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Rio de Janeiro
2014
c2014
2
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
___________________________________________________________________
Prof. Luís Henrique Leme Louro – Ph.D., do IME – Presidente
___________________________________________________________________
Prof. José Brant de Campos- D.C., da UERJ/CBPF
___________________________________________________________________
Pesq. Maria Aparecida Pinheiro dos Santos - D.C., do IPqM
___________________________________________________________________
Prof. Rodrigo Felix de Araujo Cardoso - D.C., do CBPF
___________________________________________________________________
Prof. Alaelson Vieira Gomes - D.C., do IME
___________________________________________________________________
Prof. Willian Trindade - D.C., do IME
___________________________________________________________________
Pesq. Ricardo Ponder Weber – D.C., do IME
Rio de Janeiro
2014
3
AGRADECIMENTOS
Inicialmente, agradeço à minha mãe Arlete, ao meu pai Luiz Carlos e na ausê
ncia deste, a meu irmão Luís Claudio, pela educação que me proporcionaram e por
todos os exemplos que tive ao longo de minha vida.
À minha esposa Marcia e aos meus filhos Luiz Carlos e Gabriela, por
preencherem a minha rotina diária com apoio, amor e alegria.
Aos meus orientadores Cel Luis Henrique, Cel Alaelson e Maj Willian, pela
orientação firme e precisa, pela colaboração e pelo apoio paciente e incondicional.
Aos professores do curso de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais, pelos
ensinamentos e conhecimentos passados.
Ao CBPF e à UERJ, pelo apoio na realização de ensaios de Difração de Raio-
X, preparação de amostras e ensaio de microdureza, especialmente ao Prof Brant e
ao aluno de doutorado da UERJ, Ricardo, pela prestimosa colaboração prestada ao
longo deste trabalho.
Ao CAEx, por disponibilizar instalações e mão-de-obra mais do que qualificada
para a realização dos ensaios balísticos, especialmente nas figuras do Ten Cel Gatti,
Ten Cel Malizia, Sgt Marcelo Alves, Sgt Santiago, Sgt Machado e Sgt Furiatt.
Ao CTEx, especialmente, ao Ten Cel Aguiar, ao Maj Brisola, ao Maj Guimarã
es, ao Maj Cardoso e ao SC Andreaze, pela dedicação e inestimável colaboração
para a realização da simulação balística.
À empresa ESSS, que por meio do engenheiro Ivan, colaborou de forma
decisiva para o sucesso das simulações apresentadas neste trabalho.
Aos amigos e colegas que caminharam ao meu lado durante esta jornada,
tornando-a mais agradável. Cito especificamente os companheiros de curso Rubens,
Daniel, Andrea, Suzana e Luís Carlos, com quem dividi o espaço e o trabalho no
Laboratório de Cerâmicos, e o SC Joel, pelas análises em MEV, contando sempre
com o apoio de cada um deles.
Ao Exército Brasileiro, por minha formação desde os 12 anos de idade no Colé
gio Militar do Rio de Janeiro até o curso que ora concluo.
E finalmente, a Deus, por permitir que eu existisse e tivesse a oportunidade de
desfrutar do convívio, da camaradagem e da amizade de todas as pessoas com
quem me relacionei ao longo de toda a minha a vida.
4
“Uma pessoa que nunca cometeu um erro nunca
tentou fazer nada.”
ALBERT EINSTEIN
5
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................................ 09
LISTA DE TABELAS................................................................................................. 15
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS.............................................................. 17
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 21
1.1 Objetivo do Estudo ....................................................................................... 24
6
2.5.7 Tenacidade à Fratura Dinâmica da Alumina com Adições de Nióbia
e Sílica ......................................................................................................... 55
2.5.8 Efeito da Geometria do Alvo no Desempenho Balístico da Alumina Aditivada
com Nióbia ................................................................................................... 55
2.5.9 Cerâmicos para Aplicação como Blindagem................................................ 57
2.5.10 A Penetraçâo do Projétil em Um Alvo Cerâmico.......................................... 59
2.5.11 Influência da Dimensâo da Face de Impacto no Desempenho Balístico de
Materiais Cerâmicos .................................................................................... 61
2.6 Simulação de Impacto Balístico em Cerâmicos ........................................... 64
2.7 Modelo Constitutivo de Johnson-Holmquist ................................................. 66
2.8 Modelo Constitutivo Plástico-Cinemático ..................................................... 70
7
3.10 Avaliação por Ultrassom .............................................................................. 91
3.11 Difração de Raios X (DRX) e Refinamento de Rietiveld .............................. 92
3.12 Simulação Balística...................................................................................... 92
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
9
FIG. 2.16 Métodos de tenacificação para cerâmicas a) reforço por fibras; b)
transformação martensítica e c) microtrincas (MEYERS, 1994).......... 52
FIG. 2.17 Fragmentação de material cerâmico (MEYERS, 1994)........................ 53
FIG. 2.18 Estágios da penetração do projétil (WALLEY, 2009)............................ 60
FIG. 2.19 Resistência à compressão x taxa de deformação para Al2O3
(tamanho de grão = 17 mm) (JR, 2004)................................................ 61
FIG. 2.20 Profundidade de penetração x distância à borda (alvo de SiC x 7,62
Pf WC-Co)............................................................................................. 62
FIG. 2.21 Fratura induzida na aresta da peça (JAMES, 2002) ............................ 62
FIG. 2.22 Diferentes geometrias de aresta testadas............................................. 63
FIG. 2.23 Energia residual x proximidade da aresta (JAMES, 2002).................... 64
FIG. 2.24 Diferença entre as malhas Lagrangeana e Euleriana........................... 66
FIG. 2.25 Tensão x pressão para material intacto e danificado (BÜRGER,
2009)..................................................................................................... 68
FIG. 2.26 Representação esquemática do endurecimento isotrópico (THE
UNIVERSITY OF AUCKLAND - FACULTY OF ENGINEERING)…….. 71
FIG. 2.27 Representação esquemática do endurecimento isotrópico (THE
UNIVERSITY OF AUCKLAND - FACULTY OF ENGINEERING)…… 71
FIG. 3.1 Moinho de bola Marconi modelo MA 500 para preparação da mistura
de pó...................................................................................................... 72
FIG. 3.2 Forno JUNG modelo LF0914 para a sinterização................................. 72
FIG. 3.3 Forno INTI modelo FE 1700 para sinterização em temperaturas mais
elevadas................................................................................................ 73
FIG. 3.4 Agitador de peneiras marca +GF+ tipo PSA......................................... 76
FIG. 3.5 Matrizes para compactação dos corpos verdes.................................... 76
FIG. 3.6 Matrizes para a prensagem da proteção da interface.......................... 77
FIG. 3.7 Prensa hidráulica SKAY de 30 ton........................................................ 77
FIG. 3.8 Rotas de sinterização estudadas.......................................................... 80
FIG. 3.9 Mosaico plano: (a) com proteção de interface; (b) sem proteção de
interface................................................................................................. 81
FIG. 3.10 Geometria da proteção de interface sobre um mosaico de peças cô
ncavo-convexas: (a) angulada ; (b) curva......................................... 81
FIG. 3.11 Provete calibre 7,62 mm com mira laser.............................................. 83
10
FIG. 3.12 Barreira óptica modelo B471 da HPI.................................................... 83
FIG. 3.13 Critérios de penetração (ZUKAS, 1982)................................................ 83
FIG. 3.14 Mosaico balístico com amostras planas................................................ 84
FIG. 3.15 Mosaico balístico com amostras côncavo-convexas de 40 g................ 85
FIG. 3.16 Mosaico balístico com amostras côncavo-convexas de 60 g................ 85
FIG. 3.17 Dspositivo cerâmico de proteção de interface com face de impacto
angulada sobre mosaico plano.............................................................. 85
FIG. 3.18 Dispositivo cerâmico de proteção de interface com face de impacto
angulada sobre mosaico de peças côncavo-convexas......................... 86
FIG. 3.19 Dispositivo cerâmico de proteção de interface com face de impacto
curva sobre mosaico de peças côncavo-convexas............................... 86
FIG. 3.20 Esquema da montagem dos mosaicos e dos alvos............................. 87
FIG. 3.21 Vista frontal e lateral de um alvo........................................................... 87
FIG. 3.22 Fixação do alvo antes do disparo.......................................................... 88
FIG. 3.23 Projétil .50 Pf M2................................................................................... 89
FIG. 3.24 Representação esquemático dos alvos testados contra projétil .50..... 89
FIG. 3.25 Alvo com uma amostra cerâmica de 50 g............................................. 90
FIG. 3.26 Mosaicos balísticos com três peças cerâmicas com (a) e sem (b)
proteção de interface............................................................................. 90
FIG. 3.27 Impacto balístico em alvo plano a) no centro do alvo; b) na metade
da distância da aresta ao centro e c) a ¼ da distância da aresta ao
centro..................................................................................................... 93
FIG. 3.28 Modelo do alvo côncavo-convexo......................................................... 94
FIG. 3.29 Malha de elementos finitos do modelo com geometria côncavo-
convexa................................................................................................. 94
FIG. 4.1 Microestrutura de uma amostra sinterizada convencionalmente com
apenas um patamar............................................................................... 98
FIG. 4.2 Microestrutura de uma amostra sinterizada com patamar de pré-
sinterização........................................................................................... 98
FIG. 4.3 Microestrutura de peças sinterizadas com a composição 2 pela rota
1............................................................................................................. 101
FIG. 4.4 Microestrutura de peças sinterizadas com a composição 2 pela rota
2............................................................................................................. 101
11
FIG. 4.5 Refinamento de Rietveld para o pó da composição 2
sinterizado pela rota 1........................................................................... 103
FIG. 4.6 Refinamento de Rietveld para o pó da composição 2
sinterizado pela rota 2......................................................................... 103
FIG. 4.7 Espectro de EDS de uma amostra C2R2.............................................. 104
FIG. 4.8 Mapeamento dos elementos em uma amostra C2R2........................... 105
FIG. 4.9 Gráfico velocidade x densificação com base na TAB. 4.10.................. 108
FIG. 4.10 Módulo de Elasticidade versus porosidade........................................... 111
FIG. 4.11 Comparação entre uma amostra sinterizada pela rota 1 sem
polimento (a) e polida até ¼ mm........................................................... 112
FIG. 4.12 Padrão das melhores indentações obtidas........................................... 115
FIG. 4.13 Ângulo de yaw de um projétil................................................................ 117
FIG. 4.14 Profundidade do trauma na plastilina em função do tipo de proteção
de interface............................................................................................ 117
FIG. 4.15 Massa de água na deformação da chapa de alumínio para diferentes
geometrias de mosaicos e proteção de interface.................................. 119
FIG. 4.16 a) Alvo sem proteção de interface fixado à plastilina antes do impacto
e b) trauma ocorrido na plastilina pós-impacto...................................... 120
FIG. 4.17 Medida do diâmetro do trauma provocado pelo impacto balístico........ 121
FIG. 4.18 Trauma provocado pelo impacto balístico sobre um mosaico cô
ncavo-convexo com proteção angulada............................................ 121
FIG. 4.19 Trauma provocado pela perfuração de um alvo com peças de 40 g.... 122
FIG. 4.20 Evidência do desvio do projétil pela proteção de interface................... 122
FIG. 4.21 Dano provocado pela perfuração da chapa de alumínio evidenciando
a perfuração por penetração lateral do projétil...................................... 123
FIG. 4.22 Representação esquemática do mecanismo de atuação da proteção
de interface............................................................................................ 124
FIG. 4.23 Configuração esquemática do alvo com aramida substituindo o alumí
nio................................................................................................. 124
FIG. 4.24 Alvo com peças cerâmicas de 40 g modificado após o impacto a)
Mosaico cerâmico; b) Face posterior.................................................... 126
FIG. 4.25 a) Trauma provocado pelo impacto balístico b) Medida da
profundidade.......................................................................................... 126
12
FIG. 4.26 Mosaico balístico sem proteção após o impacto b) face posterior
perfurada do alvo c) trauma na plastilina d) medida da profundidade
do trauma.............................................................................................. 127
FIG. 4.27 Profundidade do trauma na plastilina em função da composição
utilizada no processamento cerâmico................................................... 129
FIG. 4.28 Profundidade do trauma na plastilina em função da rota de sinterizaç
ão utilizada utilizada no processamento cerâmico................ 129
FIG. 4.29 a) Alvo posicionado para receber o impacto, b) plastilina após a
retirada do alvo e c) plastilina nivelada para a medida da
profundidade do trauma (composição 2, rota1)..................................... 130
FIG. 4.30 a) alvo posicionado antes do impacto, b) após o impacto e c)
impressão na plastilina (alvo processado com a composição 1 pela
rota 1).................................................................................................... 130
FIG. 4.31 Marca do impacto de projétil .50 Pf sobre uma chapa de aço balístico
após atingir alvo com componente cerâmico de massa de 55 g........... 132
FIG. 4.32 Perfuração da chapa de aço (cerâmico com massa de 55 g)............... 132
FIG. 4.33 Projétil .50 recuperado na aramida de alvo com componente cerâ
mico de 65 g................................................................................... 133
FIG. 4.34 Diferença de fragmentação do cerâmico a) velocidade do projétil =
720 m/s e b) velocidade do projétil = 848 m/s....................................... 133
FIG. 4.35 Estágios de penetração de um projétil 7,62 comum em um alvo cerâ
mico-alumínio, com peça cerâmica plana e espessura de 10,2
mm......................................................................................................... 135
FIG. 4.36 Energia Cinética do projétil em função do tempo.................................. 136
FIG. 4.37 Energia cinética residual (detalhe da FIG. 4.36 a partir de t = 58 ms).. 137
FIG. 4.38 Comparação entre o dano causado no cerâmico para impacto em
diferentes posições................................................................................ 138
FIG. 4.39 Propagação das ondas de pressão após o impacto............................. 139
FIG. 4.40 Energia cinética de um projétil 7,62 mm comum em função do tempo
para impacto em alvo com componente cerâmico convexo.................. 141
FIG. 4.41 Energia cinética residual (detalhe da FIG. 4.40 após 58 ms)................ 141
FIG. 4.42 Comparação da absorção de energia – alvo plano x convexo.............. 142
13
FIG. 4.43 Comparação entre o dano em alvo cerâmico a) côncavo-convexo e b
plano, no instante t = 25 mm................................................................. 143
FIG. 4.44 Propagação das ondas de pressão em alvo côncavo-convexo............ 144
FIG. 4.45 Taxa de deformação do projétil para impacto contra alvo com
componente cerâmico a) côncavo-convexo e b) plano......................... 144
FIG. A1.1 Modelo geométrico da amostra côncavo-convexa................................ 153
FIG. A1.2 Detalhe da transição na malha dos elementos finitos em um modelo
com geometria côncavo-convexa.......................................................... 154
FIG. A1.3 Partes definidas para o refinamento da malha e respectivos
materiais................................................................................................ 154
FIG. A1.4 Comparação dos resultados do impacto balístico para diferentes parâ
metros a) B = 0,031 e D1 = 0,005 e b) B = 0,46 e D1 = 0,030....... 155
14
LISTA DE TABELAS
TAB. 1.1 Distância entre os impactos e tolerâncias por nível de proteção ............. 23
TAB. 2.1 Constantes do modelo JH-2 para diversos materiais .............................. 70
TAB. 3.1 Análise química da alumina ..................................................................... 73
TAB. 3.2 Análise química da nióbia HP .................................................................. 74
TAB. 3.3 Propriedades do adesivo ......................................................................... 74
TAB. 3.4 Propriedades da aramida......................................................................... 74
TAB. 3.5 Composições utilizadas ........................................................................... 80
TAB. 3.6 Característica do projétil 7,62 mm comum (disponível em
http://www.cbc.com.br/municoes-para-fuzis-e-metralhadoras-subprod-16.html) 82
TAB. 3.7 Amostras utilizadas nos testes balísticos (composição1/ rota1) .............. 84
TAB. 3.8 Especificações do alumínio ..................................................................... 88
TAB. 3.9 Características do projétil.50 Pf M2 (disponível em
http://www.cbc.com.br/municoes-para-fuzis-e-metralhadoras-subcat-12.html) 89
TAB. 4.1 Densificação das proteções de interface sinterizadas pela rota 1 ........... 95
TAB. 4.2 Densificação das proteções de interface sinterizadas pela rota 2 ........... 96
TAB. 4.3 Análise do tamanho de grão das peças da composição 1 ....................... 99
TAB. 4.4 Densificação das peças produzidas com a composição 2 pela rota 1 ... 100
TAB. 4.5 Densificação das peças produzidas com a composição 2 pela rota 2 ... 100
TAB. 4.6 Análise do tamanho de grão das peças da composição 2 ..................... 102
TAB. 4.7 Resultado da análise de EDS – concentração dos elementos .............. 104
TAB. 4.8 Velocidade de propagação do som nas amostras (composição 2,
rota 1)...................................................................................................... 106
TAB. 4.9 Velocidade de propagação do som nas amostras (composição 2,
rota 2)...................................................................................................... 107
TAB. 4.10 Velocidade de propagação das ondas elásticas em amostras cerâ
micas 96% Al2O3 + 4%Nb2O5 - Composição 1 (GOMES, 2004 e
TRINDADE, 2012)................................................................................... 107
TAB. 4.11 Comparação entre os valores dos resultados medidos e os esperados
segundo a Eq. 4.1................................................................................... 109
15
TAB. 4.12 Valores calculados das velocidades de propagação das ondas elá
sticas e das propriedades elásticas das amostras............................. 109
TAB. 4.13 Parâmetros da equação para estimativa do módulo de elasticidade de
(E) de cerâmicos à base de alumina e nióbia (TRINDADE, 2012)......... 110
TAB. 4.14 Comparação entre os valores do módulo de elasticidade calculados
com base na velocidade de propagação da onda elástica e com base
na porosidade......................................................................................... 111
TAB. 4.15 Módulo de elasticidade para diferentes amostras .................................. 112
TAB. 4.16 Resultados do ensaio de microdureza (amostras sinterizadas com a
composição 2)......................................................................................... 113
TAB. 4.17 Comparação entre os valores de microdureza deste trabalho e os da
literatura................................................................................................... 114
TAB. 4.18 Resultados dos testes balísticos – impacto sobre a junção ................... 116
TAB. 4.19 Resultado do teste balístico – massa de água na placa de alumínio
deformada................................................................................................ 119
TAB. 4.20 Resultados dos testes balísticos com impacto no centro das peças
sem proteção de interface...................................................................... 120
TAB. 4.21 Resultados balísticos dos alvos com peças de 40 g modificados.......... 125
TAB. 4.22 Teste balístico comparativo entre diferentes composições, rotas e
geometrias............................................................................................... 128
TAB. 4.23 Resultados para a munição .50 Pf – alvos com apenas um
componente cerâmico 131
TAB. A2.1 Dados de entrada da alumina (McINTOSH, 1998) ................................ 157
TAB. A2.2 Dados de entrada do alumínio (KRISHNAN, et. al, 2008) ..................... 157
TAB. A2.3 Dados de entrada do chumbo (KRISHNAN, et. al, 2008) ...................... 157
TAB. A2.4 Dados de entrada da jaqueta (KRISHNAN, et. al, 2008) ....................... 158
TAB. A2.5 Definição das partes e respectivos materiais......................................... 158
TAB. A2.6 Definição de contatos ............................................................................ 159
16
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ABREVIATURAS
SÍMBOLOS
17
E – Módulo de Elasticidade
G – Módulo de Cisalhamento
P – Pressão
– Tensão
T – Espessura de Pastilhas Cerâmicas
Up – Velocidade das Partículas
Us – Velocidade da Onda de Choque
V – Velocidade
– Ângulo de Incidência
λ – Constante de Lamé
– Coeficiente de Poisson
ρ – Densidade
ρverde – Densidade a Verde
18
RESUMO
19
ABSTRACT
The goal of this work was to minimize the edge effect over alumina based
ceramic armor. In order to do so it was attempted to introduce a pre-sintering dwell
time treatment intended to provide a finer and more homogeneous microstructure,
resulting in a harder and strengthener material, thus a more ballistic resistant
ceramic. In addition, the placing of a ceramic device on the weak interface between
ceramic pieces was investigated.
The pre-sintering dwell time did not result in a statistical significant reduction in
the grain size, possibly due to the lack of an adequate deflocculant during the milling,
the low compactation pressure of the green bodies, or the presence of niobia,
favoring the grain growth.
The interface protection ceramic device proved to enhance the ballistic
resistance of the armor, acting decisively to the observed satisfactory performance
when the ceramic sample was hit near the interface between two or three ceramic
pieces. Comparatively, the situation in which the ballistic ceramic was tested without
the protection device the armor system was unefficient..
The simulations performed showed the reduction of the ballistic performance as
the impact was closer to the ceramic edge confirming the experimental results
achieved in this work. It was also possible to confirm the better ballistic performance
of the concave-convex samples when compared to the plan samples, highlighting thr
influence of the ceramic shape on it´s protection performance.
20
1 INTRODUÇÃO
21
cleos de chumbo, aço e até mesmo de carbeto de tungstênio (CAMARGO, 1993 e
MEDVEDOVSKI, 2005).
A fabricação da alumina apresenta custo relativamente baixo, pois ela pode ser
conformada por meio de prensagem, injeção, colagem por barbotina,dentre outros
métodos, e sinterizada sem a utilização de equipamentos dispendiosos, tais como
fornos especiais com atmosfera controlada (MEDVEDOVSKI, 2006).
A busca pela densificação máxima da alumina tem sido um dos principais focos
de estudos na área de cerâmicos avançados. Essa densificação é muitas vezes
obtida através da sinterização em presença de fase líquida, que permite a sinterizaç
ão em temperaturas mais baixas, além de proporcionar maior homogeneidade e
uniformidade de densificação, quando comparado à sinterização em presença de
fase sólida. A fase líquida ocorre através da incorporação de aditivos de sinterização
formadores de fases eutéticas (CASTRO, 2005).
Dentre os aditivos possíveis de serem utilizados para a sinterização auxiliada
por fase líquida da alumina, tem-se a nióbia, investigada há alguns anos no Instituto
Militar de Engenharia (IME). O cerâmico obtido apresenta propriedades mecânicas
compatíveis para o emprego em blindagens, sem, no entanto, alcançar a densificaçã
o total, porém, reduzindo consideravelmente a temperatura de sinterização, que
reduz o custo da blindagem.
Resultados de pesquisa realizada no IME revelaram que a presença de fase ví
trea aumenta a absorção de ondas de choque, melhorando o desempenho balístico
do material (CHAVES, et al., 1996).
O Departamento de Engenharia Mecânica e de Materiais do IME realiza
pesquisas na área de blindagem a fim de desenvolver técnicas de obtenção de
materiais cujas propriedades sejam compatíveis para o emprego como proteção balí
stica. A finalidade é desenvolver tecnologia autóctone que atenda aos requisitos
operacionais estabelecidos pelo Exército Brasileiro, utilizando, preferencialmente,
matéria prima nacional, visando a redução de custos, bem como a obtenção e o
domínio de conhecimentos estratégicos.
Os sistemas de blindagens modernos devem oferecer proteção balística “multi-
hit”, isto é, contra múltiplos disparos. Por essa razão, as blindagens de veículos
militares são submetidas aos procedimentos de testes previsto na norma AEP – 55 “
Procedures for Evaluating the Protection Levels of Logistic and Light Armoured
22
Vehicles for KE and Artillery Threats” (Organização do Tratado do Atlântico Norte -
Agência de normatização da OTAN , 2011). O requisito de resistência a múltiplos
disparos exige que a blindagem testada resista a pares de disparos com distância de
25 mm entre os respectivos centros de impacto, distando cada par, ao menos 100
mm do par mais próximo, conforme a FIG. 1.1.
23
é praticamente toda comprometida, de forma que, se suas dimensões forem
grandes, a área vulnerável resultante não possibilitará atender ao requisito de mú
ltiplos impactos. Assim, a dimensão das peças cerâmicas deve ser definida
observando-se um compromisso entre o desempenho balístico (tendências de peças
maiores) e o requisito de múltiplos impactos (tendência de peças com dimensões
reduzidas) (HAZELL, et al., 2008).
24
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
25
blindagens de aço tradicionais (NORMANDIA, et al., 2004). Estas características
devem nortear o “projeto microestrutural” de tais cerâmicos.
A maioria das blindagens cerâmicas disponíveis sacrifica uma microestrutura
com grãos refinados para minimizar a porosidade, resultando em grãos maiores que
1m. Devido a essas restrições no processamento, muito pouco progresso tem sido
obtido na obtenção de materiais cerâmicos totalmente densificados com grãos
nanométricos para aplicação em blindagem, apesar de os dados disponíveis
sugerirem uma melhora expressiva do desempenho balístico nessas condições. Alé
m disso há indícios empíricos de que há um regime de resposta balística altamente
favorável para cerâmicos com grãos menores. A equação de Hall-Petch prevê o
aumento da resistência e da dureza com a redução do tamanho do grão, ao passo
que estruturas nanométricas exibem uma tendência para plasticidade efetiva
localizada, o que pode contribuir para uma melhora no desempenho balístico
(RAYKAR, et al., 2007).
A sinterização da alumina em presença de fase líquida resulta em maior
densificação a temperaturas mais baixas, o que pode contribuir para uma
microestrutura final com grãos menores.
2.2 ALUMINA
27
Observa-se uma pequena variação para uma vasta gama de materiais. Levando-se
em conta o parâmetro (custo x massa 2)-1, considerando a massa mais relevante que
o custo (FIG. 2.3), verifica-se que a alumina, em três variações, é a opção mais
atraente (JAMES, 2002).
FIG. 2.2 Massa requerida para resistir a uma determinada ameaça (JAMES, 2002)
FIG. 2.3 Parâmetro 1/(custo x massa2) para diferentes materiais (JAMES, 2002)
28
2.3 ÓXIDO DE NIÓBIO OU NIÓBIA
2.4.1 CARACTERIZAÇÃO DO PÓ
30
tamanhos, forma, grau de aglomeração, composição química e pureza (RAHAMAM,
2003).
31
compacto verde. Observou-se que homogeneidade microestrutural dos corpos
verdes obtidos a partir do pó preparado com álcool é comparativamente maior que a
do pó preparado com água deionizada. Isto ocorreu porque a pressão de compactaç
ão utilizada em ambos os casos (200 MPa) é maior que a resistência dos
aglomerados do pó preparado com álcool, ocasionando a quebra dos aglomerados,
o que não ocorre para os aglomerados do pó a partir do sistema alumina-água.
Nessa condição de compactação, o pó de alumina preparado com álcool dá origem
a aglomerados macios, ao passo que o oriundo da solução em água deionizada,
origina aglomerados duros (LI, et al., 2000).
2.4.1.3 CONFORMAÇÃO DO PÓ
32
conformada por prensagem ou deformação, e (3) moldagem a partir de uma
suspensão concentrada ou barbotina (RAHAMAM, 2003).
A compactação do pó por prensagem a seco é o método preferido e mais
usado pela indústria para conformação de peças cerâmicas devido à alta eficiência
do processo, que possui duas variantes: prensagem uniaxial e prensagem isostática.
Ambos os métodos podem ser automatizados e usados para a produção em massa
de peças cerâmicas. A prensagem uniaxial produz peças com dimensões precisas
em grande quantidade, em menor tempo. No entanto, via de regra, pós muito finos
não possuem as características de escoamento requeridas para o processo, e
precisam ser transformados em grânulos. Outro problema resulta da falta de
uniformidade na transmissão da pressão, levando ao arranjo não uniforme de partí
culas e variação na densidade nos compactos verdes, o que pode causar
crescimento de grão não uniforme e outros defeitos de sinterização (OBERACKER,
2012).
Neste trabalho, será empregada a prensagem uniaxial a seco. As operações
envolvidas neste processo são o preenchimento da matriz, compactação do pó sob
uma determinada pressão e ejeção do compacto verde da matriz. (OBERACKER,
2012).
Tolerância geométrica apertada, pequenas variações na densidade,
homogeneidade do empacotamento, e resistência mecânica suficiente para o
manuseio, retirada do ligante e a sinterização são outras propriedades requeridas do
corpo verde. Essas propriedades são determinadas pelo comportamento do pó
durante o preenchimento do molde (OBERACKER, 2012).
Para que o sistema de pós atinja seu empacotamento máximo é necessário
que as partículas se posicionem de maneira otimizada pela combinação adequada
de tamanhos de partículas e técnica de conformação, pois a mesma distribuição
pode gerar empacotamentos distintos (TRINDADE, 2012).
2.4.2 SINTERIZAÇÃO
33
resultado, o material inicialmente estabelece contato mútuo em nível atômico,
adquire resistência mecânica, e experimenta aumento de densidade, acompanhado
de crescimento do grão (REED, 1995).
Durante a sinterização, o corpo cerâmico é conduzido ao equilíbrio químico e fí
sico, proporcionado por reação química e por difusão, podendo haver transformaçõ
es de fase. A redução da energia superficial e da energia de deformação se dá pelo
crescimento dos grãos, eliminação dos poros e pela separação de fase no
resfriamento (TRINDADE, 2012).
A força motriz para sinterização pode ser (1) a curvatura da superfície das partí
culas, (2) uma pressão externa aplicada, e (3) uma reação química (RAHAMAM,
2003)
Existem, rigorosamente falando, dois tipos básicos de sinterização: por fase só
lida e por fase líquida. Os dois são capazes de densificar total ou parcialmente a
estrutura, sendo que com o primeiro tipo é possível se obter uma estrutura com
porosidade controlada, enquanto que o fechamento total da porosidade é mais
facilmente obtido através da sinterização pelo segundo método (SILVA, 1998).
34
aquecimento, a estrutura de poros se torna mais uniforme (REED, 1995, BRITO,
2005).
O estágio intermediário é caracterizado por uma estrutura de poros conectados
entre si e por canais à superfície livre, por crescimento dos grãos e pelo aumento do
livre caminho médio de difusão resultante de um afastamento entre fontes e
sumidouros de lacunas. A porosidade é mais uniforme e cilíndrica. Neste estágio
tem-se a maior redução da porosidade. A força motriz é menor que a inicial e o está
gio termina quando os poros conectados entre si e com a superfície tornam-se
isolados, aprisionando o gás do ambiente da sinterização (ROCHA, 1981, BRITO,
2005). A eliminação desses poros isolados é muito difícil. A densidade neste estágio
é próxima de 92% da densidade final. Para material heterogêneo a densidade é
menor que 82%. É importante ressaltar que as propriedades do compacto são
predominantemente desenvolvidas neste estágio (REED, 1995).
No estágio final, os poros cilíndricos colapsam em poros esféricos (com menor
energia superficial), isolados entre si. É caracterizado por uma baixa força motriz
necessária ao processo de difusão e pelo evidente crescimento de grão. Para que a
densidade teórica seja alcançada, é necessário que o gás, aprisionado nos poros, se
difunda pela rede do cristal até a superfície livre. Exemplo de gases solúveis e não
solúveis, na alumina, são o hélio e o argônio (ROCHA, 1981).
Uma das principais consequências da presença de contornos de grão é a
ocorrência de crescimento de grão e a presença de poros durante a sinterização, o
que se configura em uma rota alternativa para a redução da energia livre do sistema,
reduzindo a força motriz para a densificação. Ocorre a chamada competição entre a
densificação e o crescimento do grão (RAHAMAM, 2003).
O transporte de material durante a difusão ocorre das regiões de maior
potencial químico (fontes de matéria) para regiões de menor potencial químico. Há,
pelo menos, seis diferentes mecanismos de sinterização em materiais policristalinos
(FIG. 2.5).
35
FIG. 2.5 Mecanismos de transporte de matéria (RAHAMAM, 2003)
36
2.4.2.2 SINTERIZAÇÃO EM PRESENÇA DE FASE LÍQUIDA
FIG. 2.6 Diferentes molhamentos mostrando que quanto menor o ângulo de contato
, melhor a molhabilidade
37
e da espessura do contorno. Na sinterização com fase líquida, o parâmetro
correspondente é o produto da taxa de difusão dos átomos de soluto no líquido e da
espessura da camada líquida. Como a espessura da camada líquida é, tipicamente,
muitas vezes maior que a espessura do contorno, e a difusão em um líquido é muito
mais rápida que em um sólido, o líquido se configura em um caminho para melhor
transporte de massa. Considerando que o líquido molha e se espalha pela superfície
sólida, a interface sólido vapor do sistema de partículas será eliminada formando
poros no líquido. A força motriz para a densificação é a redução da área de interface
líquido-vapor (RAHAMAM, 2003).
38
Além de alguma porosidade que pode persistir, a microestrutura do cerâmico
produzido por sinterização em presença de fase líquida consiste de duas fases: (1)
os grãos cristalinos e (2) a fase do contorno de grão resultante do líquido.
Geralmente, a fase do contorno de grão é amorfa. Dependendo da composição do
particulado sólido e da fase líquida, pode-se observar desde grão equiaxiais a grãos
alongados com lados curvos ou facetados. Para sistemas com energia de interface
isotrópica, quando a quantidade de líquido é moderada (acima de 5% vol), grãos
arredondados são observados (FIG. 2.9a). Para volumes maiores de líquido, a forma
dos grãos se torna esferoidal. Para pequena fração volumétrica de liquido (entre 2 e
5 % vol), os grão modificam bastante a sua forma, com morfologia nas quais a área
entre grãos vizinhos é plana (FIG. 2.9b). A mudança da forma permite que os grão
se empacotem de maneira mais eficiente, fenômeno conhecido como acomodação
da forma do grão. Quando a energia interfacial não é isotrópica, pode ocorrer o
crescimento anisotrópico abnormal dos grãos. Os grãos podem assumir a forma
prismática para grande volume de líquido (FIG. 2.9c), enquanto para menores
conteúdo de líquido, grãos alongados com lados curvos ou facetados são
observados (FIG. 2.9d) (RAHAMAM, 2003).
39
Na maioria dos sistemas de sinterização em presença de fase líquida, a
energia de interface exerce um papel dominante na taxa de sinterização. Nessas
condições a sinterização em presença de fase líquida pode ser descrita como uma
sequência de três estágios dominantes (FIG. 2.10): (1) redistribuição do líquido e
rearranjo de partículas sólidas sob a ação dos gradientes das forças de capilaridade,
(2) densificação e acomodação da forma do grão por solução reprecipitação e (3)
estágio final da sinterização dirigida pela porosidade residual no líquido.
40
2.4.3 ADITIVOS
41
não melhoram o grau de densificação da alumina a baixas temperaturas. Por outro
lado, observa-se um aumento significativo da densificação com o aumento da
temperatura de sinterização e da concentração de aditivo. Observa-se, ainda, que a
nióbia promove o crescimento de grão da alumina e que o tamanho do grão é maior
para maiores concentrações de nióbia (Hsu, et al., 2008).
42
A pré-sinterização promove: (1) a formação de um compacto mais resistente
devido ao aumento da formação de pescoço entre as partículas; (2) a eliminação de
partículas mais finas; (3) a distribuição mais estreita no tamanho dos poros e das
partículas. A taxa de densificação no estágio inicial da sinterização é reduzida
devido à eliminação das partículas mais finas (e dos poros menores a elas
associados) ocasionada pelo pré-tratamento. Desta maneira, a densificação
localizada observadas em peças sinterizadas que não são submetidas ao patamar
de pré-sinterização é reduzida, diminuindo também a diferença de densificação entre
regiões da peça no estágio inicial de sinterização e as flutuações de densidade no
corpo cerâmico (SOUZA, 2011).
A introdução de tratamento isotérmico na curva de aquecimento, a
temperaturas abaixo daquela em que se verifica o processo de contração acentuada
da peça, influencia o desenvolvimento da microestrutura final, pois promove o
refinamento microestrutural do compacto de partículas. O estágio de pré-densificaçã
o promove um estreitamento da distribuição do tamanho de partículas o que
proporciona a densificação final a uma taxa máxima. A homogeneidade
microestrutural em relação aos poros e ao tamanho de partículas retarda o
fechamento da rede de poros, de forma que ainda existem poros abertos até
densidades mais elevadas, inibindo o crescimento do grão (CHINELATTO, et al.,
2012).
A FIG. 2.11 apresenta a comparação da microestrutura final da alumina
sinterizada a 1500oC por duas horas (a) com a da alumina sinterizada a 1500 oC por
duas horas, após patamar de 1050oC também por duas horas (b). Observa-se
claramente que o estágio de pré-densificação introduzido à curva de sinterização
promoveu o controle do tamanho do grão (CHINELATTO, et al., 2012).
Outro tipo de sinterização em dois estágios que resulta em elevada densificaçã
o e controle do tamanho de grão consiste na elevação da temperatura até uma
temperatura superior àquela de taxa máxima de retração da peça (máxima taxa de
sinterização), seguida do resfriamento e manutenção do material a uma temperatura
mais baixa por um dado tempo. No entanto, esse processo não é adequado para a
produção em grande escala devido a problemas de transferência de calor e aos
gradientes de temperatura elevados gerados em fornos grandes (PALERMO, et al.,
2011).
43
Estudos demonstraram que a fim de se obter material cerâmico nano-
estruturado com densificação total por meio de sinterização a pressão atmosférica
de pós nanométricos, é essencial uma boa dispersão do pó e a escolha adequada
do método de conformação (PALERMO, et al., 2011).
O controle da curva de aquecimento combinado com a presença de inclusão de
nanopartículas pode otimizar ainda mais a microestrutura, pois as inclusões exercem
um efeito de ancoragem na migração do contorno de grão, o que reduz o
crescimento do grão durante a sinterização.
FIG. 2.11 Micrografia de amostras alumina sinterizada (a) a 1500oC por 2 h e (b) a
1500oC por 2 h após 1050oC por 2h (CHINELATTO, et al., 2012)
44
Taxas de deformação elevadas tornam o evento do carregamento
(carregamento dinâmico) um fenômeno localizado que se propaga no sólido como
uma onda de tensão, cuja frente delimita a região deformada da região não
deformada. As tensões são transferidas de átomo para átomo, deslocando-se atravé
s do corpo em velocidades específicas, que podem ser calculadas com boa
aproximação. Existem vários tipos de ondas de tensão, descritas como (MEYERS,
1994, ZUKAS, 1980):
a) Longitudinais (Cl ou C0): também denominadas irrotacionais, primárias, de
dilatação ou tipo P (sismologia);
b) Cisalhantes (Cs): também conhecidas como de distorção, transversais,
isovolumétricas, secundárias ou SH ou SV;
c) Superficiais ou de Rayleigh (Cr) – ondas do mar;
d) Interfaciais ou de Stonely e Love (ondas sismológicas) – ondas sísmicas;
e) De flexão em barras ou placas – vibração de estruturas.
O comportamento balístico dos materiais envolve sua reposta dinâmica a altas
taxas de deformação. De acordo com o nível de tensão existente no material, pode-
se ter como resposta à solicitação externa ondas elásticas, plásticas e de choque
(CARDOSO, 2005).
A onda elástica é aquela que transmite tensões que estejam no regime elástico
do material. A velocidade da onda elástica (Co) em um meio contínuo depende da
densidade do material (ρ) e do seu módulo de elasticidade (E), sendo dada por:
Eq. 2.1
= Eq. 2.2
45
onde dσ/dε é a inclinação da reta tangente à curva tensão x deformação (FIG. 2.12),
σ é a tensão, ε é a deformação na região plástica e ρ é a densidade (MEYERS, 1994
e CARDOSO, 2005).
FIG. 2.12 Curva tensão versus deformação em um material dúctil (MEYERS, 1994).
47
onde Us é a velocidade de propagação da onda de choque, Up a velocidade
das partículas, ρ0 a densidade do material antes da passagem da onda de choque e
ρ a densidade do material durante a passagem da onda de choque; P 0 é a pressão
antes da passagem da onda de choque e P a pressão durante a passagem desta
onda; V0 é o volume específico do material antes da passagem da onda de choque e
V o volume durante a passagem desta onda; E 0 a energia interna do material antes
da onda passar e E a energia interna durante a passagem da onda (MEYERS,
1994).
As hipóteses que tornam válidas as equações de conservação da massa,
energia e momento linear são as seguintes:
a) o choque pode ser considerado uma superfície descontínua e não possui
espessura aparente;
b) o módulo de cisalhamento (G) é desprezado no sólido submetido a pressões
muito elevadas;
c) forças volumétricas (como a gravitacional) são desprezíveis, em comparação
com o carregamento quase estático, bem como a condução de calor na frente de
choque (processo adiabático);
d) não há comportamento elastoplástico;
e) não há transformação de fase.;
Quando a pressão aumenta na frente de choque ela não segue uma curva P-
V/V0, mudando descontinuamente de um valor P0 para um valor P1 (FIG. 2.14). A
reta de Rayleigh explica esta descontinuidade na pressão (ou densidade) durante o
choque. A inclinação da reta de Rayleigh é proporcional ao quadrado da velocidade
da onda de choque Us (MEYERS, 1994 e TRINDADE, 2012) .
48
FIG. 2.14 Gráfico da reta de Rayleigh (MEYERS, 1994).
49
hidrostática depende muito pouco da resistência e da plasticidade, e a componente
desviatória é praticamente independente da pressão (LEE, 2008).
50
FIG. 2.15 Tipos de fratura (MEYERS, 1994, SOUSA, 1999)
51
FIG. 2.16 Métodos de tenacificação para cerâmicas a) reforço por fibras; b)
transformação martensítica e c) microtrincas (MEYERS, 1994)
52
é gerada no ponto de impacto e se propaga com uma frente esférica, gerando tensõ
es tangenciais trativas. Isso cria trincas radiais a partir do ponto de impacto. Quando
esta onda compressiva alcança a superfície livre ela se reflete como onda trativa,
provocando trincas adicionais. A nucleação de microtrincas na passagem da onda
compressiva ocorre preferencialmente nos defeitos pré-existentes no cerâmico,
criando condições para ocorrência de estados de tensão trativos localizados nestas
regiões. No caso de poros esféricos, as microtrincas nucleiam paralelas à carga
aplicada. Para poros elípticos, as microtrincas são geradas nas superfícies de menor
raio de curvatura, por serem essas superfícies concentradores de tensões. A
anisotropia elástica nos contornos de grãos da alumina policristalina faz com que os
mesmos sejam regiões preferenciais para a nucleação de microtrincas (MEYERS,
1994, MEYERS, 1989 e LOURO, et al., 1988).
Em experimento de impacto com placas voadoras, verificou-se que o pulso
compressivo promove iniciação de microtrincas. Desta forma a onda trativa gerada
por reflexão na superfície livre provoca mais danos que um pulso trativo
atravessando um material virgem, isto é, um material que não tenha sido
atravessado por um pulso compressivo.
53
interseções entre elas, gerando fragmentos devido ao coalescimento das trincas que
se propagam, como observado na FIG. 2.17 (MEYERS, 1994).
Os resultados de ensaios na barra Hopkinson, aliados a análises por meio das
técnicas VISAR e de recuperação e análise de fragmentos por microscopia eletrô
nica de varredura e de transmissão, bem como por DRX e Rietveld, para a alumina
com tamanho médio de grão de 10 m, considerada alumina grosseira, sugerem que
quando ocorre o impacto, a densidade de defeitos aumenta. Com a propagação da
onda de choque pela alumina, pode haver iniciação de microtrincas por
cisalhamento ou torção, em um ou vários grãos com orientação cristalográfica favorá
vel, resultando no crescimento, coalescimento e propagação de diversas trincas,
provocando fragmentação e cominuição da microestrutura. Os resultados obtidos
também apontam para uma relação linear entre o tamanho de grão e o limite elástico
de Hugoniot (HEL) (Mukhopadhyay, et al., 2009).
54
uma energia de propagação superior à requerida para propagação de uma fratura
transgranular. A presença de aditivos que tendam a segregar nos contornos de grã
os, fragilizando-os, provoca fratura intergranular. (TRACY, et al., 1986).
55
devido à maior dispersão das tensões no alvo com a geometria convexa. A maior
presença de partículas finas, observadas nos ensaios balísticos do alvo convexo,
indica que a ação do cerâmico durante os primeiros instantes do contato com o
projétil foi mais intensa, confirmando os resultados da simulação realizada
(GOMES, 2004).
Observou-se que dentre as amostras investigadas e avaliadas, aquelas
sinterizadas a 1450o C/3h, com 4% de nióbia, tiveram o melhor desempenho
(GOMES, 2004).
A resistência à penetração no cerâmico é fundamentalmente dependente das
propriedades de resistência do material cominuído, o que foi confirmado pelo melhor
desempenho balítico da amostra com maior densificação, coesão entre os grãos e
geometria convexa. Nesta situação, a cominuição mais intensa aumenta o tempo de
destruição da interface do projétil, confirmando o resultado da simulação (GOMES,
2004).
A onda de relaxação refletida na parede de contorno do alvo pode resultar em
fraturas secundárias na frente da fratura principal. Isto foi demonstrado pela baixa
eficiência do alvo plano quando o impacto se deu afastado do centro do alvo. No
caso do alvo convexo, esta perda de eficiência não foi observada devido à dispersão
da frente de onda compressiva pela geometria convexa, e pela dispersão da onda
trativa refletida pelas paredes laterais do alvo (GOMES, 2004).
Estudos complementares realizados no Instituto Militar de Engenharia, com
vistas à determinação do melhor desempeho de sinterização da alumina aditivada
com nióbia, proporcionaram o estabelecimento de uma nova rota de aquecimento
para eliminação do ligante, para o patamar de sinterização à temperatura de 1450o C
por três horas e pressão de compactação à verde de 60 MPa. Adicionalmente,
confirmou-se o melhor desempenho balístico dos alvos com geometria convexa e
concluiu-se que as amostras com menor tamanho de grão apresentam melhor eficiê
ncia balística (TRINDADE, 2012).
56
2.5.9 CERÂMICOS PARA APLICAÇÃO COMO BLINDAGEM
Eq. 2.11
= Eq.
2.12
57
onde cmin é a espessura mínima do cerâmico necessária para impedir a penetração
completa de uma dada ameaça no bloco de alumínio sobre o qual se apoia o cerâ
mico, x é profundidade de penetração do mesmo projétil, com a mesma velocidade,
incidindo diretamente em um bloco de alumínio, e ρAl e ρcer representam a
densidade do alumínio e do cerâmico, respectivamente (WALLEY, 2009).
Experimentos realizados usando três diferentes projéteis contra uma variedade
de espessuras de cerâmico mostram que a eficiência balística, conforme definida
pela Eq. 2.12, é quase independente da espessura, podendo ser considerada como
uma propriedade do material, exceto para os casos em que a espessura do cerâ
mico é muito pequena. Os resultados obtidos indicam que a espessura do cerâmico
deve ser, pelo menos, igual a metade do diâmetro do projétil. Adicionalmente,
verificou-se que as peças cerâmicas testadas apresentaram a mesma eficiência balí
stica contra projéteis calibre 7,62 mm, .50” (12,7 mm) e 14,5 mm, o que foi atribuído
ao fato de os três serem muito similares quanto à forma e possuírem quase a
mesma velocidade de impacto (WALLEY, 2009).
Sob tensões suficientemente elevadas, o que usualmente ocorre para altas
taxas de carregamento ou confinamento, condições essas que prevalecem na região
à frente do projétil na superfície da blindagem, observa-se a deformação plástica nos
cerâmicos. Esta deformação plástica provoca a nucleação de microtrincas que
crescem e coalescem, originando os fragmentos. Para pequenas taxas de deformaç
ão, a resistência dos cerâmicos independe da taxa de carregamento. Acima desse
limite aproximado, ocorre a transição para um regime de rápido aumento da resistê
ncia (JR, 2004).
Materiais cerâmicos submetidos a baixas pressões de confinamento sofrem
fratura essencialmente frágil. Com o aumento da pressão de confinamento, o
material sofre uma transição frágil-para-dúctil, caracterizada pelo aumento da resistê
ncia do cerâmico antes da falha, em um efeito semelhante ao observado nos casos
de altas taxas de deformação (JR, 2004) .
58
2.5.10 A PENETRAÇÂO DO PROJÉTIL EM UM ALVO CERÂMICO
59
es e cisalhamento (quanto maior o valor, maior a resistência do material à cominuiçã
o), (2) da resistência do material cerâmico a escoar sob grandes pressões de
confinamento (o pó resiste a escoar para fora do caminho do projétil), (3) da
expansão do material devido à fratura, que pode reduzir o diâmetro do furo
provocado pelo projétil, causando danos ou a ruptura do mesmo, e (4) a abrasão do
pó que contribui com a erosão do projétil, resultando em menor massa impactando a
placa de apoio (WALLEY, 2009).
60
FIG. 2.19 Resistência à compressão x taxa de deformação para Al2O3 (tamanho de
grão = 17 m) (JR, 2004)
61
para impactos com distância à borda inferior a 30 mm, a eficiência balística do
material é bastante reduzida. A profundidade de penetração no policarbonato, para
impacto do projétil a 12 mm da borda, foi da ordem de três vezes a profundidade
observada para impacto à 42 mm da borda mais próxima (FIG. 2.20) (HAZELL, et
al., 2008).
Portanto, conclui-se que quanto menor o tamanho da peça, menor será sua
eficiência balística, a partir de um dado tamanho crítico (no caso do SiC, a eficiência
se reduz para dimensões inferiores a 70 mm x 70 mm) (HAZELL, et al., 2008). Isso
já era esperado, já que as ondas compressivas se refletirão na interface lateral mais
rapidamente, no caso de peças menores, contribuindo para a propagação das
trincas secundárias no material cerâmico.
62
Se as ondas de tensão produzidas pelo impacto se propagarem de maneira
eficiente pela borda da peça cerâmica, a integridade da aresta pode ser mantida por
um período maior, melhorando o desempenho. A FIG. 2.21 mostra falhas induzidas
na aresta da peça cerâmica pela propagação de ondas de tensão a partir do ponto
de impacto. O impacto mais próximo à aresta exacerba esse comportamento. A
investigação de diferentes perfis de aresta de peças cerâmicas de 6 mm de
espessura em mosaico, submetidas ao impacto balístico de um projétil 7,62 Pf,
permitiram concluir que as peças com arestas chanfradas a um ângulo de 45o são as
que apresentam melhor desempenho dentre as configurações testadas (FIG. 2-22 e
FIG. 2.23). A configuração LAT 45o proporcionou uma economia de 30% da massa,
sem considerar as peças com maior espessura (JAMES, 2002).
63
FIG. 2.23 Energia residual x proximidade da aresta (JAMES, 2002)
64
Esses códigos são geralmente baseados nas equações de conservação, nas
equações constitutivas do material (comportamento do material nos regimes elá
stico, plástico e hidrodinâmico – choque), nas equações de estado e nos modos de
falha (fratura, estilhaçamento e formação de bandas de cisalhamento). Podem ser
classificados como Lagrangeanos ou Eulerianos, de acordo com o sistema de
coordenados empregados para o equacionamento dos fenômenos. Os
Lagrangeanos têm um entendimento mais direto, porém, em problemas envolvendo
grandes deformações e mistura de materiais, o uso do referencial Euleriano se faz
necessário. A fim de minimizar as deficiências, novos códigos que combinam o mé
todo Lagrangeano e Euleriano foram desenvolvidos, valendo-se das vantagens da
adoção de um ou de outro sistema de coordenadas. Dessa forma, o referencial
Lagrangeano é utilizado inicialmente, visto que são numericamente mais eficientes,
até que se atinja uma deformação crítica. Desse ponto em diante, a partir de uma
nova malha, utiliza-se o referencial Euleriano para a solução de problemas
envolvendo grandes deformações (MEYERS, 1994).
Nos códigos Lagrangeanos a malha se move e distorce com o movimento do
material, permitindo uma clara identificação das fronteiras e interfaces. Como o
material e a malha se deformam juntos, os códigos Lagrangeanos podem facilmente
determinar o comportamento do material em função do tempo. Em se tratando de
impacto a altas velocidades, esses códigos apresentam sérios problemas causados
por grandes deformações da malha, o que reduz demais o intervalo de integração,
interrompendo a solução numérica (LEE, 2008).
Os códigos Eulelianos, por sua vez, se baseiam em uma malha fixa pela qual
escoa o material. Assim, a malha deve ser suficientemente grande para abranger
toda área onde ocorre o evento, incluindo a área inicialmente vazia para a qual pode
escoar o material, conforme se desenvolve a solução. A FIG. 2.24 mostra uma
comparação entre uma malha Lagrangeana e Euleriana para o impacto de um projé
til cilíndrico contra uma placa. Em virtude de sua malha fixa, os códigos Eulerianos
podem resolver problemas envolvendo grandes deformações, sem gerar distorção
da malha. O estado instantâneo do material pode ser determinado, mas o histórico
não pode ser obtido sem que se incorpore uma rotina adicional ao código. Os có
digos Eulerianos podem determinar o fluxo de massa, momento e energia pelas
fronteiras de uma célula, possibilitando a solução de problemas envolvendo a
65
mistura de materiais. Todavia, essa capacidade pode tornar difícil a identificação
clara de fronteiras e interfaces (LEE, 2008).
66
comparação direta entre diversos materiais (JOHNSON, et al., 1993) e (CRONIN, et
al., 2004).
É um fato conhecido que o dano em cerâmicos se inicia na forma de pequenas
trincas que crescem e coalescem, originando os fragmentos e o material cominuído.
A modelagem da iniciação e propagação das trincas nesse nível é numericamente
impraticável e, até certo ponto, desnecessária. No modelo JH-2, o dano é modelado
como uma variável de estado (dano) que representa o dano médio em um dado
volume de material (um elemento finito). Este dano evolui conforme o material é
submetido à deformação, resultando na redução da resistência do material.
Portanto, a resistência do material e o dano são função da pressão em uma
determinada posição no material (JOHNSON, et al., 1993).
O modelo JH-2 requer a determinação de diversas constantes do material.
Inicialmente, a resposta do material é considerada elástica, com o estado de tensões
descrito pelas propriedades elásticas do material e por suas equações de estado
(CRONIN, et al., 2004).
Sob carga compressiva, o dano começa a se acumular no material quando a
tensão desviatória excede um valor crítico. O acúmulo do dano é acompanhado por
um parâmetro de dano (variando de 0 a 1). Assim, a cada instante a resistência do
material é função das curvas de resistência do material intacto e danificado, bem
como do dano (FIG. 2.25). A pressão e a tensão são normalizadas pela tensão e
pressão no limite elástico de Hugoniot. Quando submetido a tensões trativas, o
material responde elasticamente até a fratura frágil, em um determinado nível de
tensão efetiva, o que corresponde ao dano completo instantâneo (JOHNSON, et al.,
1993) e (CRONIN, et al., 2004).
67
FIG. 2.25 Tensão x pressão para material intacto e danificado (BÜRGER, 2009)
Eq. 2.13
Eq. 2.14
Eq. 2.15
O incremento do dano D é calculado pela equação 18 (BÜRGER, 2009 e
CRONIN, et al., 2004).
Eq. 2.16
68
Onde é o incremento de deformação plástica equivalente durante um ciclo de
integração, e é a deformação plástica para fratura sob pressão constante (Eq.
2.17).
Eq. 2.17
69
TAB. 2.1 Constantes do modelo JH-2 para diversos materiais
70
FIG. 2.26 Representação esquemática do endurecimento isotrópico (THE
UNIVERSITY OF AUCKLAND - FACULTY OF ENGINEERING)
71
3 MATERIAIS E MÉTODOS
FIG. 3.1 Moinho de bola Marconi modelo MA 500 para preparação da mistura de pós
72
FIG. 3.3 Forno INTI modelo FE 1700 para sinterização em temperaturas mais
elevadas
Foram utilizados pós de alumina com dois diferentes tamanhos médio de partí
cula: um produzido pela empresa nacional Treibacher Scheifmittel, do tipo APC-
2011, com tamanho médio de partícula de 3m, e outro, importado, do tipo A1000,
com tamanho médio de partícula de 300nm.
A nióbia HP da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) foi
utilizada como aditivo de sinterização. O ligante usado foi o polietileno glicol (PEG)
de massa molar 400 da VETEC.
A composição utilizada neste trabalho foi de 94,53% de alumina, 3,94% de nió
bia e 1,53% de PEG, em massa. Após a eliminação do ligante os percentuais em
peso da composição são os seguintes: 96% alumina e 4% nióbia.
73
TAB. 3.2 Análise química da nióbia HP
ELEMENTO ANÁLISE
Nb2O5 (%) 99,5
Ta (ppm) 745
Ti (ppm) 240
Fe (ppm) 136
Si (ppm) 66
Sn (ppm) 95
74
3.3 OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS
3.3.2 OBTENÇÃO DO PÓ
75
O PEG adicionado foi dissolvido em água a 60º C em uma placa quente
FISATOM modelo 753. Posteriormente, o pó foi secado em estufa ELKA a uma
temperatura de 80º C. O pó seco foi macerado manualmente e peneirado em uma
peneira com abertura de 0,355 mm em um agitador de peneiras marca +GF+ tipo
PSA (FIG. 3.4) por 3 minutos. O material passante em cada peneira foi armazenado.
3.3.3 PRENSAGEM DO PÓ
76
a) b
A rota utilizada para a evaporação do ligante foi aquela otimizada por Trindade
em seu trabalho, após a realização de ensaios de DTA, DSC e TGA no ligante PEG
200 puro e na mistura PEG + Al 2O3 + Nb2O5. A rota proposta consistiu na elevação
da temperatura, a uma taxa de 1 o C/min, de 25 o C até 158o C, temperatura que se
manteve estável por uma hora. Em seguida, procedeu-se o aquecimento da amostra
até 375oC, também com taxa de 1o C/min (TRINDADE, 2012).
3.3.5 SINTERIZAÇÃO
77
3.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE À VERDE
A densidade à verde foi calculada por meio da densidade geométrica, pela razão
massa/volume e expressa como percentual da densidade teórica de uma composiçã
o alumina (96 % em massa) e nióbia (4% em massa), cujo valor foi 4,0049 g/cm3,
obtido pela regra das misturas.
As medidas de massa e de dimensões têm precisão de 1 X 10-3 g e 1 X 10-2 cm,
respectivamente e foram obtidas com uma balança Gehaka modelo BK 300 e com
um paquímetro Mitutoyo Digimatic Caliper. A densificação foi calculada por meio das
equações 3.1 e 3.2.
78
do material sólido mais o volume dos poros abertos e fechados, em cm³. Utilizou-se
as equações 3.3 e 3.4, onde me é a massa especifica da água com o valor de 1
g/cm³, de acordo com a norma.
Eq. 3.3
Eq.
3.4
Eq. 3.5
79
As imagens foram obtidas utilizando-se Microscópio Eletrônico de Varredura
marca FEI, modelo QUANTA FEG 250, com ampliação de 15.000x e aceleração do
feixe de 30 keV. A análise de EDS foi realizada utilizando o mesmo equipamento
com aceleração do feixe de 10 keV.
IDENTIFICAÇÃO COMPOSIÇÃO
DA MISTURA
80
1 93,7%Al2O3 (APC 2011) + 3,9%Nb2O5 + 2,6%PEG 400
2 93,7%Al2O3 (A1000) + 3,9%Nb2O5 + 2,6%PEG 400
a b
FIG. 3.9 Mosaico plano: (a) com proteção de interface; (b) sem proteção de
interface.
a b
81
seguida, o pó foi uniaxialmente prensado a 30 MPa, e os corpos verdes foram
sinterizados utilizando-se a rota 2. Também foram produzidas amostras com a
mesma composição anterior, porém utilizando-se a rota 1 de sinterização.
Inicialmente, foram produzidas amostras com faces planas.
Posteriormente foram produzidos dois grupos de peças cerâmicas hexagonais
planas e côncavo-convexas, utilizando-se a composição 2, uniaxialmente prensada
a 30 MPa, empregando-se também as rotas 1 e 2.
A utilização da rota 2 teve por finalidade verificar se o patamar à temperatura
de 1050o C favorece uma maior densificação combinada com uma microestrutura
mais refinada em função da utilização de uma alumina de granulometria mais fina.
Projétil 7,62 mm
Massa (g) 9,33
Velocidade1 (m/s) 838
Energia (J) 3.276
1
– a 25 m da boca da arma
82
FIG. 3.11 Provete calibre 7,62 mm com mira laser
83
O critério adotado neste trabalho considera que ocorre perfuração quando é
possível a passagem de luz visível através de um orifício produzido pelo impacto do
projétil ou quando a ponta do mesmo se torna visível aflorando na parte posterior da
blindagem. Além disso, o tipo de impressão na plastilina causada em caso de
perfuração é bastante característico.
Foram empregadas nos testes balísticos amostras produzidas com as
composições 1 e 2, pelas rotas 1 e 2. A TAB. 3.7 apresenta as características das
amostras com a composição 1 sinterizadas pela rota 1.
TAB. 3.7 Amostras utilizadas nos testes balísticos (composição1/ rota1)
84
FIG. 3.15 Mosaico balístico com amostras côncavo-convexas de 40 g
85
FIG. 3.18 Dispositivo cerâmico de proteção de interface com face de impacto
angulada sobre mosaico de peças côncavo-convexas
FIG. 3.19 Dispositivo cerâmico de proteção de interface com face de impacto curva
sobre mosaico de peças côncavo-convexas
Projétil
87
componentes do alvo foram fixados por meio de parafusos, porcas e arruelas. A
TAB. 3.8 apresenta a especificação do alumínio utilizado.
88
FIG. 3.23 Projétil .50 Pf M2
Projétil .50 Pf M2
Massa (g) 45,5
Velocidade1 (m/s) 856
Energia (J) 16.668
1
– a 25 m da boca da arma
Para os testes com a munição .50 os alvos foram posicionados a 25 m da boca
da arma. Os alvos testados eram constituídos de peças cerâmicas côncavo-
convexas hexagonais, com três diferentes massas (massas de 65 g, 45 g e 55 g). As
peças cerâmicas foram coladas sobre 24 camadas de aramida por meio de
SIKAFLEX. Este conjunto cerâmico-aramida foi posicionado sobre uma chapa de aç
o balístico (resistente ao impacto de munição 7,62 mm Pf) a uma distância de 1 cm
desta chapa de aço. O componente de aço dos alvos testados representa a
blindagem estrutural do veículo GUARANI, ao passo que o alvo composto
representa a blindagem adicional (FIG. 3.24).
FIG. 3.24 Representação esquemático dos alvos testados contra projétil .50
89
Inicialmente, foram testados alvos compostos por uma única peça cerâmica,
sinterizada com a composição 2 pela rota 1, com a finalidade de identificar qual das
três massas estudadas ofereceria a resistência balística requerida, com o menor
peso (FIG. 3.25). A seguir, foram testados mosaicos balísticos compostos pelas
amostras cerâmicas com massa de 50 g (FIG. 3.26). Os mosaicos balísticos
testados receberam o impacto sobre a junção de três peças ou sobre a peça
utilizada para a proteção de interface (18 g).
a) b) Ponto de
impacto
FIG. 3.26 Mosaicos balísticos com três peças cerâmicas com (a) e sem (b) proteção
de interface
90
superfície da amostra. Assim, partindo-se de uma avaliação dimensional, a
microdureza (H) pode ser calculada por meio da Eq. 3.6, quando se conhece a semi-
diagonal da indentação ( ) e a carga de indentação (P).
Eq. 3.6
Ultrassom é qualquer onda de som com uma frequência superior a 20 kHz. Ela
se comporta de modo semelhante ao som audível, porém, com um comprimento de
onda muito mais curto e, portanto, pode ser refletido de superfícies muito pequenas,
tais como defeitos dentro de materiais, tornando-o útil para ensaio não destrutivo
(BRENNAN, 2007).
As propriedades elásticas podem ser determinadas por meio das Eqs.3.7 a
3.12, utilizando-se os valores das velocidade da onda longitudinal e transversal, CL e
CS, respectivamente (MEYERS, 1994 e ASMANI et al, 2001).
91
CL = ( ( λ + 2G ) / ρ ) 1/2 Eq. 3.7
C S = ( G / ρ ) 1/2 Eq. 3.8
CR = ( ( 0,862 + 1,14 ν ) / ( 1+ ν ) )CS Eq. 3.9
Co = ( E / ρ ) 1/2 Eq. 3.10
G= E/(2(1+ ν )) Eq. 3.11
λ = ν E / ( ( 1 + ν ) ( 1 - 2ν ) ) Eq. 3.12
92
de incrementos não for suficiente, a solução calculada pode desviar-se da
realidade.
A complexidade da modelagem das amostras com proteção de interface, que
demandaria uma quantidade de elementos acima da capacidade dos computadores
do CTEx, impediu a simulação do impacto balístico por meio de um modelo
completo. Assim, foram realizadas as seguintes simulações:
1 – impacto balístico no centro de um alvo hexagonal plano (FIG. 3.27a);
2 – impacto balístico sobre um ponto na metade da distância entre o centro do
alvo e a aresta de um alvo hexagonal plano (FIG. 3.27b);
3 – impacto balístico sobre um ponto a ¼ da distância da aresta até o centro de
um alvo hexagonal plano (FIG 3.27c);
4 – impacto balístico sobre o centro de um alvo côncavo-convexo;
a) b) c)
FIG. 3.27 Impacto balístico em alvo plano a) no centro do alvo; b) na metade da
distância da aresta ao centro e c) a ¼ da distância da aresta ao centro
94
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
95
Observa-se que a variação de densificação entre as diferentes geometrias é
muito pequena, assim como a diferença entre a densificação de cada peça.
TAB. 4.2 Densificação das proteções de interface sinterizadas pela rota 2
Identificação Geometria Densidade Desvio padrão Densificação mé
CP (g/cm3) (g/cm3) dia (%)
29 3,553
30 3,575
31 PP 3,566 0,046 88,339
32 3,461
62 3,533
19 3,538
38 3,522
39 3,534
CC 0,008 88,120
40 3,528
41 3,521
42 3,531
33 3,567
34 CP 3,573 0,005 89,077
35 3,567
36 3,565
CP 0,005 89,077
37 3,560
43 3,551
44 3,575
45 3,524
PA 0,016 88,694
46 3,550
47 3,554
48 3,557
49 3,543
50 3,553
51 3,561
CA 0,009 88,766
52 3,558
53 3,551
54 3,563
96
Para as amostras produzidas com apenas um patamar de sinterização, a
densidade calculada pelo método de Arquimedes variou entre 3,499 g/cm3 (87,4%
de densificação) e 3,585 g/cm3 (89,5% de densificação), com média de 3,555 g/cm3
(densificação de 88,7%) e desvio padrão de 0,020 g/cm3. No caso das peças
sinterizadas pela rota 2, a menor densidade calculada foi de 3,461 (densificação de
86,4%) e a maior de 3,575 g/cm3 (densificação de 89,2%) com densificação média
de 3,548 g/cm3 (densificação de 88,589%) e desvio padrão de 0,023 g/cm3,
conforme mostrado na TAB. 4.2.
Conclui-se que, para a composição 1, a introdução de um patamar inicial não
resultou em um aumento de densificação, quando se compara as peças produzidas
pelas rotas 1 e 2. Possivelmente, este resultado deve-se ao tamanho médio de partí
cula da alumina APC 2011 (3 m), considerado grosseiro comparado ao tamanho
dos pós utilizados com sucesso para a sinterização em dois patamares, geralmente
com tamanhos de partícula submicrométricos, na ordem de 200 nm a 500 nm,
conforme descrito na literatura (CHINELATTO, et al., 2012).
A FIG. 4.1 e a FIG. 4.2 apresentam microestruturas de peças sinterizadas com
patamar único e com o patamar de pré-sinterização, obtidas por meio de microscó
pio eletrônico de varredura (MEV) com aumento de 15.000 vezes. As imagens foram
obtidas a partir da superfície de fratura de cada tipo amostra.
97
FIG. 4.1 Microestrutura de uma amostra sinterizada convencionalmente com apenas
um patamar.
ROTA 1 ROTA 2
Tamanho mé
dio dos grãos 3,17 2,80
(m)
Desvio Padrão
0,20 0,22
(m)
Limite Limite
Intervalo de 3,17 2,81
Superior Superior
confiança (
Limite Limite
m) 3,18 2,79
Inferior Inferior
TAB. 4.4 Densificação das peças produzidas com a composição 2 pela rota 1
Densidade Desvio
Identificação Geometria (g/cm3) padrão Densificação (%)
(g/cm3)
1P1 3,809
1P2 3,791
1P3 Hexagonal 3,799 0,048 94,42
1P4 3,696
1P5 3,811
1C1 3,805
1C11 3,802
Côncavo-
1C2 3,793 0,009 94,99
convexa
1C3 3,801
1C4 3,819
TOTAL 0,035 94,70
TAB. 4.5 Densificação das peças produzidas com a composição 2 pela rota 2
Densidade Desvio
Identificaçã
Geometria (g/cm3) padrão Densificação (%)
o
(g/cm3)
2P01 3,759
2P02 3,724
Circular 0,017 93,59
2P03 3,760
2P04 3,748
2P1 3,782
2P2 3,821
2P3 Hexagonal 3,831 0,020 95,34
2P4 3,827
2P5 3,829
TOTAL 0,041 94,56
100
As figuras 4.3 e 4.4, apresentam a imagem obtida com MEV da microestrutura
das peças produzidas com a composição 2 pelas rotas 1 e 2 (aumento de 15.000x).
101
considerada de fundamental importância para o sucesso da sinterização em duas
etapas. Uma mistura menos estável tende a flocular grânulos maiores que, quando
empacotados, geram poros interparticulares maiores, resultando em maior
porosidade. Além disso, a escolha do método de conformação tem influência
relevante nos resultados obtidos (PALERMO, et al., 2011). Como parâmetro de
comparação, cita-se um caso de sucesso na literatura (CHINELATTO, et al., 2012),
no qual se empregou a sinterização em duas etapas da alumina, com patamar de
pré sinterização a 1050oC por 3 horas e patamar de sinterização de 1350o C por
mais 3 horas, obtendo-se densificação de 93,9 % e tamanho médio de grão de 797
nm. Nesse caso, a alumina foi processada com ácido oleico e ácido aminobenzóico
(PABA) a fim de eliminar os aglomerados duros e garantir a dispersão. Além disso,
os corpos verdes foram obtidos por prensagem isostática a 200 MPa, após
prensagem uniaxial a 80 MPa (CHINELATTO, et al., 2012). Neste trabalho, os
corpos verdes foram prensados uniaxialmente a 30 MPa, valor significativamente
inferior ao empregado por CHINELATTO e colaboradores. Uma maior pressão
aplicada durante a conformação proporciona maior contato entre as partículas,
favorecendo a formação de pescoço entre elas. Adicionalmente, há uma diminuição
das distâncias de difusão. Tais condições favorecem o processo de sinterização em
dois patamares, além de promoverem a homogeneização da microestrutura a verde.
Cabe ressaltar que neste trabalho as composições foram preparadas em suspensão
aquosa, que não favorece a desaglomeração do pó sem a adição de defloculante,
além de conterem nióbia, que favorece o crescimento dos grãos quando misturada á
alumina (HSU, et al., 2008).
TAB. 4.6 Análise do tamanho de grão das peças da composição 2
ROTA 1 ROTA 2
Tamanho mé
dio dos grãos 1,61 1,62
(m)
Desvio
+0,20 +0,26
Padrão (m)
Limite Limite
Intervalo de 1,62 1,64
Superior Superior
confiança (
Limite Limite
m) 1,60 1,61
Inferior Inferior
102
Conclui-se que, tanto no que se refere à densificação, quanto ao tamanho de
grão, não houve vantagem na adoção do método de sinterização em duas etapas.
Ao contrário, pode-se afirmar que, nas condições de preparação de corpo verde
utilizadas, o método em dois patamares apresenta como desvantagem um maior
gasto energético devido ao patamar adicional.
Foram realizadas análise de DR-X com refinamento de Rietveld em amostras
de pó obtidas a partir da composição 2 sinterizadas pelas rotas 1 e 2. Os resultados
obtidos são apresentados nas figuras 4.5 e 4.6, respectivamente.
Corundum 97.45 %
1.600
Nb2O5 2.55 %
1.400
1.200
1.000
800
600
400
200
-200
-400
15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95
Nas figuras 4.5 e 4.6 se observa que a quantidade de nióbia presente nas
amostras de pó analisadas (2,55% para a amostra C2R1 e 2,90 para a amostra
C2R2) é inferior à inicialmente adicionada à composição (4%). Isto se deve a
contaminação da nióbia com a alumina das esferas do moinho de alta energia
utilizado para a redução do tamanho médio das partículas de nióbia de 27,1 m para
0,3 m, conforme observado por TRINDADE, 2012, em seu trabalho. Assim houve
necessidade de nova adição de nióbia a fim de se ajustar a composição utilizada,
restaurando a concentração inicial da mistura.
As amostras fraturadas foram submetidas a análise de EDS, a fim de identificar
os elementos presentes. A FIG. 4.7 apresenta o espectro obtido a partir da análise
103
de uma amostra C2R2. Observa-se a presença dos elementos Al, Nb e O, conforme
esperado.
104
por toda a superfície. Este resultado era esperado, pois como a fratura do cerâmico
é intergranular, toda a superfície de fratura é constituída por região de contornos de
grão, onde o AlNbO4 está localizado (TRINDADE, 2012, GOMMES, 2004). Conclui-
se que a sinterização em dois patamares não provocou diferença na distribuição dos
elementos nas amostras.
105
TAB. 4.8 Velocidade de propagação das ondas elásticas longitudinais nas amostras
(composição 2, rota 1).
DENSIFICAÇÃO CL
(% DENSIDADE TEÓRICA) (m/s)
91,87 9700
92,27 9753
93,34 9850
93,67 9850
94,00 9900
94,63 9980
94,84 9992
95,09 9997
95,12 9998
Média 93,87 + 1,20 9891 + 111
106
TAB. 4.9 Velocidade de propagação das ondas elásticas longitudinais nas amostras
(composição 2, rota 2)
DENSIFICAÇÃO CL
(% DENSIDADE TEÓRICA) (m/s)
93,84 9900
92,97 9811
93,85 9901
93,57 9872
94,41 9957
95,39 9997
95,63 9989
95,54 9972
95,58 9995
Média 94,53 + 1,02 9932 + 65
DENSIFICAÇÃO (% CL CS C0
AMOSTRA
DENSIDADE TEÓRICA) (m/s) (m/s) (m/s)
A2 84,8 8979,4 5462,6 8484,5
A 111 87 9156 5499 8582
D2 87,3 9199,5 5532,8 8630,7
E2 87,6 9293 5550 8679,2
A 101 88 9282 5523 8648
B2 89,2 9545,6 5554,5 8753,9
A141 90 9514 5567 8766
B 21 91 9620 5587 8818
A 181 92 9706 5604 8861
A 221 94 9917 5643 8960
C1 96 10092 5680 9046
1
– Trindade, 2012.
2
– Gomes, 2004.
107
valores de velocidade variaram praticamente de forma linear com a densificação, na
faixa considerada (entre 84% e 96%). As equações obtidas por regressão linear da
velocidade em função da densificação são apresentadas neste gráfico. Observa-se
que os coeficientes de determinação calculados (R2) – 0,9829 para os valores de CL,
0,9685 para CS, e 0,9851 para e C0, foram elevados, indicando que as equações
lineares obtidas representam bem a relação entre as variáveis estudadas
(velocidade de propagação das ondas e densificação).
12000
y = 101.44x + 381.33
R² = 0.9829
10000
y = 49.862x + 4274.6
R² = 0.9851
8000 CL
VELOCIDADE
CS
6000 y = 18.61x + 3894.3
R² = 0.9685 C0
0
83 85 87 89 91 93 95 97
DENSIFICAÇÃO
Onde x é a densificação.
A TAB. 4.11 apresenta uma comparação entre os valores medidos da
velocidade longitudinal para as amostras sinterizadas pela rota 1 e aqueles obtidos
por meio da Eq. 4.1(valores esperados).
Utilizando-se os dados da TAB. 4.11 foi realizado um teste estatístico , para
avaliar se os valores medidos estavam de acordo com os valores esperados. A
probabilidade retornada para um nível de significância de 5%, foi de 99,82%, ou
seja, os valores medidos têm 99,82% de chances de serem iguais aos valores
108
calculados pela Eq. 4.1. Com base na concordância entre os valores medidos e os
esperados, decidiu-se utilizar as equações 3.1 a 3.3 para o cálculo das velocidades
de propagação das ondas elásticas (CL, CS e C0) considerando-se a densificação mé
dia obtida para as amostras da composição 2, por qualquer das rotas de sinterização
(94,2%). Os valores assim calculados foram utilizados para o cálculo das
propriedades elásticas, por meio das equações 3.7 a 3.12.
TAB. 4.11 Comparação entre os valores dos resultados medidos e os esperados
segundo a Eq. 4.1
CL CL
DENSIFICAÇÃO
medido esperado
(% DENSIDADE TEÓRICA)
(m/s) (m/s)
91,87 9700 9700
92,27 9753 9741
93,34 9850 9849
93,67 9850 9883
94,00 9900 9916
94,63 9980 9980
94,84 9992 10001
95,09 9997 10026
95,12 9998 10030
109
ão próxima a 100% da densidade teórica, visto que se busca um material com
elevada resistência mecânica, dureza e tenacidade (NORMANDIA, et al., 2004).
Assim, estudando a influência da porosidade nas propriedades mecânicas de cerâ
micos à base de alumina (96% peso Al 2O3 + 4% peso Nb 2O5), TRINDADE (2012)
chegou a uma equação capaz de estimar as propriedades elásticas desses materiais
cerâmicos em função da porosidade, P, com resultados compatíveis com os da
literatura e com os medidos experimentalmente (TRINDADE, 2012).
M = M0 (1 - b1P + b2P2) Eq. 4.4
Onde P = 1 – densificação/100, M é a propriedade elástica e Mo é a propriedade elá
tica com porosidade nula .
A TAB. 4.13 apresenta os valores dos coeficientes ajustados por TRINDADE,
2012, para o módulo de elasticidade E.
TAB. 4.13 Parâmetros da equação para estimativa do módulo de elasticidade de (E)
de cerâmicos à base de alumina e nióbia (TRINDADE, 2012)
110
de a Eq. 4.4 ser polinomial, os pontos obtidos a partir dela apontam para uma relaçã
o linear entre a porosidade e o módulo de elasticidade.
E calculado E calculado
com base com base
Densificação Porosidade
em C0 na Eq. 4.4
(GPa) (GPa)
91,87 0,081 288,62 287,57
94,00 0,060 302,39 301,91
93,67 0,063 300,25 299,71
93,34 0,067 298,09 297,48
95,09 0,049 309,62 309,25
94,63 0,054 306,60 306,19
94,84 0,052 307,95 307,57
92,27 0,077 291,19 290,28
95,12 0,049 309,86 309,49
315.00
Módulo de Elasticidade (GPa)
310.00
305.00 E (Esperado)
(Eq. 35)
300.00 E (Co)
295.00
290.00
285.00
0.040 0.060 0.080 0.100
Porosidade
FIG. 4.10 Módulo de Elasticidade versus porosidade
111
sinterizadas com a composição 1. Comparando-se os valores da TAB. 4.15, conclui-
se que os valores obtidos neste trabalho estão de acordo com aqueles obtidos por
Trindade, 2012 e Gomes, 2004, para níveis de densificação semelhantes.
TAB. 4.15 Módulo de elasticidade para diferentes amostras
a) b)
FIG. 4.11 Comparação entre uma amostra sinterizada pela rota 1(a) sem polimento
e (b) polida até ¼ m
112
Os resultados obtidos no ensaio de microdureza são apresentados na TAB.
4.16.
TAB. 4.16 Resultados do ensaio de microdureza (amostras sinterizadas com a
composição 2)
ROTA 1 ROTA 2
Número de medidas 17 24
Média (GPa) 14,7 12,9
Desvio Padrão (GPa) 0,3 0,6
Intervalo de confiança ( = 0,05) 14,1 – 15,3 12,6 – 13,2
Mínimo – Máximo (GPa)
113
TAB. 4.17 Comparação entre os valores de microdureza deste trabalho e os da
literatura
Densificação Tamanho médio de grão HV Desvio padrã
Amostras
(%) (m) (GPa) o
R11 94,2 1,61 14,72 0,3
R21 94,5 1,62 12,87 0,6
A 182 91,9 5,64 14,23 0,5
A 222 93,9 7,28 15,61 0,7
B 22 91,2 4,74 12,95 0,8
C2 95,6 2,84 16,98 0,8
ALOTEC 96 Não
96* 5 12,5
SB3 informado
* - %de alumina
1
– Este trabalho
2
– TRINDADE, 2012
3
- CeramTec
Os valores de microdureza obtidos neste trabalho estão de acordo com os
valores esperados para cerâmicos à base de alumina que, segundo a literatura,
variaram de 12 a 18 GPa para níveis de densificação entre 89% e 96%. Cabe
ressaltar que a microdureza do material será função de sua densificação e
microestrutura. Espera-se que materiais com maior nível de densificação e
microestrutura mais refinada (menor tamanho médio de grão) apresentem valores de
microdureza mais elevados (ADEBAYO, et al., 2001, GOMES, 2004, CARDOSO,
2005 e TRINDADE, 2012).
A FIG 4.12 apresenta o padrão das melhores impressões para medida de
microdureza Vickers obtidas neste trabalho. Assim como constatado por TRINDADE,
2012, a elevada porosidade das amostras torna impossível a identificação das
trincas geradas a partir dos vértices da impressão, impedindo o cálculo da
tenacidade à fratura por meio da medida do comprimento das trincas radiais. Além
disso, observa-se que não foi possível identificar com clareza os vértices da
impressão, o que influenciou a precisão da medida.
114
FIG. 4.12– Padrão das melhores indentações obtidas
115
TAB. 4.18 Resultados dos testes balísticos – impacto sobre a junção
116
FIG. 4.13 Ângulo de yaw de um projétil
20
PLANA-ANGULADA
10 PLANA-PLANA
PLANA-CURVA
0
Mínimo Máximo Média
117
Os dados referentes ao diâmetro da impressão apontam para um valor mais
elevado dos mosaicos formados por peças côncavo-convexas (média de 54 mm
contra média de 46 mm das peças planas), o que indica que as peças com essa
geometria proporcionam a distribuição da energia de impacto por uma área maior, o
que favorece o desempenho balístico.
Na TAB. 4.19 são apresentados os resultados das medidas de massa de água
na deformação causada pelo impacto balístico na placa de alumínio. Por meio da
massa de água que preenche a deformação provocada pelo impacto balístico na
placa de alumínio pode-se calcular o volume da deformação. As deformações com
maior massa de água são aquelas que apresentam maior volume. As configurações
da blindagem que apresentam maior deformação são as menos eficientes, pois
absorvem menos energia (a energia transmitida causa a deformação). Os dados em
vermelho referem-se a medidas realizadas em placas de alumínio com impacto balí
stico sobre o centro de uma peça cerâmica, e não sobre a junção das três peças. A
análise dos resultados apresentados na TAB. 4.19, apesar de não permitir afirmaçõ
es com significância estatística elevada, possibilita a observação de algumas tendê
ncias. Claramente, a massa de água na placa de alumínio dos alvos compostos por
peças côncavo-convexas (média de 16,3 g) é inferior àquela dos mosaicos planos
(média de 21,4 g). Além disso, as interfaces com geometria angulada ou curva,
montadas sobre um mosaico plano, também apresentaram melhor desempenho
quanto à deformação da placa de alumínio, com média de 19,3 g de água, contra
25,6 g no caso daquelas com face de impacto plana.
A FIG. 4.15 apresenta o resultado da massa de água na chapa de alumínio
deformada para as diferentes geometrias de proteção de interface. As peças curvas
foram montadas sobre mosaicos de peças côncavo-convexas. Observa-se um
melhor desempenho dos mosaicos compostos por peças côncavo-convexas, o que
está de acordo com os resultados apresentados nos trabalhos de GOMES, 2004 e
TRINDADE, 2012.
118
35
Massa de água (g)
30
25
20 PLANA
15 PLANA-ANGULAR
10 CURVA-ANGULAR
5
0
Máximo Mínimo Média
119
centro das peças planas de 60g e côncavo-convexas de 40g. Os resultados obtidos
estão apresentados na TAB. 4.20.
TAB. 4.20 Resultados dos testes balísticos com impacto no centro das peças sem
proteção de interface
FIG. 4.16 a) Alvo sem proteção de interface fixado à plastilina antes do impacto e b)
trauma ocorrido na plastilina pós-impacto
A FIG. 4.16a apresenta um alvo composto por peças planas, sem proteção de
interface e a FIG. 4.16b mostra o trauma provocado pelo impacto na plastilina.
A FIG. 4.17 apresenta a forma como foram realizadas as medidas dos diâ
metros dos traumas na plastilina. Foram realizadas duas medidas, uma na horizontal
e outra na vertical. Os valores apresentados na TAB. 4.18 correspondem à média
destas duas medidas.
120
FIG. 4.17 Medida do diâmetro do trauma provocado pelo impacto balístico
FIG. 4.18 Trauma provocado pelo impacto balístico sobre um mosaico côncavo-
convexo com proteção angulada
121
se que os materiais de apoio – aramida e alumínio – não foram capazes de absorver
a energia transmitida após o impacto sobre o material cerâmico.
122
danos e lhe possibilitou manter um nível de energia e de integridade suficientes para
perfurar a aramida e a placa de alumínio.
Na FIG. 4.21 observa-se a perfuração na chapa de alumínio. A partir da forma
do dano no alumínio, pode-se concluir que o projétil perfurou a chapa lateralmente,
pode ter sido desviado por ação da proteção de interface. Esse mecanismo de
proteção está de acordo com o esperado, pois desvia o projétil da direção
perpendicular ao alvo, o que aumenta o ângulo de “yaw”, obrigando o projétil a
atravessar uma quantidade maior de material, devido ao aumento da espessura
efetiva perfurada, além de aumentar a probabilidade de ricochete da munição.
Reitera-se que para o caso analisado, a perfuração só ocorreu porque o projétil foi
desviado, incidindo sobre uma região do alvo desprovida de material cerâmico, e
portanto, sem proteção.
Conforme evidenciado na FIG. 4.20, as peças do mosaico acima e a direita, e
abaixo, foram fragmentadas pela onda de choque transmitida pela proteção de
interface e não pela penetração do projétil.
123
FIG. 4.22 Representação esquemática do mecanismo de atuação da proteção de
interface
124
Os alvos preparados com a nova configuração foram apoiados sobre a
plastilina e, então, submetidos ao impacto de projétil 7,62 mm. A proteção de
interface utilizada para estes alvos apresentavam face de impacto angulada e face
posterior curva. Foram testados três mosaicos com proteção de interface, um
mosaico sem a referida proteção, além de um alvo cuja peça foi atingida no centro, a
fim de verificar a efetividade da solução balística proposta. Os resultados são
apresentados na TAB. 4.21.
Curva-angulada 835 N 28
Curva-angulada 837 N 37
125
a) b)
Ponto de impacto
FIG. 4.24 Alvo com peças cerâmicas de 40 g modificado após o impacto a) Mosaico
cerâmico; b) Face posterior
a) b)
126
do material cerâmico, do chumbo presente no projétil, bem como pelo adesivo
(SIKAFLEX) utilizado para a fixação do cerâmico à plastilina.
Os resultados obtidos nos testes balísticos com os alvos modificados
demonstram que as peças cerâmicas com 40 g apresentaram desempenho satisfató
rio, desde que empregadas com 12 camadas de aramida, ao invés de apenas oito
camadas, como na primeira configuração testada. O fato de a plastilina não ter sido
completamente perfurada pelo projétil demonstra que o material cerâmico
fragmentou e erodiu o projétil de maneira satisfatória. Os fragmentos resultantes da
interação projétil/cerâmico foram contidos pela aramida, visto que a plastilina é muito
macia e, portanto, não possui capacidade de erodir ou quebrar o projétil.
a) b)
c) d)
FIG. 4.26 a) Mosaico balístico sem proteção após o impacto b) face posterior
perfurada do alvo c) trauma na plastilina d) medida da profundidade do trauma
127
Nestes ensaios os alvos eram constituídos por apenas uma peça cerâmica
hexagonal apoiada sobre 12 camadas de aramida. Os alvos foram novamente
fixados sobre a plastilina para avaliação do trauma balístico. Os resultados desses
testes estão apresentados na TAB. 4.22.
TAB. 4.22 Testes balísticos comparativos entre diferentes composições, rotas e
geometrias
ROTA E PENETRAÇÃO PROFUNDIDADE DO
GOMETRIA VELOCIDADE
COMPOSIÇÃO COMPLETA TRAUMA
R1C2 825 N 35
R1C2 837 N 35
R1C2 831 S *
R1C1 846 S *
HEXAGONAL
R1C1 842 N 45
PLANA
R1C1 839 N 37
R2C2 834 N 37
R2C2 832 S *
R2C2 831 N 34
R1C2 816 N 33*
R1C2 CÔNCAVO- 825 N 34*
R1C2 CONVEXA 830 N 22
R1C2 836 N 29
* - impacto próximo à aresta
A análise da TAB. 4.22 não permite concluir com confiança estatística sobre o
desempenho balístico das diferentes peças testadas. Com base na análise do
tamanho de grão (TAB. 4.3 e TAB. 4.6) este resultado era esperado, visto que não
há diferença significativa entre os tamanhos obtidos com as diferentes rotas e
composições (menor tamanho médio dos grão de 1,61 m para peças com a
composição 2 sinterizadas pela rota 1, e maior tamanho médio de grão de 3,17 m
para as peças com a composição 1 sinterizadas pela rota 1). Cabe ressaltar,
contudo, o desempenho superior das peças côncavo-convexas, quando compara-se
a profundidade do trauma na plastilina dessas peças com aquelas de geometria
plana. Outra informação importante é a queda do desempenho das peças atingidas
mais próximo à borda. Observa-se que mesmo as peças côncavo-convexa
apresentaram maior profundidade de trauma na plastilina quando o projétil atingiu o
material cerâmico mais distante do centro do alvo. Dentre as peças planas atingidas
próximo à borda, todas foram perfuradas, confirmando o melhor desempenho das
peças côncavo-convexa também nessa condição desfavorável.
128
A FIG. 4.27 e a FIG. 4.28 apresentam a comparação de desempenho das peç
as cerâmicas por composição e por rota de sinterização, respectivamente. Observa-
se uma tendência de melhores resultados para as peças produzidas com a
composição 2, assim como para aquelas sinterizadas pela rota 2. Este resultado
pode estar associado: (1) ao maior nível de densificação das amostras obtidas a
partir da composição 2 e (2) a maior homogeneidade aparente da microestrutura das
amostras sinterizadas pela rota 2. Cabe ressaltar que, apesar da tendência
observada, a significância estatística do teste ficou comprometida pelo tamanho
reduzido da amostra, aliado ao grande número de variáveis envolvidas no estudo da
penetração por impacto balístico (massa, velocidade e ângulo de yaw do projétil,
distribuição de defeitos no cerâmico, variação da consistência da plastilina, etc.).
40
30
C1
20
C2
10
0
Máximo Mínimo Média
40
30
R1
20 R2
10
0
Máximo Mínimo Média
129
A FIG 4.29 apresenta a impressão na plastilina provocada pela perfuração de
uma peça sinterizada com a composição 2 pela rota 1. O impacto ocorreu próximo à
borda da peça. Observa-se que, apesar de o alvo ter sido perfurado, a plastilina não
foi completamente penetrada, assim como anteriormente observado, corroborando a
atuação do mecanismo de erosão e fragmentação do projétil pelo material cerâmico.
a) b) c)
FIG. 4.29 a) Alvo posicionado para receber o impacto, b) plastilina após a retirada do
alvo e c) plastilina nivelada para a medida da profundidade do trauma (composição
2, rota1)
a) b) c)
130
4.3.2 – TESTE CONTRA A MUNIÇÃO .50 Pf
TAB. 4.23 Resultados para a munição .50 Pf – alvos com apenas um componente
cerâmico
Massa do Espessura da
Velocidade do Penetração
componsnte face lateral
Projétil (m/s) completa (S/N)
cerâmico (g) (mm)
840 S
45 g 8 867 S
839 S
854 S
55 g 10 864 N
840 S
720 N
65 g 13 790 N
848 N
131
FIG. 4.31 Marca do impacto de projétil .50 Pf sobre uma chapa de aço balístico após
atingir alvo com componente cerâmico de massa de 55 g
A FIG. 4.33 apresenta o projétil .50 Pf recuperado após atingir um alvo com
componente cerâmico com 65 g de massa. Comparando-se o projétil recuperado
com um projétil intacto (FIG. 3.23), observou-se que o projétil foi bastante deformado
e erodido. Cabe ressaltar que apenas o projétil com velocidade de 720 m/s pode ser
recuperado. Isto se deve à menor amplitude da onda de choque gerada pelo impacto
com o cerâmico, o que resultou em uma fragmentação menor do que nos casos em
que a velocidade do projétil foi mais elevada. A massa do projétil recuperado, 32,7 g,
correspondeu a 71,9 % da massa do projétil intacto, o que representa uma redução
de massa de quase 30%, bem como de sua energia, somente pela sua erosão e
fragmentação, sem considerar a redução de energia devido à redução da
velocidade.
132
FIG. 4.33 Projétil .50 recuperado na aramida de alvo com componente cerâmico de
65 g.
a) b)
Em virtude dos resultados dos testes das amostras com uma única peça cerâ
mica, os alvos para avaliação do dispositivo para a proteção de interface foram
montados com três peças côncavo-convexas com massa de 65 g. Nos testes
realizados, tanto os alvos com o dispositivo de proteção de interface (massa = 18 g)
quanto os alvos sem este dispositivo, resistiram ao impacto. Isto pode ser explicado
pela presença do componente metálico de elevada dureza (aço balístico) que també
133
m contribui para a quebra da ponta do projétil e sua fragmentação. Além disso,
conforme verificado nos resultados para alvo com apenas uma peça cerâmica, um
daqueles cujo componente à base de alumina tinha massa de 55 g também resistiu
ao impacto do projétil, o que é um indicativo de que essa quantidade de material
cerâmico aproxima-se da quantidade ótima para uma solução balística satisfatória.
Assim sendo, os mosaicos com peças com 65 g de massa podem estar
superdimensionados, tornando irrelevante a posição do impacto, dado a grande
espessura cerâmica a ser atravessada pelo projétil.
Os resultados obtidos nos testes com a munição .50 Pf demonstram o
mecanismo de atuação do material cerâmico, que, mesmo frente a um projétil com
dureza mais elevada, maior calibre e maior massa, foi capaz de erodir e fragmentar
o projétil, contribuindo para a redução substancial da energia de impacto. As falhas
observadas nos impactos sobre alvos cujo componente cerâmico possuía massa de
45 g ou 55 g, apontam para uma necessidade de maior quantidade de material cerâ
mico para se alcançar a eficiência balística almejada, conforme demonstrado pelo
desempenho balístico satisfatório dos alvos com componente cerâmico com massa
de 65 g.
134
4.4 RESULTADO DAS SIMULAÇÕES
t=0 t = 2,0 s
t = 6,0 s t = 24,0 s
t = 42 s t = 58 s
FIG. 4.35 Estágios de penetração de um projétil 7,62 comum em um alvo cerâmico-
alumínio, com peça cerâmica plana e espessura de 10,2 mm
135
alumínio, ocorre em aproximadamente 15 s, a despeito da energia muito inferior do
projétil, visto que além de redução da velocidade, houve uma grande erosão
provocada pela interação entre o projétil e o cerâmico provoca redução acentuada
da massa do projétil. A FIG. 4.36 apresenta o gráfico de energia cinética do projétil
em função do tempo. Observa-se que em pouco mais de 30 s a energia cinética do
projétil está reduzida à metade. Considerando que o material cerâmico tenha sido
completamente perfurado no instante t = 42 s (FIG. 4.35), a energia cinética
residual, no instante em que se inicia a perfuração da placa de alumínio é de
aproximadamente 20% da energia cinética inicial.
3.00E+03
2.50E+03
Energia Cinética (J)
2.00E+03
1.50E+03
1.00E+03
5.00E+02
0.00E+00
0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00
Tempo (10-6 s)
136
facilmente a energia restante após a interação do projétil com o material cerâmico
(apenas 20% da energia cinética inicial). O valor de energia cinética residual medido
por TRINDADE, 2012, em seu trabalho foi de 13 J, para amostra com nível de
densificação de 88% e de 21 J para amostra com densificação de 94%,
correspondendo a aproximadamente 0,4 % da energia cinética inicial (3540 J). Estes
resultados são coerentes com os observados nas simulações realizadas.
4.5
Energia cinética (J)
3.5
2.5
58.00 60.00 62.00 64.00 66.00 68.00 70.00 72.00
Tempo (10-6 s)
FIG. 4.37 Energia cinética residual (detalhe da FIG. 4.36 a partir de t = 58 s).
137
a.1 a.2
b.1 b.2
Impacto na metade da
distância da borda ao
centro do alvo
c.1 c.2
Impacto a ¼ da distância
da borda ao centro
FIG. 4.38 Comparação entre o dano causado no cerâmico para impacto em diferentes posições
138
Na FIG. 4.38c.2 observa-se o efeito da reflexão das ondas devido ao impacto
balístico na superfície livre na borda do alvo. Verifica-se uma maior concentração de
regiões avermelhadas próximo à superfície livre.
A FIG. 4.39 ilustra a propagação das ondas de pressão no alvo cerâmico e no
projétil, no caso de um alvo plano.
A falha se inicia quando estas ondas geram tensões com valores maiores que
a resistência do material, seja no alvo cerâmico, seja no projétil. Para o material cerâ
mico, a passagem da onda compressiva gerada pelo impacto balístico, contribui
para o aumento das dimensões e da densidade de defeitos no material. (MEYERS,
1994).
139
t=0 t = 2,0 s
t = 6,0 s t = 24,0 s
t = 42 s t = 62 s
140
3000
2500
40
Energia Cinética (J)
30
20
10
0
55 60 65 70
Tempo (10-6s)
FIG. 4.41 Energia cinética residual (detalhe da FIG 4.40 após 58 s)
141
de as peças cerâmicas planas e convexas possuírem a mesma massa, a espessura
do material cerâmico, segundo a direção de voo do projétil e o ponto de impacto, é
menor que a espessura do alvo plano (alvo plano = 10,5 mm e alvo côncavo-
convexo = 7 mm). Assim, caso o modelo plano levasse em consideração a presença
do SIKAFLEX como elemento de união entre o material cerâmico e o alumínio, a
energia residual seria maior que no caso côncavo-convexo, dado que o cerâmico
com geometria curva absorve mais energia, conforme mostrado na FIG. 4.42, que
apresenta a comparação entre a absorção de energia pela amostra com
componente cerâmico côncavo-convexo e plano. Constata-se que, durante o perí
odo em que há interação entre o material cerâmico e o projétil, o alvo com superfície
de impacto curva absorve mais energia que aquele com superfície plana.
3000
2500
Energia Cinática (J)
2000
1500
Plano
1000 Convexo
500
0
0 20 40 60 80
Tempo (microsegundos)
A FIG 4.43 apresenta o dano provocado em uma peça com geometria côncavo-
convexa e em uma peça plana no mesmo instante. Observa-se que o dano se
espalha por uma área maior no alvo com geometria curva, confirmando as observaç
ões de GOMES, 2004. Ademais, a maior área danificada nas peças côncavo-
convexas concorda com as observações experimentais segundo as quais a cominuiç
ão do cerâmico é maior neste tipo de peça. Esta maior cominuição do mesmo
material demanda maior energia, o que explica a maior absorção de energia por
parte dos alvos com componente cerâmico côncavo-convexo.
142
a)
b)
143
FIG. 4.44 Propagação das ondas de pressão em alvo côncavo-convexo
a)
b)
FIG. 4.45 Taxa de deformação do projétil para impacto contra alvo com componente
cerâmico a) côncavo-convexo e b) plano
144
5 CONCLUSÕES
145
8) As simulações balísticas comprovaram a maior capacidade de absorção de
energia das blindagens com componente cerâmico côncavo-convexo,
resultado que concordou qualitativamente com os testes experimentais dos
ensaios balísticos realizados e com a literatura (GOMES,2004 e
TRINDADE, 2012).
9) Os resultados das simulações demonstraram a redução da capacidade de
absorção da energia dos impactos quanto mais próximo das bordas das peç
as cerâmicas ocorriam. Ademais, foi possível identificar o dano causado
pela reflexão da onda gerada pelo impacto balístico na superfície entre
materiais com diferentes impedâncias de choque.
10) É possível desenvolver uma solução balística com componente cerâmico cô
ncavo-convexo adequada para utilização como blindagem adicional para o
veículo GUARANI, conforme comprovado pelo desempenho balístico
satisfatório dos alvos com amostras cerâmicas com 65 g de massa contra a
munição .50 Pf.
11) É possível otimizar a solução balística apresentada dado que uma solução
com componente cerâmico com massa de 55 g resistiu ao impacto da
munição .50 Pf. Esta amostra otimizada deve possuir massa entre 55 g e
65 g.
146
6 SUGESTÕES
Em face dos resultados e das observações realizadas ao longo deste trabalho
sugere-se:
147
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
148
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251.
151
8 ANEXOS
152
8.1 ANEXO 1 – MODELAGEM E SIMULAÇÃO
O modelo geométrico foi elaborado com o programa de computador
SOLIDWORKS e posteriormente importada por meio de arquivo .igs para o
programa ANSYS-LS DYNA 6.0, plataforma utilizada para o pré-processamento
(apenas a malha de elementos finitos).
O modelo geométrico adotado para as amostras côncavo-convexas é
apresentado na FIG. A1.1.
153
FIG. A1.2 – Detalhe da transição na malha dos elementos finitos em um modelo
com geometria côncavo-convexa
a) b)
FIG. A1.4 – Comparação dos resultados do impacto balístico para diferentes parâ
metros a) B = 0,031 e D1 = 0,005 e b) B = 0,46 e D1 = 0,030.
155
em grande demanda numérica, inviabilizando a realização das análises (CRONIN, et
al., 2004). Em face do exposto, foram utilizados em todas as simulações os valores
de 0,46 e 0,02 para os parâmetros B e D1 das equações 3.2 e 3.5, respectivamente.
156
8.2 ANEXO 2 – CARTA DE COMANDOS UTILIZADAS NOS MODELOS DOS
MATERIAIS
A seguir são apresentadas tabelas que resumem os dados de entrada para
cada modelo de material utilizado, bem como a atribuição do modelo a cada parte
definida para o mapeamento da malha e os comandos de contato entre as partes.
*MAT_JOHNSON_HOLMQUIST_CERAMICS - ALUMINA
$# Mid G A b c m n
3 ou 6 3,79E-03 9,02E+10 0,93 0,43 0 0,6 0,6
$# Epsi T sfmax Hel phel beta
1.000 2,00E+08 1 2,79E+09 1,46E+09 1
$# d1 d2 k1 k2 k3 fs
0,03 1.000 1,31E+11 0 0 1
*MAT_PLASTIC_KINEMATIC – ALUMÍNIO
$# mid E pr sigy etan beta
4 ou 5 2,70E-03 7,00E+10 0,33 3,24E+08 1,14E+08 0
$# src srp Fs vp
0 0 0,17 0
*MAT_PLASTIC_KINEMATIC – CHUMBO
$# mid E Pr sigy Etan beta
1 1,13E-02 1,70E+10 0,4 8,00E+06 1,50E+07 0,2
$# src srp Fs Vp
600 3 0,2 0
157
TAB. A2.4 – Dados de entrada da jaqueta (KRISHNAN, et. al, 2008)
*MAT_PLASTIC_KINEMATIC – TOMBACK
$# mid ro E Pr sigy etan beta
2 8,86E-03 1,15E+11 0,307 7,60E+07 0 0
$# src srp Fs Vp
0 0 0,17 0
158
DEFINIÇÃO DE CONTATOS
TAB. A2.6 – Definição de contatos
*CONTACT_ERODING_SURFACE_TO_SURFACE
1 3 3 3 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 1,00E+07
10.000 10.000 0 0 10.000 1 1 1
1 1 1
1
*CONTACT_ERODING_SURFACE_TO_SURFACE
1 4 3 3 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 1,00E+07
10.000 10.000 0 0 10.000 1 1 1
1 1 1
1
*CONTACT_ERODING_SURFACE_TO_SURFACE
2 3 3 3 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 1,00E+07
10.000 10.000 0 0 10.000 1 1 1
1 1 1
1
*CONTACT_ERODING_SURFACE_TO_SURFACE
2 4 3 3 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 1,00E+07
10.000 10.000 0 0 10.000 1 1 1
1 1 1
1
*CONTACT_ERODING_SURFACE_TO_SURFACE
3 4 3 3 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 1,00E+07
10.000 10.000 0 0 10.000 1 1 1
1 1 1
1
Obs: Unidades g, mm e s.
159
8.3 ANEXO 3 – DADOS DE CERÂMICOS À BASE DE ALUMINA (CeramTec -
ETEC GMBH)
160