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Metais dos Materiais

Ciência e Tecnologia
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. Propriedades, características e comportamento dos materiais


de construção;
2. Estrutura cristalina e micro estrutura dos materiais de
construção;
3. Critérios de seleção dos materiais de construção em função
de suas propriedades;
4. Propriedades físicas dos materiais de construção;
5. Propriedades mecânicas dos materiais de construção;
6. Propriedades térmicas dos materiais de construção;
7. Propriedades elétricas dos materiais de construção;
8. Propriedades químicas dos materiais de construção.

Ainda falta estudar:


4. Propriedades físicas dos materiais de construção
(Juliana já falou de densidade e resistividade
elétrica). Veremos condutividade térmica e dilatação
térmica em propriedades térmicas e propriedades
óticas e magnéticas.
5. Propriedades mecânicas dos materiais de construção;
6. Propriedades térmicas dos materiais de construção;
Metais dos Materiais
Ciência e Tecnologia
Materiais comumente utilizados em construção

• Metais (cap 6, 9, 10 (superf.), 11(superf.) do Van Vlack +


cap 2 Beer&Johnston de Resistência dos Materiais + cap
4, 6, 7, 8, 9, 10 e 11(parcial) do Callister.
1. Propriedade e comportamento
5. Propriedade mecânica
• Concreto (material do Leandro)
1. Propriedade e comportamento
5. Propriedade mecânica
• Cerâmica (cap 12 do Callister)
1. Propriedade e comportamento
5. Propriedade mecânica
• Madeira (cap 13 Van Vlack)
1. Propriedade e comportamento
5. Propriedade mecânica
• Polímeros (cap 14 Callister)
1. Propriedade e comportamento
5. Propriedade mecânica

6. Propriedades térmicas dos materiais de construção (cap 19


Callister)

4. Propriedades físicas (óticas e magnéticas) dos materiais de


construção (cap 20 e 21 Callister, superficialmente)
Metais

Metal pode ser classificado como puro ou liga

1) Metais Puros: apenas um componente


• cobre (para fiação elétrica)
• zinco (para galvanização de aço)

2) Liga: um segundo componente é intencionalmente


adicionado p/ melhorar as propriedades do metal
Forma-se uma solução sólida:

substitucional intersticial
• Monofásicas: uma única fase (limite de
solubilidade não é ultrapassado)
• latão (cobre-zinco)
• bronze (cobre-estanho)
• cobre-níquel
• Multifásicas (ou polifásicas): contém fases
adicionais (limite de solub. ultrapassado)
• aços
• metal de solda (estanho-chumbo)
• etc...
 serão estudados mais adiante
Metais
 Microestrutura de ligas MONOFÁSICAS
• Átomos em metais se organizam em cristais

arranjo CCC arranjo CFC arranjo HC

• Contorno de Grão em ligas monofásicas


•as células unitárias no interior do grão estão arranjadas numa
única orientação.

cristais de diferentes visualização do contorno de


orientações no contorno grão (microscópio após ataque
químico da superf. do metal)
(desordem na orientação do
contorno)
• material policristalino: material
com muitos grãos
• cristais adjacentes tem
orientações diferentes
• microestrutura com diferentes:
• tamanhos (A x B)
• forma (A x C)
• orientação (B x D)
Metais
• Crescimento de grão define orientação das células
unitárias

 Processamento das Ligas


1. Fundição p/ formar a liga:
 remover impurezas indesejáveis
 adicionar um segundo componente (uniformemente
distribuído)
2. Vazar no molde (com forma do produto final)
 torneira, sino, etc.
 lingote (bloco de metal) a ser conformado (trabalhado)
 em altas temperaturas:
 laminação
 forjamento
 extrusão
 em temperatura ambiente:
 trefilação
 repuxamento
 estampagem
Metais
 em altas temperaturas:

laminação
(eg. vergalhão p/ armação forjamento extrusão
no concreto armado)
 em temperatura ambiente:

trefilamento

repuxamento estampagem

 Deformação Elástica
• aplicar carregamento causa deformação
 tração causa alongamento na direção do carregamento
 compressão causa redução da dimensão na direção do
carregamento.
• retirar carregamento volta às dimensões originais (regime elástico)
• deformação () é proporcional ao carregamento (P) na
deformação elástica.
P
exemplo para
carregamento L0 L
uniaxial

=LL0

Metais
 deformação elástica é causada por um pequeno alongamento
(ou contração) da célula unitária.
 ocorre variação no espaço interatômico x

tração compressão

 quanto maior a força de atração entre os átomos maior é a


resistência à deformação das células unitárias.
 curva P versus  é característico da barra.
 tensão normal  = P/A [MPa]
 deformação específica normal  = /L0 [adimensional]

=LL0
no regime linear  = E·
E: módulo de elasticidade
E ou módulo de Young

 quanto maior a força de atração entre os átomos maior é o
módulo de elasticidade. É propriedade intrínseca do material.
 alongamento ou compressão produz “acomodação” nas
direções perpendiculares à direção da carga.
 relação negativa entre deformação axial x e as deformações
nas direções perpendiculares (y e z) é o coeficiente de Poisson
().
 Poisson () varia aprox. de 0,1 a 0,45 em metais
y 
 x  E  x v  z
x x
Metais
 Tipos de carregamento no material:
1. força normal (tração ou compressão)
2. momento fletor
3. força cortante (ou cisalhante)
4. momento torsor (ou torque)

tração compressão

momento fletor
momento
torsor
cortante
 tipos de tensões no material:
1. tensão normal (): causa deformação específica linear ()
 tensão normal é perpendicular à área da seção
utilizada para calculá-la
 tensão é normal no cubo elementar
• força longitudinal (ou axial) de tração ou compressão
• momento fletor
2. tensão de cisalhamento (): causa deformação de
cisalhamento ()
 tensão de cisalhamento é tangente à área da
seção utilizada para calculá-la
 tensão é tangente no cubo elementar
• força cortante
• momento torsor (ou torque)
Metais

 Representação dos Estados de Tensão no material


1. tensão normal ()
exemplo uniaxial na direção x
x
1+z
y x 1 1 1+x

1+y
1
z
x
x x
deformação específica (x) uniaxial
tensão normal uniaxial (y e z são negativos)

2. tensão de cisalhamento ()


exemplo no plano xy

/2

tensão de cisalhamento deformação de


no plano xy cisalhamento  no plano xy

• Estado Geral de Tensão

z
x
Metais
 tensão de cisalhamento () produz deformação angular ()
causada pela pequena distorção das células unitárias seguindo a
direção do carregamento cisalhante.

 relação entre tensão de cisalhamento () e deformação de


cisalhamento ()
=G· G: módulo de rigidez transversal
 relação entre E e G
E = 2G(1+)

 Relação entre módulo de elasticidade (E) e direção cristalina


 materiais policristalinos são anisotrópicos: comportamento
diferenciado para diferentes direções.
 módulo de elasticidade (E) varia com a orientação cristalina.
E máx E mín E méd
F Metal
[GPa] [GPa] [GPa]
Alumínio 75 60 70
Ouro 110 40 80
x Cobre 195 70 110

y
Ferro (CCC) 280 125 205
F
 cada trecho da seção b-b tem um
valor de Ex na direção x definido pela
orientação de cada grão.
 seção toda se deforma de mesmo
x=/L médio.
 como x = Ex·x
 cada trecho tem um valor de x
Metais

 metais utilizados em engenharia tem, em geral, grãos


orientados ao acaso.
 Utiliza-se módulo de elasticidade médio e considera-se o metal
como isotrópico.

 Tensões em um Plano Oblíquo à direção de carregamento


 barra sujeita a um carregamento axial (  = P/A )

 barra sujeita a um carregamento transversal ( = P/A )


A 

 analisando uma seção oblíqua da barra definida por ângulo 

  
A0 A P  F V


 F V
F  
F  P  cos  A A
 
V  P  sen P A cos  
A0
 90°   A
 A0
A0
V A 
cos 
Metais

F V
 
A A
P  cos  P  sen
 
A0 / cos  A0 / cos 
P P
  cos 2    sen cos 
A0 A0

 conclusão: ocorre tensão de cisalhamento () em um plano


oblíquo (definido por ) mesmo que um carregamento axial (P)
seja aplicado.

 Deformação Plástica
 deformação de cisalhamento ocorre mesmo que tensões
normais (tração ou compressão) forem aplicadas.
 metais se deformam plasticamente pelo deslizamento de um
plano cristalino em relação a planos adjacentes.

plano de
escorregamento

tração compressão
F
 deslizamento ocorre paralelo ao plano cristalino de
escorregamento mais fácil.
 Pode ocorrer deformação plástica também por maclação (será
visto mais adiante).
Metais
 Existe um plano mais favorável ao escorregamento das
discordâncias (plano de escorregamento).
 A direção do movimento é chamada de direção de
escorregamento.
 A combinação de plano de escorregamento e direção de
escorregamento define o sistema de escorregamento.

 O número de planos através dos quais ocorre escorregamento


varia com a estrutura cristalina (muitos planos permitem o
escorregamento nos metais cúbicos):
 Metais CFC (cúbico de face centrada) e CCC (cúbico de corpo
centrado) possuem grande número de sistemas de
escorregamento (12 e 24): CFC e CCC são metais dúcteis
porque apresentam deformação plástica ao longo de vários
sistemas de escorregamento.
 Metais HC (hexagonal compacto) possuem poucos sistemas de
escorregamento (3 e 6): HC são frágeis porque possuem poucos
sistemas de escorregamento.
Metais
 Na deformação plástica, após a retirada do carregamento, os
planos não voltam para suas posições originais.
 Material permanece com uma deformação plástica permanente
(mudança de lugar permanente dos átomos da rede cristalina).
 Tensão de cisalhamento necessária para produzir esse
deslizamento é chamada de tensão crítica de cisalhamento (c).
 Tensão de cisalhamento efetiva
P
sen(2 )  2  sen  cos    sen cos 
A0
sen(2 )
sen  cos   P
2   sen2
2  A0
 se sen2=1 então =45°
 escorregamento ocorre com mínimo esforço axial quando =45°
 tensão de cisalhamento efetiva é:
P

2  A0

 Mecanismo de Deslizamento
 mecanismo simplificado (maclação): movimento ocorre pelo
deslocamento simultâneo e cooperativo de todos os átomos do
plano que está deslizando.
b G

a 2
modelo de Frenkel

 porém o valor experimental é bem menor (no ferro, a tensão de


cisalhamento experimental para iniciar o escoamento é 20 vezes
menor que a teórica de Frenkel).
Metais
 evidência experimental sugere mecanismo envolvendo
movimento das discordâncias varrendo os planos de
escorregamentos.

 DISCORDÂNCIAS (Cap 4 do Callister)


 Discordâncias são defeitos cristalinos que ocorrem na
microestrutura de um material fazendo com que alguns átomos
da rede cristalina fiquem desalinhados, sendo de dois tipos:
 Discordância Aresta: uma porção extra de plano de átomos
termina no interior do cristal.
 Ocorre distorção localizada da rede cristalina em torno da
linha de discordância (compressão na parte de cima e
compressão na parte de baixo)
 Distorção diminui a medida que se afasta da linha de
discordância.
 Discordância Espiral: discordância causada pela aplicação de
tensão cisalhante.

discordância espiral
discordância aresta

 A maioria das discordâncias


não são puramente em Aresta
nem puramente em Espiral,
mas sim discordâncias Mistas
que apresentam
componentes de discordância
Aresta e discordância Espiral
discordância
mista
Metais
 deformação plástica envolve o rearranjo de apenas alguns
átomos ao seu redor (não mais todos os átomos do plano
cristalino).
 escorregamento requer crescimento e movimento de uma linha
de discordância.
 E  l·G·b2 (energia de difusão é proporcional ao comprimento
(l), ao módulo de elasticidade transversal (G) e ao quadrado do
vetor de Burgers (b é perpendicular à linha de discordância)).
 Discordâncias mais sujeitas a ocorrer são as de menor energia,
portanto menor b.

  2a
2G  b (1 )
 PN  e
1 
modelo de

Piers-Nabarro

 deformação plástica causada pela movimentação da


discordância exige tensão menor que a necessária para mover
um plano todo (mecanismo simplificado na maclação).
 analogia da lagarta auxilia no entendimento do movimento das
discordâncias.
Metais

plano A é o meio plano


inicial extra de átomos processo é subsequentemente
repetido para outros planos
as ligações interatômicas de plano B são separadas ao longo do plano de
cizalhamento e a metade superior do plano B se torna o meio-plano extra à
medida em que o plano A se liga com a metade da base do plano B

discordância em espiral
discordância em aresta

 alguma fração da energia de deformação (aproximadamente


5%) é retida internamente; a parte remanescente é dissipada
como calor.
 Ao aplicar o carregamento no material este se deforma primeiro
elasticamente e depois plasticamente, sendo que após a retirada
do carregamento ocorre o retorno elástico e a existência de uma
deformação plástica permanente no material.
Metais
 Movimento de discordância em Soluções Sólidas
 solução é uma fase com mais de um componente.
 quando uma discordância encontra átomos de “impurezas”,
movimento da discordância fica “restrito”.
 é necessária mais energia para continuar havendo
movimentação da discordância se houver impurezas.
 soluções sólidas (que contém impurezas) são mais resistentes
que os metais correspondentes. (e.g. ferro versus aço).

 todos os materiais cristalinos contém discordâncias


introduzidas:
• durante a solidificação,
• durante deformação plástica
• como uma consequência das tensões térmicas
(resfriamento rápido)
 Metais POLICRISTALINOS
 A deformação plástica bruta (“total”) de um metal policristalino
corresponde à “soma” da distorção dos grãos individuais por
meio de escorregamento interno em cada grão
 os contornos de grão não se abrem (ou despedaçam) durante a
deformação.
Metais

grãos equiaxiais (tem grãos se tornaram


aprox. mesmas alongados ao longo da
dimensões em todas as direção na qual o material
cobre policristalino antes direções) antes de foi estendido
da deformação aplicar carregamento
 há vários planos de deformação no interior de cada grão de
cada cristal (além do plano de menor energia que fica a 45° da
direção da força normal).
 cada grão individual é deformado, de uma certa quantidade, na
forma em que ele pode assumir por seus grãos vizinhos.
 diferentes planos de deslizamento podem estar ocorrendo
simultaneamente no interior de um grão se o grão se deformar de
acordo com seu grão vizinhos (mesmo não sendo o plano de
menor energia).
 embora o plano de deformação em um monogrão possa ser
favoravelmente orientado com a tensão aplicada para escorregar
(45°), ele não pode se deformar até que grãos adjacentes e
menos favoravelmente orientados sejam capazes de escorregar
também.
 então os materiais policristalinos com:
o maior número de sistemas de deslizamento são dúcteis (CCC e
CFC tem 12 e 24 sistemas de deslizamento independentes).
o menor número de sistemas de deslizamento são frágeis (HC
tem apenas 3 e 6 sistemas de deslizamento independentes).
Metais
 Deformação Plástica por Maclação (twin)
 modo de deformação plástica que exige o movimento
coordenado de muitos átomos (exige muita energia).
 é uma maneira “alternativa” de deformação plástica em planos
no qual o deslizamento entre planos não é favorável (quando a
movimentação das discordâncias não é “facilitada”).
superfície polida
 


 
plano de plano de
maclação maclação escorregamento maclação
(slip) (twin)

 maclação ocorre em condições a que está restrito o processo


de escorregamento:
• a baixas temperaturas
• altas taxas de carregamento (carregamento de choque),

 Ensaio de Tração
 aplica-se incremento gradativo de deslocamento nas
extremidades corpo de prova (feito do material que se deseja
testar).

L0 corpo de prova
Metais
 mede-se a força das extremidades (P) e a deformação ()
obtida do corpo de prova ( = LL0).
 obtém-se o gráfico de P versus .

L0 L

estricção:
redução
da seção

 curva P versus  é característico do corpo de prova (depende


do comprimento inicial L0 e da área A).
 Calcula-se:
 tensão normal  = P/A [MPa]
 deformação específica normal  = /L0 [adimensional]
 Constrói-se gráfico  versus , que contém informação apenas
do material.
 tensão  do teste é chamada de tensão de engenharia
 deformação  do teste é chamada de deformação de
engenharia.
 É comum obter resultados ligeiramente diferentes para um
material de mesma especificação.
 Algumas características do material podem ser obtidas do
ensaio de tração:
 escoamento  ruptura
 tensão de escoamento
 recuperação  tensão última
 estricção  tensão de ruptura
Metais
 metal dúctil (e.g. aço carbono)
 [MPa]

região
elástica

 Região Elástica:
 pequeno alongamento das células unitárias
 comportamento linear
 obtenção do módulo de elasticidade (E) (ou módulo de Young)
  = 0,1 a 0,2%
 Região de Escoamento:
 a capacidade de um material de se deformar
plasticamente depende da capacidade das discordâncias
se moverem.
 movimentação das discordâncias causa deformação
permanente do material (deformação plástica) de 10 a 15
vezes maior que a observada na região linear.
 após pequeno “pico”, tensão sofre uma pequena queda
 tensão de escoamento (E ou Y) definida no limite inferior
da região de escoamento (quando limite inferior for
observado).

E
Metais
 quando limite inferior não for detectado, utilizar o método
do limite convencional de escoamento: linha reta é
construída paralelamente à porção elástica e posicionada
em 0,2%. Tensão obtida é a E

E

 Exercício: calcule o módulo de elasticidade e determine a


tensão de escoamento, tensão última e tensão de ruptura do
material do ensaio de tração abaixo.

E

U 200 106  0
E  83,3 109
0,0024  0
R
E  83,3GPa
E
E=250MPa
U=450MPa
R=380MPa

obs: na realidade o limite


E E elástico da curva =E é
um pouco inferior à tensão
de escoamento E
=0,002
Metais

 Região de Recuperação (ou encruamento):


 após o escoamento, ocorre a fase de recuperação do
metal.
 ocorre aumento da resistência do material até que seja
atingida a tensão última (U).
 E e U estão relacionadas à facilidade com a qual a
deformação plástica pode ocorrer.
 Fatores que influenciam no deslizamento das
discordâncias:
o Contornos de grão:
de contorno de grão que impede o movimento das
obs: material com granulação fina tem maior área

• movimento das discordâncias devem ser


discordâncias e portanto tem maior resistência

redirecionados à medida que tentar “penetrar” no


grão adjacente (necessário mais energia p/ mover)
• descontinuidade dos planos de escorregamento de
um grão para o outro.
o Entrelaçamento das linhas de discordância:
• durante deformação plástica, o número de
discordâncias aumenta drasticamente.
(limite de escoamento)

• o movimento de uma discordância é impedido pela


presença de outras discordâncias, aumentando a
tensão crítica de cisalhamento (c) que define a
deformação plástica e assim U.

contorno de grão entrelaçamento de


discordâncias
 fase de recuperação termina com a tensão última (u),
tendo o início da estricção.
Metais

 Região de Estricção:
 aumento da tensão causa redução da seção transversal
(A).
 resistência do corpo de prova diminui, causando redução
da carga P necessária para continuar deformando o
material
 corpo de prova se deforma até a ruptura, definindo a
tensão de ruptura (R )
início da estricção
U

R
E x
tensão

deformação
 Ruptura:
o em metal DÚCTIL se dá principalmente por cisalhamento
o superfície em forma de cone (45°) em relação à direção
do carregamento P.
o também ocorre falha alveolar na parte central do corpo de
prova (será visto mais adiante)

P P
45°
Metais
o em metal FRÁGIL a falha se dá principalmente pela
clivagem
o plano de falha perpendicular às tensões normais
o não ocorre mudança sensível no modo de deformação.
o tensão última (U) = tensão de ruptura (R)
o falha ocorrem no plano perpendicular ao carregamento
axial.
U= R

P P

 Propriedades dos metais Deformados Plasticamente


 deformação plástica modifica estrutura interna do metal,
portanto altera propriedades do metal.
 altera tensão de escoamento no corpo de prova

nova E
E
aplicar
carregamento, retirar
e reaplicar

 trabalho a frio no metal (cold work) altera tensão última (U)

A0

A0: área original da seção Ad


Ad: área após deformação
Metais

alteração da tensão de
escoamento (E) e
tensão última (U)
devido ao trabalho a
CW: cold work
frio (para um aço de
(trabalho a frio) baixo carbono)

E U

 diminui a ductilidade (capacidade de se deformar


plasticamente sem apresentar ruptura), que pode ser
especificada pelo módulo de tenacidade (energia
absorvida pelo material antes de apresentar falha).
módulo de tenacidade reduzido

P
Metais
 ductilidade também pode ser medida pela porcentagem de
variação do comprimento do corpo de prova

 l f  l0 
% EL    100
 l0 
lo: comprimento inicial do corpo de prova
lf: comprimento na falha
%EL depende do comprimento lo do
corpo de prova e deve ser informado
(geralmente 50mm)

redução da ductilidade
devido ao trabalho a frio
(aço, cobre e latão)

 Tensões e Deformações Verdadeiras (versus de Engenharia)


 após início da estricção o material aparenta se tornar mais fraco
 resistência continua aumentando, porém a área da seção está
diminuindo (causando redução da capacidade do corpo de prova
em suportar carregamento).
 diagrama tensão deformação obtido por =P/A e = /L0 é
chamado de diagrama tensão-deformação de engenharia.
 tensão verdadeira (T) é obtida dividindo a força pela área
instantânea do corpo de prova
 T  P / Ai
 deformação verdadeira (T ) obtida pela equação
 T  ln(li / L0 )
 diagrama tensão deformação verdadeira construído utilizando

 T   (1   )
 T  ln(1   )
Metais
 T  K T n (eq após def. plástica)

verdadeira
 linearização da função para
corrigida obter as variáveis K e n.

 correção da curva verdadeira


engenharia levando em consideração a
existência de um complexo
estado de tensão na região do
pescoço do corpo de prova

 softwares de elementos finitos utilizam diagrama tensão


deformação verdadeira em análises não lineares de material
(quando tensões ultrapassam E)

 Definição de Material Dúctil e Frágil


 classificação baseada na capacidade de um material
experimentar deformação plástica e absorver energia.
 materiais dúcteis tipicamente exibem substancial
deformação plástica com alta absorção de energia antes
da fratura.
 materiais frágeis apresentam normalmente pouca (ou
nenhuma) deformação com baixa absorção de energia
antes da fratura.
frágil
dúctil
comparação material
dúctil versus frágil
Metais
 Ductilidade é uma função da temperatura, da taxa de
deformação e do estado de tensão do material:
 temperatura:
 normalmente ocorre variação da ductilidade do material
com a temperatura.
 temperatura altera propagação das discordâncias
(inibição os mecanismos de deformação plástica).
 ocorre mudança no modo metalúrgico de fratura de
cisalhamento (dúctil) para clivagem (frágil)
 estruturas CFC (e.g. cobre, alumínio, níquel e aço
inoxidável austenítico) apresentam uma queda suave de
tenacidade com a diminuição da temperatura.
 metais de estrutura CCC (e.g. aços ferríticos) apresentam
sensível queda em tenacidade em uma certa faixa de
temperatura.

CFC

CCC

Ferro- para
diferentes
temperaturas
Metais
 taxa de deformação:
 qualquer parâmetro que restrinja a deformação plástica
pode provocar uma queda na ductilidade.
 quanto maior a taxa de deformação ( ), menor será a
ductilidade.

1  2  3


Metais
 estado de tensões:
 entalhes e cantos vivos são concentradores de tensão
que alteram a distribuição de tensão em componentes
estruturais.
 soldas geram tensões residuais que afetam a estrutura do
componentes, alterando o estado de tensão.
 assim, o estado de tensão no componentes afeta sua
ductilidade (altera localizadamente a tensão, que pode
iniciar uma falha no material).
Metais
 FRATURA
 Podem ser dúcteis ou frágeis
 Duas etapas:
 iniciação da trinca
 propagação da trinca
 fratura dúctil
• deformação plástica na vizinhança da trinca que avança
• processo lento
• trinca pode ser estável (resiste ao certo nível de tensão
aplicada)
• detectável, permitindo tomada de ações preventivas
 fratura frágil
• sem deformação plástica
• trinca se espalha de maneira rápida
• trinca é instável (uma vez iniciada, propaga-se sem
necessidade de aumento do carregamento)

 FRATURA DÚCTIL
 etapas do processo de fratura dúctil (aumento constante do
carregamento)

a) início da estricção
b) formação e crescimento de micro
vazios (alvéolos)
c) coalescência dos micro vazios,
formando uma trinca perpendicular à
direção do carregamento
cisalhamento

d) rápida propagação da trinca ao redor


do perímetro externo pela deformação
alveolar

de cisalhamento (ângulo de 45°)


e) separação do tipo taça e cone com
parte central alveolar e parte externa
cisalhada
Metais
 aparência irregular e fibrosa da região central é indicativa de
deformação plástica (região alveolar)
 exames fractográficos: microscópio eletrônico para analisar fratura

 alvéolos (metade do micro  alvéolos em forma parabólica


vazio formado no início da (alongadas) característica de
fratura fratura dúctil
 fratura dúctil resultante de  fratura dúctil resultante de
falha sob tensão uniaxial (tensão carga de cisalhamento
normal)

tensão normal
apenas
1, 2 e 3, são as
“tensões principais”

há tensão de
cisalhamento
Metais
 FRATURA FRÁGIL
 ocorre sem deformação apreciável e por rápida propagação da
trinca.
 corresponde à quebra sucessiva das ligações atômicas ao
longo de um plano cristalográfico de clivagem.
 em geral é aproximadamente perpendicular à tensão normal.
 não há sinal de deformação plástica.
 exibem padrões distintos de falhas:

• marcas estriadas em forma de V apontando para local de início


da trinca.

• linhas ou arestas que se irradiam a partir da origem da trinca


numa forma de leque.

• fratura frágil em materiais amorfos (vidros cerâmicos) fornecem


uma superfície relativamente brilhante e lisa.
Metais

 propagação da trinca corresponde quebra à sucessiva e repetida


de ligações atômicas ao longo de planos cristalográficos específicos
(clivagem).
 fratura frágil pode ser:
 transgranular: trincas de fratura passam através dos grãos
 intergranular: propagação de trinca é ao longo de contornos
de grão

transgranular intergranular

o contorno de grão apresenta


resistência mecânica menor que
a matriz
 superfície de fratura pode ter uma textura facetada ou granular
(dependendo do tipo de propagação de trinca)

Estudo da Mecânica da Fratura é bastante abrangente, porém não é


o objetivo do curso de Ciência e Tecnologia dos Materiais.
Metais
 Ensaios de IMPACTO
 ensaios de impacto analisam qualitativamente a tenacidade do
material
 três parâmetros que afetam a tenacidade são analisados
1) temperatura
2) taxa de deformação
3) estado de tensão triaxial
 amostra retangular de seção quadrada com entalhe em formato
de V usinado

entalhe em V

 amostra posicionada de duas formas distintas:


 Charpy
 Izod

Izod Charpy

 equipamento de teste é um pêndulo com um martelo liberado a


partir de uma altura h.
 aresta montada no pêndulo bate e fratura o corpo de prova no
entalhe em V (concentrador de tensão).
 após romper corpo de prova pêndulo sobe até altura h’.
 energia absorvida pelo corpo de prova é a diferença de energia
potencial entre h e h’.
 quanto menor h’, mais energia o corpo de prova absorveu
durante o impacto antes de se romper, ou seja, mais dúctil o
material (por isso é um ensaio quantitativo).
 não é simples correlacionar Izod com Charpy (complexo estado
de tensão e propagação de trinca)
Metais

 teste de impacto é utilizado para identificar característica de


transição dúctil a frágil em função da temperatura
 não há consenso quanto ao critério, sendo utilizados:
 alteração da tenacidade: energia de impacto decresce
repentinamente ao longo de uma relativamente estreita de
faixa de temperatura (curva A abaixo)
 aparência da superfície de falha:
 dúctil: superfície alveolar (caráter cisalhante)
 frágil: textura granular (ou caráter de clivagem)
 na região de transição observa-se ambas
características, representada por porcentagem de
fratura cisalhante (curva B abaixo)

diferentes temperatura de ensaio [°C]


Metais
 FADIGA
 fadiga é uma forma de falha que ocorre em estruturas
submetidas a tensões cíclicas (repetidas).
 e.g. pontes, veículos, componentes de máquinas (componentes
sujeitos a cargas variáveis).
 falha pode ocorrer num nível de tensão inferior a tensão de
escoamento.
 ocorre após um “prolongado” período de ciclagem de tensão.
 falhas de fadiga é do tipo frágil mesmo em metais dúcteis
(ocorrendo repentinamente e sem aviso).
 processo ocorre pela iniciação e propagação de trincas
 a superfície de fratura é perpendicular à direção da tensão
 fadiga classificada em dois principais grupos:
 simples: ocorre a nucleação de uma única trinca, que se
propaga até a fratura completa do componente
 composta: ocorre a nucleação de duas ou mais trincas,
que se propagam até a fratura
 tensão pode ser cíclica reversa, cíclica assimétrica, aleatória
(ou combinação de todas)

N: número de ciclos
Metais
 Ensaio de fadiga
 corpo de prova submetido a carregamento cíclico alternado de
tração e compressão (eixo flexionado girando)
 tensão normal no corpo de prova obtida de momento fletor
 contagem do número de ciclos até ocorrência da falha
 ensaios realizados p/ diferentes valores de tensão
 montada curva S-N (stress versus número de ciclos) a partir da
melhor reta ajustada (eixo das abscissas em escala logaritma)
face submetida à tensão
de compressão

face submetida à
tensão de tração

obs: existe considerável


dispersão em dados de fadiga
devido a parâmetros de teste
difíceis de controlar
(fabricação da amostra,
alinhamento no equipamento
de teste, acabamento
superfícial da amostra)

 Número de ciclos
entre a iniciação e
propagação da trinca
até que ocorra a falha.
Metais
 alguns metais (ligas a base de ferro, e.g. aço) apresentam um
limite de fadiga (tensão abaixo da qual falha por fadiga não
ocorrerá).
 alguns metais (ligas não ferrosas, e.g. alumínio, cobre) não
apresentam limite de fadiga (falha inevitavelmente ocorrerá).

 vida em fadiga (Nf) é o número de ciclos a um determinado


nível de tensão que causa falha no material.
 Desenvolveu-se uma equação matemática (relação de Basquin)
que estabelece uma relação entra a amplitude de tensão
alternada cíclica reversa (σa) do ensaio de fadiga e a vida em
fadiga (Nf) considerando-se propriedades do material:
 b: coeficiente de Basquin (varia de -0,05 a -0,12)
 σ’f : coeficiente de resistência à fadiga

 a   ' f 2 N f b

σa

σa
Metais
 probabilidade de falha: curva de fadiga especificada em termos
de probabilidade de falha

N1%=3·104
N99%=2·105

 estágios do processo de falha por fadiga:


1) iniciação de trinca: pequena trinca se forma em algum
ponto de alta concentração de tensão (arranhão, rasgos, quinas)
2) propagação de trinca: trinca avança de maneira
incremental com cada ciclo de tensão
3) falha final: ocorre muito rapidamente uma vez a trinca
tenha atingido um tamanho crítico.
 domínios do ciclo de fadiga:
 fadiga de baixo ciclo
 tensões elásticas e plásticas
 trinca se inicia rapidamente
 104 a 105 ciclos.
 fadiga de alto ciclo
 tensões elásticas apenas
 trinca leva mais tempo p/ iniciar que para propagar
 maiores que 105 ciclos
 cálculo do dano acumulado : equação de Palmgren-Miner
onde:
ni
d  1 d = dano acumulado
Ni ni = número de ciclos ocorridos à tensão i
Ni = número de ciclos permitidos à tensão i

 embora equação não seja muito precisa (dispersão dos


pontos no ensaio), é utilizada com direcional de projeto.
Metais
 Fatores que afetam vida em fadiga
 tensão média de tração (σm)

 a   ' f  m 2 N f b

 efeitos de superfície: imperfeições superficiais são sítios


concentradores de tensão (propiciam iniciação de trincas)
 fatores de projeto: entalhe, furos, ranhuras, “cantos vivos”
(qualquer descontinuidade geométrica) são
concentradores de tensão (propiciam iniciação de trincas)

 tratamentos na superfície melhoram vida em fadiga:


 polimento: remove imperfeições superficiais.
 shot peening (encruamento por jato) introduz tensão
residual de compressão ao longo de pequena
espessura da superfície.

 cementação (adição de carbono ou nitrogênio por


difusão atômica na superfície do componente)
aumenta a dureza e melhora a vida em fadiga.
 fadiga térmica: surgimento de tensões cíclicas devido à
restrição da dilatação térmica cíclica.
 corrosão: ambientes corrosivos propiciam aparecimento
de pequenos buracos (afetando a vida em fadiga).
Metais
 FLUÊNCIA (ou creep)
 fluência é a deformação permanente ocorrida pelo
carregamento de tensão estática sob altas temperaturas
 deformação de fluência é dependente do tempo (deformação é
muito lenta...)
 observada em todos os tipos de materiais (nos metais a
temperatura a partir de 40% da temperatura de fusão)
 teste de fluência realizado submetendo corpo de prova a tensão
constante, temperatura constante e medindo a deformação ao
longo do tempo
ruptura ocorre pela separação
de contorno de grão e a
formação de trincas internas,
cavidades e vazios


s  taxa de fluência de estado
t estacionário

 taxa de fluência (s) é utilizada em projeto em que deformação


é crítica no projeto (e.g. soltura de parafusos em motores)
 tempo de vida para ruptura (tr) é importante quando a falha é
crítica (e.g. turbinas)
 aumento da tensão ou da
temperatura causam:
1) a deformação instantânea no
tempo da aplicação de tensão
aumenta
2) a taxa de fluência em estado
estacionário é aumentada
3) o tempo de vida de ruptura é
diminuído
 quanto maior for o módulo de elasticidade, temperatura de
fusão e tamanho do grão, melhor é a liga quanto a fluência.
Metais
 DUREZA (ou creep)
 dureza é a medida de resistência de um material a deformação
plástica superficial localizada devida a uma identação superficial.
 penetrador é forçado sobre a superfície de um material.
 a profundidade (ou tamanho) da impressão define um valor de
dureza:
• quanto mais macio o material maior será a profundidade (ou
tamanho) da impressão.
• quanto mais duro o material menor será a profundidade (ou
tamanho) da impressão.
 há diferentes técnicas para ensaios de dureza que utilizam
diferentes penetradores e diferentes técnicas para o cálculo da
dureza:
• dureza Rockwell
• dureza Brinell
• Vickers
• Knoop
Metais
 é possível realizar uma certa correlação entre os diferentes
tipos de ensaio de dureza para aços.
 a dureza e o limite de resistência a tração (σU) são indicadores
de resistência de um metal à deformação plástica e são
aproximadamente proporcionais.

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