção do avanço após fresamento de topo com V = 30m/min e
𝑐
𝑓
Rp = 0, 06
𝑧 mm/rot
11,2490 µm Rv
Rt
14,8721
40,3176
µm
µm
Rz 26,1211 µm
186
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
187
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
𝑓 2
𝑟ϵ2 = ( ) + (𝑟ϵ − R𝑡 )2 (9.3)
2
Se R𝑡 << 𝑟ϵ (ambos em mm), então:
𝑓2 𝑓2
𝑟ϵ2 = + 𝑟ϵ2 − 𝑟ϵ R𝑡 ⟶ R𝑡 = (9.4)
4 8𝑟ϵ
𝑓2
R𝑎 = √ (9.5)
18 3𝑟ϵ
3É
importante salientar que o valor de 𝑟ϵ fornecido pelo fabricante contém uma incerteza grande e pode
ocasionar erros significativos na previsão. É mais adequado realizar a medida do raio de ponta com o
auxílio de um microscópio.
188
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
re
kr f Rt
f2 re Rt
re-Rt f
re
(b) Aproximação geométrica
2.4
Ferro fundido
Razão de rugosidade rr
1.8
1.6
1.4
1.2
1
20 40 60 80 100
Velocidade de corte (m/min)
Figura 9.6: Curva da razão de correção teórica para a rugosidade em função da velocidade
de corte (Exemplo com ferro fundido, materiais dúcteis e liga de usinagem fácil)
189
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
190
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
A
Ferramenta
Cavaco
B
Ff
Formação P Rebarba
da rebarba
de Poisson Cavaco
na saída da
ferramenta Ferramenta
N Rebarba de ruptura
Cavaco
Vf
D D
Rebarba de
Estiramento
• Rebarba de ruptura : que ocorre quando parte da peça, que seria retirada
pela ferramenta, se separa do cavaco antes do final do corte e fica presa na
superfície da peça (Figura 9.7d). Também chamada de rebarba de corte.
Rebarba
ab
br
rb
hr
hb
Peça
191
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
4 ℎ𝑟 + 2 𝑟 𝑏 + ℎ 𝑏 + 𝑎 𝑏
𝑔= (9.7)
8
onde as dimensões são: altura da rebarba 𝑎𝑏 , espessura da rebarba ℎ𝑏 , raio de
arredondamento da raiz da rebarba 𝑟𝑏 , espessura da raiz da rebarba ℎ𝑟 e ângulo da
raiz da rebarba β𝑟 , como pode ser observado na Figura 9.8 (REGNIER et al., 2018).
Estas dimensões irão influenciar na decisão da necessidade da etapa de re-
barbação. O Capitulo 13 apresenta as formas de medição diretas e indiretas da
geometria do cavaco.
192
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
Ferramenta Vf
A1-E A1-E
A1-T A2-E
A2-E
Vc A1-T
A1-S A2-S
Peça
A1-S
A2-S
Vf Vf
Broca
Broca
A1-T
Peça Peça
Calota
193
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
194
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
diretamente, uma vez que a velocidade de corte está relacionada com a geometria
da formação do cavaco. As brocas com ângulo de saída efetivo variável ao longo
da aresta podem compensar esta mudança e otimizar a formação de rebarba.
Uma característica importante na furação de compósitos de polímero com
reforço de fibra de carbono (CFRP) é a delaminação do material, que é a separação
de camadas adjacentes do laminado onde o dano está confinado a um plano,
formando um rebarba especifica destes materiais. Na entrada da broca, a aresta
de corte lateral age como um ”saca-rolhas”puxando a camada laminada superior
para cima e a camada inferior é empurrada pela extremidade da broca (DURAO et
al., 2011). Para reduzir este tipo de rebarba, a furação axial tem sido substituída pela
furação orbital cuja ferramenta, com geometria característica muito semelhante
a uma fresa, percorre uma trajetória helicoidal até usinar todo o furo (REY et al.,
2016).
195
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Momento fletor
Tensão Tensão
de tração residual
(B) de tração
(B)
(A) (A)
Tensão de Tensão
residual de
compressão
compressão
Figura 9.10: Exemplo da origem das tensões residuais durante a flexão de barras circulares
196
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
y y y
Figura 9.11: Representação da soma de tensões residuais com tensões de flexão pura
aplicada devido ao carregamento externo
197
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
s>0 s>0
P
Pus
Vc
Cavaco
Ferramenta P0 e P0 T
P
P0 P Pus Pus
(a) Identificação dos pontos (b) Variação de tensão de- (c) Variação de tensão devido
de referência vido ao carregamento mecâ- a variação de temperatura
nico
198
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
400
Vc=200 m/min
300 Vc=400 m/min
Tensão Residual (MPa)
200
100
-100
-200
-300
0 50 100 150
Profundidade ( m)
Figura 9.13: Tensões residuais obtidas experimentalmente no torneamento de aço AISI H13
em função da profundidade do ponto medido (resultado de duas velocidades de corte)
199
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
fazendo com que a maior parte do calor gerado seja removido junto com o
cavaco. Um exemplo é o comportamento das tensões residuais observado na
Figura 9.13;
• ferramentas com maior raio de ponta resultam em maior geração de calor du-
rante o processo e promovem surgimento de tensões residuais mais trativas;
200
CAPÍTULO 9. SUPERFÍCIE USINADA
9.9 Em processo de torneamento com um inserto com raio de ponta igual a 0,3
mm e orientado com um ângulo de posição κ𝑟 = 60𝑜 gostaria-se alcançar
uma rugosidade média de 1μ𝑚. Usando a teoria, qual o valor de avanço seria
recomendado usando as profundidades de corte de 0,3 mm e de 1 mm?
9.10 Quais seriam os valores reais no ferro fundido caso fosse utilizada a relação
apresentada na Figura 9.6 para as velocidades de corte de 30 m/min e 100
m/min?
9.13 Quais os valores de rebarba 𝑔 dos exemplos a seguir? Faça uma comparação
técnica sobre qual deles é mais difícil de remover da superfície.
(a) Rebarba com altura igual a 2 mm, raio de raiz igual a 0,2 mm, espessura
da base igual a 1 mm e espessura da rebarba igual a 0,2 mm.
(b) Rebarba com altura igual a 1 mm, raio de raiz igual a 0,4 mm, espessura
da base igual a 1 mm e espessura da rebarba igual a 0,1 mm.
201
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
202
Capítulo 10
Desgaste e vida de
ferramentas
A vida útil de uma ferramenta, quando não quebra nem fratura, é limitada pelo
desgaste.
Sempre foi muito difícil determinar a causa exata da falha da ferramenta,
pois este processo é muito complexo e envolve diferentes fenômenos mecânicos,
térmicos, físicos e químicos. No geral, os danos na ferramenta são influenciados
principalmente pelo estado de tensões e pela variação de temperatura na região
de corte, temas que foram abordados nos Capítulos 6 e 8, respectivamente. Neste
capítulo serão apresentados os mecanismos e as formas como estes danos se
apresentam na ferramenta, assim como os métodos de medida e de cálculo para
quantificar o desgaste.
• Desgaste por Abrasão: o desgaste por abrasão ocorre quando dois materi-
ais ásperos entram em contato com movimentos relativos entre si. Quando
um dos materiais é mais duro, este tende a remover partículas do material de
dureza menor.
Na usinagem, as partículas que causam abrasão são originárias do material
da peça que removem pequenas porções das superfícies de saída e de folga
da ferramenta. Este desgaste é observado principalmente em ferramentas
de metal duro e cerâmica (TSCHÄTSCH, 2009) e a principal consequência
é o desvio dimensional da peça que está sendo usinada. Na literatura há
algumas propostas para prever o desgaste de abrasão. Em 1999, o modelo
de Saracibar e Chiumenti, apresentado na Eq. 10.1, explicita a dependência
do desgaste por abrasão W𝑎𝑏 com a dureza do material da peça H𝑝 e com a
tensão normal média σ̄ 𝑛γ (SARACIBAR; CHIUMENTI, 1999)
(σ̄ γ 𝑙𝑓 )
W𝑎𝑏 = C𝑎𝑏 (10.1)
H𝑝
204
CAPÍTULO 10. DESGASTE E VIDA DE FERRAMENTAS
Resíduo
de APC
no cavaco
Ferramenta
Resíduo de APC
na superfície usinada
APC
205
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
−C2
Ẇ 𝑎𝑑 = C1 σ𝑛γ V𝑒 𝑒𝑥𝑝( ) (10.3)
Tγ
206
CAPÍTULO 10. DESGASTE E VIDA DE FERRAMENTAS
Cavaco Ferramenta
Ni
Cavaco
Cr Fe
Co
Ferramenta
W (WC sem
revestimento)
Região de
agarramento
AISI 316
∂𝑐𝑎
J𝑥 = −𝑐𝑑 (10.4)
∂𝑥
Q𝑒
𝑐𝑑 = 𝑐𝑜 𝑒𝑥𝑝(− ) (10.5)
R𝑜 Tγ
Q𝑒
Ẇ 𝑑𝑎 = função(V𝑐 , 𝑓) + 𝑐𝑜 𝑒𝑥𝑝(− ) (10.6)
R𝑜 Tγ
207
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Fγ
W𝑟𝑞 = K𝑟𝑞 VB (10.7)
3σ̄ 𝑛γ T̄ γ
Pode-se perceber que este modelo inclui no cálculo do desgaste por rea-
ção química a influência do desgaste de flanco e cratera. Esta relação foi
encontrada em outros modelos e publicadas em livros e periódicos científicos.
No entanto, estes modelos apresentam diversas constantes experimentais e
só podem ser utilizados dentro das mesmas condições de corte, uma limitação
que dificulta a utilização.
Por isso, na Seção 10.4.2 são apresentadas formas diretas e indiretas de
realizar o monitoramento da ferramenta para acompanhar a evolução dos
valores de desgaste.
208
CAPÍTULO 10. DESGASTE E VIDA DE FERRAMENTAS
209
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
(a) Deformação plástica (ALMEIDA, 2019) (b) Trinca térmica (GABALDO et al., 2010)
210
CAPÍTULO 10. DESGASTE E VIDA DE FERRAMENTAS
ral ral
ate late
ta l sta
rε Are
s
rε Are
Sup
Are erfí
cie
sta de
de Are saí
c orte sta da
Sup prin de
cipa cor
e l te p
rfíc rinc
ie d ipa
e fo l
lga
ral
late
sta
Are
Sup
erfí
cie
rε
de
saí Are
da sta
Sup de
erfí cor
cie te p
de rinc
folg ipa
a l
211
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
212
CAPÍTULO 10. DESGASTE E VIDA DE FERRAMENTAS
Superfície de saída
Aresta de corte
VBC
VBN
VBB
VBB max
a
olg Desgaste
KT
ef
KB
ed de Flanco
íci
KF
Entalhe
KM
rf
pe
Su Superfície de folga
Tabela 10.1: Dados geométricos dos desgastes de flanco e cratera (ISO 3685)
Segundo a norma ISO 3685, os critérios de vida que devem ser adotados para
ferramentas de aço rápido, metal duro e cerâmica são descritas abaixo.
I. Quando o desgaste de flanco médio (VBB ) atinge o valor de 0,3 mm e o
comprimento do desgaste ocorre de modo regular.
II. Quando o desgaste de flanco máximo (VBB𝑚𝑎𝑥 ) alcança o valor de 0,6 mm,
no caso do desgaste não ocorrer de forma regular ao longo do flanco.
III. A vida da ferramenta pode ser determinada também pela profundidade da
cratera KT. A profundidade KT é uma função do avanço 𝑓, e seu valor limite para
a vida da ferramenta é obtido através da equação KT = 0, 06 + 0, 3𝑓.
IV. Quando a distância entre a borda da cratera e a superfície de flanco (KF) é
igual a 0,02mm. Quando KF diminui e a borda da cratera se aproxima da aresta de
corte, um novo ângulo de saída efetivo (γ𝑒𝑓 ) deve ser utilizado segundo a equação
10.8.
KT
γ𝑒𝑓 = γ + 𝑡𝑔−1 (10.8)
KM
213
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
214
CAPÍTULO 10. DESGASTE E VIDA DE FERRAMENTAS
1
Fratura
0.6
V BBmax=0,6 mm
Região III
0.4
0.2
0
0 5 10 15 20 25 30
T
Tempo de corte (min)
• Estágio III: tem-se novamente uma taxa de desgaste acelerada, onde a falha
da ferramenta é iminente devido ao aumento da temperatura.
A condição limite para que a ferramenta alcance a vida útil é quando o eixo do
desgaste atinge um valor máximo VBB 𝑚𝑎𝑥 em um determinado tempo de vida T,
como apresentado na Figura 10.8. Nesta figura a curva do desgaste de flanco é
apresentada para três valores de velocidade de corte. Considerando que a vida
(1) (2) (3)
útil seja determinada em VBB 𝑚𝑎𝑥=0,6 mm e as velocidades V𝑐 > V𝑐 > V𝑐 ,
(1)
verifica-se que para o nível de velocidade maior (V𝑐 ) a ferramenta alcança a vida
útil em menor tempo (T150 ).
O engenheiro americano F. W. Taylor desenvolveu na década de 1900 a relação
entre os parâmetros de corte e o tempo de vida da ferramenta T. Considerando
todos os parâmetros constantes e variando apenas a velocidade de corte, por
considerar que é o parâmetro que mais influencia o desgaste, pois se selecionado
fora da faixa ótima pode ocasionar aresta postiça de corte ou a deformação plástica
na ferramenta, obtém-se a ”Curva de Taylor Simplificada”, gerando a curva da
215
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
0.8
V(1) =150 m/min V(2) =100 m/min V(3)
c
=60 m/min
c c
0.7
V BBmax=0,6 mm
Desgaste de flanco (mm) 0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 20 40 60 T 80
T150 T100 Tempo de corte (min) 60
Figura 10.9 na base log-log. A Equação 10.9 que representa esta curva é a ”Equação
de Taylor Simplificada”e é apresentada na Equação 10.92 .
Velocidade de corte (m/min)
200
150
100
1 2 5 10 20 40 80
Tempo de vida - T (min)
Figura 10.9: Tempo de vida em função da velocidade de corte pela equação de Taylor
2AEquação de Taylor Expandida inclui os outros parâmetros de corte como avanço e profundidade de
corte
216
CAPÍTULO 10. DESGASTE E VIDA DE FERRAMENTAS
V𝑐 TX = C (10.9)
As constantes X e C são são obtidas experimentalmente e são função do ma-
terial da peça, material da ferramenta e das condições de corte (𝑓, 𝑎𝑝 e V𝑐 ). A
constante X varia muito pouco para o mesmo material da ferramenta, como apre-
sentado na Tabela 10.2, enquanto C depende das outras condições e representa
a velocidade de corte que resulta quando T=1min. Deste modo, C tem a mesma
unidade de V𝑐 (m/min).
Para o valor do tempo T ser expresso em 𝑚𝑖𝑛, é necessário adicionar ao lado
direito da equação de Taylor o tempo de referência T𝑟𝑒𝑓 , que será sempre igual a 1
minuto (ou 60 segundos, dependendo da unidade de V𝑐 ). Deste modo, a equação
de Taylor pode ser escrita como:
V𝑐 TX = C(TX𝑟𝑒𝑓 ) (10.10)
Vida da Ferramenta
Peça Ferramenta Condições de corte Máquina
Ferramenta
217
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
218
CAPÍTULO 10. DESGASTE E VIDA DE FERRAMENTAS
219
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
(a) APC e abrasão. Adaptado de (RIBEIRO, (b) Trincas térmicas. Adaptado de (OLI-
2019) VEIRA, 2007)
220
CAPÍTULO 10. DESGASTE E VIDA DE FERRAMENTAS
figs/Fig-Capi10/Fig10-12a_alta.jpg
(a) Aço AISI 52100 - 55 HRC (b) Aço AISI 52100 - 60 HRC
221
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
10.2 Sabendo que a dureza de um material reduz com a temperatura, qual o efeito
da temperatura no desgaste abrasivo, considerando o modelo de Saracibar e
Chiumenti? Supõe-se que não há alterações no contato cavaco-ferramenta.
10.3 Qual o mecanismo de desgaste e a condição de corte que facilitam a formação
de aresta postiça de corte?
10.4 Explique como a variação da energia de ativação dos materiais atua na vida
de uma ferramenta de corte considerando o desgaste por difusão atômica no
estado estacionário.
10.5 Quais são as principais regiões de desgaste da ferramenta de corte e os
mecanismos que prevalecem na vida da ferramenta para estas regiões.
222
Capítulo 11
Usinabilidade
MATERIAL DA PEÇA
Resistência
Dureza
Ductilidade
Microestrutura
Propriedades químicas
Condutividade térmica
Tratamentos térmicos
FERRAMENTA DE CORTE
Material da ferramenta
Revestimento
Ângulos de saída e de folga
CRITÉRIOS DE
Ângulo de posição
Raio de ponta USINABILIDADE
Raio da aresta de corte SISTEMA
Quebra-cavacos Vida da ferramenta
DE USINAGEM Forças de corte
CONDIÇÕES DE CORTE Morfologia do cavaco
Velocidade de corte Rugosidade
Avanço
Profundidade de corte
Fluido de corte
MÁQUINA-FERRAMENTA
Rigidez
Precisão
Fixação da peça
PROCESSO
Características do processo
224
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
225
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
226
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
ν𝑚
60
IU = × 100% (11.2)
ν𝑟𝑒𝑓
60
onde ν𝑟𝑒𝑓 𝑚
60 é a velocidade de corte do material de referência e ν60 é a velocidade de
corte do material analisado.
A usinabilidade do material padrão é 100% e a do material a ser analisado é
calculado em comparação com o padrão. Caso o IU seja maior que 100%, o material
possui maior facilidade de usinar em relação ao material padrão e caso o IU seja
menor, o material possui uma usinabilidade menor.
Nos Estados Unidos, o Instituto Americano de Ferro e Aço (AISI - American Iron
and Steel Institute) realizou diversos testes com uma grande variedade de materiais
e criou uma classificação de índice de usinabilidade utilizando como material
padrão o aço AISI B1112 (IU = 100%) trefilado a frio, torneado com velocidade de
corte de 54 m/min (180 fpm) sob condições específicas de usinagem, com fluido
de corte adequado e utilizando tornos automáticos e ferramenta de aço rápido.
A Tabela 11.1 mostra a classificação e comparação do índice de usinabilidade de
alguns materiais com o aço AISI B1112. Atualmente, existem outras classificações
utilizando outros materiais como padrão.
Essas classificações são utilizadas apenas como ponto de partida na compa-
ração entre as usinabilidades dos materiais, pois há diversas limitações no seu uso.
Por exemplo, a vida da ferramenta não deve ser considerada o único critério para
análise da usinabilidade, sendo usual a combinação de diversos critérios; uma
pequena alteração nas condições de corte pode levar a uma mudança significativa
na vida da ferramenta, como em parâmetros de corte e o fluído de corte utilizado;
uma alteração no material da ferramenta bem como em sua geometria causará um
grande impacto na relação entre a velocidade de corte e a vida da ferramenta; um
mesmo material produzido, por exemplo, por fabricantes diferentes pode possuir
propriedades distintas o suficiente para influenciar na vida da ferramenta; diversas
outras variáveis como o próprio processo de usinagem a ser realizado podem levar
a uma comparação da vida da ferramenta entre os materiais que não condiz com a
classificação.
Também é possível realizar ensaios de longa duração para avaliar a usina-
bilidade de um sistema considerando apenas diferentes ferramentas, ou seja,
mantém-se fixos todos os outros elementos do sistema de usinagem, incluindo o
material usinado, e os ensaios são feitos com duas ou mais ferramentas de corte
diferentes. Por exemplo, a Figura 11.2 apresenta a curva de vida de três ferramentas
diferentes (A – ferramenta com substrato de metal-duro com grãos finos e triplo
revestimento CVD (TiCN+Al2 O3 +TiN), sendo a camada de Al2 O3 com cristais alinha-
dos; B – 4325 ferramenta com substrato de metal-duro com grãos finos e mesmo
227
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
228
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
0.3
0.25
0.2
VBB (mm)
0.15
0.1
A-4315
0.05 B-4325
C-1125
0
0 5 10 15 20
Vida da Ferramenta (min)
Figura 11.2: Evolução do desgaste de flanco médio ao longo da vida das ferramentas
229
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
que outro caso ele apresente forças de corte menores durante a operação, pois
significa que é necessária menos potência disponível na máquina-ferramenta para
realização do processo de corte. A avaliação desse critério se baseia na medição
das componentes de forças de usinagem durante o corte.
A partir destas componentes de forças, há diversas formas de se analisar para
se chegar na comparação de usinabilidade:
• É possível comparar o comportamento das forças durante todo o corte para
cada componente ou usando a força resultante, como visto no Capítulo 7;
• Como por vezes há preocupação apenas com o caso mais crítico, utiliza-se a
força resultante máxima da operação, que pode ser calculada, por exemplo,
como uma média das máximas para cada passe da aresta de corte;
• Também é bastante utilizado o conceito da força específica de corte, como
visto no Capítulo 7, que é a relação entre a força e a área do cavaco. Quanto
maior a força específica, pior a usinabilidade;
• Ainda, é possível calcular a potência necessária em cada caso e comparar
diretamente, como também visto no Capítulo 7.
A Figura 11.4 mostra a força de avanço no processo de furação com uma broca
helicoidal e usando MQL interno da liga de titânio Ti-6Al-4V e do alumínio AA2024
em testes feitos no Institut Clément Ader. Neste experimento, os dois materiais
são cortados na mesma operação um depois do outro no mesmo movimento de
avanço. É possível verificar que a força aumenta até um patamar enquanto a aresta
principal de corte se engaja no material conforme o avanço e se mantém neste
patamar durante o corte do titânio. Em seguida, há a transição do titânio para o
alumínio e o patamar da força cai de forma considerável. É nítido que a liga de
titânio, por ser um material com resistência e dureza maiores, apresenta forças
maiores, sendo, por isso, um material de pior usinabilidade em comparação com o
alumínio.
230
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
800
700
500
200
100
Transição
0
-100
-10 -5 0 5 10 15 20 25
Comprimento usinado (mm)
Figura 11.4: Força de avanço na furação da liga de titânio Ti-6Al-4V e do alumínio AA2024
231
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
232
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
233
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
234
Tabela 11.2: Características de usinabilidade de diversas classes de materiais de acordo com suas propriedades (TRENT;
WRIGHT, 2000; STEPHENSON; AGAPIOU, 2018; BOOTHROYD; KNIGHT, 1989; DAVIM, 2014)
235
PCD
Ferro fundido cinzento Possui grafita em sua micro- Material de alta usinabili- Taxa de resfriamento maior
estrutura, o que reduz sua dade, cavacos curtos, bai- aumenta a dureza e diminui
ductibilidade xas forças de corte pra sua a usinabilidade, possível pre-
dureza. Uso de ferramentas sença de inclusões endure-
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
236
bono maior a capacidade de de liga para melhorar usina- menta, tendência a encruar
têmpera e maior resistência bilidade e possibilidade de presença
de tensões residuais e ca-
mada branca
Aços inoxidáveis Alta resistência, alta ducti- A usinabilidade varia com o Material de baixa usinabili-
USINAGEM PARA ENGENHARIA
lidade, baixa condutividade tipo de aço inoxidável e os dade, altas forças de corte,
térmica, tendência a en- elementos de liga incluídos alta temperatura de corte
cruar
Ligas de titânio Alta resistência, baixa con- Variação da das proprieda- Material de baixa usinabi-
dutividade térmica, alta re- des de acordo com a liga e lidade, baixa vida da fer-
sistência a alta temperatura, tratamento térmico ramenta, cavacos serrados,
alta afinidade a elevadas variação da força de corte,
temperatura possível chatter, alta rugosi-
dade, APC
1a Edição
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
237
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Quebra-cavaco
Cavaco
Ferramenta
238
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
239
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
240
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
241
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
T
𝑛𝑝𝑓 = (11.4)
𝑡𝑐
Para calcular quantas trocas são necessárias para usinar o lote, deve-se co-
nhecer a razão entre o tempo total de corte de todas as peças (𝑛𝑝 𝑡𝑐 ) dividido pelo
tempo de tempo de vida da ferramenta T:
𝑛𝑝 𝑛𝑝 𝑡𝑐
𝑛𝑡 = −1= −1 (11.5)
𝑛𝑝𝑓 T
Observe que a Equação 11.5 considera que ao final da usinagem do lote não
é necessário trocar novamente a ferramenta, e por isso é subtraída uma unidade.
Substituindo a expressão de 𝑛𝑡 na Equação 11.3 resulta em:
𝑡𝑝 𝑡𝑐 𝑡𝑡𝑓 𝑡𝑡𝑓
𝑡𝑡 = + 𝑡 𝑠 + 𝑡𝑎 + 𝑡 𝑐 + − (11.6)
𝑛𝑝 T 𝑛𝑝
242
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
Conclui-se, então, que o tempo total de usinagem 𝑡𝑡 de uma peça para um lote
de 𝑛𝑝 peças é resultado da soma de três parcelas,
𝑡𝑡 = 𝑡1 + 𝑡2 + 𝑡𝑐 (11.9)
L𝑢 π D
𝑡𝑐 = (11.10)
1000 𝑓 V𝑐
𝑑𝑡𝑡
=0 (11.13)
𝑑V𝑐
243
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
150
100 tc Minimo tt
Máxima
produção
50
Produção
t2
t1
0
0 50 100 150
V cmxp 200 250
C −1/X
= C1/X ((X − 1) 𝑡𝑡𝑓 )
X
V𝑐𝑚𝑥𝑝 = √ (11.14)
(X − 1) 𝑡𝑡𝑓
A velocidade de corte de máxima produção pode ser obtida a partir dos valores dos
coeficientes C e X da Equação de Taylor para o material e ferramenta utilizados,
que são tabelados, e com o tempo de troca da ferramenta 𝑡𝑡𝑓 , que pode ser definido
por meio de uma cronometragem.
244
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
Assim, tem-se:
C𝑝 = C𝑢𝑜 + C𝑢𝑚 + C𝑢𝑓 (11.15)
O custo relacionado à mão de obra para a fabricação de uma peça C𝑢𝑜 é
calculado em função do tempo total de usinagem 𝑡𝑡 e do valor médio por hora Sℎ
referente ao encargos dos funcionários (salário, impostos etc.), chamado também
de custo da hora trabalhada:
S
C𝑢𝑜 = 𝑡𝑡 ℎ (11.16)
60
De forma semelhante, para calcular o custo C𝑢𝑚 relacionado à utilização da
máquina ferramenta para produzir uma peça, utiliza-se o custo por hora da máquina
operatriz S𝑚 . No valor de S𝑚 podem estar inclusos custos como valor inicial pago
pela máquina, depreciação, valor de manutenção, valor do espaço ocupado pela
máquina, entre outros, mensais dividido pelo tempo de funcionamento da unidade
fabril. Assim, o cálculo de C𝑢𝑚 é função do tempo total de usinagem 𝑡𝑡 :
S𝑚
C𝑢𝑚 = 𝑡𝑡 (11.17)
60
Cabe ressaltar que Sℎ e S𝑚 são calculados em R$/hora, 𝑡𝑡 definido em minutos e
C𝑢𝑜 e C𝑢𝑓 são apresentados em R$/peça.
Para calcular a parcela do custo total referente à ferramenta, deve-se conside-
rar que o custo da mão de obra gasta para trocar a ferramenta já foi contabilizado
em C𝑢𝑜 pois influencia o 𝑡𝑡 . Quanto mais ferramentas forem trocadas, maior o
tempo total e maior o custo da mão de obra.
Assim, o custo de ferramenta em C𝑢𝑓 em R$ por peça está relacionado apenas
ao custo específico da ferramenta diluído no número de peças que ela fabrica.
Define-se então C𝑓 como o custo da ferramenta por vida (em R$), que pode incluir
custos da pastilha e do porta-ferramentas e divide-se pelo número de peças que
uma ferramenta produz por vida 𝑛𝑝𝑓 para calcular C𝑢𝑓 :
C𝑓 C𝑡𝑓 𝑡𝑐
C𝑢𝑓 = = (11.18)
𝑛𝑝𝑓 T
245
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Sℎ S 𝑡𝑐 C𝑡𝑓
C𝑝 = C𝑢𝑜 + C𝑢𝑚 + C𝑢𝑓 = 𝑡𝑡 + 𝑡𝑡 𝑚 +
60 60 T
(Sℎ + S𝑚 ) C𝑡𝑓
= (𝑡1 + 𝑡2 + 𝑡𝑐 ) + 𝑡𝑐 (11.19)
60 T
Substituindo o valor de 𝑡2 e
C𝑝 = C1 + C2 + C3 (11.21)
𝑡𝑐 𝑡𝑡𝑓 (Sℎ + S𝑚 ) 𝑡
C2 = ( + C𝑡𝑓 ) = 𝑐 𝑐2 = 𝑡𝑐 V𝑐X 𝑐2 (11.23)
T 60 T
L𝑢 π D X−1 L𝑢 π D
C𝑝 = C1 + V 𝑐 + 𝑐 (11.25)
1000 𝑓 𝑐 2 1000 𝑓 V𝑐 3
A Figura 11.7 apresenta a curva de cada uma das três parcelas da Equação
11.21.
246
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
90
Cp=C1+C2+C3
80 C3
70
20
10
0
0 50 100 Vco 150 200
𝑑C𝑝
=0 (11.26)
𝑑V𝑐
X C𝑐2
V𝑐𝑜 = √ (11.27)
(X − 1)𝑐3
247
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
140
80
Cp=C1+C2+C3
60
40
Minimo tt
IME
Máxima
20
produção
0
0 50 100 V 150
V cmxp 200
co
11.3 Considere que o aço SAE 1212 apresenta um tempo de vida da ferramenta
de 60 minutos quando torneado com velocidade de corte de 63 m/min. Os
materiais abaixo apresentam o mesmo tempo de vida quando usinados com as
velocidades de corte especificadas e com todo o resto do sistema de usinagem
248
CAPÍTULO 11. USINABILIDADE
249
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
11.12 Supõe-se que para fabricar uma determinada peça de aço SAE 8640 é neces-
sário realizar uma operação de fresamento em uma fresadora convencional.
A Equação de Taylor pra vida desse material é V𝑐2,71 T = 8, 8 106 . O tempo
de troca de ferramenta cronometrado durante a operação é de 3,5 min. O
custo com mão-de-obra é de R$25,00/hora, o custo total da máquina é de
R$15,00/hora e o custo por vida da ferramenta é de R$5,00. Com essas
informações, encontre o intervalo de máxima eficiência da velocidade de
corte.
250
Capítulo 12
Microusinagem mecânica
252
CAPÍTULO 12. MICROUSINAGEM MECÂNICA
253
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
destes problemas está ligada aos níveis excessivos de força de corte aplicados à
ferramenta. Deste modo, torna-se necessário o estudo das particularidades da
geometria da ferramenta de corte e da geometria do processo considerando a
escala micro.
Em relação à geometria da ferramenta é importante dar destaque à aresta
de corte, que é a região formada pelo encontro entre as superfícies de saída e
de folga da ferramenta. A geometria desta região é caracterizada pelo raio da
aresta de corte (𝑟𝑒 ), pelo ângulo de hélice (λ e pelo raio de ponta (𝑟ϵ ), conforme
são apresentados na Figura 12.2 (MOUGO, 2016).
Figura 12.2: Geometria de uma microfresa de metal duro com diâmetro de 0,8 μm (MOUGO,
2016)
254
CAPÍTULO 12. MICROUSINAGEM MECÂNICA
255
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
256
CAPÍTULO 12. MICROUSINAGEM MECÂNICA
ge ge
g g
Ferramenta Ferramenta
Recuperação
h hmin Elástica
re re
a
257
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
É importante observar que para processos onde a espessura do cavaco não va-
ria, como no microtorneamento, é suficiente encontrar o valor de ℎ𝑚𝑖𝑛 e selecionar
ℎ superior para garantir a remoção de material. No entanto, para o microfresa-
mento esse mecanismo é mais complexo devido à variação da espessura do cavaco
com a passagem de cada dente. O mecanismo de corte no microfresamento de
topo em cheio pode ser apresentado em três etapas, como mostrado na Figura
12.6.
Vf
y
θmin θP
fz x
θPf
Figura 12.6: Ângulo mínimo θ𝑚𝑖𝑛 e máximo θP𝑓 que definem a região na qual ocorre a
formação do cavaco (ℎ > ℎ𝑚𝑖𝑛 ) e a posição de θP da aresta de corte intermediária
• 0 < θP < θP𝑖 : Quando a fresa gira e a aresta de corte inicia o contato com a
peça que será usinada até um ângulo de posição crítico (θP𝑖 = θ𝑚𝑖𝑛 ) sabe-
se que ℎ < ℎ𝑚𝑖𝑛 e isso favorece a ocorrência do efeito ploughing e não há
formação do cavaco por cisalhamento;
• θP𝑖 < θP < θP𝑓 : Após esta etapa tem-se ℎ > ℎ𝑚𝑖𝑛, ocorre o corte por cisalha-
mento e a formação de cavaco;
• θP𝑓 < θP < 180𝑜 : Por último, quando o dente da fresa atinge novamente a
posição limite de θ𝑝𝑓 = 180𝑜 − θ𝑚𝑖𝑛 , o mesmo fenômeno da primeira etapa se
repete.
258
CAPÍTULO 12. MICROUSINAGEM MECÂNICA
259
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
dureza maior do que o interior dos grãos, a força necessária para sua usinagem
também é maior.
260
CAPÍTULO 12. MICROUSINAGEM MECÂNICA
261
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
P𝑚𝑎𝑥
H𝑝 = (12.4)
A
A espessura da recuperação elástica ℎ𝑟𝑒 é função da espessura de corte ℎ e
da taxa de recuperação elástica ρ𝑟𝑒 . Esta taxa de recuperação pode ser obtida
como função da carga máxima, da rigidez de contato S e da profundidade máxima
atingida em P𝑚𝑎𝑥 .
ℎ𝑟𝑒 = ℎ ρ𝑟𝑒 (12.5)
P𝑚𝑎𝑥
ρ𝑟𝑒 = (12.6)
Sℎ𝑚𝑎𝑥
Além do efeito de escala associado à dimensão da ferramenta de corte e à
microestrutura do material da peça, outras diversas considerações devem ser re-
alizadas. As consequências da seleção inadequada dos parâmetros e condições
de corte podem ocasionar uma força excessiva na ferramenta de corte, gerando
desgaste e quebra prematura, como será apresentado na seção seguinte. Quando
isto ocorre, as chances de se obter uma superfície microusinada livre de desconti-
nuidades torna-se muito difícil e, consequentemente, as perdas econômicas são
inevitáveis.
262
CAPÍTULO 12. MICROUSINAGEM MECÂNICA
263
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
264
CAPÍTULO 12. MICROUSINAGEM MECÂNICA
×10 4
4.5
A430
h<r h>r
4 e e A316
Super Duplex
3.5
3
Kc (MPa)
2.5
1.5
0.5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
fz (mm/dente) ×10 -3
Figura 12.12: Evolução da energia específica de corte para materiais homogêneos (AISI316 e
AISI430) e heterogêneo (superduplex)
265
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
dade e formação de rebarbas. Estas duas últimas são influenciadas pela geometria
da ferramenta, pelos parâmetros de corte e por outros diversos fatores do processo
de usinagem.
266
CAPÍTULO 12. MICROUSINAGEM MECÂNICA
267
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
268
CAPÍTULO 12. MICROUSINAGEM MECÂNICA
12.6 Máquinas-ferramenta
Com o surgimento das máquinas ferramentas controladas por Comando Nu-
mérico (CNC) na década de 50, foi possível obter processos de fabricação mais
flexíveis e precisos. Proporcionalmente, os materiais da ferramenta e da peça
evoluíram, criando a necessidade de avanço das pesquisas na área de fabricação.
Anos mais tarde, devido a redução das dimensões das peças e das ferramentas
de corte, houve a necessidade de redução dimensional das máquinas ferramentas
para a produção em microescala. Esta miniaturização trouxe diversos benefícios,
como a redução de consumo de energia, de espaço, de materiais e, consequente-
mente, de custos do produto.
As dimensões reduzidas possibilitam a implantação destas máquinas em qual-
quer fábrica ou local de produção, conforme mostrado. Estas microfábricas podem
ainda ser adequadas para a produção em campo devido à sua acessibilidade ser
maior que as máquinas ferramentas convencionais.
Além das máquinas miniaturizadas, as máquinas ferramentas de ultra preci-
são, são bastante utilizadas para fabricação de microcomponentes. Apresentam
como vantagens a elevada rigidez e a capacidade de amortecimento baseado em
sensores de alta precisão (CHAE et al., 2006). O sistema de corte deve ser isolado
de perturbações externas prejudiciais ao processo de fabricação.
Para satisfazer as necessidades deste tipo de processo em microusinagem é
necessário que a máquina apresente as seguintes características, mais restritas
que as máquinas operatrizes da usinagem CNC descritas no capítulo 4:
269
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
270
Capítulo 13
Monitoramento da usinagem
1 Internetdas Coisas é o conceito utilizado para se referir à tecnologia de objetos conectados à internet
e interconectados através de uma rede e utilizando sensores, circuitos eletrônicas e programas. Suas
aplicações vão desde a objetos do cotidiano como fechaduras e automóveis inteligentes até aplicações
na área de serviços.
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Monitoramento de
processos de usinagem
272
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
273
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
274
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
275
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
276
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
Leitura,
Aquisição de sinal Conversão de sinal
Condicionador de tratamento e
analógico Analógico→Digital
sinais armazenamento
(sensores) (Placa de aquisição)
dos sinais
Programas
específicos
277
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Condutor elétrico
com corrente
Pinça
(Núcleo magnético)
Gerador do Hall
278
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
Wattímetro
279
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
O estudo das forças envolvidas nas operações de usinagem tem sido essencial
para a otimização do processo já que as forças de usinagem estão diretamente
ligadas a fatores como a temperatura na região de corte, às condições da ferra-
menta de corte, à rugosidade da peça usinada, ao mecanismo de formação do
cavaco, à potência necessária à máquina-ferramenta, entre outros.
A medida das forças de usinagem e o torque são utilizados para monitoramento
em tempo real, pois alterações nas condições de corte resultam rapidamente em
alterações bruscas na medição dessas variáveis. Além disso, também são usados
para análises de usinabilidade de materiais (medição indireta), quando esforços
de corte menores estão relacionados a menores níveis de desgaste da ferramenta
e maior usinabilidade.
O equipamento que mede forças de usinagem é chamado de dinamômetro.
O princípio de funcionamento deste equipamento está relacionado a força aplicada
e a deformação elástico resultante de um elemento do sensor. Os dois principais
tipos de dinamômetros utilizam extensômetros elétricos (strain gauges) e sensores
piezoelétricos.
Nos dinamômetros que utilizam extensômetros, a medição da força é feita
através da sua relação linear com a deformação elástica do elemento onde o ex-
tensômetro está colado e a variação da resistência elétrica dos extensômetros. Os
extensômetros são inseridos em um circuito elétrico com configuração específica
(Pontes de Wheatstone) que isolam a deformação na direção desejada. Os dinamô-
metros com extensômetros são mais baratos, porém apresentam menor precisão,
menor sensibilidade e, o mais relevante, tem uma resposta dinâmica muito mais
lenta se comparados com os piezoelétricos.
O dinamômetro piezoelétrico tem o funcionamento relacionado a proprie-
dade da piezoeletricidade, que é a capacidade de um material gerar tensão elétrica
quando submetido a uma tensão mecânica normal ou de cisalhamento. Essa
propriedade é comum em alguns monocristais como o cristais de quartzo que é uti-
lizado nos dinamômetros mais conhecidos. A piezoeletricidade é uma propriedade
anisotrópica, o que permite a extração de placas planas em diferentes do cristal
original para a medida da tensão em cada direção de cada componente da força
(Figura 13.5). Uma placa piezeelétrica pode medir a tensão normal ou a tensão de
cisalhamento dependendo da orientação de onde foi retirada no cristal de quartzo.
O dinamômetro é projetado para medir as três componentes da forca de usi-
nagem: utilizando sensores que medem a tensão normal para a componente na
direção perpendicular ao sensor (Z na Figura) e sensores que medem a tensão de
cisalhamento para medir as componentes do plano do sensor (X e Y na Figura). O
dinamômetro pode, adicionalmente, medir o torque utilizando pequenas placas
de quartzo sensíveis ao cisalhamento são orientadas na direção tangencial em
formato de um anel, o que é muito útil nos processos de fresamento e furação.
280
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
Figura 13.5: Esquema dos elementos de um dinamômetro - Imagem gentilmente cedida pela
Kistler Group
281
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
relação entre da variação do valor de força em relação ao sinal elétrico que o dispo-
sitivo consegue medir. Os dinamômetros comerciais apresentam esta sensibilidade
na sua carta de calibração. Para medições em microusinagem, por exemplo, o ideal
é a utilização de dinamômetros projetados especificamente para essa aplicação,
pois possuem sensibilidade bastante elevada com relação de sinal-ruido que seja
capaz de identificar os esforços de corte.
• quebra do cavaco;
• fratura da ferramenta.
282
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
13.3.4 Temperatura
Como visto no Capítulo 8, uma importante parte da energia consumida nos
processos de usinagem é transformada em calor na região de contato da ferramenta
com o cavaco. No torneamento, 18% desse calor é transferido para a ferramenta,
7% para a peça e 75%, maior parte, para o cavaco. A temperatura na região de
corte está diretamente ligada à eficiência do processo de usinagem e é considerada
um dos fatores mais importantes do processo.
As variações do campo de temperatura na região de corte podem indicar
alterações nas forças de usinagem, na rugosidade da superfície usinada, nas
condições da ferramenta de corte, alterações nas propriedades superficiais da
peça, entre outros. Entretanto, a medição do campo de temperatura próximo à
região de corte de forma precisa se mantém um desafio, mesmo com os diversos
avanços tecnológicos em instrumentação. Essa dificuldade se dá por diversos
fatores: a distribuição de temperatura na região de corte não pode ser reproduzida
com precisão a partir de medições em apenas alguns pontos; a região de corte é
estreita e de difícil acesso aos sensores; e a região de contato peça-ferramenta
está em constante troca e em movimento.
As duas técnicas mais difundidas para medição de temperatura em usinagem
são o uso de termopares e de sensores infravermelhos. Há outras possibilidades
que não são detalhadas neste livro como: a utilização de vernizes termossensí-
veis, a avaliação das propriedades metalográficas da ferramenta após a operação
(microestrutura e dureza) para estimar os níveis de temperatura atingidos pela
ferramenta, a utilização de sais com pontos de fusão diferentes na ferramenta e a
utilização de diferentes filmes finos, com pontos de fusão diferentes, depositados
por PVD na ferramenta em uma superfície perpendicular à superfície de saída
(DINIZ et al., 2013).
O princípio de funcionamento de um termopar é a geração de força eletromotriz
quando dois materiais em temperaturas diferentes são postos em contato. O
ponto de junção entre os materiais é chamado de junta quente e a junção das
283
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
284
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
285
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Figura 13.7: Relação entre o perfil real, o perfil medido e o raio da ponta do apalpador
286
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
Figura 13.8: Equipamentos para medição de rugosidade com contato - Imagens gentilmente
cedidas pela Taylor Hobson
287
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
288
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
Tabela 13.2: Tabela indicativa de valores cut-off de acordo com a distância entre sulcos
gerados na superfície usinada (norma ISO 4288-2008)
que, por hipótese, produz uma superfície de perfil periódico. O cut-off é deter-
minado a partir da distância entre os sulcos feitos na superfície pela ferramenta
de corte, pois são esses sulcos que determinam o comprimento de onda a ser
considerado no perfil de rugosidade.
Por exemplo, para uma operação de torneamento na qual foi usado um avanço
de 0,5 mm, estima-se que a distância entre os sulcos deve ser de 0,5 mm, e pela
Tabela 13.2 observa-se que é indicado aplicar um filtro de cut-off de 2,5 mm. No
fresamento seria levado em consideração o avanço por dente.
Por outro lado, após a obtenção do perfil bruto pelo equipamento de avaliação
de superfície pode-se perceber que não há uma periodicidade. Neste caso, a norma
também define qual o filtro que deve ser utilizado para a medida da rugosidade,
como mostra a coluna na Tabela 13.2 de perfil não periódico a partir do resultado
da primeira avaliação da rugosidade realizada. Desta forma é possível refinar a
medida de acordo com a norma.
289
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
290
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
formas de estimar a evolução doo desgaste por medida indireta. Neste capítulo, já
foram vistos como são medidas as forças de usinagem, a temperatura na região
de corte, a rugosidade da superfície usinada, a potência consumida e emissão
acústica. Todos esses parâmetros podem ser utilizados para estimar o desgaste
da ferramenta.
Para complementar, a seguir são apresentadas, de forma breve, outras formas
de medição indireta do desgaste da ferramenta de corte:
291
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
292
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
(a) Imagem da rebarba de topo utilizando MEV e (b) Altura da rebarba utilizando
medida sobre imagem, uma técnica sem contato perfil bruto obtido pelo perfilô-
metro
Não existe, até hoje, uma metodologia normalizada para medição de rebarbas
contudo a norma identifica as dimensões para caracterização da rebarba em vista
transversal (Figura 9.8, apresentada no Capítulo 9). A altura da rebarba de topo é
a dimensão mais representativa para a caracterização da rebarba (FRANKE et al.,
2010).
Os métodos de medição de rebarba podem ser divididos em três grupos: des-
trutivo, sem contato e com contato. De forma similar à medição de rugosidade, os
métodos com e sem contato usam os mesmos tipos de equipamentos. O método
destrutivo é uma das formas mais precisas de análise de rebarba. Através dele, é
feito um corte na peça na posição onde se quer analisar a rebarba e é feita uma
análise metalográfica de seção, realizando o embutimento do material. Desta
forma, mede-se o comprimento e a espessura, além de analisar possíveis mudan-
ças microestruturais, como alterações nos grãos, que a formação de rebarba pode
ter introduzido no material. A preparação metalográfica consome bastante tempo
e também só é possível fazer as medições em pontos específicos onde a peça será
cortada. A vista metalográfica pode ser feita em um microscópio óptico ou em um
microscópio eletrônico de varredura (MEV), dependendo da ampliação necessária.
Como a peça é inutilizada, este processo não é utilizado em linha de produção.
A medição de rebarba com contato utilizando um perfilômetro com apalpador
é bastante difundida nos estudos de monitoramento de processos de usinagem.
Neste método, a seção da superfície que contém a rebarba é percorrida pelo
apalpador, adquirindo o perfil da seção. Desta forma, é possível medir apenas
a altura da rebarba já que devido ao formato do apalpador, o exato formato da
rebarba estará distorcido. A Figura 13.9a mostra um exemplo de medição da altura
de rebarba com apalpador em um canal microfresado. Pode ser visto na imagem o
perfil transversal do canal e as alturas de rebarba nas superfícies superiores do
293
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
294
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
Figura 13.10: Formatos de cavacos obtidos com avanços por dente e profundidades de corte
diferentes no microfresamento da liga Ti-6Al-4V
295
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
296
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
13.5.2 Definições
Em planejamento de experimentos, há alguns termos que são comumente
utilizados e com os quais é importante o leitor se familiarizar: os fatores de entrada
(seus níveis, blocos e tratamento), as respostas de saída e o efeito dos fatores de
entrada nos resultados experimentais, que são detalhados a seguir:
297
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
298
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
7. Conclusões e recomendações.
299
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
300
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
testes mais comuns são: Teste de Dixon (Teste Q), o Teste de Grubbs (recomendado
pela ISO) e o Teste de Chauvenet. Os programas de análise de dados experimentais
(R Studio, Statistica, Minitab etc.) realizam a análise de outliers para a apresentação
gráfica das médias4 .
Após a eliminação de possíveis outliers, deve-se verificar se o número de amos-
tras está adequado. Além da média e do desvio-padrão, o experimentalista escolhe
o percentual de confiabilidade e seu quantil 𝑧 da distribuição normal correspon-
dente. O quantil 𝑧 da distribuição normal pode ser facilmente consultado da tabela
de probabilidade. Para um intervalo de confiança de 95%, 𝑧 é igual a 1,96. A mesma
análise pode ser feita utilizando a distribuição t-Student, considerando o número
de dados utilizados5 .
O número mínimo de réplicas 𝑛𝑟 é calculado a partir da definição de um erro
máximo admissível 𝑑𝑒𝑟𝑟𝑜 e da distância máxima S admitida entre a média populaci-
onal, a ser estimada, e a média amostral calculada, de acordo com a equação 13.3:
2
𝑧.S
𝑛𝑟 > ( ) (13.3)
𝑑𝑒𝑟𝑟𝑜
Realizados os experimentos com 𝑛𝑟 réplicas por tratamento, o efeito do fator
na resposta pode ser analisado graficamente apresentando o valor de 𝑥𝑡̄ para cada
tratamento e da barra de erro de cada nível.
A barra de erro é uma representação gráfica que indica a variabilidade dos
dados obtidos nos experimentos e é de grande valia na análise de resultados
experimentais. A partir desta análise, aliada a avaliação do cálculo da variável
R (OLIVEIRA, 2008), pode-se analisar se a média populacional de um nível é, de
fato, diferente de outro nível. Caso as medições estejam dentro do erro dentro do
tratamento, não será possível afirmar que as medições são diferentes.
O intervalo de confiança calculado a partir da distribuição normal é usual-
mente empregado para a determinação da barra de erro:
S S
(𝑥̄ − 𝑧 √ , 𝑥̄ + 𝑧 √ ) (13.4)
𝑛𝑟 𝑛𝑟
301
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
302
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
303
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Parâmetro -1 +1
Fator A V𝑐 30 m/min 50 m/min
Fator B 𝑓𝑧 0,07 mm/dente 0,1 mm/dente
304
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
Tabela 13.5: Planejamento da ordem dos testes no exemplo 13.3 (22 com 3 réplicas)
Aleatorização Tratamento 𝑓𝑧 V𝑐
(ordem de testes) (níveis) (mm/dente) (m/min)
testes 1, 3 e 7 1 (+ +) 0,1 (+) 50 (+)
testes 2, 8 e 9 2 (+ -) 0,1 (+) 30 (-)
testes 5, 10 e 12 3 (- +) 0,07 (-) 50 (+)
testes 4, 6 e 11 4 (- -) 0,07 (-) 30 (-)
305
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
306
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
E a variação entre as médias de cada fator e a média global, a soma dos quadrados
dos fatores SSA e SSB .
𝑛𝑎
SSA = 𝑛𝑏 .𝑛𝑟 . ∑(𝑥𝑎̄ − 𝑥)̄ 2 (13.7)
𝑎=1
𝑛𝑏
SSB = 𝑛𝑎 .𝑛𝑟 . ∑(𝑥𝑏̄ − 𝑥)̄ 2 (13.8)
𝑏=1
307
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
308
CAPÍTULO 13. MONITORAMENTO DA USINAGEM
• Para o fator B (V𝑐 ), F𝑜𝑏𝑠 = 3, 94 ou seja, menor que F𝑐𝑟𝑖𝑡 . Conclui-se que a
hipótese alternativa H1 é rejeitada, as médias são estatisticamente iguais e
velocidade de corte não apresentou efeito significativo,
• Para a interação entre o avanço e a rotação, percebe-se que F𝑜𝑏𝑠 > F𝑐𝑟𝑖𝑡
(6, 56 > 4, 17) e consequentemente há uma pequena interação entre ambos
os fatores, pois os valores são próximos.
309
Referências Bibliográficas
ABNT. ABNT NBR ISO 3002-4:1984 - Basic quantities in cutting and grinding — Part 4: Forces,
energy, power. [S.l.], 1982. v. 1982.
ABNT. ABNT NBR 12771: Termopares - Tabelas de referência. [S.l.], 1999. v. 1999.
ABNT. ABNT NBR ISO 4287:2002 - Especificações geométricas do produto - Rugosidade:
Método do perfil - Termos, definições e parâmetros da rugosidade. [S.l.], 2002. v. 2002.
ABNT. ABNT NBR ISO 3002-1: Grandezas básicas em usinagem e retificação. [S.l.], 2013.
v. 2013.
ABNT. ABNT NBR 6175: Usinagem - Processos mecânicos. Confirmada em 02.12.2019 pelo
ABNT/CB-060 Ferramentas Manuais, Abrasivas e de Usinagem, 2015. v. 2015.
ABNT. ABNT NBR ISO 513:2013 Versão Corrigida: 2015 - Classificação e aplicação de metais
duros para a usinagem com arestas de corte definidas — Designação dos grupos principais e
grupos de aplicação. [S.l.], 2015. v. 2015.
ALMEIDA, M. A. M. de. Monitoramento das forças e desgaste da ferramenta durante o
fresamento concordante e discordante do aço ABNT 4140. Dissertação (Mestrado) —
Universidade Federal de Minas Gerais, 2019.
ALTINTAS, Y. Manufacturing Automation: Metal Cutting Mechanics, Machine Tool Vibrations,
and CNC Design. 2. ed. [S.l.]: Cambridge University Press, 2012.
AMORIM, H. J. de. Estudo da relação entre velocidade de corte, desgaste de ferramenta,
rugosidade e forças de usinagem em torneamento com ferramenta de metal duro. Tese
(Doutorado) — Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002.
ARAUJO, A. C. M. de. Modelo mecânico para força de usinagem no fresamento de rosca. Tese
(Doutorado) — COPPE/UFRJ, 2004.
ARCHARD, J. F. Contact and rubbing of flat surfaces. Journal of Applied Physics, v. 24, p. 981,
1953.
ARIZMENDI, M. et al. Modelling and analysis of surface topography generated in face milling
operations. International Journal of Mechanical Sciences, v. 163, p. 105061, 2019. ISSN
0020-7403.
ARMAREGO, E. et al. The machining of metals. [S.l.]: New Jersey, Prentice-Hall, Inc, 1969.
ARMAREGO, E. et al. Computerized end-milling force predictions with cutting models
allowing for eccentricity and cutter deflections. CIRP Annals, v. 40, n. 1, p. 25 – 29, 1991.
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
ASTM. ASTM E1316 - 18:Standard Terminology for Nondestructive Examinations. [S.l.], 2018.
v. 2018.
AURICH, J. et al. Burrs—analysis, control and removal. CIRP Annals, v. 58, n. 2, p. 519 – 542,
2009.
BAO, W. et al. Modeling micro-end-milling operations. part i: analytical cutting force model.
International Journal of Machine Tools and Manufacture, v. 40, n. 15, p. 2155–2173, 2000.
BARLIER, C. et al. Mémotech Méthodes et production en usinage. [S.l.]: Casteilla, 2013. ISBN
978-2-7135-3546-8.
BEZBAKH, P. et al. Dictionnaire de l’économie. [S.l.]: Larousse. Paris, 2008. ISBN
978-2-03-582624-4.
BLACK, J. T. et al. DeGarmo’s Materials and Processes in Manufacturing. [S.l.]: Wiley, 2017.
ISBN 9781119299158.
BOING, D. Análise da influência da classe da ferramenta de metal-duro no torneamento do
aço aisi 4340 endurecido. Jornal da UNIFEBE, v. 209, n. 12, p. 5–19, 2016.
BOING, D. Transição da aplicação do metal-duro revestido e do pcbn no torneamento de aços
endurecidos em função da dureza e do teor de carbonetos. Tese (Doutorado) — Universidade
Federal de Santa Catarina, 2016.
BONIFÁCIO, M. E. R. Monitoramento do processo de torneamento de acabamento via sinais de
vibração. Tese (Doutorado) — Universidade Estadual de Campinas, 1993.
BOOTHROYD, G. Temperatures in orthogonal metal cutting. Proceedings of the Institution of
Mechanical Engineers, SAGE Publications Sage UK: London, England, v. 177, n. 1, p. 789–810,
1963.
BOOTHROYD, G. et al. Fundamentals of Machining and Machine Tools. [S.l.]: Marcel Dekker,
1989. ISBN 0824778529.
BORELLI, J. E. Diagnóstico do estado de desgaste de ferramenta para o monitoramento de
condições de usinagem de alto desempenho. Tese (Doutorado) — Universidade de São Paulo,
2000.
CALAMAZ, M. et al. Strain field measurement in orthogonal machining of a titanium alloy. In:
TRANS TECH PUBL. Advanced Materials Research. [S.l.], 2012. v. 498, p. 237–242.
CÂMARA, M. A. Influência do ângulo de posição sobre o fresamento frontal de níquel puro com
insertos de metal duro. Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal de Minas Gerais,
2008.
CAMPOS, F. et al. Estudo da rugosidade no torneamento dos aços inoxidáveis aisi 316, aisi
210 e uns s 32760. XXII Colóquio de Usinagem, UFTM, 2018.
OLIVEIRA CAMPOS, F. de. Micromilling of Titanium Alloys; A Comparison Between Workpieces
Produced by Casting, ECAP and 3D Printing. Tese (Doutorado) — COPPE/UFRJ, 2018.
CHAE, J. et al. Investigation of micro-cutting operations. International Journal of Machine
Tools and Manufacture, v. 46, p. 313–332, 2006.
CHILDS, T. et al. Modelling of friction in the simulation of metal machining. In: DOWSON, D.
et al. (Ed.). Tribology for Energy Conservation. [S.l.]: Elsevier, 1998, (Tribology Series, v. 34).
p. 337 – 346.
312
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
313
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
314
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KANG, I. et al. A mechanistic model of cutting force in the micro end milling process. Journal
of Materials Processing Technology, v. 187-188, p. 250–255, 2007.
KIM, C. et al. A static model of chip formation in microscalle milling. Transaction of the ASME,
v. 126, p. 710–718, 2004.
KIMINAMI, C. S. et al. Introdução aos Processos de Fabricação de Produtos Metálicos. [S.l.]:
Ed. Blucher, 2013. ISBN 9788521206828.
KLOCKE, F. Manufacturing Processes 1: Cutting. [S.l.]: Springer Science & Business Media,
2011. ISBN 3642119794.
KOMANDURI, R. et al. A review of the experimental techniques for the measurement of heat
and temperatures generated in some manufacturing processes and tribology. Tribology
International, v. 34, n. 10, p. 653 – 682, 2001. ISSN 0301-679X.
KÖNIG, W. et al. Fertigungsverfahren 1: Drehen, Fräsen, Bohren. [S.l.]: Springer-Verlag, 2008.
ISBN 3540623043.
KONSTANTY, J. Powder Metallurgy Diamond Tools. [S.l.]: Elsevier Science, 2005. ISBN
9781856174404.
KRISHNAIAH, K. et al. Applied design of experiments and taguchi methods. [S.l.]: PHI
Learning, 2012. ISBN 9788120345270.
KUMAR, A. S. et al. The effect of tool wear on tool life of alumina-based ceramic cutting
tools while machining hardened martensitic stainless steel. Journal of Materials Processing
Technology, v. 173, p. 151–156, 2006. ISSN 0924-0136.
LAI, X. et al. Modelling and analysis of micro scale milling considering size effect, micro
cutter edge radius and minimum chip thickness. International Journal of Machine Tools and
Manufacture, v. 48, p. 1–14, 2008.
LALWANI, D. et al. Extension of oxley’s predictive machining theory for johnson and cook flow
stress model. Journal of Materials Processing Technology, v. 209, n. 12, p. 5305 – 5312, 2009.
LAURO, C. et al. Monitoring and processing signal applied in machining processes - a review.
Measurement, v. 58, p. 73–86, 2014. ISSN 0263-2241.
LAZOGLU, I. et al. Prediction of tool and chip temperature in continuous and interrupted
machining. International Journal of Machine Tools and Manufacture, Elsevier, v. 42, n. 9, p.
1011–1022, 2002.
LEE, J.-Y. et al. A Simplified Machine-Tool Power-Consumption Measurement Procedure and
Methodology for Estimating Total Energy Consumption. Journal of Manufacturing Science
and Engineering, v. 138, n. 5, 11 2015. ISSN 1087-1357.
LI, X. A brief review: acoustic emission method for tool wear monitoring during turning.
International Journal of Machine Tools and Manufacture, v. 42, n. 2, p. 157 – 165, 2002. ISSN
0890-6955.
STEVEN Y. LIANG, Y. H. e. Modelling of cbn tool crater wear in finish hard turning.
International Journal of Advanced Manufacturing Technology, v. 24, p. 632 – 639, 2004.
LIU, K. et al. A comparison study of the unloading behavior in shale samples in
nanoindentation experiments using different models. Journal of Petroleum Science and
Engineering, v. 186, 2020.
315
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
LUBLINER, J. Plasticity Theory. [S.l.]: Dover Publications, 2013. (Dover Books on Engineering).
ISBN 9780486318202.
LUCHESI, V. M. et al. An inverse method to estimate the moving heat source in machining
process. Applied Thermal Engineering, v. 45-46, p. 64 – 78, 2012. ISSN 1359-4311.
MACHADO, Á. R. et al. Teoria da usinagem dos materiais. [S.l.]: Editora Blucher, 2015. ISBN
9788521208464.
MANNAN, M. et al. Monitoring and adaptive control of cutting process by means of motor
power and current measurements. CIRP Annals, v. 38, n. 1, p. 347 – 350, 1989. ISSN
0007-8506.
M’HAMDI, M. et al. Effect of cutting parameters on the chip formation in orthogonal cutting.
AIP Conference Proceedings, v. 1315, p. 1101 – 1106, 2011.
MONTGOMERY, D. C. Design and analysis of experiments. [S.l.]: John wiley & sons, 2019.
ISBN 9781119492443.
MOUGO, A. L. Microfresamento do aço superduplex: uma comparação mecanística com os
aços inoxidáveis austenítico e ferrítico para as forças de usinagem e avaliação da superfície
usinada. Tese (Doutorado) — COPPE/UFRJ, 2016.
MOUGO, A. L. et al. Análise das forças de corte e da integridade superficial no
microfresamento do aço superduplex 32750. In: 8 Congresso Brasileiro de Engenharia de
Fabricação (8 COBEF). [S.l.]: ABCM, 2015.
MOURTZIS, D. et al. Energy consumption estimation for machining processes based on
real-time shop floor monitoring via wireless sensor networks. Procedia CIRP, v. 57, p. 637 –
642, 2016. ISSN 2212-8271. Factories of the Future in the digital environment - Proceedings
of the 49th CIRP Conference on Manufacturing Systems.
MUNIRATHINAM, S. Chapter six - industry 4.0: Industrial internet of things (iiot). In: RAJ, P.
et al. (Ed.). The Digital Twin Paradigm for Smarter Systems and Environments: The Industry
Use Cases. [S.l.]: Elsevier, 2020, (Advances in Computers, 1). p. 129 – 164.
NAKAYAMA, K. Temperature rise of workpiece during metal cutting. Bull. Fac. Eng. Yokohama
Nat. Univ., v. 5, p. 1–10, 1956.
OLIVEIRA, A. J. de. Análise do desgaste de Ferramentas no Fresamento com Alta Velocidade
de aços endurecidos. Tese (Doutorado) — Universidade Estadual de Campinas, 2007.
OLIVEIRA, F. B. de. Estudo dos mecanismos governantes do efeito de escala na microusinagem.
Dissertação (Mestrado) — Universidade Estadual Paulista ”Júlio de Mesquita Filho”, 2012.
OLIVEIRA, J. E. F. de. A metrologia aplicada aos setores industrial e de serviços. [S.l.]: Editora
Sebrae, 2008. ISBN 1079337433.
PAUCKSCH, E. et al. Zerspantechnik: Prozesse, Werkzeuge, Technologien. [S.l.]:
Springer-Verlag, 2008. ISBN 9783834802798.
PEREIRA, R. B. D. et al. A review of helical milling process. International Journal of Machine
Tools and Manufacture, v. 120, p. 27 – 48, 2017. ISSN 0890-6955.
PFEIFER, T. et al. Measuring drill wear with digital image processing. Measurement, v. 8, n. 3,
p. 132 – 136, 1990. ISSN 0263-2241.
316
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
317
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
TOMAZ Ítalo. Estudo das tensões residuais e forças de usinagem no fresamento de topo de
aço maraging 300. Tese (Doutorado) — Departamento de Engenharia Mecânica - UFF -
Universidade Federal Fluminense - Niteroi, 2019.
TRENT, E. M. et al. Metal cutting. [S.l.]: Butterworth-Heinemann, 2000. ISBN 9780750670692.
TSCHÄTSCH, H. Applied Machining Technology. [S.l.]: Editora Springer, 2009. ISBN
9783642010064.
USUI, E. et al. Analytical prediction of cutting tool wear. Wear, v. 100, p. 129–151, 1984. ISSN
0043-1648.
VIEREGGE, G. Zerspanung der Eisenwerkstoffe. [S.l.]: Verlag Stahleisen, 1959. v. 16.
VIPREY, F. Modelling and identification of geometric errors on 5-axis machine tools with
the aim of in-process measurement. Tese (Theses) — Université Paris-Saclay, nov. 2016.
Disponível em: <https://tel.archives-ouvertes.fr/tel-01416209>.
VOGLER, M. P. et al. Microstructure-level force prediction model for micro-milling of
multi-phase materials. Journal of manufacturing science and engineering, v. 125, p. 202–209,
2003.
VOLLERTSEN, F. Micro Metal Forming. [S.l.]: Springer Science & Business Media, 2013. ISBN
364230916X.
WANG, J. et al. A study of high-performance plane rake faced twist drills.: Part i: Geometrical
analysis and experimental investigation. International Journal of Machine Tools and
Manufacture, v. 48, n. 11, p. 1276 – 1285, 2008.
WEINER, J. H. Shear-plane temperature distribution in orthogonal cutting. Trans. ASME,
v. 77, p. 1331–1341, 1956.
WEULE, H. et al. Micro-cutting of steel to meet new requirements in miniaturization. CIRP
Annals, v. 50, p. 61–64, 2001.
WINIARSKI, B. et al. Micron-scale residual stress measurement using micro-hole drilling and
digital image correlation. Application of Imaging Techniques to Mechanics of Materials and
Structures, v. 4, p. 189–198, 2013.
WITHERS, P. et al. Residual stress. part 1 – measurement techniques. Materials Science and
Technology, Taylor & Francis, v. 17, n. 4, p. 355–365, 2001.
ZHANG, G. et al. Modeling of cutting force distribution on tool edge in turning process.
Procedia Manufacturing, v. 1, p. 454 – 465, 2015. ISSN 2351-9789.
ZOUAIN, N. et al. Using enclosing ellipsoids in multiaxial fatigue strength criteria. European
Journal of Mechanics - A/Solids, v. 25, n. 1, p. 51 – 71, 2006. ISSN 0997-7538.
318
Índice Remissivo
319
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
320
ÍNDICE REMISSIVO
321
USINAGEM PARA ENGENHARIA 1a Edição
Usinabilidade, 223
Usinagem a laser, 16
Usinagem a seco, 83
Usinagem convencional, 8
Usinagem eletroquímica, 16
Usinagem não-convencional, 9
Usinagem por eletroerosão, 12
Usinagem por feixe de elétrons, 13
Usinagem por feixe de íons, 16
Usinagem por jato abrasivo, 12
Usinagem por jato de água, 10
Usinagem por ultrassom, 10
Usinagem química, 16
Velocidade de avanço, 25
Velocidade de corte, 25
Velocidade de máxima produção, 241
Velocidade de mínimo custo, 244
Velocidade de rotação, 24
vida da ferramenta, 226
Vida da ferramenta (tempo de -), 209
Volume de material usinado, 29
Wattímetro, 279
Whiskers, 110
322
Autores
Anna Carla Araujo possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro (1997), mestrado na área de Processos de Fabricação na COPPE/UFRJ
(1999) e doutorado pela COPPE/UFRJ em cooperação com a University of Illinois at Urbana-
Champaign (2004). Trabalhou na indústria siderurgica por 3 anos (2005-2009) e ingressou
na carreira docente em 2006 como professora adjunta no CEFET/RJ. Foi do corpo docente
permanente da Engenharia Mecânica da UFRJ de 2010 a 2019. Atualmente é docente
permanente no INSA-Toulouse (Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse) e
pesquisadora no Institut Clément Ader, ambos na área de Processos de Fabricação, especi-
almente usinagem e manufatura aditiva. Na pesquisa atua principalmente nos seguintes
temas: dinâmica das forças de usinagem, fresamento helicoidal para produção de roscas
e furos e, recentemente, furação de compósitos aeronáuticos e máquinas-ferramentas
conectadas.
Adriane Lopes Mougo é bacharel em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal
do Pará (UFPA, 2010), mestre em Materiais e Processos de Fabricação (UFPA, 2012), pós-
graduada em MBA Gestão Empresarial (FGV, 2013) e doutora em Engenharia Mecânica pela
COPPE (UFRJ, 2016). Desde 2015 atua como professora na Coordenação de Engenharia Me-
cânica do CEFET/RJ – Campus Nova Iguaçu, desenvolvendo atividades de ensino e pesquisa
nas áreas de Materiais e Processos de fabricação. Na área de ensino, ministra disciplinas de
usinagem, soldagem, fundição, conformação mecânica e ciência dos materiais. Na pesquisa
desenvolve principalmente temas relacionados à influência do material durante a fabricação
mecânica, tendo como resultado a apresentação de trabalhos em vários congressos e artigos
em periódicos científicos. Atualmente tem interesse no estudo dos aspectos tribológicos
associados ao processo de usinagem e no processo de soldagem de materiais dissimilares.
Fábio de Oliveira Campos possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (2012), é mestre (2014) e doutor (2018) em Engenharia Mecânica
na área de Processos de Fabricação pela COPPE/UFRJ, com doutorado-sanduíche realizado
na University of Illinois at Urbana-Champaign sob orientação de Shiv G. Kapoor. Ingres-
sou na carreira docente em 2018 como professor efetivo na Coordenação de Engenharia
Mecânica do CEFET-RJ, campus de Nova Iguaçu. É responsável por disciplinas na área
de fabricação mecânica, materiais e CAD. Na área de pesquisa, possui experiência em
microfresamento, análise de usinabilidade, monitoramento de processos e modelagem de
forças em usinagem. Atualmente, possui linhas de pesquisa em usinagem de materiais
biocompatíveis, monitoramento de processos de usinagem e manufatura aditiva.
Contra-Capa
O livro Usinagem para Engenharia é uma obra moderna, elaborada com rigor
técnico de alto nível, apresentando conteúdo bastante abrangente na área de
fabricação por usinagem, com elevado padrão de qualidade. Tais características se
devem a uma maturidade técnica, alinhada a uma criteriosa e atualizada pesquisa
bibliográfica, evidenciadas através da linguagem clara e objetiva; da profundidade
com que cada tema é tratado; do padrão das figuras, gráficos, equações e tabelas;
dos exercícios resolvidos e propostos; e da utilização de normas atualizadas.
Trata-se, portanto, de um livro indispensável aos profissionais da área de
usinagem, não apenas para ampliação dos conhecimentos, mas, fundamentalmente,
pela possibilidade de realização de melhorias contínuas nos processos produtivos.
Os autores estão de parabéns por terem desenvolvido um material de contri-
buição tão expressiva, que considero uma referência para o setor metal mecânico.