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PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MODELAGEM
COMPUTACIONAL E SISTEMAS
Montes Claros - MG
Julho de 2021
MIKAELLA PRICILA ALVES DIAS
Montes Claros - MG
2021
Dias, Mikaella Pricila Alves.
D541u Utilização do método ultrassônico da transparência para avaliação das
propriedades elásticas e mecânicas do aço 1020 [manuscrito] / Mikaella Pricila
Alves Dias. – Montes Claros, 2021.
82 f. : il.
Bibliografia: f. 79-82.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros -
UNIMONTES, Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional e
Sistemas/PPGMCS, 2021.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Utilização do Método Ultrassônico da Transparência para Avaliação das Propriedades
Elásticas e Mecânicas do Aço 1020
_____________________________________________________________
PROF. DR. ÁLVARO BARBOSA DE CARVALHO JÚNIOR – Orientador
Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas – Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)
_____________________________________________________________
PROF. DR. MAURÍLIO JOSÉ INÁCIO – Coorientador
Departamento de Ciências da Computação – Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)
_____________________________________________________________
PROF. DR. NARCISO DA HORA LISBOA
Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas – Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)
_____________________________________________________________
PROF. DR. ROSIVALDO ANTÔNIO GONÇALVES
Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas – Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)
_____________________________________________________________
PROF. DR. LEONARDO BRUNO FERREIRA DE SOUZA
Departamento de Física – Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)
À Deus, acima de tudo, pelo dom da vida, por permanecer comigo durante toda essa
jornada, me guiando e dando forças.
Aos meus pais Sebastião Agostinho Dias (in memorian) e Eliete Nery Alves Dias,
por serem os meus maiores exemplos de determinação e por me incentivarem a nunca desistir
dos meus sonhos.
Às minhas irmãs Raphaela Cristina Alves Dias e Estefânia Carolina Alves Dias,
pelo incentivo, apoio e compreensão.
À toda minha família, pela torcida, em especial ao meu primo Carlos Rafael Dias
Almeida, pela força e colaboração no desenvolvimento deste trabalho.
Ao meu noivo, Lucas Leonardo dos Santos Souza, pela cumplicidade ao longo
dessa jornada e por compreender os meus momentos de ausência pelo tempo dedicado aos
estudos.
Ao meu orientador Prof. Dr. Álvaro Barbosa de Carvalho Júnior, pelo excelente
trabalho de orientação desenvolvido. Sem o seu direcionamento ímpar e competência, não
haveria como desenvolver este trabalho.
Ao meu coorientador Prof. Dr. Maurílio José Inácio, que também representou parte
fundamental na construção dessa pesquisa, sempre com paciência e disponibilidade prestada.
Ao PPGMCS pela disponibilização da infraestrutura para a realização dos
experimentos.
Aos professores do PPGMCS que, pelo resultado de um esforço comum, repartiram
comigo os seus conhecimentos.
À colega Ana Caroline Nery Munoz Carvalho, pela ajuda na realização dos ensaios
e pela disponibilização do circuito para realização do experimento, primordial para o
desenvolvimento deste trabalho.
À amiga Maria Helena Teles Lopes por toda dedicação, parceria, apoio e por não
medir esforços em contribuir com a pesquisa realizada desde o início.
Aos meus colegas do mestrado Cleidson, Kelly, Mirla, Ravisson, Thácio, Thamara,
Thiago e Stephanie, pela torcida, momentos e conhecimentos compartilhados.
Enfim, quero demonstrar o meu agradecimento a todos aqueles que, de um modo
ou de outro, contribuíram para a realização da presente dissertação.
“Tudo posso naquele que me fortalece.”
Filipenses 4:13
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo caracterizar as propriedades elásticas e mecânicas do aço
carbono 1020 por meio da técnica ultrassônica da transparência. Para verificar a viabilidade do
método proposto foram utilizados dois transdutores piezoelétricos, sendo um deles emissor e
outro receptor de ondas ultrassônicas na frequência de 2 MHz, as quais foram propagadas
através de uma barra de aço 1020. As propriedades elásticas do aço 1020, tais como, os módulos
de elasticidade, cisalhamento, compressibilidade, as constantes de Lamé e coeficiente de
Poisson, foram estimadas por meio das relações existentes entre os valores das velocidades de
propagação de ondas longitudinais e transversais, e do valor da densidade do aço 1020. Por
outro lado, para a estimativa das propriedades mecânicas, buscou-se relacionar as velocidades
ultrassônicas calculadas com os valores de dureza, tensão de escoamento e limite de resistência
à tração, analisando também alguns modelos físicos relatados na literatura para a estimativa das
propriedades mecânicas dos aços carbono. Os resultados deste trabalho indicam a possibilidade
de caracterização das propriedades elásticas e mecânicas do aço 1020 de forma rápida e com
valores muito semelhantes àqueles descritos na literatura como valores de referência,
evidenciando a eficiência do ensaio não destrutivo proposto.
The aim of this study to characterize the elastic and mechanical properties of 1020 carbon steel
by means of the ultrasonic transparency technique. To verify the feasibility of the proposed
method, two piezoelectric transducers were used, with one of them being the emitter and the
other being the receiver of ultrasonic waves in the 2 MHz frequency, which were propagated
through a 1020 steel bar. The elastic properties of the 1020 steel, such as, the Young’s modulus,
shear, Bulk, Lamé constants and Poisson's ratio were estimated through the relations between
the values of the propagation velocities of the longitudinal and transversal waves, and the
density of the1020 steel. On the other hand, to estimate the mechanical properties, we sought
to relate the calculated ultrasonic velocities with the values of hardness, yield strength and
ultimate tensile strength, also analyzing some physical models reported in the literature for the
estimate of the mechanical properties of carbon steels. The results of this study indicated the
possibility of quickly characterizing the elastic and mechanical properties of 1020 steel with
values very similar to those described in the literature as reference values, showing the
efficiency of the proposed non-destructive test.
Figura 1 – Representação da tensão normal média: (a) material delgado submetido ao esforço
Figura 2 – Ensaio de tração: (a) posicionamento do corpo de prova para o ensaio; (b)
Figura 6 – Esquema de uma análise triaxial da deformação: (a) material isotrópico na forma de
cubo com arestas unitárias e (b) deformação específica normal nas direções dos eixos 𝑥, 𝑦 e 𝑧.
.................................................................................................................................................. 36
Figura 15 – Valores de dureza Vickers (HV) em função das velocidades de propagação das
Figura 16 – Dimensões da barra de aço 1020: (a) comprimento e (b) diâmetro. ..................... 58
Figura 19 – Circuitos eletrônicos: (a) emissor e (b) receptor de ondas ultrassônicas. ............. 60
Figura 20 – Emissão e recepção da onda ultrassônica através da barra de aço 1020. .............. 61
Tabela 2 – Composição química das amostras de aço: percentual de carbono equivalente (Ec)
e tamanho de grãos padrão ASTM (entre 8,5 e 9,0 ASTM corresponde entre 11,9 e 14,1 m).
.................................................................................................................................................. 52
Tabela 11 – Valores das velocidades longitudinal e transversal para o aço 1020. ................... 68
Tabela 12 – Valores calculados de impedância acústica (Z1) na barra de aço 1020. ............... 69
Tabela 13 – Valores calculados das constantes elásticas e a diferença percentual em relação aos
Tabela 14 – Modelos propostos e resultados obtidos para 𝜎𝐸, LRT e HV. .............................. 74
SI Sistema Internacional
𝜎 - Tensão normal
x - Tensão na direção x
∆𝑃 - Força por unidade de área
∆𝐴 - Área específica na seção transversal do material
𝐴 - Área do material
𝑃 - Carga axial
E - Módulo de elasticidade
𝜖 - Deformação
L - Comprimento inicial do material antes do ensaio
Lo - Comprimento final do material depois do ensaio
- Variação no comprimento do corpo de prova
E - Tensão de escoamento
R - Tensão de ruptura
𝑟 - Índice de anisotropia
𝜀𝑟𝑏 - Deformação real na largura
𝜀𝑟𝑡 - Deformação real na espessura
𝑟𝑝 - Índice de anisotropia plástica
𝑏0 - Largura inicial do corpo de prova
𝑏𝑓 - Largura final do corpo de prova
𝐿0 - Comprimento inicial do corpo de prova
𝐿𝑓 - Comprimento final do corpo de prova
𝑟̅ - Anisotropia normal
𝑟0° - Índice de anisotropia de corpos de prova extraídos na direção de 0°
𝑟45° - Índice de anisotropia de corpos de prova extraídos na direção de 45°
𝑟90° - Índice de anisotropia de corpos de prova extraídos na direção de 90°
∆𝑟 - Índice de anisotropia planar.
𝑢 - Densidade de energia de deformação
∆𝑈 - Energia de deformação
∆𝑉 - Volume do elemento
𝑢𝑟 - Módulo de resiliência
LP - Tensão limite de proporcionalidade
𝑢𝑡 - Módulo de tenacidade
𝜖𝑅 - Deformação de ruptura
𝑣 - Coeficiente de Poisson
𝜖𝑙𝑎𝑡 - Deformação específica lateral ou transversal
𝜖𝑙𝑜𝑛𝑔 - Deformação específica longitudinal
𝜖𝑥 - Deformação específica normal ao longo do eixo x
𝜖𝑦 - Deformação específica normal ao longo do eixo y
𝜖𝑧 - Deformação específica normal ao longo do eixo z
𝑉 - Volume
𝑉𝑒𝑙 - Velocidade da onda ultrassônica
∆𝑉 - Variação de volume
𝑒 - Dilatação volumétrica específica do material
𝑉𝑓 - Volume final do material
𝑉𝑖 - Volume inicial do material
𝐾 - Módulo de compressibilidade volumétrica do material
𝜏𝑚é𝑑 - Tensão de cisalhamento média na área da seção
V - Força de cisalhamento interna resultante na seção
𝐺 - Módulo de elasticidade transversal do material ou módulo de cisalhamento
𝜆 - Primeira constante elástica de Lamé ou comprimento de onda
𝜇 - Segunda constante elástica de Lamé
𝑓 - Frequência da onda ultrassônica
- Densidade
VL - Velocidade de propagação de onda ultrassônica de modo longitudinal
VT - Velocidade de propagação de onda ultrassônica de modo transversal
HV - Dureza Vickers
HB - Dureza Brinell
𝐵 - Constante que depende da tensão verdadeira e do ponto de escoamento
𝑛 - Expoente de endurecimento por deformação do material
𝜎0 - Tensão de atrito que resiste ao movimento de deslocamento
𝐾𝑌 - Relação de Hall-Petch
𝛼𝐿 - Coeficiente de atenuação das ondas longitudinais
𝑀 - Constante relacionada com o fator de anisotropia
̅
𝐷 - Tamanho médio dos grãos
r - Raio
c - Altura ou comprimento da amostra
m - Massa
t - Tempo
Z - Impedância acústica
T - Percentual de energia transmitida
R - Percentual de energia refletida
Z1 - Impedância acústica do aço
Z2 - Impedância acústica do acoplante
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
1.1 OBJETIVO ..................................................................................................................... 19
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 20
2.1 UMA BREVE APRESENTAÇÃO DO AÇO 1020 E SEUS PRINCIPAIS
TRATAMENTOS TÉRMICOS ........................................................................................... 20
2.2 COMPORTAMENTO ELÁSTICO E PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS
MATERIAIS ......................................................................................................................... 21
2.2.1 Conceito de tensão aplicada à mecânica dos materiais ................................................ 21
2.2.2 Princípio básico do ensaio de tração ............................................................................ 24
2.2.3 Lei de Hooke ................................................................................................................ 25
2.2.4 Comportamento tensão-deformação ............................................................................ 27
2.2.5 Índice de anisotropia .................................................................................................... 28
2.2.6 Módulo de resiliência ................................................................................................... 30
2.2.7 Módulo de tenacidade .................................................................................................. 32
2.2.8 Coeficiente de Poisson ................................................................................................. 33
2.3 LEI DE HOOKE GENERALIZADA ............................................................................. 35
2.4 MÓDULO DE COMPRESSIBILIDADE (K) ................................................................ 36
2.5 DEFORMAÇÃO AO CISALHAMENTO ..................................................................... 39
2.6 CONSTANTES ELÁSTICAS DE LAMÉ ..................................................................... 41
2.7 MATRIZ DE RIGIDEZ PARA MATERIAIS ANISOTRÓPICOS ............................... 42
2.8 MATRIZ DE RIGIDEZ PARA MATERIAIS ISOTRÓPICOS ..................................... 45
2.9 RELAÇÃO ENTRE AS PROPRIEDADES ELÁSTICAS E AS VELOCIDADES DE
PROPAGAÇÃO DAS ONDAS ACÚSTICAS .................................................................... 47
2.10 ESTIMATIVA DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS LRT, HV E E COM MEDIDAS
DE VELOCIDADES ULTRASSÔNICAS .......................................................................... 50
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 58
3.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA DE AÇO 1020 ................................................ 58
3.2 CÁLCULO DAS VELOCIDADES ULTRASSÔNICAS .............................................. 59
3.3 IMPEDÂNCIA ACÚSTICA E CÁLCULO DAS ENERGIAS TRANSMITIDA E
REFLETIDA ......................................................................................................................... 63
3.4 ESTIMATIVA DAS PROPRIEDADES ELÁSTICAS DO AÇO 1020 ........................ 64
3.5 ESTIMATIVA DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO 1020 ...................... 65
3.6 ENSAIOS DE TRAÇÃO E DUREZA BRINELL ......................................................... 66
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 68
4.1 MEDIDA DE DENSIDADE DO AÇO 1020 ................................................................. 68
4.2 VELOCIDADES ULTRASSÔNICAS NA AMOSTRA DE AÇO 1020 ....................... 68
4.3 PROPRIEDADES ELÁSTICAS CALCULADAS PARA O AÇO 1020 ...................... 69
4.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DA BARRA DE AÇO 1020 .................................... 72
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 77
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 79
17
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta uma revisão de literatura abordando alguns tópicos que
ajudarão na compreensão desse estudo. Dessa forma, foi realizada uma breve revisão sobre
conteúdos relacionados ao aço 1020, tensões nos materiais, comportamento elástico dos
materiais, ensaio de tração, propriedades elásticas e mecânicas dos materiais, matriz de rigidez
para materiais isotrópicos e anisotrópicos, caracterização de materiais com ensaio por
ultrassom, além de uma abordagem sucinta sobre alguns modelos propostos para estimativas
das propriedades mecânicas com técnicas não destrutivas.
Gerdau (2003), o aço 1020 pode ser adquirido comercialmente nas condições de laminado,
normalizado e recozido.
A laminação do aço 1020 consiste em uma operação de conformação e, dentre os
tipos existentes, é a mais utilizada. A técnica de laminação consiste em passar entre dois rolos
uma barra de aço em uma determinada temperatura. Nesse caso, as modificações ocasionadas
na microestrutura aumentam o limite de resistência à tração do aço (CALLISTER JR e
RETHWISCH, 2012).
O recozimento e a normalização consistem em tipos de tratamentos térmicos, nos
quais os aços 1020 e outros materiais podem ser submetidos com o objetivo reduzir a dureza
dos materiais. Os tratamentos térmicos modificam as propriedades mecânicas dos aços por meio
da reorganização dos átomos na estrutura cristalina. Nesse caso, diferentemente do processo de
laminação, a temperatura de tratamento será responsável pelas alterações microestruturais
(NOVIKOV, 1994; VAN VLACK, 2015).
O tratamento térmico de recozimento consiste em expor o aço a uma temperatura
maior que 800 °C, sendo resfriado por correntes de ar. Já o processo de normalização, que é
semelhante ao recozimento, tem a função de diminuir as tensões decorrentes dos processos de
fundição e conformação mecânica a quente ou a frio. Este processo apresenta uma menor
velocidade de resfriamento, uma vez que o resfriamento ocorre em um ambiente sem a
movimentação de ar. É importante ressaltar que a velocidade de resfriamento dependerá do
tamanho da amostra que está recebendo o tratamento térmico, sendo observado um resfriamento
mais rápido em amostras menores (VAN VLACK, 2015).
Depois da realização dos tratamentos térmicos é comum utilizar ensaios
metalográficos, que são feitos com o auxílio de microscópios ópticos específicos para visualizar
as microestruturas resultantes nas superfícies dos aços e relacioná-las com as propriedades
mecânicas. Entretanto, em muitos materiais metálicos, esse procedimento não é suficiente para
uma completa caracterização das propriedades mecânicas, sendo necessária a realização de
ensaios complementares de dureza e tração (VAN VLACK, 2015).
a força atuante na seção transversal por unidade de área. Estimar o valor da tensão é de extrema
importância, uma vez que os materiais, quando submetidos aos diferentes esforços mecânicos,
devem assegurar que as tensões máximas desenvolvidas sejam menores ou iguais às tensões
admissíveis de projeto (BEER et al., 2011).
Sabe-se que, quando a força aplicada no material é perpendicular à área de atuação,
a razão entre a força e a área será denominada de tensão normal. Nesse caso, o valor encontrado
representa uma tensão média sobre a seção transversal e não um valor da tensão em um ponto
específico da seção do material. Para a análise dos esforços solicitantes, a tensão é considerada
por alguns autores com sinal positivo nos esforços de tração e negativo na compressão (BEER
e JOHNSTON JR., 1995; GERE e GOODNO 2017).
Em alguns casos, a tensão normal específica em um determinado ponto da seção
transversal, pode ser definida por meio da análise da intensidade de uma força em relação a
uma pequena área, cujas dimensões tendem a zero, conforme descreve a Equação (1)
(HIBBELER, 2010):
∆𝑃
𝜎 = lim (1)
∆𝐴→0 ∆𝐴
em que:
𝜎 = tensão normal em determinado ponto da seção transversal do material (Pa);
∆𝑃 = força por unidade de área (N);
∆𝐴 = área específica na seção transversal do material (m2).
𝑃 = ∫ 𝑑𝑃 = ∫ 𝜎 𝑑𝐴 (2)
𝐴
23
Neste caso, a Equação (2) admite que as forças internas são distribuídas
uniformemente e de maneira constante, desconsiderando as adjacências dos pontos de aplicação
das cargas, além de considerar que as cargas passam pelo centroide da seção transversal do
material. Portanto, como cada área estará submetida a uma força ∆𝑃 e o somatório de todas as
forças que agem na seção transversal do material será igual à força resultante interna P axial,
pode-se considerar por meio da resolução da Equação (2), o seguinte valor da tensão normal
média, apresentada na Equação (3) (BEER et al., 2011).
𝑃
𝜎= (3)
𝐴
em que:
𝜎 = tensão normal na seção transversal (Pa);
𝑃 = carga axial (N);
𝐴 = área do material (m2).
Figura 1 – Representação da tensão normal média: (a) material delgado submetido ao esforço de
tração; (b) determinação da tensão normal média na seção transversal.
atômicas dos materiais não sofre deformações totais quando estão no regime elástico. Dessa
forma, na medida em que a força aplicada no corpo de prova aumenta, a deformação aumentará
na mesma proporção, conforme mencionado anteriormente no item 2.2.1. A Lei de Hooke pode
ser representada pela Equação (4), considerando uma força aplicada em uma determinada
direção 𝑥 (BEER et al., 2011).
𝜎𝑥 = 𝐸𝜖𝑥 (4)
em que:
x = tensão na direção x (Pa);
E = constante de proporcionalidade, também conhecida como módulo de Young ou módulo de
elasticidade (Pa);
𝜖𝑥 = deformação específica normal na direção x (mm/mm).
𝐿 − 𝐿0 𝛿
𝜖=| |= (5)
𝐿0 𝐿0
em que:
L = comprimento final do material depois do ensaio (mm);
Lo = comprimento inicial do material antes do ensaio (mm);
= variação no comprimento do corpo de prova (mm).
Se a área (A) for variável, também haverá variação na tensão normal do corpo de
prova, e, neste caso, será necessário utilizar a definição da deformação específica em um
determinado ponto, considerando um pequeno elemento de comprimento não deformado x.
Diante disso, esta deformação deverá ser analisada com um limite de área tendendo a zero,
conforme representa a Equação (6) (BEER e JOHNSTON JR., 1995).
27
∆𝛿 𝑑𝛿
𝜖 = lim = (6)
∆𝑥→0 ∆𝑥 𝑑𝑥
Por meio da definição da Equação (6), pode-se aplicar a Lei de Hooke no estudo de
regiões de deformação relativamente pequenas, sendo essa relação descrita de maneira linear.
O maior valor de tensão encontrado nessa função linear é denominado de limite de
proporcionalidade do material. Já a inclinação da reta representa o módulo de elasticidade do
material (BEER e JOHNSTON JR., 1995; HIBBELER, 2010). Essas propriedades serão
descritas com maiores detalhes no estudo do comportamento tensão-deformação a seguir.
𝜀𝑟𝑏
𝑟= (7)
𝜀𝑟𝑡
em que:
𝑟 = índice de anisotropia;
𝜀𝑟𝑏 = deformação real na largura;
𝜀𝑟𝑡 = deformação real na espessura.
As deformações reais são obtidas medindo diversos pontos da parte útil do corpo
de prova (parte mais central), antes e depois do ensaio de tração. Alguns autores relatam que
os procedimentos de medidas da deformação acarretam um considerado erro relativo, em
especial na medida da espessura (GARGIA, SPIM e SANTOS, 2014; SOUZA, 2014).
Entretanto, o erro relativo pode ser minimizado analisando a constância de volume durante a
deformação plástica. A Equação (8) apresenta o cálculo da anisotropia plástica (𝑟𝑝) em função
das deformações que ocorrem ao longo do comprimento e da largura do corpo de prova
(GARGIA, SPIM e SANTOS, 2014; SOUZA, 2014).
𝑏
𝑙𝑛 ( 0 )
𝑏𝑓
𝑟𝑝 = (8)
𝑏𝑓 . 𝐿𝑓
𝑙𝑛 ( )
𝑏0 . 𝐿0
em que:
𝑟𝑝 = índice de anisotropia plástica;
𝑏0 = largura inicial do corpo de prova (mm);
30
em que:
𝑟0° , 𝑟45° e 𝑟90° , correspondem ao índice de anisotropia de corpos de prova extraídos nas direções
0°, 45° e 90°, respectivamente.
Por fim, o índice de anisotropia planar, cujo cálculo pode ser obtido pela Equação
(10), indica a diferença do comportamento mecânico que o material pode apresentar do plano
de uma chapa (GARCIA, SPIM e SANTOS, 2014).
𝑟0° + 𝑟90°
∆𝑟 = − 𝑟45° (10)
2
em que:
∆𝑟 = índice de anisotropia planar.
∆𝑈
𝑢= . 𝜎. 𝜖 (11)
∆𝑉
em que:
𝑢 = densidade de energia de deformação (J/m3);
∆𝑈 = energia de deformação (J);
∆𝑉 = volume do elemento (m3).
Para materiais que possuem comportamento linear elástico, ou seja, que obedecem
a Lei de Hooke, a densidade de energia de deformação é mais conhecida como módulo de
resiliência e pode ser reescrita em função da tensão limite de proporcionalidade e do módulo
de elasticidade, como mostra a Equação (12) (HIBBELER, 2010).
2
1 𝜎𝐿𝑃
𝑢𝑟 = (12)
2 𝐸
em que:
𝑢𝑟 = módulo de resiliência (N.mm/mm3);
𝜎𝐿𝑃 = tensão limite de proporcionalidade (N/mm2);
E = módulo de elasticidade (N/mm2).
1 𝜎𝐸2
𝑢𝑟 = (13)
2𝐸
32
em que:
E = tensão limite de escoamento (N/mm2);
E = módulo de elasticidade (N/mm2).
𝜎𝐸 + 𝐿𝑅𝑇
𝑢𝑡 = . 𝜖𝑅 (14)
2
2
𝑢𝑡 = . 𝐿𝑅𝑇. 𝜖𝑅 (15)
3
em que:
𝑢𝑡 = módulo de tenacidade (MPa);
𝐿𝑅𝑇 = limite de resistência à tração (MPa);
𝜎𝐸 = tensão de escoamento (MPa);
𝜖𝑅 = deformação de ruptura (mm/mm).
𝜖𝑙𝑎𝑡 𝜖𝑦 𝜖𝑧
𝑣=− =− =− (16)
𝜖𝑙𝑜𝑛𝑔 𝜖𝑥 𝜖𝑥
em que:
𝑣 = coeficiente de Poisson;
𝜖𝑙𝑎𝑡 = deformação específica lateral ou transversal;
𝜖𝑙𝑜𝑛𝑔 =deformação específica longitudinal.
𝑣𝜎𝑥
𝜖𝑦 = 𝜖𝑧 = − (17)
𝐸
em que:
𝑣 = coeficiente de Poisson;
𝜖𝑦 = deformação específica no eixo y;
𝜖𝑥 = deformação específica no eixo x;
x = tensão normal no eixo de x;
E = módulo de elasticidade.
Figura 6 – Esquema de uma análise triaxial da deformação: (a) material isotrópico na forma de cubo
com arestas unitárias e (b) deformação específica normal nas direções dos eixos 𝑥, 𝑦 e 𝑧.
𝜎𝑥 𝑣𝜎𝑦 𝑣𝜎𝑧
𝜖𝑥 = − − (18)
𝐸 𝐸 𝐸
𝜎𝑦 𝑣𝜎𝑥 𝑣𝜎𝑧
𝜖𝑦 = − − (19)
𝐸 𝐸 𝐸
𝜎𝑧 𝑣𝜎𝑥 𝑣𝜎𝑦
𝜖𝑧 = − − (20)
𝐸 𝐸 𝐸
𝑉 = (1 + 𝜖𝑥 ). (1 + 𝜖𝑦 ). (1 + 𝜖𝑧 ) (21)
A variação de volume (∆𝑉 ou 𝑒) que irá ocorrer no material poderá ser determinada
pela diferença entre os comprimentos inicial e final. Portanto, a mudança de volume, em um
material com volume inicial unitário, pode ser analisada por meio da Equação (23), que
representa a dilatação volumétrica específica do material (HIBBELER, 2010; BEER et al.,
2011).
em que:
𝑒 = dilatação volumétrica específica do material;
𝑉𝑓 = volume final do material;
𝑉𝑖 = volume inicial do material.
1 − 2𝑣 −3(1 − 2𝑣)
𝑒= (−3𝑝) = 𝑝 (25)
𝐸 𝐸
𝑝 𝐸
=− (26)
𝑒 3(1 − 2𝑣)
𝐸
𝐾= (27)
3(1 − 2𝑣)
em que:
𝐾 = módulo de compressibilidade volumétrica do material (Pa).
É importante ressaltar que o valor de 𝐾 será sempre positivo, uma vez que o material
estará diminuindo seu volume e terá sua dilatação volumétrica considerada como sendo
negativa (retração) (KANG E ZHONG-CI,1996).
V
𝜏𝑚é𝑑 = (28)
𝐴
em que:
𝜏𝑚é𝑑 = tensão de cisalhamento média na área da seção (Pa);
V = força de cisalhamento interna resultante na seção (N);
𝐴 = área específica do material (m2).
em que:
𝐺 = módulo de elasticidade transversal do material (Pa).
𝜏𝑥𝑦
𝛾𝑥𝑦 = (32)
𝐺
𝜏𝑦𝑧
𝛾𝑦𝑧 = (33)
𝐺
𝜏𝑧𝑥
𝛾𝑧𝑥 = (34)
𝐺
𝐸
𝐺= (35)
2(1 + 𝑣)
2 𝑣𝐸
𝜆=𝐾− 𝐺= (36)
3 (1 + 𝑣)(1 − 2𝑣)
𝐸
𝜇=𝐺= (37)
2(1 + 𝑣)
𝜎𝑥 = 𝜆 . 𝑒 + 2. 𝐺. 𝜖𝑥 (38)
𝜎𝑦 = 𝜆 . 𝑒 + 2. 𝐺. 𝜖𝑦 (39)
𝜎𝑧 = 𝜆 . 𝑒 + 2. 𝐺. 𝜖𝑧 (40)
Desta forma, o estado triplo de tensão de um ponto qualquer do material pode ser
descrito por nove tensores de tensão σ𝑖𝑗 (em que i, j = 1, 2, 3), podendo ainda ser representado
em forma matricial, conforme apresentado na Equação (41) (BOERI, 2006; HIBBELER, 2010).
cada tensor de tensão (𝜎𝑖,𝑗 ), relacionando assim as nove componentes de tensão com nove
componentes de deformação (BATISTA, 2009; HIBBELER, 2010).
A propriedade elástica do material está relacionada com o fato deste material não
armazenar deformações residuais quando cessada a ação geradora de tensões e deformações,
possibilitando que ele volte a sua formação original. Para essa característica, podem ser
observados comportamentos lineares e não lineares. Os materiais linearmente elásticos são
aqueles que apresentam características puramente lineares no diagrama de tensão-deformação
e, ao contrário, os materiais não linearmente elásticos podem apresentar curvaturas no diagrama
tensão-deformação (BOERI, 2006).
Os materiais elásticos e lineares, quando desconsiderados os efeitos das condições
ambientais como temperatura e pressão, podem ser relacionados com as constantes de rigidez
do material e com as deformações, conforme mostra a Equação (43) (BATISTA, 2009).
Desta forma, a constante de rigidez elástica 𝐶𝑖𝑗𝑘𝑙 = 𝐶𝑗𝑖𝑘𝑙 e 𝐶𝑖𝑗𝑘𝑙 = 𝐶𝑖𝑗𝑙𝑘 (i, j, k, l = 1,
2, 3). A relação entre os subscritos permite uma analogia de equivalência, sendo esta: 11→1,
22→2, 33→3, 23=32→4, 13=31→5 e 12=21→6 (BATISTA, 2009). Logo, considerando a
simetria do tensor, a constante de rigidez 𝐶1123 seria semelhante a constante 𝐶2311 e essas
45
poderiam ser reescritas como 𝐶14 e 𝐶41 , respectivamente. A relação deduzida para esses
subscritos favorece uma redução no sistema para seis relações com seis parâmetros cada uma.
Antes da análise realizada acima, a matriz de rigidez possuía 81 constantes elásticas
(Equação 43). Porém, considerando a equivalência apresentada, a matriz que representa o tensor
de rigidez elástica do material, passa a ter agora apenas 36 constantes elásticas, conforme
mostra a Equação (45) (ANDRADE, 2006).
𝐶1111 𝐶1122 𝐶1133 𝐶1123 𝐶1113 𝐶1112 𝐶11 𝐶12 𝐶13 𝐶14 𝐶15 𝐶16
𝐶1122 𝐶2222 𝐶2233 𝐶2223 𝐶2213 𝐶2212 𝐶21 𝐶22 𝐶23 𝐶24 𝐶25 𝐶26
𝐶1133 𝐶2233 𝐶3333 𝐶3323 𝐶3313 𝐶3312 𝐶 𝐶32 𝐶33 𝐶34 𝐶35 𝐶36
= 31 (45)
𝐶1123 𝐶2223 𝐶3323 𝐶2323 𝐶2313 𝐶2312 𝐶41 𝐶42 𝐶43 𝐶44 𝐶45 𝐶46
𝐶1113 𝐶2213 𝐶3313 𝐶2313 𝐶1313 𝐶1312 𝐶51 𝐶52 𝐶53 𝐶54 𝐶55 𝐶56
[𝐶1112 𝐶2212 𝐶3312 𝐶2312 𝐶1312 𝐶1212 ] [𝐶61 𝐶62 𝐶63 𝐶64 𝐶65 𝐶66 ]
Ao considerarmos que existe simetria entre a relação dos estados de tensão, torna-
se possível uma nova redução para 21 constantes elásticas, conforme demonstra a Equação (47)
(BOERI, 2006; BATISTA, 2009).
𝜎1
𝐶11 𝐶12 𝐶13 𝐶14 𝐶15 𝐶16 𝜖
1
𝜎2 𝐶22 𝐶23 𝐶24 𝐶25 𝐶26 𝜖2
𝜎3 𝐶33 𝐶34 𝐶35 𝐶36 𝜖3
𝜎4 = (47)
𝐶44 𝐶45 𝐶46 𝜖4
𝜎5 𝑠𝑖𝑚. 𝜖5
𝐶55 𝐶56
[𝜎6 ] [𝜖6 ]
[ 𝐶66 ]
constantes elásticas, apenas é necessário definir duas delas. A Equação (48) demonstra as
constantes elásticas representadas na matriz de rigidez para materiais isotrópicos (ANDRADE,
2006).
1
𝐶44 = (𝐶11 − 𝐶12 ) (49)
2
𝐸(1 − 𝑣)
𝐶11 = = 𝜆 + 2𝜇 (50)
(1 + 𝑣)(1 − 2𝑣)
𝑣𝐸
𝐶12 = =𝜆 (51)
(1 + 𝑣)(1 − 2𝑣)
𝐸
𝐶44 = =𝜇 (52)
2(1 + 𝑣)
47
O uso de ondas acústicas provenientes de golpes com um martelo foi uma técnica
bastante utilizada na década de 1970 para a investigação de materiais metálicos
(KRAUTKRAMER e KRAUTKRAMER, 1990). Desde então, a evolução tecnológica permitiu
a caracterização de materiais por meio de ondas ultrassônicas geradas com transdutores
piezoelétricos (KRAUTKRAMER e KRAUTKRAMER, 1990; GINZEL e TURNBULL,
2016).
A propagação das ondas ultrassônicas em um material ocorre por meio das
vibrações das partículas que constituem o material. De maneira geral, elas podem ocorrer de
forma longitudinal, transversal ou superficial (KRAUTKRAMER e KRAUTKRAMER, 1990).
No presente estudo, apenas serão abordados os modos de propagação das ondas longitudinal e
transversal, tendo em vista a importância dessas formas de propagação de ondas para a
determinação das propriedades elásticas e mecânicas dos materiais.
Para a geração das ondas ultrassônicas longitudinais e transversais são utilizados
transdutores piezoelétricos que vibram na frequência da corrente elétrica alternada. A vibração
ocasionada pelo contato entre o transdutor e o material investigado é analisada com
equipamentos de ensaios por ultrassom industrial, que permite medir as velocidades de
propagação das ondas longitudinal e transversal (ANDREUCCI, 2014; GARCIA, SPIM e
SANTOS, 2014).
A velocidade de propagação das ondas ultrassônicas pode ser relacionada
diretamente ao comprimento de onda e com a frequência da onda propagada, como mostra a
Equação (53) (ANDREUCCI, 2014).
𝑉𝑒𝑙 = 𝜆. 𝑓 (53)
em que:
𝑉𝑒𝑙 = velocidade da onda ultrassônica (m/s);
48
3𝑉𝐿2 − 4𝑉𝑇2
𝐸 = 𝜌𝑉𝑇2 ( ) = 2𝐶44 (1 + 𝑣) (57)
𝑉𝐿2 − 𝑉𝑇2
50
𝑉𝐿2 − 2𝑉𝑇2
𝑣= (58)
2(𝑉𝐿2 − 𝑉𝑇2 )
em que:
LRT = limite de resistência à tração (MPa);
VL = velocidade ultrassônica longitudinal (m/s).
Tabela 2 – Composição química das amostras de aço: percentual de carbono equivalente (Ec) e
tamanho de grãos padrão ASTM (entre 8,5 e 9,0 ASTM corresponde entre 11,9 e 14,1 m).
Amostra C Si Mn P S Ec ASTM
Valores de percentual em massa (%) tamanho de grãos
A 0,119 0,199 0,780 0,021 0,026 0,289 8,5
B 0,116 0,185 0,728 0,016 0,026 0,266 9,0
C 0,106 0,209 0,668 0,015 0,026 0,246 9,0
D 0,114 0,189 0,729 0,015 0,026 0,264 9,0
E 0,124 0,148 0,795 0,027 0,031 0,302 9,0
F 0,107 0,211 0,805 0,024 0,029 0,286 9,0
G 0,120 0,213 0,804 0,026 0,033 0,299 9,0
H 0,118 0,195 0,724 0,020 0,028 0,272 8,5
I 0,121 0,200 0,709 0,019 0,027 0,272 9,0
J 0,118 0,196 0,722 0,019 0,027 0,272 8,5
K 0,120 0,212 0,700 0,023 0,027 0,268 9,0
L 0,116 0,197 0,686 0,022 0,023 0,266 9,0
M 0,125 0,203 0,730 0,019 0,023 0,278 9,0
N 0,135 0,207 0,723 0,019 0,024 0,290 8,5
Média 0,119 0,197 0,736 0,020 0,027 0,276 8,9
Desvio 0,007 0,017 0,044 0,004 0,003 0,015 0,2
Fonte: Adaptado de FONSECA e REGULY (2011)
Sabe-se que o limite de resistência à tração pode ser utilizado para a determinação
de outras propriedades mecânicas dos materiais metálicos, como por exemplo, a dureza
54
(GARCIA, SPIM e SANTOS, 2014). Já os valores de dureza são amplamente utilizados para
fornecer informações sobre a resistência à deformação plástica do material.
O ensaio de dureza consiste na aplicação de um penetrador padronizado sob a
superfície do material, visando correlacionar à tensão necessária para vencer a resistência
superficial do material com a deformação plástica. A marca de impressão deixada na superfície
do material e a carga utilizada são os fatores que definem a medida de dureza (GARCIA, SPIM
e SANTOS, 2014).
Entre os ensaios de dureza, o ensaio de dureza Vickers, também conhecido como
pirâmide de diamante, tem um maior destaque por ser passível de aplicação em materiais
cerâmicos e metálicos (CALLISTER JR e RETHWISCH, 2012). Os valores de dureza Vickers
podem ser convertidos em outras escalas de dureza, tais como as durezas Rockwell e Brinell.
Além disso, esses autores também relatam que as medidas de dureza podem ser utilizadas para
a estimativa do limite de resistência à tração dos materiais metálicos, como mostra a Equação
(61) utilizada para os aços (CALLISTER JR e RETHWISCH, 2012; GARCIA, SPIM e
SANTOS, 2014).
em que:
LRT = limite de resistência à tração (MPa);
HB = valor de dureza Brinell.
Figura 15 – Valores de dureza Vickers (HV) em função das velocidades de propagação das
ondas ultrassônicas longitudinais.
𝐻𝑉 𝑛
𝜎𝐸 = .𝐵 (64)
3
em que:
E = tensão de escoamento;
56
𝜎𝐸 = 2𝐸 (65)
1
1 1 𝛼𝐿 −6
𝜎𝐸 = 𝜎0 + 𝐾𝑌 ( ) (66)
𝐶 𝑊(𝑉𝐿 , 𝑉𝑇 ) 𝑓 4
em que:
E = tensão de escoamento;
𝜎0 = tensão de atrito que resiste ao movimento de deslocamento;
𝐾𝑌 = Relação de Hall-Petch;
𝐶 = constante;
𝑊(𝑉𝐿 , 𝑉𝑇 ) = constante estabelecida por meio da relação entre as velocidades longitudinal e
transversal;
𝛼𝐿 = coeficiente de atenuação das ondas longitudinais;
𝑓= frequência da onda ultrassônica.
57
Os valores de 𝐶, 𝑊(𝑉𝐿 , 𝑉𝑇 ) e 𝛼𝐿 podem ser calculados por meio das Equações (67),
(68) e (69) (POPOV et al., 2013).
4𝜋 4
𝐶= (67)
1125
𝑉𝑇4 2 3
𝑊(𝑉𝐿 , 𝑉𝑇 ) = ( 3) ( 5 + 5)
(68)
𝑉𝐿 𝑉𝐿 𝑉𝑇
8𝜋 3 1 2 4𝜋 𝐷 ̅ 1 2 3
4 (69)
𝛼𝐿 = 𝑀 [ ( )] 𝑓 ( ) ( + )
375 𝜌2 3 2 𝑉𝐿3 𝑉𝐿3 𝑉𝐿5
em que:
𝑀 = constante relacionada com o fator de anisotropia;
̅ = tamanho médio dos grãos.
𝐷
1
1 𝛼𝐿 3
̅=(
𝐷 ) (71)
𝐶. 𝑊(𝑉𝐿 , 𝑉𝑇 ) 𝑓 4
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização deste estudo foi adquirida comercialmente uma barra de aço
ABNT/SAE 1020, homogênea, na condição normalizada, procedente da empresa Gerdau. Essa
liga metálica foi selecionada, inicialmente, com o intuito de avaliar a aplicação de um sistema
eletrônico de emissão e detecção de ondas ultrassônicas. Isso porque o sistema eletrônico,
apresentado por Carvalho (2020), se mostrou eficaz para a caracterização das propriedades
elásticas de ligas metálicas não ferrosas, mas não existiam maiores informações sobre a
possibilidade de caracterização não destrutiva de ligas ferrosas. Logo, entre as ligas ferrosas, o
aço 1020 foi escolhido como material de teste. Outro ponto importante que contribuiu para a
escolha do aço 1020 foi o seu destaque como um dos principais insumos utilizados na indústria
mecânica. A Tabela 4 apresenta a composição química do aço SAE 1020 disponibilizada no
catálogo técnico da empresa Gerdau.
O valor do volume (V) da barra de aço 1020 foi calculado pela Equação (72), sendo
obtido por meio do raio (r) e altura (c) da amostra. Assim, a densidade () foi calculada de
acordo com a Equação (73), que consiste na razão entre a massa (m) e o volume (V). A massa
da barra foi aferida com uma balança digital da marca Marte, modelo MS 30K1, com resolução
de 0,01 g. Neste estudo foi utilizado o valor da massa média, obtida a partir de três medidas
realizadas com remoção e o reposicionamento da barra sobre o prato de pesagem da balança. A
Figura 17 ilustra o procedimento de medida da massa. A densidade calculada para a barra de
aço 1020 foi considerada uniforme, uma vez que a amostra utilizada possui inércia constante e
distribuição de massa homogênea.
𝑚
= 𝑉
(kg/m3) (73)
O circuito receptor utilizado gera na saída um sinal amplificado com ganho pré-
definido, diminuindo as interferências que possam prejudicar o processo de medição. A Figura
20 apresenta os transdutores, emissor e receptor, alinhados nas extremidades da barra de aço
1020. As extremidades da barra foram previamente polidas com lã de aço e detergente, para
remover resíduos provenientes da oxidação. O material utilizado como acoplante entre os
transdutores e a barra foi a vaselina em pasta, evitando assim a presença de ar entre as interfaces.
61
em que:
c = comprimento da amostra (m);
t = tempo (s).
Z = ∙ 𝑉𝐿 (kg/m2.s) (76)
2 . 𝑍2
T= (77)
𝑍2 +𝑍1
𝑍2 − 𝑍1
R= (78)
𝑍2 +𝑍1
em que:
T = percentual de energia transmitida (%);
R = percentual de energia refletida (%);
Z1 = impedância acústica do aço (kg/m2.s);
Z2 = impedância acústica do acoplante (kg/m2.s).
Para o cálculo e análise do índice de anisotropia (r) foi utilizada a Equação (79),
que estabelece uma relação por meio das constantes elásticas 𝐶44 e 𝐶11 (WISKEL et al., 2015).
1
1 𝐶44 2
𝑟= 32 ( ) (79)
𝐶11
65
O valor do limite de escoamento (𝜎𝐸 ) foi analisado por meio das relações
apresentadas na Tabela 9, onde é possível perceber que essa propriedade se relaciona com os
valores de dureza (HV).
66
Com o intuito de realizar uma análise comparativa entre os valores estimados de LRT,
HB e 𝜎𝐸 , com valores medidos na barra de aço 1020, foram realizados ensaios mecânicos
convencionas de tração e dureza HB. Para o ensaio de tração a barra de aço 1020 foi cortada
em um pedaço menor, que foi usinado em dimensões aproximadas de 50 mm de comprimento
e 6 mm de diâmetro. Estas dimensões não consideram as roscas produzidas nas extremidades
para fixação do corpo de prova na máquina de ensaio de tração.
Para as medidas de dureza foi obtido um corpo de prova na forma de disco, cortado a
partir da seção transversal da barra, cujas dimensões eram de 18,76 mm de diâmetro e 10 mm
de espessura. O valor médio da dureza HB foi calculado a partir da realização de três medidas
feitas com um indentador de esfera de aço com 10 mm de diâmetro e carga de 3000 kgf.
O equipamento utilizado, tanto para a obtenção do diagrama tensão-deformação e para
as medidas de dureza Brinell (HB), foi uma máquina acadêmica de ensaios Universal, modelo
WP 300, pertencente ao laboratório mecânico do Centro Universitário FIPMoc - UniFIPMoc.
A Figura 22 apresenta uma imagem do equipamento, que foi operado na forma manual durante
a aquisição dos dados. Depois coletados, os dados gravados foram exportados do equipamento
e analisados no programa Origin 8.0®. Dessa forma, foram analisados na amostra de aço 1020
os valores dos limites de resistência à tração e escoamento.
67
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 10 apresenta o valor da densidade calculada para a barra de aço 1020 por
meio da razão entre a massa e o volume. O valor obtido para a densidade da barra está de acordo
com o valor médio relatado na literatura para o aço 1020, que é de 7860 kg/m 3, conforme
relatado no Handbook of Engineering Practice of Materials and Corrosion, pág. 329 (EUN,
2020). Entretanto, os valores de densidade do aço 1020 podem variar entre 7840 kg/m3 e
7870 kg/m3. Esse fato está associado ao tipo de processo utilizado para a obtenção do aço e aos
tratamentos térmicos (FREITAS et al., 2010; MEZA et al., 2019; MATWEB, 2020).
A energia acústica refletida e transmitida para a barra de aço 1020 foi calculada
utilizando os valores das impedâncias acústicas do acoplante (Z2) e da barra de aço (Z1). Para
calcular a impedância acústica da barra foi utilizada a Equação (76), representada pelo produto
entre a densidade calculada () e o valor médio de VL. A Tabela 12 apresenta o valor calculado
da impedância (Z1) e o valor de referência (Z) para o aço 1020. O resultado mostra que o valor
calculado neste estudo é muito próximo do valor de referência relatado por Ginzel e Turnbull
(2016).
Tabela 13 – Valores calculados das constantes elásticas e a diferença percentual em relação aos
valores de referência.
Meza et al. (2019) calcularam as constantes elásticas C11 e C12 por meio da técnica
ultrassônica da transparência aplicada em uma barra de aço 1020 com condição de tratamento
térmico desconhecida. Como resultado, esses autores relataram valores de C11 = 256 1,5 GPa
e C12 = 103 2,0 GPa. No presente estudo, os valores calculados foram C11 = 270,02 GPa e C12
= 106,66 GPa. Estas constantes elásticas estão relacionadas com o primeiro parâmetro de Lamé
(), sendo encontradas diferenças, em relação aos valores de referência, de 5,48% e 3,55% para
as constantes C11 e C12, respectivamente.
A constante elástica C44 representa o módulo de elasticidade transversal do
material, que também é denominada de módulo de cisalhamento (G). Conforme apresentado
anteriormente, outros autores também denominam essa constante como segundo parâmetro de
Lamé (). O módulo de cisalhamento (G) é muito importante para a análise das propriedades
elásticas de um material, quando ele é solicitado mecanicamente pela seção transversal. Para o
aço 1020, o módulo de cisalhamento (G) pode apresentar valores em torno de 80 GPa, conforme
relatado Jiangsu (2020). Freitas et al. (2010) demonstraram em sua pesquisa a utilização ondas
ultrassônicas de modo longitudinal e transversal para determinação do módulo de cisalhamento
em diferentes aços, sendo encontrado um valor de G = 82,10 GPa para o aço 1020. No presente
71
trabalho foi calculado para o aço 1020 um valor de G = 81,68 GPa, sendo esse o valor
praticamente o mesmo da referência para vários tipos de aços.
No que se refere ao coeficiente de Poisson (𝑣), esse parâmetro é calculado nos
materiais isotrópicos para estabelecer uma relação entre as deformações longitudinais e
transversais. Callister JR e Rethwisch (2012) mostram que o coeficiente de Poisson para a
maioria dos aços assume valores de 𝑣 = 0,30. Outros autores relatam que o coeficiente de
Poisson, medido na temperatura ambiente de 25°C, pode variar entre 0,28 a 0,29 (LUECKE et
al., 2005, pág16). Desta forma, percebe-se que o valor de 𝑣 = 0,28 calculado nesse estudo para
o aço 1020 está de acordo com o esperado para a maioria dos aços.
O módulo de elasticidade (E), também conhecido como módulo de Young, permite
estabelecer uma relação entre tensão e a deformação dos materiais metálicos, quando estes
materiais são submetidos ao esforço de tração. Conforme descrito por Kang e Zhong-Ci (1996),
o módulo de elasticidade para a maioria dos aços é de aproximadamente E= 200 GPa.
Entretanto, no aço 1020, Freitas et al. (2010) encontraram com ondas ultrassônicas os valores
do módulo de elasticidade variando entre 210,98 a 212,01 GPa. No presente estudo, o resultado
obtido para o módulo de elasticidade foi de 𝐸 =209,62 GPa.
O módulo de compressibilidade volumétrica (K) representa a rigidez à deformação
volumétrica do material. Dados publicados no Website da mydatabook.org
(http://www.mydatabook.org/solid-mechanics/bulk-modulus/) mostram que o valor do módulo
(K) dos aços pode variar de 138 GPa a 179 GPa. Jiangsu (2020) descreve um valor de 𝐾 =140
GPa para o aço 1020 laminado. No presente estudo, foi encontrado para o aço 1020 normalizado
o valor de 𝐾 =161,11 GPa, estando esse valor dentro da faixa de valores esperados para o aço
carbono, independentemente da condição de tratamento térmico.
De acordo com Souza (2014), para os materiais perfeitamente isotrópicos admite-
se que o valor de r é igual a 1. Este valor também é adotado para a análise de aços normalizados,
mesmo conhecendo as dificuldades em se obter um material perfeitamente isotrópico.
Entretanto, em alguns projetos de engenharia, onde é necessário determinar com precisão o
valor de r, é possível encontrar valores que variam entre 0,9 e 1,2 para aços de alta resistência
e com baixo teor de carbono (KALPAKJIAN e SCHMID, 2009; pág.409). Assim, o resultado
encontrado para o índice de anisotropia r = 0,95 sugere que o aço 1020 normalizado se apresenta
como um material de tendências isotrópicas, estando de acordo com o esperado para a maioria
dos aços com baixo teor de carbono.
72
A tensão de escoamento (𝜎𝐸 ) é uma propriedade mecânica que delimita a fase entre
o comportamento elástico e plástico do material. Souza (2014) demonstrou que os aços com
baixo teor de carbono possuem um valor de escoamento em torno de 270 MPa. Para o aço 1020,
esses valores podem ser encontrados na faixa entre 230 a 350 MPa (KINAMI; CASTRO e
OLIVEIRA, 2013). O resultado do ensaio de tração para a amostra de aço 1020 mostra uma
tensão de escoamento de 304,26 MPa, estando dentro da faixa de valores esperado. Entretanto,
de acordo com informações fornecidas por Gerdau (2003), a barra de aço 1020 na condição
normalizada apresenta tensão de escoamento igual a 345 MPa. O valor encontrado de 304,26
MPa pode estar associado ao procedimento de ensaio manual, onde o ideal seria a realização
do ensaio com velocidade de tensionamento controlada entre 6 e 30 MPa/s, conforme ABNT
NBR ISO 6892-1/2013, evitando o comprometimento na obtenção de uma região elástica bem
definida.
O limite de resistência à tração (LRT) é uma importante propriedade mecânica que
permite identificar o valor máximo de tensão que o material irá suportar, quando submetido ao
esforço de tração. No ensaio de tração foi encontrado LRT = 440,85 MPa para amostra de aço
73
1020. Na prática, não houve diferença entre o valor obtido na amostra e o valor de LRT = 440
MPa fornecido da barra de aço 1020 normalizada (GERDAU, 2003).
No que se refere ao ensaio de dureza Brinell (HB), o valor encontrado na amostra
de aço 1020 foi de 127 HB. De acordo com Gerdau (2003), o aço 1020 normalizado possui um
valor de dureza igual a 131 HB, sendo esse valor próximo ao valor medido na amostra.
Conforme abordado anteriormente, o LRT pode ser estimado por meio de medidas de HB. Neste
caso, substituindo na Equação (61) o valor de HB medido na amostra, encontra-se:
O valor calculado para o LRT concorda com o resultado da Figura 23 obtida por
meio do ensaio de tração. Isso mostra que os valores de LRT e dureza HB encontrados na
amostra de aço 1020 por meio dos ensaios mecânicos convencionais estão próximo dos valores
de referência disponibilizados por Gerdau (2003).
A partir dos modelos propostos na Tabela 9, tentou-se estimar o valor da tensão de
escoamento (𝜎𝐸 ) para o aço 1020 utilizando os valores de dureza Vickers (HV) e do módulo de
elasticidade (E). Ono (2020) demonstrou que o valor de dureza (HV) no aço 1020 pode variar
entre 100 e 206 HV, em função dos diferentes tratamentos térmicos. Além disso, as durezas HB
e HV podem ser facilmente relacionadas, podendo os valores de dureza na faixa entre 100 e
1000 HV assumirem valores praticamente idênticos aos de dureza HB (METALS
HANDBOOK, 1978). Logo, assumindo que a dureza da amostra de aço 1020 seja de 127 HV,
tem-se na Tabela 14 alguns resultados estimados para a tensão 𝜎𝐸 .
Considerando que a amostra de aço 1020 apresente um valor de dureza HV = HB,
nota-se que os valores calculados de 𝜎𝐸 com os dois modelos utilizados são próximos em si,
estando em torno de 275 MPa. Entretanto, esses valores foram um pouco diferentes daquele
observado no resultado do ensaio de tração, o qual foi de 304,26 MPa. Esse fato pode estar
associado ao uso de modelos que utilizam valores de HV obtidos em função de VL. Para analisar
essa hipótese, também foi feito cálculo de HV utilizando o valor de VL calculado na barra de
aço 1020. Neste caso, foram utilizados os modelos propostos por Orlowicz et al. (2009) e
Fonseca e Reguly (2011) para a estimativa do LRT com ondas ultrassônicas. Com o modelo de
Fonseca e Reguly (2011) foi calculado um valor de LRT = 447,81 MPa, sendo este valor o que
mais se aproximou do resultado obtido no ensaio de tração (LRT = 440,85 MPa), como mostra
a seguir na Tabela 14.
74
Utilizando o valor de LRT = 447,81 MPa, na relação proposta por Garcia, Spim e
Santos (2014) para a estimativa do valor de HB, e considerando também que HB = HV,
encontra-se:
O resultado mostra que o valor de LRT estimado por meio de VL pode ser utilizado
para a estimativa da dureza, uma vez que o valor obtido de 129,80 HV é muito próximo do valor
considerado para a amostra de aço 1020, que foi de 127 HV, e do valor de referência para o aço
1020 normalizado, que é de 131 HV. Por outro lado, utilizando nos modelos propostos para o
cálculo de HV o valor de LRT = 447,81 MPa, constata-se uma maior diferença de valores em
relação ao valor medido experimentalmente de 127 HV.
75
será de 0,229 N.mm/mm3. Nesse caso, segundo Souza (2014), o resultado estaria indicando que
o material investigado se trata de um aço com médio teor de carbono, e, portanto, esse
procedimento foi desconsiderado neste estudo.
De acordo com dados disponíveis no makeitfrom.com (banco de dados on-line de
propriedades dos materiais: https://www.makeitfrom.com/material-properties/SAE-AISI-1020-
S20C-G10200-Carbon-Steel), pode-se encontrar o valor do módulo de resiliência (𝑢𝑟 ) variando
entre 0,15 a 0,38 N.mm/mm3. Porém, é importante observar que essa ampla faixa de valores
está associada às alterações microestruturais dos aços 1020, decorrentes dos diferentes tipos de
tratamentos térmicos. De qualquer forma, o valor calculado para a barra de aço 1020 também
está dentro da faixa de valores relatada para o aço 1020 em diferentes condições de tratamento
térmico.
77
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e Engenharia dos Materiais. 4º ed. São Paulo:
Cengage, 2019.
ASSEF, A. A.; GEWEHR, P. M.; COSTA, E. T.; MAIA, J. M.; GAMBA, H. R.; BUTTON, V.
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