Você está na página 1de 146

MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

ANALUCIA MEYRELLES MONTEIRO

“ESTUDO DAS TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO DE SEDIMENTOS


CONTAMINADOS DE DRAGAGEM.”

Rio de Janeiro
2010
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

ANALUCIA MEYRELLES MONTEIRO

“ESTUDO DAS TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO DE SEDIMENTOS


CONTAMINADOS DE DRAGAGEM.”

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de


Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto
Militar de Engenharia, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Ciências em
Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof. José Carlos César Amorim - Dr. Ing


Profª Maria Esther S. Marques, D. Sc

Rio de Janeiro
2010

2
C2010

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA


Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá


incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar
qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre


bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que
esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,
desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica
completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s)


autor(es) e do(s) orientador(es).

M775
Monteiro, Analucia Meyrelles
Estudo das Técnicas de Disposição de Sedimentos
Contaminados de Dragagem. - Rio de Janeiro: Instituto
Militar de Engenharia, 2010.

138p.: il., graf., tab.

Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de


Engenharia. - Rio de Janeiro, 2010.
1. Dragagem 2.Material dragado contaminado
3.Tubos geotêxteis

I. Título. II. Instituto Militar de Engenharia.

627.73

3
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

ANALUCIA MEYRELLES MONTEIRO

“ESTUDO DAS TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO DE SEDIMENTOS


CONTAMINADOS DE DRAGAGEM .”

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia


de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.
Orientadores: Prof. José Carlos César Amorim - Dr.Ing
Profª Maria Esther S. Marques, D. Sc

Aprovada em 31 de maio de 2010 pela seguinte Banca Examinadora:

_______________________________________________________________
Prof. José Carlos César Amorim - Dr.Ing do IME – Presidente

_______________________________________________________________
Profª Maria Esther Soares Marques, D. Sc do IME

_______________________________________________________________
Prof. Major Marcelo de Miranda Reis, Dr do IME

_______________________________________________________________
Profª Maria Cláudia Barbosa, D.Sc da COPPE

Rio de Janeiro
2010

4
Com carinho, dedico este trabalho aos meus pais,
Walter e Lourdes, ao meu amor, Cristiano e ao
meu irmão Marcelo.
AGRADECIMENTOS
“Agradecer é admitir que houve um minuto em que se precisou de alguém.
Agradecer é reconhecer que o homem jamais poderá lograr para si o dom de ser
auto-suficiente”.
Agradeço, primeiramente, a Deus e Nossa Senhora da Penha, pela presença
na minha vida, por me guiarem nas escolhas e por intercederem nos momentos
difíceis.
Aos meus pais e irmão, que tanto me fazem falta, pelo amor, apoio,
credibilidade, dedicação, pela felicidade estampada cada vez que eu desembarco
em Vitória, por me fazerem sentir especial quando estou com vocês.
Ao meu amor Cris, pelo incentivo e compreensão por minha ausência, pela
paciência, pelas palavras ditas e pelas não ditas também, sempre na hora certa,
pelo conforto nos momentos de tristeza, por não me deixar desistir, mesmo com
tanta saudade e pela maturidade em manter nossa relação tão saudável mesmo
com a distância.
À família, tias Nilza e Sônia, vó Ciça e vó Geni (in memorian), pelas orações,
tia Kika e todos os agregados pelos momentos de alegria e recuperação das
energias.
Aos queridos afilhados Valéria e Cláudio, pela atenção e preocupação, pelos
bons e maus conselhos e pela grande amizade.
Aos inesquecíveis amigos de Vitória, pela boa companhia quando possível.
A todas as 57 pensionetes, minha família carioca, pelo acolhimento e
amizade, principalmente Iranildes, Nilza e Jaqueline.
A Paula, por ter me recebido em sua casa, pela confiança, companheirismo e
toda a torcida.
Aos amigos da Marinha, pelo apoio, preocupação, aprendizado e às inúmeras
representações.
Ao Cap. Eudes, Cap. Brum, Ten. Taciana e Rodrigo pelo convívio durante o
curso.
À secretária Cristina, sempre com uma palavra de força.
À DOCM por permitir períodos de ausência para finalização deste trabalho.
Ao IME, pelo curso de Mestrado em Engenharia de Transportes.
A CAPES, pelo fomento à pesquisa.
Aos orientadores Professor Amorim e Professora Esther, pelas cobranças,
pelos importantes ensinamentos e empenho em realizar este trabalho.
Ao Major Marcelo Reis e Professora Maria Cláudia por aceitarem o convite
para participar da banca de defesa.
À Muniz e Spada, Allonda e Queiroz Galvão, por permitirem conhecimento do
projeto e acesso à obra de dragagem do Canal do Fundão para o acompanhamento.
Enfim, a todos que de alguma maneira contribuíram para a execução desse
trabalho, seja pela ajuda constante ou com uma palavra de amizade!
Muito Obrigada!
SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES.......................................................................................................12
LISTA DE TABELAS...............................................................................................................16
LISTA DE SIGLAS.................................................................................................................18
INTRODUÇÃO.............................................................................................23
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................26
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS.........................................................................26
1.2. LEGISLAÇÃO................................................................................................. 28
INTERNACIONAL..............................................................................................................29
NACIONAL........................................................................................................................31
1.3. TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO DE MATERIAL DRAGADO............................36
REUTILIZAÇÃO E USO BENÉFICO DO MATERIAL DRAGADO............................................39
DISPOSIÇÃO NÃO – CONFINADA DO MATERIAL DRAGADO NA ÁGUA.............................43
DISPOSIÇÃO NÃO – CONFINADA DO MATERIAL DRAGADO EM TERRA...........................46
DISPOSIÇÃO CONFINADA DE MATERIAL DRAGADO EM TERRA......................................47
DISPOSIÇÃO CONFINADA DE MATERIAL DRAGADO NA ÁGUA........................................49
DISPOSIÇÃO CONFINADA DE MATERIAL DRAGADO COM TUBOS GEOSSINTÉTICOS......52
1.4. COMPARAÇÃO ENTRE AS TÉCNICAS DE CONFINAMENTO DE
MATERIAL CONTAMINADO..................................................................................54
1.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................61
ANÁLISE DA APLICAÇÃO DOS TUBOS GEOSSINTÉTICOS ................................62
1.6. CARACTERÍSTICAS DOS GEOSSINTÉTICOS............................................62
1.7. APLICAÇÕES................................................................................................ 66
VISITA TÉCNICA À ETE RIO DAS OSTRAS/RJ....................................................................68
1.8. PROPRIEDADES QUÍMICAS DOS GEOTÊXTEIS........................................70
1.9. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS GEOTÊXTEIS...........................................71
1.10. PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DOS GEOTÊXTEIS...............................73
1.11. PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS GEOTÊXTEIS..................................74
1.12. CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE TUBOS GEOTÊXTEIS............77
1.13. INSTALAÇÃO DOS TUBOS GEOTÊXTEIS.................................................78
1.14. METODOLOGIA DE ENSAIOS...................................................................80
1.15. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................84
ESTUDO DE CASO – OBRA DE REVITALIZAÇÃO DO CANAL DO FUNDÃO/RIO DE
JANEIRO......................................................................................................85
1.16. INTRODUÇÃO.............................................................................................85
1.17. DESCRIÇÃO DA OBRA DE DRAGAGEM DO CANAL DO FUNDÃO.........88
ALTERNATIVAS ESTUDADAS PARA A DISPOSIÇÃO DO MATERIAL DRAGADO.................91
COMPARAÇÃO ENTRE AS ALTERNATIVAS DE DISPOSIÇÃO PROPOSTA..........................93
DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE DRAGAGEM....................................................................96
1.18. DISPOSIÇÃO DO MATERIAL DRAGADO EM TUBOS GEOTÊXTEIS.....101
CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL DRAGADO CONTAMINADO......................................101
1.18.1. DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE DISPOSIÇÃO EM TUBOS
GEOTÊXTEIS ..................................................................................................... 108
1.19. CARACTERIZAÇÃO DOS SEDIMENTOS APÓS A DISPOSIÇÃO NOS
TUBOS................................................................................................................. 116
COLETA DAS AMOSTRAS...............................................................................................117
1.19.1. DESCRIÇÃO DE ENSAIOS NO LABORATÓRIO E RESULTADOS......118
1.20. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 121
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..............................................................122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................126
ANEXOS....................................................................................................131
1.21. ANEXO 1................................................................................................... 132
1.22. ANEXO 2.................................................................................................... 143
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 2.1 - DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DAS ALTERNATIVAS TRADICIONAIS DE


DISPOSIÇÃO DE MATERIAL DE DRAGAGEM NOS ESTADOS UNIDOS..................38
FIG. 2.2 - FORMAS DE LANÇAMENTO DO SEDIMENTO DRAGADO. (A) DRAGA DE
SUCÇÃO E RECALQUE; (B) DRAGA AUTOTRANSPORTADORA; (C) BATELÃO........45
FIG. 2.3 - POLÍGONO DE DISPOSIÇÃO OCEÂNICA DE MATERIAL DRAGADO NA
REGIÃO DE SANTOS.....................................................................................46
FIG. 2.4 - SETORIZAÇÃO DO CANAL DE PIAÇAGÜERA E LOCALIZAÇÃO DOS
PASSIVOS AMBIENTAIS................................................................................48
FIG. 2.5 - FORMAS DE DISPOSIÇÃO CONFINADA DE MATERIAL DRAGADO
CONTAMINADO............................................................................................49
FIG. 2.6 - FASES DO PROCESSO DE CONFINAMENTO DO TUBO GEOTÊXTIL
TECIDO. 1) ENCHIMENTO DO TUBO; 2) DESAGUAMENTO DO MATERIAL E 3)
ABERTURA DO TUBO, COM O MATERIAL DESIDRATADO..................................53
FIG. 3.7 - DIFERENTES TIPOS DE GEOTÊXTEIS: A) GEOTÊXTIL TECIDO, B)
GEOTÊXTIL NÃO TECIDO LIGADO QUIMICAMENTE, C) GEOTÊXTIL NÃO TECIDO
LIGADO TERMICAMENTE, E D) GEOTÊXTIL NÃO TECIDO LIGADO MECANICAMENTE
(POR AGULHAGEM)......................................................................................63
FIG. 3.8 -. ZONAS DE DEPOSIÇÃO DO MATERIAL DURANTE O BOMBEAMENTO...64
FIG. 3.9 -. PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS GEOTÊXTEIS DE MODO A CUMPRIREM O
SEU DESEMPENHO.......................................................................................66
FIG. 3.10 - EXEMPLOS DE APLICAÇÃO. CONSTRUÇÃO DE DIQUES E QUEBRA-
MARES.......................................................................................................67
FIG. 3.11 -. EXEMPLO DE APLICAÇÃO. CONTENÇÃO DE RESÍDUOS EM INDÚSTRIA.
..................................................................................................................68
FIG. 3.12 -. ETE RIO DAS OSTRAS/RJ, FASE FINAL DE ARMAZENAMENTO DO
LODO NOS GEOTUBOS.................................................................................69
FIG. 3.13 - ETE RIO DAS OSTRAS/RJ,FASE INICIAL DE ARMAZENAMENTO DO
LODO NOS TUBOS GEOTÊXTEIS.....................................................................69
FIG. 3.14 - ELEVADA CAPACIDADE DE ALONGAMENTO E RESISTÊNCIA À
PERFURAÇÃO PERMITEM QUE O GEOTÊXTIL SE MOLDE AO REDOR DE
SUPERFÍCIES IRREGULARES..........................................................................74
FIG. 3.15 - A)TIPO DE COSTURA SIMPLES; B) TIPO DE COSTURA COM GEOTÊXTIL
SOBREPOSTO..............................................................................................75
FIG. 3.16 - ARRANJO DE PARTÍCULAS E FORMAÇÃO DE PRÉ-FILTRO.................77
FIG. 3.17 - DESCRIÇÃO DOS PASSOS DE INSTALAÇÃO DOS BAGS.....................79
FIG. 3.18 - ETAPAS DE MONTAGEM DOS FLANGES E CONEXÕES DA TUBULAÇÃO
DE RECALQUE.............................................................................................80
FIG. 3.19 - PASSOS PARA REALIZAÇÃO DO TESTE COM BOLSA GEOTÊXTIL.....84
FIG. 4.20 - IMAGEM ANTES E DEPOIS DO ATERRO NA ILHA DO FUNDÃO...........86
FIG. 4.21 - A) LANÇAMENTO DE ESGOTO NO CANAL DO CUNHA, NA AVENIDA
BRASIL; E B) GRANDE QUANTIDADE DE LIXO CONTIDO NA ECOBAREIRA DO
CANAL DO CUNHA.......................................................................................87
FIG. 4.22 - ILHA DO FUNDÃO, TRAÇADO DA DRAGAGEM A SER REALIZADA NO
CANAL........................................................................................................88
FIG. 4.23 - CAMPO DE CORRENTES NO CANAL ANTES DA DRAGAGEM, COM MARÉ
DE SIZÍGIA TÍPICA EM SITUAÇÃO DE MEIA MARÉ VAZANTE..............................89
FIG. 4.24 - CAMPO DE CORRENTES NO CANAL PROPOSTO COM MARÉ DE SIZÍGIA
TÍPICA EM SITUAÇÃO DE MEIA MARÉ VAZANTE..............................................90
FIG. 4.25 - ÁREAS DE DISPOSIÇÃO DO MATERIAL DRAGADO............................94
FIG. 4.26 - PERSPECTIVA DA FUTURA URBANIZAÇÃO DO CANAL DO FUNDÃO
SOBRE A ÁREA DE DISPOSIÇÃO DOS TUBOS GEOTÊXTEIS................................96
FIG. 4.27 - ESQUEMA DO CAMINHAMENTO DO MATERIAL DRAGADO. ..............96
FIG. 4.28 - ETAPA DA DRAGAGEM DO CANAL DO FUNDÃO...............................97
FIG. 4.29 - FLUXOGRAMA APÓS O RECALQUE DO MATERIAL LIMPO..................97
FIG. 4.30 - ETAPAS DA DISPOSIÇÃO DO MATERIAL NÃO-CONTAMINADO: A) O
MATERIAL É RECALCADO PARA O FILTRO DE LIXO FINO E B) LANÇADO NO DIQUE
E ESPALHADOS PELA ESCAVADEIRA..............................................................98
FIG. 4.31 - FLUXOGRAMA PARA O MATERIAL CONTAMINADO SER DESTINADO
NOS TUBOS.................................................................................................99
FIG. 4.32 - ÁREA DOS TUBOS: A) ADIÇÃO DE POLÍMERO; B) CHICANA; C) VISTA
GERAL DA DISPOSIÇÃO DOS TUBOS; D) DESAGUAMENTO DOS TUBOS............100
FIG. 4.33 - PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM...........102
FIG. 4.34 - PLANTA DE DRAGAGEM, SEÇÃO DO CANAL E ÁREAS DE DISPOSIÇÃO
DOS TUBOS...............................................................................................110
FIG. 4.35 - DETALHE DAS CAMADAS PREPARADAS PARA OS TUBOS E CANALETA.
................................................................................................................112
FIG. 4.36 - DISTRIBUIÇÃO DAS CAMADAS DE TUBOS, CONFORME DIMENSÃO DOS
MESMOS...................................................................................................113
FIG. 4.37 - OPERAÇÃO DOS TUBOS: A) FUNCIONÁRIOS LAVANDO OS TUBOS; B)
DETALHE DO DESAGUAMENTO; E C) ÁGUA UTILIZADA NA LAVAGEM ESCOANDO,
SEM EMPOÇAR..........................................................................................114
FIG. 4.38 - VÁLVULAS DE ALIMENTAÇÃO DOS MANGOTES PARA ENCHIMENTO
DOS TUBOS...............................................................................................115
FIG. 4.39 - COLETE DAS AMOSTRAS NO TUBO APÓS 07 DIAS DE
DESAGUAMENTO, SEM OPERAÇÃO. ABERTURA DA FLANGE (A), VISTA SUPERIOR
DO MATERIAL NO INTERIOR DO BAG COM ELEVADA PRESENÇA DE ÁGUA (B),
MATERIAL RETIRADO DO BAG (C), POSIÇÕES DE RETIRADA DE MATERIAL (D, E
,F)............................................................................................................117
FIG. 4.40 - DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DAS FRAÇÕES AREIA, SILTE E
ARGILA DOS CANAIS DO FUNDÃO E DO CUNHA............................................119
FIG. 4.41 - SEDIMENTAÇÃO IRREGULAR DO MATERIAL DENTRO DOS TUBOS.. .120
LISTA DE TABELAS

TAB. 2.1- CONVENÇÕES E ACORDOS INTERNACIONAIS QUE REGULAM A


DISPOSIÇÃO DO MATERIAL DRAGADO...........................................................30
TAB. 2.2- ALTERNATIVAS PARA USOS BENÉFICOS DO MATERIAL DRAGADO......41
TAB. 2.3. APLICAÇÃO DA TÉCNICA EM OUTROS PAÍSES:..................................50
TAB. 2.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS ENTRE TÉCNICAS DE CONFINAMENTO:
..................................................................................................................57
TAB. 2.5. AS PRINCIPAIS CONSIDERAÇÕES NAS AVALIAÇÕES DOS MÉTODOS
INCLUEM:...................................................................................................58
TAB. 2.6. OS PRINCIPAIS FATORES PARA MONITORAMENTO DOS MATERIAIS
CONFINADOS..............................................................................................59
TAB. 2.7. FUNCIONAMENTO DAS TÉCNICAS E SITUAÇÕES INDICADAS PARA SUA
UTILIZAÇÃO:...............................................................................................60
TAB. 3.8. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS PRINCIPAIS POLÍMEROS............70
TAB. 4.9 COMPARAÇÃO ENTRE AS ALTERNATIVAS DE DISPOSIÇÃO DE MATERIAL
DRAGADO...................................................................................................93
TAB. 4.10 CLASSIFICAÇÃO DO CANAL DO FUNDÃO, DE ACORDO COM AS
RESOLUÇÕES:...........................................................................................103
TAB. 4.11 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DOS RESULTADOS DA QUALIDADE DOS
SEDIMENTOS (EM MG/KG, EXCETO COT EM %) :............................................104
TAB. 4.12 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DOS RESULTADOS DA QUALIDADE DE
ÁGUA:.......................................................................................................104
TAB. 4.13 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS AMOSTRAS DE ÁGUA E SEDIMENTOS
COLETADAS NO CANAL...............................................................................106
TAB. 4.14 - CONCENTRAÇÕES DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DOS LÍQUIDOS
PERCOLADOS – DISPOSIÇÃO FINAL DO MATERIAL DRAGADO NA ÁREA 1 EM
TUBOS TÊXTEIS.........................................................................................107
TAB. 4.15 - CONCENTRAÇÕES DE METAIS PESADOS E ARSÊNIO DOS LÍQUIDOS
PERCOLADOS – DISPOSIÇÃO FINAL DO MATERIAL DRAGADO NA ÁREA 1 EM
TUBOS TÊXTEIS ........................................................................................107
LISTA DE SIGLAS
ADC ÁREA DE DISPOSIÇÃO CONFINADA
BS BRITISH STANDARDS
CCME CANADIAN COUNCIL OF MINISTERS OF THE ENVIRONMENT
CDF CONFINED DISPOSAL FACILITY
CETESB COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
CF CONSTITUIÇÃO FEDERAL
CONAMA CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
COSIPA COMPANHIA SIDERÚRGICA PAULISTA
CSA COMPANHIA SIDERÚRGICA DO ATLÂNTICO
CWA CLEAN WATER ACT
DPC DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS
EIA ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
EN EUROPEAN NORM
EPA ENVIRONMENT PROTECT AGENCY
ETE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO
EUA ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
GCL GEOSYNTHETIC CLAY LINER
HELCOM THE HELSINKI COMMISSION
IBAMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
RENOVÁVEIS
IEMA INSTITUO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS DO ESPÍRITO
SANTO
INEA INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE DO RIO DE JANEIRO

IPHAN INSTITUTO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E ARTÍSTICO NACIONAL


ISO INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION
MARPOL CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO CAUSADA
POR NAVIOS
MPRSA MARINE PROTECTION, RESEARCH, AND SANCTUARIES ACT
NBR NORMA BRASILEIRA
NEPA NATIONAL ENVIRONMENTAL POLICY ACT
OD OXIGÊNIO DISSOLVIDO
OSPAR CONVENÇÃO PARA A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE MARINHO DO ATLÂNTICO
NORTE
PCB POLICLOROBIFENILOS
PDBG PROGRAMA DE DESPOLUIÇÃO DA BAÍA DA GUANABARA
PEAD POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE
PNMA POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
RAS RELATÓRIO AMBIENTAL SIMPLIFICADO
RIMA RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL
SISNAMA SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
SMA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE
UDC UNIDADES DE DISPOSIÇÃO CONFINADA
USACE UNITED STATES ARMY CORPS OF ENGINEERS
USEPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY
RESUMO

A dragagem é uma atividade importante para o sistema aquaviário, visa garantir a


profundidade dos canais e vias de acesso, tanto para permitir e garantir a
navegabilidade das embarcações, quanto para revitalizar e melhorar a qualidade
ambiental dos corpos hídricos. Nas regiões contaminadas, o material dragado
deverá ser avaliado para a melhor destinação, com menores custos e impactos ao
meio ambiente, sendo necessário o desenvolvimento e adaptação de tecnologias e
procedimentos para a realização da atividade. Este trabalho visa contribuir para a
utilização de uma tecnologia inovadora em confinamento de material dragado
contaminado em tubos geotêxteis, comparando com as técnicas disponíveis e mais
utilizadas no mercado. Para ilustrar a utilização da técnica de confinamento em
geotêxteis são descritas as etapas da obra de dragagem do Canal do Fundão,
sendo a maior dragagem de rio em operação no mundo e pioneira na utilização dos
geotêxteis para este fim, apresentando os benefícios e dificuldades associadas à
operação e os resultados dos parâmetros ambientais necessários para a
adequabilidade da técnica aos padrões ambientais exigidos no Brasil.

21
ABSTRACT

The dredging is an important activity for the system of maritime transport, aims at to
guarantee the depth of the canals and ways of access, as much to allow and to
guarantee the navigability of the boats, as to revitalize and to improve the
environmental quality of the bodies of water. In the contaminated regions, the
dragged material will have to be evaluated for the best destination, with lesser costs
and impacts to the environment, being necessary the development and adaptation of
technologies and procedures for the accomplishment of the activity. This work aims
at to contribute for the use of an innovative technology in confinement of material
dragged contaminated in geotextil pipes, comparing with the used available
techniques and more in the market. To illustrate the use of the technique of
confinement in geotextil the stages of the workmanship of dredging of the Canal of
the Fundão are described, being the biggest dredging of river in operation in the
world and pioneer in the use of the geotextil for this end, presenting the benefits and
difficulties associates to the operation and the results of the necessary ambient
parameters for the adequateness of the technique to the demanded ambient
standards in Brazil.

22
INTRODUÇÃO

Os recursos hídricos representam grande importância no desenvolvimento da


vida humana, sendo fonte de água potável, que garante vida mais saudável à
população e até mesmo renda, energia e lazer. Entretanto, com o desenvolvimento
de centros urbanos nas proximidades de estuários e grandes rios, todo o
ecossistema existente na região sofre o processo de contaminação proveniente de
fontes urbanas e industriais.
Mesmo com tantas finalidades, os recursos hídricos estão sendo
contaminados devido, entre outras causas, ao lançamento de esgotos sanitários,
pois o sistema de saneamento básico na maioria das cidades é insuficiente ou
inexistente, causando a mortandade de peixes e de outros seres aquáticos.
Além disso, a produção de poluentes inerentes aos processos industriais, seja
no ar, solo ou água estão contaminando os recursos naturais existentes em sua área
de influência, sendo que o lançamento de efluentes ricos em metais pesados em um
corpo hídrico, por exemplo, contamina a fauna, flora e o solo do leito.
A preocupação com o meio ambiente vem se tornando cada vez mais
freqüente, e em todas as atividades causadoras de impactos ambientais são
exigidas medidas para eliminar ou mitigar os efeitos negativos na região afetada.
Nos empreendimentos que requerem dragagem, as ações para minimizar os
impactos são implementadas em todas as etapas. Nesse sentido, devem ser
analisados os locais de destino do material dragado do leito de rios e estuários.
O objetivo deste trabalho é discutir as questões ambientais envolvidas no
processo de disposição de material dragado contaminado, avaliando as técnicas
disponíveis no mercado, sejam técnicas de disposição aberta ou confinada de
sedimentos.
Há diversas metodologias e tecnologias de disposição dos sedimentos
dragados, no presente trabalho serão apontadas algumas, como o
acondicionamento de sedimentos em tubos geossintéticos.
O processo de disposição do material dragado nos tubos geotêxteis será
abordado de forma ilustrativa, pelo acompanhamento da obra de dragagem do

23
Canal do Fundão, no município do Rio de Janeiro, sendo um Estudo de caso a ser
apresentado ao final deste trabalho.
Esta obra foi a primeira deste tipo a ser realizada no país em que o material
confinado é contaminado com metais pesados, conforme resultados de ensaios
indicaram cromo, níquel, chumbo, cobre, mercúrio e zinco.
O trabalho se justifica por apresentar novas tecnologias para o
armazenamento de materiais contaminados oriundos das atividades de dragagem,
que muitas vezes são executadas em áreas que recebem contribuição e intervenção
antrópica, contendo presença de compostos poluentes.
A técnica de armazenamento de resíduos sólidos de elevada umidade em
tubos geotêxteis é utilizada em Estações de Tratamento de Esgotos, para disposição
do lodo gerado em seu processo e nos Estados Unidos têm largo uso nas indústrias
e mineradoras, reduzindo a área de descarte de rejeitos devido aos volumes
gerados por suas atividades, colaborando ainda com a etapa do tratamento do
efluente produzido. Outra utilização é para contenções marinhas, em virtude da
grande resistência do material e praticidade de instalação.
A aplicação desta técnica para materiais dragados deve ser analisada e
monitorada, pois a vazão de dragagem e a área de disposição deverão ser
dimensionadas em função do tempo de desidratação do sedimento, que por sua vez
chega ao tubo com elevada umidade. Então, com o material seco, alguns ensaios
específicos são realizados, para verificar a compatibilidade com sua destinação,
podendo ser utilizado em aterros.
Para atingir o objetivo proposto, este trabalho está composto de cinco
capítulos, cujos conteúdos são descritos a seguir.
No Capítulo 2, é apresentada uma descrição das atividades de dragagem, e
uma revisão bibliográfica, que trata da legislação e das técnicas de disposição do
material dragado, com as diversas técnicas existentes no mercado. Apresenta a
técnica do tubo geotêxtil e as principais características físicas e químicas do material
e o procedimento da aplicação da técnica.
No Capítulo 3 são abordadas as especificações técnicas dos tubos
geossintéticos, com suas metodologias e diferentes aplicações.
No Capítulo 4 apresenta o Estudo de Caso da dragagem do Canal do
Fundão, no qual utiliza a técnica de disposição de sedimentos em tubos

24
geossintéticos. No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho e
algumas recomendações e sugestões para estudos e pesquisas futuras.

25
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Em diversas cidades no Brasil, devido ao lançamento de efluentes nos rios
próximos aos centros urbanos, oriundos do grande número de indústrias, a
contaminação dos recursos hídricos e do solo propiciou a redução de oxigênio nas
águas, levando à contaminação dos sedimentos e da biota. Diversos pólos
industriais, no Brasil e no mundo, vêm crescendo desordenadamente e provocando
a poluição do meio ambiente, em particular o meio aquático.
Os canais fluviais apresentam diversas características dinâmicas, que
influenciam a qualidade atribuída dos processos fluviais. A dinâmica do escoamento,
no que se refere à geomorfologia ganha importância na força exercida pela água
sobre os sedimentos do leito fluvial, no transporte dos sedimentos, nos mecanismos
deposicionais e na formação da topografia do leito (BARROS, 2006).
Dependendo do peso das partículas os sedimentos podem ser transportados
em um curso d’água em solução, suspensão. Desta forma as partículas menores
estarão em solução e as maiores serão carregadas em suspensão até ponto do
curso d’água onde existe uma diminuição da velocidade capaz de provocar o
depósito das mesmas, e as maiores serão arrastadas.
Assim, os estuários e baías estão mais propensos a contaminação devido à
sua dinâmica, com velocidades inferiores e capacidade de depuração reduzida.
Acumulam os contaminantes lançados em suas proximidades e os sedimentos
carreados, provenientes das erosões de solos, desgaste de rochas, práticas de
agricultura ou atividades de construção, que vão se acumulando ao longo do leito
dos corpos hídricos diminuindo a altura da lâmina d’água, em um processo de
assoreamento.
Ambientalmente, o assoreamento e o transporte de sólidos causam danos ao
equilíbrio ecológico, entre outros fatores, devido ao aumento da turbidez da água,
influenciando, por exemplo, na fotossíntese da vegetação subaquática, prejudicando
a procriação dos seres que põem seus ovos nos substratos.

26
Em termos econômicos, a retenção de sedimentos reduzirá a capacidade de
movimentação e o tráfego de embarcações. Sendo que o sistema de transporte
aquaviário tem grande importância na economia nacional e mundial e é a base das
maiores e significantes operações de comércio no mundo.
Com o crescimento da demanda de mercadorias, tornou-se necessário que as
embarcações aumentassem suas capacidades em termos de tonelagem
transportada. Para atender ao incremento do mercado e continuar competitivo frente
aos outros sistemas de transporte, o sistema de transporte aquaviário vem sendo
submetido às novas tecnologias ao longo dos anos, construindo embarcações com
calados maiores e exigindo dos portos, canais de acesso, bacias de evolução,
berços de atracação e hidrovias com as devidas adequações nas profundidades e
larguras.
Entretanto, o assoreamento pode causar como conseqüência dificuldade para
estas novas embarcações, sendo necessária a remoção mecânica, ou por outras
técnicas, dos sedimentos ali depositados. Então são efetuadas atividades de retirada
de uma porção do solo do leito dos corpos d’água, utilizando dragas.
A cada ano, grandes quantidades de sedimentos são dragadas, para
melhorar o sistema de navegação para uso comercial, defesa nacional, bem como
para fins recreativos. Durante muito tempo não foi questionada a destinação desse
volume de material, que era descarregado em águas confinadas ou nos oceanos,
rios, lagos e estuários, mas com a evolução da preocupação ambiental e o
estabelecimento das leis restritivas, a identificação de novas áreas para disposição
do referido material é questionada quanto aos impactos ambientais e sociais
causados.
Após a dragagem dos sedimentos é realizado o descarte dos mesmos, cujo
local e o meio a serem transportados são definidos em função de diversos
parâmetros, como os aspectos ambientais, econômicos, técnicos, logístico e
equipamentos utilizados para a atividade.
Com a caracterização dos sedimentos bem definida, pode-se analisar a
viabilidade das possíveis destinações que possam ser atribuídas ao material.
Estes sedimentos podem estar contaminados com substâncias tóxicas, em
concentrações nocivas ao meio ambiente. Qualquer sedimento removido através de
processos de dragagem e que contenha contaminantes em uso irrestrito no meio

27
ambiente, é denominado de material dragado contaminado (PIANC, 2002 apud
Almeida, 2004). Para sedimentos contaminados as alternativas de disposição são
mais complexas, pois deve-se avaliar a interação do material com o meio, evitando a
contaminação do solo, recurso hídrico e biota.
Nesta fase também é importante avaliar como transportar o material dragado
até a área de descarte final, que em função da DMT (distância média de transporte)
pode ter seus custos elevados. No caso de sedimentos contaminados, o transporte
da mistura sedimento/água se encontra significativamente vinculado à localização e
à técnica de deposição ou lançamento do material (Porto de Santos, 2008).
As alternativas de disposição do material dragado são definidas na literatura
em diversas categorias, sendo abordadas pelos autores conforme suas
perspectivas. Assim, o material dragado pode ser disposto em mar aberto, zona
costeira ou em terra, podendo ainda ser reutilizado de forma benéfica ou tratado
para tal fim.
Uma inovação quanto às propostas tecnológicas de disposição desses
materiais são os tubos geotêxteis, que permitem a contenção e a retirada de
umidade dos sedimentos dragados. Estes tubos são feitos de geotêxteis permeáveis
de alta resistência, que podem conter sedimentos finos, solos contaminados e
rejeitos, considerados também uma forma de tratamento dos sedimentos
contaminados.
Este capítulo apresenta a legislação ambiental, para a melhor escolha de
destinação do material e os principais tipos de disposição e utilização do material
dragado, com ênfase nos geossintéticos. As propriedades relevantes dos
geossintéticos serão apresentadas, juntamente com as principais aplicações.

1.2. LEGISLAÇÃO
As atividades de dragagem são causadoras de impactos ambientais, ainda
que sejam utilizados técnicas e equipamentos de forma a minimizar os danos, para a
retirada de sedimentos contaminados do leito dos corpos hídricos.
A partir das décadas de 60 e 70, incentivados pelos diversos eventos como a
implantação da Política Ambiental Americana – NEPA e a Conferência de
Estocolmo, a preocupação com o meio ambiente se tornou mais evidente, e

28
juntamente com a consciência da sociedade civil que se mobilizava em favor da
questão ambiental, foram delineados os rumos a serem seguidos com novas
concepções e instrumentos que iniciaram a estruturação da política ambiental nos
diversos países.
A princípio, a preocupação se dava em torno de medidas corretivas para a
poluição, uma vez que as políticas preconizavam a minimização da poluição através
de equipamentos de controle. Entretanto, após perceberem que as atividades
humanas poderiam levar à escassez dos recursos naturais, a preocupação
ambiental mudou o foco das atenções e novos instrumentos foram implantados, para
o controle preventivo do meio ambiente.

INTERNACIONAL
No final do século XIX já havia legislação, embora em pequenas proporções,
sobre proteção do meio ambiente marinho. Contudo, devido aos acontecimentos das
décadas de 60 e 70, quando ocorreram grandes acidentes ambientais, como o
derramamento de óleo no mar, o meio ambiente passou a ter a devida atenção.
Considerada um marco da legislação ambiental, em 1972, a Convenção de
Londres, foi uma das primeiras convenções mundiais sobre a prevenção da
contaminação do mar por despejo de resíduos e outras matérias, que ao longo do
tempo foi conquistando novos membros, inclusive o Brasil, contando atualmente
com 85 países integrantes. Seu objetivo é promover o controle efetivo de todas as
fontes de poluição marinha e tomar todas as medidas viáveis para prevenir a
poluição do mar por imersão de resíduos e outras matérias.
A mais importante convenção que trata do regulamento e prevenção da
poluição marinha por navios é a International Convention for the Prevention of
Pollution from Ships, realizada pela Organização Marítima Internacional, em 1973 e
modificada pelo Protocolo de 1978, conhecida como MARPOL 73/78.
Outro documento com foco na disposição do material dragado, as
Convenções de Oslo e Paris, em 1972 e 1974, respectivamente, foram fundidas em
1992, quando foi definida uma única Convenção, OSPAR - Convenção para a
Proteção do Meio Ambiente Marinho do Atlântico Norte, o qual inclui o Atlântico
Nordeste e o Mar do Norte. Esta convenção foi revisada e, segundo ALMEIDA

29
(2004), visa à prevenção e eliminação da poluição proveniente de fontes baseadas
em terra e fontes offshore, e da poluição proveniente do despejo de lixos e
incinerações.
As Convenções de Londres e OSPAR são muito semelhantes em seus
conteúdos, entretanto, a última é mais flexível com os limites aceitáveis dos
parâmetros analisados e substâncias e materiais amplamente abordados na
Convenção de Londres, não são citados na OSPAR.
Na TAB 2.1 são apontadas as principais Convenções Internacionais que, de
alguma forma, fazem referência à disposição de material dragado.
TAB. 2.1- Convenções e Acordos Internacionais que regulam a disposição do
material dragado.
Acordos, Convenções e Diretrizes Abrangência
MARPOL - 73/78 Global
Convenção da Lei do Mar 1982 Global
Convenção de Londres, 1972 Global
Convenção da Basiléia, 1989 Global
Convenção de Oslo, 1972 Regional, Atlântico Nordeste
Convenção de Helsinque, 1974 Regional, Mar Báltico
Convenção de Paris, 1974 Regional, Atlântico Nordeste
Convenção de Barcelona, 1976 Regional, Mediterrâneo
Convenção Regional do Pacífico Sul, 1986 Regional, Pacífico Sul
Convenção do Kuwait, 1978 Regional, Golfo da Arábia
Convenção de Lima, 1988 Regional, Pacífico Sul
Convenção de Abidjan, 1981 Regional, África Central e
Convenção de Nairóbi, 1985 Ocidental
Regional, Leste da África
Convenção de Cartagena, 1983 Regional, Caribe
Regional, Mar Vermelho e Golfo de
Convenção de Jeddah, 1982
Áden
Diretrizes de Montreal, 1985 Global
Fonte: GOES FILHO, 2004
Nos diversos países europeus a questão ambiental é tratada com grande
engajamento, sendo elaboradas diretrizes para melhorar a qualidade de vida e
atenuar os efeitos negativos no meio ambiente. A legislação ambiental é específica
em cada país, cujas preocupações e necessidades se diferenciam pelas atividades
poluidoras e características hídricas da região.
A preocupação norte americana em torno das questões ambientais se
concentrou no início da década de 70, com a implementação da NEPA (National
Environmental Policy Act). A partir da declaração da política a ser adotada, foi
publicado o regulamento de disposição de material dragado em águas dentro dos

30
Estados Unidos e águas do oceano, que é uma responsabilidade partilhada entre a
USEPA (United States Environmental Protection Agency) e USACE (United States
Army Corps of Engineers).
Os dois órgãos, em parceria, elaboraram um documento Evaluating
Environmental Effects Of Dredged Material Management Alternatives - A Technical
Framework, em 1992, que visa analisar a aceitabilidade ambiental da alternativa de
gestão dos sedimentos, atendendo os conceitos e diretrizes definidos na NEPA. O
referido documento, desde que foi publicado, tem avançado quanto aos ensaios e
procedimentos de avaliação, e foi revisado e atualizado em 2004.
O Ministério do Meio Ambiente do Canadá (Canadian Council of Ministers of
the Environment – CCME) funciona como referência para instituições dos estados,
membros do ministério, que desenvolvem as estratégias nacionais, normas e
diretrizes, que cada um deles poderá utilizar em função do meio ambiente.
Em 1995, foi instituído um protocolo para colaborar para a proteção da vida
aquática, sob as diretrizes da CCME, intitulado Protocol for the Derivation of
Canadian Sediment Quality Guidelines for the Protection of Aquatic Life. As
orientações estabelecidas neste protocolo servem para analisar a qualidade dos
sedimentos, o grau de contaminação e toxicidade, para auxiliar nas ações de
controle da qualidade da água.
Este protocolo foi revisado e atualizado em 2002, quanto aos parâmetros
analisados nos sedimentos. Tais parâmetros e limites serviram de base para a
elaboração da Res. CONAMA nº 344/04, que será abordada mais adiante.

NACIONAL
Com os acontecimentos pelo mundo, como a Conferência das Nações Unidas
em 1972, referentes aos assuntos de interesse ao meio ambiente, novos rumos
foram tomados quanto à gestão dos recursos naturais, inclusive no Brasil.
A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) a partir da Lei nº 6.938/81 foi a
primeira a tratar da preocupação com a limitação dos recursos naturais, visando
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio - econômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, sendo

31
enfatizada com a Constituição Federal de 1988 (CF/88), que dedicou um capítulo
para a questão do meio ambiente, disposto no artigo 225.
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
O surgimento de leis e instituições destinadas à gestão e conservação do
meio ambiente data de 1986, com a fundação do Instituto Florestal do Estado de
São Paulo, formado por instituições que iniciaram suas atividades naquele ano.
A PNMA constituiu ainda o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA),
com seus respectivos órgãos em todas as esferas jurisdicionas. O Conselho
Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) encontra-se na estrutura deste sistema
como um órgão deliberativo e consultivo.
A preocupação em elaborar e instituir normas e resoluções para o
gerenciamento e a preservação dos corpos hídricos, fauna e flora das áreas ao seu
redor, se deram a partir de 1988, com o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro,
visando o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e dar prioridade à
conservação e proteção de recursos naturais sitos no litoral brasileiro.
O sistema portuário brasileiro passou por uma crise que culminou com a
aprovação da Lei 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, conhecida como Lei de
“Modernização dos Portos”. Iniciando, de forma irreversível, o processo de
modernização da estrutura portuária. Esta Lei, segundo Almeida (2004), define
normas para a nova legislação portuária, incluindo suas instalações, uso de mão-de-
obra, regulamentação aduaneira, questões voltadas ao meio ambiente e atribuições
regulatórias.
A legislação internacional inspirou e baseou a elaboração da legislação
brasileira referente aos processos de dragagens, sendo um dos motivos para ser
considerada uma das mais rígidas do mundo, uma vez que as condições naturais do
Brasil são diferentes de outros países, que estipulam parâmetros baseados nos
fatores ambientais existentes e potencial industrial da região.
A legislação brasileira segue os padrões canadenses, que possuem uma
realidade diferente quanto ao clima e cultura de navegação, pois é essencialmente

32
lacustre, requerendo maior controle devido à baixa eficiência de autodepuração e
ação hidrodinâmica.
O CONAMA elabora resoluções, a partir das quais são estabelecidos
parâmetros e limites padrões para as atividades passíveis de licenciamento
ambiental, classificando a dragagem e derrocamento como atividades
potencialmente poluidoras, constantes na Res. CONAMA nº 237/97. Há algumas
resoluções específicas para a disposição dos sedimentos dragados, disposto na
Res. CONAMA nº 344/04, estabelecendo diretrizes gerais e procedimentos mínimos
para a avaliação do material a ser dragado em águas jurisdicionais brasileiras.
Em 2007, foi publicado no Brasil um documento jurídico que trata
especificamente de dragagem portuária e hidroviária, a Lei nº 11.610, de 12 de
dezembro de 2007, que abrange as obras e serviços de engenharia de dragagem do
leito das vias aquaviárias, compreendendo a remoção do material sedimentar
submerso e a escavação ou derrocamento do leito, com vistas à manutenção da
profundidade dos portos em operação ou na sua ampliação.
A Res. CONAMA nº 344/04, que se encontra anexo a este trabalho, é
considerada uma das mais rígidas legislações ambientais que regulam o
desassoreamento em vias navegáveis, que vem enfrentando protestos do Conselho
de Autoridade Portuária (CAP), que a critica em relação aos limites propostos, sendo
que as águas frias e confinadas do Canadá não condizem com a situação dos
corpos hídricos brasileiros.
Apesar de ser recente e rígida essa resolução apresenta lacunas que devem
ser preenchidas com outros instrumentos legais, pois ela não deve ser consultada
isoladamente no processo. A limitação mais apontada, segundo a CETESB, é que a
origem da contaminação não é abordada, assim como seus causadores.
Para estabelecer e atualizar os valores orientadores nacionais para a
classificação do material a ser dragado, no art. 9º da referida resolução está previsto
que a mesma será revisada em até cinco anos, contados a partir da data de
publicação, em 25 de março de 2004, quando entrou em vigor. Esse processo de
revisão foi iniciado recentemente sob a Coordenação da Câmara Técnica de
Controle e Qualidade do CONAMA, não havendo ainda conclusões disponíveis
A Diretoria de Portos e Costas (DPC), subordinada à Marinha do Brasil
(Ministério da Defesa), publicou a Norma da Autoridade Portuária nº 11 (NORMAM-

33
11), em 2003, que se encontra anexa a este trabalho, com o objetivo de estabelecer
normas e procedimentos para padronizar a autorização para as atividades de
dragagem e de emissão de parecer atinente a aterros, em águas jurisdicionais
brasileiras.
Esta norma instrui ao empreendedor que antes de iniciar o processo junto ao
órgão ambiental competente para a obtenção da licença ambiental, deverá requerer
ao Capitão dos Portos da área de jurisdição onde será realizada a atividade de
dragagem um “pedido preliminar de dragagem”, para verificar se haverá
comprometimento da segurança da navegação ou do ordenamento do espaço
aquaviário.
As informações a serem analisadas quando do “pedido preliminar de
dragagem” serão as seguintes:
 Traçado da área a ser dragada e da área de despejo;
 Volume estimado do material a ser dragado;
 Duração estimada da atividade de dragagem, citando as datas
previstas de início e término;
 Profundidades atuais e/ou estimadas da área a ser dragada e, quando
couber, da área de despejo;
 Tipo de equipamento a ser utilizado durante os serviços; e
 Tipo de sinalização náutica a ser empregada para prevenir acidentes
da navegação na área da dragagem.
Após a inspeção, caso não haja oposição à realização da atividade, a
Capitania dos Portos participará o Centro de Hidrografia da Marinha, através de
mensagem, o despacho favorável ao pedido preliminar de dragagem. Com o parecer
favorável, o interessado deverá solicitar a Licença Ambiental junto ao órgão
competente.
Depois da obtenção da Licença Ambiental, a Capitania dos Portos autorizará
o início da atividade de dragagem, através de um requerimento informando as datas
previstas para seu início e término, e anexando ao requerimento uma cópia da
Licença Ambiental.
Quando da execução e conclusão das atividades, algumas providências
devem ser observadas, sendo descritas na referida norma, sejam em vias ou áreas
navegáveis e hidrografadas ou não. Tais ações devem ser atendidas pelo

34
empreendedor, entregando relatórios de acompanhamento dos serviços, de
levantamento hidrográfico e de sondagem para informar o volume efetivamente
dragado.
Em matéria ambiental, cumpre aos Estados, em especial, o exercício das
funções que lhes são atribuídas dentro do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA) instituído pela Lei n° 6.938/81, bem como legislar supletivamente à
legislação federal nas demais matérias ambientais, salvo aquelas que se incluem na
competência privativa da União, às quais, inclusive, devem os Estados dar
cumprimento (Porto de Santos, 2008).
A maioria dos estados segue apenas a legislação federal, sendo que estão
começando a elaborar suas próprias resoluções e diretrizes. Assim, o estado do
Espírito Santo possui uma Instrução Normativa (nº 11, DE 17 DE SETEMBRO de
2008), que dispõe sobre o enquadramento das atividades potencialmente poluidoras
e/ou degradadoras do meio ambiente com obrigatoriedade de licenciamento
ambiental junto ao IEMA e sua classificação quanto ao potencial poluidor e porte.
Entretanto, esse estado, como outros, ainda não regulamentou a disposição dos
sedimentos oriundos das atividades de dragagem.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro possuem diretrizes próprias, nas
quais são estabelecidos os critérios para o licenciamento ambiental de dragagem em
ambientes costeiros e sistemas hídricos interiores, incluindo a disposição final do
material dragado em ambientes costeiros e em terra.
A Res. SMA nº 39/04, de São Paulo, é baseada nos parâmetros da CETESB,
quanto à metodologia de coleta e análise das amostras dos sedimentos a serem
dragados, bem como os limites aceitáveis de substâncias químicas presentes nos
mesmos, sendo listados os componentes e parâmetros no ANEXO 2 dessa
resolução.
A Diretriz DZ-1845.R-3/02, do Rio de Janeiro, visa minimizar os riscos
ambientais ocasionados pela atividade de dragagem e pela disposição inadequada
de material dragado em alto-mar ou em terra, proibindo a disposição de material
dragado em rios e investigando a viabilidade da aplicação de ações combinadas
para o reaproveitamento do material dragado.
Essa diretriz define, com propriedade, a investigação laboratorial das
amostras a serem recolhidas no campo, para posterior caracterização física, química

35
e biológica, estabelecendo limites para a presença de substâncias tanto nos
sedimentos quanto na água.
Quando o reaproveitamento do material dragado não é possível, a diretriz
considera alternativas, para a destinação do mesmo, tal como a disposição em terra
ou no mar, apontando as condições para a viabilidade de realização.
São apresentados também os possíveis impactos ambientais provenientes da
atividade, sugerindo medidas mitigadoras como:
 Transporte de material contaminado;
 Adoção de camada impermeável de revestimento de fundo;
 Adoção de camada de cobertura do material dragado;
 Sistema de coleta e tratamento do efluente percolado;
 Técnicas de tratamento do material dragado.
Segundo Almeida (2004), esta diretriz é válida somente para o Rio de Janeiro,
mas poderia ser utilizada pelos órgãos ambientais para complementar a legislação
vigente relacionada a projetos de dragagem.
Essa diretriz preconiza a avaliação da viabilidade do reaproveitamento do
material dragado, ou na presença de material contaminado que não seja possível a
reutilização, a disposição final do material, monitorando a contaminação dos corpos
d'água, o processo de assoreamento, as porções de áreas marítimas degradadas.
Entretanto, a simples presença de contaminantes no material a ser
depositado não significa que ocorrerão impactos sobre a qualidade da água e biota
local. Se os contaminantes estiverem em formas imóveis ou não disponíveis não
haverá impacto ao ambiente aquático (CASTIGLIA, 2006).

1.3. TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO DE MATERIAL DRAGADO


Periodicamente são executadas as dragagens para a manutenção das
profundidades exigidas pelas embarcações, principalmente em locais que sofrem
carreamento de sedimentos ou intervenções antrópicas, contribuindo para o
assoreamento.
A dragagem é o processo de relocação de sedimentos e solos para fins de
construção e manutenção de vias aquáticas, de infraestutura de transporte, de
aterros e de recuperação de solos ou de mineração (Goes Filho, 2004).

36
O termo “material dragado” se refere ao material que foi dragado de corpos
hídricos, enquanto que o termo “sedimento” se refere ao material que se encontra
nos corpos hídricos antes do processo de dragagem (PIANC, 2002).
As atividades de dragagem são classificadas baseadas principalmente nos
seus objetivos de atuação, em termos de volume dos sedimentos a serem retirados
ou ainda referentes ao local de destinação dos mesmos. Os principais tipos de
dragagem, segundo Goes Filho, 2004, são divididos em quatro grupos distintos,
baseados em sua operação:
Dragagem de Aprofundamento ou Inicial - refere-se ao aprofundamento do
canal que nunca sofrera esta intervenção.
Dragagem de Manutenção – remoção do material oriundo de assoreamento
em local previamente dragado, devido às necessidades de garantia da profundidade
e largura da calha do corpo hídrico.
Dragagem Ambiental ou Ecológica – visa a retirada de uma determinada
quantidade de sedimentos contaminados.
Dragagem de Mineração – exploração de minerais como fonte de renda,
principalmente areias, argilas e cascalhos, além do ouro e diamante.
Independente da finalidade da dragagem, elas serão executadas com os
diferentes tipos de dragas, que deverão ser escolhidas conforme as características
físicas, químicas e biológicas do sedimento, o local a sofrer a dragagem e a
disposição, bem como a distância até a destinação do material, sejam eles
contaminados ou inertes, os métodos de disposição, levantamento quantitativo e a
eficiência esperada do equipamento, além da profundidade a ser atingida e dos
custos. Deve ainda ser analisada a interferência nos meios físico, biótico e antrópico,
devido à grande preocupação ambiental.
A escolha do meio transportador do material dragado é realizada quando da
opção pela draga a ser utilizada. Em geral, pode ser realizada por via aquática, seja
pelo navio-draga ou pela barcaça, que permite o transporte de grande volume de
material para longas distâncias sem interrupção do serviço, sendo efetuado em
várias viagens entre o local da intervenção e o da disposição, e por recalque através
das tubulações das próprias dragas, ao sugar os sedimentos lançando-os no local
desejado. Pode ainda ser transportado por via terrestre, utilizando o modal
rodoviário e/ou ferroviário.

37
A disposição dos sedimentos pode ser feita de diversas maneiras, conforme
apresentado na FIG. 2.1, confinando o material ou despejando no mar. Tais técnicas
vêm sendo desenvolvidas para se adaptar melhor aos ambientes e às exigências
dos órgãos ambientais.

FIG. 2.1 - Diagrama esquemático das alternativas tradicionais de disposição de


material de dragagem nos Estados Unidos.
Fonte: Porto de Santos, 2008.
A técnica mais utilizada há muitos anos era a disposição irrestrita em mar
aberto, mas recentemente, outras tecnologias foram sendo testadas e aplicadas com
sucesso em todo o mundo.
Na intenção de se adequar aos padrões ambientais, as técnicas de
disposição são desenvolvidas e vêm evoluindo, para causar os menores impactos.
Algumas técnicas têm a finalidade de conter, tratar os sedimentos, como nos tubos
geossintéticos, outras lançam o material de forma que seja depositado no fundo do
corpo hídrico ou na terra, quando o mesmo tiver grau de contaminação nulo ou
mínimo em relação aos parâmetros estabelecidos na legislação.
As técnicas de confinamento, para sedimentos contaminados, são muito
importantes para a mitigação dos impactos ambientais, sendo que devem ser
incentivadas as pesquisas para desenvolvimento e aprimoramento das mesmas, que
também deveriam contribuir para desenvolvimento do tratamento do material
dragado contaminado e sua posterior utilização. A reutilização pode ser realizada
depois do confinamento, como base para futuras construções, desde que realizados
os ensaios adequados.
Em face de tal quadro, novas tecnologias de tratamento do material dragado
contaminado vêm sendo desenvolvidas, seja para o beneficiamento in situ, para o
capeamento do material no fundo, ou para o tratamento ex situ (Goes Filho, 2004).

38
De acordo com a SEMADS, 2002, o solo do local onde será depositado o
material dragado também deve ser analisado quanto a alguns parâmetros físicos,
como estratigrafia e tipos de solo, granulometria e porosidade das camadas,
variação do lençol freático, usos atuais e futuros do solo da área escolhida, ação
natural ou antrópica que venham a interferir com a escolha de confinamento do
material.
Outro fator importante para a análise e escolha do local a ser destinado o
material dragado é a composição natural do solo, existência de metais pesados,
evidenciando os componentes e concentrações, para avaliação de interação com os
sedimentos.
Quando há necessidade de dragar um solo que esteja contaminado, muitas
dificuldades são geradas, devido aos cuidados extras que devem ser tomados, como
a dispersão desses sedimentos, elevando o grau de turbidez e a concentração do
contaminante na água. Assim, baseados na legislação, os sedimentos devem ser
avaliados como contaminados ou não.
Antes de iniciar a execução da obra de dragagem faz-se importante saber o
local, a quantidade e o tipo do sedimento que será removido. O tipo do sedimento
será conhecido pela análise em laboratório, através de ensaios em corpos de provas
retirados no campo, para auxiliar na gestão do material. As características do
sedimento são fundamentais para determinação do local de descarte, e o tipo de
tratamento que deverá ser realizado, ou ainda se será possível reutilizá-lo
beneficamente.

REUTILIZAÇÃO E USO BENÉFICO DO MATERIAL DRAGADO


A reutilização e uso benéfico do material dragado consiste na alternativa mais
econômica e ambientalmente viável, sendo motivo para ser a primeira análise de
viabilidade, mesmo que a caracterização dos sedimentos aponte contaminação, pois
há medidas e tratamentos para eliminar ou minimizar os parâmetros existentes.
Quando do licenciamento ambiental, a apresentação da reutilização e uso
benéfico desse material é considerada muito positiva e auxilia o parecer favorável
dos técnicos dos órgãos ambientais, por minimizar os danos e impactos causados
pela disposição dos mesmos em ambientes exóticos.

39
A reutilização do material dragado consiste na aplicação deste para fins
benéficos e produtivos, sendo conveniente considerar esta hipótese de disposição
do material dragado no planejamento de outros projetos sempre que possível.
A EPA (Environment Protect Agency) classifica em três categorias o uso
benéfico dos sedimentos:
 Obras de Engenharia;
 Uso na Agricultura, Aqüicultura e Horticultura; e
 Reparação de Danos Ambientais.
Segundo Krause & McDonnell, 2000, os usos mais comuns do material
dragado são no processo de construção de aterros e coberturas e como matérias
primas para materiais de construção tais como cimento e blocos de concreto.
Em dragagens de sedimentos contaminados, a reutilização é dificultada pela
necessidade de tratamento do material, para evitar interação dos compostos
químicos com o meio ambiente. Algumas técnicas estão disponibilizadas no
mercado, em função do contaminante presente, do volume de solo e da função que
desempenhará no reaproveitamento.
Existem muitas alternativas de utilização benéfica do material dragado,
devendo ser avaliadas as condições iniciais dos sedimentos, como a composição
química, características e tipo do solo, para melhor aproveitamento de suas
propriedades em atividades em que sejam adequados. A Tabela 2-3 apresenta
algumas alternativas para o reaproveitamento do material dragado de forma
benéfica, em atividades nos diferentes ambientes.

40
TAB. 2.2- Alternativas para usos benéficos do material dragado.

Ambiente Terrestre
Aterros, construção e fundações:
Rodovias, estradas, pistas de pouso em aeroportos
Asfalto, concreto, tijolos
Canalização/barreiras ao longo de estradas
Aterro de minas e poços
Cobertura para aterros, fundações e locais de mineração
Nivelamento de topografia
Estruturas para controle de erosão
Cemitérios
Produtos de solo remanufaturado:
Paisagismo
Solo ensacado
Áreas recreativas/parques/campings
Silvicultura, horticultura, agricultura
Ambientes Alagadiços
Criação de habitats silvestres, mangues e marismas
Controle de erosão, estabilização de bancos
Construção de bermas
Bio-filtros para penetração/infiltração em aterros
Bio-filtros para drenagem de ácidos em minas
Ambientes Aquáticos
Cobertura (capa) para sítios de despejo em mar aberto
Reconstrução de praia e linha de costa
Estruturas sólidas para habitats pesqueiros
Preenchimento de tubos geotêxteis
Criação de:
Ilhas
Planícies de maré
Várzeas, marismas
Bancos de ostras
Recifes de pesca
Planícies para caranguejos
Construção de diques
Fonte: Winfield & Lee, 1999.

41
Entretanto, no Brasil, esses usos não são muito difundidos, sendo o mais
comum em obras de engenharia, as obras de engordamento de praia, nas quais são
retirados sedimentos do fundo do mar e lançados para faixa da praia, que por
diversos motivos necessitam desse incremento, seja pela erosão ou pelo avanço
das edificações na direção do mar.
Dentre os locais suscetíveis à realização de dragagem estão os estuários.
Nesses locais o material dragado, geralmente, é contaminado devido ao fato de
concentrar toda a contribuição da bacia hidrográfica. Nessa contribuição incluem-se
atividades portuárias que, comumente, localizam-se nos estuários, e os efluentes
domésticos e industriais das cidades. A contaminação nesses sedimentos impede
sua utilização benéfica. Entretanto, há mecanismos de tratamento desses
sedimentos que auxiliarão na descontaminação e posterior aplicação nos diversos
segmentos.
As tecnologias empregadas atualmente para a descontaminação dos
sedimentos são muito variadas e segundo Krause & McDonnell (2000) são
classificadas conforme os processos empregados, em quatro categorias funcionais:
 Processos que separam os contaminantes dos sólidos nos sedimentos;
 Processos que destroem os contaminantes ou os transformam em formas
menos tóxicas;
 Separação física de sedimentos grosseiros de finos para reduzir o volume de
contaminantes; e
 Processos de estabilização física e química que imobilizam os contaminantes
tornando-os resistentes a perdas por infiltração, volatilização e erosão.
Os Portos de Nova Iorque e Nova Jérsei necessitam de dragagem
constantemente e chegam a retirar aproximadamente três a cinco milhões de metros
cúbicos de sedimento a cada ano. A disposição destes materiais era no oceano,
mas em virtude da legislação e dos parâmetros exigidos, a maior parte do material
dragado encontra-se fora dos padrões. Assim, para atender a legislação e a
inexistência de um local adequado em terra para o descarte, novas técnicas para a
disposição deste material foram estudadas. Uma técnica apontada para o descarte
era a alocação do material em um sítio seco (upland) onde se poderia converter este
material dragado em produtos de uso benéfico. Este sítio de descarte seco
denominado Projeto Orion detém a tecnologia para transformar 1,5 milhões de

42
metros cúbicos de sedimento dragado para o abastecimento da fundação (aterro,
base) de um estacionamento para veículos (GRANATO, 2005).

DISPOSIÇÃO NÃO – CONFINADA DO MATERIAL DRAGADO NA ÁGUA


A alternativa de disposição não – confinada ou irrestrita é amplamente
utilizada, embora seja questionada ambientalmente devido aos riscos e impactos
gerados durante o processo. Serão apresentadas a seguir as duas formas de
disposição não – confinada: na água e em terra.
A disposição em corpos hídricos pode ser realizada em mar aberto, zonas de
canais, rios, lagos, lagoas, estuários e baías. É a alternativa mais utilizada, devido à
facilidade na escolha da área de destinação e o baixo custo financeiro do processo.
Este tipo de disposição é executado para sedimentos limpos ou com baixo
potencial contaminante, a partir do lançamento do material dragado nos corpos
hídricos. Para sedimentos contaminados, deve-se seguir um sistema de gestão
ambiental aplicado a dragagens, ou medidas mitigadoras e de controle
estabelecidas em estudos ambientais.
Os impactos provocados por este tipo de disposição referem-se a alterações
na qualidade da água (química) e toxicidade (biológica) na coluna d’água, e
impactos sobre organismos bentônicos, seja por asfixia ou por bioacumulação de
contaminantes presentes no sedimento, além de afetar os organismos da coluna
d’água que estão associados aos bentos (Almeida, 2004).
Baseado no grau de contaminação do material, mesmo que seja aceitável sua
disposição em águas jurisdicionais brasileiras, serão escolhidos os locais de
destinação, sendo em mar aberto uma melhor opção para sedimentos com
contaminação até um nível moderado, uma vez que o material depositado
permanecerá no local desejado. Entretanto, para a disposição desse mesmo
material próximo à linha costeira, ocorrerão impactos mais significativos, pois se
encontra em uma região de intensa atividade, com ondas e correntes propiciando o
deslocamento e a ressuspensão dos mesmos.
Para outras situações deverão ser efetuados estudos complementares que
poderão abranger: comprovação técnico-científica e monitoramento do processo e
da área de disposição, de modo que a biota desta área não sofra efeitos adversos

43
superiores àqueles esperados para o nível 1; e ensaios ecotoxicológicos entre
outros testes.
Os impactos ambientais nocivos dos metais nos ecossistemas são mais fortes
quando estes estão presentes na forma livre (espécies iônicas) solubilizados na
água, uma vez que a sua disponibilidade para reagir com diversos compostos
orgânicos e inorgânicos dos organismos vivos é maior, podendo haver a
bioacumulação e biomagnificação nesses seres.
Tais sugestões de estudos poderão ser incluídas na revisão da Res.
CONAMA nº 344/04 que se iniciou em 2009 e também ser parte do possível
monitoramento das áreas de dragagem e de disposição, a cargo do IBAMA (Art. 10)
desta resolução.
A disposição oceânica é a técnica mais utilizada e que tem sido praticada no
país. Atualmente a dragagem do Porto de Santos utilizará esta técnica para
disposição em um quadrilátero na Baía de mesmo nome. A praticidade e o baixo
custo da operação incentivam sua utilização, que tem grande variedade de navios e
barcaças para realização da atividade.
Os locais para disposição podem ser classificados de duas maneiras:
Dispersivos: quando o material se espalha durante o processo ou após a
disposição, em função da correnteza ou das ondas que transportam o sedimento do
fundo.
Não dispersivos: quando o material permanece nos locais de disposição, com
baixa intensidade de ondas e marés.
Essa disposição é realizada pela abertura do fundo da embarcação, sendo
efetuado em curso normal ou em marcha reduzida. Para a minimização dos
impactos quanto à elevação da turbidez, com todos os seus inconvenientes de
diminuição das atividades fotossintéticas, entre outras, são apresentadas na FIG 2.2,
as formas de disposição aquática a partir dos equipamentos utilizados nas
atividades de remoção dos sedimentos.

44
a b c

FIG. 2.2 - Formas de lançamento do sedimento dragado. (a) Draga de sucção e


recalque; (b) Draga autotransportadora; (c) Batelão.
Fonte: Castiglia, 2006.
Como exemplo de disposição oceânica pode-se mencionar a dragagem de
manutenção do Porto de Santos, cuja disposição é feita em um quadrilátero de
disposição situado em mar aberto ao largo da baía de Santos. Entretanto, a partir
dos resultados do monitoramento, a CETESB – órgão responsável pelo controle
ambiental da dragagem no Estado de São Paulo limitou o lançamento de material
em 300.000m³ por mês, procurando assegurar a redução do efeito tóxico observado
por meio de ensaios de laboratório.
Paralelamente, a agência ambiental recomendou a realização de estudos de
novas áreas de disposição onde as condições fossem mais propícias à redução de
impactos decorrentes da dragagem.
A FIG 2-3 ilustra o resultado dos estudos recomendados pela CETESB.
Nessa figura o quadrilátero vermelho mostra a área licenciada e utilizada atualmente
e os quadriláteros azuis as novas áreas propostas para disposição. Deverá haver
uma alternância entre os quadriláteros azuis para evitar a saturação das áreas:

45
Legenda:
Zona de amortecimento do Parque
Estadual de Laje de Santos (10km)
Área de Disposição atual:
Polígono de descarte de material
dragado
Polígono de disposição oceânica de
material dragado:

Setor de uso controlado

Setor de uso restrito

FIG. 2.3 - Polígono de Disposição Oceânica de material dragado na Região de


Santos.
Fonte: Porto de Santos, 2008.

DISPOSIÇÃO NÃO – CONFINADA DO MATERIAL DRAGADO EM TERRA


A disposição em terra é pouco utilizada, pois depende de grandes áreas
livres, próximas ao local da dragagem e com baixos valores agregados, para
possibilitar e facilitar o transporte e o lançamento do material.
O despejo em terra inevitavelmente tem algum tipo de impacto ambiental,
mas, quando bem projetado e executado, pode fornecer alguns benefícios
econômicos, mesmo que as propriedades do material dragado sejam pobres para
usos em construção ou agricultura. Entretanto, em muitos portos o espaço
disponível torna-se restrito, e o uso destas áreas torna-se inviável ou
economicamente proibitivo (Torres, 2000).

46
DISPOSIÇÃO CONFINADA DE MATERIAL DRAGADO EM TERRA
Com a necessidade de controlar o material dragado contaminado, cujos
parâmetros exigidos de substâncias químicas ou tóxicas estejam acima dos limites
aceitáveis e estabelecidos nas normas legais vigentes no Brasil, são utilizadas
técnicas de disposição com características específicas para minimizar os danos
ambientais que a contaminação possa causar.
As tecnologias aplicadas a esses casos são diversas, sendo que em todas, o
princípio básico de funcionamento é a contenção e o confinamento do material para
que as substâncias nocivas ao meio não sejam disponibilizadas, impedindo as
reações que prejudicariam o meio ambiente local.
Disposição confinada é o depósito do material dragado, quando contaminado,
em uma estrutura de engenharia constituída de diques ou outras estruturas que
possam isolar a área de disposição de quaisquer superfícies aquáticas adjacentes.
Os sítios de confinamento são construídos acima ou abaixo do nível do mar, em
ilhas ou áreas próximas do litoral (Almeida, 2004).
As técnicas de confinamento utilizadas para a disposição de material dragado
contaminado em corpos hídricos podem ser de capeamento ou confinamento, no
qual recintos são especialmente projetados para armazenar e isolar o material do
ambiente aquático situado ao redor, definidas como ADC (Área de Disposição
Confinada) ou CDF (Confined Disposal Facility).
A disposição em Unidades de Disposição Confinada (UDC) é a alternativa
mais difundida e aplicada nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, sendo
uma opção que agrega as soluções das questões ambientais e financeiras. Tal
alternativa consiste na alocação do material dragado no interior de estruturas, tais
que isolem o referido material, formando uma verdadeira ilha murada no ambiente
de disposição final.
A solução de contenção em diques foi apresentada e analisada no EIA de
Dragagem do Canal do Piaçaguera – COSIPA – Santos/São Paulo, cuja obra
envolveria a escavação e disposição final dos sedimentos, sendo necessária uma
solução ambientalmente adequada. A empresa possui uma área, dentro de seu
terreno, na qual reserva os resíduos contaminados, evitando interferência com áreas
adjacentes.

47
A proposta do projeto é executar uma contenção na área do antigo bota-fora
de dragagem e depósito de resíduos, alegando que os impactos ambientais já
haviam ocorrido. A área disponível é conhecida como Dique do Furadinho, que terá
uma contenção para disposição do material dragado por clam-shell, uma lagoa de
contenção de efluentes e uma caixa de controle. A figura 2-4 ilustra a implantação
do porto da COSIPA, apresentando o Canal do Piaçaguera e o Dique do Furadinho.

FIG. 2.4 - Setorização do Canal de Piaçagüera e Localização dos Passivos


Ambientais
Fonte: EIA - Dragagem do Canal do Piaçaguera.
A CETESB estabelece algumas restrições para o confinamento de material
contaminado, como uma faixa de preservação com 300m de largura em torno de
toda a área. Toda a área interna do dique será impermeabilizada para não permitir a
percolação dos contaminantes, com o revestimento do talude interno por uma manta
de geotêxtil de 600 g/m² e outra manta de geomembrana de PEAD (polietileno de
alta densidade) de 1,5mm de espessura, conforme indicado no EIA.
A Lagoa de Decantação e a Caixa de Controle, cujas dimensões são
respectivamente 125 m x 200 m e 125 m x 50 m, visam monitorar as águas pluviais
e controlar o retorno das águas da dragagem. Ambas terão revestimento com manta
impermeável do mesmo tipo utilizado no dique de contenção.
Após verificar que a qualidade das águas está dentro dos níveis toleráveis, as
águas serão liberadas através de uma tubulação para o Canal de Piaçagüera ou o
braço do rio Cubatão.

48
DISPOSIÇÃO CONFINADA DE MATERIAL DRAGADO NA ÁGUA
As cavas subaquáticas (CDF), para a disposição controlada dos materiais
dragados contaminados, devem ser localizadas preferencialmente em depressões
naturais, quando não houver essa possibilidade serão escavadas em locais cujas
características não permitam a alteração dos padrões de qualidade do corpo hídrico,
nem os parâmetros de contaminação estabelecidos na legislação.
O CDF pode ser classificado quanto à sua localização, em terra ou no
ambiente aquático, conforme descrição abaixo:
CDF em terra: estrutura de confinamento construída em solo, para receber o
material dragado. Exige grande área disponível, com custos elevados, dificuldade
para licenciamento e liberação de área devido ao uso e ocupação do solo e
possíveis impactos ambientais.
CDF subaquático: execução de cava submersa, ou aproveitamento de uma
depressão natural, para a disposição do material. Em função das condições das
correntezas e características do ambiente, como biota e uso do local, haverá
necessidade de utilização de um capeamento para os contaminantes não
interagirem com o ambiente e evitando a ressuspensão.
CDF – Ilha: construção de estrutura de confinamento em forma de barreira no
oceano, onde o material dragado é depositado formando uma ilha artificial.

Recobrimento natural Capeamento


CAD
Legenda:

Legenda:
Sedimento contaminado

Sedimento limpo
Capa de solo
Material dragado limpo ou tratado

FIG. 2.5 - Formas de disposição confinada de material dragado contaminado.


Fonte: adaptado de EIA RIMA Santos, 2008.
O EIA – Dragagem do Terminal da Companhia Siderúrgica do Atlântico,
situada no estado do Rio de Janeiro, propõe o uso de CDF com cavas submersas,
após avaliação dos aspectos ambientais locacionais, cuja decisão pela utilização de
CDF em cava escavada foi a partir dos seguintes fatores:

49
 Contaminação exclusivamente com metais pesados, portanto
eficientemente controlada em condições anóxicas;
 Localização nas imediações da bacia de evolução, portanto em área de
fácil conrole e monitoramnto pela administração do terminal portuário;
 Condições oceanográficas e fisiográficas favoráveis à estabilidade do
CDF (fundo plano e correntes inferiores a 0,5m/s); e
 Disponibilidade de argilas limpas, no subsolo do canal de acesso,
adequadas para recobrimento do CDF.
Apesar de ter sido apontada como solução mais apropriada para a obra, esta
técnica requer disponibilidade de espaço marítimo e implica em incremento
financeiro na execução. Este sistema de confinamento tem se consolidado no
mercado, sendo listados alguns exemplos na TAB 2-4:
TAB. 2.3. Aplicação da técnica em outros países:
Região País Capacidade Data Capa/ Contaminação
(m³) Cobertura
Resíduos
Baía de
EUA 1.150.000 1999 Argila orgânicos e
Newark
inorgânicos
Boston EUA 800.000 1997- Areia Diversas
2000
1992-
Hong Kong China 22.000.000 Areia e lama Diversas
2001
Brmerton EUA 296.500 2000- Sedimento não Hg e PCBs
2001 contaminado
Argila
Baixa
Portland EUA 912.000 2005 geossintética1
contaminação
(GCL)
Rostock Alemanha 248.000 2003- Nenhuma Metais pesados e
2004 PCBs
Porto Sedimento não
EUA 900.000 2004 Diversas
Providence contaminado
Sandefjord Noruega 55.000 Geotêxtil e areia Não contaminado
Fonte: EIA do Terminal Portuário Centro Atlântico - CSA
Neste projeto também será utilizado o capeamento com argila, cuja técnica é
realizada com a disposição de uma camada sobre o material confinado em locais
escavados, fossas ou cavas, com contenção lateral natural.

1
Argila Geossintética: consiste em produto fabricado com uma camada de
bentonita, componente de baixa condutividade hidráulica, colocada entre geotêxteis
ou adesivos unidos a uma geomembrana (Barroso, 2008).

50
O capeamento é dimensionado em função de dois parâmetros básicos, o
material constituinte e a espessura. Ambos são definidos a partir das características
do local e do material que será confinado. A espessura da camada de capeamento
varia de 50cm a 1m, sendo mais oneroso para camadas mais espessas.
Os principais fatores que influenciam na definição da espessura da capa:
 Características físicas e químicas do material contaminado e do
material utilizado no capeamento;
 Bioturbação potencial;
 Consolidação potencial do material contaminado e da expulsão da
água dos vazios a ela associada;
 Consolidação e erosão potencial do material da cobertura;
 Fatores operacionais da descarga.
Para a definição da composição da capa, as principais informações estão
descritas a seguir:
 Bioturbação;
 Isolamento químico;
 Fatores operacionais;
 Consolidação da cobertura;
 Erosão da cobertura.
Além disso, a boa execução garantirá a estabilidade e consolidação da
cobertura, de forma que diferenças de assentamento entre o capeamento e o
material depositado se tornem pontos críticos, podendo gerar deformações, tensões,
movimentos e até a ruptura da camada.
A legislação de alguns países não permite a disposição de materiais
contaminados em corpos hídricos, devido a preocupações ambientais, além disso, o
despejo em terra sem nenhum tipo de contenção também agride o meio ambiente.
Para esses casos são apresentadas as opções de disposição confinada em terra.
A utilização de diques de contenção é apontada como uma solução viável,
embora proporcione um incremento significativo nos custos do processo de
dragagem, devido à construção e à necessidade de monitoramento. Com o
ressecamento deste material, muitos compostos voláteis, principalmente o PCB, são
desprendidos para a atmosfera (Chiarenzelli, et al., 1998 apud Torres, 2000).

51
Visando minimizar os impactos e viabilizar financeiramente os projetos de
disposição confinada desses materiais, são desenvolvidas tecnologias que vem
sendo difundidas e implementadas em todo o mundo.
Uma alternativa apontada pelo EIA RIMA da Dragagem de Aprofundamento
do Porto de SANTOS, 2008, é a utilização de cavas de mineração para o despejo
dos materiais, tal que são vestígios da exploração de granito no passado, além de
possuir estudo ambiental e ser licenciado para um aterro sanitário pelo órgão
ambiental competente, sendo potencialmente apropriada para comportar os
sedimentos.
Quando não há oferta de locais propensos ao depósito de materiais
contaminados nas redondezas da dragagem, pode-se optar por alternativas como a
disposição em aterros controlados classe 1, ou aterros industriais, que são
construídos com grau de exigência elevado devido os riscos inerentes ao depósito
de resíduos contaminados.
Em situações em que os aterros propostos para o lançamento de sedimentos
contaminados estejam distantes, tais que não sejam viáveis economicamente, vem
sendo iniciada a utilização de tubos geossintéticos tecidos para o encapsulamento
do material, como forma de contenção e melhor aproveitamento do espaço
disponível para disposição, pois os tubos deságuam o material, deixando apenas a
parte sólida contida no tubo.

DISPOSIÇÃO CONFINADA DE MATERIAL DRAGADO COM TUBOS


GEOSSINTÉTICOS
Os tubos geossintéticos oferecem diversas opções de formas, características
e propriedades, que serão escolhidos conforme o tipo de obra de terra que será
realizada. O tipo adequado para o problema apontado referente à disposição de
materiais contaminados oriundos de atividades de dragagem são os tubos
geotêxteis tecidos, cuja porosidade é elevada permitindo a desidratação do material,
mas fina o suficiente para retenção das menores partículas, permitindo ainda que o
efluente tenha grau mínimo de turbidez.

52
O tubo de geotêxtil tecido é um material, cujos fios são entrelaçados em
direções preferenciais de fabricação denominadas trama (sentido transversal) e
urdume (sentido longitudinal).

Os materiais são bombeados para o interior dos tubos, podendo ou não


serem adicionados polímeros ou outros produtos de tratamento, e o excesso de
água é drenado pelos pequenos poros do geotêxtil com a redução do volume
contido. A água drenada deve ser conduzida a uma estação de tratamento e
monitoramento e lançada de volta ao ambiente quando atender padrões de
qualidade aceitáveis para o lançamento (EIA RIMA Santos, 2008). As etapas do
processo de confinamento estão apresentadas na FIG 2.6.

1 2 3

FIG. 2.6 - Fases do processo de confinamento do tubo geotêxtil tecido. 1)


Enchimento do tubo; 2) Desaguamento do material e 3) Abertura do tubo, com o
material desidratado.
Fonte: http://www.allonda.com.br/geotube.html, capturado em setembro 2009.
A proposta de utilização de tubos geotêxteis é uma alternativa de solução
para disposição de materiais oriundos de diferentes processos, como em Estações
de Tratamento de Esgotos, para o confinamento do lodo gerado.

A disposição de resíduos em lagoas de sedimentação é a técnica


comumente utilizada, entretanto apresenta desvantagens na fase de construção,
pois dependem de grandes áreas, na fase de operação as maiores desvantagem
são as falhas na estanqueidade de fundo da lagoa, podendo contaminar o solo e as
águas subterrâneas e principalmente susceptibilidade da ruptura da barragem de
contenção, devido ao acúmulo de resíduos e conseqüente acréscimo de tensões.
Outro aspecto negativo é a influência das chuvas na separação da parte da
parte líquida da sólida. O excesso de água prejudica o desempenho do processo e
propicia o risco de transbordamento da barragem. Quanto a este aspecto, os tubos
geotêxteis levam grande vantagem, pois as chuvas não afetam o desempenho,
devido às grandes pressões internas que não permitem a entrada de água.

53
Antes da acomodação dos tubos na área de disposição, deverá ser
executada a impermeabilização e rede de drenagem para coletar o fluido
proveniente do desaguamento e posterior destinação ao tratamento ou devolução ao
corpo hídrico de origem.
Para resistirem aos esforços solicitados nas diferentes fases do processo de
confinamento do material, os tubos de geotêxtil são costurados de maneira que
suporte aos esforços solicitados quando das etapas de enchimento e desaguamento
dos mesmos, sendo a primeira considerada crítica, pois as tensões são elevadas, a
segunda as tensões são aliviadas.
Durante a fase de instalação, as principais propriedades associadas às
solicitações mecânicas são: resistência à tração, resistência à penetração e à
perfuração, resistência a danos de instalação e resistência à abrasão.
Durante a vida útil da obra, as principais propriedades associadas às
solicitações mecânicas são: resistência à tração, resistência à penetração e à
perfuração, resistência ao deslizamento na interface, resistência ao arrancamento e
resistência à fluência.

1.4. COMPARAÇÃO ENTRE AS TÉCNICAS DE CONFINAMENTO DE


MATERIAL CONTAMINADO
No mercado há diversas técnicas disponíveis para o confinamento de material
dragado contaminado, sendo que cada uma apresenta suas peculiaridades. Para a
correta escolha quanto à técnica que melhor se enquadra para o projeto a ser
executado, serão apresentados os principais quesitos que influenciam na tomada de
decisão.
Antes da escolha da técnica, diversas informações referentes à dragagem, à
disposição do material em terra ou na água, à área de entorno, entre outras devem
ser coletadas para serem analisados e o projeto elaborado.
O volume de dragagem é fundamental para estimar e definir qualquer etapa
de um projeto, pois a partir dessa informação serão dimensionados os equipamentos
de dragagem, transporte do material para a disposição e posteriormente a
disposição final.

54
Para a disposição em terra, o tipo de sedimento também contribui para a
definição da técnica, bem como a extensão e topografia das áreas determinadas
para a disposição. Para o lançamento em água, o nível e intensidade de
correntezas, presença de vida aquática intensa influenciam na referida análise.
A avaliação da área disponível para o confinamento do material, que será em
função da quantidade e da qualidade do mesmo, se dá em função da extensão,
topografia, caracterização do solo, ambiente de entorno, uso e ocupação, fauna e
flora, acessibilidade, presença de lençol freático, contaminantes, entre outros.
Cabe ressaltar a importância do estudo da hidrodinâmica do corpo hídrico,
para a avaliação do carreamento e disposição de partículas no local de deposição,
sendo importante devido à sedimentação e secagem do material dragado.
A sedimentação é o processo de decantação das partículas mais pesadas,
carreadas pela correnteza até o ponto em estudo. Esse processo é proporcional a
algumas características do material como a densidade, a compressibilidade e a
permeabilidade. Enquanto a secagem depende de o material ser armazenado por
um período, para sua desidratação.
Quando o material dragado é diagnosticado contaminado, há uma grande
preocupação quanto à sua destinação. As soluções mais usuais para o
confinamento já foram citadas, exemplificadas e descritas, sendo agora
comparadas:
 Cavas Subaquáticas;
 Estruturas de contenção;
 Aterros Controlados; e
 Encapsulamento em tubos geotêxteis.
O lançamento do material no corpo hídrico deve ser analisado quanto aos
impactos ocasionados durante o processo, as interferências com a vida aquática e
reações dos contaminantes com o ambiente. Com a inexistência de impactos
significativos, o material será lançado.
Para utilização desta técnica deve-se observar o nível de contaminação, para
que o material ali depositado não interaja com o solo que o está confinando, nem
com sua superfície, ou seja, com o ambiente do corpo hídrico no qual foi depositado.
Em casos em que a disposição for realizada onde houver incidência de
correntes, ou que os limites do material ultrapassem o nível 1, deverá ser executado

55
o capeamento, que isola o material contaminado com uma cobertura de material
limpo. Os objetivos da utilização do capeamento são o isolamento dos sedimentos
contaminados e a estabilização dos mesmos no local pré-definido, possibilitando a
proteção do corpo hídrico e da vida nele existente através de uma barreira física.
O capeamento é uma medida mitigadora dos impactos ambientais
ocasionados pelos materiais contaminados no ambiente, devendo ser executado
com precisão e estabilidade.
Para garantir a qualidade e funcionalidade da técnica em questão, o material
limpo utilizado é escolhido em função do material contaminado a ser confinado,
podendo ser lodo, argila, silte ou areia, observando ainda os equipamentos a serem
utilizados para a realização da colocação do material, como dutos, batelões e
autotransportadoras.
As estruturas de contenção, diferente das cavas subaquáticas, são
executadas acima do nível do fundo e normalmente até a superfície do corpo
hídrico, para que este não tenha contato com o material confinado. Podem ainda ser
construídos diques, ou estruturas submersas, sendo necessário o capeamento.
Entretanto, se nas proximidades da área de dragagem não houver
disponibilidade de área para construção de diques, ou não for permitida a execução
de cavas para a disposição do material contaminado, será necessário depositar em
local afastado, mas seguro e livre de riscos de contaminação do ambiente.
A solução de disposição em aterros controlados se encaixa na hipótese
mencionada, em que o material deverá ser transportado até um local para sua
disposição, devendo ser um aterro licenciado ambientalmente. A quantidade de
material e a distância até o ponto de descarga interferem diretamente na logística e
viabilidade econômica dessa técnica.
Para uma obra mais limpa e adequada aos padrões ambientais, a técnica
mais indicada é a contenção em tubos geotêxteis, que armazenam o material
contaminado, desaguando o percolado livre de contaminantes. Esta técnica tem a
vantagem de comportar maior volume de material devido à drenagem pelos poros do
geotêxtil, retendo apenas a parte sólida.
A partir das TAB 2.5 a 2.8 que se seguem, podem-se observar algumas
características, aplicação e fatores críticos que requerem monitoramento e controle,
que auxiliarão na escolha para aplicação em obras de dragagem com material

56
contaminado. As vantagens e desvantagens de cada uma estão apresentadas na
tabela a seguir:
TAB. 2.4. Vantagens e Desvantagens entre técnicas de confinamento:

57
Técnicas de
Vantagens Desvantagens
confinamento
ÁGUA
Deve ser disposto em local
Baixa ou nenhuma específico, sem correnteza
necessidade de
intervenção no fundo Baixa tolerância aos
TAB. 2.5. As principais
do corpo hídrico para considerações nas avaliações dos métodos incluem:
índices de contaminação
Considerações
Cavas Subaquáticas dispor o material Tipos de Confinamento
contaminadoÁGUA Necessidade de utilização TERRA
CAVAS DIQUES
de material específico para ATERROS
TUBOS GEOTÊXTEIS
SUBAQUÁTICAS o capeamento de acordo CONTROLADOS
Métodos de Mecânico comTodos
os contaminantes Mecânico Sucção e recalque
dragagem presentes no material.
Profundidade local Pequena profundidade, Grandes profundidades
Estruturas subdivididas, Grandes células, para
de disposição para possibilitar a para maior
ocupando maior espaço,maior aproveitamento da
execução Ao final do processo
das cavas com aproveitamento
para redução da do área
tempo de área disponível. -
pode ser
equipamentos na urbanizado disponível, independente
desaguamento.
Diques com boa aceitação das se na água ou em terra.
superfície
Topografia do Dependecomunidades
da batimetria de do Executado
Proliferaçãoquando a
de vetores e Plano Deverá ser preparada
terreno. entorno.
corpo hídrico. topografia é irregular, com inclinação mínima
aglomeração de aves
com a declividade para escoamento do
TERRA acentuada efluente.
Características do Inerte aos contaminantes Impermeável
Exigem grandes aterros Impermeável Estável, evitando ruptura.
solo de apoio Permanecem longe das Impermeável
licenciados
Perda de Variacomunidades,
conforme a sem Partículas com tempo Não haverá controle com Partículas que
Aterros Controlados
sedimentos colocar o ambiente
correnteza do local, em maior de decantação falhas de atravessam os poros,
Distância do local da
risco.
confinados para o indicando a necessidade serão vertidas se a impermeabilização. devendo ser monitorado
dragagem.
meio. de capeamento
Rapidez no contenção for sub Propiciando uma para ajuste da floculação.
desaguamento dimensionada eventual ruptura em
função da intensidade do
Execução de obra vazamento.
Disponibilização Área para desidratação
limpa e Proporcional ao volume Proporcional ao volume
Comporta maior
de terreno redução de volume de dragagem
Novidade pouco difundida de dragagem
quantidade de volume
Ambientalmente segura dragado em menor área
Tubos Geotêxteis Proporcional ao volume Custo elevado de material que as outras técncias
dePrática
dragagem e simples e mão-de-obra
operação especializada

Capacidade de
recebimento de
grandes vazões
TAB. 2.6. Os principais fatores para Monitoramento dos materiais confinados
FATORES TIPOS DE CONFINAMENTO
ÁGUA TERRA
CAVAS DIQUES ATERROS TUBOS GEOTÊXTEIS
SUBAQUÁTICAS CONTROLADOS
Fissura nas células
Elementos estruturais provocando infiltração das
(drenos, tubulações, águas superficiais Vazamentos nas operações,
diques) através do controle eficaz do
Transporte de
Eventuais abatimentos no efluente dos tubos geotêxteis
sedimentos
Estruturas de isolamento maciço do aterro e nos e tubulações
Físico
(revestimentos) acessos;
Ressuspensão das
Danos no sistema de
partículas
Instalações de tratamento Processos erosivos e danos drenagem superficial
no sistema de drenagem
Vertedores superficial

Químico Contaminação das Qualidade dos efluentes Concentração de metais Concentração de


áreas de entorno monitorados visualmente, pesados no percolado contaminantes no percolado
por amostragens
periódicas e testes Contaminação do Lençol Dosagem do polímero
Freático floculante
Produção de gases
Decomposição da matéria
orgânica
Qualidade da biota
Análise do percolado
Biológico Proliferação de vetores Atração de espécies da fauna
Contaminação da
Proliferação de vetores
ictiofauna
Colonização pela flora e
fauna

59
TAB. 2.7. Funcionamento das técnicas e situações indicadas para sua utilização:

Técnicas de
Funcionamento Indicação
confinamento
ÁGUA
Cavas Em geral, são Materiais contaminados de
aproveitadas as cavas nível 1 estabelecidos pela
naturais existente no Res. CONAMA 344/04,
nível do fundo, para o desde que haja uma área
lançamento do material, próxima para a deposição,
sendo a técnica mais que seja extensa o
simples, que podem suficiente para comportar
também ser artificiais, o volume e livre de
agregando custo correntes.
adicional.
Construção de diques,
ou disposição em
bermas. Para características do
O material é depositado material, ou do terreno que
em tanques, que favorecerem o
permitem a espalhamento do material,
Diques
sedimentação dos em função de seus limites
partículas sólidas do físicos e da inclinação do
fluido, com evaporação leito onde estiver
da água e depositado.
transbordamento por
vertedouros.
TERRA
Disposição em Indisponibilidade de áreas
cápsulas de aterro, adjacentes à dragagem.
impermeabilizadas e
com instalação de Pequenos volumes
Aterros Controlados drenagem.
Serão aterrados e Incremento no tráfego das
permanecerão no local vias de acesso ao aterro e
com o devido o tempo para o transporte
monitoramento. não sejam relevantes.
Recalque do material
dragado para as
cápsulas de geotêxteis, Preocupação ambiental
com desaguamento do elevada, mais criteriosa e
material decisiva que a análise
Tubos Geotêxteis financeira.
O percolado é coletado
e encaminhado para Grandes volumes
outra etapa, conforme dragados.
análise de seus
parâmetros.
1.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades de dragagem e a posterior disposição de material oriundo
delas oferecem riscos ambientais, os quais a legislação visa atenuar, evitando a
disposição inadequada de material dragado em alto mar ou em terra. Para
alcançar bons resultados, o empreendedor realiza investigações nos sedimentos
a serem dragados, através de metodologias de coleta e análises laboratoriais,
para a comparação com os limites estabelecidos na legislação e definir qual a
alternativa de disposição ou reutilização poderá ser aplicado a cada caso.
Em todas as alternativas de disposição devem ser analisados os impactos
ambientais e sociais, como a contaminação do lençol freático, o odor provocado
pela decomposição de matéria orgânica, o impacto visual, além do prejuízo à flora
e à fauna da região.
As técnicas são desenvolvidas visando se adequar às diversas situações,
sendo que para cada caso haverá a melhor opção conforme a disponibilidade de
área, equipamentos, recursos e características do material.
ANÁLISE DA APLICAÇÃO DOS TUBOS GEOSSINTÉTICOS

1.6. CARACTERÍSTICAS DOS GEOSSINTÉTICOS


O termo geossintético vem do grego “Geo” que significa terra, e “sintético”
que é a composição de material em laboratório, designa um produto fabricado a
partir de materiais polímeros (sintéticos ou naturais) usado em contato com os
elementos naturais, solos ou rochas em obras de Engenharia (Ferreira Gomes,
2001).
Os geossintéticos são elementos que se apresentam em diversas formas
para atender as diferentes necessidades do mercado. Os geotêxteis são uma
parcela dessas formas, sendo elementos têxteis permeáveis constituídos por
fibras oriundas da fusão de polímeros.
A primeira aplicação de um geotêxtil tecido de algodão, em reforço de
estradas, nos Estados Unidos, ocorreu por volta de 1930 (Beckam e Mills, 1935
apud Ferreira Gomes, 2001). A fabricação de fibras sintéticas foi iniciada nos
anos 40, sendo utilizada como componente de um geotêxtil a partir de 1950,
também nos EUA e depois em todo o mundo.
A partir da década de 70, o mercado de geossintéticos se expandiu, sendo
desenvolvidos para atender as necessidades das obras geotécnicas,
apresentando-se em grande variedade de forma e aplicabilidade, como as
geomembranas, geogrelhas, geocomposto, geobarras, geoespaçadores, geotiras,
georredes, geotubos, geomantas e geocélulas.
Os geotêxteis são produtos têxteis bidimensionais permeáveis, compostos
de fibras cortadas, filamentos contínuos, monofilamentos, laminetes ou fios,
formando estruturas tecidas, não tecidas ou tricotadas, cujas propriedades
mecânicas e hidráulicas permitem que desempenhe várias funções numa obra
geotécnica (NBR 12553, 2003).
As principais classes dos geotêxteis são os geotêxteis tecidos e os não
tecidos. A diferença entre as duas classes está na concepção, na forma em que
as fibras estão dispostas, sendo o primeiro com os fios seguindo direções
preferenciais, denominadas trama (sentido transversal) e urdume (sentido
longitudinal), enquanto no segundo os fios são distribuídos aleatoriamente e
interligados por processos mecânicos, térmicos ou químicos.
De acordo com a NBR 12553/2003, referente à terminologia dos
geossintéticos, existem ainda os geotêxteis tricotados, os tecidos de bandas
largas, os geotêxteis alveolares, os geotêxteis acolchoados e outros.

FIG. 3.7 - Diferentes tipos de geotêxteis: a) geotêxtil tecido, b) geotêxtil não


tecido ligado quimicamente, c) geotêxtil não tecido ligado termicamente, e d)
geotêxtil não tecido ligado mecanicamente (por agulhagem).
Fonte: Ferreira Gomes, 2001.
As características dos geotêxteis são fundamentais na escolha e no
dimensionamento do material a ser utilizado, garantindo a qualidade necessária
para o processo do projeto. A seguir estão listadas as principais propriedades dos
geotêxteis.
 Químicas;
 Físicas;
 Hidráulicas;
 Mecânicas.
Originalmente, os tubos geotêxteis também denominados de geoformas,
foram desenvolvidos para serem utilizados em obras como aterros hidráulicos,
diques, proteção de margens e quebra-mares.
Os tubos geotêxteis têm ainda a função de resistir às tensões a que o
sistema está submetido, além da preocupação com a retenção do alto teor de
umidade no interior dos tubos. Tais fatos devem ser apontados para a escolha da
forma mais adequada do tubo e da necessidade de adição de substâncias
floculantes, para maior eficiência do desaguamento, evitando a colmatação do
geotêxtil e a realização de um dessecamento, que consiste na abertura dos tubos,
permitindo a exposição da parte úmida ao ar, para a diminuição do teor de
umidade por evaporação.

Tubo de Bombeamento

Filtração de
partículas em
Mangote de preenchimento
suspensão

Deposição de
partículas maiores

FIG. 3.8 -. Zonas de deposição do material durante o bombeamento.


Fonte: Castro, 2005.
A necessidade de confinar materiais contaminados, como grande impasse
ambiental, requer tecnologias que sejam eficazes na minimização dos impactos
ambientais. A solução de disposição dos sedimentos contaminados nos tubos
geotêxteis foi proposta e está em andamento na obra de dragagem do Canal do
Fundão, no Rio de Janeiro.
Esta técnica tem se mostrado muito eficiente em suas diversas aplicações,
desde contenção de lodo em ETE a rejeitos de curtume e suinocultura, cujos
princípios de confinamento do material se mantêm para a atividade de dragagem.
A utilização da técnica em diferentes áreas e setores, como a dragagem,
amplia as expectativas da realização de obras em diferentes locais que enfrentam
problemas semelhantes com a falta de local para disposição dos materiais
contaminados.
Em função do novo conceito apresentado pelos tubos geotêxteis, a atenção
de estudiosos e ambientalistas estará voltada para o processo de desaguamento
do material, sendo a fase crítica do processo, no qual parâmetros ambientais
deverão ser monitorados.
Essa técnica, mesmo que pouco difundida, com vasta diversidade de
aplicação, tende a se adequar à atividade de dragagem, pois em análises
comparativas com as técnicas disponíveis no mercado, o encapsulamento se
apresenta positivamente, com mais vantagens que as demais.
Os tubos geotêxteis tem a finalidade de confinar material contaminado,
mas não foi desenvolvida para o armazenamento de material dragado. Este fato
não questiona a qualidade e eficácia da técnica, que vem demonstrando bom
nível de adaptação e desempenho.
Em estudo elaborado por uma equipe de consultoria ambiental, os tubos
foram apontados como solução viável para a realização do confinamento de
materiais contaminados, em virtude da pouca área que precisaria ser
disponibilizada para sua instalação e dos riscos e impactos ambientais de
magnitude baixa ou nula (RAS, 2008)
Em geral, as atividades de confinamento de material em tubos geotêxteis
são executados de maneira limpa, silenciosa, de forma que as comunidades do
entorno tenham fácil aceitação da intervenção proposta pelo baixo nível de
desconforto a que estarão expostos.
O material, durante o processo de enchimento dos bags, mantém-se
fechado e encapsulado nas bolsas geotêxteis, evitando a proliferação de vetores
e a atração de fauna para os arredores da área de disposição, tornando esta
técnica vantajosa, também neste quesito, em relação às outras mais conhecidas.
Em razão da escolha da técnica de encapsulamento de materiais em tubos
geotêxteis como uma técnica para o confinamento de materiais contaminados,
devido a todas as suas vantagens e expectativas do bom desempenho nesta
atividade, serão apresentadas as principais características, propriedades,
aplicações e demais informações relevantes ao conhecimento técnico dos
geotêxteis.
1.7. APLICAÇÕES
A aplicação dos geossintéticos é recente na engenharia geotécnica, tendo
se iniciado na década de 60. Desde então, vem apresentando um crescimento
contínuo, em especial nos últimos anos. Atualmente, a indústria de geossintéticos
movimenta o montante aproximado de um bilhão de dólares anuais, somente nos
E.U.A. e na Europa. Nos mercados asiáticos e sul-americanos os geossintéticos
vêm também despontando de forma promissora (Koerner e Soong, 1998).
No Brasil, o uso de geossintéticos foi iniciado nos anos 70, com pequena
participação no mercado, a partir dos anos 90 se consolidou como material de
construção, conquistando espaço e credibilidade, sendo aplicado em obras como
estradas, barragens, túnel, estruturas de contenção, dentre outras.
Os geotêxteis tecidos, em função de suas características e composições
químicas, apresentam eficiência em experiências anteriores, sendo o seu
emprego testado em novas situações que requeriam o princípio de confinamento
e desaguament. As principais funções dos geotêxteis estão apresentadas na FIG.
3-3:

Proteção Separação Filtragem Drenagem Reforço


Proteção Reduzir solicitações localizadas, homogeneizando o nível
das tensões que atingiriam determinada superfície ou
camada.
Evitar a mistura entre materiais granulares com características
Separação
geotécnicas distintas.
Filtragem Permitir a passagem e coleta de fluidos, sem a
movimentação de partículas do maciço.

Coletar e/ou facilitar os movimentos de fluidos no interior do


Drenagem
maciço.
Reforço Restringir deformações e aumentar a resistência do
maciço em obras geotécnicas, aproveitando a resistência
à tração do material geossintético.
FIG. 3.9 -. Principais funções dos geotêxteis de modo a cumprirem o seu
desempenho.
Fonte: Adaptado de Ferreira Gomes, 2001.
A utilização destes tubos depende de variáveis, como o volume de material
a ser confinado, área disponível para acomodação dos mesmos e intenção de
reaproveitamento do fluido ou do material seco. A partir de definições baseadas
nestas incógnitas serão dimensionados os bags, que podem ser produzidos em
vários tamanhos.
Para as diversas finalidades os tubos têm o mesmo princípio de
funcionamento, com o confinamento, desaguamento e consolidação do material
em seu interior. Entretanto, o objetivo da utilização desta técnica pode ser a
contenção de materiais contaminados e rejeitos, ou o volume e rigidez que o tubo
pode alcançar com o enchimento de sedimentos.
Os usos do tubo geotêxtil para aproveitamento de sua estrutura física em
geral são para contenções marinhas, diques, quebra-marés, entre outras, como
na FIG 3.4, pois possuem alta resistência às intempéries. Na adoção desta
técnica para as obras citadas aproveita-se o material existente no próprio local,
aumentando a eficiência da produção e reduzindo os impactos ambientais.

FIG. 3.10 - Exemplos de aplicação. Construção de diques e quebra-mares.


Fonte: http://www.allonda.com/contencao.html. capturado em DEZ2009.
Os tubos geotêxteis para confinamento de materiais contaminados são
aplicados na indústria de papel e celulose, petroquímicas, frigoríficos, refinarias
entre outros, saneamento e dragagem, apresentado na FIG 3.5, tendo como
principal vantagem a contenção de grandes volumes com maior segurança e
economia.
FIG. 3.11 -. Exemplo de aplicação. Contenção de resíduos em indústria.
Fonte: Geotube® Dewatering Technology Helps Arizona Chemical Solve “Tight
Space” Challenge.

VISITA TÉCNICA À ETE RIO DAS OSTRAS/RJ


Para avaliar a aplicação da técnica estudada até este momento, foi
realizada uma visita técnica a uma estação de tratamento de esgotos, no
município de Rio das Ostras/RJ, onde aplicam a técnica dos tubos geotêxteis na
etapa final de descarte do lodo gerado no processo de tratamento do efluente.
Na cidade havia histórico de grandes problemas no descarte de materiais
provenientes dos caminhões limpa-fossa, sem tratamento adequado para o
esgoto da cidade. Assim, a prefeitura tomou medidas para solucionar o descarte
com a implantação de estação de tratamento de esgoto e do lodo produzido no
processo, adotando a técnica dos tubos como solução para o armazenamento e
posterior descarte do lodo, apresentado na FIG. 3.5.
A capacidade do tubo é extensa, sendo prevista para 5 (cinco) anos o
primeiro descarte do lodo produzido. Podendo ter utilização benéfica, com a
mistura com 50% de argila para aterro, conforme informações do funcionário da
Prefeitura, gerente da ETE.
FIG. 3.12 -. ETE Rio das Ostras/RJ, fase final de armazenamento do lodo nos
geotubos.
A prefeitura também investiu em outra ETE projetada com vida útil de 20
anos, devido aos elevados índices de crescimento populacional. A nova ETE,
ilustrada na FIG. 3.7, também com técnica dos tubos geotêxteis, começou a ser
operada em 2007, estando ainda no início de sua utilização, com volumes
reduzidos de efluente e conseqüente baixa produção de lodo.

FIG. 3.13 - ETE Rio das Ostras/RJ,fase inicial de armazenamento do lodo nos
tubos geotêxteis.
Na ETE há espaço suficiente para operação de diversos tubos
simultaneamente, que serão implantados conforme o incremento no volume de
efluente a ser tratado. Atualmente apenas um tubo está sendo operado, com um
de reserva disposto no local, mas ainda sem ligação.
Nesta fase, ainda estão sendo pesquisados possíveis reaproveitamentos e
locais a serem descartados, pois não são conhecidos parâmetros suficientes do
material.

1.8. PROPRIEDADES QUÍMICAS DOS GEOTÊXTEIS


As propriedades químicas estão diretamente ligadas à aplicabilidade final
dos geotêxteis, que baseado nos seus componentes deverão desempenhar as
mais diversas funções.
As fibras que compõem os geotêxteis podem ser naturais ou químicas,
sendo que as fibras naturais não têm uso comum devido à pouca durabilidade,
pois são biodegradáveis, como a lã, seda, algodão, linho, amianto, entre outros.
As fibras químicas são largamente utilizadas, destacando os polímeros sintéticos
para a fabricação de geotêxteis e dos produtos afins.
Os polímeros utilizados na formação dos geossintéticos são substâncias
macromoleculares com peso molecular elevado, sendo formados pela
combinação de monômeros, que são moléculas de baixo peso molecular. A
variação do peso molecular dos polímeros influencia diretamente no seu
comportamento: quanto mais elevado, maior a resistência à tração, ao impacto e
a resistência ao calor, conduzindo à diminuição da fluência do material. Além
dessas propriedades, podem ainda ser introduzidos aditivos no processo de
fabricação dos geossintéticos, tais que elevem a estabilidade térmica, como os
anti-UV e os antioxidantes.
Diversos polímeros podem ser utilizados para a fabricação dos
geossintéticos e estão listados na TAB 3.1.
Para cada tipo de geossintético será indicado um ou mais materiais. A
principal diferença entre os polímeros sintéticos listados é a organização de suas
moléculas em compostos de carbono e hidrogênio, geralmente em grupos muito
complexos.

TAB. 3.8. Vantagens e Desvantagens dos Principais Polímeros


Polímero Vantagens Desvantagens
Inatividade química em soluções Baixo módulo elástico
Polipropileno
ácidas e básicas
Elevada deformação sob carga
Polietileno
Baixo custo constante (fluência)
Poliéster Elevado módulo elástico Perda das características
mecânicas sob a ação de
Baixa deformação sob carga soluções básicas
constante (fluência)

Custo relativamente baixo


Perda das características
Elevado módulo elástico
mecânicas por permanência
Poliamida
prolongada em água
Alta resistência à abrasão
Custo elevado
Fonte: PUC-RIO Certificação Digital nº 9824850/CA
O tipo de polímero influencia o comportamento dos materiais. Na
fabricação de geotêxteis o polietileno, a poliamida (nylon), o poliéster (polietileno
tereftalato) e o polipropileno, são os mais utilizados, pois apresentam resistência a
temperatura, sofrendo amolecimento e endurecimento em função da variação da
temperatura.
Os componentes químicos dos geotêxteis podem reagir com o solo que
estiver em contato, quando estes apresentam pH elevado ou muito baixo, e ainda
em solos com elevado teor de matéria orgânica, como em lagos de rejeito. Tais
reações poderão causar danos para o material, fragilizando e inchando as fibras.
Para alguns microorganismos, os componentes químicos dos geotêxteis
são suficientes ao seu metabolismo, e os geotêxteis podem sofrer ataques de
fungos e bactérias. Novas pesquisas e investimentos apontam que as camadas
de geotêxtil resistem aos ataques, pela aplicação de aditivos na fórmula de
composição e no processo de fabricação.

1.9. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS GEOTÊXTEIS


Os geotêxteis na função de conter a massa sólida, permitindo a passagem
do fluido, requerem características que possibilitem executar a retenção
necessária ao qual foi designado. Assim, para os diferentes tipos de materiais
confinados, devem-se observar a permeabilidade, a espessura, tipo e dimensão
dos poros, de forma que os resultados sejam confiáveis.
As principais propriedades físicas dos geossintéticos, como discutido
anteriormente, dependem de sua composição química que contribuirão para as
características de gramatura, espessura e porosidade.
Segundo Costa (1999), os polímeros têm uma relação tensão x
deformação em função do tempo, com dois comportamentos distintos: fluência e
relaxação. A deformação apresentada devido ao carregamento constante
corresponde à fluência e a relaxação é medida pela diminuição da carga, no
decorrer do tempo.
As normas vigentes (ISO 9864/88 e NBR 12568/92) definem os valores das
principais características apontadas dos geossintéticos. A gramatura ou massa
por unidade de área é um indicador de uniformidade e qualidade, para esse
parâmetro, os valores situam-se entre 100 e 300 g/m² para os geotêxteis tecidos e
entre 100 e 400 g/m² para os geotêxteis não tecidos.
Outro aspecto a ser considerado é a espessura nominal, definida como a
distância entre as superfícies rígidas paralelas, que comprimem a amostra do
geotêxtil, e é medida para uma dada pressão:
 Espessura nominal - tensão = 2kPa;
 Condições próximas às de campo - tensão > 2kPa.
Ainda conforme a norma vigente, a porosidade é usualmente determinada
em função da gramatura e da espessura do geossintético, da densidade do
filamento e da massa especifica da água a 4ºC, sendo normalmente definida
como para os solos, com a relação entre o volume de vazios e o volume total da
amostra.
As características físicas do material dependem da formatação que os
geotêxteis são fabricados pelo processo de tecelagem, no qual as fibras são
entrelaçadas em duas direções perpendiculares. Dentre os diversos tipos de
entrelaçamento, destacam-se o mais simples, com a utilização de um tipo de fio e
abertura entre as fibras, formando uma malha, e o mais utilizado composto por
laminetes ou fitas.
O material geotêxtil requer uma resistência ao longo do tempo, referente às
intempéries a que estiver submetido, de forma que garanta a sua durabilidade,
que é definida como a capacidade que o geotêxtil possui de manter a integridade
desejada, por um tempo definido.
Esta característica física de durabilidade depende diretamente da
capacidade de interação do geotêxtil com os componentes químicos ou fatores
ambientais ao qual ficará exposto. Assim, a durabilidade do material é
imprescindível quando da utilização do geossintético em obras de grande porte,
onde os tubos ficarão expostos ao tempo, ou serão parte de barragens e aterros.

1.10. PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DOS GEOTÊXTEIS


Os geotêxteis apresentam características hidráulicas que permitem a sua
utilização no desaguamento de lodo ou sedimentos dragados. As diversas
propriedades hidráulicas dos geotêxteis garantem a retenção das partículas
sólidas e a passagem do fluido, funcionando como um filtro.
A permeabilidade dos geotêxteis é medida pela abertura de seus poros, em
função do diâmetro das partículas que passam ou ficam retidas no tubo, sendo
análogo ao comportamento dos solos.
A BS EN ISO 12956/1999, referente aos Geotêxteis, determina o tamanho
da abertura característica e adota um ensaio de caracterização através do
peneiramento por via úmida, no qual a partícula é submetida a inúmeras
tentativas de atravessar o tubo, podendo provocar alterações na estrutura do
geossintético.
A teoria discute a relação da abertura de filtração dos geotêxteis com as
cargas a que estiverem submetidos. Diversos ensaios podem ser realizados para
determinar a porometria ou abertura de filtração, sendo o mais difundido o índice
do maior diâmetro de partícula que atravessa o geotêxtil. Outros ensaios mais
elaborados ainda requerem maior domínio e aceitação, pois possuem baixa
confiabilidade.
A propriedade que um geotêxtil apresenta de ter maior ou menor facilidade
na drenagem de fluidos está, em geral, relacionada à espessura do material, à
capacidade de o material absorver água e à sua porosidade. Entretanto, a
permissividade é uma propriedade que define a capacidade drenante do material
independente das características citadas.
A transmissividade é outra propriedade hidráulica, semelhante à
permissividade, sendo que mede a capacidade de drenagem no sentido
longitudinal do material geotêxtil.
1.11. PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS GEOTÊXTEIS
Nos processos de enchimento, desaguamento e consolidação do material
confinado no tubo geotêxtil, ou ainda quando da utilização de geotêxteis em
outras finalidades, estes estarão sujeitos a solicitações mecânicas. Assim, as
principais características que os geotêxteis devem apresentar para o bom
funcionamento são: compressibilidade e resistência à tração, perfuração,
alongamento e fluência.
A compressibilidade é a capacidade que o geotêxtil apresenta de variar sua
espessura quando sujeito a um carregamento, essa característica influenciará
diretamente as propriedades hidráulicas, propiciando maior ou menor capacidade
de drenagem através dos poros do geotêxtil.
A resistência à tração é dada pela máxima carga que o geotêxtil será capaz
de suportar, sendo que a gramatura influencia diretamente na resistência à
tração, tal que quanto maior a gramatura do geotêxtil, maior é sua rigidez à
tração.
Para garantir a vida útil do geotêxtil, quando instalado e preenchido no
campo, deve apresentar bons índices de resistência ao estouro, perfuração e
alongamento. Tais características são imprescindíveis para suportar grandes
cargas e superfícies irregulares sem danos, perfurações e rompimento do
material.

FIG. 3.14 - Elevada capacidade de alongamento e resistência à perfuração


permitem que o geotêxtil se molde ao redor de superfícies irregulares.
Fonte: Guia de Projecto Geotêxteis Fibertex
Os tubos geotêxteis possuem tamanhos variados em função da sua
destinação, seja a quantidade de material a ser confinado como das limitações
físicas do local de acomodação para o desaguamento. A produção dos geotêxteis
é industrial, possuindo dimensionamento padrão, que podem ser utilizados como
mantas ou em tubos, que serão costurados para o fechamento.
Como contribuição à garantia da durabilidade do material, a costura do
material deverá ter a função de unir os elementos de geotêxtil e resistir às tensões
a que estarão submetidas durante o enchimento e consolidação, sendo capaz de
transferir as tensões de uma seção de geotêxtil à seção vizinha.
Os tubos podem ser confeccionados com duas camadas de geotêxtil, em
função da solicitação, de forma que a primeira camada realiza a filtração e a
segunda resiste às tensões geradas.
Alguns aspectos devem ser observados no fechamento dos geotêxteis,
para garantirem as características estruturais, conforme descritas a seguir:
 Tipo da costura;
 Número de carreiras de pontos;
 Localização da costura;
 Tipo de ponto;
 Número de pontos;
 Tipo da linha a ser utilizada; e
 Equipamento para se executar a costura.
Os tipos de costura mais usuais são as costuras SS (sobrepostas) e o tipo
SSn ou J e estão apresentadas na FIG. 3.9. A primeira é a mais simples, cujas
camadas de geotêxtil são superpostas e unidas por pontos. A última, mais
resistente e difícil de ser executada em campo, baseia-se em sobrepor as duas
camadas de geotêxtil, dobrando-as na extremidade, tornando a espessura maior.

FIG. 3.15 - a)Tipo de costura simples; b) Tipo de costura com geotêxtil


sobreposto.
Fonte: Castro, 2005
Para ambos os tipos de costura podem ser realizados com uma ou duas
carreiras de pontos, que são especificados para a elaboração completa de um
projeto, baseado nas tensões a que o tubo estará exposto.
Como já citado, as costuras dos geotêxteis, em geral, são executadas no
campo, com aparelhos manuais, que executam uma carreira de pontos, as
costuras duplas não apresentam aumento em relação à resistência, pois
funcionam como sobressalente em caso de dano na primeira carreira, que define
a resistência final. Assim, para que se obtenha maior resistência nas costuras, as
mesmas deverão ser executadas por empresas ou fabricantes especializados,
com controle de qualidade industrial.
Segundo Castro, 2005, as costuras devem obedecer a uma distância
especificada da borda do geotêxtil, podendo influenciar na sua resistência. Os
geotêxteis tecidos apresentam como acabamento proveniente de fábrica, uma
faixa na qual os fios da trama estão voltados para dentro do tecido, de forma que
as costuras devem estar afastadas pelo menos 2,5 a 3,8 cm de distância da borda
e, se o tecido não possui um acabamento de borda, este deve ser dobrado,
criando-se uma região de maior espessura e dessa forma executar-se a costura
sobre a dupla camada e a uma distância de 2,5 a 3,8 cm de distância da nova
borda.
Para uma boa execução da costura, deve-se atentar também para os tipos
de pontos e qualidade da linha, para evitar danos e comprometimento do
processo de desaguamento e confinamento, visto que a fragilidade de um ponto
afeta a integridade de toda a carreira de pontos.
A qualidade da linha deve oferecer alta durabilidade e resistência, uma vez
que estará sujeita às mesmas condições que o geotêxtil, como exposição aos
raios UV, ataques químicos, entre outros. A linha adequada é composta por
polipropileno e poliéster.
As linhas se apresentam em diversos pesos e tamanhos, que limitam seu
uso em equipamentos manuais no campo, sendo necessária a realização das
costuras na fábrica, com equipamentos mais sofisticados e pesados, e ainda
executar múltiplas carreiras de pontos, aumentando a resistência e durabilidade.
Entretanto, o processo de costura industrial também apresenta desvantagens, tais
como a dificuldade de transporte e manuseio.
A costura também é feita na união do tubo geotêxtil e dos chamados
“mangotes”, que são elementos pelo qual os tubos são preenchidos. A união dos
dois elementos é um ponto frágil, pois está sujeito a muitos esforços e elevada
pressão decorrentes da bomba.
1.12. CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE TUBOS GEOTÊXTEIS
O dimensionamento dos tubos geotêxteis é realizado para a contenção e
confinamento de materiais de diferentes características, desde grandes e variadas
granulometrias a serem empregadas em aterros hidráulicos, até materiais mais
finos como lodo de estações de tratamento e material dragado. Independente da
finalidade e granulometria do material a ser confinado, os geotêxteis requerem
características semelhantes quanto à resistência, para suportar as diversas
tensões a que estará submetido.
Dentre os diversos critérios para dimensionamento de tubos geotêxteis, os
mais usados estão descritos a seguir:
Critério de retenção: para a função de filtro drenante que o geotêxtil
desenvolve é necessário reter as partículas do solo, permitindo a formação de
arcos sobre os poros do material, como apresentado na FIG 3.10, mantendo o
solo estável, com pequenas partículas atravessando o filtro e prevenindo eventual
migração adicional de grãos;

Solo Natural

Pré-filtro

Arcos de Partículas

Geotêxtil

Camada Drenante

FIG. 3.16 - Arranjo de partículas e formação de pré-filtro


Fonte: Muñoz, 2005.
Critério de permeabilidade: garantir a permeabilidade de forma que
mantenha a vazão necessária, evitando o excesso de poro-pressão de água;
Critério de colmatação: a susceptibilidade a colmatação do geotêxtil
depende da permeabilidade e capacidade de fluxo, pois as partículas mais finas
bloqueiam os poros.
O efeito da colmatação é apontado como mau funcionamento do filtro, com
os poros bloqueados a capacidade drenante é reduzida, eleva a poro-pressão e
altera as condições iniciais do filtro. A causa deste problema é devida à
incompatibilidade das dimensões das partículas e dos poros.

1.13. INSTALAÇÃO DOS TUBOS GEOTÊXTEIS


Ao se iniciar a execução do projeto, com os tubos geotêxteis
dimensionados, faz-se a preparação do terreno, podendo ser diretamente na
superfície, ou dentro de caminhões.
Quando os bags forem dispostos no solo, a superfície deverá ter um
caimento para escoamento da água, com diversas camadas de base, para
reforço, proteção, impermeabilização e filtro.
Para a opção de enchimento do bag em carretas, possibilitando o
transporte do material depois de completado o processo, serão detalhadas as
etapas de preparação, utilizando os seguintes equipamentos:
 Flange;
 Adaptador com tampa rosqueável;
 Bujão rosqueado de PVC;
 Cotovelo de 90º;
 Conexão para o mangote ;
 Tubo Geotêxtil;
 Carreta Roll-off;
 Tomada de amostra; e
 Sistema de mistura e injeção de polímero.
Com os materiais listados acima, disponíveis na obra, pode-se iniciar a
instalação, conforme a seqüência apresentada pelo fabricante em um exemplo
para instalação do tubo geotêxtil em uma carreta, para posteriormente transportá-
la a um aterro, sendo ilustrados os passos na FIG 3-11:
1º Passo 2º passo 3º Passo
Carreta roll-off com Depois de retirar a Desdobrar o bag,
capacidade de 23m³. unidade geotêxtil da centralizando o flange.
Elevação na frente da embalagem, desenrolar
carreta, para aumentar a dentro da carreta.
saída do percolado da
carreta.

4º Passo 5º Passo 6º Passo


Ligar o mangote flexível ao Adicionar um polímero Coleta de amostra do material
dispositivo de conexão floculante, para aumentar floculado, para verificação do
rápida ou mangueira com o desempenho de bom andamento do processo.
abraçadeiras para ajuste. desaguamento.

7º Passo 8º Passo 9º Passo


Verificação dos flocos. Enchimento e Transporte e disposição em
desaguamento do tubo aterro adequado.
geotêxtil.
FIG. 3.17 - Descrição dos passos de instalação dos bags.
Fonte: Manual de instalação do Sistema Móvel de Desidratação, Ten Cate.
Após a etapa de desenrolar e desdobrar o bag, para que o mangote
conecte devidamente a tubulação de recalque ao tubo geotêxtil, os flanges
deverão ser montados, como serão apresentados na FIG 3.12, pois são pontos
críticos, que exigem uma pressão máxima para a acomodação dentro do tubo.
A conexão da tubulação de recalque e o bag deverá ser segura, forte e
eficiente evitando rompimento e vazamentos. Essa tecnologia utiliza flanges
circulares de PVC, juntas de vedação de neoprene e mangas de tecido flexível
para o enchimento do tubo é projetado para melhorar o desempenho da
tecnologia de desaguamento.

Abrir as tampas, que Puxar a manga de tecido Manter as mangas


serão fechadas após o flexível para fora do fechadas até que se inicie
processo de enchimento. dispositivo. o processo.

Montar os acessórios de Encaixar os acessórios Fixar a tubulação com


encaixe de PVC (4’’ ou 6’’)
montados no bag, pelo uma alça de segurança,
como mostrado. flange. para prevenir o
Amarrar a manga de desprendimento da
tecido à tubulação de tubulação do geotubo
bombeamento com uma durante o enchimento.
braçadeira ajustável.
FIG. 3.18 - Etapas de montagem dos flanges e conexões da tubulação de
recalque.
Fonte: Adaptado de Detalhes do sistema e da conexão dos dispositivos de
enchimento GP Geotube, Tem Cate.

1.14. METODOLOGIA DE ENSAIOS


Antes de serem definidos como uma técnica viável ao problema de
disposição de materiais contaminados, os geotêxteis são submetidos a ensaios
em escala reduzida para avaliação de sua eficiência.
Serão demonstradas as etapas de uma demonstração de desaguamento
de lodo, que utiliza unidades de tubo geotêxtil, cujo teste permite:
 Visualizar o processo de desaguamento;
 Avaliar a eficiência do polímero selecionado;
 Analisar a turbidez do percolado;
 Prever o percentual de sólidos.
Este ensaio visa o esclarecimento das etapas do processo, desde a coleta
do material, mistura do polímero floculante, enchimento da bolsa, desaguamento,
qualidade do percolado e abertura da bolsa ao final da drenagem.
Cumprindo cada etapa, pode-se ter uma idéia do funcionamento no campo,
em termos de interação do material confinado e o bag, da floculação gerada pela
dosagem do polímero, qualidade e turbidez do percolado, bem como a
desidratação do material.
Para realização do referido ensaio serão apresentados os passos a serem
seguidos descritos e ilustrados na FIG 3.13:
Passo 1: Coletar amostras do material a ser confinado, utilizando galões ou
tonéis para o armazenamento do mesmo. A quantidade depende do tipo de
material, sendo inversamente proporcional ao percentual de sólidos, quanto
menor o percentual, maior a quantidade coletada. Em geral aproximadamente 57
a 95 (15 a 25 galões) litros de lodo, como sugerido pelo fabricante. Após a coleta,
deve-se homogeneizar para garantir a uniformidade das amostras.
Passo 2: Separar os materiais para montagem da estrutura, na qual será
apoiada a bolsa de geotêxtil. São necessários os seguintes equipamentos:
 Vários baldes plásticos de 20L
 Tonel de 200 L
 Baldes de 12 L
 Agitador elétrico com velocidade variável com haste anexada
 Estrutura própria para o ensaio fornecida pelo fabricante, ou
estrutura similar com 2 engradados plásticos com dimensões de
12”x16”, recipiente plástico posicionado abaixo para coleta do
percolado;
 Bolsa geotêxtil (Utilizada apenas uma vez);
 Recipiente plástico de 133 a 170 L, se a estrutura for fornecida pelo
fabricante;
 Funil de boca larga;
 Barra de sustentação com adaptador do tipo encaixe macho com 2”;
 1 becker de 500ml;
 Luvas de látex;
 Desinfetante para as mãos;
Se a estrutura for fornecida pelo fabricante, deve-se colocar o recipiente
plástico em baixo desta estrutura, para coletar o percolado. Entretanto, se a
estrutura for similar, os engradados serão posicionados com o fundo para cima e
dentro do recipiente plástico, que deverá ser grande o suficiente para comportar
os engradados e um volume de água.
A bolsa geotêxtil será assentada no topo da estrutura, para o encaixe da
barra de sustentação fornecida de 27’ (esta barra deve sustentar 7 kPa de
tensão), na flange da referida bolsa, por onde o material será depositado.
Passo 3: A adição de polímero deverá ser previamente calculada, para que
as amostras sejam devidamente floculadas, diminuindo o efeito de colmatação e
que as partículas menores passem pelos poros da bolsa. O tipo e a dosagem do
polímero a ser utilizado deverão ter sido determinados em laboratório.
A empresa fornecedora dos geotêxteis orienta a formulação da solução de
polímero, através de gráficos, que estão disponíveis para fornecimento ao cliente.
Adicione a solução de polímero ao lodo utilizando um misturador elétrico com
velocidade variável até os flocos serem formados, com cautela para que os
mesmos não se quebrem.
Passo 4: Encher a bolsa geotêxtil colocando as amostras floculadas pelo
topo do tubo, utilizando baldes menores e funil para facilitar a operação. Alguns
cuidados nesta etapa deverão ser tomados, para que a bolsa não role e não
entorne material, como sustentar o tubo pelo qual será lançada a amostra.
Passo 5: Preencher a bolsa com amostra floculada o mais rápido possível
até que o lodo alcance a barra de sustentação na marca de 7 kPa, parando
imediatamente.
Passo 6: A bolsa drena água da amostra, que pode ser coletada e levada
para análise em laboratório quanto a sua turbidez e outros testes se houver
interesse. Ainda que não seja realizado ensaio laboratorial é possível identificar
que o percolado possui qualidade superior ao fluido de entrada na bolsa, pela
aparência da coloração, uma vez que a função do geotêxtil é reter os sólidos
contaminados.
Passo 7: Após a bolsa de ensaio ter sido drenada por um determinado
período, suficiente para desaguar o material confinado, uma amostra do material
desaguado deve ser coletada para determinação de suas características, como
umidade e percentual de sólidos.

1 2

3 4

6 7
FIG. 3.19 - Passos para realização do teste com bolsa geotêxtil.
Fonte: Uma demonstração da tecnologia Geotube® para desaguamento de
lodo.

1.15. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A utilização de materiais geossintéticos em obras de Engenharia Civil está
em crescimento, principalmente devido às constantes pesquisas e
desenvolvimento tecnológico para a solução das dificuldades enfrentadas no
campo.
A aplicação dos tubos geotêxteis para o confinamento de material dragado
confinado vem sendo muito discutida no âmbito acadêmico, com a realização de
testes e ensaios laboratoriais e de campo que discutem a viabilidade da técnica,
estimando o comportamento dos tubos no tempo.
Os impactos ambientais gerados, principalmente pelas atividades
geradoras de resíduos contaminados, utilizam os tubos geotêxteis visando a
minimização dos efeitos, para se adequarem aos padrões ambientais exigidos
pela legislação.
O aspecto visual também é um fator positivo para os segmentos que
utilizam tubos geotêxteis, pois o local onde os tubos ficam dispostos é limpo, sem
proliferação de vetores, facilitando a aceitação da população.
ESTUDO DE CASO – OBRA DE REVITALIZAÇÃO DO CANAL DO
FUNDÃO/RIO DE JANEIRO

1.16. INTRODUÇÃO
A Baía de Guanabara, com cerca de 380km² de área tem contribuição da
bacia de 4.000km², com diversas praias, ilhas e rios, que ali deságuam com
elevada carga poluidora. Situa-se na Região Metropolitana do Rio de Janeiro,
formada por 16 municípios, que juntos abrigam praticamente 80% da população
do Estado, com cerca de dez milhões de habitantes.
A região possui baixa qualidade da água causada principalmente pela falta
de saneamento básico e educação ambiental e da ineficiência da coleta de lixo. A
existência de diversas indústrias, terminais marítimos de carga e descarga,
portos, estaleiros, refinarias de petróleo, inúmeros postos de combustíveis e
saneamento básico deficiente, contribuem para a contaminação do ecossistema
presente na Baía.
A atual situação ambiental da Baía provém do descontrolado crescimento
populacional e da degradação inerente ao processo, em meados das décadas de
1950-1960, em toda a região Sudeste do Brasil. Aliada a crescente ocupação,
diversas áreas inadequadas foram habitadas pela população, nas margens de
rios e encostas, gerando áreas instáveis a deslizamentos e assoreamentos, com
conseqüências graves como inundações.
Há 15 anos foi implantado o Programa de Despoluição da Baía da
Guanabara (PDBG), que visa despoluir a Baía, limpando o corpo hídrico com
ações nas fontes poluidoras. O PDBG implementa infra-estrutura para a
população da Bacia da Guanabara, com obras, aparelhamento dos sistemas e
capacitação de recurso humano.
O conjunto de obras apontado no projeto envolve construção de Sistemas
de Esgotamento Sanitário, com redes coletoras e estações de tratamento, rede de
abastecimento de água, controle de enchentes, coleta e destinação de lixo e
mapeamento digital, para compor um banco de dados que auxiliará no
monitoramento e controle do uso do solo e fontes poluidoras dos municípios da
região.
O assoreamento da Baía se deve, ainda, aos inúmeros aterros para novas
áreas, interferindo no ambiente natural, alterando as correntes, a circulação das
águas e a vida aquática. Na década de 80 o Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN) tombou o espelho d’água da baía da Guanabara como
patrimônio histórico, sendo proibida a execução de aterros. A ilha do Fundão é um
exemplo, no qual existiam 08 (oito) pequenas ilhas, que foram aterradas formando
o campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

FIG. 4.20 - Imagem antes e depois do aterro na Ilha do Fundão.


Fonte: Arquivo Histórico do ETU/UFRJ.
O lançamento de esgoto sanitário e de indústrias clandestinas são os
maiores contribuintes de carga poluidora da Baía, gerando grandes danos
ambientais, como foco de doenças, contaminação do solo e das águas
superficiais e subterrâneas.
Inseridos na Baía de Guanabara, os Canais do Cunha e do Fundão estão
degradados, com presença de metais pesados, como cobre, níquel e zinco
(Barbosa, 2004, p. 29-38) e apresentam grande quantidade de lixo sólido e esgoto
doméstico, que contribuem para o assoreamento. A FIG 4-2 mostra a Ecobarreira
do Canal do Cunha, cuja função é reter o lixo flutuante permitindo que o fluxo
d’água passe por baixo da barreira.
Para minimizar um dos piores passivos ambientais da Baía, também
considerado um anticartão postal do Rio, melhorar o aspecto do ambiente da
entrada da cidade, foi idealizado um projeto de despoluição e revitalização dos
Canais e de toda a região do entorno. Dentre as diversas obras a serem
realizadas, a dragagem dos Canais será a maior em termos de porte, custo e
benefícios para a qualidade de vida, ambiental e movimentação da economia,
com a navegabilidade, possibilitando o tráfego de pequenas embarcações
também para pesquisas e controles de diversos fins.

a b
FIG. 4.21 - a) lançamento de esgoto no Canal do Cunha, na Avenida Brasil; e b)
grande quantidade de lixo contido na Ecobareira do Canal do Cunha.
Fonte: Adaptado de http://www.ecodebate.com.br/2008/12/23/rio-de-janeiro-
comecara-em-janeiro-a-recuperacao-dos-canais-do-cunha-e-do-fundao/; e
http://informativorio.blogspot.com/2008_07_01_archive.html.

A dragagem do canal está sendo conduzida pelos três níveis de governo


juntamente com a Petrobras, que está cumprindo um termo de ajustamento de
conduta com compensações ambientais, tendo como objetivo o desassoreamento
da extensão do Canal do Fundão e do Cunha, separando o material considerado
limpo do contaminado. Além da dragagem, será executado o alargamento dos
vãos das pontes que ligam o continente à ilha, visando a trafegabilidade de
embarcações no local. Em virtude das intervenções, foram previstas contenções,
que também serão realizadas ao longo da Linha Vermelha.
Foi apresentado como solução um aterro licenciado em Nova Iguaçu, na
Baixada Fluminense, a qual foi recusada pela inviabilidade econômica e tempo
necessário para o transporte em caminhões do material dragado, pois causaria
congestionamentos nas principais vias de acesso a cidade, pois foram estimados
120 mil caminhões para o transporte de todo o volume dragado.
A opção de despejo em aterro sanitário em Nova Iguaçu foi aceita apenas
para o lixo sólido, que passará por um processo de reciclagem, separando
móveis, pneus, embalagens plásticas, entre outros. As outras propostas seriam
complementares para a disposição do material limpo, mas sem qualidade para
usos benéficos. Sendo destinada em cavas subaquáticas a argila e silte não
contaminados.

1.17. DESCRIÇÃO DA OBRA DE DRAGAGEM DO CANAL DO FUNDÃO


O canal do Fundão vem sendo discutido ao longo de vários anos, baseado em
estudos e ensaios realizados de classificação e caracterização dos sedimentos e
contaminantes presentes no local. Segundo Barbosa et al, 2004, apenas a
camada superior de sedimentos é classificada como resíduos perigosos devido ao
grau de contaminação com hidrocarbonetos aromáticos e óleos e graxas.
A dragagem aprofundará o Canal até a cota -4,5m, o que leva à retirada de
2.000.000m³ em 6,5km de extensão. Entretanto, de todo o volume a ser retirado,
baseado nas análises realizadas pela equipe que elaborou o Relatório Ambiental
Simplificado, foi estimado que apenas 350m³ ao longo de um trecho de 450m
sejam de material contaminado, ou seja, segundo este estudo há uma pequena
faixa contaminada com metais pesados, próxima à ponte Oswaldo Cruz, na saída
do Canal do Cunha.

ILHA DO FUNDÃO

FIG. 4.22 - Ilha do Fundão, traçado da dragagem a ser realizada no Canal.

ILHA DO FUNDÃO
Fonte: http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl.
A grande quantidade de contaminantes encontrada nesta área deve-se à
proximidade da foz do Canal do Cunha, que transporta efluentes industriais e
grande quantidade de lixo, que se concentram no local em função da estagnação
das correntes, criando um remanso, onde os sedimentos carreados se depositam,
assoreando e retendo os contaminantes.
Na FIG 4-4, observa-se a região estagnada na proximidade da ponte Oswaldo
Cruz, com ponto estagnado ao Norte da ponte, propiciando o assoreamento da
região. A corrente que chega ao Canal do Fundão ao norte da ilha, pela ponte
Brigadeiro Trompowsky segue em direção ao Sul, em baixa velocidade,
aproximadamente a 0,1m/s e se encontra com a corrente que segue em direção
ao Norte proveniente do Canal do Cunha.
I lh a d o
G o ve rn a d o r
5000

4500

I lh a d o F u n d ã o
4000

3500
P o n t e B r ig .
T ro m p o w s ky
C an
al

3000
do

1 ,0 m /s
0 ,5 m /s
Fun

0 ,1 m /s
2500
dão

R e g iã o e s t a g n a d a c o m
c o r r e n te s e m s e n tid o s o p o s to s
2000
P o n te
O s w a ld o C r u z
1500
C an a
l do
Fund
ão
1000
M e ia M a r é
nha
Cu

500
V a z a n te
do
al
C an

0
FIG. 4.23- 1-0 Campo
00 -5 0 0 0 500
de correntes no1 canal
000 1500
antes 2da
000 2500 3000
dragagem, com3 maré
500 4000
de sizígia
típica em situação de meia maré vazante.
Fonte: Estudo Hidrodinâmico e Geotécnico para Revitalização da Circulação no
Canal do Fundão e no Canal do Cunha, Baía de Guanabara, RJ, 2001.
O desaguamento do Canal do Cunha segue em duas direções no Canal do
Fundão, para Sul e para Norte, sendo que para Norte encontra a Ponte Oswaldo
Cruz como obstáculo reduzindo a velocidade da corrente, tornando a área um
remanso com acúmulo de contaminantes que são carreados juntamente com os
sedimentos que se depositam neste ponto.
Com a realização da dragagem e do alargamento dos vãos da ponte, a área
de remanso será eliminada, pois as correntes terão maior velocidade e seguirão
em uma única direção, como apresentado na FIG 4-5.
Ilh a d o
G o v e rn a d o r
500 0

450 0

I lh a d o F u n d ã o
400 0

350 0
P o n te B rig .
T ro m p o w s k y
C an
al

300 0
do

1 ,0 m /s
0 ,5 m /s
Fun

0 ,1 m /s
250 0
d ão

C o r r e n te s n o m e s m o s e n tid o
s e m e s ta g n a ç ã o
200 0

P o n te
O s w a ld o C r u z
150 0
C ana
l do
Fund
ão
100 0
M e ia M a r é
nha
Cu

50 0
V a z a n te
do
al
C an

0
-1 0 0 0 -5 0 0
FIG. 4.24 - Campo de 0correntes
500 1000
no 1500
canal 20 00
proposto 2500
com 30 00
maré de3 5sizígia
00 4000
típica em
situação de meia maré vazante.
Fonte: Estudo Hidrodinâmico e Geotécnico para Revitalização da Circulação no
Canal do Fundão e no Canal do Cunha, Baía de Guanabara, RJ, 2001.
Nas figuras 4-4 e 4-5 as correntes são apresentadas pelas setas que indicam
a direção do fluxo e o tamanho corresponde à velocidade, podendo observar que
a dragagem beneficiará a circulação de água pelo Canal, cujas correntes seguirão
em apenas um sentido, com renovação de água e diminuição da taxa de
deposição de sedimentos no local.
O assoreamento existente no local restringe a própria execução da dragagem,
pois embarcações com calado maior do que 1,5 m apresentam dificuldade de
navegar. Outro fator limitante são as pontes e a existência de lixo de natureza
diversa, como entulhos, pneus, móveis, entre outros, que impedem a utilização de
dragas de sucção.
Para a melhoria de navegabilidade do Canal serão alargados os vãos das
pontes, necessitando a execução de obras de contenções. Serão executadas
contenções também em trechos da Linha Vermelha que margeiam o Canal, em
virtude da retirada de uma camada de solo que poderá desestabilizar a pista, que
poderia ocasionar o rompimento das margens. Para evitar o problema foram
realizadas sondagens para analisar o risco real de o problema ocorrer, sendo
apontadas nos resultados grandes camadas de solo mole, que foram
determinantes para a decisão de iniciar os estudos e posterior realização de
contenções nos taludes.
De acordo com o RAS, os projetistas se basearam em estudos existentes
de sondagem e de estruturas das vias de acesso da região, considerando a
necessidade de execução de estacas raiz justapostas (D=0,40m) e viga de
coroamento atirantada junto às duas margens do canal, para a ponte Oswaldo
Cruz e alças de acesso à Linha Amarela.
Entretanto, para a travessia do Canal do Cunha, Ponte Brigadeiro
Trompowsky e travessias da Linha Vermelha a execução de contenção e reforço
da ponte não constam do projeto inicial, pois a cota da dragagem não atingirá as
fundações.

ALTERNATIVAS ESTUDADAS PARA A DISPOSIÇÃO DO MATERIAL


DRAGADO
Os sedimentos do Canal estão sendo classificados como contaminados e
não-contaminados em conformidade aos parâmetros estabelecidos na Res.
CONAMA nº 344/04. A disposição do volume não-contaminado será realizada em
aterros ao final da obra ou lançadas em cavas pré-existentes na Baía de
Guanabara.
A destinação de material dragado contaminado requereu uma discussão
mais complexa, com a apresentação de diversas propostas para análise, sendo
algumas recusadas por órgãos reguladores do meio ambiente. As propostas para
a disposição de material contaminado estão apresentadas a seguir:
Alternativa A - Disposição de todo ou parte do sedimento em bota-fora
oceânico.
Essa é a técnica mais utilizada, sendo a mais simples e menos custosa em
comparação aos outros métodos. Entretanto, o material deve atender os
parâmetros estabelecidos na legislação, sendo ambientalmente discutível e válida
apenas para sedimentos cujo grau de contaminação esteja abaixo do nível 1.
Alternativa B - Disposição de todo ou parte do sedimento em cavas marinhas
existentes no interior da Baía de Guanabara.
Esta solução apresenta a alternativa de disposição em cavas existentes na
Baía de Guanabara, com posterior capeamento com material limpo. Estas cavas
são normalmente abertas para esse fim, mas na Baía estima-se a existência
prévia destas cavas devido aos empréstimos e dragagens realizados há alguns
anos para realização de aterros no Rio de Janeiro.
Para execução deste método, devem-se adotar alguns procedimentos para
que os contaminantes não interajam com o meio, evitando a ressuspensão e a
dispersão durante o processo de despejo.
Alternativa C – Disposição de todo ou parte do sedimento em terra, contido por
diques convencionais.
A disposição em diques é utilizada para dragagens que não tenham grande
quantidade de volumes, com disponibilidade de áreas e tempo. Estudos
anteriores indicavam algumas áreas na Ilha do Fundão, para este fim, mas estão
sendo ocupadas atualmente.
O dique deve ser impermeabilizado na fundação e no tardoz, deve-se realizar
o monitoramento das águas, cobertura permeável, para permitir a passagem de
água e ar, vertedor para drenar o excesso de água e verificação do nível do lençol
freático, para não haver afloramento e contato com os contaminantes, evitando
ainda um rebaixamento. Tais condições não permitem um ritmo acelerado ao
processo de dragagem, tornando-o lento.
Alternativa D - Disposição de todo ou parte do sedimento em terra,
encapsulado por tubos geotêxteis.
A técnica de disposição em tubos geotêxteis é inovadora para o confinamento
de material dragado, que não requer grandes áreas para sua instalação, pois
retém apenas o material sólido da dragagem, reduzindo o volume a ser confinado.
Entretanto, esta alternativa exige a execução de impermeabilização do
terreno, para evitar a contaminação e instabilidade do solo
Alternativa E - Disposição de todo ou parte do sedimento em central de
resíduos licenciada.
A opção de destinar o material dragado em aterros licenciados deve ser
analisada quanto à distância e volume de material, para viabilidade econômica.
Além disso, o resíduo deve ser classificado conforme sua fonte geradora e
verificada as condições de risco presentes, como inflamabilidade e reatividade,
entre ouros.
Alternativa F - Disposição de todo ou parte do sedimento na ETE Alegria.
A solução da ETE foi analisada devido à proximidade com o local de
intervenção e disponibilidade, pois está operando muito abaixo de sua
capacidade. Com o incremento do volume, a estação ainda não atingiria sua
capacidade máxima durante o período de dragagem. A disposição consistiria
apenas na remoção de água do material dragado, sendo uma etapa provisória e
sem tratamento.

COMPARAÇÃO ENTRE AS ALTERNATIVAS DE DISPOSIÇÃO PROPOSTA


A proposta do confinamento do material contaminado em tubos geotêxteis foi
a única aprovada pelo órgão ambiental, pois viabiliza o confinamento do material
contaminado, ocupando uma área disponível nas proximidades da dragagem com
impacto reduzido.
TAB. 4.9 Comparação entre as alternativas de disposição de material dragado.
ALTERNATIVAS VANTAGENS DESVANTAGENS
Disposição em bota- Risco de contaminação;
A Baixo custo
fora oceânico
B Disposição em cavas Baixo custo; Dificuldade de licenciamento
marinhas existentes Rapidez, pela proximidade devido à interferência na
no interior da Baía de da área de coleta da área Baía da Guanabara que
Guanabara de destino. possui o espelho tombado.
Dragagens com pequenos
Praticidade para disposição
volumes;
Disposição em terra, do material, devido à
Longo período para secagem
C contido por diques proximidade com a área de
do material;
convencionais dragagem.
Risco de proliferação de
vetores.
D Disposição em terra, Área reduzida para Custo elevado
encapsulado por disposição do material;
tubos geotêxteis Secagem rápida, que reduz
o volume retido nos tubos e
comporta maior quantidade
de material dragado.
E Disposição em central Abriga o material dragado Incremento na frota de
da visibilidade da veículos nas vias da região;
população; Risco de derramamento de
de resíduos licenciada
Minimiza riscos de material no itinerário dos
contaminação ao ambiente. caminhões.
F Disposição na ETE Rapidez na secagem do Custo de transporte para
Alegria material conduzir e retirar o material
da ETE.
Uma das grandes polêmicas desta obra, foi a disposição do lodo, que gerou
discussão com os órgãos ambientais e a própria Universidade, que não aceitava a
hipótese de estocar lodo em seu terreno, devido a perda de área para ocupação,
além do risco deproliferação de vetores e intenso mau cheiro.
Para a instalação dos tubos geossintéticos é necessária uma área plana e
preparada para sua disposição, com camadas específicas com função
impermeabilizante, drenante e de proteção. Estas áreas causam menor impacto
quando disponíveis nas proximidades da dragagem, pois a implantação de
tubulação, buster para bombeamento do fluido e interferências que a instalação
destes elementos demandam serão reduzidas, além de minimizar a contaminação
caso ocorra vazamento.
Foram definidas duas áreas para disposição dos tubos na Ilha do Fundão,
próximas à foz do Canal do Cunha, onde se encontra a faixa de sedimentos
contaminados, evitando extensas tubulações com elevada perda de carga.
Foram disponibilizadas 5 áreas com capacidade para dispor os tubos, em
função do arranjo dos mesmos e da avaliação técnica do solo de fundação. O
volume para dimensionar os tubos não foi o total, pois apenas o material com
grau de contaminação >2 e entre 1 e 2 será direcionado aos tubos.

FIG. 4.25 - Áreas de disposição do material dragado.


Fonte: RAS
Em função da quantidade de sedimento, a equipe técnica que elaborou o RAS
estimou os seguintes dados para dimensionamento dos tubos:
 Volume (equivalente in situ) de finos para tubos = 1.060.655 m³
 Massa seca total a ser acondicionada = 493.120 t
Com estas informações, há a necessidade de emprego de cerca de 17.265m
de tubos com perímetro de 36,7m, 24,5m e 22,9m. O estudo baseou-se em
ensaios com amostras de tubos com material coletado no campo, sendo a
concentração de sólidos em peso, no interior do tubo acima de 60%, após 30 dias
de desaguamneto em teste. Em função desta geometria os volumes são de 23,7
m³/m, 24,5m³/m e 41,0m³/m, respectivamente, equivalente a 703.842m³.
Os tubos possuem capacidade nominal na faixa de 70 a 80% de enchimento,
pois quando atingem seu limite, o processo é interrompido para finalizar o
desaguamento, reduzindo o volume, o qual poderá ser novamente completado até
o seu limite repetindo o processo quantas vezes forem observadas grande
variação entre a altura do tubo quando cheio e drenado, sendo ao final sempre
reduzido seu volume.
Ao final haverá a urbanização da área cedida ao confinamento do material,
como medida compensatória dos eventuais impactos ambientais causados pelo
processo. Na FIG 4-7 é apresentada uma perspectiva da área onde os tubos
foram dispostos, após o aterro.
FIG. 4.26 - Perspectiva da futura urbanização do Canal do Fundão sobre a área
de disposição dos tubos geotêxteis.
Fonte: RAS

DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE DRAGAGEM


A obra de revitalização do Canal do Fundão consiste em dragar os sedimentos
do referido canal, com dragas mecânicas, de calado compatível com o Canal
devido à sua pequena profundidade.
Todo o lixo retirado pelo processo será encaminhado às margens para
separação e destinação em aterros e afins. O material sem lixo será lançado por
tubulação até a etapa seguinte, sendo composto de polietileno de alta densidade
e utilizando booster.
O fluxo da dragagem segue o esquema apresentado na FIG 4-8, utilizando
uma escavadeira embarcada para retirada dos sedimentos, que são lançados em
um batelão, o qual possui um separador de lixo, que por fim é levado a um aterro
sanitário em Nova Iguaçu.

Vai para aterro

Escavadeira Batelão Lixo

Linha de Recalque

FIG. 4.27 - Esquema do caminhamento do material dragado.


Fonte: FUJB, Arranjo geral das áreas de disposição, 2008
Existem 2 dragas que operam em locais distintos, sendo um equipamento para
o material limpo e o outro para o contaminado. Ambas as dragas operam durante
20h/dia e produzem 40.000m³/mês, para incrementar a produção estão previstos
ensaios para o funcionamento de mais equipamentos, com a intenção de operar 6
dragas simultaneamente, sendo que uma será de sucção e recalque com
dispersor na ponta. A FIG 4-9 ilustra o processo de dragagem no canal do Fundão
com uma draga com escavadeira embarcada.
A draga que recalca o material não contaminado para a margem utiliza uma
tubulação de 14” , que segue um fluxograma representado na FIG 4-9, passa por
um separador de lixo fino, hidrociclones para separação de areia e posterior
depósito em um dique, que foi construído para este fim.
FIG. 4.28 - Etapa da Dragagem do Canal do Fundão.
A FIG 4-10 ilustra um fluxograma, com as etapas seguidas na obra. Após o
material dragado passar pela tubulação de recalque será encaminhado até o filtro
de lixo fino, apresentado na FIG 4-11 a, que desagrega o lixo que passou pela
peneira da etapa anterior e o material limpo, seguindo para os hidrociclones que
iniciam a etapa de separação dos sedimentos pela granulometria.

Vai para o
Hidrociclones
dique. e
ra o
Unidade Flutuante talvegue
a ser
dragado,
dragagem
do canal,
no qual Lameiro
Para Batelão
mostra o
Peneira Estática Curva Peneira Desaguadora
talvegue
[Digite uma citação do
a ser
documento ou o resumo de uma
dragado,
questão
as interessante. Você pode
posicionar
aminaçgo a caixa de texto em
qualquer lugar do documento.
te, para
Areia
Useverficaç
a guia Ferramentas de Caixa
de Texto para alterar a
formatação da caixa de texto da
Tanque de Armazenagem citação.]
Vem do Vai para Aterro Sanitário
Recalque

FIG. 4.29 - Fluxograma após o recalque do material limpo.


Fonte: FUJB, Fluxograma do Processo de Dragagem, 2008.
O material que passar pela triagem será levado aos hidrociclones, que na
época da visita à obra ainda não haviam sido instalados, apenas preparada a
área para posterior instalação. Entretanto, enquanto a etapa de separação da
areia pelos hidrociclones não está incluída no processo, o fluido é lançado
diretamente no dique, cuja areia é depositada rapidamente, seguida do silte e da
argila.
Para evitar o transbordamento do dique, devido ao grande acúmulo de
sedimento na proximidade do tubo de lançamento, uma escavadeira atua
espalhando o material, sendo ilustrado na FIG -11 b.

a b
FIG. 4.30 - Etapas da disposição do material não-contaminado: a) o material é
recalcado para o filtro de lixo fino e b) lançado no dique e espalhados pela
escavadeira.
A areia separada deste processo poderá ser reaproveitada em outros usos
menos nobres, que ainda não foram definidos, sendo uma possível utilização no
aterro necessário para o nivelamento dos tubos. O silte e a argila sedimentada
nos diques serão dispostas em cavas subaquáticas na baía da Guanabara, em
áreas já licenciadas.
A proposta de conter todo o material dragado em diques para posterior
transporte ao mar evita desperdícios, em termos financeiros e otimização de
tempo. Deixar todo o material concentrado permite a secagem, com a água
infiltrando e evaporando, o que facilita o transbordo ao batelão que levará ao
destino, pois o volume será menor e demandará menos viagens.
Para o material confinado as etapas são diferenciadas, pois é adicionado um
polímero floculante e então destinado aos tubos para desaguamento. O material
que sai da draga por recalque até a área dos tubos passa por uma tubulação que
recebe contribuição de polímeros floculantes, que para melhor mistura e efeito é
depejado na tubulação de recalque em quatro pontos, depois seguem por uma
chicana e posteriormente vão para os tubos.
FLOCULANTE

RECALQUE

TUBOS TUBOS

FIG. 4.31 - Fluxograma para o material contaminado ser destinado nos tubos.
Fonte: FUJB, Fluxograma do Processo de Dragagem, 2008.
O floculante é diluido na água em um tanque com misturador automático,com
4% de concentração e adicionado no local apontado na FIG 4-12, na tubulação de
recalque com chicanas para aumentar a área de contato e reduzir a velocidade do
fluido, facilitando a mistura do fluido e do floculante.
O produto serve para flocular as partículas do material dragado, visando
facilitar a decantação e inibir a passagem pelos poros dos tubos. O polímero
introduzido no processo, apresentado na figura acima é o Magnafloc LT 27 da
empresa BASF.
Este produto tem ação rápida, tal que em segundos pode-se observar a
formação dos flocos, a decantação dos mesmos e o clareamento da água em
seguida. Este efeito é monitorado visualmente, para que a dosagem mantenha-se
correta durante todo o processo de confinamento. O fluxograma da FIG 4-12 é
ilustrado com fotos da obra em questão, na FIG 4-13, que apresenta o ponto em
que o polímero é adicionado ao fluido pelo misturador acoplado à tubulação,
seguindo pelas chicanas e após a mistura o material é distribuído pelos tubos.
a d

b c

FIG. 4.32 - Área dos tubos: a) adição de polímero; b) chicana; c) vista geral da
disposição dos tubos; d) desaguamento dos tubos.
A água drenada dos tubos é límpida, com boa aparência e ausência de odor,
conforme observado in loco, indicando que a maioria das partículas sólidas foram
retidas. A caracterização físico-química do percolado (filtrado) do tubo geotêxtil,
de acordo com os parâmetros especificados na Res. CONAMA nº 357/05, foram
realizados em amostras coletadas no campo antes do início do processo de
dragagem.
Os resultados apresentados no RAS indicam qua a água possui qualidade
compatível com parâmetros preconizados na Res. CONAMA nº 357/05 (Art. 34),
referente a lançamento de efluentes, com exceção do Nitrogênio amoniacal, cujo
valor excedeu os limites permitidos.
1.18. DISPOSIÇÃO DO MATERIAL DRAGADO EM TUBOS
GEOTÊXTEIS

CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL DRAGADO CONTAMINADO


O principal motivo de aprovação do projeto de dragagem do Canal do Fundão
com a contenção do material contaminado em tubos geossintéticos foi devido à
preocupação com os riscos e impactos causados pelo processo de dragagem,
conforme discutido em 4.2.2.
Para o licenciamento ambiental foi elaborado um documento com estudos e
análises, que apresentam a situação da região e como a interferência da obra irá
influenciar positivamente, contribuindo para um meio ambiente menos degradado.
Diversas atividades causadoras de impacto ambiental devem apresentar o
EIA/RIMA para análise e emissão de lincenças ambientais. Contudo, a obra do
Canal do Fundão se enquadra em um caso peculiar, cujo interesse social é
inerente, sendo necessária apenas a elaboração de um Relatório Ambiental
Simplificado (RAS), conforme legislação estadual.
Lei Estadual 5000/2007
Art. 1º - Acrescenta-se, no artigo 1º da Lei 1.356/88, o
seguinte parágrafo:
o “§ 10 - As obras ou serviços de dragagem em ambientes
costeiros .......
incluindo a disposição final do material dragado/escavado em
ambientes costeiros e em terra no âmbito da iniciativa pública e
privada, destinadas à recuperação de áreas alagáveis,
contaminadas ou degradadas, poderão ser submetidas ao
regime de licenciamento simplificado com a apresentação de
um “Relatório Ambiental Simplificado – RAS”, mediante parecer
técnico da Fundação Estadual de Engenharia do Meio
Ambiente - FEEMA – que conclua pela ausência de potencial e
significativo dano ambiental, e com base nas Diretrizes
Técnicas da FEEMA concernentes ao Licenciamento Ambiental
de Dragagem e Disposição Final de Material”.
A elaboração do RAS demandou a análise do sedimento presente no Canal do
Fundão, em face dos parâmetros e limites estabelecidos pela legislação.
Conforme descrito no documento, foram coletadas amostras ao longo do Canal,
seguindo as orientações da Res. CONAMA nº 344/04, que versa sobre
quantitativo de amostras coletadas, metodologias e qualidade de resultados,
conforme apresentado na FIG 4-14.
Nestes pontos foram realizados ensaios físico-químicos, para avaliação das
alternativas de lançamento e confinamento do material dragado, cujo grau de
contaminação influencia na tomada de decisão.

AF – Amostra do Canal do FUNDÃO


AC – Amostra do Canal do CUNHA

FIG. 4.33 - Planta de Localização dos Pontos de Amostragem


Fonte: RAS
Ainda de acordo com o RAS, as pesquisas envolveram levantamento
topobatimétrico e novas coletas de amostras de água e sedimentos, com ensaios
e análises de laboratório, tendo 30 (trinta) amostras para caracterização ambiental
dos sedimentos, 15 (quinze) para caracterização físico-química das águas do
canal e 74 (setenta e quatro) para caracterização física dos sedimentos.
As amostras foram coletadas nos estratos superior e inferior dos sedimentos,
a cada 200m ao longo de toda a extensão do Canal, e em zig-zag.
Os índices são avaliados em função da escolha locacional de disposição,
sendo em águas jurisdicionais brasileiras, baseada na Res. CONAMA nº 344/04
Res. CONAMA 357/05, nas quais os corpos hídricos podem ser compostos de
águas doces, salobras ou salinas, com as seguintes definições:
I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰;
II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰; e
III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 ‰.
O Canal do Fundão é composto por Água Salobra, podendo ser classificado
de acordo com a TAB. 4-2:
TAB. 4.10 Classificação do Canal do Fundão, de acordo com as Resoluções:
Resolução Classificação

Nível 1: limiar abaixo do qual prevê-se baixa probabilidade


de efeitos adversos à biota.

CONAMA nº 344/04
Nível 2: limiar acima do qual prevê-se um provável efeito
adverso à biota.

Classe 2: águas que podem ser destinadas:


a) à pesca amadora; e
b) à recreação de contato secundário.
CONAMA nº 357/05
Classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.

A Res. CONAMA nº 357/05 ainda prevê a seguinte classificação, de acordo


com a utilização do corpo hídrico:
I - Classe especial: águas destinadas:
a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral; e
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
II - Classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA nº 274, de
2000;
b) à proteção das comunidades aquáticas; e
c) à aqüicultura e à atividade de pesca.
Os resultados obtidos foram comparados com os limites preconizados nas
resoluções mencionadas acima, como constam nas TAB 4-3 e 4-4.
TAB. 4.11 Estatísticas Descritivas dos Resultados da Qualidade dos Sedimentos
(em mg/kg, exceto COT em %) :
CONAMA nº 344/04
Parâmetro Média
Nível 1 Nível 2
Alumínio NI NI 31010
Antimônio NI NI 6,24
Arsênio 8,2 70 0,17
Bário NI NI 172
Boro NI NI 86
Cádmio 1,2 9,6 1,44
Chumbo 46,7 218 144
Cobalto NI NI 6,04
Cobre 34 270 186
Cromo 81 370 80
Ferro NI NI 21212
Manganês NI NI 127
Mercúrio 0,15 0,71 1,11
Molibdênio NI NI 9,13
Níquel 20,9 51,6 21
Prata NI NI 0,26
Vanádio NI NI 44
Zinco 150 410 420
Benzo(a)antraceno 0,0748 0,693 0,0026
Benzo(k)fluoranteno NI NI 0,0001
Benzo(a)pireno 0,0888 0,763 0,0015
Criseno 0,108 0,846 0,0012
Dibenzo(a,h)antraceno 0,0062 1,35 0,0002
Acenafteno 0,016 0,500 0,0007
Acenaftileno 0,044 0,640 0,0003
Antraceno 0,0853 1,1 0,0051
Fenantreno 0,240 1,5 0,0023
Fluoranteno 0,6 5,1 0,0035
Fluoreno 0,019 0,54 0,0022
2-metilnaftaleno 0,07 0,67 0,0038
Naftaleno 0,16 2,1 0,83
Pireno 0,665 2,6 0,0098
HPA total NI NI 0,0396
Carbono Orgânico Total NI 10 2,137
Nitogênio Kjeldhal NI 4800 3410
Fósforo Total NI 2000 3670
Fonte: Adaptado de RAS
Observação: NI: parâmetro não indicado pelo padrão ambiental.

Valores entre o Nível 1 e Nível 2.

Valores acima do Nível 2.


TAB. 4.12 Estatísticas Descritivas dos Resultados da Qualidade de Água:
CONAMA 357/05
Parâmetro (*) Média
Classe 2 Classe 3
Surfactantes NI NI 0,46
Turbidez NI NI 21
Cor NI NI 29
Coli Termot. 2,5 x10 3
4,0x10³ 2,8x104
COT 5 10 7
OD 5 4 5
pH 6,5-8,5 6,5-8,5 7,5
Arsênio 0,069 NI 0,019
Boro 5 NI 0,12
Chumbo 0,21 NI 0,001
Cianeto 0,001 NI 0,001
Cloro Res. 0,019 NI 0,023
Ferro 0,3 NI 0,052
Fluoreto 1,4 NI 0,41
Fósforo 0,093 NI 0,077
Manganês 0,1 NI 0,003
Nitrato 0,7 NI 0,35
N-amoniacal 0,7 NI 6,09
Polifosfatos 0,0465 NI 0,040
Selênio 0,29 NI 0,002
Sulfetos 0,002 NI 0,62
Zinco 0,12 NI 0,024
Etilbenzeno 0,025 NI 0,001
Ind.Fenóis 0,06 NI 0,008
Tolueno 0,215 NI 0,001
Observações: (*) todos os parâmetros em mg/L, exceto pH e Coliformes termotolerantes
(NMP/100mL)
NI: parâmetro não indicado pelo padrão ambiental.
Fonte: Adaptado de RAS.
Valores entre a Classe 2 e 3
Valores acima da Classe 3.
Segundo o Relatório, a análise dos resultados do diagnóstico ambiental está
apresentada na TAB 4-5, a seguir:
TAB. 4.13 Análise dos resultados das amostras de água e sedimentos coletadas no
Canal.
Amostra Parâmetros Analisados Padrões
Água Coliformes Termotolerantes Inaceitável: Apresentaram
Carbono Orgânico Total indicação de contaminação,
Cianeto segundo concentrações
Cloro Residual superiores às que definem as
Fósforo classes 2 e 3;
Nitrato
Nitrogênio Amoniacal
Polifosfatos
Sulfeto
Oxigênio Dissolvido Inaceitável: Concentrações
inferiores às estabelecidas.
pH Aceitável: Valores de pH
Alumínio satisfizeram ao estabelecido nas
Bário classes. Os demais parâmetros
Berílio não foram detectados.
Cádmio
Cobre
Cromo
Mercúrio
Níquel
Prata
Parâmetros orgânicos
Sedimento Cromo Inaceitável: concentrações que
Níquel excedem os valores de
Chumbo referência.
Cobre
Mercúrio
Zinco
Nitrogêncio Kieldhal
Fosforo Total
Arsênio Aceitável: quantidade dentro dos
HPAs limites.
Cádmio Necessidade de Ensaio
ecotoxicológico, devido às
concentrações apresentadas
entre os níveis 1 e 2.
Fonte: Adaptado de RAS.
Baseado nessas análises partiu-se para a decisão de uma solução ou
combinação de algumas delas, para a disposição do material dragado. Sendo a
opção de contenção em tubos geotêxteis a opção aprovada e licenciada
ambientalmente para os materiais contaminados.
O Projeto de Monitoramento do Solo e de Líquidos Percoláveis foi elaborado em
atendimento a condicionante da Licença de Instalação da Obra de Dragagem do
Canal do Fundão e ao item 19.3.3 do Relatório Ambiental Simplificado (RAS)
referente ao “Programa de Revitalização, Urbanização e Recuperação Ambiental
dos Canais do Fundão e do Cunha”. Para a realização do monitoramento foram
realizadas amostragens de líquido percolável proveniente dos tubos geotêxteis.

Os resultados das análises do monitoramento do líquido percolado e comparado


com os limites da Res. CONAMA nº 357/2005, estão apresentados nas TAB. 4.6 e
4.7 a seguir:
TAB. 4.14 - Concentrações de Parâmetros Físico-Químicos dos Líquidos Percolados
– Disposição Final do Material Dragado na Área 1 em tubos têxteis.
Parâmetros Físico-Químicos (mg/L)
N-Amoniacal N-Kjeldahl N-nitrato N-Nitrito P-Total
Res. CONAMA Nº
0,70 - 0,70 0,20 0,19
357/2005 – Classe 2
N. amostras
Geo - 1 31,27 44,8 nd 0,112 3,511
Geo - 2 4,53 nd 1,448 17,011 2,616
Geo - 3 4,8 nd 0,788 17,822 2,43
Geo - 4 16,6 nd 1,032 11,044 2,19
Geo - 5 17,93 25,8 0,454 4,103 2,419
Geo - 6 32,5 37,00 0,023 0,661 nd
Geo - 7 19,84 24,1 0,094 0,594 nd
Geo - 8 23,3 23,5 0,247 7,277 1,569
Geo - 9 12,29 36,9 0,420 8,423 2,974
Geo - 10 3,44 12,7 0,293 12,463 1,946
Geo - 11 18,25 26,1 0,737 0,45 2,225
Geo - 12 7,06 15,1 0,018 0,018 1,388
Geo - 13 24,32 9,17 0,106 0,081 2.821
Geo - 14 14,08 19,4 0,273 0,457 2,396
Geo - 15 12,62 14,2 0,208 0,616 2,206
Geo - 16 25,56 30 0,031 0,423 3,817
Geo - 17 23,91 nd 0,33 nd 2,773
Geo - 18 15,67 16,7 1,993 1,003 2,162
Geo - 19 17,68 25,8 0,325 2,263 3,841
Fote: Adaptado de INEA – Relatório Preliminar de Monitoramento, 2010.

TAB. 4.15 - Concentrações de Metais Pesados e Arsênio dos Líquidos Percolados –


Disposição Final do Material Dragado na Área 1 em tubos têxteis .
Metais Pesados e Arsênio (mg/L)
As Cd Pb Cu Cr Hg Ni Zn
Res. CONAMA Nº
0,069 0,004 0,21 0,078 1,1 0,0018 0,074 0,12
357/2005 – Classe 2
N. amostras
Geo – 1 nd nd nd 0,004 0,003 nd nd 0,014
Geo - 2 nd nd nd nd nd nd nd 0,005
Geo - 3 0,014 nd nd nd nd nd nd 0,005
Geo - 4 0,01 nd nd 0,004 nd nd nd 0,011
Geo - 5 0,012 nd nd 0,002 nd nd nd 0,009
Geo - 6 0,012 nd 0,006 0,002 0,002 nd nd 0,009
Geo - 7 0,027 nd nd nd 0,002 nd nd 0,012
Geo - 8 0,013 nd nd 0,002 0,001 nd nd 0,009
Geo - 9 nd 0,001 nd 0,002 0,001 nd nd 0,009
Geo - 10 nd nd nd 0,002 nd nd nd 0,016
Geo - 11 nd nd nd 0,006 nd 0,0003 nd 0,027
Geo - 12 nd nd nd 0,004 0,003 nd nd 0,031
Geo - 13 nd nd nd 0,004 0,002 0,0002 nd 0,022
Geo - 14 0,009 nd nd 0,003 0,001 0,0003 nd 0,02
Geo - 15 0,014 nd 0,004 0,009 0,001 nd nd 0,045
Geo - 16 0,009 nd nd 0,004 0,004 nd nd 0,029
Geo - 17 nd nd nd 0,004 0,002 nd nd 0,004
Geo - 18 0,015 nd nd 0,015 nd nd nd 0,025
Geo - 19 nd nd nd 0,015 0,003 nd nd 0,01
Fote: Adaptado de INEA – Relatório Preliminar de Monitoramento, 2010.
Segundo INEA, 2010, o processo de tratamento dos sedimentos confinados em
tubos geotêxteis é eficiente, contendo os metais pesados, apesar do resultado do
líquido percolado para os parâmetros que compõe a série nitrogenada e fósforo
total, que apresentam concentrações desses nutrientes acima do limite estabelecido
pela legislação.
Além disso, a presença dos valores elevados de nutrientes – N-Amoniacal e
Fósforo total – confirma a precariedade de infra-estrutura sanitária da região.

1.18.1. DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE DISPOSIÇÃO EM TUBOS


GEOTÊXTEIS
Após a técnica dos geotêxteis ter sido selecionada, foram realizados ensaios de
caracterização ambiental e física dos sedimentos, caracterização topobatimétrica
dos canais e caracterização das áreas de disposição, para obter parâmetros para o
dimensionamento dos tubos. Com essa investigação foi calculado o volume a ser
dragado de 2.244.279 m³.
O dimensionamento dos tubos geotêxteis é baseado no volume de sedimentos a
serem dragados, e em função da área disponível para a disposição será avaliada a
necessidade de sobreposição dos tubos e o comprimento dos mesmos.
A partir de dados sobre as características dos sedimentos serão definidos o
número de flanges para o enchimento dos tubos, para que o processo seja uniforme
quanto à deposição, evitando que o acúmulo de sedimentos ocorra pontualmente.
O solo da área que abrigará os tubos foi analisado para averiguar a capacidade
de suportar o excesso de peso, sendo previsto reforço para uma das áreas, com a
execução de uma camada de geogrelha antes das demais camadas necessárias
para o bom funcionamento do processo de drenagem dos tubos.
Com a retirada dos sedimentos contaminados e com o histórico de mau cheiro na
região proveniente do Canal, será utilizado um reagente para amenizar o odor, que
inibirá ou reduzirá quando em contato com o ácido sulfídrico.
Após o enchimento e desaguamento dos tubos, a área será aterrada, para
urbanização. O material do aterro ainda está sendo estudado, tendo a possibilidade
de utilizar uma capa de argila, ou ainda a areia não-contaminada retirada do canal.
As áreas estudadas para a destinação dos tubos e o canal a ser dragado são
apresentados na FIG 4-15 com o projeto de dragagem.
FIG. 4.34 - Planta de dragagem, seção do canal e áreas de disposição dos tubos.
Fonte: FUJB, Planta de Dragagem – Seção Plena, Solução Concebida, 2008.
As áreas definidas foram terraplanadas com caimento de 0,05% para receber
seis camadas preliminares a instalação dos tubos, como segue:
 Geogrelha: para reforço do solo;
 Brita: para isolamento do reforço;
 Geotêxtil não-tecido: para proteção da camada de geomembrana;
 Geomembrana: impermeabilização;
 Geotêxtil não-tecido: proteção da geomembrana;
 Brita: nivelamento da superfície para disposição dos tubos.
Ao redor das áreas de disposição há um canaleta de drenagem, para coleta do
efluente dos tubos e posterior destinação ao Canal, podendo ou não passar por
tratamento. As canaletas são executadas em camadas, seguindo a seguinte
sequencia:
 Geogrelha: para reforço do solo;
 Brita: para isolamento do reforço;
 Geotêxtil não-tecido: para proteção da camada de geomembrana;
 Geomembrana: impermeabilização;
 Geotêxtil não-tecido: proteção da geomembrana;
 Gabião manta: revestimento da canaleta.

FIG. 4.35 - Detalhe das camadas preparadas para os tubos e canaleta.


Fonte: Projeto de Dragagem do Canal do Fundão
Sobre as camadas preparadas do terreno, os tubos também serão distribuídos
em camadas, com altura final de 7m com sobreposição de três tubos dispostos na
mesma direção, com desencontro das juntas para amarração do conjunto.
TUBOS

TUBOS
TUBOS

TUBOS

TUBOS

TUBOS

FIG.
4.36 -

Distribuição das camadas de tubos,


conforme dimensão dos mesmos.
Fonte: Projeto de Dragagem do Canal do Fundão
Durante o processo de enchimento dos tubos, a tendência ao rolamento é
causada pela força que o tubo vizinho exerce sobre ele, devendo ser eliminada com
o engordamento da camada de brita ao redor dos tubos.
Outro problema apresentado é a colmatação, quando as partículas mais finas
preenchem os poros do geotêxtil inibindo o desaguamento. Para evitar e amenizar o
efeito indesejado os tubos são constatemente lavados com água sob pressão, ou
escovamento dos tubos para retirada das partículas.
A água deve ser pressurizada porque o geotêxtil permite o fluxo em apenas uma
direção, de dentro pra fora, de forma que a água não penetre elevando o grau de
umidade. Utilizando um sistema sob pressão, a água atingirá o poro removendo a
partícula que permanecerá dentro do tubo.
A precipitação de chuva prejudica o desempenho do geotêxtil devido à
umidificação da superfície do bag e redução da temperatura externa, o que reduz a
evaporação, mas não ocorre infiltração de água no tubo, pois há uma pressão
interna no tubo que é superior à externa.
a

b c
FIG. 4.37 - Operação dos tubos: a) Funcionários lavando os tubos; b) Detalhe do
desaguamento; e c) Água utilizada na lavagem escoando, sem empoçar.
Cabe ressaltar que a água utilizada para lavar os tubos é reaproveitada do
efluente dos próprios tubos, de forma que evita o desperdício e o excesso de
consumo de água. Entretanto não é recomendado que capte água diretamente do
canal, pois a mesma deve estar limpa, mas não é necessário que seja potável,
apenas sem sedimentos.
O enchimento dos tubos é feito em etapas, sendo preenchidos até um dado
volume. Quando atinge 2,40 m de altura, passam então a encher os tubos seguintes,
para permitir que o material confinado se assente e deságüe completamente. Após
decorrido um tempo para o volume reduzir, volta-se a enchê-lo até que atinja o limite
de expansão do bag e assim sucessivamente até que atinja a altura sem que haja
variação.
O tempo estimado para o enchimento inicial dos tubos é de 7 dias em média,
quando atinge a marca de 2,40m pela priemria vez, devido à variação de volume
comportado por bag e às dimensões. Após esse período, será enchido outro grupo
de tubos, para a secagem dos primeiros, que em 7 dias, em função do clima, será
desaguado e voltará a ser enchido.
A tubulação que chega do ramal de recalque se divide em duas linhas
secundárias para melhor distribuição do fluido e ao longo das linhas há conjuntos de
válvulas, como ilustrado na FIG 4-19, para distribuição dos mangotes que
preencherão os tubos pelas flanges.

FIG. 4.38 - Válvulas de alimentação dos mangotes para enchimento dos tubos.
Durante a operação, apenas 8 válvulas permanecem abertas, para que não haja
perda de carga e os tubos do final da linha sejam prejudicados, com menor pressão
e possíveis entupimentos.
A situação de campo não pode ser totalmente controlada, apresentando variação
na produtividade de dragagem, que influencia diretamente no enchimento dos tubos.
As principais causas da inconstância da produtividade das dragas se devem à
manutenção dos equipamentos, faixas com quantidade e qualidade de sedimentos
variados, lixo que passa pelo peneiramento e entope as tubulações, problemas de
falta de energia e segurança dos operários em função da localização da obra.
Ao final da primeira etapa é coletada amostra do material confinado, sem abrir o
bag, diretamente pelo flange, onde conecta o mangote, para verficação das
condições internas, como umidade e granulometria. Algumas verificações são
realizadas durante o periodo de desaguamento, como análise do efluente dos tubos,
grau de contaminação e partículas sólidas.
Os ensaios mais característicos dessas etapas serão descritos a seguir,
conforme informações e visitas a campo, bem como acompanhamento de ensaios
no laboratório do IME.

1.19. CARACTERIZAÇÃO DOS SEDIMENTOS APÓS A DISPOSIÇÃO NOS


TUBOS
Para verificação da qualidade do efluente dos tubos, o INEA – Instituto Estadual
do Ambiente, realiza monitoramento a partir de ensaios em tubos geotêxteis, com
amostras coletadas no campo:
 Caracterização físico-química do percolado (filtrado) do tubo, comparando-
os com parâmetros especificados na Res. CONAMA nº 357/05;
 Caracterização físico-química do material não filtrado e retido no interior
do tubo geotêxtil;
 Caracterização da evolução temporal da concentração de sólidos do
material não filtrado e retido no interior do tubo geotêxtil.
Os resultados obtidos indicam que a qualidade de água está dentro dos limites
preconizados pela Res. CONAMA nº 357/05, para o padrão de lançamento de
efluentes para quase a totalidade de parâmetros, exceto para os nutrientes,
Nitrogênio amoniacal e Fósforo total, que excederam o valor máximo permissível.
Com estas características, o órgão ambiental deverá propor que sejam
providenciados dispositivos de controle de poluição, que assegurem a emissão de
Nitrogênio amoniacal Fósforo total e se enquadre aos padrões da legislação. Uma
medida seria encaminhar o percolado ao sistema de esgotamento sanitário da Ilha
do Fundão afluente à ETE Penha/CEDAE.
Assim, a equipe que elaborou o RAS confirma a eficácia do tubo geotêxtil para
retenção de elementos presentes nos sedimentos, atendendo os limites
preconizados na Res. CONAMA nº 344/04.
Para avaliação da técnica de confinamento faz-se necessário obter informações
das condições dos sedimentos no interior dos tubos, que através de ensaios de
laboratório serão caracterizados.
A umidade é um parâmetro importante na verificação do desempenho da técnica,
pois informa quanto o material está sendo drenado. Os ensaios de determinação de
densidade e de caracterização dos sólidos permitem conhecer o tipo de sedimento
que está sendo depositado.
A realização dos ensaios mencionados acima requerem a coleta de amostras no
campo, tendo sido realizada no primeiro flange do primeiro bag, que permaneceu
por 7 dias sem contribuição, apenas desaguando.

COLETA DAS AMOSTRAS


O procedimento de coleta dependia da retirada de material do tubo através de
uma flange aberta, com a utilização de um tubo PVC de 50mm, tampa em lona para
o tubo, carrinho de mão para deposição do material, pá e luvas de borracha.
A coleta foi realizada com um volume de 18 l de sedimentos retirados do Flange
01 do primeiro tubo, levados ao laboratório do IME para ensaios de caracterização.
O procedimento é como ilustrado na FIG 4-20 e descrito a seguir:

a b c

d e f
FIG. 4.39 - Colete das amostras no tubo após 07 dias de desaguamento, sem
operação. Abertura da flange (a), vista superior do material no interior do bag com
elevada presença de água (b), material retirado do bag (c), posições de retirada de
material (d, e ,f).
Primeiramente retira-se o mangote para abertura do flange, ilustrado na FIG 4-20
a e 4-20 b, insere o tubo verticalmente, em seguida coloca-se a lona na ponta do
tubo, para que o material permaneça no tubo quando for retirado do bag, devido à
pressão, como na FIG 4-20 c e 4-20 d.
O procedimento será repetido, para que sejam retiradas parcelas de material na
vertical e inclinadamente para 4 direções perpendiculares: norte, sul, leste e oeste.,
apresentado na FIG 4-20 e e 4-20 f.
Com uma das extremidades do tubo vedada, apoia-se a outra extremidade
dentro do carrinho, retira-se a tampa e o material é depositado. Após a coleta de
todo o material será utilizada a pá para homogeneizar a amostra, ainda no carrinho,
que será armazenada em recipiente lacrado para ser levado ao laboratório.
O material depositado nas proximidades da flange é rígido, sendo motivo da
dificuldade encontrada no momento da coleta das amostrras, que consiste em
empurrar o tubo pela abertura, até a profundidade necessária para a retirada de
material suficiente e representativo para os ensaios.

1.19.1. DESCRIÇÃO DE ENSAIOS NO LABORATÓRIO E


RESULTADOS
As amostras retiradas no campo foram levadas para o laboratório de Solos do
IME, onde foram realizados ensaios para caracterização do sedimento, seguindo o
preconizado nas Normas Brasileiras:
 NBR6457: Amostras de solo - Preparação para ensaios de compactação e
ensaios de caracterização;
 NBR6459 : Solo - Determinação do limite de liquidez;
 NBR7180: Solo - Determinação do limite de plasticidade;
 NBR7181 : Solo - Análise granulométrica; e
 NBR13600 : Solo - Determinação do teor de matéria orgânica por queima
a 440 graus Celsius.
Parte da amostra foi encaminhada ao laboratório contratado pela empresa
executora da obra, para realização dos ensaios de densidade, sólidos totais e
umidade.
A análise granulométrica do material foi realizada através do ensaio de
granulometria por peneiramento, cujos resultados mostraram que o sedimento
apresenta características granulométricas semelhantes à areia, apresentando uma
porcentagem acima de 30% na média dentro dessa faixa, conforme mostrado na
FIG 4-21. Não foi possível a determinação do limite de plasticidade pelo sistema
convencional, considerando o material não plástico (NP).
Na determinação da densidade dos sólidos obteve-se o valor na faixa de 1,14 a
1,72 g/cm³, sólidos totais de 44 a 62% e umidade 38 a 56% (dados não publicados).
Tais resultados indicam excelente produtividade, com níveis de umidade baixos
comparados ao fluido de entrada dos tubos.
Os ensaios anteriores ao início da dragagem apresentaram a caracterização do
sedimento apresentada na FIG 4-21, sendo base para o dimensionamento dos
tubos, quanto ao número de flanges em função do comprimento do mesmo.
Porcentagem Passante (%)

ArgilaSilteAreiaPedregulhoFinaMédiaGrossaFinoMédioGrosso

FIG. 4.40 - Distribuição Granulométrica das Frações Areia, Silte e Argila dos Canais
do Fundão e do Cunha.
Diâmetro das Partículas (mm)
Fonte: RAS
Entretanto, a característica do sedimento confinado nos tubos não coincidiu com
a obtida nos ensaios de laboratório antes do inicio da operação, apresentando
grande volume de areia, que foi constatado nos ensaios com amostras de material
dos tubos.
Esta discrepância prejudicou o desempenho dos tubos no campo, pois a areia se
sedimenta antes das partículas menores e se deposita nas proximidades do flange.
Com esta condição, há excesso de sedimento ao redor dos flanges, com desníveis
significativos na região entre flanges e acúmulo de água na região de desnível,
conforme ilustrado na FIG 4-22.

FIG. 4.41 - Sedimentação irregular do material dentro dos tubos.


Como solução, foi adotada a medida de abertura de flanges intermediários e
iniciar a operação novamente, até que atinja o nivelamento ou suavização da
irregularidade apresentada. Esta etapa deverá ser cumprida para posterior
disposição da segunda camada de tubos, que precisa de regularidade da área para
o bom desempenho.
O desempenho dos tubos é avaliado quanto à eficiência em termos de contenção
de sólidos e contaminantes. As análises desta etapa são realizadas em laboratório
com amotras do material de entrada e de saída dos tubos, comparando-se diversos
parâmetros, como umidade, densidade, sólidos totais e teor de matéria orgânica.
Na literatura, a eficiência da filtração é apontada com 98,9%, sendo este valor a
percentagem de partículas retidas no tubo geotêxtil, indicando que a técnica é eficaz
para sua finalidade de contenção de sedimentos e redução do volume com o
desaguamento, que eleva a percentagem de sólidos retidos no tubo de 11,2% para
37,3% (Gaffney et al, 2000).
1.20. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obra de dragagem do Canal do Fundão é de extrema importância para o Rio
de Janeiro, que permitirá melhores condições de vida às comunidades de entorno e
toda a população que passa pela região diariamente. O canal é margeado pela
Linha Vermelha, uma das principais vias de acesso ao Rio de Janeiro, por onde
turistas de todo o mundo chegam e são recebidos pelo mau cheiro e visual
alarmante.
A técnica dos tubos geotêxteis viabilizou a execução do projeto de dragagem
por atender todos os questionamentos do órgão ambiental, com aprovação unânime
da comissão da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que abrigará os tubos
definitivamente, mas se beneficiará com a urbanização da área de disposição dos
referidos tubos.
A retenção dos sedimentos contaminados nos tubos permite que a água
drenada volte ao Canal com boa aparência e atendendo aos parâmetros da
legislação ambiental. A partir de diversos ensaios com amostras coletadas nas
diferentes etapas do processo, a consolidação da técnica empregada é dada pelos
resultados positivos dos parâmetros analisados, desde os índices químicos até a
umidade do material após um tempo determinado do desaguamento.
A eficiência dos tubos é comprovada pelo rápido período de secagem do
material em comparação às outras técnicas de disposição, da área reduzida
necessária para seu confinamento e por se tratar de uma obra limpa, sem entulhos e
material contaminado espalhado pela área de operação.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A dragagem tem papel fundamental para o aumento das atividades


portuárias, contribuindo para o desenvolvimento do país. As técnicas e
equipamentos utilizados nas dragagens são desenvolvidas para viabilizar
ambientalmente a remoção dos sedimentos do fundo dos corpos hídricos.
Após a dragagem, a continuidade das atividades é planejada a partir de um
levantamento e caracterização dos sedimentos, para escolha da alternativa que
proporcionará mais benefícios, seja financeiro ou ambiental. Todo o processo de
dragagem deve ser planejado antes de ser iniciado, coletando amostras dos
sedimentos, caracterizando-os e também o ambiente das áreas afetadas, de
remoção e disposição.
Essa preocupação com o meio ambiente se desenvolveu com a consciência
da população e da política em todo o mundo, que culminou na elaboração de
legislação específica para tratar do assunto. A regulamentação nacional é recente e
baseada legislação internacional, especialmente canadense, que possui parâmetros
rigorosos devido às características daquele país, cuja navegação lacustre é muito
utilizada, diferentemente da realidade brasileira.
A Resolução CONAMA nº 344/2004 é que regulamenta a dragagem,
estabelecendo critérios e limites aceitáveis para a disposição de materiais dragados
em águas jurisdicionais brasileiras. Contudo, está sendo revisada e atualizada
conforme previsto em seu próprio texto.
O uso benéfico e o tratamento do material contaminado também são
conseqüências da responsabilidade assumida com a questão ambiental, sendo
propostas novas técnicas de utilização do material que seria descartado, reduzindo o
volume de resíduos, ou ainda tratando os mesmos, para evitar contaminação ao
ambiente do entorno do despejo. Entretanto, no Brasil, não é freqüente a utilização
dessas soluções, mas quando são planejadas, ficam restritas à execução de aterros
e engordamento de praias, sendo que as opções são diversas com muitos exemplos
aplicados em outros países.
Entretanto, se a reutilização não for viável, o material deverá ser disposto de
alguma forma, devendo ser planejado com base na caracterização do mesmo e da
disponibilidade de área. Esse planejamento deve abordar a fase de monitoramento,
para ter clareza do comportamento dos sedimentos e dos contaminantes, permitindo
o embasamento para futuras tomadas de decisão.
A técnica mais utilizada era a disposição irrestrita em mar aberto, mas
recentemente, outras tecnologias foram sendo testadas e aplicadas com sucesso
em todo o mundo.
Na intenção de se adequar aos padrões ambientais, as técnicas de
disposição são desenvolvidas e vêm evoluindo, para causar os menores impactos.
Algumas técnicas têm a finalidade de tratar os sedimentos, outras de conter, como
nos tubos geotêxteis, algumas lançam o material de forma que seja depositado no
fundo do corpo hídrico ou na terra, quando o mesmo tiver grau de contaminação
nulo ou mínimo em relação aos parâmetros estabelecidos na legislação.
As técnicas de confinamento, para sedimentos contaminados, são muito
importantes para a mitigação dos impactos ambientais, sendo que devem ser
incentivadas as pesquisas para desenvolvimento e aprimoramento das mesmas, que
também deveriam contribuir para desenvolvimento do tratamento do material
dragado contaminado e sua posterior utilização. A reutilização pode ser realizada
depois do confinamento, como base para futuras construções, desde que realizados
os ensaios adequados.
Concluiu-se, a partir deste trabalho, que dentre as diversas técnicas para
disposição de material dragado contaminado, deve ser avaliado em cada caso os
aspectos mais importantes a serem enfatizados, como a distância entre os locais de
dragagem e de destino, transporte adequado para a realização do percurso
realizado pelo material, custos da operação, nos riscos e impactos ambientais.
As atividades de dragagem e a posterior disposição de material oriundo delas
oferecem riscos ambientais, os quais a legislação visa atenuar, evitando a
disposição inadequada de material dragado em alto mar ou em terra. Para alcançar
bons resultados, o empreendedor realiza investigações nos sedimentos a serem
dragados, através de metodologias de coleta e análises laboratoriais, para a
comparação com os limites estabelecidos na legislação e definir qual a alternativa de
disposição ou reutilização que poderá ser aplicada a cada caso.
Em todas as situações o aspecto ambiental é fundamental, pois a atividade de
dragagem é uma atividade com risco de impacto ambiental e deverá ser licenciada.
A análise ambiental deve incluir características do sedimento a ser dragado e da
água do corpo hídrico onde será realizada a dragagem, os impactos ambientais
inerentes ao processo de dragagem e a interação com o ambiente do entorno da
atividade.
A técnica de disposição de material dragado contaminado em tubos
geotêxteis é uma técnica adequada do ponto de vista ambiental, pois é capaz de
atender a legislação atual, mesmo com nível de exigência elevado em que se
encontra.
O funcionamento da técnica dos tubos geotêxteis consiste em reter as
partículas dos sedimentos em suas diferentes granulações. O material dragado
contaminado é contido no tubo, que tem a finalidade de filtrar o fluido que entra,
permitindo que a água que passa através das telas tenha aparência limpa e esteja
enquadrada nos regulamentos ambientais.
A descrição da técnica foi apresentada ao longo do trabalho e ilustrada em
um estudo de caso no Capítulo 4, no qual relata as etapas do processo em uma
obra realizada no Canal do Fundão.
Esta obra tem grande importância social, para a melhoria da qualidade de
vida da população, com a navegabilidade do Canal que permitirá o transporte, a
pesca e a monitoração da qualidade do Canal, bem como o aspecto visual para
todos que passam pela Linha Vermelha, uma das principais vias de acesso ao Rio
de Janeiro.
A partir de ensaios e análise de resultados das amostras coletadas na obra do
Canal do Fundão, observa-se que os padrões ambientais foram atendidos para
praticamente todos os parâmetros da legislação, indicando sua adequabilidade à
atividade e concluiu-se que esta tecnologia inovadora possui melhor desempenho
quanto à eficiência de secagem do material em relação a outras técnicas alternativas
utilizadas no mundo.
Outro ponto que contribui para a boa aceitação desta técnica é que dispensa
a constante manutenção do equipamento, pois ao fim do processo o material está
seco e inerte confinado nos tubos, podendo ser isolado ou levado para aterros
licenciados, não havendo interação com o meio externo em ambos os casos.
A utilização dos tubos geotêxteis para o confinamento de material dragado
confinado ainda não foi muito discutida no âmbito acadêmico, com a realização de
ensaios laboratoriais e de campo que indique a viabilidade da técnica, estimando o
comportamento dos tubos no tempo e sua eficiência, havendo a necessidade da
continuidade dos estudos nesta linha de pesquisa, uma vez que a técnica se mostra
ambientalmente correta.
Uma sugestão para a continuação deste trabalho seria a realização de
estudos do comportamento dos tubos geotêxteis, para avaliar o rompimento dos
tubos empilhados, através de metodologias existentes ou em ensaios em escala
reduzida reproduzindo as características reais de campo.
Outra sugestão seria estudo da ocorrência de emissão de gases com o
confinamento dos tubos no futuro, necessidade de tratamento e projeto de coleta
dos gases.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGENDA 21. Cubatão 2020 - A Cidade que queremos. Disponível em:


http://www.novomilenio.inf.br/cubatao/agenda21.htm (acesso em 11 de maio de
2009).

ALMEIDA, M.S.S., BORMA, L.S. e BARBOSA, M.C. Land disposal of river and
lagoon dredged sediments. Engineering Geology 60 (2001).

ALMEIDA, S. R. Subsídios para o gerenciamento ambiental de projetos de


dragagem em portos. Rio de Janeiro, 2004.

AMBIENTE BRASIL. Ambiente Água – Assoreamento: O assoreamento revela os


cuidados que a população situada na bacia de drenagem de um rio tem com
os solos agrícolas. Disponível em:
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/impactos_sobre_as_aguas/assorea
mento.html (acesso em 23 de maio de 2009).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR:12568:


geossintéticos: determinação da gramatura. São Paulo, 1992

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR:12553:


geossintéticos: terminologia. São Paulo, 2003

BARBOSA, M.C. e ALMEIDA, M.S.S. Dredging and disposal of fine sediments in


the state of Rio de Janeiro, Brazil. Journal of Hazardous Materials 85 (2001).

BARBOSA, M.C., ALMEIDA, S.S.M., MARIZ, D.F., ALMEIDA, J.L.D.S.S. Studies of


channel sediments contaminated with organics and heavy metals. Journal of
Hazardous Materials 110 (2004).

BARROS, C. S. Dinâmica sedimentar e hidrológica na confluência do rio Ivaí


com o rio Paraná, município de Icaraíma- PR. Dissertação de mestrado-
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ, 2006.

BARROSO, I. M. Camadas de Cobertura de Aterro de Resíduos Sólidos: Estudo


Preliminar de Casos. 2008, 128f – UERJ, Rio de Janeiro.

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Apostila de Legislação Ambiental sobre


Licenciamento e Fiscalização. Programa Nacional do Meio Ambiente – PNMA
II.
BS EN ISO 12956. Geotextiles and geotextile-related products. Determination of the
characteristic opening size, 1999

CASTIGLIA, Maria Clara Cerqueira Paranhos. Disposição Subaquática de


Rejeitos Dragagem. Rio de Janeiro, 2006.

CASTRO, N. M. R. Aula de Hidrologia – Sedimentologia. Rio Grande do Sul,


1997.

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Disponível em:


http://www.cetesb.sp.gov.br/. Acesso em outubro de 2008.

CH - Serviços Ambientais. Programa de Revitalização, Urbanização e


Recuperação Ambiental dos Canais do Fundão e do Cunha. Relatório
Ambiental Simplificado (RAS).

CHIARENZELLI, J., Scrudato, R., Bush, B., Carpenter, D., e Bushart, S. 1998. Do
large-scale remedial dredging events have the potential to release
significant amounts of semivolatile compounds to the atmosphere? -
Environmental Health Perspectives, 1998.

COOPETEC - Estudo Hidrodinâmico e Geotécnico para Revitalização da


Circulação no Canal do Fundão e no Canal do Cunha,Baía de Guanabara,
RJ Relatório Final (VOLUME I E II), Rio de Janeiro, 2001.

COSTA, C. M. L. Fluência de Geotêxteis. Tese de M Sc. Escola de Engenharia de


São Carlos da Universidade de São Paulo, 1999.

CUNHA, I. A.; Vieira, J. P.; Rego, E. H. Sustentabilidade da atividade portuária


rumo à agenda ambiental para o porto do canal de São Sebastião - eGesta,
v. 3, n. 1, jan.-mar./2007, p. 7-32.

DIEHL, F. P.; DAMBRÓS, F. Atividades de Dragagens em Áreas Costeiras:


Breves Considerações.

ENVIRONMENT CANADA. Canadian Sediment Quality Guidelines for the


Protection of Aquatic Life.Canadian Environmental Quality Guidelines -
Summary Tables. Atualizado em 2002.

ESSORTMENT. What is The Clean Water Act ? . Disponível em:


http://www.essortment.com/all/cleanwateract_rgrl.htm. Acesso em novembro de
2008.

FERREIRA GOMES, L. M. Geotêxteis e suas aplicações. Seminário: A Indústria


Têxtil nos Caminhos da Inovação Universidade da Beira Interior - UBITEX.
Covilhã – 2001.

FIGUEIREDO Jr., A. G.; Brehme I. AMOSTRAGEM GEOLÓGICA NA PESQUISA


MINERAL. Niterói, 2001.
FIGUEIREDO, M. M. Estudo de Metodologias Alternativas de Disposição de
Rejeitos para a Mineração Casa de Pedra - Congonhas/MG. Mestrado
Profissional em Engenharia Geotécnica da UFOP – 2007.

FREITAS, R. A. S. de. Comportamento de Geotêxteis como Filtro em Resíduos –


Fosfogesso e Lama Vermelha [Rio de Janeiro] 2003 IX, 122 p. 29,7 cm
(COPPE/UFRJ, M.Sc., Engenharia Civil, 2003).

FUJB – Fundação Universitária José Bonifácio. Disposição dos sedimentos


dragados. Arranjo geral das áreas de disposição I e II, 2008.

FUJB – Fundação Universitária José Bonifácio. Fluxograma do Processo de


Dragagem, 2008.

FUJB – Fundação Universitária José Bonifácio. Planta de Dragagem – Seção


Plena, Solução Concebida, 2008.

GAFFNEY, D. A., Moo-Young, H. K. Dewatering highly organic, fine-grained


dredge material using geotextile tubes - technical note. SI Geosolutions,
agosto de 2000.

GOES FILHO, H. A. Dragagem e Gestão dos Sedimentos. Tese M.Sc., COPPE,


Rio de Janeiro, 2004.

GRANATO, Flavia Cristina. Subsídios Técnicos para o Estabelecimento de um


Plano de Gerenciamento Ambiental Integrado do Processo de Dragagem do
Porto de Rio Grande – RS. Rio Grande/RS, 2005.

IF – Instituto Florestal do Estado de São Paulo. Disponível em:


http://www.iflorestal.sp.gov.br/. Acesso em novembro de 2008.

INEA – Instituto Estadual do Ambiente. Relatório Preliminar de Monitoramento /


Projeto de Monitoramento do Solo e de Líquidos Percoláveis (Área de Tubos
Têxtil Tecido), Rio de Janeiro, 2010.

ISO 9864/2005 - Geosynthetics - Test method for the determination of mass per
unit area of geotextiles and geotextile-related products.

KRAUSE, P.R. e McDONNELL, K.A., Reutilização Benéfica de Material Dragado


com Despejo em Terra. Harding Lawson Associates, Engineering and
Environmental Services. Abril de 2000.

MARTINS, P. M.; Vidal, D. M. Tubos Geotêxteis para Acondicionamento e


Desaguamento de Rejeitos de Mineração. São José dos Campos, 2006.

MARTINS, P. M., Vidal, D. M. e Bittar, R. J. Avaliação do Desaguamento de


Rejeitos de Mineração em Tubos Geotêxteis através de Ensaios de Bolsa
Suspensa de Geotêxtil. Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos
Campos/SP e Bunge Fertilizantes, Araxá/MG (2007).
MULLER. A. C., Introdução à Ciência Ambiental; Curitiba – PUC-PR; uso
didático. Págs. 67 a 73.

MUNÕZ, C. S. Desempenho de geotêxteis na filtração de solos internamente


instáveis. 2005. 119p. Tese de mestrado – Instituto Tecnológico de Aeronáutica,
São José dos Campos.

NEPA - National Environmental Policy Act. Disponível em:


http://www.epa.gov/Compliance/basics/nepa.html. Acesso em outubro de 2008.

PORTO de Santos, Autoridade Portuária. Estudos de Impacto Ambiental – EIA:


Dragagem de Aprofundamento do Canal de Navegação e Bacias de
Evolução do Porto Organizado de Santos – São Paulo. Santos, 2008.

PUC-RIO Certificação Digital nº 9824850/CA. Uso de Geossintéticos como


Elemento de Reforço de Solos. Tese de M.Sc., PUC, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

RIO DE JANEIRO. DZ - 1845. R – 3, Diretriz para o Licenciamento Ambiental de


Dragagem e Disposição Final do Material Dragado, aprovada pela Comissão
Estadual de Controle Ambiental – CECA. Fundação Estadual do Meio Ambiente –
FEEMA. Rio de Janeiro, 2002.

SÃO PAULO. RESOLUÇÃO SMA – 39. Diretrizes gerais à caracterização do


material a ser dragado para o gerenciamento de sua disposição em solo. São
Paulo, 2004.

SEMADS - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e de Desenvolvimento


Sustentável. Gerenciamento Ambiental de Dragagem e Disposição do
Material Dragado. Projeto Planágua SEMADS/GTZ de Cooperação técnica
Brasil – Alemanha. Rio de Janeiro, 2002.

SOONG, T.; KOERNER, R. M. (1998). Modeling and extrapolation of creep


behavior of geosynthetics. In: International Conference on Geosynthetics.
Geotextiles, 6th. Proceedings. Atlanta, v. 2, p. 707-710.

SPADA, J. L. G. Ensaios de Filtração em Solos com Geotêxteis. Tese de M.Sc.,


COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1991.

TAVARES, G. A., Ferreira. J. R., Oliveira, C. R. Histórico da presença de metais


pesados (hg, Cu, Mn, Cr e Ni) na Lagoa Rio das Pedras, Bacia do Rio Moji-
Guaçu – SP. São Paulo, 2003.

TenCate Geotube. Detalhes do sistema e da conexão dos dispositivos de


enchimento GP Geotube. Arquivo Técnico do fabricante.

TORRES, R. J. Uma Análise Preliminar dos Processos de dragagem do Porto


de Rio Grande, RS. 2000. 185 p. il. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Oceânica) - Universidade Federal do Rio Grande, 2000.
URASHIMA, D. C., VIDAL, D. “Sistemas de Filtração com Produtos Sintéticos:
Mecanismos, Características e Dimensionamento”, In: 4º Congresso
Brasileiro de Geotecnia Ambiental – REGEO’99, pp. 203-210, São José dos
Campos, Dez, 1999

URASHIMA, D. C., VIDAL, D., BERNARDES, G. P. “Abertura de Filtração de


Geotêxteis: Determinação das Características do Produto e Critérios de
Dimensionamento”, In: 1º Simpósio Sul-Americano de Geossintéticos e 3º
Simpósio Brasileiro de Geossintéticos – Geossintéticos’99, pp. 249-256, Rio de
Janeiro, 1999

USEPA/USACE. 2004. "Evaluating Environmental Effects of Dredged Material


Management Alternatives - A Technical Framework," EPA842-B-92-008, U.S.
Environmental Protection Agency and U.S. Army Corps of Engineers,
Washington, D.C.

WINFIELD, L. E., and Lee, C. R. (1999). “Dredged material characterization tests


for beneficial use suitability,” DOER Technical Notes Collection (TN DOER-
C2), U.S. Army Engineer Research and Development Center, Vicksburg, MS.
http://www.wes.army.mil/el/dots/doer (acesso em outubro de 2008).
ANEXOS
1.21. ANEXO 1
Ministério do Meio Ambiente
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA
RESOLUÇÃO CONAMA nº 344, de 25 de março de 2004

Publicada no DOU nº 87, de 7 de maio de 2004, Seção 1, páginas 56-57.


Estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos mínimos para a avaliação
do material a ser dragado em águas jurisdicionais brasileiras, e dá outras
providências.
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso de suas
competências previstas na Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada
pelo Decreto no 99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu
Regimento Interno, anexo à Portaria no 499, de 18 de dezembro de 2002, e
Considerando o disposto na Convenção sobre Prevenção da Poluição
Marinha por Alijamento de Resíduos e Outras Matérias (Convenção de Londres -
LC/72), promulgada pelo Decreto no 87.566, de 16 de setembro de 1982, e suas
alterações, que prevê em seu art. 2o que as partes contratantes adotarão, segundo
suas possibilidades científicas, técnicas e econômicas, medidas eficazes, individual
e coletivamente, para impedir a contaminação do mar causado pelo alijamento de
resíduos;
Considerando o disposto no art. 30 da Lei no 9.966, de 28 de abril de 2000,
que estabelece que o alijamento de resíduos e outras matérias em águas sob
jurisdição nacional deverá obedecer às condições previstas na Convenção de
Londres promulgada pelo Decreto no 87.566, de 1982, e suas alterações;
Considerando a necessidade da realização de atividades de dragagem para
garantir a implantação e a operação de portos e terminais portuários, e as condições
de navegabilidade de corpos hídricos;
Considerando que a atividade de dragagem sujeita-se a licenciamento
ambiental, nos termos da Res. CONAMA nº 237, de 12 de dezembro de 1997, e,
quando couber, da Res. CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986, com base em
estudos ambientais e obrigatoriedade de monitoramento da atividade;
Considerando a necessidade de subsidiar e harmonizar a atuação dos órgãos
ambientais competentes, no que se refere ao processo de licenciamento ambiental
das atividades de dragagem, resolve:
Art. 1º Estabelecer as diretrizes gerais e procedimentos mínimos para a avaliação do
material a ser dragado visando ao gerenciamento de sua disposição em águas
jurisdicionais brasileiras.
§ 1º Para efeito de classificação do material a ser dragado para disposição em terra,
o mesmo deverá ser comparado aos valores orientadores estabelecidos para solos
pela norma da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB,
“Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no
Estado de São Paulo”, publicado no Diário Oficial da União; Empresarial; São Paulo,
111 (203), sexta-feira, 26 de outubro de 2001, até que sejam estabelecidos os
valores orientadores nacionais pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA;
§ 2º Caso o material a ser dragado não atenda aos valores referenciados no § 1º,
deverão ser selecionadas alternativas de disposição autorizadas pelo órgão
ambiental competente.
Art. 2o Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
I - material dragado: material retirado ou deslocado do leito dos corpos d’água
decorrente da atividade de dragagem, desde que esse material não constitua bem
mineral;
II - órgão ambiental competente: órgão ambiental de proteção e controle ambiental
do poder executivo federal, estadual ou municipal, integrante do Sistema Nacional
do Meio Ambiente - SISNAMA, responsável pelo licenciamento ambiental, no âmbito
de suas competências;
III - disposição final do material dragado: local onde serão colocados os materiais
resultantes das atividades de dragagem, onde possam permanecer por tempo
indeterminado, em seu estado natural ou transformado em material adequado a
essa permanência, de forma a não prejudicar a segurança da navegação, não
causar danos ao meio ambiente ou à saúde humana;
IV - águas jurisdicionais brasileiras:
a) águas interiores:
1. águas compreendidas entre a costa e a linha de base reta, a partir de onde se
mede o mar territorial;
2. águas dos portos;
3. águas das baías;
4. águas dos rios e de suas desembocaduras;
5. águas dos lagos, das lagoas e dos canais;
6. águas entre os baixios a descoberto e a costa.
b) águas marítimas:
1. águas abrangidas por uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a
partir da linha de base reta e da linha de baixamar, tal como indicada nas cartas
náuticas de grande escala, que constituem o mar territorial;
2. águas abrangidas por uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas
marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir o mar
territorial, que constituem a zona econômica exclusiva; e
3. águas sobrejacentes à plataforma continental, quando esta ultrapassar os limites
da zona econômica exclusiva.
V - eutrofização: processo natural de enriquecimento por nitrogênio e fósforo em
lagos, represas, rios ou estuários e, conseqüentemente, da produção orgânica; nos
casos onde houver impactos ambientais decorrentes de processos antrópicos, há
uma aceleração significativa do processo natural, com prejuízos à beleza cênica, à
qualidade ambiental e à biota aquática.
Art. 3o Para efeito de classificação do material a ser dragado, são definidos critérios
de qualidade, a partir de dois níveis, conforme procedimentos estabelecidos no
anexo desta Resolução:
I - nível 1: limiar abaixo do qual prevê-se baixa probabilidade de efeitos adversos à
biota.
II - nível 2: limiar acima do qual prevê-se um provável efeito adverso à biota.
§ 1º Os critérios de qualidade fundamentam-se na comparação dos resultados da
caracterização do material a ser dragado, com os valores orientadores previstos na
Tabela III do anexo desta Resolução, a fim de orientar o gerenciamento da
disposição do material dragado no procedimento de licenciamento ambiental.
§ 2º É dispensado de classificação prévia o material oriundo de dragagens
realizadas para atendimento a casos de emergência ou calamidade pública,
decretadas oficialmente.
§ 3º É dispensado de classificação para disposição em águas marítimas, o material
a ser dragado no mar, em estuários e em baías com volume dragado igual ou
inferior a 100.000 m³, desde que todas as amostras coletadas apresentem
porcentagem de areia igual ou superior a 90%.
§ 4º É dispensado de classificação para disposição em águas jurisdicionais
brasileiras, o material a ser dragado em rios ou em lagoas com volume dragado
igual ou inferior a 10.000 m³, desde que todas as amostras coletadas apresentem
porcentagem de areia igual ou superior a 90%.
Art. 4º Para subsidiar o acompanhamento do processo de eutrofização em áreas de
disposição sujeitas a esse processo, a caracterização do material a ser dragado
deve incluir as determinações de carbono orgânico e nutrientes previstas na Tabela
IV do anexo desta Resolução.
Parágrafo único. Os valores de referência da Tabela IV não serão utilizados para
classificação do material a ser dragado, mas tão somente como fator contribuinte
para o gerenciamento da área de disposição.
Art. 5º Para a classificação do material a ser dragado, os dados obtidos na
amostragem de sedimentos deverão ser apresentados em forma de tabelas, com os
dados brutos e sua interpretação, sendo que as amostras de cada estação deverão
ser analisadas individualmente e coletadas em quantidade suficiente para efeito de
contraprova, cujas análises serão realizadas a critério do órgão ambiental
competente.
I - as estações de coleta deverão ser identificadas e georeferenciadas por sistema
de coordenadas geográficas, especificando o sistema geodésico de referência.
II - as metodologias empregadas na coleta de amostras de sedimentos deverão ser
propostas pelo empreendedor e aprovadas pelo órgão ambiental competente.
III - as análises químicas deverão contemplar rastreabilidade analítica, validação e
consistência analítica dos dados, cartas controle, (elaboradas com faixas de
concentração significativamente próximas daquelas esperadas nas matrizes
sólidas), e ensaios com amostras de sedimento certificadas, a fim de comprovar a
exatidão dos resultados por meio de ensaios paralelos.
IV - as amostras certificadas que não contenham os analitos de interesse (por
exemplo, compostos orgânicos), os ensaios deverão ser realizados por adição
padrão ou adição de reforço (“spike”), de maneira que fique garantido um grau de
recuperação aceitável para determinação desses compostos na matriz. Os limites de
detecção praticados deverão ser inferiores ao nível 1, da Tabela III do anexo a esta
Resolução, para cada composto estudado.
V - a metodologia analítica para a extração dos metais das amostras consistirá em
ataque com ácido nítrico concentrado e aquecimento por microondas, ou
metodologia similar a ser estabelecida pelo órgão ambiental competente.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente estabelecerá previamente a
metodologia de preservação das contraprovas.
Art. 6º As análises físicas, químicas e biológicas previstas nesta Resolução deverão
ser realizadas em laboratórios que possuam esses processos de análises
credenciados pelo Instituto Nacional de Metrologia - INMETRO, ou em laboratórios
qualificados ou aceitos pelo órgão ambiental competente licenciador.
Parágrafo único. Os laboratórios deverão ter sistema de controle de qualidade
analítica implementado, observados os procedimentos estabelecidos nesta
Resolução.
Art. 7º O material a ser dragado poderá ser disposto em águas jurisdicionais
brasileiras, de acordo com os seguintes critérios a serem observados no processo
de licenciamento ambiental:
I - não necessitará de estudos complementares para sua caracterização:
a) material composto por areia grossa, cascalho ou seixo em fração igual ou superior
a 50%, ou
b) material cuja concentração de poluentes for menor ou igual ao nível 1, ou
c) material cuja concentração de metais, exceto mercúrio, cádmio, chumbo ou
arsênio, estiver entre os níveis 1 e 2, ou
d) material cuja concentração de Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos-PAHs do
Grupo B estiver entre os níveis 1 e 2 e a somatória das concentrações de todos os
PAHs estiver abaixo do valor correspondente a soma de PAHs.
II - o material cuja concentração de qualquer dos poluentes exceda o nível 2
somente poderá ser disposto mediante prévia comprovação técnico-cientifica e
monitoramento do processo e da área de disposição, de modo que a biota desta
área não sofra efeitos adversos superiores àqueles esperados para o nível 1, não
sendo aceitas técnicas que considerem, como princípio de disposição, a diluição ou
a difusão dos sedimentos do material dragado.
III - o material cuja concentração de mercúrio, cádmio, chumbo ou arsênio, ou de
PAHs do Grupo A estiver entre os níveis 1 e 2, ou se a somatória das concentrações
de todos os PAHs estiver acima do valor correspondente a soma de PAHs, deverá
ser submetido a ensaios ecotoxicológicos, entre outros testes que venham a ser
exigidos pelo órgão ambiental competente ou propostos pelo empreendedor, de
modo a enquadrá-lo nos critérios previstos nos incisos I e II deste artigo.
Art. 8º Os autores de estudos e laudos técnicos são considerados peritos para fins
do artigo 342, caput, do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal.
Art. 9º Esta Resolução será revisada em até cinco anos, contados a partir da data de
publicação desta Resolução, objetivando o estabelecimento de valores orientadores
nacionais para a classificação do material a ser dragado.
Art. 10º O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis- IBAMA deverá normatizar a forma de apresentação dos dados gerados
para classificação do material dragado, monitoramento das áreas de dragagem e de
disposição, de modo que os dados gerados pelos órgãos ambientais competentes
sejam comparados, quando da revisão desta Resolução.
Art 11º Aplicam-se as disposições do art. 19 da Res. CONAMA nº 237, de 1997 às
licenças ambientais em vigor, devendo a eventual renovação obedecer
integralmente ao disposto nesta Resolução.
Art 12º O enquadramento dos laboratórios aos aspectos técnicos relacionados aos
incisos III e IV do art. 5o desta Resolução, dar-se-á no período transitório de até dois
anos, contados a partir da publicação desta Resolução.
Art. 13º A caracterização ecotoxicológica prevista no inciso III do art. 7o, desta
Resolução poderá, sem prejuízo das outras exigências e condições previstas nesta
Resolução e nas demais normas aplicáveis, ser dispensada pelos órgãos ambientais
competentes, por período improrrogável de até dois anos, contados a partir da
publicação desta Resolução, permitindo-se a disposição deste material em águas
jurisdicionais brasileiras, desde que cumpridas as seguintes condições:
I - o local de disposição seja monitorado de forma a verificar a existência de danos à
biota advindos de poluentes presentes no material disposto, segundo procedimentos
estabelecidos pelo órgão ambiental competente, com apresentação de relatórios
periódicos;
II - o local de disposição tenha recebido, nos últimos três anos, volume igual ou
superior de material dragado de mesma origem e com características físicas e
químicas equivalentes, resultante de dragagens periódicas, e que a disposição do
material dragado não tenha produzido evidências de impactos significativos por
poluentes ao meio ambiente no local de disposição.
Art 14º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
MARINA SILVA - Presidente do Conselho
ANEXO

1 - COLETA DE AMOSTRAS DE SEDIMENTO


Consiste em caracterizar a seção horizontal e vertical da área de dragagem, a partir
de coleta de amostras de sedimentos que representem os materiais a serem
dragados. A distribuição espacial das amostras de sedimento deve ser
representativa da dimensão da área e do volume a ser dragado. As profundidades
das coletas das amostras devem ser representativas do perfil (cota) a ser dragado. A
TABELA I fornece o número de estações de coleta a serem estabelecidas.
Tabela I
Número mínimo de amostras para a caracterização de sedimentos*
VOLUME A SER DRAGADO (m³) * NÚMERO DE AMOSTRAS**
Até 25.000 3
Entre 25.000 e 100.000 4a6
Entre 100.000 e 500.000 7 a 15
Entre 500.000 e 2.000.000 16 a 30
Acima de 2.000.000 10 extras por 1 milhão de m³
* Referência: The Convention for the Protection of the Marine Environment of the North*
Referência: The Convention for the Protection of the Marine Environment of the
North-East Atlantic (“OSPAR Convention”) was opened for signature at the
Ministerial Meeting of the Oslo and Paris Commissions in Paris on 22 September
1992.
** O número de amostras poderá variar em função das características ambientais da
área a ser dragada; esse número será determinado pelo órgão ambiental
competente licenciador.
A Tabela I não se aplica para rios e hidrovias, nos quais as estações deverão
ser dispostas a uma distância máxima de quinhentos metros entre si nos trechos a
serem dragados, medida no sentido longitudinal, independentemente do volume a
ser dragado.

2 - ANÁLISES LABORATORIAIS
O programa de investigação laboratorial ( ensaios) do material a ser dragado
deverá ser desenvolvido em três etapas, a saber:
1ª ETAPA - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA
As características físicas básicas incluem a quantidade de material a ser
dragado, a distribuição granulométrica e o peso específico dos sólidos, Tabela II -
Classificação granulométrica dos sedimentos*
CLASSIFICAÇÃO Phi (φ)** (mm)
Areia muito grossa -1 a 0 2a1
Areia grossa 0a1 1 a 0,5
Areia media 1a2 0,5 a 0,25
Areia fina 2a3 0,25 a 0,125
Areia muito fina 3a4 0,125 a 0,062
Silte 4a8 0,062 a 0,00394
Argila 8 a 12 0,00394 a 0,0002
* Referência: Escala Granulométrica de Wentworth, 1922.
** Phi (φ) corresponde à unidade de medida do diâmetro da partícula do sedimento,
cuja equivalência em milímetros (mm) é apresentada na coluna 3 da Tabela II.

2ª ETAPA - CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA


A caracterização química deve determinar as concentrações de poluentes no
sedimento, na fração total. O detalhamento dar-se-á de acordo com as fontes de
poluição preexistentes na área do empreendimento e será determinado pelo órgão
ambiental competente, de acordo com os níveis de classificação do material a ser
dragado, previstos na Tabela III.
As substâncias não listadas na referida tabela, quando necessária a sua
investigação, terão seus valores orientadores previamente estabelecidos pelo órgão
ambiental competente.
Existindo dados sobre valores basais (valores naturais reconhecidos pelo
órgão ambiental competente) de uma determinada região, estes deverão prevalecer
sobre os valores da Tabela III sempre que se apresentarem mais elevados.
Tabela III - NÍVEIS DE CLASSIFICAÇÃO DO MATERIAL A SER DRAGADO:)
Poluentes Níveis de classificação do material a ser dragado
ÁGUA DOCE ÁGUA
SALINA/SALOBRA
Nível 1 Nível 2 Nível 1 Nível 2
Metais Arsenio (As) 5,9 17 8,2 70
Pesados e Cadmio (Cd) 0,6 3,5 1,2 9,6
Arsenio Chumbo (Pb) 35 91,3 46,7 218
(mg/kg) Cobre (Cu) 35,7 197 34 270
Cromo (Cr) 37,3 90 81 370
Mercurio (Hg) 0,17 0,486 0,15 0,71
Niquel (Ni) 18 35,9 20,2 51,6
Zinco (Zn) 123 315 150 410
Pesticidas BHC (Alfa-BHC) (μg/kg) - - 0,32 0,99
organo- BHC (Beta-BHC) - - 0,32 0,99
clorados BHC (Delta-BHC) - - 0,32 0,99
BHC (Gama-BHC/Lindano) 0,94 1,38 0,32 0,99
Clordano (Alfa) - - 2,26 4,79
Clordano (Gama) - - 2,26 4,79
DDD 3,54 8,51 1,22 7,81
DDE 1,42 6,75 2,07 374
DDT 1,19 4,77 1,19 4,77
Dieldrin 2,85 6,67 0,71 4,31
Endrin 2,67 62,4 2,67 62,4
PCBs Bifenilas Policloradas - Totais 34,1 277 22,7 180
(μg/kg)
Hidrocarbo Grupo A Benzo(a)antraceno 31,71 3851 74,81 6931
netos Benzo(a)pireno 31,91 7821 88,81 7631
Policiclico Criseno 57,11 8621 1081 8461
s Dibenzo(a,h)antraceno 6,221 1351 6,221 1351
Aromatico Grupo B Acenafteno 6,711 88,91 162 5002
s – PAHs Acenaftileno 5,871 1281 442 6402
(μg/kg) Antraceno 46,91 2451 85,32 11002
Fenantreno 41,91 5151 2402 15002
Fluoranteno 1111 23551 6002 51002
Fluoreno 21,21 1441 192 5402
2-Metilnaftaleno 20,21 2011 701 6701
Naftaleno 34,61 3911 1602 21002
Pireno 531 8751 6652 26002
Soma (#) de 1000 3000
PAHs
# considerando os 13 compostos avaliados.
Os valores orientadores, adotados na TABELA III, têm como referência as
seguintes publicações oficiais canadenses e norte-americanas:
1 ENVIRONMENTAL CANADA. Canadian Sediment Quality Guidelines for the
Protection of Aquatic Life.Canadian Environmental Quality Guidelines - Summary
Tables. <http://www.ec.gc.ca>, atualizado em 2002.
2 Long, E.R., MacDonald, D.D., Smith, S.L. & Calder F.D. (1995). Incidence of
adverse biological effects within ranges of chemical concentrations in marine and
estuarine sediments. Environmental Management 19 (1): 81-97.
3 FDEP (1994). Approach to the Assessment of Sediment Quality in Florida
Coastal Waters. Vol. I. Development and Evaluation of Sediment Quality Assessment
Guidelines. Prepared for Florida Department of Enviromental Protection - FDEP, Offi
ce of Water Policy, Tallahasee, FL, by MacDonald Enviromental Sciences Ltd.,
Ladysmith, British Columbia. 1994.
Quando da caracterização química, devem ser realizadas, ainda,
determinações de carbono orgânico total (COT), nitrogênio Kjeldahl total e fósforo
total do material a ser dragado, para subsidiar o gerenciamento na área de
disposição.
Tabela IV
Valores orientadores para carbono orgânico total e nutrientes:
PARÂMETROS VALOR ALERTA
CARBONO ORGANICO TOTAL (%) 10
NITROGENIO KJELDAHL TOTAL (mg/kg) 4.800
FOSFORO TOTAL (mg/kg) 2.000

VALOR ALERTA - valor acima do qual representa possibilidade de causar prejuízos


ao ambiente na área de disposição. A critério do órgão ambiental competente, o
COT poderá ser substituído pelo teor de matéria orgânica. Ficam excluídos de
comparação com a presente caracterização, os valores oriundos de ambientes
naturalmente enriquecidos por matéria orgânica e nutrientes, como manguezais.

3ª ETAPA - CARACTERIZAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA


A caracterização ecotoxicológica deve ser realizada em complementação à
caracterização física e química, com a finalidade de avaliar os impactos potenciais à
vida aquática, no local proposto para a disposição do material dragado.
Os ensaios e os tipos de amostras (sedimentos totais, ou suas frações -
elutriato, água intersticial, interface água-sedimento) a serem analisadas serão
determinados pelo órgão ambiental competente.
Para a interpretação dos resultados, os ensaios ecotoxicológicos deverão ser
acompanhados da determinação de nitrogênio amoniacal, na fração aquosa, e
correspondente concentração de amônia não ionizada, bem como dos dados
referentes ao pH, temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido.
Os resultados analíticos deverão ser encaminhados juntamente com a carta
controle atualizada da sensibilidade dos organismos-teste. Também deverá ser
enviado o resultado do teste com substância de referência, realizada na época dos
ensaios com as amostras de sedimento.
1.22. ANEXO 2
NORMAM-11
CAPÍTULO 2
DRAGAGENS E ATERROS
0201 - PROPÓSITO
Estabelecer normas e procedimentos para padronizar a emissão de parecer
atinentes a realização de dragagens e aterros em águas sob jurisdição brasileira.

0202 - COMPETÊNCIA PARA EMISSÃO DO PARECER


A MB emitirá parecer favorável relativo a dragagens, sempre que não houver
comprometimento da segurança da navegação ou do ordenamento do espaço
aquaviário, sem prejuízo das obrigações frente aos demais órgãos responsáveis
pelo controle da atividade em questão em especial os órgãos de controle do meio
ambiente.

0203 - DRAGAGEM
As dragagens poderão ser realizadas com os seguintes propósitos:
a) para estabelecimento de uma determinada profundidade;
b) para manutenção de profundidade de certo local; e
c) para execução de aterro.
Os processos relativos às realizações de dragagens para execução de aterro
obedecerão, no que couber, ao contido no item 0205 e no item 0208, devendo ser
encaminhados em um único processo.

0204 - ÁREAS DE DESPEJO PREESTABELECIDAS


Compete ao respectivo órgão de controle ambiental estabelecer as áreas de
despejo do material dragado.
As CP poderão estabelecer, previamente, nas suas Normas de
Procedimentos (NPCP), áreas para despejo de material dragado de sua jurisdição,
em consenso com os órgãos de controle do meio ambiente e após ouvida a DHN. O
estabelecimento prévio da área de despejo visa tornar mais ágil a tramitação dos
processos de dragagem, especialmente aqueles que tratam de manutenção dos
canais de acesso ao porto e dos berços de atracação, de interesse para a
segurança da navegação. Caso os órgãos de controle de meio ambiente não se
pronunciem a respeito da área escolhida num prazo de 30 dias, após formalizada a
consulta, as CP poderão estabelecer a área de despejo em caráter precário,
comunicando o fato aos citados órgãos, efetuando, também, gestões junto aos
órgãos ambientais, no sentido de agilizar a definição da respectiva área.

0205 - DOCUMENTAÇÃO A SER ENTREGUE PELO INTERESSADO


O interessado na obtenção do parecer sobre dragagem deverá apresentar à
CP, DL ou AG com jurisdição sobre o local pretendido, duas vias dos seguintes
documentos:
a) requerimento dirigido ao Capitão dos Portos;
b) memorial descritivo contendo as coordenadas geográficas das áreas de
dragagem e de despejo pretendidas, volume da dragagem, natureza do fundo e do
material dragado, tipo de balizamento e equipamento a ser utilizado durante os
serviços;
c) planta de situação e localização, devendo ser utilizada a carta náutica,
confeccionada pela DHN, de maior escala da área;
d) parecer do órgão de controle do meio ambiente, referente a obra em questão.
Para dar início ao processo poderá ser aceito o protocolo do requerimento ao
referido órgão, entretanto, a conclusão do processo na OM, ficará condicionada a
apresentação do parecer do órgão ambiental;
e) caso o volume de dragagem exceda a um milhão de metros cúbicos, apresentar
um estudo de dispersão dos sedimentos, aprovado pelo órgão de controle do meio
ambiente; e
f) documento comprobatório de posse da área ou autorização de seu proprietário, se
for o caso, quando o local escolhido para lançamento dos despejos se situar em
terra.
Está dispensado o documento citado em "e" quando os despejos forem
lançados em terra, ou quando já existir área de despejo previamente estabelecida
pela CP, conforme item 0204.

0206 - EXIGÊNCIAS
Os despachos feitos pelas CP nos requerimentos deverão estabelecer as
seguintes exigências:
a) que os despejos sejam efetuados, preferencialmente, nos períodos do início da
maré vazante;
b) que seja comunicado, com antecedência mínima de cinco dias úteis, o início da
dragagem, as coordenadas da área a ser dragada e da área de despejos para
divulgação em Avisos aos Navegantes, comunicação semelhante deverá ser
efetuada por ocasião do término da dragagem;
c) que a área dragada seja delimitada por bóias luminosas do tipo especial, pintadas
na cor amarela, exibindo, no período noturno, luz amarela com um dos seguintes
ritmos: "grupo de ocultação", "lampejo simples", "grupo de lampejos com 4, 5 ou 6
lampejos", "grupo de lampejo composto" ou "código morse" com exceção das letras
A e U, de acordo com o Regulamento para Sinalização Náutica (NORMAM 17). A
DHN deverá ser informada sobre o “ritmo”, período e fase detalhada escolhidos
(exigências a serem feitas no caso de dragagem em áreas situadas em local de
tráfego de navios ou tráfego intenso de outras embarcações);
d) emissão de relatórios parciais de acompanhamento dos serviços realizados,
quando o período previsto de duração da dragagem for igual ou superior a 60
(sessenta) dias.
Quando o período previsto for inferior ao acima citado, ficará a critério do
Capitão dos Portos a necessidade da emissão dos respectivos relatórios; e
e) seja encaminhada à DHN, após a realização dos trabalhos, uma cópia da folha de
sondagem da área dragada e da área de despejo, para atualização da carta náutica
da região.
As DL e AG deverão encaminhar os respectivos processos de dragagem para
a análise da CP. O parecer final sobre as dragagens será emitido pelas CP.

0207 - COMUNICAÇÃO DE DRAGAGENS REALIZADAS


Até o dia 15 de fevereiro de cada ano, as OM deverão comunicar à DPC as
dragagens ocorridas no ano anterior nas suas áreas de jurisdição, indicando, dentre
outros dados: área da dragagem e de despejo com as respectivas coordenadas,
volume e natureza do material dragado conforme o Anexo 2-A.
Caso não tenha ocorrido dragagem na jurisdição, a OM deverá transmitir
mensagem com o texto: NEGAT DRAGAGEM VG ITEM 0208 NORMAM 11 BT.
0208 - ATERROS SOBRE ÁGUAS
O aterro em águas da União é coisa excepcional, que ela própria executa ou
autoriza que outro o faça em circunstância especial, quando então fixa as regras
julgadas cabíveis, conforme legislação vigente.
A autorização para realização de aterros deverá ser considerada como
medida extraordinária concedida aos Estados, aos Municípios e a entidades
educacionais, culturais ou de finalidades sociais e, em se tratando de
aproveitamento econômico de interesse nacional, à pessoa física ou jurídica.
O interessado na realização de aterros em águas deverá se dirigir ao Órgão
Federal competente para obtenção da respectiva autorização. O processo terá sua
tramitação no órgão competente, cujo procedimento prevê consulta a MB, que se
fará por meio da CP, DL ou AG da jurisdição.
As OM após o recebimento do processo deverão cumprir as providências
previstas no item 0115 do Capítulo 1.

Você também pode gostar