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CENTRO DE TECNOLOGIA
ENGENHARIA CIVIL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL
FORTALEZA
2016
EDUARDO PARO MESQUITA
FORTALEZA
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Aos meus pais, Silvio e Elenir, por todo o suporte, apoio e encorajamento em
todos os momentos da minha vida. Todas as minhas conquistas dedico a eles.
Ao professor Alfran Sampaio pela disponibilidade de orientação e pela ajuda no
desenvolvimento deste projeto de graduação.
Aos professores membros da banca pela disponibilidade de avaliar este trabalho.
Ao engenheiro Fernando Feitosa Monteiro, pelas contribuições, discussões,
sugestões e ajuda que foram fundamentais para a realização deste trabalho.
À minha namorada Vanessa Almeida, por todo o suporte e apoio no
desenvolvimento deste trabalho e durante todos esses anos na graduação.
À Capes, pela grande oportunidade de participar do programa Ciência Sem
Fronteiras, que contribui tanto para minha formação pessoal e profissional.
À todos os colegas da época de PET pela convivência e experiências que tanto
agregaram à minha formação.
RESUMO
In the stage of execution of the foundations of buildings, it is usually carried out the process
of evaluation of performance of the foundation, which consists in the application of specific
methods to evaluate the load capacity of the foundation element. For root piles, the control is
generally performed on the basis of performing static load tests. The main objective of this
work is to propose an empirical model for predicting the load capacity of root piles. This
model is based on an executive monitoring process in which some variables related to the
execution of the piles are monitored during the excavation and later used for the calibration
and validation of the empirical formulation. For this, seven piles were analyzed in four
distinct building sites in the city of Fortaleza. Static load tests were performed on all seven
piles monitored. The sites were previously selected and have subsoils with a variable
geotechnical profile. Each pile was monitored during its execution and variables such as
speed of excavation and rotation of the rotator were collected, which later were related to the
lateral and tip load capacity of the piles. The reference value for the load capacity was
obtained from the results of the load tests using the Van der Veen (1953) method. Then, the
multiple linear regression technique was used to obtain a relation between the load capacity
and the independent variables that were monitored during execution. Two kinds of models
were created: a linear model and a power model. The obtained expression presented good
results in the steps of calibration and validation, generating values concordant with the
reference values of the load capacity of the piles. The power model was more adequate, since
the equation obtained presented correct physical sense between the variables. For comparison
purposes, the main semi-empirical methods of the literature were also applied in predicting
the load carrying capacity of the cuttings. Among those, the method of Lizzi (1982) was the
one that presented more consistent estimates with the reference values. With the
accomplishment of this work it was possible to show that the proposed methodology can be
an alternative for the executive control of root piles.
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................11
1.1 Contextualização.............................................................................................................11
1.2 Objetivos.........................................................................................................................12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................13
2.1 Tipos de Fundação...........................................................................................................13
2.2 Estacas Raiz.....................................................................................................................14
2.3 Ensaio SPT......................................................................................................................16
2.4 Capacidade de Carga.......................................................................................................17
2.5 Prova de Carga Estática...................................................................................................18
2.5.1 Interpretação da Prova de Carga Estática........................................................20
2.6 Métodos Semi-Empíricos...............................................................................................21
2.6.1 Método de Aoki-Velloso (1975)......................................................................21
2.6.2 Método de Décourt Quaresma (1978).............................................................23
2.6.3 Método de Teixeira (1996)..............................................................................25
2.6.4 Método de Cabral (1986)................................................................................26
2.6.5 Método de Lizzi (1982)..................................................................................27
2.7 Avaliação do Desempenho de Estacas Raiz...................................................................28
2.8 Regressão Linear Múltipla.............................................................................................29
3. METODOLOGIA...............................................................................................................30
3.1 Locais das Obras.............................................................................................................30
3.2 Coleta de Dados..............................................................................................................35
3.3 Monitoramento Executivo das Estacas...........................................................................36
3.4 Desenvolvimento do Método Empírico..........................................................................38
4. RESULTADOS....................................................................................................................40
4.1 Ensaios............................................................................................................................40
4.1.1 Obra 1..............................................................................................................40
4.1.2 Obra 2..............................................................................................................43
4.1.3 Obra 3..............................................................................................................46
4.1.4 Obra 4..............................................................................................................48
4.2 Métodos Semi-Empíricos................................................................................................52
4.2.1 Obra 1..............................................................................................................52
4.2.2 Obra 2..............................................................................................................54
4.2.3 Obra 3..............................................................................................................55
4.2.4 Obra 4..............................................................................................................56
4.3 Provas de Carga..............................................................................................................58
4.4 Monitoramento das Estacas.............................................................................................58
4.5 Desenvolvimento do Método Empírico..........................................................................60
5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...............................65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................68
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
busca uma metodologia viável de controle executivo de estacas raiz que possa auxiliar a
tomada de decisão em campo. Para isso, serão calibrados e validados modelos empíricos
baseados no monitoramento das estacas, com o objetivo de realizar uma verificação de
desempenho das estacas durante o processo executivo.
1.2 Objetivos
Este trabalho tem como objetivo geral utilizar as propostas de Lima (2014) e
Moura et al. (2015) com os dados coletados por Lima (2014) e Monteiro (2016) e propor uma
formulação empírica para previsão da capacidade de carga de estacas raiz baseada em
variáveis obtidas a partir do monitoramento executivo, como rotação, velocidade angular e
velocidade de avanço da perfuratriz e da broca.
Os objetivos específicos do trabalho são:
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
solução própria de fundação. Já no Brasil a estaca raiz foi introduzida apenas na década de
1970 e hoje é utilizada tanto para reforço de fundação como solução de fundação em obras
novas.
Segundo a ABNT (2010), a estaca raiz é uma estaca preenchida com argamassa de
cimento e areia que possui armação. É moldada in loco com execução por perfuração rotativa
ou rotopercussiva, sendo também revestida integralmente no trecho em solo por tubos
metálicos recuperáveis. O adensamento da argamassa é feito com auxílio de pressão, em geral
com utilização de ar comprimido (VELLOSO; LOPES, 2010).
De acordo com Velloso e Lopes (2010), pode-se descrever o processo executivo
da estaca raiz como:
Perfuração: é utilizado o processo de perfuração rotativa ou rotopercursiva,
com circulação de água ou lama bentonítica, que permite a colocação do tubo de
revestimento até o final da estaca. A remoção dos detritos é feita pela água em
circulação;
Armadura: após a perfuração a armadura de aço é introduzida no tubo de
perfuração. A armadura pode ser constituída por uma única barra ou por um
conjunto de barras;
Concretagem: a argamassa de cimento e areia é lançada por um tubo até a
ponta da estaca. Enquanto a argamassa se desloca para cima no tubo de
revestimento, o mesmo vai sendo retirado e são utilizados golpes de ar
comprimido para realizar o adensamento da argamassa.
A Figura 1 mostra esquematicamente o processo executivo da estaca raiz.
Segundo Alonso (1998), a estaca raiz pode ser executada em ângulos que variam
de 0 a 90º e normalmente possui uma taxa de armadura mais elevada do que outros tipos de
estacas. Além disso, a estaca raiz, com a armação do fuste, também pode trabalhar tanto a
tração quanto a compressão.
Quanto à utilização, a estaca raiz apresenta diversas vantagens. Segundo Moura et
al. (2015), esse tipo de estaca é capaz de atravessar praticamente qualquer tipo de formação,
como blocos de fundação, rocha, matacão e etc. Além disso, os equipamentos utilizados são
de pequeno porte e em geral não causam perturbações em construções vizinhas relacionadas à
vibrações e ao nível de ruído. A estaca raiz também possui, em geral, elevada capacidade de
carga quando comparada com outros tipos de estacas de mesmo diâmetro. Isso se dá através
da alta parcela da capacidade de carga devida ao atrito lateral, sendo possível então a
utilização dessas estacas em qualquer tipo de terreno.
(1)
(2)
(3)
De acordo com Hachich et al. (1998), a prova de carga estática é um dos mais
importantes ensaios de campo e também um dos mais utilizados. Isso se dá pela
confiabilidade dos resultados do ensaio em relação à capacidade de carga e às deformações do
solo ou conjunto solo e elemento estrutural de fundação. A versão revisada da norma NBR
6122 da ABNT de projeto e execução de fundações permite uma redução dos coeficientes de
segurança adotados no projeto caso tenham sido feitas provas de carga na quantidade
especificada.
Um dos mais importantes usos da prova de carga surge da necessidade de se
verificar a conformidade da fundação executada com as hipóteses feitas na fase de projeto.
Nesse cenário, a prova de carga é utilizada para confirmar se o elemento de fundação
consegue suportar a carga solicitante prevista. Com isso, espera-se que o resultado obtido para
um elemento de fundação específico no qual foi feito o ensaio reflita o comportamento de
todos os outros elementos da obra (HACHICH et al., 1998).
19
A
Tensão (admissível) máxima B
abaixo da qual não serão Número total de estacas da
Tipo de Estaca obrigatórias provas de carga, obra a partir da qual serão
desde que o número de obrigatórias provas de carga
estacas da obra seja inferior à *(b c d)
coluna (B), em MPa *(b c d)
Quando uma prova de carga não é realizada até a ruptura, se faz necessário o uso
de métodos para extrapolar a curva carga-recalque e obter uma estimativa do valor da
capacidade de carga da estaca.
Segundo Hachich et al. (1998) a ruptura deve ser caracterizada com base em
interpretação matemática da curva carga-recalque, tendo como resultado um valor único com
a aplicação de certo método, independente de interpretação visual do gráfico resultante.
Existem diversos métodos de extrapolação de prova de carga na literatura. Neste
trabalho será detalhado o método de Van der Veen (1953) por ser o mais utilizado no meio
científico.
O método de Van der Veen afirma que a carga e o deslocamento no topo de uma
estaca seguem uma relação exponencial, como mostra a equação 4.
(4)
(5)
(6)
(7)
Tipo de Estaca F1 F2
Franki 2,5 2.F1
Metálica 1,75 2.F1
Pré-Moldada 1+D/0,8 2.F1
Escavada 3 2.F1
Raiz, Hélice contínua e Ômega 2 2.F1
Fonte: adaptados de Aoki e Velloso (1975)
(8)
(9)
(10)
(11)
(12)
(13)
(14)
Em que Np é o valor médio do SPT medido no intervalo de 4 diâmetros acima da ponta da
estaca e 1 diâmetro abaixo; NL é o valor médio do SPT ao longo do fuste da estaca; α é o
parâmetro relativo à resistência de ponta que depende do tipo de solo e do tipo de estaca e β é
o parâmetro relativo à resistência lateral que depende apenas do tipo de estaca. Os valores de
α e β são mostrados nas tabelas abaixo.
(15)
(16)
Solo β1 (%) β2
Areia 7 3
Areia siltosa 8 2,8
Areia argilosa 8 2,3
Silte 5 1,8
Silte arenoso 6 2
Silte argiloso 3,5 1
Argila 5 1
Argila arenosa 5 1,5
Argila siltosa 4 1
Nota: β1N e β2Nb em kgf/cm², βoβ1N ≤ 2 kgf/cm²;
βoβ2Nb ≤ 50 kgf/cm²
Fonte: Cabral (1986)
(17)
Lima (2014) e Moura et al. (2015) propuseram uma metodologia inovadora para o
controle executivo de estaca raiz. O método consiste no desenvolvimento de formulações
empíricas para previsão da capacidade de carga de estacas raiz com base no monitoramento
de variáveis durante a execução utilizando um velocímetro digital.
O trabalho de Lima (2014) consistiu no controle executivo e nas medições,
durante a execução da estaca, das seguintes variáveis: velocidade angular do rotator da
perfuratriz, tempo decorrido na penetração da broca de perfuração em comprimentos de
escavação definidos, distância linear percorrida pelo rotator da perfuratriz e velocidade de
avanço de escavação. As medições foram realizadas com auxílio de um velocímetro digital
posicionado no rotator do equipamento utilizado na execução da estaca. É importante ressaltar
também que as variáveis foram coletadas durante a execução dos 50 cm finais de escavação
das estacas analisadas.
Lima (2014) selecionou duas variáveis centrais para a construção do modelo
empírico: a rotação do rotator e a velocidade de avanço da escavação. Partindo dos
componentes da capacidade de carga de estacas, a rotação foi associada à resistência lateral e
a velocidade de avanço foi associada à resistência de ponta. Outras variáveis utilizadas no
modelo empírico foram: índice de resistência à penetração na ponta, índice de resistência à
penetração lateral médio, diâmetro, e comprimento da estaca.
A autora também menciona a dificuldade de realização do monitoramento
executivo por algumas razões: falta de dispositivos de monitoramento para o equipamento
utilizado na execução das estacas, complexidade de realização do monitoramento das
variáveis propostas e atuação do operador em um método ainda pouco difundido de
monitoramento de desempenho de estacas raiz.
29
(18)
3 METODOLOGIA
Fonte: Autor
Os dados utilizados neste trabalho foram coletados por Lima (2014) e Monteiro
(2016) na cidade de Fortaleza. Os locais foram escolhidos por utilizarem fundação em estacas
raiz e pela disponibilidade da equipe de obras em permitir a obtenção dos dados relacionados
ao processo executivo e aos ensaios de prova de carga estática. Nessas quatro obras foram
coletados dados de sete estacas, que foram escolhidas por terem sido as estacas utilizadas pela
equipe de obras no ensaio de prova de carga estática.
no Bairro Mucuripe. O edifício terá vinte e dois pavimentos, térreo e três subsolos. A Figura 5
mostra a localização da obra em questão.
A obra 4 está localizada entre as Ruas Justino Café Neto, Francisco Farias Filho e
Marinha Holanda, no Bairro Cocó. A Figura 8 mostra a localização dessa obra.
Fonte: Autor
35
Fonte: Autor
entre as sondagens mais próximas. A tabela 15 resume a escolha das sondagens utilizadas nos
estudos das estacas.
Os dados relativos aos ensaios de prova de carga também foram obtidos com as
empresas executoras das fundações em cada obra. A execução dos ensaios de prova de carga
seguiu os procedimentos determinados na NBR 12131/2006. Após a realização dos ensaios,
foram traçadas as curvas carga-recalque para as estacas ensaiadas com o objetivo de estimar a
capacidade de carga das mesmas.
Para as estacas nas quais não foi possível observar indicativo de ruptura física foi
realizada a extrapolação das curvas carga-recalque para estimação das capacidades de carga.
Para isso foi utilizado o método de Van der Veen (1953), que é capaz de extrapolar a curva
carga-recalque para níveis de carregamento não ensaiados através de um ajuste exponencial.
O método foi escolhido por se tratar de um procedimento frequentemente utilizado no meio
técnico do Brasil para extrapolação de provas de carga e obtenção da carga de ruptura.
(19)
(20)
4 RESULTADOS
4.1 Ensaios
4.1.1 Obra 1
4.1.2 Obra 2
O solo da Obra 2 apresenta uma grande camada de areia argilosa e uma camada
composta de argila siltosa. É possível observar, através do índice NSPT, que o solo possui uma
baixa resistência nos primeiros metros da camada e que depois apresenta um acréscimo de
resistência ao longo da profundidade.
As estacas foram submetidas a prova de carga estática de acordo com as
especificações da ABNT (2006). A Figura 16 mostra o resultado do ensaio para a estaca 3.
4.1.3 Obra 3
NSPT, que o solo possui uma baixa resistência até aproximadamente os 12 primeiros metros da
camada e que depois apresenta um acréscimo de resistência ao longo da camada de argila
arenosa. O nível da água no solo encontra-se a aproximadamente 7 metros de profundidade.
A estaca analisada da Obra 3 foi submetida a prova de carga estática de acordo
com as especificações da ABNT (2006). A Figura 4.3 mostra o resultado do ensaio realizado
na estaca 5.
4.1.4 Obra 4
na Figura 12 e a relação das sondagens utilizadas para a análise de cada estaca foi mostrada na
tabela 15.
Nas tabelas 23, 24, 25 e 26 é possível observar os resultados das sondagens
realizadas.
A sondagem relativa à estaca 6 (SP-01) mostra que o perfil do solo nessa região é
composto por camadas de areia siltosa, silte argiloso e argila arenosa. O índice de resistência à
penetração (NSPT) apresenta inicialmente valores baixos, mas aumenta com a profundidade
atingindo valores mais elevados a partir de 8 m de profundidade. Já as sondagens relativas à
51
estaca 7 (SP-04, SP-05 e SP-06) mostram um perfil de solo composto por camadas de areia
siltosa e silte argiloso. É possível observar, através do índice de resistência à penetração NSPT,
que o solo possui uma baixa resistência nos primeiros metros da camada e que depois
apresenta um acréscimo de resistência com o aumento da profundidade.
As estacas analisadas da Obra 4 foram submetidas a prova de carga estática de
acordo com as especificações da ABNT (2006). A Figura 19 mostra o resultado do ensaio
realizado na estaca 6.
Neste ensaio a estaca 7 foi submetida a uma carga de 2400 kN, que foi aplicada
em 10 estágios de carregamento alcançando um recalque máximo de 25,04 mm. Na fase de
descarregamento do ensaio o recalque residual foi de aproximadamente 18,30 mm. A partir da
curva carga-recalque também é possível observar a ocorrência de ruptura física para essa
estaca.
Nesta seção são mostrados os resultados das estimativas das capacidades de carga
das estacas através do uso dos principais métodos semi-empíricos da literatura.
Para a previsão da capacidade de carga das estacas foram utilizados cinco
métodos semi-empíricos de uso corrente na literatura: Aoki-Velloso (1975), Décourt-
Quaresma (1978), Teixeira (1996), Cabral (1986) e Lizzi (1982).
4.2.1 Obra 1
Como mostrado na tabela 14, na obra 1 estão localizadas as estacas 01 e 02. Tendo
como base os ensaios realizados a Figura 1 mostra o resultado da aplicação dos métodos para
a estaca 01.
53
Fonte: Autor
Fonte: Autor
54
4.2.2 Obra 2
Fonte: Autor
nesse caso. O método de Lizzi (1982) foi o que apresentou a melhor estimativa da capacidade
de carga para essa estaca.
Para a estaca 04 foi utilizado o mesmo procedimento. A Figura 24 mostra o
resultado da aplicação dos métodos para a estaca 04.
Fonte: Autor
4.2.3 Obra 3
Fonte: Autor
4.2.4 Obra 4
Fonte: Autor
57
Para a extrapolação das curvas carga-recalque foi utilizado o método de Van der
Veen (1953). Nos ensaios de prova de carga que não apresentaram ruptura física, o método foi
utilizado para estimar a carga limite das estacas (estacas 1,2,3 e 4). Já para as estacas nas
quais foi possível visualizar o indício de ruptura na curva carga-recalque não houve a
necessidade de aplicação do método de extrapolação (estacas 5,6 e 7). O método foi escolhido
por se tratar do procedimento mais utilizado no meio técnico no Brasil para obtenção da carga
de ruptura a partir da curva carga-recalque. A tabela 27 mostra os valores de carga limite
adotados considerando a aplicação do método de Van der Veen (1953) e a ruptura física nas
curvas carga-recalque.
Velocidade Velocidade
Penetração Tempo Frequência Nspt Nspt
Estaca de Avanço Angular Vb (m/s)
(m) (s) (Hz) ponta lateral
(m/s) (rad/s)
V avanco Nspt
Estaca Qp(kN) Ap (m2)
(m/s) ponta
Validação
1 600 0,1320 0,00297 60
2 640 0,1320 0,00374 60
Fonte: Autor
62
A partir dos dados das tabelas 31 e 32 foi utilizada a técnica de regressão linear
múltipla com transformação logarítmica em um modelo de potência para modelar Qp e Ql. A
equação 1 mostra o resultado das análises de regressão de Qp e Ql e a soma das parcelas para
obtenção da capacidade de carga (Qult).
(21)
compatível com o comportamento usual das estacas como solução de fundação. A parcela da
resistência de ponta (Qp) se mostrou proporcional à área de ponta e ao valor do Nspt na ponta
e inversamente proporcional ao valor da velocidade de avanço. Já a parcela da resistência
lateral (Ql) se mostrou proporcional à área de projeção do fuste e ao valor do Nspt lateral e
inversamente proporcional ao valor da velocidade da broca.
Como mencionado na metodologia, também foram criados modelos lineares para
comparação com os modelos de potência obtidos. Aplicando a técnica de regressão linear
múltipla aos dados das tabelas 31 e 32 sem a transformação logarítmica obtém-se um modelo
linear para a capacidade de carga como mostra a equação 22.
(22)
Como é possível observar, o modelo linear também se ajustou bem aos dados na
etapa de calibração com erros da ordem de 1,0% ou menores. Já na validação o modelo previu
os valores da capacidade de carga com boa precisão, tendo erros menores do que 5,0%. É
possível observar ainda que o modelo linear apresentou valores absolutos de erro menores do
que os valores obtidos com o modelo de potência. Entretanto, também é possível observar que
o modelo linear não possui sentido físico compatível com o comportamento esperado de
64
fundações em estaca. Na parcela devido ao atrito lateral (Ql) o modelo retornou coeficientes
negativos para as variáveis Nspt lateral e área de projeção do fuste (UL), indicando que um
aumento nessas variáveis implicaria uma redução na resistência lateral da estaca. Entretanto, a
prática da engenharia de fundações mostra que um aumento nessas variáveis deveria provocar
um aumento na resistência lateral da estaca. Por esses motivos, prefere-se o modelo de
potência mostrado anteriormente, tanto por conservar o sentido físico e a relação esperada
entre as variáveis quanto por ter uma forma similar aos métodos semi-empíricos já
consagrados na literatura.
65
Foram criados dois tipos de equações empíricas com base nos dados coletados. O
primeiro modelo é resultado de uma transformação logarítmica no modelo tradicional de
regressão linear. Isso se deu pelo fato de que a relação entre variáveis em modelos de
capacidade de carga usuais na literatura não é linear. A transformação logarítmica garante
maior versatilidade ao modelo, não fazendo a imposição de uma relação linear entre as
variáveis. Essa primeira equação apresentou resultados razoavelmente satisfatórios, com erros
da ordem de 1,0% na fase de calibração e erros menores que 10,0% em relação aos valores de
referência na fase de validação. Além disso, a equação também apresentou um sentido físico
correto entre a capacidade de carga e as demais variáveis dependentes, com variáveis cujo
aumento significaria redução da capacidade de carga no denominador e variáveis cujo
aumento implicaria em maiores capacidade de carga no numerador.
A segunda equação foi baseada em um modelo linear entre a capacidade de carga
e as demais variáveis dependentes. Esse modelo foi feito apenas à titulo de comparação com a
primeira equação. Como foi possível observar, essa equação também produziu bons
resultados na fase de calibração e de validação com erros menores que 1,0% na calibração e
menores que 5,0% na fase de validação. Entretanto, é importante ressaltar que o modelo linear
não apresentou sentido físico compatível entre algumas variáveis dependentes e a capacidade
de carga. Especificamente, na parcela de resistência lateral a equação retornou coeficientes
negativos para a área de projeção do fuste (U*L) e para o índice médio de resistência à
penetração Nspt, indicando que um aumento desses valores provocaria uma redução na
capacidade de carga de acordo com a equação. Contudo, pelo sentido físico do problema
esperava-se exatamente o oposto: que um aumento nessas variáveis provocasse um aumento
na capacidade de carga.
Então, é possível concluir que a primeira equação foi a que modelou a situação de
forma mais satisfatória. A imposição de uma relação linear entre as variáveis na segunda
equação gerou uma expressão com sentido físico incorreto, o que poderia implicar em um
modelo inadequado para aplicações em outras situações. A primeira equação além de
apresentar bons resultados na fase de calibração e validação, também apresentou sentido
físico correto entre as variáveis, indicando que esse formato de equação deve ser o mais
adequado na construção de modelos empíricos para controle executivo de estacas raiz.
Como sugestão para trabalhos futuros é importante ressaltar a necessidade de se
realizar estudos com número cada vez maior de estacas analisadas. O tamanho da amostra é
fundamental na aplicação de qualquer método estatístico, logo espera-se que trabalhos futuros
nessa área utilizem um número maior de estacas para procurar obter expressões cada vez mais
67
robustas com possibilidade de aplicação nas mais diversas obras e tipos de solo diferentes.
Nesse sentido, é importante também utilizar um número cada vez maior de estacas na fase de
validação, já que é uma das etapas mais críticas na avaliação dos modelos.
Também é importante tentar introduzir, em trabalhos futuros, constantes que
variem com o perfil do solo no qual a estaca está inserida. Essa sugestão está condicionada à
obtenção de amostras com mais estacas e com maior diversificação em relação ao número de
obras e perfis de solo presentes.
68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CABRAL, D. A. O uso da estaca raiz como fundação de obras normais. In: CBMSEF, 8.,
1986, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre, 1986. v. 6, p. 71-82.
CINTRA, J. C. A.; AOKI, Nelson. Fundações por estacas: Projeto Geotécnico. São Paulo:
Oficina de Textos, 2010.
HACHICH, W et al. Fundações: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Pini. 1998
LIZZI, F. The Āpali radiceā (root piles) - A state-of-the-art report. In: International
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MONTGOMERY, D.C.& RUNGER, G.C. (2003). Applied statistics and probability for
engineers; John Wiley & Sons; 3ª Edição. 807p.
TEIXEIRA, A. H. Projeto e execução de fundações. In: SEFE, 3., 1996, São Paulo. Anais...
São Paulo, 1996. v. 1.
VAN DER VEEN, C. The Bearing Capacity of a Pile. Proc. Third International Conference
Soil Mechanics Foundation Engineering, Zurich, 1953, vol. II.
VELLOSO, D. A.; LOPES, F.R. Fundações. Rio de Janeiro: COPPE -UFRJ, 2010.v. 2.