Você está na página 1de 116

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

PEDRO HENRIQUE LUSTOSA BEZERRA DE MENEZES

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE PREVISÃO DE RECALQUE A PARTIR DA


TRANSFERÊNCIA DE CARGA DE ESTACAS ESCAVADAS EM PERFIL DE SOLO
GRANULAR

FORTALEZA
2018
PEDRO HENRIQUE LUSTOSA BEZERRA DE MENEZES

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE PREVISÃO DE RECALQUE A PARTIR DA


TRANSFERÊNCIA DE CARGA DE ESTACAS ESCAVADAS EM PERFIL DE SOLO
GRANULAR

Dissertação apresentada à Coordenação do Curso de


Pós-Graduação em Engenharia Civil do Centro de
Tecnologia da Universidade Federal do Ceará, como
parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre
em Engenharia Civil. Área de concentração:
Geotecnia.

Orientador: Prof. Dr. Alfran Sampaio Moura

FORTALEZA
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

M512a Menezes, Pedro Henrique Lustosa Bezerra de.


Avaliação de métodos de previsão de recalque a partir da transferência de carga de estacas escavadas
em perfil de solo granular / Pedro Henrique Lustosa Bezerra de Menezes. – 2018.
116 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Civil: Geotecnia, Fortaleza, 2018.
Orientação: Prof. Dr. Alfran Sampaio Moura.

1. Recalque. 2. Transferência de Carga. 3. Previsão. I. Título.


CDD 624.15
PEDRO HENRIQUE LUSTOSA BEZERRA DE MENEZES

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE PREVISÃO DE RECALQUE A PARTIR DA


TRANSFERÊNCIA DE CARGA DE ESTACAS ESCAVADAS EM PERFIL DE SOLO
GRANULAR

Dissertação apresentada à Coordenação do


Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil
do Centro de Tecnologia da Universidade
Federal do Ceará, como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Mestre em Engenharia
Civil. Área de concentração: Geotecnia.

Aprovada em: 05/07/2018

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Alfran Sampaio Moura (Orientador)


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Prof. Dr. Francisco Chagas da Silva Filho


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Prof. Dr. Raydel Lorenzo Reinaldo


Universidade Federal do Tocantins (UFT)
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Iolanda Lustosa e Claudio Barbosa, pelo incentivo e ensinamentos
dos valores basilares da minha vida.

À Carolina Queiroz pelo amor e companheirismo em todas minhas empreitadas,


inclusive na elaboração dessa dissertação.

Ao meu tio, Daniel Lustosa, por todos os concelhos e lições.

Ao orientador, Dr. Alfran Sampaio, pela atenção e prontidão nas suas análises
minuciosas e sugestões.

Aos membros do laboratório de geotecnia da UFC, Roberto Cordeiro, Anselmo


Clemente e Ciroca, pela ajuda e apoio durante a retida de amostras e a realização dos ensaios
experimentais.

Ao professor Marcos Porto e sua aluna Giullia Mendes pelo auxílio na execução do
ensaio de compressão triaxial no laboratório de solos do IFCE.
À Shirley e a Neuza da secretaria do POSDEHA, pela atenção e eficiência na
solução dos assuntos burocráticos e por seu atendimento de qualidade.

Aos colegas de mestrado Deyvid Elias, Henrique Petisco, Jose Melchior e Yago de
Matos pelas horas extracurriculares no carneiro.

A todos que de alguma forma contribuíram para realização deste sonho, muito
obrigado.
RESUMO

O recalque de uma fundação profunda pode ser previsto por diversos métodos, quase sempre
baseados em correlações semi-empíricas com aplicação restrita aos solos de onde foram
concebidas. Dessa forma, é necessário a inovação dos métodos existentes e a concepção de
novas metodologias a fim de se obter previsão de recalques mais convergentes com a realidade.
Algumas das metodologias existentes, utilizam-se as chamadas curvas de transferência de
carga. Nesse contexto, a presente dissertação avalia a acurácia dos recalques previstos para cada
para os dois tamanhos de estaca, uma escavada e outra hélice continua. Para avaliar o
comportamento das estacas escavadas, utilizam-se 2 estacas, executadas no Campo
Experimental de Geotecnia e Fundações da Universidade Federal do Ceará (CEGEF – UFC),
ambas de 1,5 m de comprimento e 10 cm de diâmetro. Sendo que uma dessas estacas foi
executada com ponta assente numa camada de poliestireno expandido de forma a não apresentar
resistência de ponta. Já com relação à estaca hélice continua, foi utilizado uma estaca com 17
m de comprimento e 0,3 de diâmetro, executada mais próximas do alojamento da educação
física da UFC. Os métodos utilizados na previsão dos recalques foram os seguintes: Aoki (1979,
1984), Bowles (2001), Leis de Cambefort modificadas por Massad (1992), Poulos e Davis
(1980) e Randolph & Wroth (1979) estendido por Lee (1993). Além disso, foram realizadas
simulações numéricas a partir dos programas ALXPAXL, UniPile e RSPile. Para a utilização
dessas metodologias, o subsolo adjacente à essas estacas foi investigado a partir de ensaios
geotécnicos. Na caracterização geotécnica, utilizou-se amostras deformadas retiradas nas
profundidades de 20 cm, 60 cm e 110 cm e para obtenção dos parâmetros de resistência, foram
realizados ensaios especiais, cisalhamento direto e compressão triaxial do tipo CD, utilizando
corpos de provas de amostras indeformas retiradas nas profundidades de 60 cm e 1,10 m. Os
resultados foram confrontados, a fim de se verificar a convergência dos valores de recalques
estimados e tomados como referência valores obtidos experimentalmente por meio de provas
de carga estática (PCEs). O perfil de solo adjacente as estacas analisadas é classificado como
do grupo SM e de comportamento típico de areia de baixa compacidade. Com base nos métodos
utilizados, observou-se convergência nas previsões dos recalques na faixa de recalques
elásticos. Por fim, para a carga de trabalho, obteve-se a previsão mais próxima do valor
experimental utilizando o método proposto por Massad (1992).

Palavras-chave: Recalque, Transferência de Carga e Previsão.


ABSTRACT

The deep foundation settlements could be predicted by several methods, which are mostly
based on semi-empirical correlations in application restricted to the ground from where
they were conceived. Therefore, it is necessary to innovate these methods and to design
new methodologies to obtain predictions of more convergence with reality. A couple of
the current methodologies use load transfer curves. In this sense, the present dissertation
evaluates the accuracy of the predicted settlements for each of two piles size, one drilled
and another auger cast. In order to evaluate the behavior of the drilled pile, two piles were
used in the Experimental Field of Geotechnics and Foundations of the Federal University
of Ceará (CEGEF - UFC), both with 1.5 m length and 0.1 m diameter. One of these piles
was executed on top of a layer of expanded polystyrene to eliminate toe resistance. On the
other hand, it was used a auger cast pile with 17 m long and 0.3 diameter, it was executed
in physical education accommodation. The methods used in order to settlements pile
predicting were: Aoki (1979, 1984), Bowles (2001), Cambefort Laws modified by Massad
(1992), Poulos and Davis (1980) and Randolph and Wroth (1979) extended by Lee (1993).
In addition, numerical simulations were used from computer programs: ALXPAXL,
UniPile and RSPile. For the use of these methodologies, the adjacent subsoil to these piles
was characterized from geotechnical tests. In the geotechnical characterization, it was used
deformed patterns, it was taken at depths of 20 cm, 60 cm and 110 cm. And, to obtain
resistance soil parameters, it was used triaxial compression test and direct shear test
performed using undefined pattern taken at depths of 60 cm and 110 cm. The results were
compared, in order to verify the convergence of the absolute values of settlements and the
factor correlation with respect to the corresponding load test. The soil profile adjacent to
the analyzed pile is classified as SM group and typical behavior of sand of low
compactness. Based on the used methods, it was noticed a convergence in the predictions
of the re settlements in the elastic zone. Finally, for the design load, the closest settlements
prediction of the experimental value was obtained by using the method proposed by
Massad (1992).

Keywords: Settlements, Load transfer and Prediction.


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Comportamento de estacas submetidas a carregamento axial ............................. 16


Figura 2.2 – Mecanismo de transferência (a) cargas e tensões na estaca; (b) diagrama carga-
profundidade........................................................................................................ 17
Figura 2.3 – Diagramas de atrito lateral e de carga axial correspondentes .............................. 18
Figura 2.4 – Comportamento idealizado de uma estaca esbelta ............................................... 19
Figura 2.5 – Curva carga x recalque a partir da combinação do fuste com a ponta (a) estaca
esbelta e (b) tubulão com base alargada .............................................................. 20
Figura 2.6 – Discretização do Método da transferência de carga ............................................. 21
Figura 2.7 – Rotura axial progressiva ao longo do fuste. ......................................................... 22
Figura 2.8 – Comparação entre curva carga-recalque e curva t-z ............................................ 23
Figura 2.9 – Curvas t-z recomendadas ..................................................................................... 24
Figura 2.10 – Curvas t-q recomendadas ................................................................................... 28
Figura 2.11 – Leis de Cambefort (a) Primeira lei e (b) Segunda Lei. ...................................... 30
Figura 2.12 – Obtenção dos parâmetros ................................................................................... 33
Figura 2.13 – Fatores para o cálculo de recalque de estacas, (a) fator I0; (b) influência da
compressibilidade da estaca; (c) da espessura finita do solo compressível; (d) do
coeficiente de Pisson do solo. ............................................................................. 35
Figura 2.14 – Fator Rb para o método de Poulos e Davis (1980). (a) para L/B=75; (b) para .. 36
Figura 2.15 – Parcelas de recalque da estaca (a) estaca descarregada e sem recalque; (b) recalque
após a aplicação do carregamento. ...................................................................... 38
Figura 2.16 – Diagrama de esforço normal da estaca............................................................... 39
Figura 2.17 - Propagação de tensões devido à reação da ponta ............................................... 40
Figura 2.18 - Propagação de tensões devido às cargas laterais ................................................ 41
Figura 2.19 – Análise de transferência de carga ....................................................................... 44
Figura 2.20 – Curva carga versus recalque teórica ................................................................... 47
Figura 3.1 – Local de estudo .................................................................................................... 56
Figura 3.2 – Croqui dos locais de estudo ................................................................................. 57
Figura 3.3 – Sistema de Reação: (a) caminhão utilizado e (b) instrumentação para medição. 58
Figura 3.4 – Etapas da realizadas da coleta das amostras indeformadas: (a) Escavação do poço
de coleta, (b) Moldagem da amostra, (c) Colocação do tecido e revestido com
parafina, (d) Preenchimento com raspas de madeira, (e) Inserção na caixa e (f)
Bloco finalizado para o transporte. ..................................................................... 59
Figura 3.5 – Moldagem do corpo de prova: (a) cravação do gabarito metálico e (b) retirada do
solo excedente. .................................................................................................... 62
Figura 3.6 – Equipamento de cisalhamento direto: (a) vista do equipamento e (b) detalhe dos
extensômetros. ..................................................................................................... 62
Figura 3.7 – Equipamento de compressão triaxial utilizado. ................................................... 64
Figura 3.8 – Célula do ensaio de compressão triaxial. ............................................................. 64
Figura 4.1 – Granulometria do Campo Experimental .............................................................. 68
Figura 4.2 – Curvas de compactação ........................................................................................ 69
Figura 4.3 – Tensão de Cisalhamento versus deslocamento horizontal da amostra de solo de 60
cm de profundidade. ............................................................................................ 70
Figura 4.4 – Variação volumétrica versus deslocamento horizontal da amostra de solo de 60 cm
de profundidade ................................................................................................... 71
Figura 4.5 – Envoltória de resistência da amostra de solo de 60 cm de profundidade obtida pelos
ensaios de cisalhamento direto. ........................................................................... 71
Figura 4.6 – Tensão de Cisalhamento versus deslocamento horizontal da amostra de solo de
110 cm de profundidade. ..................................................................................... 72
Figura 4.7 – Variação volumétrica versus deslocamento horizontal da amostra de solo de 110
cm de profundidade ............................................................................................. 72
Figura 4.8 – Envoltória de resistência da amostra de solo de 110 cm de profundidade obtida
pelos ensaios de cisalhamento direto. ................................................................. 73
Figura 4.9 – Comparativo entre as curvas (1-3)/2 versus deformação do solo e q versus p da
amostra de 60 cm................................................................................................. 74
Figura 4.10 – ΔV/V0 versus deformação do solo da amostra de 60 cm de profundidade. ....... 75
Figura 4.11 – Envoltória de ruptura do solo de 60 cm de profundidade obtida a partir dos ensaios
de compressão triaxial (CD) realizados. ............................................................. 75
Figura 4.12 – Comparativo entre as curvas (1-3)/2 versus deformação do solo e q versus p da
amostra de 110 cm............................................................................................... 76
Figura 4.13 – ΔV/V0 versus deformação do solo da amostra de 110 cm de profundidade. ..... 76
Figura 4.14 – Envoltória de ruptura do solo de 110 cm de profundidade obtida a partir dos
ensaios de compressão triaxial (CD) realizados. ................................................. 77
Figura 4.15 – Sondagem à Percussão do campo experimental................................................. 79
Figura 4.16 – Sondagem à Percussão do alojamento. .............................................................. 80
Figura 4.17 – Prova de Carga Estática das estacas escavadas curtas ....................................... 81
Figura 4.18 – Prova de carga estática da estaca escavada longa. ............................................. 82
Figura 5.1 – Previsão de recalques da estaca curta – 01 a partir de métodos semi-empíricos. 85
Figura 5.2 – Fator de correlação da estaca curta – 01 a partir de métodos semi-empíricos. .... 85
Figura 5.3 – Comparação das previsões de recalques por métodos baseados na teoria da
elasticidade para a da estaca curta 01. ................................................................. 87
Figura 5.4 – Fator de correlação da estaca curta – 01 a partir de métodos baseados na teoria da
elasticidade. ......................................................................................................... 88
Figura 5.5 – Parâmetros dos elementos Coyle & Reesse. ........................................................ 89
Figura 5.6 – Metodologias empregadas para a utilização do método de Coyle & Reesse. ...... 90
Figura 5.7 – Comparação dos resultados obtidos pela utilização do método de Coyle & Reesse
com E estimado por Texeira e Godoy para a da estaca curta - 01. ..................... 91
Figura 5.8 – Comparação dos resultados obtidos pela utilização do método de Coyle & Reesse
com E obtido pelo ensaio de compressão triaxial para a da estaca curta - 01. .... 92
Figura 5.9 – Comparação dos recalques obtidos pela utilização do método de Coyle & Reesse
para a da estaca curta - 01. .................................................................................. 93
Figura 5.10 – Resultado do programa Coyle & Reese para carga de trabalho: (a) perfil de
deslocamento e (b) diagrama carga-profundidade. ............................................. 94
Figura 5.11 – Metodologias empregadas para o método de Coyle & Reesse. ......................... 96
Figura 5.12 – Recalque obtidos por PCE e métodos numéricos. ............................................. 97
Figura 5.13 – Previsão de recalques a partir dos programas de computador. .......................... 99
Figura 5.14 – Comparação dos recalques obtidos pelos softwares para a da estaca curta - 01.
............................................................................................................................. 99
Figura 5.15 – Fator de correlação da estaca curta – 01 a partir de métodos baseados na teoria da
elasticidade. ....................................................................................................... 100
Figura 5.16 – Resultado do programa ALPAXL para carga de trabalho: (a) perfil de
deslocamento e (b) diagrama carga-profundidade. ........................................... 101
Figura 5.17 – Resultado do programa RSPile para carga de trabalho: (a) perfil de deslocamento
e (b) diagrama carga-profundidade. .................................................................. 102
Figura 5.18 – Comparação entre as previsões mais concordantes para a estaca curta - 01. ... 103
Figura 5.19 – Ampliação do intervalo de interesse do comparativo. ..................................... 103
Figura 5.20 – Comparação entre as previsões mais concordantes para a estaca longa – 03. . 105
Figura 5.21 – Ampliação do intervalo de interesse da comparação para estaca longa - 03. .. 105
Figura 5.22 – Comparação das previsões dos recalques das estacas curta – 01 e longa – 03
efetuada e obtido experimental. ........................................................................ 107
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Valores sugeridos para o parâmetro  e limites para a tensão lateral por unidade
de comprimento em solos granulares. ................................................................. 26
Tabela 2.2 – Curva t-z para solos granulares............................................................................ 26
Tabela 2.3 – Curva t-z para solos coesivos .............................................................................. 27
Tabela 2.4 – Curvas Q-z para solos coesivos e não coesivos ................................................... 28
Tabela 2.5 – Valores recomendados para o parâmetro adimensional ...................................... 29
Tabela 2.6 – Valores de b e k ................................................................................................... 32
Tabela 2.7 – Valores de Ep para diferentes tipos de estacas .................................................... 38
Tabela 2.8 – Valores de E0 sugeridos ...................................................................................... 39
Tabela 2.9 – Tipos de estaca em função de k ........................................................................... 48
Tabela 2.10 – Tipos de estaca em função de m ........................................................................ 48
Tabela 3.1 – Lista de ensaios de caracterização realizados ...................................................... 60
Tabela 4.1 – Percentuais granulométricos em cada profundidade. .......................................... 67
Tabela 4.2 – Umidade Natural .................................................................................................. 68
Tabela 4.3 – Resultado dos ensaios de compactação realizados. ............................................. 70
Tabela 4.4 – Resumo das principais características/parâmetros do solo estudado. .................. 78
Tabela 5.1 – Previsão de recalque da estaca curta - 01 pelos métodos semi-empíricos utilizados.
............................................................................................................................. 84
Tabela 5.2 – Previsões de recalque da estaca curta – 01 pelos métodos baseados na teoria de
elasticidade. ......................................................................................................... 87
Tabela 5.3 – Características do elemento estrutural da estaca curta - 01. ................................ 89
Tabela 5.4 – Previsões de recalque pelos métodos Coyle & Reese com E estimado por Texeira
e Godoy para a da estaca curta - 01. .................................................................... 90
Tabela 5.5 – Previsões de recalque pelos métodos Coyle & Reese com E obtido pelo ensaio de
compressão triaxial para a da estaca curta - 01. .................................................. 92
Tabela 5.6 – Previsão do Coyle & Reese (1988). ..................................................................... 94
Tabela 5.7 – Valores limites dos trechos calculados para Massad (1992). .............................. 95
Tabela 5.8 – Previsão de recalque e erro relativo para os programas de computador.............. 98
Tabela 5.9 – Previsão do ALPAXL. ....................................................................................... 101
Tabela 5.10 – Previsão do RSPile. ......................................................................................... 102
Tabela 5.11 – Previsões de recalques efetuadas para carga de trabalho e seus respectivos erros
percentuais. ........................................................................................................ 106
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13
1.1 Objetivos da pesquisa............................................................................................... 14
1.2 Escopo da dissertação .............................................................................................. 14
2 RECALQUES DE ESTACAS SOB CARGA AXIAL........................................... 16
2.1 Mecanismo de transferência de carga .................................................................... 16
2.2 Funções de transferência de carga .......................................................................... 21
2.2.1 Construção das Curvas t-z......................................................................................... 23
2.2.2 Construção das Curvas q-z ........................................................................................ 27
2.3 Leis de Cambefort (1964)......................................................................................... 29
2.3.1 Efeito da carga residual ............................................................................................ 30
2.3.2 Obtenção dos parâmetros .......................................................................................... 31
2.4 Métodos para previsão de recalques ....................................................................... 32
2.4.1 Métodos baseados na teoria da elasticidade ............................................................. 33
2.4.2 Métodos Semi-Empíricos........................................................................................... 37
2.4.3 Métodos Numéricos ................................................................................................... 43
2.5 Analise de recalques através de Softwares ............................................................. 49
2.5.1 RSPile......................................................................................................................... 50
2.5.2 UniPile ....................................................................................................................... 50
2.5.3 ALPAXL..................................................................................................................... 51
2.6 Estudos recentes ....................................................................................................... 51
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 55
3.1 Metodologia ............................................................................................................... 55
3.2 Local do estudo ......................................................................................................... 55
3.3 Coleta de Dados ........................................................................................................ 56
3.3.1 Caracterização das Estacas ....................................................................................... 57
3.3.2 Sondagem à Percussão .............................................................................................. 58
3.3.3 Prova de Carga Estática ............................................................................................ 58
3.4 Coleta de Amostras .................................................................................................. 59
3.5 Ensaios Geotécnicos ................................................................................................. 60
3.5.1 Ensaios de Caracterização Geotécnica ..................................................................... 60
3.5.2 Ensaios Especiais ...................................................................................................... 61
3.6 Previsões dos Recalques das Estacas ...................................................................... 65
3.7 Comparação das Previsões Realizadas ................................................................... 66
4 RESULTADOS E ANÁLISES DE ENSAIOS GEOTÉCNICOS ........................ 67
4.1 Ensaios de Caracterização ....................................................................................... 67
4.1.1 Granulometria ........................................................................................................... 67
4.1.2 Umidade Natural ....................................................................................................... 68
4.1.3 Densidade Real .......................................................................................................... 69
4.1.4 Compactação.............................................................................................................. 69
4.2 Ensaios Especiais ...................................................................................................... 70
4.2.1 Ensaio de Cisalhamento Direto ................................................................................ 70
4.2.2 Ensaio de compressão triaxial .................................................................................. 74
4.3 Ensaios de Campo .................................................................................................... 78
4.3.1 Sondagem à Percussão (SPT) ................................................................................... 78
4.3.2 Provas de Carga Estáticas (PCE) ............................................................................. 81
5 PREVISÃO DE RECALQUE E ANALISES ........................................................ 83
5.1 Previsões de recalque por métodos semi-empíricos .............................................. 83
5.2 Previsões de recalque por métodos baseados na teoria da elasticidade .............. 86
5.3 Previsões de recalque por métodos numéricos ...................................................... 88
5.4 Previsões de recalque pelos programas ALPAXL, RSPlile e UniPile ................. 97
5.5 Comparação das previsões de recalques realizadas ............................................ 102
5.6 Análise das previsões dos recalques de uma estaca hélice continua de dimensões
comerciais ................................................................................................................ 104
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES .......................................................................... 108
6.1 Conclusões ............................................................................................................... 108
6.2 Sugestões para pesquisas futuras .......................................................................... 110
REFERÊNCIA............................................................................................................ 112
13

1 INTRODUÇÃO

Toda estrutura de engenharia é necessariamente apoiada sobre subsolo que é um


material natural, ou seja, seu comportamento depende das condições geológicas de cada região
que resulta em grande variabilidade de resistência, o que torna o projeto de fundações peculiar.
Vale acrescentar que o aumento do porte das construções tem demandado avanços na
interpretação dos recalques do sistema solo fundação. Dessa forma, diversos autores
propuseram métodos teóricos, empíricos e semi-empíricos para previsão de recalque, para
diferentes tipos de estacas e diferentes tipos de solos.

Os projetos de dimensionamento de estacas, em geral, são verificados apenas com


base na consideração da segurança quanto à ruptura do elemento estrutural ou do solo,
atendendo aos critérios estabelecidos pelo Estado Limite Ultimo (ELU). Entretanto, essa
verificação não garante os recalques atinjam a valores dentro dos limites toleráveis pela
superestrutura para não comprometer seu desempenho. Desse modo, é necessário a verificação
do Estado Limite de Serviço (ELS).

Nesse contexto, a interação do elemento estrutural com o solo é um parâmetro de


significativa importância, pois, a partir dela, pode-se descrever a transferência de carga da
superestrutura para o solo adjacente à estaca. No entanto, a obtenção desse parâmetro in sito
ainda requer alto investimento. Dessa forma, uma alternativa em ascensão é a utilização de
curvas de transferência de carga normatizadas, as quais são utilizadas em diversos métodos e
permite aferir informações importantes para um dimensionamento adequado. Neste sentido, tais
informações auxiliam os projetistas na concepção de fundações não apenas seguras, mas
também econômicas (ANJOS, 2006).

As curvas de transferência de carga inserem-se no contexto dos métodos numéricos,


tais como Coyle & Reese (1966) e Leis de Cambefort modificada por Massad (1992), para a
previsão recalque em estacas isoladas, submetidas a esforços verticais. Além disso, essa
metodologia é base para programas de computadores utilizados internacionalmente em projetos
de dimensionamento geotécnico de estaca, tais como RSPile e UniPile.

Diante dos fatos expostos, cabe a validação das previsões de recalques em estaca
assentes em perfis de solo granular típicos dos que ocorrem em Fortaleza – CE a partir da utilização
14

de métodos numéricos e de softwares utilizando curvas de transferência de carga confrontando-os


com os valores obtidos experimentalmente.

1.1 Objetivos da pesquisa

O objetivo geral desta pesquisa é avaliar a previsão de recalques de estacas


escavadas em solo de perfil granular a partir de métodos de transferência de carga tomando
como referência os resultados experimentais obtidos por Bonan (2017).

Os objetivos específicos da pesquisa foram os seguintes:

• Realizar ensaios de caracterização geotécnica, ensaios especiais e de campo utilizando


amostras deformada e indeformada com intuito de obter parâmetros do subsolo
adjacentes as estacas a parir de ensaios de campo de laboratórios;

• Estimar os recalques das estacas escavadas e hélice continua coletadas por métodos
semi-empíricos, baseados na teoria da elasticidade e numéricos;

• Modelar numericamente a curva carga versus recalque para as estacas analisadas;

• Obter os diagramas de carga versus profundidade e o perfil de deslocamento;

• Comparar e analisar os resultados obtidos pelas metodologias empregadas.

1.2 Escopo da dissertação

A estrutura desta dissertação está dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo,


consiste na introdução, onde é apresentado uma breve contextualização do tema, bem como os
objetivos específicos e geral. Em seguida, no segundo capítulo, é apresentado uma revisão
bibliográfica dos principais conceitos relacionados com o tema abordado, ou seja, sobre
recalque, os modelos de transferência de carga e nos diversos métodos para prever o recalque
em estacas isoladas.

O terceiro capítulos apresenta os Materiais e Métodos da pesquisa, contendo a


metodologia adotada, o local de estudo, a coleta de dados, a coleta de amostras, os ensaios
geotécnicos utilizados, as previsões dos recalques das estacas e a comparação das previsões de
recalques empregadas.
15

. Na sequência, os resultados dos ensaios de campo e de laboratórios e as previsões


de recalque realizadas apresentados e analisados. Por fim, no Capítulo 6, são apresentadas as
conclusões das pesquisas e as sugestões para pesquisas futuras.
16

2 RECALQUES DE ESTACAS SOB CARGA AXIAL

2.1 Mecanismo de transferência de carga

As fundações profundas são responsáveis por transferir o carregamento da


superestrutura para o solo. Essa transferência ocorre ao longo do fuste (τl) e da carga normal na
ponta da fundação (Pb). Desse modo, a análise da transferência de carga no sistema solo-
fundação consiste em estabelecer o mecanismo de distribuição de esforços axiais ao longo da
estaca (BENEGAS, 1993). Esse mecanismo consiste em um fenômeno complexo devido ao
trinômio tensão-deformação-tempo, às características mecânicas de ruptura dos elementos do
sistema estaca-solo e às peculiaridades de instalação de cada tipo de estaca (VESIC, 1977).

O mecanismo de transferência de carga analisado por Fellenius (1984), propõe que a


compressão na estaca devido a uma aplicação de carga no topo (Q), com base no efeito do
coeficiente de Poisson (υ), aumenta o diâmetro, o que resulta no aumento do empuxo de terra
(ks), conforme mostrado na Figura 2.1. Além disso, as transferências de carga tendem a
aumentar a tensão efetiva no solo.

Figura 2.1 – Comportamento de estacas submetidas a carregamento axial

Fonte: Adaptado Fellenius, 1984.


17

Esse mecanismo, também, pode ser representado como resultado do equilíbrio entre
as forças solicitantes da superestrutura e as forças resistentes ao longo do sistema solo-
fundação, ou seja, a força normal atuante na seção da estaca é absorvida pelo solo, diminuindo
de intensidade ao longo da profundidade (NOGUEIRA, 2004). Para exemplificar, tem-se o
equilíbrio de forças entre uma carga aplicada no topo de uma estaca e sua respectiva reação no
solo em termos de atrito lateral (τl) e tensões normais na ponta, conforme ilustrado na Figura
2.2.a. Além disso, mostra-se, esquematicamente, um diagrama de carga axial ao longo do fuste
correspondendo ao caso de atrito lateral constante ao longo do fuste na Figura 2.2.b.

Figura 2.2 – Mecanismo de transferência (a) cargas e tensões na estaca; (b) diagrama carga-
profundidade

Fonte: Adaptado de Vesic, 1977.

O diagrama de tensões cisalhantes da Figura 2.2.a e de distribuição de carga axial


ao longo do fuste da Figura 2.2.b correspondem a um atrito uniforme. Para situação em que o
atrito lateral não é uniformes, os diagramas de atrito lateral e a carga axial correspondente estão
esquematicamente ilustrados na Figura 2.3 (Vesic, 1977).
18

Figura 2.3 – Diagramas de atrito lateral e de carga axial correspondentes

Fonte: Adaptado Vesic, 1977.

A Figura 2.4 representa o comportamento completo de uma estaca relativamente


esbelta carregada em quatro estágios, onde o último corresponde a ruptura, tanto em termos de
diagramas de deslocamento, de atrito lateral e de carga versus profundidade como em termos
da relação carga-recalque. A Figura 2.4.a representa o encurtamento elástico do elemento de
fundação, pois é observado um deslocamento apenas da parte superior da estaca no início do
carregamento, tal fenômeno é pronunciada nas estacas esbeltas. Desse modo, a mobilização do
atrito lateral, que necessita para o deslocamento da estaca, ocorre de cima para baixo, como
pode ser visto na Figura 2.4.b.

Observa-se, também, que a mobilização do atrito lateral requer deslocamento


significativamente inferiores do que a mobilização da base, logo a resistência de ponta só será
solicitada quando uma parcela significativa de resistência lateral for mobilizada como
representado na Figura 2.4. Nos dois primeiros estágios de carga, a absorção do carregamento
carga é quase que exclusivamente pela resistência lateral. Entretanto, no terceiro estágio,
quando a resistência lateral está quase esgotada (Figura 2.4.d), inicia-se a mobilização da
resistência de ponta (Figura 2.4.e). A partir desse ponto, qualquer acréscimo de carga vai
praticamente todo para a ponta da estaca, como observado no último estágio de carga. A Figura
2.4.f representa a contribuição de cada parcela no recalque final da estaca. Observa-se também
que em geral existem três fases distintas com a aplicação do carregamento no topo da estaca. A
primeira consiste nas deformações elástica referentes à mobilização do atrito lateral
(LANGONE, 2012). A segunda reflete à as deformações plásticas influenciadas pela velocidade
19

de carregamento. A terceira reflete a carga de ruptura, cuja a forma da curva varia com a rigidez
do sistema e com a velocidade de aplicação do carregamento (NIYAMA et al., 1996).

Figura 2.4 – Comportamento idealizado de uma estaca esbelta

Fonte: Adaptado Lopes, 1979.

Com o objetivo de representar a dependência da transferência de carga com relação


ao nível de deformação e às características do elemento de fundação, as contribuições relativas
as parcelas de resistência de ponta de fuste e total de estacas esbeltas e tubulões de base alargada
executadas em solo argiloso foram apresentadas na Figura 2.5 (BURLAND E COOKE, 1974).

Para exemplificar a ordem de grandeza desses deslocamentos, a literatura indica


diversos valores de deformação necessária para o pleno desenvolvimento da mobilização do atrito
lateral. Para argilas a faixa de deformação é de 0,5% a 2% do diâmetro da estaca e para solos
granulares é de 1% a 3% do diâmetro da estaca. (DÉCOURT et. al (1998) e POULOS E DAVIS
(1980). Para estacas escavadas de grande diâmetro, a escala de deslocamento varia entre 0,5%
e 1% do diâmetro do fuste, usualmente menor que 10mm (NIENOV, 2006). Por outro lado,
Fellenius (2012) afirma que o movimento necessário para total mobilização da resistência
lateral é independente do diâmetro da estaca. No entanto, para mobilizar a resistência de ponta,
20

a literatura sugere valores mais elevados para deslocamentos. Tais como, deslocamentos da
ordem de 5% a 10%, às vezes até 20% do diâmetro da ponta da estaca (MILITITSKY, 1980).

Figura 2.5 – Curva carga x recalque a partir da combinação do fuste com a ponta (a) estaca
esbelta e (b) tubulão com base alargada

Fonte: Burland e Cooke, 1974 apud Nienov, 2006.

Além disso, a carga transferida para a ponta é inferior com relação a transmitida
pelo fuste. Sugestões de valores podem ser encontrados na literatura, tais como: 25% da carga
do topo (REESE et al., 1969); 10% a 20% da carga no topo (TOH et al., 1989); e 10% da carga
do topo para estacas escavadas (CHANG & BROMS, 1991).

Por fim, para se calcular a transferência de carga na estaca, a condição necessária e


suficiente consiste na execução de provas de cargas instrumentadas, as quais disponibilizarão
dados sobre a distribuição da carga axial e do deslocamento ao longo de todo o comprimento
da estaca para vários estágios de cargas. Para esse ensaio, utiliza-se extensômetros elétricos, os
quais acusam a deformação, em qualquer ponto do elemento de fundação, devido à aplicação
de uma carga no topo da estaca. (VESIC, 1970b apud FONTOURA, 1982). Outro aspecto
importante é a determinação dos pontos em que se deseja os valores de carga e recalque ao
longo do fuste da estaca, o qual é definido conforme a necessidade do pesquisador. Caso não
exista nenhum motivo prévio, indica-se os pontos localizados à 30, 60 e 90% do comprimento
da estaca, pois os dados aferidos nesses pontos provavelmente serão suficientes a construção
da curva de transferência de carga (CROWTHER, 1988).
21

2.2 Funções de transferência de carga

Uma forma bastante comum de representar a curva carga-recalque constitui-se


pelas funções de transferência de carga, as quais são formadas pela as curvas t-z e q-z, onde “t”
representa a resistência ao atrito lateral, o “q” representa a resistência na ponta e o “z”
corresponde ao deslocamento da estaca. Nessas funções, considera-se que o solo ao longo do
fuste como um conjunto discreto de molas (modelo de Winkler) distribuídas de acordo com a
Figura 2.6 (FERNANDES, 2010).

Desse modo, temos que a transferência de carga entre o fuste e o solo é representado
por molas laterais, onde a resistência última da mola é equivalente a resistência ao cisalhamento
do solo e seu modulo de deformabilidade consiste na relação entre tensão aplicada na estaca e
o deslocamento correspondente. O gráfico contendo o deslocamento versus carga representa a
curva t-z para determinada profundidade. Por outro lado, a mola vertical no fundo da estaca
representa a transferência de carga entre a ponta e solo abaixo da estaca. Logo, a curva q-z
consiste no gráfico força transmitida pela ponta e seu deslocamento correspondente.

Figura 2.6 – Discretização do Método da transferência de carga

Fonte: Adaptado Fernandes, 2010.


22

Nas estacas perfeitamente rígidas, indeformáveis axialmente, assentes em camadas


de solo de resistência constantes ao longo da profundidade, a resistência lateral mobilizada é
constante ao longo do fuste, pois o deslocamento vertical do elemento é igual para todas suas
secções, o que não representa o comportamento real. Portanto, para uma melhor representação
da mobilização da resistência lateral ao longo de seu comprimento, deve-se utilizar um modelo
que represente a variação da rigidez axial da estaca e a discretização das camadas de solo. Desse
modo, a Figura 2.7 ilustra a transferência de carga ao longo da estaca para estacas perfeitamente
rígidas (curva tracejada) e para estacas elásticas (curva cheia). O encurtamento elástico do
elemento estrutural é representado como a diferencia entre essas curvas. Além disso, é ilustrado
a progressiva mobilização da resistência lateral do sistema solo-fundação ao longo de seu
comprimento (RANDOLPH & GOURVENEC, 2011).

Figura 2.7 – Rotura axial progressiva ao longo do fuste.

Fonte: Adaptado Randolph & Gourvenec, 2011.

Outra forma de visualizar, foi proposta por Fellenius (2017), o qual analisou o
comportamento de uma estaca com 300 mm de diâmetro por 30 m de comprimento assente em
solo adotado como homogêneo. Nesse estudo, as curvas carga-recalque, t-z e q-z foram
23

esquematizadas na Figura 2.8, onde se pode verificar comportamento semelhante ao encontrado


por Fernandes (2010).

Figura 2.8 – Comparação entre curva carga-recalque e curva t-z

Fonte: Adaptado Fellenius, 2017.

2.2.1 Construção das Curvas t-z

Para determinar as curvas t-z, pode-se utilizar provas de cargas instrumentadas. No


entanto, a instrumentação pode ser muito onerosa ou impossibilitada devido ao método
construtivo da estaca. Dessa maneira, na ausência desse ensaio, a literatura propõe o uso de
curvas adimensionais para o projeto de fundação, como mostra a figura 2.9, onde D é o diâmetro
da estaca, z é o deslocamento axial, t é adesão solo-estaca (em força por unidade de área) e tmax
é a adesão limite (API 2007 e ISO 2007).
24

Os parâmetros utilizados na construção dessas curvas podem ser obtidos em tabelas


distintas para solos coesivos e não coesivos, que serão apresentadas em itens posteriores.

Figura 2.9 – Curvas t-z recomendadas

Fonte: API (2007) e ISO (2007).

Nota-se, na Figura 2.9 que as curvas cheias representam o comportamento dos solos
coesivos, enquanto que as curvas tracejadas referem se aos solos granulares. Vale mencionar
que o deslocamento vertical para a adesão residual solo-estaca define o início da formação do
patamar de plastificação do maciço ao redor da estaca e é representado por zres; e a resistência
ao atrito lateral ao longo do fuste é simbolizado por tmáx, podendo ser calculado pelas Equações
2.5 ou 2.7.

2.2.1.1 Para solos granulares

A pressão vertical em uma camada de interesse (0) é calculada conforme a


Equação 2.1. Onde n é o peso específico do solo e h é a profundidade de interesse. De forma
que:

𝜎0 = 𝛾𝑛 . ℎ (2.1)
25

A tensão horizontal média normal à superfície da estaca (h) é relacionada com a


pressão vertical efetiva através da Equação 2.2. Onde Ks é o Coeficiente de empuxo médio ao
longo do fuste da estaca e  é o ângulo de atrito entre a estaca e o solo.

𝜎ℎ = 𝐾𝑠 𝜎0 (2.2)

O atrito lateral por unidade de comprimento é definido teoricamente de maneira


análoga a resistência ao deslizamento de um solido em contato com o solo e seu valor pode ser
calculado segundo a Equação 2.3 (VELLOSO E LOPES, 2002). Onde ca é a aderência entre a
estaca e o solo (para solos granulares é nulo).

𝜏𝑙 = 𝑐𝑎 + 𝜎ℎ tan  (2.3)

Aplicando as Equações 2.1 e 2.2 na Equação 2.3 obtém-se a seguinte equação para
o atrito lateral por unidade de comprimento:

𝜏𝑙 = 𝐾𝑠 𝛾𝑠 𝐻 tan  (2.4)

Considerando  fator de capacidade de carga, igual a Kstan e reescrevendo para


todo o comprimento da estaca, temos a Equação 2.5 para a carga lateral resiste da estaca (Qs).
Onde L é Comprimento da estaca e As é Área lateral do fuste da estaca.

𝐿
𝑄𝑠 = ∫0 𝛽. 𝜎0 . 𝑑𝐴𝑠 (2.5)

Observa-se um aspecto importante ao se analisar as Equações 2.4 e 2.5; essas


equações induzem que o aumento da profundidade acarreta no aumento do atrito lateral por
unidade de comprimento da estaca. Entretanto, o atrito lateral só aumenta até determinada
profundidade, rasa, tornando-se constante a partir desse ponto (COYLE E SULAIMAN, 1967),
ou seja, não se pode aplicar a equação 2.5 para determinar o atrito lateral em qualquer
profundidade. Desse modo, limita-se a tensão máxima aos valores de 0 propostos na Tabela
2.1. A aferição do parâmetro  por ensaios de laboratório é recomendado, pois os resultados
26

das análises conduzidas com base nos valores propostos pela Tabela 2.1 podem ser não
conservadoras. Por fim, constrói-se o curva t-z com auxílio da Tabela 2.2.

Tabela 2.1 – Valores sugeridos para o parâmetro  e limites para a tensão lateral por unidade
de comprimento em solos granulares.
Classificação do
Densidade Relativa  max (KPa)
Solo
Muito fofa
Areia
Fofa
Areia Siltosa Não aplicável Não aplicável
Mediamente
compacta Silte
Compacta
Mediamente Areia Siltosa 0,29 67
compacta Areia
0,37 81
Areia Siltosa
Compacta
Areia
0,46 96
Areia Siltosa
Muito compacta
Areia 0,56 115

Fonte: API (2007) e ISO (2007).

Tabela 2.2 - Curva t-z para solos granulares


Z/D t/tmáx
0,0 0,00
2,5 1,00
∞ 1,00
Fonte: API (2007) e ISO (2007).

2.2.1.2 Para solos coesivos

Em solos coesivos o ângulo de atrito é nulo e a aderência entre a estaca e o solo é


igual à resistência não drenada do solo. Desse jeito podemos reescrever a Equação 2.6 para esse
tipo de solo. Onde cu é a Resistencia não drenada da argila na camada de interesse;

𝜏𝑙 = 𝑐𝑢 (2.6)

Devido ao fato da resistência lateral, ou a aderência solo-estaca, aumentar e atingir


valores próximo da resistência não drenada ao cisalhamento da argila, utiliza-se o fator de
adesão entre o solo e a estaca ajuste,  para correlacionar essas duas. (VELLOSO & LOPES,
27

2002). Dessa forma, é sugerido a Equação 2.7:

𝑙
𝑄𝑠 = ∫0 𝛼. 𝑐𝑢 . 𝑑𝐴𝑠 (2.7)

O fator de correção () é função da pressão vertical efetiva atuante na camada de


interesse, a qual pode ser obtida conforme as seguintes expressões.

𝛼 = 0,5. 𝛹 −0,5 (2.8)


𝛼 = 0,5. 𝛹 −0,25 (2.9)

Onde a Equação 2.8 é válida para Ψ ≤ 1 e a Equação 2.9 é válida para Ψ > 1 e

em ambas  assume valores menores que 1. Sendo que Ψ é cu divido por 0.

A variabilidade do comportamento das argilas é ilustrada, na Figura 2.9, pela região


hachurada, o qual limita a faixa da resistência lateral residual máxima entre 70% e 90%.
Podemos construir a curva t-z com auxílio da Tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Curva t-z para solos coesivos


Z/D t/tmáx
0,0016 0,30
0,0031 0,50
0,0057 0,75
0,0080 0,90
0,0100 1,00
0,0200 0,70 a 0,90
∞ 0,70 a 0,90
Fonte: API (2007) e ISO (2007).

2.2.2 Construção das Curvas q-z

Segundo Valenzuela (1980), as curvas q-z são utilizadas como instrumento para
analisar a variação da resistência da ponta de uma estaca. O formato dessas curvas independe
da natureza do solo. Contudo, define-se a relação q-z, na Figura 2.10, cujo os parâmetros são
definidos na Tabela 2.4 e a máxima capacidade de carga na ponta da estaca (Qmáx) pode ser
calculada através das equações 2.9 e 2.10, para solos coesivos e não coesivos, respectivamente.
28

Em solos estratificados, é importante verificar as camadas de solo abaixo daquelas


onde a ponta estar embutida, pois existe a possibilidade de elas serem mais frascas e suscetível
a recalques por puncionamento. Portanto, recomenda-se que a ponta esteja localizada a três
diâmetros acima da camada de interesse (API, 2007 e ISSO, 2007).

Figura 2.10 – Curvas t-q recomendadas

Fonte: API (2007) e ISO (2007).

Tabela 2.4 – Curvas Q-z para solos coesivos e não coesivos


Z/D Q/Qmáx
0,002 0,25
0,013 0,50
0,042 0,75
0,073 0,90
0,100 1,00
∞ 1,00
Fonte: API (2007) e ISO (2007).

2.2.2.1 Para solos granulares

A determinação da resistência de ponta de estacas (Qp) em solos não coesivos é


representada pela Equação 2.10 (API, 2007 e ISSO, 2007). Onde Nq é o Parâmetro adimensional
de ajuste da resistência de ponta da estaca e Ap é Área da seção transversal na ponta estaca.
29

𝑄𝑝 = 𝑁𝑞 𝜎0 𝐴𝑝 (2.10)

Observa-se que a capacidade resistente de ponta é proporcional à pressão vertical


efetiva, o que resulta a necessidade de limitar as tensões atuantes na ponta das estacas de grande
profundidade de maneira semelhante ao feito na resistência de atrito lateral. Desse modo,
recomenda-se valores de Nq e os limites de tensões correspondentes a cada tipo de solo (Tabela
2.5).

Tabela 2.5 – Valores recomendados para o parâmetro adimensional


Classificação do
Densidade Relativa Nq Nq max (MPa)
Solo
Muito fofa
Areia
Fofa
Areia Siltosa Não aplicável Não aplicável
Mediamente
compacta Silte
Compacta
Mediamente Areia Siltosa 12 3
compacta Areia
20 5
Areia Siltosa
Compacta
Areia
40 10
Areia Siltosa
Muito compacta
Areia 50 12
Fonte: API (2007) e ISO (2007).

2.2.2.2 Para solos coesivos

Para determinação da resistência de ponta de estacas em solos coesivos, é proposto


a Equação 2.11 (API, 2007 e ISSO, 2007)

𝑄𝑝 = 9𝑐𝑢 𝐴𝑝 (2.11)

2.3 Leis de Cambefort (1964)

O fenômeno de transferência de carga pode ser analisado pelo método numérico


conhecido por Leis de Camberfort, as quais foram propostas por Cambefort (1964) e
simplificadas por Baguelin et al. (1971) e Cassan (1978). Essas leis propõem que o sistema
solo-fundação segue as relações do tipo rígido elástico-plástico, tanto para o atrito lateral quanto
30

para a reação de ponta das estacas. Desse modo, a ruptura do solo se dará por rupturas
progressivas, ou seja, a resistência última não irá necessariamente ocorrer simultaneamente em
todos os pontos da lateral e da ponta da estaca. Essas leis estão ilustradas na Figura 2.11,
conforme apresentado por Massad (1992).

Figura 2.11 – Leis de Cambefort (a) Primeira lei e (b) Segunda Lei.

Fonte: Adaptado Massad, 1992.

Analisando a primeira lei, afere-se o deslocamento máximo para que o atrito lateral
seja plenamente mobilizado (Y1) e o coeficiente angular da Primeira Lei de Cambefort (B) até
atingir a mobilização máxima do atrito lateral (fu). O parâmetro Y1 varia de 0,1% a 0,4% do
diâmetro da estaca (D) (MASSAD, 2008).

Ao se observar a segunda lei, obtém-se o deslocamento máximo para que ocorra


ruptura pela ponta (Y2) e o coeficiente angular da Segunda Lei de Cambefort (R) até atingir a
mobilização máxima da ponta (Rp). O parâmetro Y2, diferentemente de Y1, geralmente supera
os 5% D, podendo assumir valores de algumas dezenas de milímetros (MASSAD, 2008).

2.3.1 Efeito da carga residual

Ao se submeter uma estaca a um segundo carregamento, surge na sua ponta uma


carga residual, a qual fica “aprisionada”. Esse fenômeno permite explicar o formato da curva
carga-recalque em estacas submetidas ao segundo carregamento, o qual ilustra um aparente
incremento do atrito lateral e redução da carga na ponta (DÉCOURT, 1995).
31

Além disso, o “aprisionamento” de carga na ponta da estaca ocorre após sua


cravação, a qual confina a estaca devido à presença do atrito lateral. Desse modo, aplicando-se
o carregamento, a ponta e o atrito lateral são mobilizados, porém esse fenômeno não altera a
carga de ruptura, e sim a curva carga versus recalque do topo (MASSAD, 1994).

2.3.2 Obtenção dos parâmetros

2.3.2.1 Provas de carga instrumentadas

Através dos valores obtidos pela prova de carga instrumentada, é possível


determinar a mobilização do atrito lateral unitário entre dois trechos consecutivos, para cada
estágio do carregamento, por meio da Equação 2.12. Onde ΔQ é diferença de carga no trecho e
Al é área lateral do trecho considerado.

∆𝑄
𝑓= (2.12)
𝐴𝑙

Analogamente, pode-se obter a resistência de ponta, como descrito na equação 2.13.


Onde Qp é carga na base e Ap é área de ponta

𝑄𝑝
𝑞= (2.13)
𝐴𝑝

2.3.2.2 Sondagem à Percussão

Para estimativa dos Parâmetros de Cambefort, recomenda-se o seguinte


procedimento: para fu e Rp, pode-se usar o Metodo de Aoki-Veloso (1975) ou de Décourt-
Quaresma (1978); e para os parâmetros B e R, empregar as seguintes expressões a seguir, em
KN/m³; Onde Ef é Modulo de deformabilidade do solo ao longo do fuste da estaca e o Ep é
Modulo de deformabilidade do solo sob a ponta.

𝐵 = 2𝐸𝑓 (2.14)
𝑅 = 4𝐸𝑝 (2.15)
32

A estimativa dos módulos de deformabilidade do solo, pode ser feita através da


correlação com o NSPT, proposto por Texeira, citado por Alonso, 1991:

𝐸𝑓 = 𝑏. 𝑘. 𝑁 (2.16)
𝐸𝑝 = 𝑏. 𝑘. 𝑁𝑝 (2.17)

Tabela 2.6 – Valores de b e k


Solo b k
Argila siltosa 7,0 2,0
Argila arenosa 7,0 3,5
Silte argiloso 5,0 2,5
Silte arenoso 5,0 4,5
Areia argilosa 3,0 5,5
Areia siltosa 3,0 7,0
Fonte: Kochen, 1989 apud Alonso 1991.

2.4 Métodos para previsão de recalques

Mesmo garantindo-se a segurança em relação à ruptura, deve-se verificar se o


recalque satisfaz as condições de trabalho. Portanto, para a realização de um adequado projeto
de fundação, é importante prever os recalques das estacas e mantê-los dentro de certos limites
pré-fixados, para garantir que a estrutura cumpra suas finalidades.

Embora, os recalques encontrados em estacas submetidas a carga de trabalho


estejam compreendidos entre 2 e 6 mm (DÉCOURT, 1991); a observação e o controle do
recalque e das cargas atuantes nas fundações são fundamentais para um projeto de fundações
racional, seguro e econômico (BARROS, 2012). Apesar disso, não é incomum que esta etapa
de controle seja muitas vezes negligenciada (ALONSO, 1991).

Atualmente, as metodologias utilizadas para estimar recalques em estacas isoladas


podem ser agrupadas em três categorias: métodos baseados na Teoria da Elasticidade, métodos
semi-empíricos e métodos numéricos.
33

2.4.1 Métodos baseados na teoria da elasticidade

Devido aos fatores de segurança variarem entre 2 e 3, o comportamento das estacas


submetidas as cargas de trabalho geralmente encontra-se no trecho elástico da curva carga-
recalque, logo as estimações de recalque baseadas na teoria da elasticidade são válidas. Desse
modo, os Métodos Elásticos baseados na Teoria da Elasticidade são os mais empregados na
previsão de recalques em estacas. Em geral, esses métodos consistem em discretizar a estaca
em elementos e tentar encontrar condição de compatibilidade entre os deslocamentos da estaca
e os deslocamentos do solo adjacente a cada um desses elementos. A resposta elástica do solo
é geralmente obtida através das equações de MINDLIN (1936) que fornecem tensões e
deslocamentos em um semi-espaço elástico, homogêneo, sob ação de uma carga pontual
horizontal ou vertical aplicada em um ponto qualquer na profundidade.

2.4.1.1 Poulos e Davis (1980)

Na Figura 2.12 são definidos os parâmetros, geometria e condições de contorno,


utilizados no cálculo do recalque de estacas da solução de Poulos & Davis (1980). Onde Es é
Módulo de elasticidade do solo, Eb é Módulo de elasticidade da camada resistente de solo, υs
é Coeficiente de Poisson do solo e υb é Coeficiente de Poisson da camada resistente de solo.

Figura 2.12 – Obtenção dos parâmetros

Fonte: Adaptado Magalhães, 2005.

A rigidez relativa do material da estaca em relação ao solo (Kp) pode ser


determinada com a Equação 2.18. Onde 𝑅𝐴 é 𝐴𝑝 dividido por 𝜋𝑟²; para estacas maciças 𝑅𝐴 = 1.
34

𝐸𝑝
𝐾𝑝 = . 𝑅𝐴 (2.18)
𝐸𝑠

O fator de influência para estacas compressíveis (I), em solo de espessura finita e


com ponta em material resistente e diferentes valores para o coeficiente de Poisson consiste na
Equação 2.19.

𝐼 = 𝐼0 . 𝑅𝑘 . 𝑅ℎ . 𝑅𝑣 . 𝑅𝑏 (2.19)

Onde:
I0 = Fator de influência do recalque para estaca incompressível na massa semi-infínita;
𝑅𝑘 = Fator de correção para compressibilidade da estaca;
𝑅ℎ = Fator de correção para profundidade finita de solo compressível;
𝑅𝜐 = Correção para o coeficiente de Poisson do solo;
𝑅b = fator de correção para a base ou ponta em solo mais rígido.

As Figuras 2.13 e 2.14, a seguir, apresentam os gráficos para a determinação dos


fatores I0, Rk, Rh, Rr e Rb do método de Poulos e Davis (1980).

Por fim, a solução da determinação do recalque de estacas é dada pela Equação


2.20.

P.I
w= (2.20)
𝐸𝑠 .𝐷
35

Figura 2.13 – Fatores para o cálculo de recalque de estacas, (a) fator I0; (b) influência da
compressibilidade da estaca; (c) da espessura finita do solo compressível; (d) do coeficiente de
Pisson do solo.

Fonte: Poulos e Davis, 1974.


36

Figura 2.14 – Fator Rb para o método de Poulos e Davis (1980). (a) para L/B=75; (b) para
L/B=50; (c) para L/B=25; (d) para L/B=10; (e) para L/B=5

Fonte: Poulos e Davis, 1974.

2.4.1.2 Randolph & Wroth (1979) estendido por Lee (1993)

Lee (1993) propôs uma extensão para a equação de previsão de recalque sugerida
por Randolph e Wroth (1978) para estacas isoladas. Essa equação estar representada pela
Equação 2.21.
37

4.𝐿 tanh(𝑣.𝐿)
𝐺𝐿 .𝑟0 1+ −
𝜂.(1−𝜐).𝜋.𝜆𝑟0 𝑣.𝐿
𝑤= ( 4 2.𝜋.𝜌.𝐿.tanh(𝑣.𝐿) ) (2.21)
𝑄 +
𝜂.(1−𝜐) 𝜁.𝑟0 .𝑣.𝐿

Onde:
Ep = Módulo de elasticidade da estaca;
E’s = Modulo de elasticidade do solo abaixo da ponta da estaca;
υ = Coeficiente de Poisson;
GL = E’s/2(1+υ) (Módulo cisalhante);
GL/2 = Módulo cisalhante na profundidade de embutimento L/2;
r0 = Raio da estaca;
rm = k.L.(1- υ) (máximo raio de influência da tensão cisalhante); onde: k = 2,5 para camada
de solo  3L; k = 2,0 para camada de solo < 3L;
rm = L(1/4+[2.(1-)-1/4]𝜁) para capacidade de carga na ponta (nesse caso use 𝜂 = 1);
λ = Ep/ GL;
vL = (L/ r0).raiz(2/𝜁. Λ);
 = GL/2/ GL;
𝜁 = ln(rm/r0)
𝜂 = r0/rb = 1 apenas rbase > r0.

2.4.2 Métodos Semi-Empíricos

Os Métodos Semi-Empíricos são aqueles que utilizam correlações com ensaios


de campo para determinar o recalque. Geralmente essas correlações são elaboradas a partir
de resultados do Standard Penetration Test (SPT), como os métodos a seguir.

2.4.2.1 Aoki (1979, 1984)

No método proposto por Aoki (1979) o recalque é estimado segundo as equações


de Mindlin (1936). Esse método pode ser aplicado em qualquer ponto ao longo da estaca, desde
que a camada de solo adjacente à estaca seja homogêneo, isotrópico, elástico-linear e semi-
infinito. O recalque em qualquer é obtido através do princípio das superposições dos efeitos,
onde os valores das contribuições das cargas pontuais podem ser somados até o respectivo
ponto. Na Figura 2.15 são definidos os parâmetros geométricos utilizados no cálculo do
38

recalque de estacas da solução de Aoki (1979). Onde C é a distância da base à superfície


indeslocável, we é o encurtamento elástico e ws é o recalque da base.

Figura 2.15 – Parcelas de recalque da estaca (a) estaca descarregada e sem recalque; (b)
recalque após a aplicação do carregamento.

Fonte: Adaptado Cintra e Aoki, 2010.

Na falta de um valor específico para o módulo de elasticidade do concreto, Cintra


& Aoki (2010) sugerem usar os valores apresentados na Tabela 2.7.

Tabela 2.7 – Valores de Ep para diferentes tipos de estacas


Estaca Valores de Ep (GPA)
Strauss
18
Escavada a seco
Hélice Contínua
Franki 21
Estacão
Pré-moldada 28 a 30
Aço 210
Fonte: Adaptado Cintra e Aoki, 2010.

O encurtamento elástico consiste no deslocamento do elemento de fundação


oriundo da aplicação do carregamento. Segundo esse método, o cálculo desse deslocamento
deve ser orientado segundo a Figura 2.16, onde ilustra a resistência ao atrito lateral em cada
camada de solo e a carga na ponta.
39

Figura 2.16 – Diagrama de esforço normal da estaca

Fonte: Cintra e Aoki, 2010.

Desse modo, aplicando-se a Lei de Hooke ao sistema apresentado, o valor do


encurtamento elástico pode ser obtido de acordo com a Equação 2.22. Onde Qsi é Força de
compressão média atuante, Δli é Comprimento da subdivisão da estaca, As é a área lateral do
fuste da estaca e Ep é o modulo de elasticidade do concreto.

1
𝑤𝑒 = ∑(𝑄𝑠𝑖 . ∆𝑙𝑖 ) (2.22)
𝐴𝑠 .𝐸𝑝

O módulo de deformabilidade do solo antes da carga (E0), que são determinados de


acordo com as equações indicadas na Tabela 2.8. Onde o k é retirado da Tabela 2.6 apresentada
anteriormente.

Tabela 2.8 – Valores de E0 sugeridos


Estaca Valores de E0 (GPA)
Cravadas 6.k.NSPT
Hélice Contínua 4.k.NSPT
Escavadas 3.k.NSPT
Fonte: Adaptado Cintra e Aoki, 2010.

Para estimar o acréscimo de tensão abaixo da estaca, considera-se a carga de ponta,


aplicada na superfície do solo, a qual provoca um acréscimo de tensões em uma camada subjacente
40

qualquer, cuja espessura é H, e que h é distância vertical do ponto de aplicação da carga ao topo
dessa camada, de acordo com a Figura 2.17 (AOKI, 1984).

Figura 2.17 - Propagação de tensões devido à reação da ponta

Fonte: Cintra e Aoki, 2010

Sendo a propagação de tensões dada pela proporção horizontal e vertical de 1:2, o


acréscimo de tensões na linha média dessa camada (∆𝜎p) é calculado pela Equação 2.23.

4.𝑃𝑏
∆𝜎𝑝 = 𝐻 (2.23)
𝜋(𝐷+ℎ+ )2
2

De maneira similar, a transferência de carga entre o fuste e o solo, também,


provocam tensões nas camadas de solo que a envolve. Desse modo, é ilustrado, na Figura 2.18,
as condições para o acréscimo de tensões devido ao fuste, relativa a um segmento intermediário
da estaca, considerando seu ponto de aplicação como centróide desse segmento.
41

Figura 2.18 - Propagação de tensões devido às cargas laterais

Fonte: Cintra e Aoki, 2010.

Supondo a propagação de tensões dada pela proporção horizontal e vertical de 1:2,


o acréscimo de tensões devido à resistência lateral (∆𝜎i) é estimado pela Equação 2.24.

4.𝑄𝑠𝑖
∆𝜎𝑖 = 𝐻 (2.24)
𝜋(𝐷+ℎ+ )2
2

Por fim, o acréscimo total de tensões (Δ𝜎) na camada de solo será dado pela soma
das parcelas de acréscimo de tensões devido à ponta e à resistência lateral, conforme descrito
na Equação 2.25.

∆𝜎 = ∆𝜎𝑝 + ∑ ∆𝜎𝑖 (2.25)

Sendo que Es o módulo de deformabilidade da camada de solo, após a execução da


estaca, seu valor pode ser obtido pela a seguinte equação adaptada de Janbu (1963):

𝜎0 +∆𝜎 𝑛
𝐸𝑠 = 𝐸0 . ( ) (2.26)
𝜎0

Onde n é Coeficiente da natureza do solo (0,5 para solos granulares e 0 para argilas
duras e rijas).
42

Devido a aplicação do carregamento, as camadas de solo situadas entre a base da


estaca e a superfície do indeslocável sofrem deformações que resultam no recalque do solo
(ws), o qual pode ser dividido em duas parcelas, conforme a Equação 2.27. Onde ws,p é o
recalque devido à reação de ponta e ws,l = é o recalque relativo à reação às cargas laterais.

𝑤𝑠 = 𝑤𝑠,𝑝 + 𝑤𝑠,𝑙 (2.27)

Dessa forma, é possível estimar o recalque do solo nas camadas de solo até a
camada indeslocável utilizando a Teoria da Elasticidade Linear, de acordo com a Equação 2.28.

∆𝜎.𝐻
𝑤𝑠 = ∑ ( ) (2.28)
𝐸𝑠

O deslocamento no topo da estaca (w) será dado pela soma do encurtamento elástico
e o recalque do solo, segundo a Equação 2.29.

𝑤 = 𝑤𝑒 + 𝑤𝑠 (2.29)

2.4.2.2 Bowles (2001)

Inicialmente, o deslocamento (wei) de cada segmento do comprimento do fuste


(ΔLi) é calculado conforme a Equação 2.30. Onde Qmed é a força axial média e Amed é a área da
seção da estaca.

𝑄𝑚𝑒𝑑 .∆𝐿𝑖
𝑤𝑒𝑖 = (2.30)
𝐴𝑚𝑒𝑑 .𝐸𝑝

Portanto, a compressão axial total da estaca consiste no somatório dos


deslocamentos dos segmentos.

𝑤𝑒 = ∑ ∆𝑤𝑒𝑖 (2.31)

Calcula-se o recalque da base da estaca de acordo com a Equação 2.32.


43

(1−𝜐2 )
𝑤𝑝 = 𝑄. 𝐷. . 𝑚. 𝐼𝑠 . 𝐼𝐹 . 𝐹1 (2.32)
𝐸𝑠

Onde:
m.Is = 1 é o fator de forma;
IF = Fator de embutimento com os seguintes valores (IF = 0,55 se L/D≤5; IF = 0,5 se L/D > 5);
υ = 0,35;
Es = 500 (N+15) em kPa;
F1 = Fator de redução variando entre valores de 0,25 se a resistência lateral reduz a carga de
ponta Pp ≤ 0 ; 0,5 se a carga na ponta Pp > 0 ; 0,75 se houver apenas carga de ponta.

Por fim, soma-se o recalque axial e o recalque da ponta para se obter o recalque
total, conforme a Equação 2.33.

𝑤 = 𝑤𝑒 + 𝑤𝑝 (2.33)

2.4.3 Métodos Numéricos

Algumas dificuldades encontradas no uso dos métodos baseados na teoria da


elasticidade e dos métodos semi-empíricos podem ser contornadas pelo uso de métodos
numéricos. Nesses métodos, é possível modelar situações que permitam simular de maneira
mais refinada a sequência executiva, o nível de tensões, o nível d’água e a estratigrafia do solo.
Os métodos das diferenças finitas, dos elementos finitos e dos elementos de contorno
sãoexemplos desse tipo de metodologia. Vale ressaltar a elevada capacidade de processamento
computacional e o desenvolvimento de modelos matemáticos, que permitam soluções de baixo
custo relativo e com representatividade e confiabilidade bastantes atraentes. Como exemplo dos
Métodos Numéricos, pode-se citar o Método de Coyle & Reese (1966) e as Leis de Cambefort
modificadas por Massad (1992). Este é um método inicialmente proposto para analisar curvas
cargas versus recalque, porem nesse trabalho foi proposto como um método de previsão de
recalque.

2.4.3.1 Coyle & Reese (1966)

O método de Coule & Reese (1966) baseou-se em resultados experimentais de


estacas em estacas instrumentadas e de ensaios de laboratórios. As funções de transferência de
44

carga utilizadas nesse método forma introduzidas por Seed & Reese (1957), porém
aproximações teóricas têm sido usadas na avaliação das curvas t-z e q-z.

Inicialmente, divide-se a estaca em elementos iguais. Usualmente, decomponha-se


o elemento de fundação em três partes (L1 = L2 = L3 = L/3), conforme Figura 2.19. Onde Q é a
carga aplicada no topo, que resulta em um recalque de wb, da estaca de comprimento L. Onde
Qi, Li, wi e τi; os quais são respectivamente carga no topo, comprimento, recalque no ponto
médio e resistência ao cisalhamento relativo a cada subdivisão da estaca.

Figura 2.19 – Análise de transferência de carga

Fonte: Adaptado Poulos & Davis, 1980.

Um pequeno deslocamento inicial da base (wb) é imposto, podendo ser nulo para o
caso de estacas assentes em rocha ou em solo muito resistente. A força de reação na ponta P b
provocada por este deslocamento, pode então ser calculada, aproximadamente, pela formulação
de Boussinesq representada pela Equação 2.34; onde D é o diâmetro da estaca, Es é o modulo
de elasticidade do solo e υ é o coeficiente de Poisson do solo. Os parâmetros médios de
deformabilidade do material podem ser estimados através dos ensaios de campo ou laboratório.
45

𝐷.𝐸𝑠 .𝑤𝑏
𝑃𝑏 = (2.34)
(1−𝜐2 )

O passo seguinte é atribuir, arbitrariamente, um deslocamento (w3) para o centro do


elemento da base, o qual deverá ser igual ao deslocamento inicial da base na primeira tentativa.

Usando o valor de w3, obtém um determinado valor para a razão entre a tensão
transferida (τ3) e a resistência ao cisalhamento do solo (τmax) na curva t-z normatizada do solo,
onde são representadas por (t/tmax). Essa curva de transferência de carga pode ser obtida por
prova de cargas instrumentadas ou por métodos teóricos, como descrito no item 2.3.1.

O próximo passo, é obter a resistência ao cisalhamento máxima do solo na


profundidade do ponto médio do elemento τmáx, utilizando a curva resistência ao cisalhamento
por profundidade. Essa curva pode ser estimada através do ensaio de cisalhamento direto, ou
utilizando correlações com o SPT. Segundo Reese et al. (1969), pode-se determinar o τmáx a
partir da Equação 2.35, sendo resultado expresso em MPa.

𝑁𝑆𝑃𝑇
𝜏𝑚𝑎𝑥 = (2.35)
324

Desse modo, a carga (Q3) no topo do elemento 3 pode então ser obtida, conforme a
Equação 2.36. Onde L3 é o comprimento e u3 é o perímetro da subdivisão 3.

𝑄3 = 𝑃𝑏 + 𝜏3 . 𝐿3 . 𝑢3 (2.36)

Para calcular a carga no ponto médio do elemento (Qm), admite-se uma variação
linear de carga ao longo do elemento, através da Equação 2.37.

𝑄3 +𝑃𝑏
𝑄𝑚 = (2.37)
2

Feito isso, calcula-se o encurtamento elástico no ponto médio do elemento em


questão, segundo a Equação 2.38. Onde A3 é a área da seção transversal do elemento 3.
46

𝑄𝑚 +𝑃𝑏 𝐿
𝑤𝑒 = (
2
) (2.𝐴 3.𝐸 ) (2.38)
3 𝑝

Calcula-se, então, o novo deslocamento no centro do elemento conforme a Equação


2.39.

𝑤′3 = 𝑤𝑏 + 𝑤𝑒3 (2.39)

Entretanto, se w3 e w’3 não convergirem, o processo deverá ser repetido até a


convergência desses deslocamentos. Ao se alcançar a convergência, aplica-se os passos no
elemento superior até se obter o deslocamento no topo da estaca.

2.4.3.2 Leis de Cambefort modificadas por Massad (1992)

Para estacas assentes em solos praticamente homogêneos, podemos prever a curva


teórica carga versus recalque a partir das Leis de Cambefort modificadas por Massad (1992). O
desenvolvimento dessa curva requer trechos bem definidos durante os estágios de carregamento
(de 0 a 6) e de descarregamento (de 6 a 9) da estaca, conforme representado na Figura 2.20.
Onde o eixo das abscissas referisse a carga aplicada no topo da estaca (Q) e seu recalque
correspondente (w).

Para a previsão do recalque antes da ruptura, Massad (1992) sugere a definição de


três trechos para o carregamento (0-3, 3-4, 4-5), como pode ser verificado na Figura 2.20. O
primeiro, Trecho 0-3, consiste em um trecho retilíneo, ocorrendo devido à fase pseudo-elástica
de mobilização do atrito lateral, onde o ponto 3 representa o momento em que o atrito lateral
atinge o seu máximo valor no topo da estaca. O Trecho 3-4 é definido como trecho curvo,
ocorrendo devido à fase viscoplástico de plena mobilização do atrito lateral progressivamente
ao longo do fuste em direção a ponta, onde o ponto 4 representa o momento em que o atrito
lateral atinge o seu máximo valor na ponta da estaca. Finalmente, o Trecho 4-5 expressa
definido como um trecho linear, ocorrendo devido à fase pseudo-elástica da mobilização da
resistência de ponta, onde o ponto 5 representa a ruptura. Dessa forma, para construir a curva
teórica pode-se estabelecer a sequência de passos apresentados a seguir.
47

Figura 2.20 – Curva carga versus recalque teórica

Fonte: Adaptado Massad, 1992.

Inicialmente, calculamos a rigidez da estaca (Kr) utilizando a Equação 2.40. Onde


Ep é o modulo de elasticidade da estaca, A é a área da seção transversal da estaca e L é o seu
comprimento.

𝐸𝑝 .𝐴
𝐾𝑟 = (2.40)
𝐿

Sendo que a resistência de atrito lateral é dada pela Equação 2.41. Onde D é o
diâmetro da estaca, L é seu comprimento e fu é a máxima mobilização do atrito lateral.

𝜏𝑙 = 𝜋. 𝐷. 𝐿. 𝑓𝑢 (2.41)

Feito isso, a rigidez relativa solo-estaca (k) é calculado pela Equação 2.42. Onde y1
é o deslocamento máximo para que o atrito lateral seja plenamente mobilizado. Segundo essa
rigidez, as estacas podem ser classificadas conforme a Tabela 2.9.

𝜏𝑙
𝑘 = (2.42)
𝐾𝑟 .𝑦1
48

Tabela 2.9 – Tipos de estaca em função de k


Estaca Condição
Rígida ou “curta” k≤2
Intermediária 2<k<8
Compressível ou “longa” k8
Fonte: Adaptado Massad, 1992.

A rigidez relativa solo fuste-ponta-estaca (m) é calculado pela Equação 2.43. Onde
Rp é mobilização máxima da ponta. As estacas podem ser classificadas em função da rigidez
relativa solo fuste-ponta-estaca conforme a Tabela 2.10.

𝑅.𝐴.𝑦1
𝑚= (2.43)
𝜏𝑙

Tabela 2.10 – Tipos de estaca em função de m


Condição Caso Significado
m<1 Elíptico Deficiência de rigidez de ponta
m=1 Parabólico Rigidez de ponta “equilibrada”
m>1 Hiperbólico Excesso de rigidez de ponta
Fonte: Adaptado Massad, 1992.

Por fim, utiliza-se os parâmetros calculados para a previsão de carga no topo e


recalque nos limites de cada trecho.

I. Trecho 0-3
A carga no ponto 3 pode ser calculada segundo a Equação 2.43.

𝜏𝑙 tanh √𝑘 +𝑚.√𝑘
𝑄3 = [ ] (2.44)
√𝑘 1+𝑚.√𝑘.tanh √𝑘

E o recalque nesse ponto é dado pela Equação 2.44.

𝑤3 = 𝑦1 (2.45)
49

II. Trecho 3-4

A carga no ponto 4 pode ser calculada segundo a Equação 2.46.

𝑄4 = 𝜏𝑙 + 𝑦1 . 𝑅𝑝 . 𝐴 (2.46)

Para a determinação de y04, utiliza-se a Equação 2.47.

𝜏𝑙 𝑅.𝐴.𝑦1
𝑤4 = 𝑦1 + + (2.47)
2𝑘𝑟 𝑘𝑟

III. Trecho 4-5

A carga no ponto 5 pode ser calculada segundo a Equação 2.49. Onde y2 é o deslocamento
máximo para que ocorra ruptura pela ponta.

𝑃05 = 𝜏𝑙 + 𝑦2 . 𝑅𝑝 . 𝐴 (2.48)

Para a determinação de y05, utiliza-se a Equação 2.50.

𝜏𝑙 𝑅.𝐴.𝑦2
𝑦05 = 𝑦2 + + (2.49)
2.𝑘𝑟 𝑘𝑟

2.5 Analise de recalques através de Softwares

Com o advento computacional, os engenheiros têm progressivamente adotado a


utilização de softwares e planilhas eletrônicas em projetos de fundações, os quais em geral
utilizam métodos com bases teóricas e técnicas numéricas, tais como o método dos elementos
finitos e o método do elemento de contorno. Geralmente, essas ferramentas permitem analisar
estacas de geometria e módulo de elasticidade quaisquer. Essas plataformas possuem diversos
tipos de modelos constitutivos de solo, os quais consideram comportamento não linear,
dependente do tempo e da anisotropia. Além disso, é possível simular o carregamento em
estágios de aplicação considerando a sequência construtiva. Nesse contexto, existem diversos
programas comerciais cuja previsão do recalque de uma estaca isolada é feita através dos
métodos de transferência de carga. Entre eles pode-se citar RSPile, UniPile e ALXPAXL_CIR.
50

2.5.1 RSPile

O RSPile foi desenvolvido pela Rocscience analisa o comportamento de estacas


submetidas a carregamentos vertical e horizontal. O software utiliza o método numérico das
diferenças finitas para a solução da equação diferencial (Equação 2.50), obtida a partir do
equilíbrio limite das forças atuantes. Vale mencionar que, para uma estaca carregada
axialmente, a força do corpo produzida pelo peso da unidade da estaca é insignificante em
comparação com as cargas aplicadas e, portanto, é negligenciada.

𝑑2 𝑢𝑧
−𝐸𝐴 + 𝜏. 𝐶 = 0 (2.50)
𝑑𝑧 2

No software, a relação tensão-deformação para uma estaca carregada axialmente


pode ser descrita através de três mecanismos de carga: deformação axial da estaca, atrito lateral
e resistência de ponta. Vale ressaltar que é utilizado o modelo de massa de mola no qual molas
representam a rigidez do material, logo técnicas numéricas podem ser empregadas para
conduzir a análise de transferência de carga.

O método da curva t-z usando análise de elementos finitos é empregado para


resolver a equação diferencial governante. O método permite a simulação do comportamento
não-linear de tensão-deformação no solo, empregando curvas de rigidez não linear indicadas
como curvas t-z para elementos de cisalhamento do solo.

Nesse modelo, a estaca e solo são assumidos como elástica linear e perfeitamente
plástica sob compressão axial. Por fim, o software permite escolher a geometria da estaca,
definir o material da estaca e as camadas do solo (tipo e espessura).

2.5.2 UniPile

O UniPile foi desenvolvido pelos engenheiros Bengt Fellenius e Pierre Goudreault,


o software permite o dimensionamento de estacas e grupos de estacas de acordo com o método
unificado de Fellenius. O software considera capacidade de carga, carga residual, recalque,
assentamento do grupo de estacas, atrito negativo, aspectos da instalação e as tensões residuais.

Uma das suas funções consiste em simular prova de carga estática de uma estaca
51

através funções t-z apropriadas para cada camada de solo, como Hiperbólica, Razão, Hansen-
80%, Zhang e Exponencial, ou definido pelo usuário. Vale ressaltar o programa utiliza
parâmetros obtidos de ensaios de campo, SPT e CPT, a fim de determinar a resistência máxima
lateral e de ponta da estaca. Tanto a estaca como o solo assumem comportamentos elasto-
pláticos.

Para essa funcionalidade, é preciso definir a geometria da estaca, as espessuras das


camadas de solo, a função de transferência de carga e os parâmetros de resistência e
deformabilidade do concreto.

2.5.3 ALPAXL

O ALPAXL, desenvolvido por Hoyoung Seo, permite estimar o recalque de uma


estaca carregada axialmente em solo multicamadas. A análise consiste na solução das equações
diferenciais que governam os deslocamentos do sistema solo-estaca. Os parâmetros de entrada
necessários para a análise são a geometria da estaca e as constantes elásticas do solo e da estaca.

A análise considera uma estaca isolada circular embutida verticalmente em um


depósito de solo elástico de múltiplas camadas. Vale ressaltar que todas as camadas do solo se
estendem ao infinito na direção horizontal, e a camada inferior estende-se ao infinito para baixo
na direção vertical. Presume-se que o meio de solo seja elástico e isotrópico, homogêneo dentro
de cada camada, com propriedades elásticas descritas pelas constantes de Lame. Presume-se
que a estaca se comporte como uma coluna elástica, isto é, um elemento de compressão axial
elástica.

2.6 Estudos recentes

Magalhães (2005), comparando com as provas de carga do banco de dados,


verificou que os de recalques previstos pelo os métodos de Poulos & Davis (1980) e Randolph
& Wroth (1978) eram mais assertivos quando os valores de NSPT ao longo do fuste da estaca
variavam entre 10 e 30.

Amann (2010), fez uma retroanálise para aferição da estimativa semiempirica


unificada proposta por ele, a qual consiste na separação das parcelas de atrito e ponta por
métodos de transferência de carga, bem como ajustes polinomiais, no caso de ensaios
52

instrumentados. Analisando criticamente os dados o autor sugeriu uma nova abordagem


matemática da transferência de carga específico para o solo da região estudada.

Fernandes (2010), analisando o comportamento de transferência de carga ao longo


do fuste e da base através de curvas de transferência, apresentou uma metodologia teórica para
encontrar as respectivas curvas, analisou os parâmetros que a influenciam e por fim apresentou
as curvas que caracterizam o comportamento de cada tipo de estaca no solo residual do granito.
Para simular essas curvas, o autor utilizou ao programa UniPile.

Silva (2011) fez uso do software Unipile conseguindo simular a curva hipotética de
transferência de carga, para estimar o efeito das tensões residuais nas provas de carga
instrumentadas, tendo que fazer ajustes para aproximá-la da obtida em campo, após serem
comparadas. Suspeitou-se que o processo de cura do concreto influenciou o funcionamento da
instrumentação, uma vez que a instrumentação foi instalada logo após a concretagem das
estacas ensaiadas. A aproximação que foi feita entre os resultados obtidos em campo e os
resultados obtidos no UniPile são dependentes dos parâmetros geotécnicos, do coeficiente de
fuste (β) e do coeficiente de ponta (Nt) que foram igualados aos obtidos por Anjos (2006).

Nogueira (2014) analisou o comportamento de estacas tipo raiz com 400 mm de


diâmetro e 12 m de comprimento submetidas a esforços de compressão através da realização
de provas de carga à compressão. As estacas foram instrumentadas ao longo do fuste com
extensômetros elétricos de resistência de maneira a se obter os dados do mecanismo de
transferência de carga em profundidade. As provas de carga forneceram um valor médio de
carga de ruptura de 980 kN, um atrito lateral médio de 66,2 kPa e 248 kPa em média de carga
de ponta. Observou-se que, na ruptura, em média 96,8% da carga aplicada no topo das estacas
foi transferida para o fuste. Comprovou-se a aplicabilidade conceitual das Leis de Cambefort,
onde necessitaram-se pequenos deslocamentos, entre 2 a 5 mm, para a plena mobilização do
atrito lateral, sendo que para a ponta, até onde foi possível observar, maiores deslocamentos
fizeram-se necessários.

Perez (2014) analisou o comportamento de estacas escavadas à trado com 5 m de


comprimento e com três diferentes diâmetros (0,25 m; 0,30 m e 0,40 m), instrumentadas,
submetidas a provas de carga estática do tipo lento a fim de se obter os dados do mecanismo de
transferência de carga em profundidade e construir as curvas da primeira e segunda Lei de
53

Cambefort. De acordo com o resultado dessas provas de cargas, verificou-se que as estacas
trabalharam preponderantemente por atrito lateral, cuja porcentagem variou de 100% para
estaca menor a aproximadamente 96% para as outras duas. Verificou-se pelo gráfico da
Primeira Lei de Cambefort que o deslocamento no momento do esgotamento do atrito lateral
unitário médio para estacas foi de 2,1 mm, 4,0 mm e 5,0 mm, respectivamente, valores da ordem
de 1,0 % do diâmetro da estaca. Por fim, para estacas com mobilização da resistência de ponta,
verificou-se que não há esgotamento de carga da ponta, já que a curva não indica proximidade
de um ponto de inflexão.

Araújo (2015), comprovou a eficácia da utilização de redes neurais artificiais do


tipo perceptron multicamadas na estimativa de recalques em fundações profundas, através de
informações de provas de cargas e de sondagem à percussão (SPT). Em seu modelo final, a
autora encontrou que as variáveis referentes ao solo são as que mais contribuem (43,75%) com
a previsão do recalque, seguida pelas variáveis de entrada referentes ao elemento estrutural com
(39,07%), o que demonstra a importância da compreensão do mecanismo de transferência de
carga, que depende das características do solo e do elemento.

Widjaja e Lilianto (2015) compararam o resultado de provas de cargas de uma


estaca com 1,2 m de diâmetro e 50 m de comprimento com os resultados obtidos pelo software
RSPile. A partir dessa análise, observaram que os recalques obtidos pelo RSPile foram
significativamente conservadores tendo uma diferencia de 10 mm quando submetido ao
carregamento de 1600 toneladas.

Pereira (2016), utilizou provas de carga estática instrumentadas em estacas


escavadas com polímero, instaladas predominantemente em solo arenosos. Com os dados das
curvas carga versus recalque coletados no topo da estaca e os dados da instrumentação do fuste,
foram realizados estudos comparativos entre os valores de carga de ruptura, atrito lateral e
resistência de ponta, obtidos através de métodos de interpretação e os valores alcançados pelos
dados da instrumentação.

Alves (2016), utilizou previsões a partir de sondagens CPT, DMT e SPT para
previsão do comportamento de uma estaca escavada com polímero com diâmetro de 1 m e com
comprimento de 24 m. Em comparação com os resultados obtidos em campo pela prova de
carga estática da estaca instrumentada, as previsões foram majoritariamente conservadoras,
54

onde notou-se que a maioria das estimativas subestimou a capacidade lateral e superestimou a
de ponta. As curvas carga-recalque com médias de até 10% utilizaram Elementos Finitos e o
software UniPile, e o menor valor de variância utilizou Verbrugge (1981). As curvas carga-
profundidade com médias de até 10% utilizaram Verbrugge (1981), Randolph e Wroth (1978)
e Gwizdala e Steczniewski (2003), e o menor valor de variância utilizou o software UniPile.

Bohn et all. (2016), analisando 50 provas de carga instrumentadas e validando as


curvas em outras 72 não instrumentas, propôs dois tipos de curvas de transferência de carga:
uma curva com base na raiz cúbica e uma, hiperbólica. Vale acrescentar que essas curvas são
validas para a maioria dos tipos de solos e estacas.
55

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Metodologia

A metodologia adotada na presente pesquisa foi estabelecida a partir da realização


das seguintes etapas:

− Coleta de dados;
− Coleta de amostras deformadas e indeformadas;
− Realização de ensaios de laboratório, caracterização e especiais;
− Execução de uma caracterização geotécnica do subsolo do campo experimental a partir de
ensaios coletados e realizados;
− Apresentação dos resultados das provas de carga em estacas escavadas e uma hélice
continua coletados e utilizadas no presente trabalho;
− Previsões de recalque das estacas das PCEs coletadas por métodos semi-empíricos, teóricos
e numéricos;
− Comparação dos resultados e análises;
− Estabelecimento das conclusões e escrita da dissertação.

3.2 Local do estudo

A presente pesquisa foi realizada no Campo Experimental de Geotecnia e Fundação


da Universidade Federal do Ceará (UFC), localizado no Campus do Pici, em Fortaleza/CE,
conforme ilustrado na Figura 3.1, cuja as coordenadas aproximadas são 3°45'7.76" de latitude
sul e 38°34'22.31" de longitude oeste e elevação de 24 m em relação ao nível do mar. O solo
dessa região é predominantemente granular derivado da típica formação barreira da região.
56

Figura 3.1 – Local de estudo

Fonte: Lopes, 2018.

3.3 Coleta de Dados

Na coleta de dados, foram coletados dados de ensaios de caracterização e de


sondagens à percussão (SPT), que foram retiradas em ocasião do VIII Simpósio Brasileiro de
Solos Não Saturados (ÑSAT, 2015). Além disso, foram coletados resultados de provas de carga
estática (PCE) que foram executas por Bonan (2017). O croqui do local das sondagens à
percussão realizadas e das PCE’s está esquematizado na Figura 3.2.

Adicionalmente, foram coletados os resultados de três outras sondagens à percussão


(SPT) e uma prova de carga estática (PCE) numa estaca hélice continua de 600 mm de diâmetro
e executa a cerca de 100 m do Campo Experimental de Geotecnia e Fundações da UFC.
57

Figura 3.2 – Croqui dos locais de estudo

Fonte: Autor, 2018.

3.3.1 Caracterização das Estacas

Para o presente trabalho são executadas duas estacas de concreto armado, isoladas,
com 1,5 m de comprimento e 0,1 m de diâmetro. Essas estacas foram escavadas manualmente
por trado-concha e aplicação de água. O concreto utilizado tem resistência à compressão de 20
MPa e seu adensamento foi realizado de forma manual com auxílio de uma barra metálica. Seus
respetivos blocos de coroamento foram executas com concreto de aproximadamente 27 MPa
com comprimento e largura de 0,3 m e altura de 0,2 m, sobre uma camada de 5 cm de concreto
magro.

O que diferenciam as duas estacas é que uma delas foi assente sobre uma camada
de poliestireno expansivo, o que a tornou uma estaca flutuante, ou seja, uma estaca resiste
apenas por atrito laterais.
58

3.3.2 Sondagem à Percussão

Para sondagem à percussão foi executado um furo de sondagem até a profundidade


de aproximadamente 7,5 m, aberto com trado-concha até os 20 cm iniciais. Como de padrão, o
número de golpes necessários para cravar o amostrador padrão foi contabilizado a cada metro,
em 3 intervalos de 15 cm com a utilização de um martelo de 65 kg caindo de uma altura de 75
cm. Segundo Lima (2017), a sondagem foi realizada com uma eficiência de 80%, que foi
medida com o uso de um papel adesivo colado na guia de aço do martelo de pela média dos
valores estimados a partir dos métodos propostos por Odebrecht, 2003.

3.3.3 Prova de Carga Estática

As provas de carga foram executadas de forma estática, com a aplicação de carga


em 10 estágios de forma rápida, sendo 7 de carregamento e 3 de descarregamento. As leituras
de recalque foram mensuradas por 2 extensômetros diametralmente opostos nos intervalos de
tempo de 0, 1, 2 ,5 e 10 min, caso fosse observado estabilização dos deslocamentos antes de
10 min, o próximo estágio era aplicado. O sistema de carga é composto de macaco hidráulico,
bomba, célula de carga, complementos metálicos e placa metálica ilustrado na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Sistema de Reação: (a) caminhão utilizado e (b) instrumentação para medição.

Fonte: Adaptado Bonan, 2017.


59

3.4 Coleta de Amostras

A fim de realizar os ensaios necessários a caracterização do solo em estudo, foram


coletadas amostras deformadas e indeformadas de um poço de investigação escavado
manualmente a 6 m das estacas estudadas.

As amostras deformadas, pesando cerca de 6 kg, foram colidas de três


profundidades diferentes: 20 cm, 60 cm e 1,10 m e acondicionads em sacos plásticos
hermeticamente fechados. Já os blocos indeformados, medindo 20 cm de cada lado, foram
retirados de duas profundidades, 60 cm e 1,10 m. O procedimento para retirada dessas amostras
indeformadas está esquematizado na Figura 3.4 e em todas as amostras efetuou-se a
determinação da umidade natural utilizando-se o método da estufa.

Figura 3.4 – Etapas da realizadas da coleta das amostras indeformadas: (a) Escavação do poço
de coleta, (b) Moldagem da amostra, (c) Colocação do tecido e revestido com parafina, (d)
Preenchimento com raspas de madeira, (e) Inserção na caixa e (f) Bloco finalizado para o
transporte.

Fonte: Autor, 2018.


60

3.5 Ensaios Geotécnicos

Os ensaios de laboratório foram realizados no Laboratório de Mecânica dos Solos


e Pavimentação da Universidade Federal do Ceará (UFC) e no Laboratório de Mecânica dos
Solos e Pavimentação do Instituto Federal do Ceará (IFCE). A seguir são apresentadas os
equipamentos e procedimento utilizados na realização dos ensaios geotécnicos de laboratório,
de caracterização e especiais, assim como, dos ensaios de campo.

3.5.1 Ensaios de Caracterização Geotécnica

Conforme recomenda a Norma NBR 6457 (ABNT, 2016), preparam-se amostras


deformadas que foram utilizadas para a realização dos ensaios de caracterização que estão
listados na Tabela 3.1, bem como as respectivas normas utilizadas e o número de ensaios
geotécnicos realizados.

Tabela 3.1 – Lista de ensaios de caracterização realizados


Ensaio Quantidade de Ensaios Norma
Análise granulométrica 3 NBR 7181 (ABNT, 2016)
Compactação 3 NBR 7182 (ABNT, 2016)
Densidade das partículas 3 NBR 6458 (ABNT, 2016)
Limites de Liquidez 3 NBR 6459 (ABNT, 2016)
Limite de Plasticidade 3 NBR 7180 (ABNT, 2016)
Umidade Natural 3 NBR 6457 (ABNT, 2016)
Fonte: Autor, 2018.

Conforme a Norma NBR 7181 (ABNT, 2016), o procedimento que compôs a


análise granulométrica realizada consistiu no peneiramento grosso, no peneiramento fino e na
sedimentação, este com auxílio de defloculante.

Os limites de Atterberg, limites de liquidez (LL) e o limite de plasticidade (LP),


foram aferidos de acordo com as normas NBR 6459 (ABNT, 2016) e NBR 7180 (ABNT, 2016),
respectivamente. O limite de liquidez foi realizado no aparelho de Casagrande e o limite de
plasticidade utilizando-se uma tabua de vidro despolido, conforme indicação da norma.
61

Consoante a NBR 6458 (ABNT, 2016), a densidade dos grãos foi determinada por
meio do uso do picnômetro de vidro e com baixo coeficiente de dilatação térmica.

Por fim, para a realização do ensaio de compactação, utilizou-se as normas NBR


6457 (ABNT, 2016), que trata da preparação de amostras para ensaio de compactação, e a NBR
7182 (ABNT, 2016), que trata do ensaio propriamente dito. A energia adotada foi a de Proctor
Normal utilizando-se um cilindro metálico de 997 cm³.

3.5.2 Ensaios Especiais

Os ensaios especiais foram realizados em corpos de prova obtidos de amostras


indeformadas retiradas nas profundidades de 60 cm e 1,10 m. Desse modo, foram realizados 2
ensaios de cisalhamentos direto e 2 ensaios de compressão triaxiais.

3.5.2.1 Ensaio de Cisalhamento Direto

O ensaio de resistência ao cisalhamento direto é um ensaio utilizado para obter


parâmetros de resistência ao cisalhamento dos solos, no presente, em termos de tensões efetivas.
Os ensaios realizados na presente pesquisa seguiram as recomendações da ASTM D3080
(ASTM, 2004). Os corpos de prova (cp’s) foram moldados com auxílio de um gabarito metálico
de volume de 50 cm³, preservando a umidade natural e a massa específica aparente natural das
amostras. A Figura 3.5 mostra a moldagem dos cp’s utilizados para a realização dos ensaios de
cisalhamento direto.

O equipamento utilizado nos ensaios é mostrado na Figura 3.5. Na caixa de


cisalhamento, foram dispostas pedras porosas, acima e abaixo dos cp’s moldados, as placas.
Esse conjunto foi submetido a saturação por inundação, durante um período de cerca de 3 h,
visto que o solo é de natureza granular e, pela elevada permeabilidade, rapidamente apresentou
estabilização de deslocamentos verticais após a inundação.
62

Figura 3.5 – Moldagem do corpo de prova: (a) cravação do gabarito metálico e (b) retirada do
solo excedente.

Fonte: Autor, 2018.

Figura 3.6 – Equipamento de cisalhamento direto: (a) vista do equipamento e (b) detalhe dos
extensômetros.

Fonte: Autor, 2018.

As tensões verticais utilizadas para o adensamento foram as seguintes: 50 kPa, 100


kPa e 200 kPa. Nessa etapa, os deslocamentos verticais foram medidos em tempo dobrados até
a estabilização das medidas realizadas, caracterizada por uma deformação total inferior a 10%
daquela sofrida no estágio de carga anterior.
63

A velocidade a velocidade do ensaio de cisalhamento direto obtida de acordo com


Head (1994), por meio da Equação 3.1. Onde v é a velocidade usada no ensaio de cisalhamento
direto, Df consiste na deformação específica da resistência de pico, H0 é a altura inicial do corpo
de prova e tf representa o tempo para atingir a resistência de pico.

1
𝑣 = 𝐷𝑓 . 𝐻0 (3.1)
100.𝑡𝑓

A tensão normal específica para cada ensaio aplicada no cabeçote localizado sobre
o corpo de prova. A cada incremento de 0,25 mm do deslocamento horizontal, as deformações
do anel dinamométrico e a variação da altura dos corpos de prova foram anotadas. A força
horizontal aplicada no ensaio é determinada pelas deformações do anel dinamométrico. Já a
partir da variação da altura, obtém-se sua variação volumétrica durante a ruptura. Essa etapa,
prossegue até o deslocamento horizontal de aproximadamente 5 mm no leitor do carrinho, ou
seja, uma deformação de 10% em relação à dimensão inicial.

3.5.2.2 Ensaio de Compressão Triaxial

Foram realizados ensaios de compressão triaxial do tipo consolidado e drenado


(CD) em cps de amostras retiradas a 60 cm e 1,10 m de profundidade conforme a localização
da Figura 3.2. No ensaio, as tensões aplicadas à amostra são efetivas havendo permanente
drenagem do corpo de prova, para isso, o ensaio ocorre lentamente. A velocidade de
carregamento deve ser definida de forma a garantir a completa dissipação das pressões neutras.

Utilizou-se um equipamento de compressão triaxial, estático, com ar comprimido


servo controlado, onde a pressão aplicada no corpo de prova é controlada por válvulas manuais
e a prensa é eletrônica. Os deslocamentos e as variação volumétricas são medidos de forma
eletrônica. Todo o ensaio é assistido por um software cedido pela fabricante do equipamento.
Uma vista do equipamento está mostrada na Figura 3.7.

O ensaio foi iniciado com a moldagem dos corpos de prova cilíndricos de 3,5 cm
de diâmetro e 7,0 cm de altura moldados utilizando-se um extrator de amostras indeformadas
com auxílio de uma espátula metálica, preservando-se a umidade e a massa específica aparente
natural da amostra. Depois, o cp foi envolto por uma membrana de látex de 61,8 mm de
diâmetro e 240 mm de comprimento. Nas extremidades, superior e inferior do cps, foram
64

colocadas pedras porosas para possibilitar a drenagem interna do corpo de prova. Esse conjunto
foi colocado em uma célula que foi completada por água, como mostrado na Figura 3.8.

Figura 3.7 – Equipamento de compressão triaxial utilizado.

Fonte: Autor, 2018.

Figura 3.8 – Célula do ensaio de compressão triaxial.

Fonte: Autor, 2018.

A saturação foi feita em duas etapas. A primeira consistiu na percolação de água


através do corpo de prova com a válvula da célula aberta para permitir a gotejamento dessa
água. O gotejamento marca o fim dessa etapa e o fechamento dessa válvula. Na segunda etapa,
65

a saturação dos corpos de prova foi alcançada com incrementos constantes e alternados de
pressão e contra-pressão de 10 kPa até obter-se um valor do parâmetro B de Skempton (1954)
igual 100%.

O adensamento iniciou-se com o acréscimo de tensão de confinamento hidrostática


(σ3) ao corpo de prova específica para cada ensaio. Depois, permitiu-se a drenagem e aferiu-se
a variação volumétrica em tempos dobrados até a estabilização das leituras, ou seja, que a
pressão neutra fosse dissipada.

Por fim, a ruptura dos corpos de prova foi atingida com a aplicação de incrementos
sucessivos de carga axial (∆σ) através do deslocamento vertical da prensa a uma velocidade
constante e permitindo a drenagem do corpo de prova. Os valores de tensão e deformação foram
aferidos eletronicamente pelo software.

As velocidades adotadas na fase de ruptura foram definidas com base na Equação


3.2, utilizando a relação tf/t100 recomendada por Head (1986). Onde vf é a velocidade de
deslocamento, εf é a deformação específica na ruptura, H0 é a altura inicial do corpo de prova e
tf é o tempo para atingir a ruptura. A velocidade adotada em ambos ensaios foram 0,03 mm/min.

є𝑓 .𝐻0
𝑣𝑓 = (3.2)
100.𝑡𝑓

3.6 Previsões dos Recalques das Estacas

Para a previsão dos recalques das estacas anteriormente mencionadas, utilizou-se


métodos semi-empíricos, métodos baseados na teoria da elasticidade, métodos numéricos e
softwares de computadores. Neste sentido estimou-se os recalques, utilizando-se as
metodologias propostas, para as cargas dos estágios de cargas das PCE’s realizadas, de forma
a comparar as previsões efetuadas com os ensaios medidos experimentalmente.

Inicialmente, utilizou-se os métodos semi-empíricos, Aoki (1984) e Bowles (2001),


os quais utilizam correlações com o NSPT para a determinação dos recalques. A partir desses
valores, analisou-se os recalques previstos através de comparações entre esses métodos por
meio de tabela e curva carga versus recalque. Além disso, verificou o fator de correspondência
entre os recalques medidos e previstos desses métodos. De maneira análoga aos métodos semi-
66

empirico, utilizou-se os métodos baseados na teoria da elasticidade, Poulos e Davis (1980) e


Randolph & Wroth (1979) estendido por Lee (1993), para previsão dos recalques e analises.

Além desses métodos, utilizou-se os métodos os métodos de Coyle & Reese (1966)
e as Leis de Cambefort modificadas por Massad (1992), que consideram a transferência de
carga para a determinação dos recalques das estacas. No método de Coyle & Reese (1966),
foram utilizadas 6 metodologias distintas para prever os recalques, a fim de verificar qual delas
tem melhor convergência com a PCE. Além disso, foram plotados o perfil de deslocamento e e
o diagrama carga-profundidade para a metodologia mais eficaz na carga de trabalho. Por outro
lado, as Leis de Cambefort modificadas por Massad (1992), utilizou apenas uma metodologia
na sua aplicação e sua análise consistiu na previsão dos recalques através dos pontos limites
dos trechos descrito anteriormente.

Por fim, foram realizadas simulações numéricas com auxílio dos programas
computacionais ALPAXL, UniPile e RSPile; pois esses programas permitirem simular o
comportamento de transferência de carga da estaca correspondente a um ensaio de carga
estático, utilizando os resultados das sondagens à percussão (SPT) realizadas e os ensaios
especiais. Vale acrescentar, ALPAXL e RSPile permitiram plotar o perfil de deslocamento e o
diagrama carga-profundidade.

3.7 Comparação das Previsões Realizadas

As previsões de recalques das estacas isoladas pelos diversos métodos utilizados na


presente pesquisa a cada estágio de carga permitiram a construção de curvas de carga versus
recalque estimadas, que foram confrontadas com as curvas de provas de carga estática (PCE)
coletadas, a fim de verificar a acurácia de cada método.
67

4 RESULTADOS E ANÁLISES DE ENSAIOS GEOTÉCNICOS

Neste capitulo, inicialmente são apresentados os resultados da caracterização


geotécnica do subsolo adjacente às estacas em analise através da realização de ensaios de
granulometria, umidade natural, densidade real e compactação. Em seguida, os resultados de
ensaios especiais, cisalhamento direto, compressão triaxial e compressão edométricas também
são apresentados e analisados, assim como, os resultados dos ensaios de campo utilizados nessa
pesquisa.

4.1 Ensaios de Caracterização

A caracterização geotécnica das amostras, deformadas, resultante de ensaios de


granulometria, de limites de Atterberg, de umidade natural, de densidade real e de compactação
estão apresentados a seguir.

4.1.1 Granulometria

Conforme relatado, foram realizados ensaios granulométricos por meio de


peneiramento e sedimentação em amostras deformadas. As curvas granulométricas provenientes
da realização dos ensaios das profundidades de 20 cm, 60 cm e 1,10 m são apresentadas na
Figura 4.1. Os percentuais granulométricos de cada amostra estão na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Percentuais granulométricos em cada profundidade.


Profundidade (cm)
Tipo Intervalo 20 60 110
Pedregulho > 4,8 0,00 0,07 0,00
Areia Grossa 4,8 - 2,00 0,41 0,50 0,29
Areia Média 2,00 - 0,42 12,52 8,77 19,90
Areia Fina 0,42 - 0,074 73,93 77,27 62,74
Silte 0,074 - 0,005 3,82 1,43 3,83
Argila < 0,005 9,32 11,97 13,24
Argila Coloidal < 0,001 0,00 0,00 0,00
Fonte: Autor, 2018.
68

Figura 4.1 – Granulometria do Campo Experimental

Fonte: Autor, 2018.

De acordo com o Sistema Unificado de Classificação do Solo (SUCS), as 3


amostras ensaiadas são classificadas como SM, ou seja, uma areia siltosa, mal graduada. Além
disso, observou-se que o solo mais superficial, 20 cm, apresenta um percentual de finos
ligeiramente inferior com relação aos mais profundos.

4.1.2 Umidade Natural

A umidade natural do solo foi obtida a partir da coleta de amostras em campo, que
foram coletadas em sacos plásticos e, no laboratório, foram submetidas à estufa. Os resultados
dos ensaios de umidade são apresentados na Tabela 4.2. Pela tabela, observa-se um aumento
gradual da umidade com a profundidade, variando de 4,9% a 12,4%.

Tabela 4.2 – Umidade Natural


Profundidade (cm) Umidade natural (%)
20 4,9
60 11,3
110 12,4
Fonte: Autor, 2018.
69

4.1.3 Densidade Real

Foram realizados 3 ensaios para determinação da densidade real pelo método do


picnômetro, um para cada amostra. Os valores encontrados para as amostras de 20 cm, 60 cm
e 110 cm foram 2,51; 2,54; e 2,58 respectivamente. Vale ressaltar que a densidade real dos
grãos de solo, em geral, apresenta pouca variação, 25 a 29 kN/m³, e que os valores se situam
próximo de 27 kN/m³ (PINTO, 2006).

4.1.4 Compactação

Para cada uma das amostras coletadas nas profundidades de 20 cm, 60cm e 110 cm,
conforme relatado anteriormente, utilizando-se a energia do Proctor Normal, foram realizados
ensaios de compactação. As curvas resultantes dos três ensaios de compactação realizados são
mostradas na Figura 4.2. Na Tabela 4.3, indica-se os resultados dos pesos específicos seco
máximo e das umidades ótima de cada um dos ensaios mencionados.

Figura 4.2 – Curvas de compactação

Fonte: Autor, 2018.

Pela figura, observa-se que as três curvas obtidas apresentaram curvatura bastante
suave, típica de solos granulares. Além disso, foi observado uma elevação do peso específico
máximo com o aumento da profundidade.
70

Tabela 4.3 – Resultado dos ensaios de compactação realizados.


Profundidade (cm) Peso específico aparente seco máximo (kN/m³) Umidade Ótima (%)
20 cm 17,5 9,0
60 cm 19,0 10,2
80 cm 20,2 9,6
Fonte: Autor, 2018.

4.2 Ensaios Especiais

. Para a obtenção de parâmetros de deformabilidade e de resistência do solo


estudado, realizaram-se ensaios de cisalhamento direto e de compressão triaxial, cujo resultados
são apresentados a seguir.

4.2.1 Ensaio de Cisalhamento Direto

Foram realizados ensaios de cisalhamento direto em corpos de provas obtidos de


amostras indeformadas retiradas das profundidades de 60 cm e 110 cm conforme relatado
anteriormente. Os ensaios de cisalhamento direto foram realizados até um deslocamento
horizontal máximo de 5 mm.

Inicialmente, as curvas tensão de cisalhamento versus deslocamento horizontal dos


corpos de prova obtidos da amostra da profundidade de 60 cm são mostradas na Figura 4.3.

Figura 4.3 – Tensão de Cisalhamento versus deslocamento horizontal da amostra de solo de


60 cm de profundidade.

Fonte: Autor, 2018.


71

As curvas de variação volumétrica versus deslocamento horizontal são apresentadas


na Figura 4.4.

Figura 4.4 – Variação volumétrica versus deslocamento horizontal da amostra de solo de 60


cm de profundidade

Fonte: Autor, 2018.

Apresenta-se, na Figura 4.5, a envoltória de resistência da amostra de 60 cm de


profundidade, da qual obtém-se um ângulo de atrito de 33º e um intercepto coesivo de 5,2 kPa.

Figura 4.5 – Envoltória de resistência da amostra de solo de 60 cm de profundidade obtida


pelos ensaios de cisalhamento direto.

Fonte: Autor, 2018.


72

As curvas tensão de cisalhamento versus deslocamento horizontal dos corpos de


prova obtidos da amostra da profundidade de 110 cm são mostradas na Figura 4.6.

Figura 4.6 – Tensão de Cisalhamento versus deslocamento horizontal da amostra de solo de


110 cm de profundidade.

Fonte: Autor, 2018.


As curvas de variação volumétrica versus deslocamento horizontal são apresentadas
na Figura 4.7.

Figura 4.7 – Variação volumétrica versus deslocamento horizontal da amostra de solo de


110 cm de profundidade

Fonte: Autor, 2018.


73

Por fim, apresenta-se, na Figura 4.8, a envoltória de resistência da amostra retirada


a 110 cm, da qual é obtido um ângulo de atrito de 31,8º e um intercepto coesivo de 2,7 kPa.

Figura 4.8 – Envoltória de resistência da amostra de solo de 110 cm de profundidade obtida


pelos ensaios de cisalhamento direto.

Fonte: Autor, 2018.

Com bases nas envoltórias da Figuras 4.5 e 4.8, obtém-se que, praticamente, não há
alteração de resistência ao cisalhamento do solo com a profundidade. Por outro lado, há um
discreto decréscimo da coesão do solo com a profundidade. Além disso, observa-se que para as
curvas de ambas profundidades, as curvas de tensão de cisalhamento versus o deslocamento
horizontal indicam valores máximo sem pico e, nas curvas deslocamento vertical versus
deslocamento horizontal, houve uma redução de altura dos corpos de prova durante o
cisalhamento.

Vale observar que os valores do ângulo de atrito obtidos estar dentro da faixa
indicada por Pinto (2006) para areias mal graduadas de grãos arredondados, que é de 28º a 35º.
Além disso, o comportamento encontrado é típico de areias menos rígidas, pois não apresentam
pico de resistência e diminuem de altura no ensaio.
74

4.2.2 Ensaio de compressão triaxial

Em paralelo aos ensaios de cisalhamento direto foram realizados ensaios de


compressão triaxial. Os corpos de provas também foram obtidos de amostras indeformadas
retiradas das profundidades de 60 cm e 1,10 m. As tensões de confinamento aplicadas foram de
50, 100 e 200 KPa e os ensaios realizados foram do tipo adensado e drenado (CD).

Na Figura 4.9 mostra-se as curvas (1-3)/2 versus deformação do solo e p versus


q. Na primeira curva, é possível obter-se o módulo de elasticidade tangente do solo, dado pela
declividade da reta tangente à curva tensão-deformação. Considerando-se o solo até uma
profundidade de 2 m, que dá uma tensão geostática vertical máxima de aproximadamente 40
kPa, estima-se pela curva obtida a partir de uma tensão confinante de 50 kPa, um modulo de
elasticidade (E) de 20 MPa.

Figura 4.9 – Comparativo entre as curvas (1-3)/2 versus deformação do solo e q versus p
da amostra de 60 cm.

Fonte: Autor, 2018.

A Figura 4.10 mostra a curva ΔV/V0 versus deformação do solo. A partir dela
observa-se a redução do volume dos corpos de prova durante a fase de cisalhamento dos ensaios
realizados.
75

Figura 4.10 – ΔV/V0 versus deformação do solo da amostra de 60 cm de profundidade.

Fonte: Autor, 2018.

A envoltória de ruptura da amostra obtida a 60 cm de profundidade pelos ensaios


triaxiais é mostrada na Figura 4.11. Por ela, obtem-se um ângulo de atrito de 31,0º e um
intercepto coesivo de 5,2 kPa. Comparando-se esses valores com os obtidos a partir dos ensaios
de cisalhamento direto, observa-se concordância de resultados considerando-se as colocações
de Lambe e Whitman (1979), que afirmam que o ângulo de atrito de ensaios de cisalhamento
direto, em geral, supera os de triaxial em até 2 graus.

Figura 4.11 – Envoltória de ruptura do solo de 60 cm de profundidade obtida a partir dos


ensaios de compressão triaxial (CD) realizados.

Fonte: Autor, 2018.


A Figura 4.12 mostra as curvas (1-3)/2 versus deformação do solo e p versus q.
76

De forma análoga a profundidade de 60 cm, pela curva, estima-se o E igual à 20 MPa.

Figura 4.12 – Comparativo entre as curvas (1-3)/2 versus deformação do solo e q versus p
da amostra de 110 cm..

Fonte: Autor, 2018.

A Figura 4.13 apresenta as curvas ΔV/V0 versus deformação dos 3 corpos de prova
ensaiados. A partir delas, pode-se observar a redução do volume durante o cisalhamento dos 3
ensaios.

Figura 4.13 – ΔV/V0 versus deformação do solo da amostra de 110 cm de profundidade.

Fonte: Autor, 2018.


77

A envoltória de ruptura do solo de 1,10 m de profundidade obtida a partir dos


ensaios de compressão triaxial realizados é mostrada, na Figura 4.14. Por essa envoltória, o
ângulo de atrito obtido é de 33,5º e o intercepto coesivo é nulo. A diferencia entre os parâmetros
dos solos investigados a partir do ensaio de cisalhamento direto e do ensaio de compressão
triaxial na profundidade foi bastante pequena indicando concordância entre os resultados.

Figura 4.14 – Envoltória de ruptura do solo de 110 cm de profundidade obtida a partir dos
ensaios de compressão triaxial (CD) realizados.

Fonte: Autor, 2018.

Assim como obtido no ensaio de cisalhamento direto, essa variação de ângulo de


atrito estar inserida na faixa indicada por Pinto (2006) para areias mal graduadas de grãos
arredondados. Além disso, o comportamento encontrado é típico de areias menos rígidas, já que
as curvas metade da tensão desvio versus deslocamento horizontal, não apresentam pico de
resistência e os corpos de prova diminuíram de altura durante os ensaios.
78

A Tabela 4.4 resume os resultados dos ensaios realizados nos solos estudado.

Tabela 4.4 – Resumo das principais características/parâmetros do solo estudado.


Características/Parâmetros 20 cm 60 cm 110 cm Forma de Obtenção
Classificação do solo SM SM SM Granulometria
Umidade natural (%) 4,9 11,3 12,4 Estufa
Gs (g/cm³) 2,51 2,54 2,58 Picnômetro
γd (kN/m³) 17,5 19,0 20,2 Compactação
wot (%) 9,0 10,2 9,6 Compactação
 - 33,0 º 31,8º Cisalhamento direto
c (kPa) - 5,2 2,7 Cisalhamento direto
 - 31,6º 33,5 º Triaxial
c (kPa) - 7,0 0 Triaxial
E (MPa) - 20 20 Triaxial
Fonte: Autor, 2018.

4.3 Ensaios de Campo

4.3.1 Sondagem à Percussão (SPT)

Para a realização da presente pesquisa são utilizadas 4 sondagens à percussão


(SPT). A primeira delas foi executada no campo experimental de geotecnia e fundações da UFC
e posicionada de acordo com o mostrado na Figura 3.2.

Na Figura 4.15, mostra-se o perfil de NSPT ao longo da profundidade. Pelo perfil de


sondagem, observa-se que o índice de resistência (NSPT) varia de 3 a 18 golpes/30 cm,
alcançando o valor máximo aos 4 m. Vale mencionar que a sondagem não foi realizada até o
impenetrável. A estratigrafia é composta por uma subcamada de areia siltosa seguida de uma
de silte arenoso. A compacidade do perfil varia de fofo a mediamente compacta. Por fim, o
nível da água foi identificado na profundidade de 7,36 m.
79

Figura 4.15 – Sondagem à Percussão do campo experimental.

Fonte: Adaptado Bonan, 2017.

As demais sondagens à percussão utilizadas nesta pesquisa, conforme comentado


anteriormente, foi realizada a cerca de 100 m do campo experimental. Na Figura 4.16 mostra-
se os resultados das referidas sondagens. Conforme pode ser observado nesse perfil, o índice
de resistência (NSPT) variou de 5 a 96 golpes/30 cm, alcançando o valor máximo aos 18 m.
Neste caso, o impenetrável foi obtido nesta mesma profundidade. A estratigrafia é composta
por subcamadas de areia, areia argilosa e argila arenosa. O nível da água foi identificado na
profundidade de 12,90 m.
80

Figura 4.16 – Sondagem à Percussão do alojamento.

Fonte: Autor, 2018.


81

4.3.2 Provas de Carga Estáticas (PCE)

Foram utilizadas 3 provas de carga, 2 executadas no campo experimental e outra a


cerca de 100 m de distância. As estacas do campo experimental foram escavadas com trado
manual de 0,1 m de diâmetro até atingir o comprimento de 1,5 metros conforme relatado no
Item 3.3.1. Vale mencionar que uma dessas estacas foi executada com ponta assente numa
camada de poliestireno expandido de forma a não apresentar resistência de ponta, ou seja, por
trabalhar apenas por atrito lateral é uma estaca flutuante.

As provas de cargas estáticas foram executadas de forma rápida, com 8 estágios de


carga e 3 estágios de descarga, conforme pode ser observado na Figura 4.18. Vale mencionar
que sendo o solo adjacente as estacas de textura granular e não saturado, em geral, os resultados
obtidos os resultados obtidos por meio de ensaios rápidos não divergem consideravelmente dos
obtidos por PCE’s lentas. Desse modo, a Figura 4.17 apresenta as curvas carga versus recalque
das PCE’s em estacas escavadas realizadas no campo experimental.

Figura 4.17 – Prova de Carga Estática das estacas escavadas curtas

Fonte: Adaptado Bonan, 2017.

De acordo com o gráfico da Figura 4.18 observa-se que a carga máxima em ambas
as estacas foi de 68,67 kN. Além disso, foi evidenciando a ruptura física em ambas. Na estaca
82

com ponta, denominada a partir desse momento de estaca curta - 01, o recalque máximo foi de
7,12 mm e o residual foi de 6,83 mm. Por outro lado, na estaca sem ponta, denominada de
estaca curta - 02, o recalque máximo e residual medido foram de iguais a 9,59 mm. Ainda pela
Figura 4.18, observa-se que a ruptura física de ambas ocorreu com cerca de 60 kN, ou seja,
como a estaca curta – 01 não apresentou maior carga de ruptura pode-se concluir que ambas as
estacas resistem apenas por atrito lateral.

A estaca do alojamento, denominada aqui de estaca longa – 03, foi do tipo hélice
contínua de 0,3 m de diâmetro até atingir a profundidade de 17 m. A prova de carga foi realizada
em 11 estágios de carga e 3 de descarga.

Figura 4.18 – Prova de carga estática da estaca escavada longa.

Fonte: Autor, 2018.

Conforme se observa no gráfico da Figura 4.22, a prova de carga dessa estaca foi
realizada até a carga máxima de 1766 kN, com um recalque máximo de 10,62 mm e recalque
residual de 3,54 mm. Verifica-se para mencionada curva que a ruptura física dá indícios de
início nas proximidades na carga máxima.
83

5 PREVISÃO DE RECALQUE E ANALISES

Neste capitulo, são apresentados os resultados das previsões efetuadas para os


recalques da estaca de 1,5 m de comprimento, ou seja, para a estaca curta - 01. Os métodos
foram alimentados por informações obtidas por meio de ensaios de campo e de laboratório.
Além disso, as previsões são confrontadas com os recalques de prova de carga estática.

De forma análoga, os resultados das previsões realizadas para os recalques da estaca


de 17 m de comprimento, ou seja, para estaca longa - 03 foram apresentados e confrontados
com os recalques da prova de carga correspondente.

5.1 Previsões de recalque por métodos semi-empíricos

As previsões de recalque com base em correlações com NSPT foram realizadas


através dos métodos de Aoki (1978) e Bowles (2001). O modulo de elasticidade do elemento
estrutural foi adotado em 18 GPa, de acordo com a Tabela 2.7.

Considerando-se inicialmente as estacas escavadas de 1,5 m de comprimento e 10


cm de diâmetro, para o método de Aoki (1978), o solo foi dividido em quatro camadas,
calculou-se o recalque elástico da estaca pela equação 2.22 e o recalque do solo pela equação
2.28. O módulo de deformabilidade do solo anterior à da carga (E0) foi calculado a partir da
Tabela 2.8 e o módulo de deformabilidade da camada de solo após a execução da estaca, pela
Equação 2.26. Dessa forma, os valores desses módulos 41,7 e 51,1 Mpa, respectivamente. Vale
ressaltar que para o cálculo E0, utilizou-se o K relativo à estaca do tipo hélice continua, pela
semelhança de comportamento.

Por outro lado, para aplicação da metodologia proposta por de Bowles (2001), o
recalque elástico foi obtido através da Equação 2.30. A partir das respectivas correlações
propostas pelo método e empregados na Equação 2.32, o módulo de elasticidade e os fatores de
forma, de embutimento e de redução adotado receberam os seguintes valores respectivamente,
14,7 MPa, 1, 0,5 e 0,5.
84

Os valores dos recalques da estaca curta - 01, medidos pela prova de carga
correspondente e estimados pelos dois métodos mencionados, para cada um dos estágios de
carga e seus erros percentuais estão apresentados na Tabela 5.1. Em ambas situações, observa-
se a convergência de valores na região dos recalques elásticos, apresentadas pela hachura na
Tabela 5.1, e posterior divergências de valores para cargas mais elevadas. Vale mencionar que
a metodologia que apresentou os menores erros percentuais na carga de trabalho foi a proposto
por Bowles (2001).

Tabela 5.1 – Previsão de recalque da estaca curta - 01 pelos métodos semi-empíricos


utilizados.
PCE Aoki (1978) Bowles (2001)
Q (KN) w (mm) w (mm) Erro (%) w (mm) Erro (%)
0,00 0,00 0,00 0,00% 0,00 0,00%
7,45 0,14 0,24 81,26% 0,15 9,92%
9,81 0,16 0,32 107,73% 0,20 25,97%
19,91 0,24 0,66 173,61% 0,39 62,72%
29,42 0,45 0,97 117,07% 0,59 31,64%
39,23 0,73 1,29 76,43% 0,78 6,99%
49,03 1,21 1,61 33,60% 0,98 -18,98%
58,84 2,61 1,93 -25,84% 1,17 -55,03%
Fonte: Autor, 2018.

Confronta-se na Figura 5.1 as curvas carga versus recalque obtidas através dos
métodos semi-empíricos utilizados. É importante salientar que, apesar dos erros percentuais
significativos, os métodos previram bem o comportamento da estaca; tal fato pode ser resultado
do seu pequeno comprimento. A curva prevista por Bowles (2001) interceptou a curva medida
na carga aproximada de 53 kN.

Por fim, a partir desses dados, foi determinado, para a faixa de valores elásticos, o
fator de correlação (R²) representando a dispersão dos resultados entre os recalques medidos na
PCE e os previstos com os métodos utilizados, cujo valores estão apresentados na Figura 5.2.
Apesar de um diferencia pouco significativa, o método que apresentou melhor correlação foi o
proposto por Bowles (2001).
85

Figura 5.1 – Previsão de recalques da estaca curta – 01 a partir de métodos semi-empíricos.

Fonte: Autor, 2018.

Figura 5.2 – Fator de correlação da estaca curta – 01 a partir de métodos semi-empíricos.

Fonte: Autor, 2018.


86

5.2 Previsões de recalque por métodos baseados na teoria da elasticidade

As previsões da curva carga x recalque da estaca curta - 01 baseados na teoria da


elasticidade foram efetuados utilizando-se dois métodos, Poulos e Davis (1980) e Randolph &
Wroth (1979) estendido por Lee (1993).

Na aplicação do primeiro método, Poulos e Davis (1980), utilizou-se a mesma


metodologia empregada no método de Bowles (2001) para obtenção do módulo de deformação.
A média desses valores foram utilizadas na Equação 2.18 e obteve o valor de 677,3 para a
rigidez relativa do material da estaca em relação ao solo. Além disso, utilizou-se 4 ábacos para
se obter os valores do fator de influência do recalque para estaca incompressível na massa semi-
infínita (I0), do fator de correção para compressibilidade da estaca (𝑅𝑘), do fator de correção
para profundidade finita de solo compressível (𝑅ℎ), da correção para o coeficiente de Poisson
do solo (𝑅𝜐) e do fator de correção para a base ou ponta em solo mais rígido (𝑅b). Os valores
encontrados são respectivamente 0,10; 1,20; 0,65; 0,95; e 1,00. Já o coeficiente de Poisson foi
considerado como 0,4, valor tabelado a partir do índice NSPT, conforme apresenta Velloso e
Lopes (2010). Por fim, a solução da estimativa de recalque para cada estágio de carga, são os
resultados obtidos pela Equação 2.20.

Na utilização do método de Randolph & Wroth (1979), estendido por Lee (1993),
empregou-se a Equação 2.21 determinando-se o módulo de elasticidade estimado por Texeira
& Godoy (1996) e as correlações sugeridas pelo próprio método, conforme descrito na revisão
bibliográfica da presente dissertação.

Assim como anteriormente, os valores de recalques previstos através dos métodos


mencionados são confrontados na Tabela 5.3. Para referida tabela, observa-se que o recalque
previsto possui convergência na faixa até e que as estimativas mais concordantes foram obtidas
por Randolph & Wroth (1979) estendido por Lee (1993).
87

Tabela 5.2 – Previsões de recalque da estaca curta – 01 pelos métodos baseados na teoria de
elasticidade.
PCE Poulos e Davis (1980) Randolph e Wroth (1978)
Q (KN) w (mm) w (mm) Erro(%) w (mm) Erro(%)
0,00 0,00 0,00 0,0% 0,00 0,0%
7,45 0,14 0,18 31,9% 0,08 -41,0%
9,81 0,16 0,23 51,2% 0,10 -32,3%
19,91 0,24 0,47 95,3% 0,21 -12,6%
29,42 0,45 0,70 58,0% 0,31 -29,3%
39,23 0,73 0,94 28,4% 0,42 -42,5%
49,03 1,21 1,17 -2,8% 0,52 -56,5%
58,84 2,61 1,41 -46,0% 0,63 -75,8%
Fonte: Autor, 2018.

Na Figura 5.3, apresenta-se uma comparação das curvas carga versus recalque
obtidas em campo através da PCE realizada e a partir dos métodos baseados na teoria da
elasticidade utilizados. Por essa mesma figura observa-se que, na região de comportamento
elástica, os dois métodos utilizados apresentam concordância. A curva resultante do método
Rondolph e Wroth (1978) é a que mais se aproxima da curva da PCE, com valores ligeiramente
inferiores de recalque. Em contrapartida, a curva decorrente do método proposto por Poulos e
Davis (1980) superestima os recalques até a carga de valor 49 kN.

Figura 5.3 – Comparação das previsões de recalques por métodos baseados na teoria da
elasticidade para a da estaca curta 01.

Fonte: Autor, 2018.


88

Por fim, a partir desses dados, foi determinado, para a faixa de valores elásticos, o
fator de correlação (R²) representando a dispersão dos resultados entre os recalques medidos na
PCE e os previstos com os métodos utilizados, cujo valores estão apresentados na Figura 5.4.
Por essa figura, observa-se que o R² assumiu valor igual em ambos métodos.

Figura 5.4 – Fator de correlação da estaca curta – 01 a partir de métodos baseados na teoria da
elasticidade.

Fonte: Autor, 2018.

5.3 Previsões de recalque por métodos numéricos

Os métodos numéricos utilizado para prever os recalques da estaca curta - 01 foram


o Método de Coyle & Reese (1966) e as Leis de Cambefort modificadas por Massad (1992).
Em ambos os métodos utilizados na previsão de recalques desta estaca, foram utilizados os
parâmetros geométricos, a carga de trabalho e o módulo de elasticidade da estaca descritos na
Tabela 5.3. Vale ressaltar, que para o módulo de elasticidade da estaca foi adotado o valor
indicado na Tabela 2.7
89

Tabela 5.3 – Características do elemento estrutural da estaca curta - 01.


Carga de
Comprimento (m) Diâmetro (m) Ep (GPa)
Trabalho (kN)
1,5 0,1 18,0 20,0

Fonte: Autor, 2018.

Para aplicar o primeiro método arbitrou-se um recalque na base da estaca e, por


interações entre os elementos da estaca, a carga no topo do primeiro elemento foi determinada.
A Figura 5.5 representa a divisão do solo em 4 elementos. O número de interações efetuadas
foi o necessário para se obter a convergência entre o recalque na base e no centro de cada
elemento. De forma geral, foram efetuadas 3 a 4 interações por elemento para se obter a
convergência. Além disso, de forma análoga ao método de Poulos e Davis (1980), o coeficiente
de Poisson adotado foi de 0,4.

Figura 5.5 – Parâmetros dos elementos Coyle & Reesse.

Fonte: Autor, 2018.

A fim de verificar a acurácia do método proposto por Coyle & Reese, utilizou-se
distintos modos de obtenção do módulo de elasticidade do solo e da curva tensão de
cisalhamento versus deslocamento vertical (curva t-z) como ilustrado na Figura 5.6, onde a
primeira coluna mostra o método utilizado para obtenção do modulo de elasticidade do solo e
a segunda, os critérios de resistência utilizados para compor as curvas t-z utilizadas.
90

Figura 5.6 – Metodologias empregadas para a utilização do método de Coyle & Reesse.

Fonte: Autor, 2018.

Os valores das cargas obtidas para cada recalque arbitrado utilizando o módulo de
elasticidade estimado por Texeira & Godoy (1996) e as diferentes curvas de transferência de
carga estão apresentadas na Tabela 5.4. Com esses dados, traçou-se as curvas carga versus
recalque, na Figura 5.1, para cada método de previsão de tensão de cisalhamento máximo e
para a prova de carga estática.

Tabela 5.4 – Previsões de recalque pelos métodos Coyle & Reese com E estimado por Texeira
e Godoy para a da estaca curta - 01.
TG/Cisalhamento
PCE TG/SPT TG/Triaxial
direto
Q (kN) w (mm) Q (kN) w (mm) Q (kN) w (mm) Q (kN) w (mm)
0 0 0 0 0 0 0 0
7,45 0,14 4,89 0,14 1,56 0,14 6,01 0,14
9,81 0,16 5,38 0,16 1,84 0,16 6,61 0,16
19,61 0,24 7,72 0,24 3,13 0,24 9,47 0,24
29,42 0,45 12,82 0,45 6,05 0,45 15,64 0,46
39,23 0,73 17,78 0,73 9,68 0,73 21,51 0,74
49,03 1,21 23,14 1,21 15,23 1,21 27,54 1,21
58,84 2,61 32,00 2,61 28,26 2,61 36,40 2,62
58,84 6,87 58,84 6,98 58,84 6,18

Fonte: Autor, 2018.


91

Figura 5.7 – Comparação dos resultados obtidos pela utilização do método de Coyle &
Reesse com E estimado por Texeira e Godoy para a da estaca curta - 01.

Fonte: Autor, 2018.

Pela Figura 5.7, verifica-se que a partir do método Coyle e Reese e com E estimado
por Texeira e Godoy (1996) obteve-se boa concordância nas previsões realizadas. Foi
observado ainda que a metodologia utilizando os parâmetros dos ensaios triaxiais foi o que mais
se aproximou da curva resultante da prova de carga. Por outro lado, a previsão mais discordante
foi a resultante do ensaio de cisalhamento direto.

Por outro lado, os valores das cargas obtidas para cada recalque arbitrado utilizando
o módulo de elasticidade obtido pelo ensaio de compressão triaxial, anteriormente descrito, e
as diferentes curvas de transferência de carga estão apresentadas na Tabela 5.5. Com esses
dados, traçou-se as curvas carga versus recalque, na Figura 5.8, para cada método de previsão
de tensão de cisalhamento máximo e para a prova de carga estática.
92

Tabela 5.5 – Previsões de recalque pelos métodos Coyle & Reese com E obtido pelo ensaio de
compressão triaxial para a da estaca curta - 01.
PCE TRIAXIAL/SPT TRIAXIAL/Cisalhamento direto TRIAXIAL/Triaxial
Q (kN) w (mm) Q (kN) w (mm) Q (kN) w (mm) Q (kN) w (mm)
0 0 0 0 0 0 0 0
7,45 0,14 4,66 0,14 1,56 0,14 5,79 0,14
9,81 0,16 5,13 0,16 1,84 0,16 6,36 0,16
19,61 0,24 7,34 0,24 3,13 0,24 9,09 0,24
29,42 0,45 12,09 0,45 6,05 0,45 14,91 0,45
39,23 0,73 16,62 0,73 9,68 0,73 20,32 0,73
49,03 1,21 21,20 1,21 15,23 1,21 25,56 1,20
58,84 2,61 27,75 2,61 28,26 2,61 32,06 2,60
58,84 8,52 58,84 7,18 58,84 8,34

Fonte: Autor, 2018.

Figura 5.8 – Comparação dos resultados obtidos pela utilização do método de Coyle & Reesse
com E obtido pelo ensaio de compressão triaxial para a da estaca curta - 01.

Fonte: Autor, 2018.

Pela Figura 5.8, verifica-se que a partir do método Coyle e Reese e com E obtido
pelo ensaio de compressão triaxial obteve-se boa concordância nas previsões realizadas. Assim
93

como nas previsões de recalque utilizando o E estimado por Texeira e Godoy (1996), foi
observado que a metodologia utilizando os parâmetros dos ensaios triaxiais foi o que mais se
aproximou da curva resultante da prova de carga, porem a previsão mais discordante foi a
resultante das correlações com NSPT.

Considerando-se, para a carga de trabalho o valor de 20 kN, chega-se aos recalques


indicados na Figura 5.9. Nesta figura, verifica-se que a previsão mais concordante foi a obtida
pela determinação da tensão cisalhamento do ensaio triaxial utilizando o E estimado por Texeira
e Godoy (1996). No entanto, vale mencionar que a previsão efetuada a partir do NSPT apesentou
resultados de convergência bastante razoáveis, por isso, atraentes para serem utilizados na
prática.

Figura 5.9 – Comparação dos recalques obtidos pela utilização do método de Coyle & Reesse
para a da estaca curta - 01.

Fonte: Autor, 2018.

Na aplicação do método de Coyle & Reese (1966), obtém-se o perfil de


deslocamento e o diagrama carga-profundidade para a estaca analisada. Desse modo, na Tabela
5.6, são apresentadas as previsões de carga e recalque no topo e na base da estaca resultadas do
método Coyle & Reese utilizando o E estimado por Texeira e Godoy (1996) e curva de
transferência de carga obtida do ensaio de compressão triaxial. Além disso, esse método
forneceu o perfil de deslocamento e o diagrama carga-profundidade para a carga de trabalho de
20 kN, apresentados na Figura 5.10. Observa-se que o encurtamento elástico no topo da estaca
foi de 0,04 mm e a carga absorvida por atrito lateral foi de 16,05 kN.
94

Tabela 5.6 – Previsão do Coyle & Reese (1988).


Q (kN) Qb Ql wt (mm) wb (mm)
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
6,01 0,85 5,17 0,14 0,13
6,61 0,94 5,67 0,16 0,15
9,47 1,43 8,04 0,24 0,22
15,64 2,73 12,91 0,46 0,42
21,51 4,45 17,06 0,74 0,69
27,54 7,41 20,13 1,21 1,14
36,40 16,25 20,15 2,62 2,50
58,84 38,62 20,22 6,18 5,94
Fonte: Autor, 2018.

Figura 5.10 – Resultado do programa Coyle & Reese para carga de trabalho: (a) perfil de
deslocamento e (b) diagrama carga-profundidade.

Fonte: Autor, 2018.

Por outro lado, na aplicação do método proposto por Massad (1992), que modifica
as Leis de Cambefort (1964), utilizou -se as correlações com NSPT propostas por Decourt (1978)
a fim de obter os valores de máximo atrito lateral (fu) e resistência de ponta (Rp). O cálculo de
o fu foi efetuado pela Equação 5.1. Foi adotado para o  o valor de 0,85, valor correspondente
a solos areno siltosos, e o NSPTf é a média do índice da sondagem a percussão para a camada de
solo adjacente ao fuste da estaca, que nesse caso correspondeu a 14 golpes. Já, a Equação 5.2
foi usada para a obtenção do Rp. Neste caso, o K é 200 para solos areno siltosos e NSPTp é o
índice de da sondagem a percussão para a ponta. Os valores encontrados foram 48,2 KPa e 2,8
MPa respectivamente.
95

𝑁𝑆𝑃𝑇𝑓
𝑓𝑢 = 10. 𝛽 ( + 1) (5.1)
3

𝑅𝑝 = 𝐾. 𝑁𝑆𝑃𝑇𝑝 (5.2)

Dessa forma, foram estimados os valores de 48,2 kN e 2800 kN para a resistência


ao atrito lateral e para a ponta, respectivamente. Os coeficientes angulares da Primeira Lei de
Cambefort (B) e da da Segunda Lei de Cambefort (R) foram calculados conforme descrito na
revisão bibliográfica dessa dissertação, utilizando as Equações de 2.14 a 2.17 e a Tabela 2.6
que sugere valores de b e K para diferentes tipos de solo. Procedendo dessa forma, foi estimado
o valor de 294 kN/m³ para ambos. Com esses coeficientes angulares, o deslocamento máximo
para que o atrito lateral seja plenamente mobilizado (Y1) foi estimado em de 0,2 mm e o
deslocamento máximo para que ocorra ruptura pela ponta (Y2) foi estimado em 9,5 mm.

A partir daí a rigidez da estaca (Kr) foi estimada em 94,25 utilizando a Equação
2.40 e a rigidez relativa solo-estaca (k) de 1,47 calculado pela Equação 2.42. Sendo assim,
classificada como rígida (Tabela 2.9). Além disso, a rigidez relativa solo fuste-ponta-estaca (m)
foi estimada em 0,02 pela Equação 2.43, o que sugere deficiência de rigidez de ponta conforme
a Tabela 2.10.

Por fim, utilizaram-se os parâmetros calculados para a previsão de carga no topo e


o recalque nos limites de cada trecho utilizando as Equações de 2.44 a 2.49. Os valores
encontrados estão apresentados na Tabela 5.7 e a comparação entre as curvas carga recalque
calculada e medida estão na Figura 5.11.

Tabela 5.7 – Valores limites dos trechos calculados para Massad (1992).
Q (KN) w (mm)
0,00 0,00
0,77 0,16
23,08 0,29
44,69 9,88

Fonte: Autor, 2018.


96

Figura 5.11 – Metodologias empregadas para o método de Coyle & Reesse.

Fonte: Autor, 2018.

Foi observado que pela metodologia de Massad (1992) houve convergência


significativa na faixa de carga até 23 kN que, neste caso, corresponde a faixa de interesse para
projetos geotécnicos. Vale acrescentar que para a carga de trabalho, 20 kN, a diferença entre o
recalque medido e o recalque calculado é de apenas 0,02 mm.

Confrontando-se os dois métodos numéricos utilizados com os resultados medidos


na PCE em análise (Figura 5.12). Observa-se que, para faixa de trabalho, os recalques
calculados por Massad (1992) foram os mais convergentes. Em contrapartida, os resultados
obtidos por Coyle & Reese representaram melhor a curva para cargas mais elevadas.
97

Figura 5.12 – Recalque obtidos por PCE e métodos numéricos.

Fonte: Autor, 2018.

5.4 Previsões de recalque pelos programas ALPAXL, RSPlile e UniPile

As previsões da curva carga versus recalque da estaca curta - 01 com base na


utilização de softwares foram feitas utilizando planilha eletrônica ALPAXL e os softwares
comerciais RSPlile e UniPile. Para todas as simulações, os parâmetros de entrada relativos ao
elemento estrutural foram os seguintes: comprimento de 1,5 m, diâmetro de 0,1 m e módulo de
elasticidade de 18 GPa, adotado conforme consta na Tabela 2.7.

Inicialmente, na planilha ALPAXL, os recalques foram determinados a partir da


solução de equações diferenciais que regem os deslocamentos do sistema solo-fundação
definidas por Seo et. al (2008). Para o solo, considerou-se duas camadas e os módulos de
elasticidade foram estimados em 29 MPa e 38 MPa para a camada inferior e superior
respectivamente, através das correlações de Texeira & Godoy, 1996.
98

Já para as previsões efetuadas a paritr do RSPile foram realizadas pelo método dos
elementos finitos. Assim como o ALPAXL, o solo foi dividido em duas camadas e definiu-se
os módulos de elasticidade, através das correlações de Texeira & Godoy (1996). Assim,
estimou-se os módulos de elasticidade nos valores de 29 MPa e de 38 MPa para a camada
inferior e superior, respectivamente.

Por fim, utilizando-se UniPile, os recalques foram obtidos pelo método unificado
de Fellenius. A distribuição de tensão utilizada foi a de Boussinesq e o método de resistência
foi a proposta por Meyerhof que utiliza as correlações a partir do N SPT na obtenção da tensão
máxima de cisalhamento ao longo do fuste e da tensão máxima de ponta. As curvas de
transferência de carga, sugeridas pela norma API e ISO (2007), foram introduzidas no tipo de
função personalizada. Na presente previsão, não se levou em consideração o efeito da carga
residual.

Na Tabela 5.8, mostram-se os valores previstos pelos programas utilizados, assim


como os erros relativos obtidos a partir de cada um dele. Verifica-se que o menor erro relativo
foi obtido pelo RSPile. No entanto, para cargas acima de 30 kN, os recalques estimados pelo
programa foram subestimados.

Tabela 5.8 – Previsão de recalque e erro relativo para os programas de computador.


PCE ALPAXL RSPile UniPile
Q (KN) w (mm) w (mm) Erro (%) w (mm) Erro (%) w (mm) Erro (%)
0,00 0,00 0,00 0,00% 0,00 0,00% 0,00 0,00%
7,45 0,14 0,19 40,74% 0,07 -51,50% 0,14 3,70%
9,81 0,16 0,25 61,29% 0,09 -41,94% 0,18 16,13%
19,61 0,24 0,50 108,33% 0,17 -28,19% 0,43 79,17%
29,42 0,45 0,76 70,79% 0,26 -41,90% 0,83 86,52%
39,23 0,73 1,01 38,36% 0,43 -40,97% 1,57 115,07%
49,03 1,21 1,26 4,56% 0,34 -71,39% 3,41 182,99%
58,84 2,61 1,51 -42,03% 0,52 -80,15% 6,32 142,61%

Fonte: Autor, 2018.

Para uma melhor visualização das previsões, as curvas obtidas pelos programas
utilizados foram confrontadas com a curva experimental obtida com a PCE (Figura 5.8).
99

Figura 5.13 – Previsão de recalques a partir dos programas de computador.

Fonte: Autor, 2018.

Considerando-se, para a carga de trabalho o valor de 20 kN, chega-se aos recalques


indicados na Figura 5.14. Nesta figura, verifica-se que a previsão mais concordante foi a obtida
pelo software RSPile

Figura 5.14 – Comparação dos recalques obtidos pelos softwares para a da estaca curta - 01.

Fonte: Autor, 2018.


100

A partir dos valores hachurados da Tabela 5.8, foi determinado o fator de correlação
(R²) representando a dispersão dos resultados entre os recalques medidos na PCE e os previstos
com os programas utilizados, cujo valores estão apresentados na Figura 5.15. Por essa figura,
observa-se que o melhor índice de correlação (R²) ocorre nos recalques obtidos pela
metodologia do UniPile em divergência com o ocorrido com erro relativo. Tal fato pode ser
explicado pelo fato, apesar da diferencia dos recalques, que os resultados obtidos desde
programa seguirem a mesma tendência da PCE o que não acontece com o RSPile.

Figura 5.15 – Fator de correlação da estaca curta – 01 a partir de métodos baseados na teoria
da elasticidade.

Fonte: Autor, 2018.

Na aplicação das metodologias de ALPAXL e de RSPile podemos obter o perfil de


deslocamento e o diagrama carga-profundidade para a estaca analisada. Inicialmente, na Tabela
5.9, são apresentadas as previsões de carga e recalque no topo e na base da estaca resultadas do
programa ALPAXL. Além disso, o programa forneceu o perfil de deslocamento e o diagrama
carga-profundidade para a carga de trabalho, apresentados na Figura 5.16. Observa-se que o
encurtamento elástico no topo da estaca foi de 0,13 mm e a carga absorvida por atrito lateral foi
de 13,07 kN.
101

Tabela 5.9 – Previsão do ALPAXL.


Q (kN) Qb (kN) Ql (kN) wt (mm) wb (mm)
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
7,45 2,58 4,87 0,19 0,14
9,81 3,40 6,41 0,25 0,19
19,61 6,80 12,81 0,50 0,38
29,42 10,19 19,23 0,76 0,59
39,23 13,59 25,64 1,01 0,75
49,03 16,99 32,04 1,26 0,94
58,84 20,39 38,45 1,51 1,13

Fonte: Autor, 2018.


Figura 5.16 – Resultado do programa ALPAXL para carga de trabalho: (a) perfil de
deslocamento e (b) diagrama carga-profundidade.

Fonte: Autor, 2018.

Por fim, na Tabela 5.12, são apresentadas as previsões de carga e recalque no topo
e na base da estaca resultadas do programa RSPile. Além disso, o programa forneceu o perfil
de deslocamento e o diagrama carga-profundidade para a carga de trabalho, apresentados na
Figura 5.12. Observa-se que o encurtamento elástico no topo da estaca foi nulo e a carga
absorvida por atrito lateral foi de 7,97 kN.

Por fim, nota-se que o encurtamento elástico variou de nulo a 0,13 mm que era
esperado para estaca de comprimento reduzido. Além disso, a transferência de carga por atrito
lateral apresentou uma distribuição praticamente linear para os softwares utilizados.
102

Tabela 5.10 – Previsão do RSPile.

Q (kN) Qb (kN) Ql (kN) wt (mm) wb (mm)


0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
7,45 4,48 2,97 0,07 0,07
9,81 5,90 3,91 0,09 0,09
19,61 11,80 7,81 0,17 0,17
29,42 17,70 11,72 0,26 0,26
39,23 23,60 15,63 0,34 0,34
49,03 29,50 19,53 0,43 0,43
58,84 35,40 23,44 0,52 0,52

Fonte: Autor, 2018.


Figura 5.17 – Resultado do programa RSPile para carga de trabalho: (a) perfil de
deslocamento e (b) diagrama carga-profundidade.

Fonte: Autor, 2018.

5.5 Comparação das previsões de recalques realizadas

Para uma melhor visualização da acurácia nas previsões de recalque realizadas a


partir dos diferentes métodos, ou seja, métodos baseados na elasticidade, semi-empíricos,
métodos numéricos e métodos que utilizaram os programas de computados. Plotou-se em um
mesmo gráfico as previsões realizadas mais concordantes na Figura 5.18. Já, na Figura 5.19
ampliou-se uma faixa das curvas de maior interesse, de 10 kN a 30kN.
103

Figura 5.18 – Comparação entre as previsões mais concordantes para a estaca curta - 01.

Fonte: Autor, 2018.

Figura 5.19 – Ampliação do intervalo de interesse do comparativo.

Fonte: Autor, 2018.


104

Pela Figuras 5.18 e 5.19, observa-se que o método Massad (1992) foi o que melhor
representou o comportamento da estaca em analise até a carga de 23 kN. Os métodos RSPile e
Randolph e Wroth (1978) subestimaram os recalques na mesma faixa de carga, no entanto, com
pequeno distanciamento dos valores de referência. Já os métodos de Coyle & Reese e o de
Bowles (2001) superestimaram o recalque com diferenças relativamente mais elevadas em
relação as medidas experimentalmente.

5.6 Análise das previsões dos recalques de uma estaca hélice continua de dimensões
comerciais

A fim de avaliar a influência do fator escala nas previsões efetuadas em estacas


pequenas, como a utilizada na presente pesquisa, utilizaram-se os mesmos métodos para prever
os recalques de uma estaca de tamanho comercial. A estaca utilizada para essa verificação
consistiu em uma hélice continua com 17 m de cumprimento e 300 mm de diâmetro (estaca
longa – 03), conforme mencionado no item 3.3.1. As informações utilizadas nos cálculos em
relação ao subsolo adjacente à estaca foram obtidas da sondagem à percussão e da prova de
carga estática, cujos resultados estão indicados nos itens 4.3.1 e 4.3.2, respectivamente.

Assim como a estaca curta – 01, as previsões de recalque efetuadas foram


confrontadas com os valores experimentais medidos na PCE realizada na estaca comercial
(estaca longa - 03). Para isso, utilizaram-se os mesmos métodos utilizados nas previsões de
recalque da estaca de tamanho reduzido (estaca curta – 01). Desse modo, na Figura 5.20, as
previsões de recalque de melhor convergência são comparadas com a curva experimental da
PCE utilizada. Em seguida, na Figura 5.21, ampliou-se um seguimento da curva de interesse
(até a 600 kN) a fim verificar com melhor visualização as estimativas efetuadas.
105

Figura 5.20 – Comparação entre as previsões mais concordantes para a estaca longa – 03.

Fonte: Autor, 2018.

Figura 5.21 – Ampliação do intervalo de interesse da comparação para estaca longa - 03.

Fonte: Autor, 2018.


106

Nesse caso, a metodologia que melhor representou o comportamento indicado na


prova de carga foi o da utilização do software RSPile. Por essa metodologia os recalques foram
discretamente superestimados até a carga de 550 kN; a partir desse valor o programa subestimou
os deslocamentos. As previsões de recalque obtidas por Bowles (2001) foram as menores dentre
os todos métodos, com curva de pontos aproximadamente paralela a da PCE. Os outros métodos
sempre superestimaram os recalques, porém com erros absolutos bastantes reduzidos, menores
que 1 mm.

Por fim, as previsões dos recalques resultantes efetuados para carga de trabalho,
que neste caso é de 450 kN, a partir dos métodos mais convergentes de ambas as estacas, curta
- 01 e longa – 03, os seus respectivos erros percentuais em relação aos valores medidos nas
PCEs e a média desses erros por método estão apresentados na Tabela 5.11. Já na Figura 5.22,
os mencionados recalques obtidos são comparados de forma gráfica. Por essa figura, observa-
se que a diferença máxima entre os recalques estimados e calculados foi de apenas 0,81 mm,
indicando convergência na utilização dos métodos. Apesar de subestimar o recalque na estaca
de tamanho reduzido, a utilização do programa RSPile previu os recalques dessa estaca com a
maior aproximação, dentre todos os métodos utilizados. Por outro lado, para essa mesma estaca,
a metodologia que proporcionou a maior divergência foi a proposta por Coyle & Reese (1966).

Tabela 5.11 – Previsões de recalques efetuadas para carga de trabalho e seus respectivos erros
percentuais.
Estaca curta - 01 Estaca longa - 03
Média dos
Estacas Recalque Recalque
Erro (%) Erro (%) erros (%)
previsto (mm) previsto (mm)
Bowles (2001) 0,40 60,0 1,34 18,6 39,3
Coyle & Reese (1966) 0,40 60,0 1,87 65,5 62,7
Massad (1992) 0,24 -4,0 1,57 38,9 17,5
Randolph e Wroth (1978) 0,21 -16,0 1,94 71,7 27,8
RSPile 0,20 -20,0 1,17 3,5 -8,2

Fonte: Autor, 2018.


107

Figura 5.22 – Comparação das previsões dos recalques das estacas curta – 01 e longa – 03
efetuada e obtido experimental.

Fonte: Autor, 2018.

As previsões de recalques efetuadas das estacas utilizando os métodos de Coyle &


Reese (1966) e Bowles (2001) tiveram comportamentos semelhantes: ambas superestimaram
os recalques para carga de trabalho. Vale ressaltar que o recalque estimado, por esses métodos
para estaca curta – 01, foram iguais. No entanto, para estaca longa - 03, os valores encontrados
foram diferentes tendo o recalque obtido por Bowles (2001) valor mais convergente com o
recalque obtido experimentalmente, com erro de aproximadamente 40%.

Por outro lado, utilizando-se as metodologias propostas por Massad (1992),


Randolph e Wroth (1978) e RSPile, obteve-se valores subestimados de recalques para a estaca
curta – 01 e valores superestimados para estaca longa – 03. Observa-se que o menor erro
percentual médio, para ambas estacas estudas, foi obtido pelo programa RSPile. Além disso,
com a utilização desse software, previu-se o recalque mais convergente para a estaca longa –
03. Já para estaca curta – 01, o método de previsão mais próximo do valor obtido
experimentalmente consistiu no proposto por Massad (1992).
108

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Neste capitulo são apresentadas as conclusões da presente pesquisa e são


apresentadas sugestões para pesquisas futuras.

6.1 Conclusões

Com relação aos ensaios especiais, as conclusões foram as seguintes:

• No ensaio de cisalhamento direto, o solo apresentou comportamento de


areia de baixa compacidade, ou seja, no gráfico de tensão cisalhante versus
deslocamento horizontal, as curvas não apresentaram pico e, no gráfico
deslocamento vertical versus deslocamento horizontal, houve redução da
altura do corpo de prova durante o cisalhamento.

• Pelas envoltórias obtidas dos ensaios de cisalhamento direto, observa-se


que, praticamente, não houve elevação do ângulo de atrito do solo com a
profundidade. Por outro lado, nota-se um pequeno decréscimo da coesão
com a profundidade que é justificada pela menor presença de finos em
profundidades maiores.

• Assim como no ensaio de cisalhamento direto, no ensaio de compressão de


triaxial, o comportamento observado foi o de areias de baixa compacidade.
Além disso, observa-se convergência dos resultados para os dois ensaios.

As conclusões estabelecidas com relação aos ensaios de campo foram:

• Para o perfil de solo adjacente a estaca curta – 01, índice de resistência


(NSPT) variou de 2 a 12 golpes/30 cm, alcançando o valor máximo aos 6 m
de profundidade. Já, a estratigrafia é composta de areia siltosa, mais
superficialmente, e, em seguida, silte arenoso, com compacidade variando
de fofo a mediamente compacta. O nível da água foi identificado na
profundidade de 7,36 m.
109

• Nas provas de carga estática realizadas nas estacas curtas (01 e 02), cuja
carga máxima foi de 68,67 kN e foram evidenciadas as rupturas físicas. Na
estaca com ponta, o recalque máximo foi de 7,12 mm e o residual foi de
6,83 mm. Por outro lado, na estaca sem ponta, o recalque máximo e residual
medido foram de iguais a 9,59 mm. Com relação ao diâmetro das estacas,
esses recalques representa os percentuais de 7,12% e 9,59%
respectivamente.

Com relação aos métodos de previsões de recalque na estaca curtas:

• A partir da utilização de todos métodos foi observada a convergência nas


previsões dos recalques na faixa de recalques elásticos;

• Dentre os métodos semi-empíricos utilizados, o proposto por Bowles (2001)


foi a que proporcionou as previsões de recalque mais convergentes com a
PCE;

• Dentre os métodos baseados na teoria da elasticidade, a metodologia de


Randolph e Wroth (1978) conduziu as previsões mais aproximadas das
medidas experimentalmente.

• Dentre as diversas metodologias empregadas no método de Coyle & Reese,


a mais convergente ocorreu com a obtenção do módulo de elasticidade a
partir de Teixeira Godoy (1996) e a utilização da curva t-z a partir do ensaio
de compressão triaxial.

• Os recalques previstos pelo método de Massad (1992), utilizando as


correlações de Decourt (1978), confluíram significativamente para faixa de
carga até 23 kN.

• Dentre os programas de computador utilizados, o RSPile foi o que


proporcionou maior convergência para as previsões de recalque realizadas.
Vale acrescentar que a curva carga x recalque plotada a partir do software
UniPile apresentou a curvatura mais convergente com relação aos valores
110

experimentais.

• Para a carga de trabalho, ou seja 20 kN, obteve-se a previsão mais próxima


do valor experimental utilizando o método proposto por Massad (1992).

• As previsões utilizando os métodos e softwares baseados nas transferências


tiverem convergência equivalente com os métodos semi-empíricos e com os
baseados na elasticidade em relação aos valores obtidos experimentalmente.

6.2 Sugestões para pesquisas futuras

Ao longo do desenvolvimento deste trabalho, foram identificadas possibilidades de


melhoria e de continuação a partir de futuras pesquisas, que incluem:

• Utilizar ensaios de cone (CPT) na obtenção dos parâmetros do solo. Além


disso, tratar esses parâmetros com métodos estatísticos para obter valores
mais confiáveis;

• Empregar ensaio de cisalhamento entre concreto e solo para definir melhor


as curvas de transferência de carga.

• Verificar a validade da aplicação dos métodos para outros tipos de estacas,


inclusive levando em conta o efeito da carga residual.

• Aplicar outras curvas de transferência nos métodos abordados a fim de


confrontar os resultados;

• Utilizar estacas instrumentadas para melhor entendimento da interação solo


estrutura.

O mecanismo de transferência de carga ainda carece de estudos mais específicos


com relação à discretização do seu real comportamento em diferentes tipos de solo a fim de
avançar cientificamente nos métodos utilizados em projetos geotécnicos de fundações
profundas.
111

REFERÊNCIAS

ALONSO, U. R. - Previsão e Controle das Fundações. São Paulo, Editora Edgard Blucher.
1991.

ALVES, D. F. Previsões do Comportamento Carga - Recalque de Estaca Escavada com


Polímero. 2015. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de PósGraduação
em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

AMANN, K. A. P. Metodologia semi-empírica unificada para a estimativa de capacidade


de carga de estacas. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola Politécnica, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2010.

ANJOS, G. J. Estudo do Comportamento de fundações escavadas em solos tropicais. Tese


(Doutorado em Engenharia) – Universidade de Brasília, 2006.

AOKI, N. Considerações sobre projeto e execução de fundações profundas. Palestra


proferida no Seminário de Fundações, Sociedade Mineira de Engenharia, Belo Horizonte,
1979

AOKI, N. Previsão da curva carga-recalque. Palestra proferida na escola de Engenharia de


São Carlos- USP, São Carlos, 1984.

API RP 2A-WSD, Recommended Practice for Planning, Designing and Constructing


Fixed Offshore Platforms – Working Stress Design. 21 ed., Washington, E.U.A., 2007.

ARAÚJO, C. B. C. Aplicação das redes neurais artificiais do tipo perceptron na


estimativa de recalques em estacas (Mestrado em Engenharia Civil – Área de Atuação:
Geotecnia) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do
Ceará, Fortaleza, 2015.

ASTM (American Society for Testing and Materials) D3080, 2011.

BAGUELIN, F. & VENON, V. P. Ingluence de la Compressibilité des Pieux sur la


Mobilizations des Éfforts Resistant – Bulletin des Liaison Lab. Des Ponts et Chaussés.
Num. Especial. Paris, Mai 1971.

BARROS, N. B. F. Previsão de recalque e análise de confiabilidade de fundações em


estacas hélice contínua. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo (USP/EESC), São Carlos, 2012.

BENEGAS, E. Q. Previsões para a curva carga-recalque de estacas a partir do SPT. Tese


de Doutorado, COOPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1993.

BOHN et al. Development of Axial Pile Load Transfer Curves Based on Instrumented
Load Tests. University of California, San Diego, 2016.
112

BONAN, V. H. F. Estudo Experimental do efeito de grupo de estacas escavadas em perfil


de solo granular. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil – Área de Atuação:
Geotecnia) - Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do
Ceará, Fortaleza, 2017.

BOWLES, J. E. Foudation Analysis and Design. McGraw-Hill, Nova York, 1968.

BOWLES, J. E. Bearing capacity of foundations. In: Foundation Analysis and Design.


5th ed. United States: The McGraw-Hill Companies, 1996.

BOWLES, J.E. Foundation Analysis and Design. Singapore: The McGraw-Hill Companies,
2001.

BURLAND, J. B.;COOKE, R. W. The design of bored piles in stiff clay, Ground


Engineering, v.7, 1974.

BUTLER, F. G. and MORTON, K. Specification an performance os test piles in clay.


Conference on behaviour of pules LCE, London 1971.

CAMBEFORT, H. Essai sur le comportement en terrain homogéne des pieux isolés et des
groupes de pieux. In: INSTITUT TECHNIQUE DU BATIMENT ET DES TRAVAUX
PUBLICS. 1964, Paris. Annales, Paris, 1964.

CASSAN, M. Les Essai in Situ em Mécaniche des Sols. Tomme II, Ed. Eyrolles, Parris.
1978.

CHANG, M. F. and BROMS, B. B, Design of bored piles in residual soils based on field-
performace data. Canadian Geotechinical Journal, 1991.

CINTRA, J. C. A.; AOKI, N. Fundações por estacas: Projeto Geotécnico. São Paulo:
Oficina de Textos, 2010.

COYLE, H. M. & REESE, L. C. Load Transfer for Axial Loaded Pile in Clay. JSMFD,
ASCE, v. 92, 1966.

COYLE, H.M. & SULAIMAN, I.H., Skin friction for Steel Pile in Sand. 1967

CROWTHER, L. C. - Load Testing of Deep Foundations. New York, A Wiley -


Interscience Publication, 1988.

DÉCOURT, L.; QUARESMA, A. R. Capacidade de carga de estacas a partir de valores de


SPT. In: Congreso brasileiro de mecânica dos solos e fundações vi, COBRAMSEG, 1978,
Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABMS, 1978.

DÉCOURT, L. Previsão dos Deslocamentos Horizontais de Estacas Carregadas


Transversalmente com Base em Ensaios Penetrométricos. In: Seminário de Engenharia de
Fundações Especiais e Geotecnia, SEFE II. V. 2. p. 340-362. São Paulo, 1991.
113

DECOURT, L. - On the Load-Settlement Behavior of Piles. Revista Solos e Rochas, v. 18, p.


93-112. 1995.

DÉCOURT, L. Capítulo 8: Análise e projeto de fundações profundas. In: Fundações:


Teoria e Prática. São Paulo: Pini. 2. ed. p. 265-301, 1998.

FELLENIUS, B. H. Negative skin friction and settlement of piles. Second International


Seminar, Pile Foundations, Nanyang Technological Institute, Singapore, 1984.

FELLENIUS, B.H. Basics of foundation design, a text book. 2012. Disponível em:
<www.fellenius.net.>. Acesso em: 15 out. 2017.

FELLENIUS, B. H., Basics of Foundation Design, Electronic Edition, 2017.

FERNANDES, D. J R. P. Definição de curvas de transferência de carga de estacas em


solo residual de granito. (Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de Engenharia,
Universidade de porto, 2010.

FONTOURA, S. A. B. Mecanismo de transferência de carga em sistemas solo-estaca


escavadas. In: Anais do SIMPÓSIO SOBRE COMPORTAMENTO DE FUNDAÇÕES.
DEC-PUC (RJ), 1982.

ISO 19902, Petroleum and Natural Gas Industries – Fixed Steel Offshore Structures.
Genebra, Suíça, 2007.

JANBU, N., 1963, “Soil compressibility as determined by oedometer and triaxial tests”. In:
EUROPEAN CONFERENCE ON SOIL MECHANICS AND FOUNDATION
ENGINEERING, Wiesbaden, Germany, v. 1, p. 19-25.

LANGONE, M. J. Método UFRGS de previsão de capacidade de carga em estacas:


análise de provas de carga estáticas instrumentadas. Dissertação (Mestrado em
Engenharia). Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2012, 204p.

LEE, C. Y. "Settlement of Pile Groups - Practical Approach," JGED, ASCE, vol. 119, 1993

LOPES, F R. The undrained bearing capacity of piles and plates studied by the Finite
Element Method. PhD Thesis - University of London, London, 1979.

LOPES E. F. Estudo experimental e numérico do recalque de fundações superficiais em


solo não saturado em diferentes perfis de sucção. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Civil – Área de Atuação: Geotecnia) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2017.

MAGALHÃES, P. H. L. Avaliação dos métodos de capacidade de carga e recalque de


estaca hélice continua via provas de carga. Dissertação de Mestrado, Publicicação G.DM-
141/05, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, 2005.
114

MASSAD, F. Sobre a interpretação de provas de carga em estacas, considerando as


cargas residuais na ponta e a reversão do atrito lateral. Parte I: Solos relativamente
homogêneos. Solos e Rochas, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 103-115, 1992.

MASSAD, F. Considerações sobre a forma da curva carga-recalque de estacas


solicitadas axialmente. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos, 1994.

MASSAD, F. Fundamentação matemática do método da Rigidez de Décourt e definição de


seu campo de aplicação. In: Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia
(SEFE), 2008, São Paulo.

MEDEIROS, L. M. de L. Análise das fundações do reservatório R-10 do Campus Central


da UFRN. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2016.

MILITITSKY, J. Large bored pile in clay – design and behavior. Tese (Dourado em
Engenharia Civil), University of Surry, Surrey, 1980.

MINDLIN, R. D. Force at a point in the interior of a semi-infinite solid, Physics, v. 7,


1936.

NIENOV, F. A. Comportamento à compressão de estacas escavadas de pequeno


diâmetro em solo sedimentar na região de Santa Maria. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil), Centro de Tecnologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria,
2006, 133 p.

NIYAMA, S.; AOKI, N.; CHAMECKI, P. R.. Verificação de desempenho. Fundação:


Teoria e Prática, Ed. Pini Ltda., São Paulo, 1996.

NOGUEIRA, R. C. R. Comportamento de estacas tipo raiz, instrumentadas, submetidas


à compressão axial, em solo de diabásio. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) -
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, 2004, 204 p.

PEREIRA, T.P. Estudo do concreto de alto desempenho com adição de borracha.


Dissertação (Mestrado em Geotecnia) – UNESP/FEIS, Ilha Solteira, 2016.

PEREZ, N. B. M. Análise de transferência de carga em estacas escavadas em solo da


região de Campinas/SP Dissertação (Mestrado em Geotecnia) - Faculdade de Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, 2014, 171p.

PINTO, C. de S. Curso Básico de Mecânica dos Solos, em 16 Aulas. 3 ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2006.

POULOS, H.G. & DAVIS, E.H. (1980). Pile Foundation Analysis and Design. John Wiley
& Sons, New York.
115

RANDOLPH M. F. and GOURVENEC S., Offshore Geotechnical Engineering, First Edition.


Oxon: Spon Press, 2011.

REESE, L.C., HUNDSON, B.S. & VIJAYVERGIJA, B. S., An Investigation of the


Interaction Between Bored Piles an soil. Proc. 1969, 7th Int. Conf. S.M. & F.E., vol. 2.

SEED & REESE The Action of Soft Clay Along Friction Piles. Transactions of ASCE p.
761-64, 1957.

SILVA, C.M. Energia e Confiabilidade Aplicadas aos Estaqueamentos Tipo Hélice


Contínua. Tese de Doutorado em Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Faculdade de
Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Brasília, DF, 2011.

TEIXEIRA, A.H; GODOY, N.S. Analise, projeto e execução de fundações rasas.


Fundações: teoria e prática. Hachich et al (editores), Ed. Pini, São Paulo (1996).

VALENZUELA, E. D. Interação Solo-Estaca de Plataformas Offshore. Rio de Janeiro,


1980.

VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações. 3. ed., v. 1, Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ,


2002.

VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações. Oficina de Textos 1ª edição. São Paulo. 2010.

VESIC, A. S. Design of pile foundations, synthesis of highway practice N. 42 Transportation


Research Board, National research council, Washington D.C (1977).

WIDJAJA B. e LILIANTO S. Assessment for the Determination of Pile Capacity using Two
Types of Loading Tests with Analytical Method and Numerical Simulation, In. Proc. of the
Eighth International Conference On Advances in Civil and Structural Engineering –
CSE, 2018.

Você também pode gostar