Você está na página 1de 309

Dissertação de Mestrado

ESTABELECIMENTO ESTATÍSTICO DE
VALORES DE CONTROLE PARA A
INSTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS DE
TERRA: ESTUDO DE CASO DAS
BARRAGENS DE EMBORCAÇÃO E PIAU

AUTORA: TERESA CRISTINA FUSARO

ORIENTADOR: Prof. Dr. Romero César Gomes (UFOP)

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA UFOP

OURO PRETO - JUNHO DE 2007


Estabelecimento Estatístico de Valores de Controle
para a Instrumentação de Barragens de Terra:
Estudo de Caso das Barragens de Emborcação e
Piau

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em


Engenharia Geotécnica do Núcleo de Geotecnia da
Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro
Preto, como parte integrante dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Geotecnia de
Barragens.

Esta dissertação foi apresentada em sessão pública e aprovada em 31


de julho de 2007, pela Banca Examinadora composta pelos membros:

Prof. Dr. Romero César Gomes (Orientador / UFOP)

Profa. Dra. Milene Sabino Lana (UFOP)

Profa. Dra. Terezinha de Jesus Espósito (UFMG)

Prof. João Francisco Alves da Silveira (SBB Engenharia)

ii
DEDICATÓRIA

Rafael, Isabel e Arnaldo, a vocês que são a alegria da minha vida.

iii
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer e compartilhar este trabalho com todos aqueles que colaboraram e
me apoiaram na sua conclusão.

Agradeço ao Prof. Romero César Gomes, pelo incentivo constante, pelos


conhecimentos transmitidos e, acima de tudo, por ter acreditado nas minhas idéias e me
incentivado a pensar a análise da instrumentação de uma forma diferente.

Aos professores do curso, agradeço a experiência compartilhada, e aos colegas do


mestrado, obrigada pela convivência e pelo companheirismo.

A Cemig Geração e Transmissão S.A., pela cessão das informações e incentivo ao


desenvolvimneto profissional.

Aos colegas da Gerência de Segurança de Barragens e Manutenção Civil, pela troca de


idéias e sugestões, em especial à Engª Adelaide Linhares Carim, que despertou em mim
o amor pela instrumentação de barragens, e ao Engº Alexandre Duarte Barhouch Aires,
pelas discussões e sugestões.

Aos engenheiros Selmo Kupperman e Quintiliano Guedes, grandes inspiradores deste


trabalho.

À estagiária Priscila Freitas da Silva, que forneceu o suporte necessário e treinamento


na área de estatística, pelos longos finais de semana que passamos juntas.

Aos meus pais, agradeço pelo exemplo, compreensão, carinho e incentivo.

Aos meus filhos Rafael e Isabel, pelas ‘cutucadas’, e ao meu esposo Arnaldo, pela
compreensão e apoio incondicional aos meus objetivos.

E agradeço a Deus pela vida repleta de oportunidades que me foi concedida.

iv
RESUMO

Este trabalho visa aferir a aplicabilidade dos métodos estatísticos no


estabelecimento de valores de controle para os dados da instrumentação de barragens de
terra, através da análise das séries históricas das medidas dos instrumentos instalados
nas barragens de Emborcação e Piau, operadas pela Cemig Geração e Transmissão S.A.
Para isto, inicialmente foram expostos os princípios dos métodos de auscultação
e sua importância para a segurança de barragens, bem como os objetivos da
instrumentação. Foram discutidos os procedimentos de análise dos parâmetros medidos
em barragens de terra e as aplicações e limitações dos métodos determinísticos
usualmente empregados para esta finalidade. Foram, então, pesquisados os fatores de
variação nas leituras, que justificam as diferenças entre valores previstos nos modelos
numéricos e os valores obtidos pela instrumentação de campo. Os principais métodos
estatísticos aplicáveis à análise das séries temporais de dados da instrumentação foram
estudados e verificada a sua aplicação atual em projetos de barragens no Brasil.
Para a barragem de Emborcação foram utilizadas técnicas de regressão e de
séries temporais para prever valores futuros das leituras para todos os instrumentos de
medida de pressão instalados na barragem de terra principal, sendo feitas comparações
entre os resultados obtidos. Correlações entre tensões totais e pressões piezométricas
medidas por instrumentos adjacentes também foram implementadas. Tentativas de
previsão de recalques futuros foram desenvolvidas através do estudo das variações das
velocidades das deformações com o tempo. No caso da Barragem de Piau, aplicou-se a
técnica de máximos e mínimos em intervalos pré-fixados para a previsão de valores de
nível d’água e de poropressão para todos os instrumentos instalados no maciço de terra
da barragem.
Os resultados obtidos permitiram o estabelecimento de valores de controle
estatísticos para os instrumentos estudados e a elaboração de fluxogramas de alerta
automático para situações de comportamento divergentes das condições de referência
historicamente detectadas pela instrumentação.

v
ABSTRACT

This paper aims to gauge the applicability of statistical methods in the


establishment of ‘values of control’ for earth dam instrumentation data. The study uses
the analysis of the historical series of measurements of instruments installed at
Emborcação and Piau Dams, both operated by Cemig Geração e Transmissão S.A.
The principles of dam surveillance methods and their importance to dam safety
were initially explained, as well as the purposes of instrumentation. The analysis
procedures for measured parameters in earth dams and the applications and limitations
of deterministic models usually employed for this means were discussed. The reasons
for the variation in readings that justify the differences between predicted values from
numeric models and the values attained in the field were researched. The main statistical
methods applicable to the analysis of instrumentation data time series were studied and
verified in their present application in the monitoring of Brazilian dams.
For the Emborcação Dam, regression techniques and time series were used to
predict future values of readings for all piezometers and pressure cells installed in the
main earth structure, comparing the acquired results. Correlations between total tensions
and piezometric pressures measured by adjacent instruments were also implemented.
Attempts at predicting vertical displacements were conducted, studying the changes in
the velocity of deformations over time. In the case of the Piau Dam, the method of
maximum and minimum values in pre-established periods of time was employed to
predict values for water levels and pore pressures for all instruments installed in the
embankment.
The results allowed for the establishment of statistical ‘values of control’ for the
instruments studied and also for the elaboration of automatic alert flow charts for
situations diverging from the reference conditions historically detected by
instrumentation.

vi
Lista de Figuras

Figura 2.1 Princípios básicos de segurança de barragens,(Biedermann ,1997,


adaptado)
Figura 2.2 Informações básicas sobre medidores de vazão
Figura 2.3 Informações básicas sobre medidores de nível d’água
Figura 2.4 Informações básicas sobre piezômetro Casagrande de tubo aberto
Figura 2.5 Informações básicas sobre piezômetro Casagrande de tubo fechado
Figura 2.6 Informações básicas sobre piezômetro elétrico
Figura 2.7 Informações básicas sobre piezômetro pneumático
Figura 2.8 Informações básicas sobre piezômetro hidráulico
Figura 2.9 Informações básicas sobre piezômetro elétrico de corda vibrante
Figura 2.10 Informações básicas sobre célula de pressão total
Figura 2.11 Informações básicas sobre termômetro para temperatura ambiente
Figura 2.12 Informações básicas sobre marco de recalque superficial
Figura 2.13 Informações básicas sobre inclinômetro de recalque
Figura 2.14 Informações básicas sobre inclinômetro de deflexão
Figura 2.15 Informações básicas sobre medidor de recalque tipo caixa sueca
Figura 2.16 Informações básicas sobre medidor de recalques de placas tipo IPT
Figura 2.17 Informações básicas sobre medidor de recalques tipo KM
Figura 2.18 Informações básicas sobre medidor de recalques tipo magnético
Figura 2.19 Informações básicas sobre extensômetro de hastes
Figura 2.20 Hipótese de um piezômetro instalado no núcleo e de um medidor de vazão
instalado no pé da barragem: redução da vazão
Figura 2.21 Hipótese de um piezômetro instalado no núcleo e um medidor de vazão
instalado no pé da barragem: aumento da vazão
Figura 3.1 Conceitos de erro, exatidão e precisão (ASCE, 2000, adaptado)
Figura 3.2 Conceitos de linearidade e de histerese de medidas
Figura 3.3 Defasagens de uma variável em diferentes intervalos de tempo (Carrasco
Gutierrez, 2003)

vii
Figura 3.4 Suavização de uma série temporal utilizando médias móveis (para valores
de r = 7, 14 e 21, respectivamente
Figura 3.5 Esquema de uma análise por redes neurais (Carrasco Gutierrez, 2003)
Figura 4.1 Valores de controle para a instrumentação (USACE, 2004)
Figura 5.1 Vista geral da Usina Hidrelétrica de Emborcação e da barragem principal
Figura 5.2 Seção transversal típica da barragem de Emborcação
Figura 5.3 Seção 1–Estaca 7 + 0,0: instrumentação de referência para as análises
Figura 5.4 Seção 2–Estaca 10+0,0: instrumentação de referência para as análises
Figura 5.5 Seção 3–Estaca 15+0,0: instrumentação de referência para as análises
Figura 5.6 Seção 2–Estaca 10+0,0: células de pressão total utilizadas nas análises
Figura 5.7 Seção 3–Estaca 14+28: instrumentação de referência para as análises
Figura 5.8 Localização dos marcos de deslocamento superficial
Figura 5.9 Rede de fluxo pela Seção 2 da barragem (DAM Projetos, 2006)
Figura 5.10 Piezometria dos medidores EMBTPH 207 e 104 e o nível d’água do
reservatório, mostrando diferença nas respostas às variações do NA
Figura 5.11 Comparação entre as cotas piezométricas do EMBTPH104 com a série
temporal suavizada dos níveis do reservatório
Figura 5.12 Comparação entre as cotas piezométricas do EMBTPT212 e a série
temporal dos níveis do reservatório
Figura 5.13 Comparação entre as cotas piezométricas do EMBTPT106 e a série
temporal dos níveis do reservatório
Figura 5.14 Reta de regressão do EMBTPH106, antes da retirada dos pontos
discrepantes
Figura 5.15 Análise dos resíduos da reta de regressão do EMBTPH106, antes da
retirada dos pontos discrepantes (saída automática do SAS)
Figura 5.16 Reta de regressão do EMBTPH106, após a retirada dos pontos
discrepantes
Figura 5.17 Análise dos resíduos da reta de regressão do EMBTPH106, após a retirada
dos pontos discrepantes
Figura 5.18 Série temporal das cotas piezométricas do piezômetro EMBTPH106

viii
Figura 5.19 Função de autocorrelação e de autocorrelação parcial para a série
diferenciada do EMBTPH106 (saída do SAS)
Figura 5.20 Previsões para leituras do EMBTPH106 através de método de séries
temporais
Figura 5.21 Evolução dos recalques medidos pelos marcos superficiais EMBTMS 120,
121, 122 e 123 ao longo do tempo
Figura 5.22 Detalhe (zoom) da figura anterior, mostrando a evolução dos recalques
mais recentes medidos para o EMBTMS 120
Figura 5.23 Comparação entre os gráficos de velocidade de recalque e sua média
móvel MM10 para o EMBTMS020
Figura 5.24 Médias móveis das velocidades de recalque para os marcos de recalque
superficial da barragem de Emborcação
Figura 5.25 Identificação dos marcos de recalque superficial que indicam estabilização
nas deformações
Figura 5.26 Relação entre poropressões e tensões totais para os instrumentos
EMBTPH208 e EMBTPT214 e 215
Figura 5.27 Faixas de comportamento para a Barragem de Emborcação
Figura 5.28 Fluxograma de análise preliminar dos dados da piezometria e tensões
totais para a Barragem de Emborcação por sistema informatizado de
gerenciamento da instrumentação
Figura 5.29 Fluxograma de análise preliminar dos dados de recalque para a Barragem
de Emborcação por sistema informatizado de gerenciamento da
instrumentação
Figura 6.1 Vista geral da Barragem de Piau
Figura 6.2 Planta baixa da Barragem de Piau
Figura 6.3 Seção típica e aspectos do sistema de drenagem interna da barragem
Figura 6.4 Obras executadas visando o controle das percolações da Barragem de Piau
Figura 6.5 Seção instrumentada na ombreira esquerda
Figura 6.6 Seção instrumentada no leito do rio – Estaca 2 + 00
Figura 6.7 Seção instrumentada no leito do rio – Estaca 3+00
Figura 6.8 Seção instrumentada na ombreira direita

ix
Figura 6.9 Análise de estabilidade para a seção de maior altura da barragem (DAM
Projetos, 2000
Figura 6.10 Localização da área úmida no pé da barragem
Figura 6.11 Gráfico de alguns instrumentos instalados na área em questão com os
respectivos limites de alerta determinísticos
Figura 6.12 Desobstrução da trincheira drenante e aspecto do material causador da
colmatação
Figura 6.13 Variação do nível do reservatório da barragem de Piau com o tempo
Figura 6.14 Distribuição das medidas de nível d’água do PIBTMN006 de acordo com
o mês do ano
Figura 6.15 Série temporal do PIBTMN006 e função senoidal ajustada aos dados
Figura 6.16 Boxplot para as cotas de nível d’água do PIBTMN006
Figura 6.17 Faixas de comportamento para a barragem de Piau5
Figura 6.18 Fluxograma de análise preliminar dos dados da piezometria e níveis
d’água para a barragem de Piau por sistema de gerenciamentoda
instrumentação

x
Lista de Tabelas

Tabela 3.1 Análise de variância conforme modelo do Programa Estatístico SAS


Tabela 3.2 Identificação do modelo se uma série temporal (Miranda, 2002)
Tabela 5.1 Instrumentação instalada na barragem principal da UHE Emborcação
Tabela 5.2 Parâmetros utilizados no modelo numérico de projeto (Parra, 1985)
Tabela 5.3 Parâmetros utilizados no modelo numérico adotado porCarvalho (1998)
Tabela 5.4 Correlação entre valores previstos e observados para a instrumentação
instalada na seção 2 da barragem principal da UHE Emborcação
(Carvalho, 1998)
Tabela 5.5 Parâmetros utilizados no modelo numérico para o período construtivo
desenvolvido pela DAM Projetos (2006).
Tabela 5.6 Variação dos coeficientes de permeabilidade com as tensões verticais
(DAM Projetos, 2005)
Tabela 5.7 Correlação entre deslocamentos verticais medidos e calculados para o caso
de módulos ajustados para recalques observados em campo (DAM
Projetos, 2005)
Tabela 5.8 Cotas piezométricas obtidas através da rede de percolação do modelo
numérico para a seção 2 (DAM Projetos, 2006)
Tabela 5.9 Estudo da correlação entre cota piezométrica do EMBTPH106 e o nível
d’água do reservatório (saída automática do SAS)
Tabela 5.10 Análise da variância para o EMBTPH106, antes da retirada dos pontos
discrepantes (saída automática do SAS)
Tabela 5.11 Teste de normalidades para os resíduos do modelo do EMBTPH106, antes
da retirada dos pontos discrepantes (saída automática do SAS)
Tabela 5.12 Análise da variância para o EMBTPH106, após a retirada dos pontos
discrepantes ou outliers (saída automática do SAS)
Tabela 5.13 Teste de normalidades para os resíduos, após a retirada dos outliers
Tabela 5.14 Modelos de previsão obtidos por meio dos métodos de regressão

xi
Tabela 5.15 Verificação da autocorrelação dos resíduos para o EMBTPH106 (saída
automática do SAS)
Tabela 5.16 Modelos de previsão obtidos por séries temporais
Tabela 5.17 Previsões de recalque para a Barragem de Emborcação
Tabela 5.18 Alertas para mudanças nas velocidades de recalque da Barragem de
Emborcação
Tabela 5.19 Piezômetros associados às células de pressão total da seção2
Tabela 6.1 Parâmetros utilizados no modelo numérico desenvolvido pela DAM
Projetos (2000)
Tabela 6.2 Faixas de normalidade dos instrumentos (DAM Projetos, 2000)
Tabela 6.3 Comparação entre as variações do nível d’água dos reservatórios de
Emborcação e Piau
Tabela 6.4 Análise descritiva das cotas de nível d’água do PIBTMN006

xii
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações

AR Modelo Autoregressivo para séries temporais


ASCE American Society of Civil Engineers
at Resíduo no tempo t
B Operador translação para o passado
c Coesão
c' Coesão Efetiva
CBDB Comitê Brasileiro de Grandes Barragens
CM Cota montante, cota do reservatório de montante
d Número de diferenciações
E Módulo de elasticidade
FAC Função de Autocorrelação
FACP Função de Autocorrelação Parcial
φ Ângulo de atrito
φ' Ângulo de atrito efetivo
γ Peso específico úmido do solo
γs Peso específico dos grãos
ICOLD International Commission on Large Dams
k Condutibilidade hidráulica
K Relação de anisotropia
K0 Coeficiente de empuxo em repouso
kh Condutibilidade hidráulica horizontal
kv Condutibilidade hidráulica vertical
MAPE Erro Médio Percentual
MA “Moving Average” – Modelo de Média Móvel para séries temporais
MM Média Móvel
MN Medidor de Nível d’água
MRS Marco de Recalque Superficial
MW Megawatts

xiii
N Número de observações
υ Coeficiente de Poisson
NA Nível d’água
PC Piezômetro Casagrande
PH Piezômetro Pneumático Hall
p Ordem do processo AR
q Ordem do processo MA
r Ceficiente de correlação linear
rk Coeficiente de autocorrelação para séries temporais
RMSE Raiz do Erro Médio
SAS Statistical Analysis System
sen Seno
σ2 Variância
t Coeficiente de Student
tan Tangente
UHE Usina Hidrelétrica
USACE Unites States of America Corps of Engineers
Vt Velocidade de Recalque no tempo t
VV Vertedouro de Vazão
∆r/∆t Variação do Recalque com o Tempo
Zt Série Temporal

xiv
Lista de Anexos

Anexo I Modelos de regressão para a piezometria e células de pressão total da


Barragem de Emborcação
Anexo II Modelos de séries temporais para a piezometria e células de pressão total
da Barragem de Emborcação
Anexo III Comparação entre as previsões utilizando regressão e séries temporais
para a Barragem de Emborcação
Anexo IV Estudo de correlação entre poropressões e pressões totais para a Barragem
de Emborcação
Anexo V Modelos de intervalos pré-fixados para a piezometria e medidores de nível
d’água da Barragem de Piau

xv
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1 - Justificativa e objetivos................................................................................. 1


1.2 - Metodologia.................................................................................................. 3
1.3 - Estruturação da Dissertação.......................................................................... 4

CAPÍTULO 2 - AUSCULTAÇÃO DE BARRAGENS DE TERRA/


ENROCAMENTO

2.1 - Os métodos de auscultação e a segurança de barragens............................... 7


2.2 - Objetivos da instrumentação de barragens.................................................... 10
2.2.1 - Avaliação de considerações de projeto............................................. 11
2.2.2 - Avaliação do comportamento comparado com as
premissas de projeto.........................................................................11
2.2.3 - Controle da construção..................................................................... 12
2.2.4 - Alerta precoce de mudanças que poderiam afetar a
integridade da barragem...................................................................13
2.2.5 - Investigação e diagnóstico de comportamento anormal................... 13
2.2.6 - Apoio na tomada de decisão............................................................. 13
2.2.7 - Aumento do conhecimento sobre comportamento de barragens...... 14
2.2.8 - Resposta a reclamações de terceiros................................................. 14
2.2.9 - Atendimento aos órgãos reguladores................................................ 14
2.2.10 - Atendimento a condicionantes ambientais...................................... 14
2.3 – Principais tipos de instrumentos e parâmetros medidos............................... 15
2.4 - O planejamento e implantação de um sistema de instrumentação............... 34
2.5 - Análise dos dados da instrumentação e tomada de decisão.......................... 37
2.5.1 - Análise das vazões de percolação.................................................... 41
2.5.2 - Análise de níveis piezométricos e subpressões................................ 43
2.5.3 - Análise de deslocamentos e deformações........................................ 47
2.5.4 - Análise das tensões totais e efetivas................................................. 49

xvi
CAPÍTULO 3 - PRINCÍPIOS DETERMINÍSTICOS E ESTATÍSTICOS NAS
ANÁLISES DE DADOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS

3.1 - Introdução..................................................................................................... 51
3.2 - Princípios determinísticos: aplicações e limitações...................................... 52
3.3 - Diferenças entre valores previstos nos modelos determinísticos
e valores obtidos pela instrumentação.......................................................... 54
3.4 - Fatores de variação nas leituras da instrumentação...................................... 56
3.4.1 - Fatores intrínsecos aos instrumentos................................................ 56
3.4.2 - Fatores humanos............................................................................... 59
3.4.3 - Fatores de instalação e utilização..................................................... 60
3.5 - Princípios estatísticos.................................................................................... 61
3.5.1 - Diagramas de Dispersão................................................................... 62
3.5.2 - Regressão Linear.............................................................................. 62
3.5.3 - Regressão Polinomial....................................................................... 66
3.5.4 - Séries de Fourier............................................................................... 66
3.5.5 - Séries Temporais.............................................................................. 66
3.5.6 - Método das Médias Móveis Simples (MMS).................................. 74
3.5.7 – Modelos Máximo-Mínimo em intervalos pré-fixados..................... 74
3.5.8 - Redes Neurais Artificiais (RNA)..................................................... 75

CAPÍTULO 4 - O ESTABELECIMENTO DE VALORES DE CONTROLE PARA


A INSTRUMENTAÇÃO

4.1 - Introdução.................................................................................................... 77
4.2 - Valores de controle para a instrumentação................................................... 78
4.3 - A automação nas análises preliminares dos dados da instrumentação......... 81
4.4 - A experiência do Brasil............................................................................... 83
4.4.1 - Furnas Centrais Elétricas S.A.......................................................... 83
4.4.2 - CESP –Companhia Energética de São Paulo................................... 86
4.4.3 - Rede Celpa – Centrais Elétricas do Pará.......................................... 87
4.4.4 - Cemig Geração e Transmissão S.A................................................. 88

xvii
CAPÍTULO 5 - VALORES DE CONTROLE PARA A INSTRUMENTAÇÃO DE
BARRAGENS COM GRANDES OSCILAÇÕES NO NÍVEL DO
RESERVATÓRIO: ESTUDO DE CASO DA BARRAGEM DE EMBORCAÇÃO

5.1 - A Barragem de Emborcação......................................................................... 89


5.2 - Previsão de medidas da instrumentação por modelo determinístico............. 96
5.3 - Previsão de medidas da instrumentação por métodos estatísticos................ 102
5.3.1 - Previsão de pressões no maciço e fundações utilizando
Métodos de Regressão..................................................................... 103
5.3.2 - Previsão de pressões no maciço e fundações utilizando
método de Séries Temporais............................................................ 116
5.3.3 - Comparação dos resultados obtidos através dos Métodos de
Regressão e Séries Temporais na previsão das poropressões.......... 122
5.4 - Previsão de recalques.................................................................................... 123
5.5 - Relações entre tensões totais e pressões piezométricas................................ 130
5.6 - Estabelecimento de valores de controle para a instrumentação.................... 133

CAPÍTULO 6 - VALORES DE CONTROLE PARA A INSTRUMENTAÇÃO DE


BARRAGENS COM PEQUENAS OSCILAÇÕES NO NÍVEL DO
RESERVATÓRIO: ESTUDO DE CASO DA BARRAGEM DE PIAU

6.1 - A Barragem de Piau...................................................................................... 139


6.2 - Previsão de medidas da instrumentação por modelo determinístico............ 145
6.3 - Previsão de medidas da instrumentação por métodos estatísticos................ 151
6.3.1 - Previsões de pressões e níveis d’água no maciço e fundações
utilizando métodos de regressão e séries temporais........................ 151
6.3.2 - Previsão de pressões e níveis d’água no maciço e fundações
utilizando função senoidal............................................................... 153
6.3.3 - Previsão de pressões e níveis d’água no maciço e fundações
utilizando máximos e mínimos em intervalos pré-fixados.............. 155
6.4 - Estabelecimento de valores de controle para a instrumentação................... 157

xviii
CAPÍTULO 7 - CONCLUSÕES

7.1 - Introdução..................................................................................................... 160


7.2 - Principais Conclusões................................................................................... 161
7.3 - Sugestões para Pesquisas Futuras................................................................. 168

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 170

xix
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 – Justificativa e objetivos

As barragens são obras de engenharia que existem desde a antigüidade e que


acompanharam o desenvolvimento do homem, permitindo sua fixação à terra através do
fornecimento de água para o consumo humano e animal, o desenvolvimento da
agricultura através da irrigação e o avanço da industrialização através do fornecimento
de energia elétrica. Estão intrinsecamente associadas ao desenvolvimento e, em muitos
países, foram utilizadas como fomentadoras do crescimento. Como exemplo, o Bureau
of Reclamation foi um órgão criado para levar o desenvolvimento ao noroeste dos
Estados Unidos através da construção de barragens que permitiriam a irrigação de terras
e a industrialização.

Entretanto, estas obras de engenharia também podem ser a causa de grandes catástrofes.
Acidentes envolvendo a ruptura de barragens podem implicar no alagamento de vastas
áreas a jusante e causar danos imensuráveis em termos de impactos sócio-econômicos e
ambientais. Por isso, a segurança é o objetivo fundamental no projeto e construção de
barragens. Mas embora estas etapas sejam fundamentais, não são suficientes para
garantir sua operação segura. Faz-se necessário o estabelecimento de um processo de
acompanhamento e avaliação permanentes do comportamento de tais estruturas,
processo este usualmente denominado de auscultação de barragens e que tem como
ferramentas principais as inspeções visuais e a instrumentação.

A maior parte dos proprietários de barragens possui planos de monitoramento que


incluem inspeções visuais periódicas das estruturas civis e instrumentação das barragens
por eles operadas e mantidas. Em geral, a leitura da instrumentação é feita
periodicamente, mas há uma fragilidade generalizada em termos das análises dos dados
coletados. Para que a instrumentação assuma um papel importante na manutenção da
segurança, é imprescindível não apenas que todos os instrumentos estejam funcionando
bem e que a informação adequada seja coletada e documentada, mas, acima de tudo,
que seja analisada em tempo hábil.

Para que os máximos benefícios possam ser extraídos da instrumentação, a avaliação


detalhada e a interpretação dos resultados devem ser feitos imediatamente após a coleta
dos dados. Provavelmente a mais comum e menos justificável deficiência dos atuais
programas de avaliação do comportamento de barragens seja aquela oriunda do fato de
que os dados permanecem sem interpretação até que sua análise torne-se tardia ou
obsoleta pela aquisição de novas leituras.

Os programas atuais de instrumentação de barragens no Brasil compreendem


basicamente o armazenamento dos dados das leituras, o cálculo das respectivas medidas
e o traçado de gráficos que sistematizam os resultados obtidos. Muitos destes programas
possuem valores de alerta determinísticos, estabelecidos pelas projetistas e que, se
ultrapassados, constituem um alerta automático no sentido em que os coeficientes de
segurança da barragem encontram-se abaixo dos valores pré-fixados de projeto.
Entretanto, poucas empresas possuem sistemas informatizados de alerta mais
consistentes e que permitam reconhecer variações nas leituras fora do comportamento
usual das estruturas.

Na Cemig Geração e Transmissão S.A., por exemplo, este problema ficou evidente em
2002, ao se verificar a ineficácia dos limites determinísticos para diagnosticar uma
situação de risco na Barragem de Piau.

Desta forma, a proposta de uma metodologia estatística aplicada à análise preliminar


dos dados da instrumentação de barragens impõe-se naturalmente, de forma a permitir a
emissão de alertas automáticos e imediatos, por meio de sistemas informatizados, caso
haja alterações no comportamento da série temporal de medidas efetuadas por um
determinado instrumento.

2
Esta dissertação tem por objetivo fundamental o de abordar e discutir a aplicação de
métodos estatísticos como ferramentas nas análises preliminares dos dados da
instrumentação de barragens, contribuindo para que os procedimentos de auscultação
sejam menos empíricos e mais efetivos na aferição sistemática do comportamento
geotécnico destas estruturas.

1.2 - Metodologia

As séries históricas das grandezas físicas instrumentadas em barragens de terra são


séries temporais cujo tratamento e interpretação podem ser feitos por meio da aplicação
de métodos estatísticos. Estas soluções são especialmente indicadas para os casos nos
quais os modelos determinísticos ou analíticos tornam-se de difícil implementação, por
envolverem condições de geometria e de contorno complexas ou mesmo incertezas e
excessiva variabilidade nos parâmetros dos materiais de construção.

Para a avaliação das formas mais adequadas de tratamento estatístico dos dados de
pressão (poropressões e tensões totais) e deslocamentos de barragens, serão analisadas
as séries históricas da instrumentação instalada nas barragens de Emborcação e Piau,
ambas operadas pela Cemig Geração e Transmissão S.A.

A barragem de Emborcação foi escolhida por ser uma barragem de enrocamento de


grande altura, para a qual, até a presente data, não foram desenvolvidos modelos
numéricos capazes de explicar os deslocamentos e poropressões verificados em campo.
Seu reservatório apresenta grande variação anual do nível d’água, com ciclos de
rebaixamento de até 40 metros, com os registros piezométricos acompanhando apenas
parcialmente estas variações.

A barragem de Piau constitui uma estrutura de terra, cujo reservatório apresenta nível
d’água praticamente constante ao longo de todo o ano, com pequena variação das
poropressões geradas no maciço, apesar de alguns instrumentos apresentarem variações
sazonais. Para esta barragem, implementou-se um modelo numérico capaz de estimar os
valores de poropressões no interior do maciço com excelente ajuste aos valores

3
observados em campo. Estes valores eram utilizados como limites que, quando
excedidos, indicavam níveis de alerta automáticos pelo sistema computacional de
controle da instrumentação. Entretanto, ao longo de um evento de colmatação gradual
do sistema de drenagem do pé da barragem, ocorrido entre 1997 e 2002, estes limites
mostraram-se inadequados para gerar os alarmes desejados.

Com o estudo destes dois casos, pretende-se verificar a adequabilidade de diferentes


métodos estatísticos na análise dos dados da instrumentação de barragens com
diferentes regimes de operação do reservatório e verificar sua adequabilidade no
estabelecimento de valores de controle, que definam faixas de comportamento
satisfatório da barragem e que possam gerar alertas automáticos para a equipe de
monitoramento caso sejam ultrapassados.

1.3 – Estruturação da Dissertação

Essa dissertação apresenta-se dividida em sete capítulos e cinco anexos. No Capítulo 1


são expostas as bases e a motivação para os estudos desenvolvidos e a justificativa para
a escolha das barragens de Emborcação e Piau como modelos para análise, além da
descrição do escopo geral do trabalho proposto.

O Capítulo 2 relata os métodos de auscultação de barragens, descrevendo os objetivos


da instrumentação, os principais tipos de instrumentos e parâmetros medidos. Discorre
sobre como planejar e implantar um sistema de instrumentação eficaz e apresenta um
breve relato de como proceder à análise dos dados da instrumentação de barragens de
terra, mais especificamente as análise de vazões de percolação, de deslocamentos e
deformações, de níveis piezométricos e subpressões e das tensões totais no interior de
maciços de terra. Este capítulo tem como objetivo principal introduzir os princípos da
instrumentação geotécnica aplicada a barragens e relatar alguns aspectos interessantes
apreendidos pela autora durante os anos em que trabalhou com o tema e que geralmente
são abordados de forma dispersa na literatura técnica relativa ao assunto.

4
No Capítulo 3, faz-se uma revisão bibliográfica sobre os princípios determinísticos e
estatísticos utilizados nas análises de dados da instrumentação de barragens, com suas
aplicabilidades e limitações. São analisados os fatores de variação nas leituras da
instrumentação e as causas das diferenças entre os valores previstos em modelos e
valores efetivamente obtidos em campo. São descritos os modelos estatísticos
usualmente destinados à gestão e à análise de medidas cronológicas, como diagramas de
dispersão, regressão linear, regressão polinomial, séries temporais com foco na
abordagem de Box e Jenkins, médias móveis e redes neurais artificiais.

No Capítulo 4 são apresentados os principais conceitos que têm sido utilizados


internacionalmente no estabelecimento de valores de controle para a instrumentação de
barragens, destacando-se a experiência do Brasil neste tema e os esforços feitos por
Furnas Centrais Elétricas S.A. e pela CESP - Companhia Energética de São Paulo no
desenvolvimento de metodologias de análise estatística aplicada aos dados da
instrumentação de barragens.

O Capítulo 5 contempla os estudos para a determinação de valores de controle para os


dados da instrumentação relativos à Barragem de Emborcação. Após uma breve
caracterização do empreendimento e das tentativas de modelagem numérica da
barragem, são apresentadas as análises estatísticas dos dados de pressão (poropressões e
tensões totais) através do método de regressão e utilizando técnica de séries temporais.
A partir das correlações das medidas de pressão com o nível d’água do reservatório, é
proposto um conjunto de valores de controle e de alertas, que evidenciariam uma
alteração no comportamento de determinada seção instrumentada da barragem. Para os
deslocamentos verticais, foram feitas análises das variações das velocidades de
recalques com o tempo e proposto um sistema preliminar de alerta no caso de alteração
nas tendências históricas registradas para cada marco de recalque superficial.

O Capítulo 6 relata o incidente envolvendo a segurança da Barragem de Piau, bem


como os estudos desenvolvidos para a determinação de limites determinísticos para os
dados de poropressão e nível d’água no maciço. Apresentam-se as análises estatísticas
pertinentes aos dados da instrumentação da Barragem de Piau e uma proposta de

5
sistema de alertas que leva em conta o comportamento histórico dos dados.

O Capítulo 7 apresenta as principais conclusões deste trabalho e sugestões para o


desenvolvimento de pesquisas futuras na área de análise dos dados da instrumentação
geotécnica de barragens.

O Anexo I apresenta os modelos de regressão elaborados para todos os piezômetros e


células de tensão total instalados na barragem principal da UHE Emborcação, enquanto
que o Anexo II resume as etapas de estabelecimento dos modelos de séries temporais
para alguns destes instrumentos. No Anexo III é mostrada uma comparação entre estas
previsões, através do cálculo dos erros, considerando-se o último ano de leituras como o
conjunto de validação dos dados.

O Anexo IV apresenta as correlações obtidas entre os valores das poropressões e das


tensões totais para os pares de piezômetros e células de tensão total instalados no núcleo
da Barragem de Emborcação, com o objetivo de monitorar as tensões efetivas geradas.

Finalmente, o Anexo V apresenta os modelos de intervalos pré-fixados utilizados no


estabelecimento de valores de controle para a piezometria e medidores de nível d’água
da Barragem de Piau.

6
CAPÍTULO 2

AUSCULTAÇÃO DE BARRAGENS DE TERRA/ENROCAMENTO

2.1 – Os métodos de auscultação e a segurança de barragens

A segurança deve constituir o objetivo fundamental no projeto, construção e operação


de barragens. Este deve ser referencial a ser buscado, uma vez que a ruptura de uma
barragem pode ter conseqüências imensuráveis em termos de impactos sócio-
econômicos e ambientais.

Apesar de reduzido, o risco de ruptura de uma barragem constitui uma realidade


potencial para tais empreendimentos. De acordo com o Boletim 99 (ICOLD, 1995), a
percentagem de ruptura de grandes barragens é de 2,2% para as barragens construídas
antes de 1950 e de cerca de 0,5% para as construídas após esta data. A maior parte das
rupturas, cerca de 70%, ocorreu com barragens nos seus primeiros 10 anos de operação
e, mais especialmente, no primeiro ano após o comissionamento.

Em barragens de concreto, os problemas de fundação são a maior causa de ruptura,


sendo que erosão interna e resistência ao cisalhamento insuficiente da fundação
respondem por 21% das causas de ruptura cada um. No caso das barragens de terra e de
enrocamento, a causa mais comum de ruptura é o overtopping (31% como causa
principal e 18% como causa secundária), seguida por erosão interna do corpo da
barragem (15%) e erosão interna da fundação (12%).

Sabendo-se então da existência de uma probabilidade, ainda que baixa, de ruptura de


uma barragem e do alto impacto que este evento teria a jusante, a questão é como este
risco pode ser reduzido. Considera-se que a segurança de barragens pode ser obtida
apoiando-se em três pilares básicos: segurança estrutural, monitoramento e manutenção
(preventiva e ações emergenciais).

7
Nas fases de projeto e construção, devem ser feitos investimentos de forma que os
riscos associados a cada estrutura civil sejam minimizados. Entretanto, sabe-se que
alguns riscos são inerentes à construção de uma barragem, como transbordamento por
falha na operação dos extravasores ou envelhecimento dos materiais, por exemplo.

Assim, mesmo sendo o projeto e construção adequados, existe um risco remanescente a


ser controlado através das atividades de auscultação de barragens. O monitoramento das
estruturas através de inspeções e instrumentação pode indicar reparos a serem
executados para restabelecer as condições de segurança desejadas ou mesmo a
necessidade de adoção de medidas emergenciais. A Figura 2.1 mostra estes conceitos
básicos de segurança de barragens.

SEGURANÇA
Monitoramento

Emergência
Conceito de
Segurança
Estrutural

Projeto e construção Plano de Planos de


adequados auscultação Emergência

Minimização
dos riscos

Risco

Risco O menor possível


remanescente Domínio do risco
remanescente
Invest. em projeto e construção

Figura 2.1– Princípios básicos de segurança de barragens (Biedermann, 1997, adaptado)

8
Uma vez que o projeto e construção adequados são fundamentais, mas não suficientes
para garantir a continuidade da operação segura das barragens, deve ser estabelecido um
processo de acompanhamento e avaliação permanentes do desempenho destas
estruturas. Este processo é usualmente denominado de auscultação de barragens, e
engloba as atividades de observação, detecção e caracterização de eventuais
deteriorações que possam aumentar o potencial de risco de uma estrutura (Fonseca,
2003).

O objetivo final da auscultação é fornecer elementos para as avaliações do


comportamento de barragens que, segundo o Boletim 87 (ICOLD, 1992), devem seguir
os seguintes procedimentos:
• análise dos documentos de projeto;
• recuperação e leitura de todos os documentos relacionados com a construção da
barragem e seu comissionamento;
• análise das deteriorações detectadas através de inspeções visuais durante os anos
de operação;
• análise das informações coletadas pela instrumentação;
• estudos dos possíveis modos e mecanismos de falha das estruturas;
• reavaliação da segurança da estrutura admitida como ‘nova’, tendo em mente a
geometria atual, as características dos materiais, descontinuidades existentes e
dados reais coletados pela instrumentação, utilizando critérios de projeto e
ferramentas computacionais atuais.

A auscultação de barragens tem como ferramentas as inspeções visuais e a


instrumentação. O olho humano treinado é geralmente o melhor instrumento para
avaliar a performance de uma barragem. “Apesar das inspeções visuais certamente
terem limitações, nenhum outro método tem o mesmo potencial de integrar rapidamente
toda a situação do comportamento” (ASCE, 2000).

Por outro lado, o Boletim 68 (ICOLD, 1989) ressalta que, sem instrumentação, as
avaliações da segurança seriam feitas apenas com base nas informações provenientes

9
das inspeções visuais, conhecimentos do projeto e construção e uso amplo do
julgamento de engenharia. A instrumentação pode agregar valor a estas avaliações,
como um meio de fazer medidas da aferição do comportamento de uma barragem. Estas
medidas não eliminam a necessidade do julgamento de engenharia, mas fornecem
informações importantes sobre o comportamento das estruturas e permitem uma visão
‘de dentro’ sobre a existência ou não de determinado problema.

Todas as atividades de auscultação devem ser baseadas em análise de modos ou de


mecanismos de falha, ou seja, mecanismos que podem levar à ocorrência de
determinado processo de colapso. Isto leva a inspeções visuais com foco real na
segurança das estruturas e conduz a um plano de instrumentação mais objetivo,
instalando-se instrumentos para monitorar mecanismos de falha possíveis de ocorrer e
parâmetros efetivamente necessários ao acompanhamento do desempenho das estruturas
ao longo da sua vida útil.

2.2 - Objetivos da instrumentação de barragens

O principal objetivo da instrumentação é ser fonte de informações sobre o


comportamento das estruturas de uma barragem, contribuindo para o entendimento do
seu desempenho e para a manutenção da sua segurança.

De forma geral, quando instalados em barragens novas, os instrumentos visam checar


considerações de projeto e parâmetros de construção, bem como quantificar o
desempenho inicial e aferir comportamentos a longo prazo. Sistemas de medição
instalados em barragens em operação geralmente servem para prover informações sobre
mudanças operacionais ou de comportamento que possam impactar a segurança das
estruturas.

É muito fácil listar os benefícios da instrumentação de barragens, mas é muito difícil


quantificá-los. Existem tentativas de quantificar estes benefícios através de métodos de
análise de risco, como o proposto por Marr (2001). No presente trabalho, serão
discutidos os objetivos da instrumentação apenas de forma qualitativa.

10
2.2.1 Avaliação das considerações de projeto

Os engenheiros geotécnicos lidam sempre com o desconhecido. Isto se dá


primeiramente porque não podem controlar totalmente os materiais com os quais eles
trabalham, uma vez que provêem de jazidas e áreas de empréstimo de forma geral não
uniformes. Além disso, no caso de barragens, os métodos construtivos introduzem uma
variabilidade adicional nas características dos materiais de construção do maciço.

No projeto ou análise de barragens de terra e/ou enrocamento, os engenheiros


empregam investigações e ensaios de campo e de laboratório para estimar as
propriedades dos materiais do aterro e da fundação. Marr (2001) lembra da
variabilidade e limitações dos resultados de ensaios e da possibilidade de
particularidades geológicas passarem despercebidas nas investigações de campo. Na
maioria das vezes não é possível fazer todas as investigações e estudos pertinentes no
sentido de se eliminar todas as incertezas sobre os parâmetros geotécnicos a serem
utilizados no projeto. Existem limitações financeiras, físicas, de tempo e mesmo
inexistência ou limitações dos ensaios existentes. Desta forma, os parâmetros de projeto
são extraídos de campanhas de investigações e ensaios via de regra limitados e, muitas
vezes, são extraídos de bibliografia ou de informações relativas a obras similares.

Assim, uma importante contribuição da instrumentação é a de verificar se as


considerações e simplificações introduzidas no projeto foram adequadas e se há a
necessidade de estudos de estabilidade complementares ou de obras de reparo para se
garantir a segurança da barragem. Possibilita ainda a adoção de soluções menos
conservadoras na fase de projeto, que depois possam ser controladas e aferidas pela
instrumentação, podendo significar uma maior economia para a obra.

2.2.2 Avaliação do comportamento comparado com as premissas de projeto

Um dos maiores benefícios da instrumentação é possibilitar a avaliação do


comportamento estrutural de uma barragem, através de comparações entre grandezas
medidas in situ e aquelas fornecidas pelos modelos matemáticos de análise.

11
Os esforços de projeto são dirigidos para empregar as propriedades dos materiais e
carregamentos para prever coeficientes de segurança, deformações esperadas e padrões
e volumes de percolação. No entanto, a maioria dos parâmetros dos materiais
(resistência, compressibilidade e permeabilidade) são valores que apresentam
variabilidade. Daí a importância da instrumentação na comparação do comportamento
esperado com o previsto, uma vez que, embora os parâmetros de projeto não possam ser
mensurados como parte de um programa de instrumentação, as respostas da barragem
aos carregamentos impostos (deformações e padrões e volumes de percolação) podem
ser medidas e comparadas com os valores previstos.

A avaliação do comportamento de uma barragem de terra trata basicamente de cinco


questões fundamentais, cujas respostas podem ser obtidas com a ajuda da
instrumentação (ASCE, 2000):
• a barragem é estável sob a ação dos carregamentos esperados?
• as deformações são aceitáveis para os carregamentos esperados?
• a quantidade de percolação é aceitável?
• a percolação ocorre de forma que não ocorrerá erosão interna da fundação ou do
maciço?
• a borda livre é adequada para impedir o transbordamento durante a passagem da
cheia de projeto?

Ao contribuir para a resposta a estas perguntas, um sistema de instrumentação pode


validar as expectativas de projeto e construção e ainda identificar problemas potenciais
não previstos nos estudos.

2.2.3 Controle da construção

A instrumentação pode ser utilizada para monitorar o progresso da construção, como,


por exemplo, para acompanhar o desenvolvimento das poropressões induzidas dentro do
maciço compactado, controlar recalques por adensamento em fundações pouco
resistentes ou monitorar a estabilidade de taludes de escavação provisórios.

12
O CBDB (1996) diz ainda que a instrumentação pode fornecer informações sobre a
melhor época para a realização de certas operações construtivas, bem como pode ser
utilizada para verificar a adequação de métodos construtivos propostos pelo construtor
e, eventualmente, concluir sobre a necessidade de alteração dos métodos propostos.

2.2.4 Alerta precoce de mudanças que poderiam afetar a integridade da barragem

Sistemas de instrumentação instalados durante a construção permitem ao proprietário


e/ou construtor acompanhar a resposta da barragem aos carregamentos hidrostáticos
iniciais, dando elementos para as devidas tomadas de decisões, incluindo inclusive a
possibilidade da paralisação do próprio enchimento do reservatório caso haja indicações
de um problema impeditivo e a barragem necessitar de reparos imediatos.

Durante a fase de operação, os sistemas de instrumentação geotécnica podem ser


instalados para prover um alarme quando um indicador de desempenho exceder os
limites estabelecidos como aceitáveis. Neste caso, a instrumentação passa a constituir
uma ferramenta eficaz na identificação de possíveis situações de risco à segurança das
estruturas.

2.2.5 Investigação e diagnóstico de comportamento anormal

No caso do diagnóstico de um comportamento anormal da barragem, os dados da


instrumentação são úteis para verificar hipóteses, avaliar as causas e auxiliar a
responder questões específicas relacionadas ao comportamento geotécnico da barragem.

2.2.6 Apoio em tomadas de decisão

Na medida em que a instrumentação pode ajudar ou inferir as prováveis causas de um


problema, ela constitui apoio e auxílio essenciais para tomadas de decisão de como
responder a uma mudança no comportamento da barragem. Permite identificar se esta
mudança não impõe risco para as estruturas, se há necessidade de obras de reparo ou
necessidade de uma resposta emergencial.

13
2.2.7 Aumento do conhecimento sobre o comportamento de barragens

A instalação de instrumentos em qualquer barragem gera dados que podem ser de valor
no acervo do conhecimento relativo ao comportamento geotécnico de barragens.
Atualmente, por limitações orçamentárias de construção e operação, dificilmente se
consegue justificar a instalação de instrumentos por este motivo. Entretanto, no passado,
muitos avanços foram feitos através da instrumentação de projetos em escala real.

2.2.8 Resposta a reclamações de terceiros

A instrumentação pode ser utilizada para contrapor a reclamações de terceiros quanto à


implantação de uma barragem. Estes questionamentos podem ser, por exemplo, danos
causados por sismos induzidos, por alterações no nível freático de determinada região
ou por alterações na qualidade da água.

2.2.9 Atendimento aos órgãos reguladores

Nos países da Europa e na América do Norte, as atividades de segurança de barragens


são regulamentadas por meio de critérios mínimos para inspeção e instrumentação. No
Brasil, encontra-se em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei
PL.1181/2003, que deverá reger as atividades de segurança de barragens.

No caso específico das barragens do setor elétrico, estas são inspecionadas pela
ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, que avalia os programas de segurança
de barragens de cada concessionária e propõe a instalação de instrumentação ou a
execução de eventuais obras de reparo.

2.2.10 Atendimento a condicionantes ambientais

Cada vez é mais freqüente a instalação de instrumentos para cumprir condicionantes


ambientais. Pode haver a necessidade de monitoramento de sismos induzidos pelos
reservatórios (Usinas de Funil Grande, Irapé, Igarapava, por exemplo), do nível freático

14
de uma região (nível freático na cidade de Resplendor, às margens do reservatório da
Usina de Aimorés, por exemplo) e de alterações na qualidade da água (a jusante da
Usina de Irapé, por exemplo).

2.3 – Principais tipos de instrumentos e parâmetros medidos

Segundo o USACE (1995), os parâmetros-chave a serem monitorados para


acompanhamento e avaliação do comportamento de um maciço são:

• poropressões em aterros e fundações (piezômetros);


• vazões de percolação (medidores de vazão);
• carregamento de partículas pelos fluxos de água através do maciço e/ou
fundações (medição de turbidez da água);
• deformação dos maciços e fundações (marcos de recalque superficial, medidores
de recalque, inclinômetros, extensômetros de hastes);
• erosões a jusante e/ou em bacias de dissipação (levantamentos topográficos);
• sismos naturais ou induzidos (acelerógrafos);
• tensões no aterro (células de pressão total);
• empuxos de terra sobre estruturas de concreto (células de pressão total).

Os instrumentos mais usualmente empregados no Brasil no monitoramento de barragens


de terra e enrocamento são descritos concisamente nas Figuras 2.2 a 2.19.

Para cada instrumento são descritos o parâmetro medido, características principais,


manutenções necessárias ao longo da sua vida útil e erros mais freqüentes na instalação
e na execução da leitura. Não foram detalhadas as características físicas e de instalação,
uma vez que estas informações são encontradas com facilidade na bibliografia técnica
pertinente. Buscou-se principalmente levantar falhas comuns de manutenção e fontes de
erros nas leituras e de instalação, através da vivência de campo de leituristas e de
pessoal envolvido na instalação de instrumentos.

15
Instrumento: MEDIDOR DE VAZÃO
Parâmetro Medido:
Vazão percolada através de maciços de terra/ enrocamento,
suas fundações ou ombreiras e fundações de estruturas de
concreto.
Características Principais:
Vertedouro de parede delgada que permite, através de
fórmulas hidráulicas, calcular a vazão do fluxo vertente. O
perfil vertente pode ser triangular, quadrado ou trapezoidal,
de acordo com o volume a ser medido.

Manutenção Necessária:
- Manter a régua do instrumento isenta de oxidação e lodo.
- Manter o contato chapa/concreto sem vazamentos.
- Remover detritos, sedimentos, algas, precipitações
químicas e depósitos de ferro-bactérias de dentro da caixa.
Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:
- Alagamento a jusante do vertedouro de lâmina delgada,
tornando incorreta a fórmula de cálculo.
- Perda d’água através do contato chapa/concreto, através
de broca, sob ou nas laterais do tanque.
- O instrumento é instalado em posição que não coleta toda
a água que se deseja monitorar ou medir.
- Septo da caixa coletora instalado a uma distância ou de
maneira que não permita a formação de remanso próximo à
régua de leitura.
- Régua de leitura instalada junto da chapa metálica
(instalá-la a uma distância tal que não haja influência da
constrição da lâmina d’água na lateral e acima da chapa
metálica).
- O zero da régua de leitura não coincide com a cota
inferior da abertura da chapa.
- Régua confeccionada com material e escala que
dificultem a visualização pelo leiturista.
Réguas de acrílico com escalas bem definidas são de fácil
limpeza e facilitam a leitura, mas sua fabricação é artesanal,
sendo necessária a conferência da graduação sempre que
forem substituídas. Réguas metálicas ou inox com escalas
milimetradas podem reduzir a precisão da leitura.

Figura 2.2 – Informações básicas sobre medidores de vazão

16
Instrumento: TUBO MEDIDOR DE NÍVEL D’ÁGUA
Parâmetro Medido:
Posição da linha freática.

Características Principais:
É constituído por um tubo de PVC perfurado, introduzido
num furo de sondagem feito no maciço. O tubo perfurado é
envolto por manta geotêxtil ou tela, e inserido no furo cujo
espaço anelar é preenchido com areia para evitar o
carreamento de solo. Acima do trecho perfurado é feito um
selo de solo-cimento para impedir a entrada de água
superficial e/ou pluvial.

Manutenção necessária:
- Proteger o topo da tubulação contra entrada de água e
queda de materiais dentro do tubo.
- Calibração periódica do cabo de leitura, através da aferição
do seu comprimento utilizando uma trena de referência
calibrada.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Ausência ou má execução do selo superior, ocorrendo
alterações nas leituras pela entrada de água pluvial ou de
irrigação de taludes gramados.
- Deformação ou corte do cabo de leitura.
- Graduação do cabo de leitura deficiente.
- Observar o posicionamento do sensor de leitura, ponto
onde ocorre o fechamento do circuito ao contato com a
coluna d’água. Na maioria das sondas, o sensor se localiza
alguns centímetros (3 ou 4cm) acima da ponta. A trena
graduada já deverá considerar esta diferença.
- Cadastramento incorreto das cotas de instalação (cotas da
base e do topo do tubo).

Figura 2.3 – Informações básicas sobre medidores de nível d’água

17
Instrumento: PIEZÔMETRO CASAGRANDE MODIFICADO DE TUBO ABERTO
Parâmetro Medido:
Pressões neutras em maciços de terra, taludes e fundações.
Subpressões nas fundações de estruturas de concreto.

Características Principais:
São constituídos por um tubo de PVC inserido em um furo
de sondagem, em cuja extremidade inferior é instalado um
elemento poroso (bulbo). A água penetra através do bulbo
formando uma coluna d’água equivalente à pressão
hidrostática atuante no seu ponto de instalação.
Na região do bulbo o furo é preenchido com areia, e na
altura restante é selado com solo-cimento plástico ou
bentonita, delimitando assim a região drenante.

Manutenção necessária:
- Proteger o topo da tubulação contra entrada de água e
queda de materiais dentro do tubo.
- Calibração periódica do cabo de leitura, através da aferição
do seu comprimento utilizando uma trena.
-Limpeza da célula do instrumento para remover
sedimentos, através da injeção de água sob pressão (atenção
com a pressão de limpeza, para evitar o risco de
fraturamento hidráulico).

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Graduação deficiente, deformação ou corte do cabo de
leitura.
- Instalação de piezômetros a montante ou a jusante de
cortinas de injeção, antes da conclusão total dos serviços de
injeção, causando sua obturação parcial ou total. Atentar
para instalá-los fora da zona de ação das injeções.
- Falha na execução do selo ao longo do tubo.
- Alteração da cota da boca do tubo devido ao recalque do
maciço, sem a correção na fórmula de cálculo da medida.
- Cadastramento incorreto da cota de instalação da célula.

Figura 2.4 – Informações básicas sobre piezômetro Casagrande de tubo aberto

18
Instrumento: PIEZÔMETRO CASAGRANDE MODIFICADO DE TUBO FECHADO
Parâmetro Medido:
Pressões neutras e subpressões em maciços de terra, taludes
e fundações. Subpressões nas fundações de estruturas de
concreto.

Características Principais:
Possuem as mesmas características do piezômetro de tubo
aberto. A diferença é a existência de pressão de água na
saída do tubo, a leitura só sendo possível através do
emprego de manômetro ou de mangueiras de plástico
graduadas instaladas na boca do tubo.

Manutenção necessária:
-Limpeza da célula do instrumento.
-Calibração de manômetros.
-Eliminação de vazamentos

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Deixar o manômetro com carga, danificando-o
precocemente.
- Não esperar tempo suficiente para a estabilização da
leitura após carga no manômetro.
- Falta de calibração do manômetro ou falha na inserção da
curva de calibração na fórmula de cálculo das medidas.
- Instalação a montante ou jusante de cortinas de injeção,
antes da conclusão total dos serviços de injeção, causando
sua obturação parcial ou total. Atentar para instalá-los fora
da zona de ação das injeções.
- Cadastramento incorreto da cota de instalação da célula.

Figura 2.5 – Informações básicas sobre piezômetro Casagrande de tubo fechado

19
Instrumento: PIEZÔMETRO ELÉTRICO
Parâmetro Medido:
Pressões neutras e subpressões em obras, tais como, taludes,
aterros e fundações.

Características Principais:
O piezômetro possui um diafragma de aço inoxidável onde
são fixados extensômetros elétricos de resistência, dispostos
em circuito de ponte completa. Quando submetido a uma
pressão externa o diafragma flete, provocando deformações
nos extensômetros, variando assim a resistência dos
mesmos, dando uma saída elétrica proporcional à pressão
aplicada.
Possui ótimo tempo de resposta, sendo muito utilizado no
período de construção de barragens.

Manutenção necessária:
- Calibrar periodicamente a unidade de leitura e proteger o
terminal contra impactos e intempéries.

- Manter as caixas e terminais de leitura secos para evitar a


corrosão dos terminais.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Má compactação das valetas de passagem dos cabos,
criando um caminho de maior permeabilidade entre a célula
e a cabine de leitura.
- Fórmulas ou constantes de calibração incorretas.
Esquema de Leitura - Aterramento das células e caixa terminal deficiente.
Ponte de Wheatstone Verificar se o aterramento foi feito individualmente, para
RA x RB
cada instrumento ou somente no terminal. Verificar o
RX = ⎯ ⎯ ⎯ ⎯ projeto quanto à resistividade do terreno para ter certeza
RC quanto à malha de aterramento e se os pontos de
aterramento estão ligados entre si.
- Cadastramento incorreto da cota de instalação da célula

Figura 2.6 – Informações básicas sobre piezômetro elétrico

20
Instrumento: PIEZÔMETRO PNEUMÁTICO
Parâmetro Medido:
Pressão neutra e subpressão em obras de engenharia.

Características Principais:
Desenvolvido por Earl B. Hall, e algumas vezes
denominados piezômetros Hall, seu funcionamento baseia-
se no equilíbrio de pressões atuantes em um diafragma
flexível. De um lado atua a água cuja pressão se deseja
medir, do outro atua um gás (nitrogênio) cuja pressão é
controlada.
A conexão pneumática entre o piezômetro e o painel de
leituras é feita através de dois tubos de nylon denominados
de alimentação e de retorno, que se comunicam com o
diafragma através de dois orifícios, do lado oposto ao da
água. Enquanto a pressão da água não supera a pressão do
gás, o diafragma permanece vedando os orifícios
impedindo o retorno do gás. Quando a pressão do gás
supera a pressão da água a membrana flete ligeiramente
permitindo o fluxo e retorno do gás.

Manutenção necessária:
- Manter os manômetros calibrados.
- Checar conexões.
- Manter a identificação os instrumentos.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Fórmulas ou constantes de calibração incorretas.
- Não aguardar rigorosamente o tempo de estabilização
para realizar leituras.
- Cadastramento incorreto da cota de instalação da célula.

Figura 2.7 – Informações básicas sobre piezômetro pneumático

21
Instrumento: PIEZÔMETRO HIDRÁULICO
Parâmetro Medido:
Pressões neutras e subpressões em maciços de terra e
fundações.

Características Principais:
Consiste de um corpo metálico ou plástico ao qual está
solidária uma pedra porosa, conectado ao painel de leitura
através de dois tubos flexíveis. Seu funcionamento baseia-
se no equilíbrio de pressões atuantes em um diafragma
flexível. De um lado atua a água cuja pressão se deseja
medir, do outro atua água desaerada, similarmente ao
princípio de funcionamento do piezômetro pneumático.
Estando saturados com água o painel e os tubos, a leitura é
efetuada abrindo, um por vez, os registros que conectam
cada um dos dois tubos provenientes do piezômetro no
manômetro de leitura, e aguardando a estabilização do
ponteiro.

Manutenção necessária:
- Manter os manômetros calibrados.
- Checar conexões.
- Manter a identificação os instrumentos.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Fórmulas ou constantes de calibração incorretas.
- Não aguardar rigorosamente o tempo de estabilização
para realizar leituras.
- Vazamento nas conexões.
- Presença de bolhas de ar na tubulação.
- Cadastramento incorreto da cota de instalação da célula.

Figura 2.8 – Informações básicas sobre piezômetro hidráulico

22
Instrumento: PIEZÔMETRO ELÉTRICO DE CORDA VIBRANTE

Parâmetro Medido:
Pressões neutras e subpressões em obras, tais como,
taludes, aterros e fundações.

Características Principais:
Nesses instrumentos, a pressão no diafragma altera a
tensão num fio no interior da célula, que por sua vez
altera a freqüência de resposta ao pulso elétrico emitido
pela unidade de leitura.
Corda Vibrante
Diafragma
Cabo de Sinal
Manutenção necessária:
- Calibrar periodicamente a unidade de leitura.
Espira de Excitação e - Proteger o terminal contra impactos e intempéries.
Filtro de Captação
- Checar proteção contra raios.
- Manter a identificação dos instrumentos.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Aterramento das células e caixa terminal deficiente.
Verificar se o aterramento foi feito individualmente,
para cada instrumento ou somente no terminal. Verificar
o projeto quanto à resistividade do terreno para ter
certeza quanto à malha de aterramento e se os pontos de
aterramento estão ligados entre si.
- Fórmulas ou constantes de calibração incorretas.

- Cadastramento incorreto da cota de instalação da


célula.

Figura 2.9 – Informações básicas sobre piezômetro elétrico de corda vibrante

23
Instrumento: CÉLULA DE PRESSÃO TOTAL
Parâmetro Medido:
Tensões totais em obras de maciços de terra, fundações,
muros de arrimo, etc.

Características Principais:
É constituída de uma almofada de aço inoxidável, circular
ou retangular, totalmente preenchida com óleo desaerado,
acoplada a um transdutor de pressão pneumático, elétrico
ou de corda vibrante, que permite medir a pressão do óleo
no interior da célula, que é igual à tensão total induzida
pelo solo adjacente.

Manutenção necessária:
- Manter os manômetros calibrados.
- Manter a identificação dos instrumentos.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Erros na medida devido à diferença de rigidez entre o
solo e o material das células, podendo as células atuar
como elementos de concentração ou arqueamento das
tensões no interior do solo. Baixa rigidez adjacente à
célula resulta no arqueamento da distribuição de tensões ao
seu redor e valores registrados inferiores aos reais.
- Descontinuidade das características do solo adjacente às
células em relação ao maciço compactado.
- Deslocamento das células após sua instalação,
implicando na alteração da direção de tensão medida.
- Fórmulas ou constantes de calibração incorretas.
- Cadastramento incorreto da cota e da direção de
instalação da célula.

Figura 2.10 – Informações básicas sobre célula de pressão total

24
Instrumento: TERMÔMETRO PARA TEMPERATURA AMBIENTE

Parâmetro Medido:
Temperatura média ambiental.

Características Principais:
A medida da temperatura fornece subsídios para a
correção da leitura e análise de diversos instrumentos
que sofrem influência deste fator.

Manutenção necessária:
-Proteger o instrumento de agentes exteriores,
instalando–o em local trancado e coberto.

-Após efetuar a leitura, zerar o equipamento.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Não zerar o instrumento após efetuar leitura.

Figura 2.11 – Informações básicas sobre termômetro para temperatura ambiente

25
Instrumento: MARCO DE DESLOCAMENTO SUPERFICIAL
Parâmetro Medido:
Deslocamentos superficiais do maciço de terra.

Características Principais:
São marcos topográficos instalados na superfície da
barragem, cujos deslocamentos são medidos através da
topografia (teodolitos ou níveis de precisão, podendo ser
utilizada estação total para a planimetria), tomando por
referência pontos fixos instalados em locais considerados
indeslocáveis, fora da área de influência da barragem.

Manutenção necessária:
- Limpeza da vegetação em torno dos marcos superficiais.
- Manter identificação padrão do instrumento.
- Manutenção dos blocos de concreto e pinos metálicos.
- Calibração dos equipamentos de topografia.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura


- Marco de referência (indeformável) instalado em local
sujeito a deformações.

- Oxidação do pino de leitura.

- Ventos na crista da barragem, causando o deslocamento


da mira e alterações nos valores de deslocamento
horizontal.

- Reverberação.

- Precisão inadequada da leitura.

Figura 2.12 – Informações básicas sobre marco de recalque superficial

26
Instrumento: INCLINÔMETRO DE RECALQUE
Parâmetro Medido:
Deslocamentos verticais do conjunto fundação e maciço de
terra.

Características Principais:
Consiste de um conjunto de segmentos de tubos de
alumínio ou PVC, confeccionados especialmente para esta
finalidade, montados através de luvas telescópicas e
rebites.
O deslocamento vertical do revestimento cisalha os rebites,
permitindo o movimento dos segmentos. É medida a
posição de cada tubo utilizando trena com sonda
pescadora, obtendo-se o perfil de recalque ao longo da
altura do maciço.

Manutenção necessária:
- Conservar identificação padrão do instrumento
- Não permitir que a corrosão ou sujeira prejudique o
funcionamento dos pontos giratórios da sonda pescadora.
- Manter a extremidade dos segmentos fechada enquanto
não utilizada.
- Calibração da trena.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Obstrução do tubo por queda de materiais no seu interior,
acidental ou por vandalismo.
- Imprecisão no encaixe do pescador no ato de esticar a
trena, devido ao desgaste das luvas de união dos tubos
guias.
- Imprecisão no estiramento da trena metálica, devido ao
seu comprimento.
- Cadastramento incorreto das cotas de instalação dos
tubos.

Figura 2.13 – Informações básicas sobre inclinômetro de recalque

27
Instrumento: INCLINÔMETRO DE DEFLEXÃO
Parâmetro Medido:
Perfis dos deslocamentos de maciços de terra e
enrocamento.
Características Principais:
O instrumento é constituído por um conjunto de tubos de
alumínio ou PVC que possuem quatro ranhuras, duas a
duas diametralmente opostas e perpendiculares, geralmente
dispostos nas barragens nas posições ombreira
direita/ombreira esquerda e montante/jusante. A leitura da
inclinação de cada tubo é feita por um torpedo introduzido
no tubo guia.

Manutenção necessária:
- Manutenção do tubo em que o torpedo eletrônico será
descido. Muitas vezes, antes de iniciar a leitura, utiliza-se
descer um torpedo de teste.
- Lubrificação periódica do conjunto.
- Manter a extremidade superior do tubo fechada após as
leituras, para evitar atos de vandalismo.
- Cuidado no transporte e armazenamento do torpedo.
- Manter identificação padrão do instrumento.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Inversão da posição de descida do torpedo, gerando
registro incorreto da leitura.
- Não aguardar a estabilização da leitura no fundo do tubo.
- Posicionamento do torpedo na profundidade incorreta.
- Desalinhamento das ranhuras do tubo guia, devido à falha
na confecção dos tubos ou na instalação.
- O cabo deve ficar esticado na hora das leituras,
assegurando-se que não esteja preso em luvas de conexão
ou arrebites, falseando as leituras.
- Cadastramento incorreto das cotas de instalação dos tubos
e da posição das ranhuras.

Figura 2.14 – Informações básicas sobre inclinômetro de deflexão

28
Instrumento: MEDIDOR DE RECALQUE TIPO CAIXA SUECA
Parâmetro Medido:
Deslocamentos verticais do maciço de terra e enrocamento.
Características Principais:
Seu funcionamento baseia-se no princípio de vasos
comunicantes. É constituído por uma caixa de PVC ligada
pela base a três tubos, e pelo teto a um tubo que serve para
aeração da caixa. Um dos três tubos que saem da base serve
como ladrão, tendo sua saída no enrocamento. Os outros
dois têm suas extremidades ligadas à parede da casa de
leituras, e fixadas junto a uma fita graduada. O recalque é
obtido através da diferença entre o nível do menisco inicial
e o menisco atual no tubo.

Manutenção necessária:
- Verificar se há vazamento e retirar o ar de dentro dos
tubos.
- Limpar a água sempre que estiver turva. Ao lavar as
mangueiras, fazer a circulação de água e garantir que todo o
ar foi expulso das mangueiras. Identificar a posição dos
meniscos antes de lavar as mangueiras e conferir após a
lavagem.

- Manter a identificação dos instrumentos.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Vazamento e ar nas mangueiras.
- Não utilizar água destilada, o que pode causar a obstrução
das mangueiras.
- Rompimento das mangueiras devido a recalques.
- Rompimento das mangueiras por ressecamento provocado
pelo sol devido à falta de fechamento das cabines de leitura.

- Alteração na cota da régua de leitura devido ao recalque


da cabine de leitura, sem a devida correção na fórmula.

- Cadastramento incorreto das cotas de instalação das


caixas, prejudicando a análise.

Figura 2.15 – Informações básicas sobre medidor de recalque tipo caixa sueca

29
Instrumento: MEDIDOR DE RECALQUE DE PLACAS – IPT
Parâmetro Medido:
Deslocamento vertical da fundação e do maciço de terra em
diferentes elevações.

Características Principais:
Consiste de placas horizontais acopladas a tubos
telescópicos de aço galvanizado, que envolvem o tubo de
referência com diâmetro de uma polegada, chumbado à
rocha de fundação. A primeira placa é acoplada a tubos de
duas polegadas de diâmetro, a segunda é acoplada a tubos
de três polegadas e a terceira a tubos de quatro polegadas.
No topo do tubo de 1” existe uma haste com dois terminais
que são os pontos de referência para as leituras

Manutenção necessária:
- Calibração do instrumento de leitura.
- Manter a identificação do instrumento.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Hastes identificadas incorretamente.
- Deflexão do tubo devido à movimentação horizontal do
maciço, fazendo com que a haste de referência encoste-se
nos tubos telescópicos.
- Cadastramento incorreto da cota de instalação das placas.

Figura 2.16 – Informações básicas sobre medidor de recalques de placas tipo IPT

30
Instrumento: MEDIDOR DE RECALQUE TIPO KM
Parâmetro Medido:
Deslocamentos verticais do conjunto fundação/maciço de
terra em diferentes elevações.

Características Principais:
Consiste de placas horizontais solidárias a hastes de aço
trefilado (usualmente de diâmetro igual a 10mm) e
instaladas nas camadas de interesse. A referência consiste
de um tubo de aço galvanizado de 25mm de diâmetro,
fixado na rocha. As hastes correspondentes a cada placa,
dispostas em torno do tubo de referência, são mantidas na
posição vertical por meio de discos perfurados que
funcionam como espaçadores. As medidas são efetuadas
través de um paquímetro adaptado, cujo corpo se encaixa
adequadamente no tubo de referência, e cujo bico móvel é
apoiado na extremidade superior de cada haste.

Manutenção necessária:
- Calibração do instrumento de leitura.
- Manter a identificação do instrumento.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:


- Hastes identificadas incorretamente.
- Cadastramento incorreto da cota de instalação das placas.

Figura 2.17 – Informações básicas sobre medidor de recalques tipo KM

31
Instrumento: MEDIDOR DE RECALQUE TIPO MAGNÉTICO
Parâmetro Medido:
Deslocamento vertical do conjunto fundação-maciço de
terra.

Características Principais:
Consiste de um tubo-guia de PVC com luvas devidamente
espaçadas e com ímã de referência instalado em um ponto
considerado indeslocável na rocha de fundação. Ao longo
do tubo são instaladas placas de recalque com orifícios no
centro e imã solidário à placa. O aparelho de leitura é
constituído de torpedo, trena e indicador luminoso.Atende
às mesmas funções do medidor de recalques tipo IPT.

Manutenção necessária:
- Calibração periódica da sonda de leitura através da
aferição do seu comprimento.
- Proteger o topo da tubulação contra a entrada de água e
queda de materiais dentro do tubo.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura:

- Utilizar a mesma sonda empregada nas leituras dos


piezômetros. Neste caso poderá haver água dentro do tubo,
e a sonda acusará o nível d’água e não a posição da placa.
- Adotar critérios de leitura variados, ora subindo e ora
descendo. As leituras deverão ser sempre executadas a
partir das placas inferiores.
- Placa de recalque fora da horizontal, gerando dois
contatos e dois pontos de leitura.
- Deformação ou corte do cabo de leitura.

- Graduação do cabo de leitura deficiente.

- Cadastramento incorreto da cota de instalação das placas.

Figura 2.18– Informações básicas sobre medidor de recalques tipo magnético

32
Instrumento: EXTENSÔMETRO DE HASTES
Parâmetro Medido:
Deslocamentos e deformações em maciços rochosos e
concreto.
Características Principais:
O instrumento consiste de um conjunto de hastes metálicas
instaladas dentro de um furo de sondagem. As hastes são
rígidas e protegidas por mangueira plástica ao longo de seu
comprimento. As extremidades inferiores das hastes são
chumbadas na rocha em cotas distintas e as extremidades
superiores dispostas no cabeçote de leituras.Sua função é
determinar qualitativa e quantitativamente os
deslocamentos dos diversos pacotes de um maciço rochoso,
sendo também aplicado para mensuração da expansão do
concreto com problema de reatividade álcali-agregado.

Manutenção necessária:
- Manter identificação do instrumento.
- Tampar a base após a leitura.
- Calibração do relógio comparador de leitura.

Erros mais freqüentes na instalação e na leitura


- Apoio incorreto do relógio comparador na base.
- Cadastramento incorreto das cotas de ancoragem das
hastes.

- Ajuste inadequado: quando a haste do micrômetro chega


ao final do curso, as leituras ficam imprecisas. Neste caso,
ajustar as bases de leitura movimentando-as para uma
posição onde a haste do micrômetro as alcance (usar as
chaves de ajuste que fazem parte do conjunto do
extensômetro). Neste caso deve ser introduzida uma
Tipos de âncoras constante para continuar as leituras.
Este ajuste só deve ser feito caso seja realmente necessário
e por pessoa qualificada, pois o espaço de ajuste da base de
leitura é pequeno e sensível.
Caso se gire as chaves para o lado contrário ao do aperto
feito na hora da instalação, pode-se perder a haste. Utilizar
a seguinte padronização: sentido horário aperto instalar,
sentido anti-horário desaperta para retirar as hastes.

Figura 2.19 – Informações básicas sobre extensômetro de hastes

33
2.4 – O planejamento e implantação de um sistema de instrumentação

O planejamento adequado do sistema de instrumentação é uma das etapas mais


importantes no monitoramento de uma barragem, seja ela uma barragem nova ou já em
operação. É importante ressaltar que a instrumentação de barragens tem valor relativo
por si só, uma vez que mesmo o melhor instrumento não aumenta a segurança se não
estiver funcionando, ou se estiver no local errado ou se não estiver sendo lido em
intervalos de tempo adequados. Da mesma forma, os dados também não têm valor por
si só; as pessoas que coletam os dados devem ser capazes de dar rapidamente
significado aos registros coletados e tomar decisões (USACE, 1995).

A instrumentação assume um papel importante na manutenção da segurança quando


existe um plano que assegure que todos os instrumentos estejam funcionando e que a
informação adequada seja coletada, documentada e analisada em tempo hábil. Análise e
tomada de decisão requerem comprometimento com o plano de monitoramento, de
forma que todos os envolvidos entendam quando e o que precisa ser feito.

Uma vez que cada barragem é uma estrutura única, o planejamento do monitoramento
deve refletir as necessidades de cada barragem individualmente. Tendo isto em mente,
pode-se dizer que os elementos para um plano de instrumentação, monitoramento e
controle da segurança de uma barragem são os listados a seguir (ASCE, 2000):

• objetivos específicos;
• descrição da instrumentação e sua locação precisa;
• programa de coleta das leituras que inclua responsabilidades e periodicidades;
• procedimentos para calibração e manutenção dos instrumentos;
• procedimentos de análise dos dados;
• procedimentos para identificação e resposta a mudanças críticas;
• revisões do plano original.

34
Um plano de instrumentação deve ter por base a identificação dos objetivos específicos
a serem perseguidos, para que sejam selecionados os tipos de dados necessários
associados aos objetivos pretendidos a curto e em longo prazo.

Segundo o USACE (1995), o primeiro passo para selecionar os tipos de dados a serem
coletados constitui a identificação das zonas de fraquezas e das áreas de sensibilidade da
barragem, suas fundações e ombreiras por um engenheiro geotécnico qualificado. A
partir daí, são desenvolvidas hipóteses de mecanismos hidráulicos, de tensão-
deformação ou dos esforços passíveis de afetar o comportamento da barragem. Em
seguida, o plano de instrumentação pode ser concebido tendo em mente estas hipóteses,
que são nada menos que os modos e mecanismos de falha identificados. Por exemplo,
um material mole de fundação pode levar a preocupações sobre estabilidade e recalque,
induzindo a instalação de uma instrumentação para medição de poropressões e de
recalques.

Os planos devem conter um Manual da Instrumentação, elaborado pela projetista e


atualizado durante a obra. Segundo Smith Jr. (dnd), este manual deve ser estruturado
como uma ‘ponte’ entre o projetista e as equipes de operação. Ele deve incluir as
considerações de projeto, o objetivo de cada medição, os valores previstos e os valores
limites de comportamento da estrutura. Deve ainda conter uma descrição detalhada dos
instrumentos instalados, suas características, localização precisa, faixas de leitura,
exatidão e precisão, fórmulas para cálculo das medidas e instruções para sua operação e
manutenção. Também devem incluir o registro de todos os fatores que possam causar
variações nos parâmetros lidos e que possam ser importantes na análise dos dados
coletados, tais como detalhes e progresso da construção, condições geológicas e
subsuperficiais, níveis d’água a montante (reservatório) e jusante, efeitos decorrentes de
precipitação, temperatura ambiente e da água, pressão barométrica e eventos sísmicos.

O programa de coleta dos dados deve indicar quais leituras serão executadas, como e
com qual periodicidade. A escolha da periodicidade de leituras é função do tipo de dado
que está sendo coletado, da taxa de variação esperada para o valor lido e, atualmente, há
que se considerar adicionalmente o método de leitura (manual versus automático).

35
A razão pela qual os dados estão sendo coletados constitui, muitas vezes, o requisito
principal na determinação do intervalo entre leituras. Um problema de instabilidade
potencial de uma barragem irá requerer leituras mais freqüentes do que em uma
barragem que está sendo monitorada apenas para propósitos gerais.

As leituras devem ser mais freqüentes durante o enchimento do reservatório e nos


primeiros anos de operação da barragem. Na medida em que os dados estão
estabilizados, e que correspondem às expectativas de projeto, estas leituras podem ser
espaçadas. Isto é mais fácil de ser estabelecido para barragens para as quais o nível do
reservatório é estável (reservatórios a fio d’água), mas também pode ser estendido para
barragens com variações expressivas de nível desde que se tenha um período longo de
observações.

Outro aspecto que irá determinar a freqüência das leituras é a velocidade das variações
dos valores a serem coletados. Por exemplo, durante o enchimento do reservatório,
prevê-se uma rápida variação das poropressões induzidas no interior do maciço. Assim,
dependendo da velocidade do enchimento, as pressões devem ser lidas em intervalos
diários ou até mesmo a cada hora. Quando as poropressões estão sendo monitoradas em
um maciço no qual os níveis d’água de montante e de jusante encontram-se
relativamente constantes, estes mesmos dados podem ser coletados mensalmente ou até
trimestralmente, desde que não ocorram outras interferências em relação às condições
ambientais ou associadas à própria barragem.

Os fornecedores dos instrumentos devem disponibilizar os requisitos de calibração.


Neste aspecto, deve-se assegurar que os instrumentos estão devidamente calibrados por
meio da incorporação dos requisitos de calibração nos procedimentos de leitura de cada
tipo de instrumento ou mesmo nos formulários de leitura.

Uma vez assegurada a qualidade dos dados da instrumentação, o Boletim 59 (ICOLD,


1987) enfatiza a importância da transmissão e análise imediata dos dados coletados,
para que a instrumentação cumpra para com as suas finalidades de diagnosticar

36
precocemente um problema e permitir que medidas corretivas possam ser
implementadas em tempo hábil.

Sempre que possível devem ser feitas previsões das magnitudes de variações nas
leituras, de forma que o pessoal de campo possa distinguir entre valores previstos ou
não, caracterizando aqueles que se mostrem atípicos e/ou que necessitem de análises
imediatas.

Os dados também podem deflagrar ações corretivas ou emergenciais baseadas em


mudanças críticas. Neste caso, os procedimentos de resposta devem estar documentados
nas instruções de operação ou nos respectivos Planos de Emergência.

O plano de coleta de dados não deve ser visto como um documento estático, mas deve
prever a possibilidade de alterações na ênfase da coleta de dados conforme os
problemas específicos da barragem vão sendo conhecidos. Na medida que a estrutura
envelhece, é importante revisar os dados, alterar o programa de instrumentação e os
procedimentos de manutenção para refletir, de forma mais adequada, as condições
correntes, podendo ser necessário acrescentar instrumentos ou mudar a freqüência de
leituras com base nas análises das informações existentes.

2.5 – Análise dos dados da instrumentação e tomada de decisão

A avaliação do comportamento estrutural de uma barragem e sua fundação baseia-se


fundamentalmente nas inspeções visuais e nos resultados das análises dos dados da
instrumentação, tais como, deslocamentos, recalques, volumes percolados, subpressões
e tensões. A análise dos dados da instrumentação envolve a correlação dos valores
medidos com os carregamentos, determinação de tendências de variação e cuidadosa
comparação dos valores medidos com aqueles previstos teoricamente ou
experimentalmente. Para que essa análise seja possível, as informações completas
devem estar disponíveis em um formato tal que facilite a sua interpretação. Este formato
pode ser uma tabela ou gráfico, se possível correlacionando as medidas com parâmetros
que possam influenciá-las, como nível de montante, de jusante, temperatura ambiente e

37
progresso da construção. Além disso, toda a informação sobre os critérios e
considerações de projeto e sobre o método de estabelecimento dos ‘limites de
tolerância’ teóricos pré-estabelecidos para os parâmetros monitorados devem estar
disponíveis.

A avaliação detalhada dos dados deve ser feita por pessoal experiente e familiarizado
com o objetivo geral do esquema de instrumentação, com conhecimento das tolerâncias
e das limitações de cada tipo de instrumento, do comportamento esperado das estruturas
analisadas e dos impactos relativos das leituras fora das faixas admissíveis pré-
estabelecidas. Uma análise sem estes requisitos prescinde de foco e de consistência,
implicando em conclusões ou ações inadequadas.

O Boletim 68 (ICOLD, 1989) ressalta que, para que os máximos benefícios possam ser
extraídos da instrumentação, a avaliação detalhada e a interpretação dos resultados
devem ser feitos imediatamente após a coleta dos dados.Provavelmente a mais comum e
menos justificável deficiência dos atuais programas de avaliação do comportamento de
barragens seja que os dados tendem a permanecer sem interpretação imediata, até que
sua análise ou se torne tardia ou obsoleta pela aquisição de novas leituras.

A Cemig Geração e Transmissão S.A., por exemplo, possui mais de 3500 instrumentos
instalados nas barragens que opera, a grande maioria com leituras quinzenais ou
mensais. Como a quantidade de medidas é muito grande, há a necessidade de
automação de uma análise preliminar dos dados, para que seja viável sua interpretação
imediatamente após a coleta. A autora deste trabalho acredita que quando os dados da
instrumentação não são analisados em um tempo adequado, o monitoramento da
segurança é comprometido, induzindo quase sempre a uma falsa sensação de segurança.
A análise contínua dos dados de auscultação é vital para garantir os princípios gerais de
segurança que devem reger a avaliação geotécnica criteriosa de uma barragem.

Os dados da instrumentação devem ser analisados sob duas óticas: primeiro, em função
do tempo para identificar mudanças de tendências, como aumento da vazão de
percolação ou aumento na velocidade dos recalques verticais, por exemplo; segundo,

38
dentro do contexto do comportamento esperado em relação aos critérios de projeto,
como a verificação da relação entre os valores de poropressões medidas e previstas
pelas redes de fluxo de projeto, por exemplo.

Sob qualquer uma destas duas óticas, para se proceder a esta análise deve-se ter em
mente que (ICOLD, 1989):

• existe um time-lag entre um fenômeno físico, como variação do nível d’água do


reservatório, por exemplo, e a resposta dada pelo instrumento;
• escalas distorcidas para a representação gráfica dos dados coletados podem levar
a interpretações e conclusões também distorcidas;
• variações bruscas e/ou inesperadas devem ser correlacionadas criteriosamente
com as informações relativas à construção e à operação da barragem, de forma a
proporcionar interpretações lógicas para estes registros coletados;
• as conclusões devem ser baseadas em tendências estabelecidas ao longo de um
período de tempo razoável das observações;
• correlações com diferentes tipos de dados devem ser estabelecidas de forma a
garantir confiabilidade aos processos de monitoramento;
• as limitações inerentes a cada instrumento devem ser previamente conhecidas,
de forma a se evitar tentativas improdutivas de se avaliar dados cuja magnitude
está dentro da margem de erro do instrumento utilizado;
• os limites aceitáveis para os dados da instrumentação devem ser estabelecidos na
fase de projeto, antes do início do enchimento do reservatório (as estruturas e
fundações sendo capazes de suportar certas magnitudes de deslocamento,
pressão, etc.), evitando-se tais proposições baseadas nos registros posteriores
indicados pela instrumentação;
• a ocorrência de dados da instrumentação em desacordo com os valores previstos
não implicam necessariamente a existência de um problema; por outro lado,
também é verdade que mesmo dados inseridos dentro das faixas admissíveis dos
instrumentos não implicam necessariamente que não existam problemas.

39
Deve-se lembrar que os dados da instrumentação não constituem informações úteis até
que sejam adequadamente analisadas por um engenheiro de barragens experiente. A
complexidade desta análise pode ser grande, pois geralmente há necessidade de conexão
com as disciplinas de projeto de barragens, construção, geologia, fabricação de
instrumentos, eletrônica e processamento de dados.

Mais uma vez, a avaliação dos dados tem suas raízes no planejamento e escolha da
instrumentação, ou seja, nos objetivos do projetista ao escolher determinado parâmetro
a ser monitorado em determinado local do maciço ou da fundação. As premissas de
projeto e construção de uma barragem afetam profundamente o comportamento futuro
da mesma. Um monitoramento cuidadoso pode indicar as conseqüências de um filtro de
granulometria inadequada em uma barragem de terra, por exemplo, entretanto, a raiz
destes efeitos pode estar nas etapas de projeto ou de construção da barragem.

Tendo em vista as considerações anteriores, a autora deste trabalho delineia os seguintes


passos para a análise dos dados da instrumentação de uma barragem:

Primeiro passo: Os dados precisam ser trabalhados para serem avaliados. As leituras
precisam ser inseridas em um banco de dados e serem revisadas quanto a erros de
transcrição. O banco de dados deve efetuar automaticamente o cálculo das medidas e
permitir sua listagem em tabelas e/ou plotagem em gráficos, para facilitar sua
visualização e análise integrada.

Segundo passo: Avaliação do funcionamento de cada instrumento e da qualidade dos


dados fornecidos por ele, podendo ser necessária a implementação de testes para
aferição do desempenho dos instrumentos instalados.

Terceiro passo: Análise dos dados da instrumentação, considerando como condições de


contorno a geologia, meteorologia e histórico de projeto, sua construção e operação. Os
aspectos geológicos/geotécnicos incluem condições da fundação e das ombreiras,
natureza dos materiais de construção, feições topográficas e geomorfológicas do sítio do
barramento, condições de sismicidade regional e regime das águas subterrâneas. Os

40
aspectos meteorológicos abrangem precipitação, pressões barométricas e variações de
temperatura. Os fatores históricos incluem pressupostos de projeto, conceitos de projeto,
técnicas de construção e dados de operação e manutenção.

Quarto passo: Comparação dos valores com informações advindas de barragens


semelhantes, quando se julgar pertinente.

A representatividade de uma análise de instrumentação está fundamentada no pleno


entendimento das interações entre a barragem e os condicionantes citados
anteriormente, bem como no uso da documentação existente, permitindo que sejam
tiradas conclusões adequadas sobre o comportamento da estrutura. Uma análise
criteriosa deve conter todas as evidências que explicam as conclusões obtidas, bem
como a descrição das premissas utilizadas para subsidiar tais conclusões.

Finalmente, há que se considerar o aspecto relativo à importância da experiência de


engenharia quando se fala em avaliação do comportamento de barragens. A qualidade
das observações, avaliações e, conseqüentemente, das conclusões é diretamente
proporcional à qualificação, experiência e dedicação do pessoal envolvido. O sucesso
ou fracasso de um programa de auscultação depende criticamente da atuação efetiva e
consistente de cada um dos indivíduos envolvidos no mesmo.

2.5.1 – Análise das vazões de percolação

Segundo a ASCE (2000), as medidas de vazão podem ser consideradas como o


parâmetro mais importante a ser monitorado em uma barragem, uma vez que esta é a
única medida não pontual fornecida pela instrumentação, ou seja, traz informações
sobre uma área abrangente da barragem ou da sua fundação. Sua análise deve observar
tendências, correlações com os níveis d’água de montante e de jusante, volumes
percolados e a qualidade da água, incluindo a presença de sólidos dissolvidos ou não.

Para possibilitar as análises, geralmente são traçados os seguintes gráficos:


• gráfico de vazão x tempo;

41
• gráfico de vazão x nível do reservatório (ascendente e descendente);
• gráfico do volume percolado (área sob o gráfico vazão x tempo) x períodos de
tempo, de interesse quando há grandes variações no nível do reservatório.

A informação imediata obtida através da análise visual dos gráficos é se as vazões de


percolação estão estabilizadas. Mas a avaliação dos dados deverá avançar no sentido de
responder as seguintes perguntas (ASCE, 2000):
• a permeabilidade está aumentando?
• há indícios de erosão interna? ; há presença de materiais carreados?
• há dissolução dos materiais da fundação ou do aterro?
• a água está saindo de forma controlada?
• a quantidade de água é excessiva para as condições específicas da barragem?
• os dispositivos de drenagem estão perdendo sua eficiência ao longo do tempo?

O monitoramento das vazões percoladas e surgências durante o primeiro enchimento do


reservatório demanda uma maior ênfase nas inspeções visuais e no julgamento de
engenharia, para entender sua correlação com a geologia ou com os aspectos
construtivos, de modo a explicar suas possíveis causas. Na avaliação dos dados deve-se
atentar para correlações com o nível d’água regional e com a influência da precipitação,
sendo indicativos de comportamento anômalo o transporte de sedimentos, a dissolução
de materiais da fundação ou do maciço pela água do reservatório, o aumento brusco de
vazão e a saída de água sob pressão (borbulhamento).

A quantidade de água esperada pode ser estimada em análises numéricas, mas


certamente detalhes geológicos que não podem ser parametrizados com exatidão
impõem variações inevitáveis em relação aos valores previstos.

Após o primeiro enchimento do reservatório, um equilíbrio é atingido e os valores de


vazão passam a ser ‘previsíveis’ por meio da análise da evolução dos dados históricos.
O tempo para esta estabilização depende das permeabilidades do maciço, das fundações
e ombreiras. A partir daí (período operacional), o processo de saturação da fundação e

42
do maciço está completo e as vazões percoladas acompanham as variações no nível do
reservatório e a precipitação. Se o volume de água aumentar após esta estabilização do
fluxo, pode estar ocorrendo um aumento da permeabilidade, causado por erosão,
dissolução ou fissuração. Se este aumento estiver dissociado do nível do reservatório,
do nível d’água freático ou da precipitação, uma investigação cuidadosa das causas deve
ser realizada.

A qualidade da água percolada deve ser verificada quanto à presença de sais dissolvidos
e sedimentos ou partículas dissolvidas. A turbidez da água pode ser verificada
visualmente e medida fisicamente. Caso necessário, a fonte dos sedimentos pode ser
pesquisada através de análise mineralógica.

A dissolução de materiais é difícil de ser avaliada, a menos que as concentrações de


minerais da água e da água subterrânea sejam muito bem conhecidas. Além disso, não é
fácil definir quanto da percolação advém da água subterrânea e, somente em casos
muito específicos, pode-se afirmar categoricamente que toda a água coletada provém do
reservatório. Um grande conhecimento é necessário para a avaliação, visto que, por
exemplo, uma pequena perda de massa pode ser crítica se concentrada em uma pequena
área da fundação adjacente a materiais do aterro susceptíveis à erosão.

Como um complicador, deve-se notar que a massa total carreada pode estar aumentando
com o aumento correspondente da vazão, mesmo que o monitoramento indique uma
melhoria da qualidade da água percolada. Por isso, quando da determinação da
quantidade de partículas sólidas presentes na água, é interessante multiplicar a
concentração ou carga de sedimentos pela vazão medida na hora da amostragem para
aferir os resultados em termos de taxas de massa dos materiais carreados pelo fluxo.

2.5.2 – Análise dos níveis piezométricos e das subpressões

As medidas de poropressões e subpressões são muito importantes para a verificação da


efetividade da drenagem interna e dos sistemas de vedação (trincheira de vedação, cut-
off, tapete impermeabilizante, cortina de injeção). Através da análise da piezometria,

43
pode-se aferir a rede de fluxo de projeto, os valores das poropressões desenvolvidas no
interior do maciço e os respectivos gradientes de percolação.

Os principais tipos de gráficos traçados para a análise dos dados são:


• pressão (mca ou pressão) x tempo, plotando-se o nível do reservatório no mesmo
gráfico;
• pressão x nível do reservatório (gráfico de histerese), destinado a verificar se há
outros fatores, além do reservatório, influenciando as pressões geradas e se estão
ocorrendo variações das mesmas com o tempo; ciclos distintos de enchimento e
de deplecionamento do reservatório podem ser traçados com cores diferentes, se
necessário.

Na avaliação dos dados de piezometria, as seguintes questões devem ser respondidas


(ASCE, 2000):
• os valores de pressões registrados são superiores aos previstos pelas análises de
estabilidade?
• a distribuição de pressões é a esperada em projeto?
• os tratamentos de fundação (cortina de injeção, cut off, tapete impermeável de
montante) foram efetivos?
• os dispositivos de drenagem têm capacidade adequada e vêm mantendo sua
eficiência?
• há carga excessiva no pé da barragem? ; os gradientes de saída da água são
aceitáveis?
• os dados indicam variações independentes das condições de carregamento, que
possam indicar riscos de erosão interna?

A análise das pressões traz informações importantes durante todos os estágios da vida
de uma barragem. Durante a construção, por exemplo, podem ocorrer processos de
consolidação por adensamento, principalmente se o material do aterro for lançado com
alto teor de umidade. Neste caso, o monitoramento é necessário para acompanhar o

44
desenvolvimento das poropressões construtivas e a conseqüente redução da resistência
in situ, podendo ditar, então, as velocidades de lançamento do aterro.

Na fase de enchimento do reservatório, podem ser obtidas redes de fluxos


intermediárias e comparados os valores lidos com os previstos. No caso de situação de
risco, a velocidade de enchimento do reservatório poderá ser reduzida.

Na fase de operação, as pressões lidas devem ser comparadas com as estimadas em


projeto e, caso os valores excederem os pré-estabelecidos, devem ser feitos novos
cálculos de estabilidade levando-se em consideração estas pressões efetivamente
verificadas no campo. Caso os coeficientes de segurança forem inferiores aos desejados,
poderão ser necessárias obras de reparo ou a adoção de medidas emergenciais.

Quando os materiais do aterro apresentarem baixa permeabilidade, um rebaixamento


rápido do reservatório pode ser crítico, pois as poropressões demandam tempos longos
para se restabelecerem, podendo implicar em elevadas pressões no interior do maciço,
sem a contrapartida da estabilização provida pelo reservatório.

Além da estabilidade, outros aspectos podem ser avaliados através da piezometria, tais
como padrões de fluxo, eficiência da drenagem, permeabilidade relativa entre zonas e
presença de água. Piezômetros a montante e a jusante de cut offs e cortinas de injeção
servem para verificar a sua eficiência. A medida da eficiência da cortina de drenagem
ou de qualquer outro método de controle de percolação pela fundação é dada pelo
percentual de redução em relação à carga imposta pelo reservatório.

A autora destaca que variações para mais ou para menos na leitura da piezometria
podem ser indicativas de problemas. O piping pode resultar em um decréscimo na
pressão similar à instalação de um dreno. Por outro lado, uma obstrução na saída de um
dreno causaria um aumento das pressões. Em geral, a preocupação é com o aumento de
permeabilidade: um aumento da permeabilidade a jusante de um piezômetro causará um
decréscimo na carga piezométrica, enquanto que um aumento a montante implicará um
acréscimo nesta medida Deve-se ter em mente que o que realmente afeta a leitura de um

45
piezômetro é a permeabilidade relativa de uma região em relação à outra, em função das
muitas configurações possíveis na geometria do barramento (Figuras 2.20 e 2.21).

Pressão
Pressão Vazão Vazão

Figura 2.20 – Hipótese de um piezômetro instalado no núcleo e de um medidor de


vazão instalado no pé da barragem: (i) A redução da vazão indica que a resistência à
percolação aumentou. A queda de pressão no piezômetro indica que o aumento de
resistência ocorreu a montante deste instrumento; (ii) A redução da vazão indica que a
resistência à percolação aumentou. O aumento de pressão no piezômetro indica que o
aumento de resistência ocorreu a jusante deste instrumento.

Pressão Vazão Pressão Vazão

Figura 2.21 – Hipótese de um piezômetro instalado no núcleo e um medidor de vazão


instalado no pé da barragem: (i) O aumento da vazão indica que a resistência à
percolação diminuiu. O aumento de pressão no piezômetro indica que o decréscimo de
resistência ocorreu a montante deste instrumento; (ii) O aumento da vazão indica que a
resistência à percolação diminuiu. A queda de pressão no piezômetro indica que o
decréscimo de resistência ocorreu a jusante deste instrumento.

46
2.5.3 – Análise dos deslocamentos e deformações

As principais deformações a serem medidas em barragens e suas fundações são os


recalques superficiais e deslocamentos horizontais (marcos de recalque superficial),
recalque no interior de maciços (medidor de recalque magnético ou inclinômetro de
recalque, por exemplo), deformação de maciços (inclinômetro de deflexão) e recalques
de fundação (extensômetro de hastes).

Na análise dos dados de deformação, o parâmetro chave a ser monitorado é a variação


dos dados coletados. As deformações devem ser avaliadas quanto às taxas, padrões de
descontinuidades e magnitudes. Deve ser observado se o recalque total reduziu a borda
livre e se ocorreram recalques diferenciais que possam indicar fenômenos de fissuração
e/ou erosão interna.

Os gráficos usualmente traçados para permitir a análise dos dados de deformações são
os seguintes:
• gráfico de deslocamento vertical ou horizontal x tempo;
• gráfico do vetor deslocamento;
• gráfico de deslocamento ao longo do eixo da barragem;
• gráfico das taxas de variação (velocidades) dos recalques com o tempo;
• gráfico de deslocamentos angulares versus profundidade (inclinômetros).

As análises devem tentar responder as seguintes perguntas (ASCE, 2000):


• as deformações estão em fase de estabilização?
• há deformações excessivas indicativas de erosão interna ou outros problemas?
• há deformações diferenciais excessivas que possam causar fissuração interna e
afetar a distribuição de tensões?
• a borda livre de projeto está sendo mantida?
• as deformações máximas observadas ocorrem nos locais previstos?
• a operação das estruturas anexas em concreto (extravasores, casa de força e
tomada d’água) ocorre normalmente? ; há indícios de expansão do concreto?

47
A análise dos deslocamentos e das deformações é feita primeiramente comparando-se a
magnitude das deformações com as estimativas de projeto, seguindo-se a comparação
entre leituras atuais e anteriores para verificar taxas de variação nos valores lidos.

Em termos da caracterização de um estágio de alerta quanto à instabilidade da


barragem, a velocidade das deformações torna-se mais importante que as magnitudes.
Qualquer que seja o tipo de barragem de terra, se não está ocorrendo erosão interna nem
cisalhamento, o acréscimo de novas deformações deve ser decrescente.

Em barragens de terra, a maior parte dos recalques provém da compressão dos materiais
de fundação e do recalque do aterro devido ao seu peso próprio. Conseqüentemente, a
maior deformação geralmente ocorre nas seções de maior altura. Como a gravidade é o
fator de maior influência, recalques negativos não devem ser observados e, quando
detectados nas zonas situadas ao pé da barragem ou imediatamente a jusante, podem
indicar a formação de uma superfície de ruptura.

O monitoramento das deformações internas pode ser importante para verificar a


compressibilidade das diversas camadas de materiais compactados (medidores de
recalque) ou a compatibilidade entre materiais adjacentes (caixas suecas), não devendo
ser detectadas diferenças abruptas nos recalques medidos. Estes valores diferenciais,
causados por propriedades incompatíveis entre materiais adjacentes, por características
não previstas da fundação ou pela própria geometria do barramento, podem resultar em
baixas tensões efetivas localizadas ou pelo surgimento de zonas de tração e o
aparecimento de trincas. Nestas áreas críticas, as pressões da água podem induzir
mecanismos de ruptura hidráulica do maciço e/ou levar a processos de erosão interna
por piping.

Os recalques diferenciais podem, então, estar relacionados à topografia da fundação, a


efeitos devido à resistência ao cisalhamento ou compressibilidade, a problemas de
erosão e a deslocamentos na fundação que podem, adicionalmente, ser resultado da
abertura ou fechamento de descontinuidades locais.

48
Em barragens de enrocamento, como a variação das propriedades dos materiais é muito
maior, o monitoramento dos recalques diferenciais é ainda mais importante. Neste caso,
além dos fatores citados anteriormente, deformações do talude de montante podem estar
associadas a variações no nível do reservatório. Nestes taludes, as altas tensões de
contato entre blocos de rocha são aliviadas, em parte, pela subpressão imposta pela
carga do reservatório. Entretanto, o rebaixamento do nível d’água reduzirá a carga de
subpressão e pode levar ao deslocamento relativo de blocos.

2.5.4 – Análises das tensões totais e efetivas

As células de pressão total podem ser utilizadas para medir as tensões de contato nos
encontros com uma estrutura de concreto enterrada, tensões no interior do maciço em
uma determinada direção e o padrão geral de distribuição de tensões dentro de um
aterro, quando instaladas sob a forma de rosetas.

Os gráficos usualmente traçados para permitir a análise dos dados são:


• tensão x tempo;
• tensão total x poropressão associada;
• tensão x nível do reservatório e alturas da construção do maciço;
• elipse de tensões, no caso de uma roseta de células de tensão total.

As seguintes questões devem ser respondidas durante as análises das tensões totais:
• quais são as tensões de contato do maciço com as estruturas de concreto
adjacentes?
• as tensões medidas são inferiores às esperadas?
• as tensões totais são maiores que as poropressões? ; há algum risco de ruptura
hidráulica?

As células de tensão total funcionam bem para medir tensões contra uma estrutura
sólida, mas as medidas que são tomadas dentro de uma massa de solo geralmente são

49
difíceis de serem avaliadas. O maior problema é que não é possível fazer esta medida
sem alterar a distribuição de tensões nos locais nos quais as células foram instaladas.

Na maioria dos casos, esta alteração pode ser bastante significativa, uma vez que,
mesmo com uma instalação muito cuidadosa, a rigidez do material próximo à célula
pode ser maior ou menor do que a do aterro em geral. Baixa rigidez adjacente à célula
resulta em um arqueamento da distribuição de tensões ao redor da célula e os valores
registrados seriam inferiores aos reais. O oposto ocorre se o material for mais rígido,
pois a célula é um ponto de concentração de tensões quando as tensões sofrem
arqueamento sobre o material mais fofo adjacente. Na barragem de Emborcação, para se
evitar os problemas expostos, as células de pressão total foram instaladas a partir de um
poço, fazendo-se um corte na parede onde foi introduzido o instrumento.

50
CAPÍTULO 3

PRINCÍPIOS DETERMINÍSTICOS E ESTATÍSTICOS NAS


ANÁLISES DE DADOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS

3.1 - Introdução

A análise dos dados da instrumentação envolve tanto a verificação do comportamento


esperado em relação aos critérios de projeto quanto à verificação de tendências ou
padrões de comportamento ao longo do tempo (item 2.5 desta dissertação).

Em ambos os casos, as análises baseiam-se na observação de desvios entre valores


esperados e valores observados, sejam estes os valores previstos pelo projeto ou os
valores historicamente medidos por determinado instrumento. Por isso, a possibilidade
de comparar o comportamento real de uma obra com o teórico, obtido através de um
modelo numérico, constitui uma ferramenta importante para a avaliação do estado de
segurança de uma estrutura e para o seu controle contínuo ao longo do tempo (Menga et
al., 1999).

O conceito de modelo está baseado na possibilidade de se estabelecer uma relação entre


as grandezas que atuam na estrutura, definidas como ‘grandezas–causa’, e a resposta da
estrutura às causas, definidas como ‘grandezas–efeito’. Kupperman (2004) afirma que
os métodos de análise da instrumentação, que, em última instância, buscam relacionar
estas duas grandezas, podem ser determinísticos, estatísticos ou híbridos. O modelo
determinístico é normalmente utilizado quando se dispõem dos documentos de projeto,
carregamentos reais, propriedades dos materiais da construção e das fundações. Os
modelos estatísticos podem ser utilizados quando existe uma série histórica razoável de
leituras, carregamentos e seus efeitos. Quanto aos modelos híbridos, estes seriam
utilizados quando há dados suficientes para se estimar um dos carregamentos e seus
efeitos, mas não é possível estimar os demais.

51
No caso específico de estruturas de grande porte, como é o caso das barragens de terra,
a avaliação da segurança não deve ser feita apenas com base nos resultados fornecidos
pelos instrumentos e nos modelos de comportamento, mas levando-se em conta também
o conjunto das características da barragem e de suas fundações, as inspeções visuais,
bem como no conhecimento e experiências adquiridas em obras similares. No entanto, é
muito importante que os dados da instrumentação sejam avaliados assim que sejam
coletados, mesmo que de forma preliminar, para que eventuais problemas possam ser
diagnosticados o mais precocemente possível. Para permitir uma análise preliminar
rápida e eficiente, devem existir faixas de aceitação para os valores lidos, que podem ser
estabelecidas por meio de modelos determinísticos, estatísticos ou híbridos, conforme
citado previamente.

3.2 – Princípios determinísticos: aplicações e limitações

Os modelos determinísticos de análise dos dados da instrumentação consistem em


modelos de análise estrutural, calibrados através da utilização das medidas em campo
das grandezas sob análise (Menga et al., 1999). Os resultados destas análises são
relações matemáticas que determinam as variações das ‘grandezas–efeito’ conforme as
variações das ‘grandezas–causa’.

Geralmente são utilizados modelos estruturais baseados nos métodos dos elementos
finitos, bi ou tri-dimensionais. O desenvolvimento destes modelos é um desafio, uma
vez que a configuração de cada barragem é única. Sharma (1994) ressalta que, dos
vários parâmetros físicos que caracterizam o comportamento da barragem, devem ser
considerados os mais significativos à natureza do problema analisado e todos os
aspectos de interesse devem ser incluídos, tais como descontinuidades ou trincas
importantes na fundação.

Os dados históricos da instrumentação instalada durante a construção ou mesmo durante


a vida da barragem são úteis nos estudos determinísticos, pois são usados na aferição e
calibração do modelo. Uma primeira verificação do modelo em elementos finitos é feita

52
comparando-se as medidas previstas pelo modelo com aquelas obtidas no campo sob as
mesmas condições de carregamento.

A partir destas informações iniciais, o modelo numérico é calibrado, fazendo-se


sucessivas simulações das condições de fluxo, até se obter a condição que melhor
reproduz a linha freática observada no campo (Ligocki et al., 2003). Diferentes razões
de permeabilidade vertical e horizontal (kv/kh) são testadas, tanto para o maciço quanto
para a fundação, assim como são reavaliados os demais parâmetros geotécnicos
relevantes aos modelos estudados. As cargas piezométricas, níveis d’água e recalques
obtidos numericamente são confrontados com os valores registrados pelos instrumentos
de campo, até a obtenção de um ajuste adequado. A realização deste tipo de modelo
requer um empenho técnico e econômico muito grande, mas representa um eficaz e
confiável instrumento de confronto com a realidade.

Nas análises da instrumentação de barragens de terra, as modelagens numéricas têm


sido realizadas utilizando softwares comerciais ou programas de pesquisa
compartilhados com universidades. Os programas mais utilizados no Brasil são o
GeoSlope (Geotechnical Engineering Software) e o Plaxis (Finite Element Code for Soil
and Rock Analyses). Estes programas permitem a modelagem das características
geométricas das estruturas e das propriedades dos materiais, possibilitando a elaboração,
por exemplo, de análises tensão-deformação, de percolação e de estabilidade de taludes.
Com isto, são obtidos os valores de tensões, poropressões e deslocamentos previstos em
vários pontos de um maciço, para um dado coeficiente de segurança.

No caso de modelos determinísticos, o comportamento confiável da barragem é


indicado pela concordância entre o valor da resposta física medida em campo, que
caracterizaria o comportamento da barragem, e o valor previsto analiticamente para
condições de carregamento correspondentes. Usualmente, os valores obtidos através
desta modelagem numérica são considerados os ‘valores-limite’ para as grandezas
avaliadas, ou seja, medidas de campo superiores aos valores pré-estabelecidos pelo
modelo indicariam um coeficiente de segurança da barragem abaixo daquele
estabelecido no projeto.

53
Entretanto, a utilização de métodos determinísticos no estabelecimento de valores
limites para os valores lidos pela instrumentação possui restrições, devido aos seguintes
fatores:

• no caso de barragens de terra e/ou enrocamento, os limites obtidos indicam


basicamente a possibilidade de ruptura por escorregamento, não conseguindo
avaliar outros mecanismos de falha como “piping” ou recalques excessivos de
fundação;
• os valores limites determinados para cada instrumento geralmente são fixos e
incapazes de mostrar mudanças na velocidade de variação das medidas no
tempo;
• as análises usualmente não consideram a variabilidade dos parâmetros
geotécnicos;
• existem muitas causas de diferenças entre os valores previstos em projeto e
aqueles obtidos pela instrumentação, e um modelo matemático, por melhor que
seja definido e por mais criteriosa que tenha sido sua calibração, dificilmente
conseguirá representar com perfeição todas as medidas e especificidades dos
instrumentos instalados.

Apesar destas restrições, as informações obtidas são importantes na avaliação do estado


de segurança de uma estrutura e no seu controle ao longo do tempo, pois explicitam a
concepção, as premissas e os objetivos do projetista quando do projeto da barragem.

3.3 - Diferenças entre valores previstos nos modelos determinísticos e valores


obtidos pela instrumentação

Segundo Kreuzer (1996), as incertezas na avaliação estrutural de uma barragem provêm


de três fontes: variabilidade física, variabilidade estatística e incertezas do próprio
modelo adotado.

54
A variabilidade física se deve à heterogeneidade dos materiais de fundação e de
construção. Mesmo que fosse possível modelar perfeitamente todas as características
dos materiais do aterro e da sua fundação, ainda seria impossível retratar todas as
variabilidades possíveis num modelo numérico, tendo em vista as variações intrínsecas
associadas aos materiais de construção e/ou a aspectos tais como:

• quantidades de finos presentes nos materiais de filtros e drenos;


• contaminação de zonas durante a construção;
• diferentes graus de compactação, podendo, inclusive, ocorrer compactação
excessiva pelo tráfego de equipamentos durante a construção;
• compactação diferenciada na proximidade dos instrumentos, nas valas de
cabos de instrumentos e/ou nas proximidades de estruturas de concreto;
• dificuldades de compactação nas primeiras camadas lançadas, devido a
irregularidades na fundação e eventual presença de água, com ou sem
artesianismo;
• variação nas permeabilidades dos materiais, uma vez que os solos e os
maciços rochosos não constituem meios homogêneos.

A variabilidade estatística decorre dos próprios métodos de amostragem e dos


processos de investigação e dos ensaios dos materiais, cujos resultados são aceitáveis
dentro de padrões estatísticos.

A incerteza do modelo é devida às simplificações da realidade impostas pelas análises


numéricas, que se baseiam na suposição que a barragem pode ser representada pelas leis
da física expressas por equações. Supõe-se que estas equações podem ser estabelecidas
e resolvidas no detalhe e precisão desejados, mas sabe-se que a representação dos
processos físicos não é perfeita.

Em todos os casos existem muitas variáveis desconhecidas e diversas considerações


precisam ser feitas na modelagem do sistema. Existe a variabilidade estatística dos
parâmetros geotécnicos e existem incertezas como a não-linearidade das propriedades

55
dos materiais. Há incertezas quanto a subpressões, desconhecimento de imperfeições
nas fundações como juntas e fissuras e detalhes geológicos que não podem ser
parametrizados com exatidão, tornando o modelo apenas como uma aproximação da
realidade formal. Além disso, existe uma limitação real na precisão dada pela
dificuldade em se modelar as propriedades dos materiais onde fenômenos inelásticos e
fissuração ocorrem. A discretização e forma dos elementos dos modelos de elementos
finitos também são complicadores na análise dos resultados (ASCE, 2000).

Conclui-se, portanto, que a precisão das análises e das previsões das medidas da
instrumentação dependem em grande parte do tratamento destas três fontes de incerteza
e que, invariavelmente, haverá divergências entre os valores lidos pela instrumentação
instalada nos maciços e aqueles previstos pelos modelos matemáticos.

3.4 – Fatores de variação nas leituras da instrumentação

Os valores lidos pela instrumentação instalada em uma barragem apresentam uma


variabilidade intrínseca, ou seja, para um mesmo parâmetro medido sob as mesmas
condições de carregamento, poderão ser obtidos diferentes valores de leitura e isto se
deve a fatores associados aos próprios instrumentos, a fatores humanos e a fatores de
instalação e utilização.

O conhecimento destas fontes de variação é importante na análise do funcionamento de


determinado instrumento e seu equipamento de leitura, bem como na interpretação dos
dados, podendo justificar alterações no padrão de comportamento das medidas.

3.4.1 – Fatores intrínsecos aos instrumentos

Na interpretação dos dados da instrumentação é preciso lembrar que o valor verdadeiro


de uma leitura seria o resultado de uma medição perfeita e, por natureza, um valor
indeterminado. O valor verdadeiro só pode ser avaliado estatisticamente e só se pode
afirmar o resultado de uma medição em forma de probabilidade (LAMON, 2002).

56
Toda medida apresenta erros. O erro total é o resultado da diferença entre o valor de
uma medição e o valor verdadeiro, sendo a soma do erro sistemático (diferença entre a
média das medidas executadas em condições de repetitividade e o valor verdadeiro)
com o erro aleatório (diferença entre uma medição e a média das medidas executadas
em condições de repetitividade). Este entendimento é importante, pois pode permitir
uma diferenciação entre valores com significado e ruídos sem importância, que podem
ser devidos a erros, incertezas ou imprecisões das medidas.

Os parâmetros mais importantes a serem considerados na análise de dados da


instrumentação são a resolução, exatidão, precisão e repetitividade, e explicam, em
muitos casos, a variabilidade dos valores lidos.

Resolução é a menor variação no parâmetro medido que pode ser distinguido pelo
instrumento, ou seja, é a menor diferença entre indicações de um dispositivo mostrador
que pode ser significativamente percebida (algarismo significativo).

A resolução deve ser distinguida do range, que especifica os valores máximos e


mínimos que o instrumento pode medir e do span, que é a amplitude do intervalo de
leitura, ou seja, a diferença aritmética entre estes valores máximos e mínimos. Por outro
lado, a Faixa de Utilização define o intervalo no qual se assume que o erro estará
dentro dos limites especificados ou aceitáveis para o seu processo.

Exatidão de um instrumento indica a proximidade entre o resultado de uma medição e


o valor real (convencional) e inclui os efeitos combinados de todas as fontes de erros de
medida. Quanto maior o erro, menor a exatidão. Refere-se, portanto, à qualidade dos
resultados de uma medida.

Precisão é a qualidade que exprime a proximidade entre um grupo de medidas e a sua


média aritmética. A precisão está associada com a qualidade da execução do
procedimento de leitura. No monitoramento de barragens, a precisão é, em geral, mais
importante que a exatidão, pois as variações de valor muitas vezes são de maior
interesse que o valor absoluto em si (ASCE, 2000).

57
Repetitividade é a aptidão de um instrumento em fornecer indicações muito próximas,
em repetidas medidas, sob as mesmas condições de medição. As condições de
repetitividade incluem a redução ao mínimo das variações devido ao observador e ao
procedimento de medição, sendo as medidas realizadas num mesmo local e com
repetições em um curto período de tempo. Uma boa repetitividade pode ser traduzida
como uma boa confiabilidade da medição, pois mesmo havendo erros sistemáticos, eles
podem e devem ser compensados, obtendo-se um bom resultado final.

A Figura 3.1 ilustra as diferenças entre os conceitos de erro, exatidão e precisão,


mostrando que um dado procedimento de leitura pode ser exato sem ser preciso e vice-
versa.

Figura 3.1– Conceitos de erro, exatidão e precisão (ASCE, 2000, adaptado)

Adicionalmente, os parâmetros de linearidade, histerese e incerteza das medidas podem


ser relevantes para a interpretação dos dados da instrumentação.

Linearidade é a aptidão de um instrumento em responder de forma regular a estímulos


regulares. O desvio de linearidade é o máximo desvio entre a leitura real (média das
leituras) e a reta de regressão linear das medições. Histerese é a aptidão do instrumento
de repetir o mesmo valor medido em sentidos diferentes de variação do valor
verdadeiro. Estes fatores são importantes, por exemplo, na calibração de manômetros
utilizados na leitura de piezômetros de tubo fechado, dentre outros.

58
Figura 3.2 – Conceitos de linearidade e de histerese de medidas

Outro importante parâmetro de avaliação do instrumento, que é raramente especificado


pelos fabricantes ou mesmo é definido de forma consistente, é a chamada estabilidade
a longo termo, que expressa o fato de que uma medida pode variar após certo período
de tempo, sem que tenha ocorrido uma alteração efetiva do valor medido.

Finalmente cabe lembrar que o desempenho global de um sistema de monitoramento é


função da especificação conjunta do instrumento e do equipamento/sistema de aquisição
de dados. Este ponto é especialmente importante no caso de aquisição automática de
dados, onde o ruído elétrico ao longo de cabos ou de ligações de rádio entre o
instrumento e o equipamento de gravação de dados pode comprometer o desempenho.

3.4.2 – Fatores humanos

O fator humano constitui um dos aspectos mais importantes para a obtenção de dados
confiáveis das leituras da instrumentação. Com efeito, mudanças constantes na equipe
de leitura e a utilização de leituristas mal treinados podem acarretar graves problemas
na aquisição de dados confiáveis. Nada pior do que a tentativa de analisar e buscar
justificativas para leituras inconsistentes, o que traz descrédito para a instrumentação
como ferramenta capaz de identificar problemas potenciais na barragem ou de auxiliar
no diagnóstico de problemas existentes.

Treinar as equipes de leitura é uma tarefa muito importante, às vezes negligenciada,


sendo essencial que as pessoas envolvidas nesta atividade sejam capazes de:

59
• saber porque elas estão fazendo as leituras e qual a importância específica
das atividades desenvolvidas;
• saber como fazer as leituras corretamente e dentro de qual periodicidade;
• saber preencher o formulário de leituras;
• saber o que avaliar à medida em que as leituras são realizadas;
• saber o que fazer se observações anormais/imprevistas forem constatadas
durante as leituras.

3.4.3 – Fatores de instalação e utilização

Existem muitos fatores de instalação e utilização que afetam o desempenho da


instrumentação, podendo causar a diminuição da sua vida útil, diminuir a precisão dos
valores lidos ou, até mesmo, fazer com que as medidas obtidas sejam incorretas. As
principais causas de variações nas leituras devido à má instalação ou utilização
inadequada são, dentre outras:

• danos durante a construção;


• danos durante o transporte dos equipamentos de leitura;
• deformações dos cabos de leitura de piezômetros tipo Casagrande ou dos
medidores de nível d’água;
• colmatação gradual de células piezométricas, com alteração das leituras;
• vazamentos dos tubos de piezômetros hidráulicos;
• posicionamento incorreto das réguas de leitura dos medidores de vazão;
• proteção inadequada contra descargas elétricas (raios) e/ou transientes elétricos;
• corrosão de caixas e terminais de leitura;
• baixa resistência dos cabos à ação da água e de substâncias químicas presentes
no solo;
• recalques excessivos de cabos de conexão;
• existência de valas de cabos dentro do maciço na direção de montante para
jusante, podendo criar caminhos preferenciais de fluxo;
• variações de temperatura.

60
3.5 – Princípios estatísticos

Os modelos estatísticos de análise de estabilidade de barragens de terra e/ou


enrocamento, ao contrário dos determinísticos, utilizam ferramentas estatísticas e
métodos probabilísticos para incorporar as variabilidades dos parâmetros geotécnicos
nos modelos das análises de comportamento. Neste caso, além dos fatores de segurança,
também são estimadas suas respectivas probabilidades de ocorrência.

Estes modelos são de especial interesse no estudo da segurança de barragens onde as


fontes de variabilidade dos parâmetros geotécnicos são muito grandes, como, por
exemplo, no caso de barragens de rejeitos construídas por aterro hidráulico (Espósito,
2000). Nas barragens de terra compactada e nas barragens de enrocamento, estes
modelos ainda têm sido pouco utilizados, apesar dos softwares disponíveis permitirem a
consideração da variabilidade de vários parâmetros geotécnicos.

Assim como descrito para os modelos determinísticos, a análise dos dados da


instrumentação também pode ser feita obtendo-se os valores previstos através de
modelos estatísticos de análise de estabilidade. Entretanto, devido às fontes de incerteza,
à variabilidade dos parâmetros geotécnicos e aos fatores de variabilidade nas leituras da
instrumentação, citados anteriormente, a modelagem continuaria sendo imperfeita e as
leituras da instrumentação de campo ainda assim poderiam apresentar divergências em
relação aos valores previstos.

Desta forma, esta metodologia geralmente não tem sido muito aplicada nas análises da
instrumentação. Os modelos estatísticos empregados para esta finalidade consistem
basicamente na análise de séries temporais e na aplicação de técnicas regressivas
(Menga et al., 1999; ICOLD, 2000). São sistemas destinados à gestão e análise de
medidas cronológicas e podem ser utilizados sempre que existir um histórico das
medidas. Quando, a partir da análise dos parâmetros estatísticos obtidos, o modelo é
considerado válido, o mesmo pode ser utilizado no confronto com as medidas reais e na
previsão de medidas futuras.

61
Menga et al. (1999) citam os diversos métodos utilizados com a finalidade de analisar
preliminarmente os dados da instrumentação através de técnicas estatísticas:
• diagramas de dispersão;
• regressão linear simples ou múltipla;
• regressão polinomial;
• decomposição em série de Fourier;
• séries temporais;
• médias móveis;
• modelos tipo máximo-mínimo, em intervalos pré-fixados.

A seguir, serão brevemente descritos cada um destes diferentes métodos estatísticos,


acrescidos dos modelos em redes neurais artificiais, que também vêm sendo utilizados
com sucesso nas previsões de leituras da instrumentação de barragens.

3.5.1 – Diagramas de Dispersão

Os diagramas de dispersão são gráficos de dados emparelhados (x, y), que podem ser
utilizados para verificar padrões e correlações entre variáveis, sendo a interpretação dos
mesmos algo subjetiva (Triola, 1999). Podem ser utilizados na análise preliminar dos
dados da instrumentação, de forma a permitir a seleção dos componentes a serem
introduzidos nos modelos estatísticos, salientando comportamentos irreversíveis, não
relacionáveis a variações das ‘grandezas – causas’ e orientando na percepção da
correlação entre variáveis. São ainda utilizados na determinação de pontos muito
afastados dos demais ou atípicos que podem comprometer a análise dos resultados.

3.5.2 – Regressão Linear

Uma equação de regressão linear representa uma relação linear entre uma variável
dependente (y) e uma ou mais variáveis independentes (x1, x2, ... ,xk), expressa pela
chamada de reta de melhor ajuste ou reta de mínimos quadrados, definida como sendo
aquela em que a soma dos quadrados dos resíduos (diferenças entre os dados e os

62
valores previstos) é a mínima possível.

O grau de relacionamento linear entre as variáveis é verificado através do cálculo do


coeficiente de correlação linear r e um teste estatístico que confirme essa relação. Os
testes estatísticos para correlação mais usuais são o Teste de Pearson e o Teste de
Sperman. O primeiro aplica-se apenas a variáveis com distribuição normal e só
consegue detectar correlações lineares. Quanto ao Teste de Sperman, trata-se de um
teste não paramétrico, que não exige normalidade da distribuição dos dados e que
permite detectar qualquer tipo de correlação, inclusive as não lineares.

Este método requer duas suposições básicas: as relações entre dados emparelhados
devem ser lineares e as variáveis x’s e y devem possuir distribuição normal e a mesma
variância. Nem sempre estas condições prevalecem em problemas reais, como, por
exemplo, no caso da análise de dados da piezometria, em que se busca, geralmente, a
correlação das poropressões com o nível d’água do reservatório, nível de jusante ou com
a diferença entre eles.

Segundo Montgomery (2003), ajustar um modelo de regressão requer verificar:


• a significância da regressão, o que pode ser feito utilizando o método análise de
variância. O procedimento de teste é geralmente apresentado em uma tabela de
análise, conforme a seguir.

Tabela 3.1 – Análise de variância conforme modelo do Programa Estatístico SAS

Análise de variância
Graus de Soma Média
liberdade quadrática quadrática F0 P-valor
Modelo 1 SQM MQM (MQM /MQR) deve ser <.05

Resíduos n-2 SQR MQR - -

Total n-1 SQT - - -

RMSE R-Square ou R2
Média da variável dependente R-Square ajustado
Coeficiente de variação DW

63
Na tabela 3.1, são definidos os seguintes parâmetros:

n número de observações;
SQM soma dos quadrados das diferenças entre valores estimados e a média
dos dados da amostra;
SQR soma dos quadrados dos resíduos (diferença entre valores da amostra e
valores estimados);
MQ média quadrática: a soma quadrática dividida pelos graus de liberdade;
F0 estatística de teste igual a (MQM / MQR);
RMSE raiz do erro quadrático médio: raiz da média da soma dos quadrados
dos resíduos (diferença entre valores da amostra e dos valores
estimados);
Coeficiente de variação medida de dispersão utilizada para comparar
distribuições diferentes (desvio padrão dividido pela
média, em percentagem);
R-Square ou R2 coeficiente de determinação que se refere à quantidade da
variabilidade nos dados explicada pelo modelo de regressão,
que corresponde ao quadrado do coeficiente de correlação;
R-Square ajustado leva em conta o tamanho da amostra na determinação do R2.
É utilizado para comparar modelos com diferentes números
de observações ou de variáveis independentes.
R2 ajustado = R2- (k-1)/(n-k)*(1- R2) (3.1)
em que n é o número de observações e k é o número de
variáveis independentes;
DW coeficiente de Durbin Watson: testa a autocorrelação nos resíduos da
regressão, sob a hipótese nula de que não há correlações significativas
nos resíduos, devendo ficar próximo do valor 2;
P-valor no campo de testes de hipóteses, o p-valor é a significância de um teste,
ou seja, a probabilidade máxima de rejeitar acidentalmente uma
hipótese nula verdadeira. Um p-valor próximo de zero indica que a
hipótese nula é falsa, enquanto que um p-valor próximo de 1 indica que
não há evidências suficientes para se rejeitar a hipótese nula (Downing,

64
2000). Normalmente considera-se um p-valor de 0,05 como o patamar
para avaliar a hipótese nula. Se o p-valor for inferior a 0,05 pode-se
rejeitar a hipótese nula. Caso contrário, não há evidência para fazê-lo (o
que não significa que a hipótese nula seja verdadeira).
No teste específico apresentado na tabela 3.1, a hipótese nula é que a
regressão não é significativa, ou seja, que não há correlação linear entre
as variáveis sob análise. Desta forma, se não houver correlação linear, o
p-valor será maior que 0,05.

• a suposição que os resíduos sejam variáveis aleatórias não correlacionadas com


média zero e variância constante.
Esta verificação pode ser feita plotando-se os resíduos versus valores previstos pelo
modelo e resíduos versus variável independente, verificando-se a dispersão dos pontos.
Se os resíduos não forem homocedásticos, a variância das observações pode estar
crescendo com o tempo ou com a magnitude de x ou y. Neste caso, pode ser necessária
uma transformação na variável resposta y, sendo as mais comuns o uso de y , ln y ou
1/y .

A aleatoriedade dos resíduos pode ser verificada através do gráfico resíduos versus
tempo. A presença de tendência neste gráfico indica um modelo não adequado e pode
indicar que termos de ordem maior poderiam ser adicionados ao modelo, uma
transformação sobre a variável x ou y ou ambas deve ser considerada ou outros
regressores devem ser adicionados (Montgomery, 2003).

• a suposição que os resíduos sejam normalmente distribuídos.


Os testes de normalidade mais usuais são Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov, nos
quais a hipótese nula é de normalidade dos resíduos, e, portanto, o p-valor deverá ser
maior que 0,05.

65
3.5.3 – Regressão Polinomial

O modelo de regressão polinomial pode conter uma ou mais variáveis independentes


elevadas a diversas potências. Esta metodologia é adotada quando a relação entre as
variáveis pode ser expressa por polinômios de diferentes graus.

3.5.4 – Séries de Fourier

São utilizadas para representar o comportamento de medidas que apresentam ciclos


periódicos que podem ser interpolados com uma harmônica em séries de Fourier. Com
base na função de interpolação definida, podem ser fixados limites que determinam os
campos de medida a serem utilizados.

3.5.5 – Séries Temporais

Uma série temporal é qualquer conjunto de observações ordenadas no tempo, tendo


como característica mais importante a interdependência entre as observações vizinhas.
Segundo Moretin (2004), a análise de séries temporais tem o objetivo de construir
modelos que as expliquem, com propósitos determinados, como a estimativa de valores
futuros.

Uma série temporal pode ser descrita por meio de quatro diferentes parâmetros ou
componentes: tendência (T), sazonalidade (S), ciclo (C) e variações aleatórias (I). A
componente ‘tendência’ caracteriza um comportamento com uma dada regularidade
(constante, linear, quadrática, etc) ao longo de um período muito longo de tempo e é
identificada por um movimento persistente em alguma direção. A componente ‘sazonal’
é evidenciada quando os dados apresentam flutuações com periodicidade fixa,
geralmente inferiores a um ano. A componente ‘cíclica’ é caracterizada pelas oscilações
de subida e de queda, sem periodicidade fixa que afetam a tendência global da série,
sendo apenas detectável para séries longas. Finalmente, a componente ‘aleatória’ refere-
se aos fatores que não se repetem regularmente (Fonseca, 1982; Carrasco Gutierrez,
2003).

66
Uma vez determinadas as características da série temporal, é selecionado um modelo
estatístico para sua representação, que podem ser (Morettin, 2004):

• Modelos paramétricos (número finito de parâmetros), cuja análise é feita


no domínio do tempo. Dentre estes, os mais freqüentemente usados são os
modelos de erro (ou regressão), os modelos auto-regressivos e de médias
móveis (ARMA), os modelos auto-regressivos integrados e de média móveis
(ARIMA), modelos de memória longa (ARFIMA), modelos estruturais e
modelos não-lineares.
• Modelos não paramétricos (número infinito de parâmetros), nos quais a
série é descrita no domínio da freqüência. Os modelos não paramétricos
mais utilizados são a função de autocovariância (ou autocorrelação) e sua
transformada de Fourier.

Como as séries de medidas da instrumentação a serem trabalhadas nesta dissertação


estão no domínio do tempo, foram adotados modelos paramétricos baseados na
abordagem proposta por Box & Jenkins (1970) e, desta forma, serão descritos
resumidamente a seguir apenas os modelos inseridos neste contexto.

Modelos Autoregressivos (AR)

Num processo autoregressivo, o valor presente da série temporal Zt é expresso


linearmente em termos dos valores passados da série e da perturbação aleatória at, que
ocorre num dado instante t. A ordem deste processo depende do valor mais antigo sobre
o qual a regressão tem lugar. Num processo autoregressivo de ordem p, o modelo pode
ser escrito como:
Z t = δ + φ1 Z t −1 + φ 2 Z t − 2 + ...... + φ p Z t − p + a t (3.2)

em que os parâmetros δ e φi são constantes a serem determinadas e a série dos at é um


processo puramente aleatório de média zero e variância σa2. Um modelo autoregressivo
é simplesmente uma regressão linear do valor corrente da série sobre um ou mais

67
valores anteriores da série. Por isso, estes modelos podem ser criados usando a técnica
dos mínimos quadrados para a estimação dos parâmetros, além de terem uma fácil
interpretação.

Modelos de média móvel (MA)

Num processo dito de média móvel (Moving Average), o valor presente da série é
expresso em função dos valores presente e passados das perturbações aleatórias, que
formam uma série de ruído branco. Isto é, um modelo de média móvel é construído
como uma regressão linear do valor presente da série sobre as perturbações aleatórias de
um ou mais valores anteriores da série. Admite-se que estas perturbações são geradas
por uma mesma distribuição, geralmente do tipo normal, com média zero e desvio
padrão constante.

A ordem deste processo depende do valor mais antigo da série de ruído branco
considerado e, assim, para um processo de média móvel de ordem q, a série exprime-se
como:
Z t = m + a t − θ 1 a t −1 − θ 2 a t − 2 − ...... − θ p a t − q (3.3)

Este modelo difere do anterior na medida em que cada perturbação aleatória se propaga
para os valores futuros da série.

Modelos mistos auto-regressivos e de média móvel (ARMA)

Esta técnica foi popularizada por Box & Jenkins (1970) e combina as características dos
modelos autoregressivos AR e de média móvel MA. Um processo ARMA (p,q) de
ordem p,q representa-se por:
Z t = µ + φ1 Z t −1 + φ 2 Z t − 2 + ...... + φ p Z t − p + a t − θ 1 a t −1 − θ 2 a t − 2 − ...... − θ p a t − q (3.4)

onde p é a ordem do processo AR e q a ordem do processo MA que formam o processo


ARMA.

68
Modelos auto-regressivos integrados e de média móvel (ARIMA)

Os processos definidos anteriormente são aplicáveis apenas a séries estacionárias. A


estacionaridade de uma série se dá quando são mantidas as mesmas características
estocásticas ao longo da série, ou seja, as mesmas média, variância e covariância.
Assim, as médias de partes não devem ser significativamente diferentes da média de
toda a série.

Entretanto, a maioria das séries encontradas na prática apresenta alguma forma de não
estacionaridade. Quando dados originais não formam uma série estacionária, é
necessário transformá-los, sendo que o método de ajuste recomendado por Box &
Jenkins consiste em tomar diferenças sucessivas da série original, até se obter uma série
estacionária.

A primeira diferença de uma série temporal Z(t) é definida por:


∆Z(t) = Z(t) – Z(t – 1) (3.5)

a segunda diferença da série Z(t) será dada por:


∆²Z(t) = ∆[∆Z(t)] = ∆[Z(t)- Z(t - 1)] = Z(t) – 2Z(t - 1) + Z(t - 2). (3.6)

Assim, generalizando, a n-ésima diferença da série Z(t) será expressa por:


∆n Z(t) = ∆[∆n - 1 Z(t)] (3.7)

O modelo ARIMA corresponde, então, a um processo auto-regressivo integrado com


média móvel, onde se aplica um modelo ARMA a uma série estacionarizada. A
designação ‘integrado’ explica-se pelo fato de se reconstruir a série original a partir da
série diferenciada, por uma operação de integração ou soma recursiva. Na nomenclatura
ARIMA (p, d, q), p é a ordem do processo AR, q é a ordem do processo MA e d é
quantidade de diferenciações necessárias para que a série original se torne estacionária.
A classe de modelos SARIMA constitui uma generalização da classe dos modelos
ARIMA que permite a modelagem de séries com componente sazonal.

69
Identificação de um modelo Box& Jenkins

Na adoção de um modelo para uma série temporal, é necessário conhecer a relação entre
as observações atuais e as anteriores. Para tal são determinados os coeficientes de
autocorrelação amostral, que medem a correlação entre os valores de uma série com
os valores desta mesma série defasados de um dado número (1 ,2 ,..., k) de intervalos de
tempo.

As defasagens são feitas como exemplificado na Figura 3.3, que apresenta as séries st e
st-1 das poropressões medidas, por exemplo, no aterro de uma barragem de terra,
defasados de um intervalo de tempo (autocorrelação com lag 1) e de dois intervalos de
tempo (autocorrelação com lag 2, entre as séries st e st-2).

Figura 3.3 – Defasagens de uma variável em diferentes intervalos de tempo


(Carrasco Gutierrez, 2003)

O gráfico que apresenta os k primeiros coeficientes de autocorrelação (rk) em função de


k é chamado de Correlograma ou Função de Autocorrelação Amostral (FAC), que é
uma ferramenta poderosa para identificar características da série temporal. Sua
interpretação adequada implica na associação dos padrões observados no correlograma
com determinadas características de uma série temporal, tais como (Cohen, 1996):

• Aleatoriedade da série: a série em estudo deve apresentar correlação


significativa entre os dados no tempo, ou seja, não deve ser aleatória (ou

70
como usualmente denominado, um ‘ruído branco’) e, por outro lado, os
resíduos da série modelada devem ser aleatórios;
• Estacionaridade: para uma série temporal com tendência, os valores de rk,
(autocorrelações a k passos) não decairão para zero a não ser no caso de
defasagens muito grandes. Intuitivamente isto ocorre porque uma observação
de um lado da média tende a ser seguida por um grande número de
observações do mesmo lado (devido à tendência). Neste caso, pouca ou
nenhuma informação pode ser extraída do correlograma já que a tendência
dominará outras características; em outras palavras, a função de
autocorrelação só tem significado para séries estacionárias;
• Sazonalidade: Um padrão sazonal é, em geral, passível de fácil
identificação em um correlograma; com efeito, se uma série temporal
contém flutuações sazonais, o correlograma irá exibir oscilações na mesma
freqüência;
• Ordem q de um processo de Média Móvel: Um processo MA(q), tem FAC
finita, no sentido que ela apresenta um corte após o lag q. Neste caso, a
ordem do processo pode ser obtida diretamente do gráfico e corresponde ao
número de picos situados acima do intervalo de confiança.

Deve-se ter em mente que as autocorrelações para intervalos sucessivos são


dependentes, uma vez que o primeiro elemento da série está fortemente relacionado
com o segundo, o segundo com o terceiro; então, o primeiro está de alguma forma
também relacionado com o terceiro. Para obter uma informação sobre as
autocorrelações na série sem esta influência em cascata, definiu-se o conceito de
Função de Autocorrelação Parcial (FACP). A autocorrelação parcial de atraso k
corresponde à autocorrelação entre Zt e Zt-k, depois de eliminadas as influências de Zt-1 a
Zt-k , que não são explicadas pelos atrasos de 1 a k (Miranda, 2002). A ordem p do
processo AR, Modelo Autoregressivo é obtida diretamente deste gráfico e corresponde
ao número de picos acima do intervalo de confiança.

71
A Tabela 3.2 resume como usar a função de autocorrelação para identificar o modelo de
uma série temporal:

Tabela 3.2 – Identificação do modelo de uma série temporal (Miranda, 2002)

Forma da FAC Modelo indicado

Exponencial decaindo para zero Modelo AR. Usar o gráfico FACP para
identificar a ordem p do processo.
Valores alternando entre positivos e Modelo AR. Usar o gráfico FACP para
negativos, decaindo para zero (senóides identificar a ordem p do processo.
amortecidas).
Um ou mais picos com os restantes valores Modelo MA. A ordem q do modelo é
praticamente zero. identificada pelo valor do atraso em que a
função se anula.
Decaimento só começando após algumas Modelo ARMA.
defasagens.
Todos os valores próximos de zero. Dados essencialmente aleatórios.
Valores elevados em intervalos fixos. Sazonalidade.
Não se observa decaimento para zero. Série não estacionária.

Avaliação do desempenho das previsões

A avaliação da capacidade de estimação de um modelo deve estar baseada em


observações efetuadas fora da amostragem. Considerando que a variável de interesse
implique n observações, adotam-se os seguintes procedimentos:

(i) estima-se o modelo até um determinado período t, desconsiderando nas análises as


últimas (n – t) observações;
(ii) realizam-se previsões para as últimas (n – t) observações com base no modelo
estimado;
(iii) comparam-se os valores previstos com os efetivamente observados.

72
As medidas de capacidade de estimação do modelo estão baseadas no erro de previsão
e = γ t − yˆ t , correspondente à diferença entre o valor real e o valor ajustado pelo modelo,
sendo as mais usuais as seguintes:

a) Erro percentual médio absoluto (MAPE), que reflete o valor médio do erro
percentual das previsões, dado por:

1 n alvo j − pred j
MAPE =
N
∑ j =1 alvo j
* 100 (3.8)

sendo alvoj os valores reais desejados na previsão e predj os valores previstos


pelo modelo ajustado.

b) Erro médio quadrático (MSE) e raiz do erro médio quadrático (RMSE), tal que:

N
1
MSE =
N
∑ (alvo
j =1
j − pred j ) 2 (3.9)

c) Coeficiente U de Theil, dado por:

∑ (alvo
j =1
j − pred j ) 2
U= (3.10)
N

∑ (alvo
j =1
j − alvo j −1 ) 2

Esta métrica mede quanto os resultados obtidos são melhores do que uma
previsão ingênua ou trivial, quando a melhor estimativa do próximo valor é o
próprio valor atual. O coeficiente U de Theil menor do que 1 indica uma
previsão melhor que a previsão trivial; quanto mais próximo o mesmo for de
zero, melhor será o resultado da previsão.

73
3.5.6 – Método das Médias Móveis Simples (MM)

Trata-se de um método que objetiva suavizar as variações das séries por um processo de
sucessivas médias. A técnica de média móvel consiste em calcular a média aritmética
das r observações mais recentes, isto é,

Z t + Z t −1 + ... + Z t − r +1
Mt = (3.11)
r

Assim, Mt, a observação efetuada num dado tempo t, é igual à média das observações Zt
no período de tempo desejado, sendo r a ordem do processo de MM. Por exemplo, uma
MM de ordem 3 sempre começará da 3ª observação da série, já que esta será a média
das 3 observações anteriores.

Figura 3.4 – Suavização de uma série temporal utilizando médias móveis


(para valores de r = 7, 14 e 21, respectivamente).

Utilizando-se este método, a previsão de todos os valores futuros da série é dada pela
última média móvel calculada, o que torna a sua utilização limitada para fins de
previsão.

3.5.7 – Modelos máximo-mínimo em intervalos pré-fixados

As ferramentas descritas anteriormente fornecem modelos poderosos para previsões de


leituras futuras, com base em observações registradas num dado período de tempo.
Entretanto, muitas vezes tais métodos não podem ser empregados, pois não é possível

74
estabelecer correlações significativas entre os dados ou porque a série temporal em
questão é francamente aleatória.

Quando isto ocorre, podem ser estabelecidos os valores máximos e mínimos para
intervalos pré-fixados, a serem adotados como valores esperados para as leituras no
respectivo período analisado. Estes intervalos são estabelecidos de acordo com algum
padrão de comportamento da série de dados, observado na sua análise descritiva.

3.5.8 – Redes Neurais Artificiais (RNA)

As redes neurais artificiais (RNA) são ferramentas de aproximação de funções,


correlacionando variáveis independentes e dependentes, à semelhança da regressão ou
outras abordagens mais tradicionais. O conceito de redes neurais baseia-se no
funcionamento do cérebro humano, sendo formadas por grande número de unidades de
processamento (nodos ou neurônios) que calculam determinadas funções matemáticas
normalmente não-lineares, conectados entre si (sinapses). (Carvalho, 2005) Na maioria
dos modelos, estas conexões estão associadas a pesos, os quais armazenam o
conhecimento representado no modelo e servem para ponderar a entrada recebida por
cada neurônio da rede.

As RNAs diferem dos modelos computacionais tradicionais por apresentarem


propriedades e características particulares, tais como: adaptabilidade ou aprendizagem,
capacidade de generalização, agrupamento e organização de dados e tolerância a falhas.
Na técnica de redes neurais, o procedimento usual na solução de problemas passa
inicialmente por uma fase de aprendizagem, na qual um conjunto de exemplos é
apresentado à rede, que extrai automaticamente as características necessárias para
representar a informação fornecida. Estas características são utilizadas posteriormente
para gerar as respostas do problema em análise.

A principal diferença entre redes neurais e as abordagens estatísticas é que as primeiras


não estabelecem hipóteses ou suposições sobre a distribuição ou propriedades dos dados
e, desta forma, tendem a ser úteis em situações práticas. As RNAs constituem também

75
uma abordagem inerentemente não-linear, fornecendo mais precisão quando da
modelagem de dados de padrões complexos.

Devido a estas características, as redes neurais têm sido cada vez mais utilizadas na
solução de problemas geotécnicos, tais como, por exemplo, na previsão de cargas em
estacas, modelagem do comportamento de solos, na estabilidade de taludes, em
problemas de liquefação e na previsão de vazões em drenos de fundação de barragens
de concreto.

Existem vários tipos de redes, cada uma com diferentes objetivos, arquiteturas e
algoritmos de aprendizagem, mas todos seguindo o esquema básico ilustrado na Figura
3.5.

Figura 3.5 - Esquema de uma análise por redes neurais (Carrasco Gutierrez, 2003)

76
CAPÍTULO 4

O ESTABELECIMENTO DE VALORES DE CONTROLE PARA A


INSTRUMENTAÇÃO

4.1 - Introdução

O Boletim 68 do Comitê Internacional de Grandes Barragens (ICOLD, 1989) relata que,


desde a década de 80, tem-se constatado um crescente interesse da comunidade técnica
no estabelecimento de valores limites para os dados de instrumentação de barragens.
Como na época os métodos computacionais ainda impunham muitas dificuldades, as
análises através de métodos determinísticos não eram muito difundidas. Na França,
Japão e Suíça, as previsões das leituras da instrumentação eram então feitas por meio de
métodos estatísticos, sendo utilizadas regressões para se obter as leituras esperadas, a
partir do histórico de leituras coletadas por um determinado instrumento.

A Itália foi o país precursor na tentativa de prever leituras utilizando métodos


determinísticos e de estabelecer ‘faixas de tolerância’ ou espectros distintos de
comportamento de uma dada estrutura (normal, alerta leve e alerta sério), dependendo
do desvio entre os valores medidos e previstos. As faixas de tolerância para as medidas
da instrumentação eram, então, definidas a partir da estimativa do desvio padrão das
diferenças entre os valores previstos no modelo e aquelas medidas ao longo de um
período de dois ou três anos de comportamento normal da estrutura.

O limite da primeira faixa era fixado como sendo igual a duas vezes o valor deste desvio
padrão e o da segunda, igual a três vezes o valor do mesmo. Os limites da terceira faixa
eram fixados pelo projetista, com base no modelo matemático da estrutura e nos
coeficientes de segurança adotados. Neste caso, os modelos numéricos precisavam ser
‘calibrados’ com os dados da instrumentação (considerando que a barragem estava

77
funcionando adequadamente), para que pudessem ser estabelecidos valores passíveis de
serem utilizados como limites.

Esta metodologia conjugada (limites determinísticos e estatísticos) disseminou-se


principalmente a partir da década de 90. No entanto, os avanços nesta área foram
tímidos, uma vez que, com a possibilidade de utilização de recursos computacionais
cada vez mais avançados, o foco se voltou para a busca de modelos somente
determinísticos que fossem capazes de representar com exatidão o comportamento da
barragem e, conseqüentemente, prever adequadamente os valores a serem obtidos pela
instrumentação.

Os termos ‘valores-limite’ ou ‘valores limites’ difundiram-se no meio técnico


brasileiro como o valor máximo de projeto a ser atingido por uma medida da
instrumentação e que definiriam situações de alerta. Outros termos como ‘valores de
controle’, ‘valores de referência’, ‘indicadores de desempenho’ ou ‘faixas de
tolerância’ também são empregados, e a autora os considera mais adequados quando
este limite se tratar de um valor esperado que, se ultrapassado, sinalizaria uma alteração
no comportamento da barragem e não necessariamente risco de ruptura ou um
coeficiente de segurança abaixo do desejado. Nesta Dissertação será empregado o termo
‘valores de controle’ para este objetivo.

4.2 – Valores de controle para a instrumentação

Transcorridos quase 30 anos das primeiras tentativas de estabelecimento de valores de


controle para os dados da instrumentação de barragens, percebe-se que sua importância
ainda não é reconhecida por grande parte dos proprietários destas estruturas.

O Corps of Engineers (USACE, 2004) reforça que, para que seja possível identificar
comportamentos anômalos tanto das estruturas quanto dos próprios instrumentos, é
importante a pré-definição de faixas de valores aceitáveis para cada instrumento.
Somente o estabelecimento destas faixas e a automação da verificação imediata dos
dados pós-leituras tornam possível um diagnóstico precoce de anomalias no

78
comportamento de uma barragem e a otimização do potencial da instrumentação
instalada.

Com base na integração de métodos determinísticos e estatísticos, três tipos distintos de


valores de controle são propostos pela USACE (2004), denominados, respectivamente,
como limites de projeto, limites de atenção e indicadores de desempenho.

Limites de projeto constituem valores que expressam limites aceitáveis para


deslocamentos, pressões e vazões de percolação, para as condições de um determinado
coeficiente de segurança. Estes são estabelecidos originalmente durante o projeto da
barragem, usualmente através de modelos determinísticos e, posteriormente, são
calibrados com base nas observações durante a vida útil da estrutura. Em síntese,
constituem os critérios de segurança da barragem sob a visão do projetista.

Limites de atenção são valores de alerta, estabelecidos abaixo dos limites de projeto,
que permitem reparos na barragem ou alteração nos procedimentos operacionais da
mesma, previamente ao estabelecimento de uma situação de risco iminente à sua
segurança. Estabelecem, portanto, um limite acima (ou abaixo) da faixa de dados
históricos e abaixo do fator de segurança de projeto.

Indicadores de desempenho são valores que antecipam a faixa de medidas previstas


para um dado parâmetro monitorado. São utilizados para chamar a atenção para dados
que se desviam das tendências históricas e para prever valores futuros. Estes indicadores
buscam a relação dos parâmetros monitorados com o tempo ou representam relações
carregamento x resposta (Figura 4.1), tais como aquelas envolvendo correlações entre:

• pressão piezométrica x nível do reservatório;


• vazão de percolação x nível do reservatório ou precipitação;
• concentração química x nível do reservatório;
• turbidez da água x vazão de percolação;
• aceleração x deslocamento vertical ou horizontal;
• movimento x nível do reservatório ou taxa de deplecionamento do reservatório.

79
Indicador de
Desempenho

Figura 4.1 – Valores de controle para a instrumentação (USACE, 2004).

Os indicadores de desempenho de uma determinada estrutura têm como objetivo


principal checar se a leitura pode ser considerada correta e servir como uma análise
preliminar dos dados. Nas situações onde ocorrem variações repentinas ou desvios dos
valores previstos, servem também para verificar a correção das leituras anteriores, a
ocorrência de algum defeito na instrumentação ou mesmo de um problema estrutural.

A autora deste trabalho vê ainda uma outra possibilidade de estabelecimento de alertas


quanto à modificação no comportamento de um maciço de terra e/ou enrocamento por
meio de uma análise mais global de uma seção ou de uma região da barragem,
considerando-se o funcionamento conjunto de um grupo de instrumentos. Neste caso,
poderiam ser estabelecidas inequações capazes de caracterizar situações de risco com
maior consistência do que analisando o comportamento de um instrumento
isoladamente.

80
4.3 – A automação nas análises preliminares dos dados da instrumentação

A análise preliminar dos dados de instrumentação consiste em procedimentos de


controle prévio das leituras, mediante a detecção de valores anômalos (erros aleatórios)
ou de erros sistemáticos tais como tratamentos incorretos, trocas de origem, etc,
mediante correlação imediata e direta com os valores de referência adotados.

Segundo o Boletim 118 do ICOLD (ICOLD, 2000), um software de controle geral e de


sistematização de banco de dados da instrumentação deve ser desenvolvido de forma a
armazenar os dados coletados, verificar sua consistência a fim de aumentar a
confiabilidade dos valores medidos, permitir sua ordenação e sistematização para fins
de uma análise global e possibilitar fácil acesso às equações de transformação dos dados
e aos outros programas lógicos e conjuntos de constantes de cada instrumento.

Prioritariamente, porém, um programa de instrumentação consistente deve proceder a


um processo de gestão das anomalias, particularmente em relação àquelas leituras que
se desviam das faixas admissíveis, mediante a caracterização imediata dos sinais de
alerta correspondentes. Este procedimento permite tornar on line uma parte da avaliação
realizada pelos técnicos envolvidos nestas atividades, gerando sinais de alarme para
situações de interesse que devem ser analisadas em profundidade e orientando, de forma
dinâmica e continuada, o trabalho de coordenação e supervisão dos procedimentos de
controle global dos dados analisados.

Junto com os reais problemas de comportamento da barragem, poderá haver certo


número de falsos alarmes necessitando de uma análise mais cuidadosa e mais
abrangente. Por isso, o ICOLD (2000) recomenda que os alarmes emitidos pelo sistema
automático constituam essencialmente alarmes técnicos, ou seja, destinados apenas para
os agentes de controle da barragem. Entretanto, quando há a emissão de alarmes
relacionados com as leituras de vários instrumentos e/ou envolvendo várias leituras
sucessivas, pode ser necessário colocar em ação as medidas emergenciais necessárias
até que uma explicação convincente seja obtida.

81
Ainda segundo o ICOLD (2000), a tendência dos novos meios tecnológicos para uma
melhor compreensão e um melhor controle da segurança de barragens é a aplicação das
técnicas de Inteligência Artificial, sendo as mais correntes os sistemas especialistas e os
sistemas de redes neurais.

Os sistemas especialistas dependem da existência de conhecimento especializado a


respeito do comportamento do sistema em questão. Uma característica-chave destes
sistemas é dizer ao usuário ‘como’ uma conclusão foi atingida, indicando os dados e a
série de regras que conduziram a máquina a esta conclusão.

Os sistemas de rede neural, ao contrário, não necessitam de nenhuma compreensão do


comportamento do sistema em questão. Apóiam-se simplesmente sobre uma capacidade
de comparar padrões, sem necessitar de um modelo fundamental para explicar como ou
por que o sistema produz um resultado particular proveniente do dado de entrada em
questão. Segundo Gutiérrez (2003), sua utilização é recomendada em situações onde a
solução envolve sofisticadas modelagens tridimensionais, condições de contorno
complexas e incertezas na variação espacial e temporal das propriedades dos materiais
que constituem a barragem e sua fundação. As duas tecnologias representam abordagens
complementares: a natureza lógica, cognitiva e mecânica das abordagens dos sistemas
especialistas e a natureza numérica, associativa, auto-organizadora e biológica das
abordagens de sistema de rede neural.

Desta forma, um sistema de processamento de dados da instrumentação poderia


compreender uma rede neural para processamento das entradas de dados, enviando os
dados filtrados para um sistema especialista destinado às suas análises e interpretação.
Quando dados de entrada suficientemente confiáveis estão disponíveis, redes neurais
artificiais poderiam igualmente ser utilizadas para a previsão de medidas futuras ou o
estabelecimento dos limites dos campos admissíveis para as medidas.

O emprego destas técnicas permite a execução automática de certos tipos de


interpretação de dados, mas isto não dispensa a intervenção do engenheiro de

82
monitoramento da barragem, capaz de avaliações e análises no caso de situações
atípicas ou potencialmente críticas de alarme.

4.4 – A experiência do Brasil

Kupperman (2003) relata que grande parte das barragens brasileiras teve seus projetos
desenvolvidos nas décadas de 1960 a 1980. Nesta época não era usual a fixação
determinística de valores limites máximos para as medidas da instrumentação, devido às
dificuldades de modelagem numérica e pela pouca representatividade que os valores
obtidos poderiam ter.

Em geral, os únicos efeitos de ações que possuíam limites bem definidos eram as
subpressões atuantes e a temperatura, ambos em estruturas de concreto. As subpressões
eram limitadas aos diagramas estabelecidos pelo Bureau of Reclamation (EUA) e os
valores limites de temperaturas eram estabelecidos a partir de estudos de propagação
térmica realizados com base no método dos elementos finitos.

Atualmente, devido à facilidade de automação da análise preliminar das medidas, o


interesse pelo estabelecimento de valores de controle para a instrumentação deveria ser
maior. Entretanto, constata-se que não foram feitos grandes avanços nesta área pela
grande maioria dos proprietários de barragens no Brasil. As principais abordagens e
aplicações feitas nesta área no país são relatadas a seguir.

4.4.1 – Furnas Centrais Elétricas S.A.

FURNAS talvez tenha sido a precursora no Brasil no estabelecimento de faixas de


controle e alerta para dados da instrumentação. Pires Filho (1989) estabeleceu estas
faixas para as barragens de Itumbiara, Pium-i e Porto Colômbia. Os limites foram
fixados estatisticamente, utilizando-se o programa Stepwise Multiple Regression da
IBM, que permite o estabelecimento de uma correlação multilinear entre uma variável
dependente e outras independentes. No modelo adotado, as variáveis independentes

83
foram representadas por fatores tais como nível d’água, temperatura, pluviometria e
tempo, a saber:

Mxx: potência xx do nível do reservatório montante à barragem


Mxxyy: nível montante médio entre os xx e yy dias anteriores à data da
observação
Jxx: potência xx do nível de jusante
Txxyy: temperatura ambiente média entre os xx e yy dias anteriores a
data de observação
Pxxyy: chuva média entre os xx e yy dias anteriores à data de observação
LZ: logaritmo (LZ= Ln(t+1)) do tempo decorrido entre a primeira
observação e a data da observação analisada, dentro do período
arbitrado para análise.
Zxx: potência do tempo decorrido entre a primeira observação e a data
da observação analisada, dentro do período arbitrado para análise.

Assim, por exemplo, na Barragem de Itumbiara a correlação obtida para as leituras P do


piezômetro TME22SP E007 seria expressa por:

P = 4,5664E+02 + 1,1171E-02.M2545 - 1,1619E-01.LZ - 2,7595E-01.M0309 +


2,7906E-01.M0114. (4.1)

Apesar deste tipo de abordagem não considerar os efeitos de interação entre as


diferentes variáveis adotadas no modelo, os resultados obtidos em termos de previsão
são considerados adequados.

Guedes et al. (1999a) resumem os processos de auscultação das barragens do Sistema


Furnas. No início de operação de uma barragem, os valores de controle são implantados
pela equipe de segurança de barragens com base nos critérios de projeto e,
posteriormente, são reavaliados por tratamento estatístico ou mesmo por modelagem
híbrida, utilizando-se as medições provenientes dos ciclos de carregamento impostos às
estruturas.

84
A modelagem estatística, mediante análise multilinear de regressão acoplada com
análise de variância, tem sido aplicada na quantificação da dependência entre as
‘grandezas-efeito’ e as ‘grandezas-causa’, monitoradas nas barragens. Recentemente,
tem-se recorrido também às modelagens dos efeitos medidos através de técnicas de
inteligência artificial.

Guedes et al. (1999b) utilizaram um modelo híbrido especializado no controle dos


deslocamentos horizontais absolutos da barragem de Funil. Para esta barragem em
concreto, a componente devida à variação do nível d’água no reservatório foi calculada
pelo modelo da teoria da elasticidade, enquanto que a componente devida à temperatura
foi modelada estatisticamente. Utilizou-se uma rede neural na identificação dos
parâmetros elásticos dos materiais da casca e do maciço de fundação da barragem, a
partir das medições efetuadas em cinco pontos instrumentados com pêndulos e um
prumo ótico.

Guedes et al. (1999c) utilizaram um procedimento de identificação bayesiana dos


parâmetros elásticos dos materiais da Barragem de Funil e de sua fundação, para
permitir a formulação do modelo híbrido para controle do comportamento da barragem
praticamente em tempo real. Neste trabalho, efetuou-se a identificação bayesiana dos
parâmetros elásticos atuais do concreto da casca e do maciço de fundação, supostos
homogêneos, a partir dos deslocamentos horizontais radiais medidos em cinco pontos
da casca, por meio de pêndulos diretos e invertidos, bem como um prumo ótico. Foi
utilizado um modelo funcional probabilístico que relaciona os parâmetros elásticos, as
observações e as ações medidas no sistema estrutural, inseridas hipóteses de
distribuição para cada um dos parâmetros e aplicado o teorema de Bayes.

De Faria et al. (2005) desenvolveram um modelo estatístico para previsão e controle da


percolação de água pela fundação da barragem de concreto de Funil, empregando a
técnica de regressão multilinear. Carvalho (2005) executou a modelagem temporal das
medidas de vazão dos drenos da Barragem de Funil utilizando redes neurais e métodos
estatísticos.

85
4.4.2 – CESP –Companhia Energética de São Paulo

A CESP, Companhia Energética de São Paulo, contratou em 2000 um estudo da


Themag para o estabelecimento de valores de referência para deslocamentos e pressões
piezométricas para as barragens de Ilha Solteira, Jaguari, Jupiá, Paraibuna e Paraitinga.
Segundo Kupperman (2003), chegou-se a um consenso de que a fixação de valores
limites muito além aos observados historicamente, o que ocorria para grande parte dos
limites obtidos através de métodos determinísticos, poderia não alertar para alguma
alteração de comportamento da barragem. Isto poderia levar a um adiamento da tomada
de ações e de prevenção de algum problema maior.

O critério estabelecido previu que situações de atenção seriam atingidas quando valores
de referência fossem ultrapassados ou quando as medições indicassem o início de uma
tendência que desviasse do padrão estabelecido ao longo do tempo, que é função das
ações atuantes e seus efeitos. A hipótese básica adotada foi a seguinte: se as estruturas
das barragens funcionaram normalmente nos últimos 30 anos, então se os valores
medidos pelos instrumentos continuarem variando dentro de uma mesma faixa através
dos anos, mantidas todas as outras condições similares às do passado, o comportamento
da estrutura poderia ser considerado normal.

Dentro desta lógica, foram efetuadas análises de correlação das leituras com as forças
atuantes, a saber: nível d’água montante, nível d’água jusante e diferenças de nível
d’água a montante e jusante. Os conceitos básicos de estatística utilizados foram
distribuição normal, variância, distribuição de Student, intervalo de confiança, testes de
hipótese e significância, regressão linear simples e múltipla e coeficiente de correlação.

Adotou-se a premissa que as medidas obedeciam a uma distribuição normal e que o


grau de confiança deveria estar entre 70% e 100%. Foram desconsiderados coeficientes
de correlação inferiores a 0,7, pois tais correlações explicam apenas cerca de 50% das
variações observadas nas leituras. Também foram rejeitadas correlações cujo nível de
significância (‘p-valor’) fosse incompatível com a hipótese de significância da
correlação para o nível adotado de 5%.

86
Segundo Kupperman et al. (2004), no estabelecimento dos valores limite para os dados
da instrumentação foram considerados dois casos distintos:

• Instrumentos de monitoramento das estruturas de concreto e instrumentos com


leituras praticamente constantes, com pouca correlação com o NA do
reservatório: foi calculada a média e o desvio padrão das leituras e o intervalo de
previsão foi estabelecido baseado num intervalo de confiança de 95%. Os
limites foram obtidos adicionando-se ou subtraindo-se da média um valor obtido
pela multiplicação do desvio padrão pelo coeficiente “t” de Student;

• Valores de referência estabelecidos através da correlação com o NA de


montante, jusante ou da diferença entre os níveis d’água a montante e a jusante.
Neste caso, 95% dos dados históricos deveriam situar-se no âmbito da faixa
estabelecida.

O banco de dados da instrumentação da CESP trabalha com três situações: normal,


alerta e emergência. Uma situação de alerta é caracterizada se o valor de referência é
ultrapassado ou se há uma mudança de tendência nos valores lidos. A análise de uma
situação de alerta implica em verificação da instrumentação, aumento da freqüência das
leituras e sua análise e inspeção detalhada das estruturas civis. Uma situação de
emergência ocorre quando os fatores de segurança estruturais estão muito próximos dos
de projeto ou quando as inspeções visuais periódicas indiquem fatos extraordinários
como surgências que possam levar ao piping, trincas inesperadas, erosões no talude de
jusante causadas por galgamento, etc. Neste caso, mesmo quando não há risco imediato
para a estabilidade estrutural, a situação é indesejável e deve ser corrigida
imediatamente.

4.4.3 – Rede Celpa – Centrais Elétricas do Pará

Para a barragem de Curuá-Una, localizada no Pará, foram estabelecidos níveis de


segurança (normal, atenção e emergência) para os registros piezométricos, quando dos

87
estudos de elevação do nível do reservatório para a instalação de uma unidade geradora
adicional (Ligocki et al., 2003).

Para tal, foram feitas simulações das condições de fluxo permanente utilizando o
programa PLAXIS 7.2 Pro, calibrando-se o modelo através de sucessivas simulações até
se obter a que melhor reproduzisse a linha freática observada no campo. Para a
barragem em operação, sob condição de fluxo permanente, considerou-se como situação
de operação normal aquela em que os níveis piezométricos conduziam a um fator de
segurança superior a 1,5. Como situação de atenção, foram consideradas as condições
de fluxo que resultavam em fatores de segurança entre 1,5 e 1,2. Condições de
estabilidade com fator de segurança inferior a 1,2 foram classificadas como situação de
emergência.

4.4.4 – Cemig Geração e Transmissão S.A.

A Cemig Geração e Transmissão S.A. tem empregado, até o momento, limites


determinísticos para os dados da instrumentação. De forma geral, as projetistas definem,
além dos valores esperados para os parâmetros monitorados, faixas de atenção e de
emergência. Estas faixas são estabelecidas elevando-se ‘intencionalmente’ a linha
freática no modelo matemático, reduzindo-se conseqüentemente os coeficientes de
segurança. Não existe um critério único para a definição destas faixas, mas comumente
a faixa de atenção é estabelecida para coeficientes de segurança entre 1,5 e 1,2 e a faixa
de emergência para fatores de segurança inferiores a estes.

Quando estes limites se mostram muito discrepantes dos valores medidos em campo,
têm sido utilizados valores máximos e mínimos como valores limites.

88
CAPÍTULO 5

VALORES DE CONTROLE PARA A INSTRUMENTAÇÃO DE


BARRAGENS COM GRANDES OSCILAÇÕES NO NÍVEL DO
RESERVATÓRIO:
ESTUDO DE CASO DA BARRAGEM DE EMBORCAÇÃO

5.1 - A Barragem de Emborcação

A Usina Hidrelétrica de Emborcação localiza-se no Rio Paranaíba (Estado de Minas


Gerais) e possui uma barragem principal em enrocamento com núcleo argiloso de 158m
de altura, construída para criar um reservatório de regularização com capacidade de
armazenamento de 17,5 x 109 m3 de água e permitir a instalação de uma casa de força
de 1192 MW de potência instalada (Figura 5.1).

Este aproveitamento hidrelétrico possui ainda dois diques, com alturas de 7 e 17 metros,
constituídos por maciços de terra homogêneos, além de uma sela natural, que limitam a
área inundada pelo reservatório. A avaliação do comportamento dos dados da
instrumentação destas estruturas não está incluída no escopo deste trabalho.

Figura 5.1 – Vista geral da Usina Hidrelétrica de Emborcação e da barragem principal

89
A barragem principal apresenta uma seção transversal típica constituída por um núcleo
argiloso e esbelto, inclinado para montante, ligado a uma camada horizontal
impermeável junto à fundação. Segundo Carvalho (1998), o núcleo foi projetado
inclinado para diminuir a concentração de tensões no material adjacente, dados os
recalques diferenciais previstos entre o núcleo e o enrocamento, e facilitar o processo
construtivo durante o período chuvoso. A camada horizontal impermeável, incorporada
ao núcleo, denominada tapete interno impermeável, foi compactada sobre o horizonte
saprolítico da fundação, de forma a aumentar o caminho de percolação e colaborar na
redução dos recalques diferenciais. A incorporação da camada horizontal na seção
transversal da barragem foi, segundo Viotti (1997), uma importante contribuição ao
projeto de barragens de enrocamento com núcleo argiloso.

A Figura 5.2 mostra a seção transversal típica e os diversos materiais que constituem o
maciço da barragem.

Figura 5.2 – Seção transversal típica da Barragem de Emborcação

O material empregado no enrocamento foi principalmente rocha gnáissica com pequena


quantidade de xisto ligeiramente decomposto. Na construção do núcleo foi empregada
uma argila coluvionar originada de basalto decomposto. O tapete impermeável interno
foi construído com material randômico originário basicamente das escavações
obrigatórias. Nos filtros foram usadas areias provenientes do rio, enquanto que, nas
transições, foram utilizadas pedras britadas.

90
A fundação é constituída predominantemente por rocha granito-gnáissica, ocorrendo a
profundidades variando entre 0 e 30m. O horizonte superior da rocha, com cerca de
10m de espessura, era constituído de rocha intemperizada com fraturas preenchidas com
solo. Logo abaixo, numa camada de 15m de espessura, encontrava-se rocha sã com
juntas abertas e, abaixo deste horizonte, ocorria rocha sã com juntas menores. Grande
parte do enrocamento foi assente em rocha e apenas parte do tapete impermeável
interno teve como fundação os saprolitos, correspondentes a 30% da área de fundação
na região das ombreiras.

A barragem principal da UHE Emborcação foi instrumentada como mostrado na Tabela


5.1, destacando-se as condições de funcionamento dos instrumentos após 25 anos de
operação. Os instrumentos pneumáticos foram denominados ‘Hall’ por terem sido
confeccionados por Earl Hall, idealizador deste tipo de instrumento.

Tabela 5.1 – Instrumentação instalada na barragem principal da UHE Emborcação


Instalados Desativados Danificados Em % em
operação operação
Barragem de Terra – Geral
Marco de Deslocamento Superficial 70 16 2 52 74%
Vertedor Medidor de Vazão 5 0 0 5 100%
Barragem de Terra - Seção 1
Medidor de Recalque Hall 9 9 0 0 0%
Caixa Sueca 12 5 7 0 0%
Piezômetro Pneumático Hall 16 2 1 13 81%
Piezômetro Elétrico Maihak 2 2 0 0 0%
Barragem de Terra- Seção 2
Caixa Sueca 18 9 9 0 0%
Piezômetro Pneumático Hall 11 1 2 8 72%
Inclinômetro de Recalque 4 3 0 1 25%
Inclinômetro de Deflexão 4 4 0 0 0%
Célula de Pressão Total 15 1 3 11 73%
Medidor de Recalque Hall 14 14 0 0 0%
Barragem de Terra - Seção 3
Célula de Pressão Total 2 0 0 2 100%
Piezômetro Pneumático Hall 2 0 0 2 100%
Inclinômetro de Recalque 1 0 0 1 100%
Inclinômetro de Deflexão 1 0 0 1 100%

91
No presente trabalho serão analisados os dados da piezometria, tensões totais e dos
recalques superficiais da barragem de enrocamento principal. As medidas das caixas
suecas e dos medidores de recalque Hall não serão avaliadas, pois estes instrumentos
danificaram-se logo após o enchimento do reservatório devido aos grandes recalques
verificados no enrocamento. Fato similar ocorreu com os piezômetros elétricos, que se
danificaram devido a descargas atmosféricas, mas que cumpriram o seu papel de
monitoramento da barragem durante a fase de enchimento do reservatório. Também não
serão estabelecidos valores limites para os inclinômetros, bem como para os medidores
de vazão, para os quais também não existem previsões de leituras pela projetista.

As figuras 5.3 a 5.8 apresentam as seções instrumentadas da barragem e as respectivas


relações e distribuições dos instrumentos de referência que foram utilizados para as
análises em questão.

Instrumento Tipo Cota de Localização Periodicidade de


Instalação leitura
EMBTPH 103 548,55 Fundação Mensal
EMBTPH 104 578,25 Núcleo Mensal
EMBTPH 105 578,38 Núcleo Mensal
EMBTPH 106 578,33 Núcleo Mensal
EMBTPH 107 608,05 Núcleo Mensal
Piezômetro Pneumático
EMBTPH 108 608,14 Núcleo Mensal
Hall
EMBTPH 111 533,47 Fundação Mensal
EMBTPH 112 533,89 Fundação Mensal
EMBTPH 114 533,00 Fundação Mensal
EMBTPH 115 533,00 Fundação Mensal
EMBTPH 116 637,94 Núcleo Mensal

Figura 5.3 - Seção 1 – Estaca 7 + 0,00: instrumentação de referência para as análises

92
Instrumento Tipo Cota de Localização Periodicidade
Instalação de leitura
EMBTPH 206 577,28 Núcleo Mensal
EMBTPH 207 607,16 Núcleo Mensal
EMBTPH 208 Piezômetro Pneumático 623,04 Núcleo Mensal
EMBTPH 209 Hall 637,96 Núcleo Mensal
EMBTPH 210 514,14 Random (Fundação) Mensal
EMBTPH 211 508,63 Random (Fundação) Mensal

Figura 5.4 - Seção 2 – Estaca 10 + 0,0: instrumentação de referência para as análises

Instrumento Tipo Cota de Localização Periodicidade de


Instalação leitura
EMBTPH 301 Piezômetro Pneumático 622,71 Fundação Mensal
EMBTPH 302 Hall 634,71 Fundação Mensal

Figura 5.5 - Seção 3 – Estaca 15 + 0,00: instrumentação de referência para as análises

93
Cota de Periodicidade
Instrumento Tipo Posição Localização
Instalação de leitura

EMBTPT 202 530,00 Vertical Núcleo Mensal


Transição
EMBTPT 205 576,89 Vertical Mensal
jusante
EMBTPT 212 Células de Pressão 607,12 Horizontal Núcleo Mensal
Total
EMBTPT 213 607,01 Vertical Núcleo Mensal
EMBTPT 214 622,99 Horizontal Núcleo Mensal
EMBTPT 215 622,82 Vertical Núcleo Mensal

Figura 5.6 - Seção 2 – Estaca 10 + 0,0: células de pressão total utilizadas nas análises

Cota de Periodicidade
Instrumento Tipo Posição Localização
Instalação de leitura
EMBTPT 301 Células de Pressão 636,99 Núcleo Núcleo Mensal
EMBTPT 302 Total 637,02 Núcleo Núcleo Mensal

Figura 5.7 – Seção 3 – Estaca 14 + 28: instrumentação de referência para as análises

94
025

020
035

030
045
040 055

050
065
051
060
075
061
070 085
062
071
080 095
072 081
090
073 082 105
091
083 100
092 115
101
084
093 110 125
102
111
094
103 112
121
104 113
122 120
114
123
131
130

141
140

150

Cota de Marcos Local Estaca Cota de Marcos Local Estaca


Instalação superficiais Instalação superficiais
EMBTMS 020 4,5m jus 2+0,00 Berma EMBTMS 051 48,10m jus. 5+0,00
EMBTMS 030 4,5m jus. 3+0,00 EL 635 EMBTMS 061 48,10m jus. 6+0,00
EMBTMS 040 4,5m jus. 4+0,00 EMBTMS 071 48,10m jus. 7+0,00
EMBTMS 050 4,5m jus. 5+0,00 EMBTMS 081 48,10m jus. 8+0,00
EMBTMS 060 4,5m jus. 6+0,00 EMBTMS 091 48,10m jus. 9+0,00
EMBTMS 070 4,5m jus. 7+0,00 EMBTMS 101 48,10m jus. 10+0,00
EMBTMS 080 4,5m jus. 8+0,00 EMBTMS 111 48,10m jus. 11+0,00
EMBTMS 090 4,5m jus. 9+0,00 EMBTMS 121 48,10m jus. 12+0,00
EMBTMS 100 4,5m jus. 10+0,00 EMBTMS 131 48,10m jus. 13+55,00
EMBTMS 110 4,5m jus. 11+30,00 EMBTMS 141 48,10m jus. 14+35,00
EMBTMS 120 4,5m jus. 11+30,00 Berma EMBTMS 062 93,0m jus. 6+0,00
EMBTMS 130 4,5m jus. 13+40,00 EL 605 EMBTMS 072 93,0m jus. 7+0,00
Crista
EMBTMS 140 4,5m jus. 14+16,00 EMBTMS 082 93,0m jus. 8+0,00
EL 664
EMBTMS 150 4,5m jus. 14+85,00 EMBTMS 092 93,0m jus. 9+0,00
EMBTMS 025 4,5m mont. 2+0,00 EMBTMS 102 93,0m jus. 10+0,00
EMBTMS 035 4,5m mont. 3+0,00 EMBTMS 112 93,0m jus. 11+0,00
EMBTMS 045 4,5m mont. 4+0,00 EMBTMS 122 93,0m jus. 12+0,00
EMBTMS 055 4,5m mont. 5+0,00 Berma EMBTMS 073 138,0m jus. 7+0,00
EMBTMS 065 4,5m mont. 6+0,00 EL 575 EMBTMS 083 138,0m jus. 8+0,00
EMBTMS 075 4,5m mont. 7+0,00 EMBTMS 093 138,0m jus. 9+0,00
EMBTMS 085 4,5m mont. 8+0,00 EMBTMS 103 138,0m jus. 10+0,00
EMBTMS 095 4,5m mont. 9+0,00 EMBTMS 113 138,0m jus. 11+0,00
EMBTMS 105 4,5m mont. 10+0,00 EMBTMS 123 138,0m jus. 12+0,00
EMBTMS 115 4,5m mont. 11+0,00 Berma EMBTMS 084 138,0m jus. 8+0,00
EMBTMS 125 4,5m mont. 12+0,00 EL 545 EMBTMS 094 192,5m jus. 9+0,00
EMBTMS 104 192,5m jus. 10+0,00
EMBTMS 114 192,5m jus. 11+0,00
Figura 5.8 – Localização dos marcos de deslocamento superficial.

95
5.2 – Previsão de medidas da instrumentação por modelo determinístico

O projeto da Barragem de Emborcação teve início em 1976, período no qual estavam


sendo desenvolvidos os projetos de grandes barragens tais como Foz do Areia
(enrocamento com face de concreto e 160m de altura, a maior do gênero na época),
Itaipu, Salto Santiago e Tucuruí. Segundo Parra (1985), os projetos de tais barragens
colocaram em evidência a necessidade da previsão de deformações do maciço durante e
após a construção e o período do projeto coincidiu com uma fase de euforia em torno da
aplicação do método dos elementos finitos na previsão de deformações em barragens.

No projeto de Emborcação, por exemplo, foi utilizado o programa ISBILD,


desenvolvido por Ducan e Osawa (1973) na Universidade da Califórnia. O modelo
constitutivo utilizado foi o elástico hiperbólico, com os parâmetros de deformabilidade
do núcleo tendo sido obtidos através de ensaios triaxiais e os dos materiais granulares
estabelecidos a partir da literatura técnica, sempre considerando o material do núcleo
muito mais compressível que os enrocamentos. Entretanto, durante a construção,
verificou-se que os resultados obtidos foram inadequados, tendo em vista que foram
quantificados recalques da ordem de 3,9 metros, muito superiores ao valor máximo
previsto de 2,3 metros, além do aparecimento de trincas longitudinais na crista,
predominantemente ao longo das transições de montante e de jusante e entre
enrocamento-transições granulares e o núcleo argiloso compactado. Daí concluiu-se que
o modelo constitutivo adotado não havia sido realista e que os parâmetros de
deformabilidade adotados divergiam bastante dos efetivamente verificados no campo.

Tabela 5.2 – Parâmetros utilizados no modelo numérico de projeto (Parra, 1985)


Parâmetros de Parâmetros de
Deformabilidade Resistência
Material
γ E ν c φ
3 2
(kN/m ) (kPa) (kN/m ) (º)
Núcleo impermeável 19,0 25.000 0,45 50 18
Material de transição 22,5 70.000 0,325 0 42
Enrocamento e=0,60m 22,0 60.000 0,325 0 42
Enrocamento e=0,90m 22,0 40.000 0,325 0 42
Enrocamento e=1,20m 22,0 40.000 0,325 0 42

96
Existem vários estudos desenvolvidos imediatamente após o término da construção, que
buscam determinar módulos de deformabilidade para os enrocamentos através da
utilização dos resultados da instrumentação. No entanto, de acordo com Parra (2007),
não foram feitas tentativas na época de estabelecer novos limites determinísticos para os
recalques.

Quanto ao cálculo das poropressões, ainda segundo Parra (2007), os modelos em


elementos finitos para percolação existentes na época não se mostraram adequados.
Desta forma, as linhas de fluxos foram obtidas por meio da construção de um modelo
físico executado pela Leme Engenharia.

Na década de 90, Carvalho (1998) estudou a percolação no núcleo da barragem


utilizando o programa VISCO1 (PUC-Rio), buscando calibrar o modelo com base nos
valores de tensões e de poropressões obtidas por meio da instrumentação de campo, a
partir da adoção de outros parâmetros para os materiais (Tabela 5.3). O autor observou
que os resultados numéricos não se ajustavam aos observados em campo, mesmo
admitindo-se diferentes razões entre as permeabilidades horizontal e vertical. Foram
obtidas comparações satisfatórias entre os resultados obtidos numericamente e os de
campo, quando as permeabilidades variavam com o nível de tensão vertical
(permeabilidade diminuindo com a profundidade) e para a condição de permeabilidade
horizontal maior que a vertical numa razão crescente com a profundidade (razão entre a
permeabilidade horizontal e vertical aumentando com a profundidade). Os resultados
obtidos foram os apresentados na Tabela 5.4.

Tabela 5.3 – Parâmetros utilizados no modelo numérico adotado por Carvalho (1998)
Parâmetros de Deformabilidade
Material γ E ν
(kN/m3) (kPa)
Núcleo impermeável 20,0 40.000 0,30
Material de transição 20,0 100.000 0,34
Enrocamento e=0,60m 21,4 50.000 0,30
Enrocamento e=0,90m 20,8 40.000 0,31
Enrocamento e=1,20m 20,6 22.000 0,34

97
Tabela 5.4 – Correlação entre valores previstos e observados para a instrumentação
instalada na seção 2 da barragem principal da UHE Emborcação (Carvalho, 1998).

Poropressão Células de Tensões totais Tensões totais


Piezômetros (kPa) Pressão horizontais (kPa) verticais (kPa)
Modelo Campo Total Modelo Campo Modelo Campo
EMBTPH201 90 90 EMBTPT201 - 2300 2000
EMBTPH202 230 300 EMBTPT202 - 1300 1080
EMBTPH203 610 730 EMBTPT203 600 -
EMBTPH204 - EMBTPT204 - 2300 2000
EMBTPH205 160 120 EMBTPT205 600 550 -
EMBTPH206 610 610 EMBTPT206 - 1200 1030
EMBTPH207 340 450 EMBTPT207 580 630 -
EMBTPH208 260 270 EMBTPT208 - 1150 1180
EMBTPH209 120 40 EMBTPT209 500 540 -
EMBTPT210 - 1500 1450
EMBTPT211 750 750 -
EMBTPT212 500 850 -
EMBTPT213 - 780 750
EMBTPT214 480 700
EMBTPT215 650 600

Em 2005, a CEMIG contratou uma avaliação da segurança da barragem,


complementada no ano seguinte (DAM Projetos, 2005, 2006), tendo como subproduto a
estimativa dos valores da piezometria e dos recalques na seção de maior altura da
barragem (Seção 2).

Esta análise teve como principal desafio a calibração do modelo numérico, esta tendo
sido executada através do ajuste das deformações do modelo com as reais medidas em
campo. Os parâmetros geotécnicos adotados foram obtidos através dos ensaios de
laboratório da época de construção e de novos ensaios executados em 2006, embora
persistindo a necessidade de se empregar alguns parâmetros estimados de projeto
(Tabela 5.5):

98
• Núcleo impermeável: parâmetros de resistência obtidos através de ensaios de
compressão triaxial tipo CUsat (adensado não drenado saturado), com
adensamento anisotrópico, utilizando-se uma relação de anisotropia K = 0,50,
valor este próximo ao Ko determinado durante a fase de projeto.
• Enrocamentos: neste caso, devido às óbvias dificuldades de ensaio de
enrocamentos, houve a necessidade de adoção dos parâmetros de projeto.
Apenas as densidades foram as médias obtidas em campo, sendo os parâmetros
de deformabilidade E e ν determinados através de retro-análises com base nos
valores dos deslocamentos verticais medidos pelos marcos de recalque
superficiais.
• Transições: Foram adotados os mesmos parâmetros de resistência dos
enrocamentos e as densidades médias obtidas em campo. Os parâmetros de
deformabilidade foram estimados através dos deslocamentos medidos em
campo.

Tabela 5.5 – Parâmetros utilizados no modelo numérico para o período construtivo


desenvolvido pela DAM Projetos (2006).
Parâmetros de Parâmetros de
Deformabilidade Resistência
Material
γ E ν c’ φ’
3
(kN/m ) (kPa) (kPa) (º)
Núcleo impermeável 21,0 31.462 0,32 95 32,3
Randon impermeável 20,0 31.462 0,32 30 35,5
Material de transição 20,0 75.000 0,30 0 39
Enrocamento e=0,60m 21,4 32.000 0,28 0 39
Enrocamento e=0,90m 20,8 26.000 0,30 0 39
Enrocamento e=1,20m 20,6 14.000 0,32 0 39
Enrocamento de
20,6 10.500 0,32 0 39
grandes blocos

Quanto aos parâmetros de permeabilidade, as análises foram feitas considerando a


variação deste parâmetro com as tensões verticais aplicadas. Os coeficientes de
permeabilidade foram determinados a partir dos ensaios de adensamento edométrico
realizados na fase de construção, determinando-se os coeficientes de permeabilidade ao
final de cada estágio de carregamento. Estes valores foram plotados em um gráfico,

99
ajustando-se uma curva de variação deste parâmetro com a tensão vertical. Os valores
utilizados nas análises foram os indicados na Tabela 5.6.

As análises foram realizadas utilizando os softwares SIGMA/W, SLOPE/W e SEEP/W


versão 5.0, desenvolvidos pela GeoSlope International Ltd. Para a obtenção dos valores
de poropressão previstos pelo modelo, foi considerada a rede de fluxo para a condição
de nível d’água estável na elevação 660,00m (NA normal), apresentada na Figura 5.9.

Figura 5.9 – Rede de fluxo pela Seção 2 da barragem (DAM Projetos, 2006)

Tabela 5.6 - Variação dos coeficientes de permeabilidade com as tensões verticais


(DAM Projetos, 2005)
Tensão Coeficiente de Coeficiente de
Material vertical permeabilidade permeabilidade
(kPa) (m/s) médio (m/s)
Núcleo impermeável < 400 2,5 x 10-9
400-600 1,1 x 10-9
600-800 6,8 x 10-10 6,15 x 10-10
800-1400 2,2 x 10-10
1400-1600 2,5 x 10-10
> 1600 2,2 x 10-10
Randon impermeável > 1600 2,2 x 10-10 2,2 x 10-10

100
As deformações e as cargas piezométricas obtidas pelo modelo numérico estão
apresentadas nas Tabela 5.7 e 5.8, respectivamente. Em ambos os casos, constata-se
uma discrepância significativa entre os valores previstos pelo modelo e os valores
medidos em campo pela instrumentação. Observa-se que os valores previstos para as
poropressões são, via de regra, inferiores aos obtidos pela instrumentação e, caso
utilizados como ‘valores limite’, a barragem estaria sempre em estado de alerta quando
no NA normal do reservatório. Para os recalques, a discrepância entre os valores
previstos e observados é ainda maior, sendo as deformações reais muito superiores
àquelas estimadas pelo modelo.

Tabela 5.7 – Correlação entre deslocamentos verticais medidos e calculados para o caso
de módulos ajustados para recalques observados em campo
(DAM Projetos, 2005)
Marco de Cota de Deslocamento Deslocamento
recalque Instalação Posição vertical medido vertical
superficial (m) atual (m) calculado (m)
MRS100 664,962 jusante 0,95 0,19
MRS101 634,729 jusante 1,69 0,71
MRS102 604,697 jusante 1,78 0,58
MRS103 574,388 jusante 0,59 0,20
MRS104 545,137 jusante 0,28 0,008
MRS105 664,915 montante 1,41 0,24
MRS107 604,728 montante - 2,04
MRS108 574,405 montante - 2,50
MRS109 558,760 montante - 2,25
Nota: Os marcos de recalque superficial MRS107, MRS108 e MRS109, instalados a
montante, foram inundados no final de 1981, não apresentando leituras atuais de
deslocamentos horizontais ou verticais.

101
Tabela 5.8 – Cotas piezométricas obtidas através da rede de percolação do modelo
numérico para a seção 2 (DAM Projetos, 2006)
Cotas Piezométricas
Valores
Instrumento Leituras da
determinados
Instrumentação Observações
pelo modelo
(mca)
(mca)
EMBTPH 201 13 4,71 Destivado
Salto nas leituras a partir de
EMBTPH 202 31,8 (64,31) 12,84
2001
EMBTPH 203 78 73 Desativado
EMBTPH 204 78 120,8
Salto nas leituras a partir de
EMBTPH 205 13 (32,8) 16,7
2001
EMBTPH 206 63,7 61,8
EMBTPH 207 48,2 34,9
EMBTPH 208 29,2 28,5
EMBTPH 209 6,7 16,7
EMBTPH 210 Localizados na fundação e não
- -
EMBTPH 211 modelados

Os trabalhos desenvolvidos até então demonstram que elaborar um modelo numérico


capaz de representar adequadamente uma barragem e os dados da instrumentação de
campo não é uma tarefa simples e demanda profissionais com ampla experiência e
conhecimento. A autora destaca a importância e a validade dos modelos determinísticos,
principalmente na fase de enchimento do reservatório e nos primeiros anos de operação,
quando ainda não se dispõe de um histórico de observações da instrumentação que
permita análise de tendências históricas ou correlação com outras grandezas e são a
única fonte de informações sobre as condições de segurança da barragem.

5.3 - Previsão de medidas da instrumentação por métodos estatísticos

Como descrito no item anterior, os estudos e modelos determinísticos desenvolvidos até


o momento não conseguiram estabelecer, com a precisão desejada, os valores esperados
para os recalques e poropressões para a Barragem de Emborcação. No entanto, é
imprescindível que estes valores sejam definidos, para que se torne viável a análise

102
preliminar automática dos dados, incorporando maior agilidade na detecção precoce de
problemas nesta estrutura. Portanto, impõe-se a proposição da determinação de valores
esperados para a instrumentação da barragem através de métodos estatísticos.

Os estudos estatísticos foram executados considerando os dados da instrumentação a


partir de janeiro de 1983, quando o reservatório já se encontrava em regime permanente
de operação, desconsiderando-se, portanto, os dados da fase de enchimento. Foram
aplicados aos dados os métodos de regressão e séries temporais. Para permitir a análise
e comparação entre os modelos ajustados, os dados foram divididos em dois conjuntos:
conjunto de treinamento e conjunto de validação. Os modelos foram ajustados com base
nas observações do conjunto de treinamento e validados posteriormente, verificando-se
a sua capacidade de generalização com as observações do conjunto de validação.

Todas as análises estatísticas foram feitas utilizando o sistema SAS (Statistical Analysis
System). O SAS é um sistema integrado de aplicações para a análise de dados, que
permite acessos a banco de dados, gerenciamento de arquivos, análises estatísticas,
geração de gráficos e geração de relatórios. O módulo utilizado foi o Enterprise Guide
3.0.2.414 (SAS, 2005), que comporta uma grande parte das potencialidades estatísticas
do programa, sendo hoje um dos softwares mais completos nesta área.

5.3.1 Previsão de pressões no maciço e fundações utilizando métodos de regressão

Inicialmente foi feita uma análise de consistência dos dados da piezometria da


barragem, plotando-se as séries dos registros versus tempo para verificar a presença de
valores discrepantes ou anômalos, indicativos de erros de leitura, e/ou dados
inconsistentes a serem excluídos, para não gerar distorções nos modelos estatísticos.
Esta análise permitiu também a identificação preliminar das prováveis correlações entre
os dados e a verificação da manutenção desta correlação ao longo do tempo.

A segunda fase da análise dos dados consistiu na busca de variáveis explicativas para a
regressão. Para tal, foi feito o teste de correlação (‘Teste de Pearson’) das leituras dos
instrumentos com nível d’água de montante, de jusante e com a diferença entre estes

103
dois níveis. Este teste é feito automaticamente pelo SAS, considerando um nível de
significância de 95%, ou seja, aceitando-se como correlações significativas aquelas em
que o ‘p-valor’ é menor que 0,05.

Entretanto, verificou-se que apenas os piezômetros EMBTPH 103, 112, 114, 115, 207 e
302 apresentaram correlação satisfatória com a cota montante (Figura 5.10), sendo que
todos eles, à exceção do instrumento EMBTPH207, estão instalados na fundação Este
resultado já era esperado, tendo em vista que um piezômetro instalado em um maciço
compactado geralmente não apresenta uma resposta rápida às flutuações do nível do
reservatório, o que pode ser explicado pelo tempo de resposta do instrumento e,
principalmente, pelo tempo de percolação através do aterro da barragem.

Figura 5.10 – Piezometria dos medidores EMBTPH 207 e 104 e o nível d’ água do
reservatório, mostrando diferença nas respostas às variações do NA.

A solução usual para este tipo de problema tem sido buscar o time lag ideal que permita
a obtenção de correlações significativas entre as poropressões medidas e o nível do
reservatório de montante ou de jusante, ou seja, determinar qual a defasagem que deve
ser considerada entre cada nível d’água do reservatório e a respectiva leitura de um
instrumento.

104
No entanto, uma leitura prévia e detalhada dos dados mostrou que a maioria dos
piezômetros também não respondia diretamente a um dado valor defasado do nível do
reservatório, parecendo, na verdade, responder de acordo com um valor médio das
flutuações do nível de montante, ou seja, as leituras pareciam estar correlacionadas com
uma série suavizada dos níveis d’água do reservatório. Isto era mais visível à medida
que os instrumentos instalados no núcleo se distanciavam de montante.

Com base nesta observação, foi aplicada à série de níveis d’água de montante a técnica
de suavização de séries temporais por médias móveis (MM). Esta técnica foi aplicada à
série de leituras diárias do nível do reservatório e, para testar a correlação, foi utilizada a
nova observação da série na data referente à leitura do instrumento. Foram testados os
períodos de 5, 10, 30, 70, 90, 100, 150, 200, 250, 300, 350, 400, 450 e 500 dias para a
Média Móvel e verificada a correlação da leitura dos instrumentos com cada uma das
séries suavizadas.

A figura 5.11 apresenta a série temporal do nível do reservatório (cota montante) e as


séries suavizadas através das médias móveis 30 e 400. Como exemplo, pode-se perceber
visualmente uma melhor correlação das cotas piezométricas medidas pelo piezômetro
EMBTPH104 com a série suavizada.

Figura 5.11 – Comparação entre as cotas piezométricas do EMBTPH104 e a série


temporal suavizada dos níveis do reservatório.

105
A utilização deste método permitiu obter uma variável com maior correlação com as
leituras de cada instrumento. Desta forma, para cada piezômetro e célula de pressão
total, a variável explicativa foi obtida aumentando-se gradativamente o número de dias
da média móvel da cota montante, até que o maior o coeficiente de correlação fosse
alcançado.

No entanto, para alguns instrumentos, notadamente os piezômetros EMBTPH116, 209,


211, 301 e 302 e todas as células de tensão total, ainda assim não foram obtidas
correlações satisfatórias através do método descrito. Uma análise visual mais detalhada
da série de leituras destes instrumentos mostrou uma mudança no padrão de
comportamento a partir do ano 2003. Foram buscadas explicações para tal mudança,
tais como alterações no dispositivo de medição, no método de leitura ou mesmo no
comportamento da seção 2 da barragem. Não foram obtidas respostas para esta
pergunta, tendo em vista que as hipóteses levantadas justificariam uma alteração no
padrão de leitura de todos os instrumentos e não só nos mencionados. A figura 5.12
exemplifica esta questão.

Figura 5.12 – Comparação entre as cotas piezométricas do EMBTPT212 e a série


temporal dos níveis do reservatório.

Nota-se que, a partir de 2003, a série apresenta uma alteração de comportamento,


mostrando uma visível diminuição na diferença entre os valores da Cota Montante e os

106
da cota piezométrica. Para fins de análise destes instrumentos, foram estabelecidas
correlações a partir da data quando ocorreu a estabilização das leituras no novo patamar,
considerando-se este padrão como representativo de um comportamento aceitável para
os dados em questão.

Uma vez obtidos parâmetros de correlação adequados para cada instrumento, foram
traçados gráficos de dispersão dos dados, para verificar o comportamento do
instrumento e evidenciar valores discrepantes que poderiam ser decorrentes de erros de
leitura. Os dados anômalos foram retirados e para justificar esta eliminação foi feita a
análise de regressão, antes e depois da retirada, e feita uma comparação entre os
resultados. A retirada foi justificada quando se verificava uma diminuição do MSE (erro
quadrático médio), um aumento do R-square (porcentagem de variabilidade dos dados
explicados pelo modelo) e uma melhor adequação dos resíduos, que, em alguns casos,
passaram a assumir uma distribuição normal.

Como exemplo da sistemática adotada para determinação do modelo de regressão mais


adequado para cada instrumento, serão descritas as etapas seguidas para o piezômetro
EMBTPH106.

Inicialmente a análise dos dados consistiu na busca de variáveis explicativas para a


regressão. Para tal, foi feito o teste de correlação (‘Teste de Pearson’) das leituras do
EMBTPH106 com nível d’água de montante, de jusante e com a diferença entre estes
dois níveis d’água. Este teste é feito automaticamente pelo SAS, sendo a hipótese nula
testada H0: r=0, ou seja, hipótese que não há correlação entre as variáveis. Portanto,
serão aceitas como correlações significativas aquelas em que o ‘p-valor’ é menor que
0,05. Verificou-se que não havia correlação significativa com o NA de jusante para este
piezômetro, mas que havia excelente correlação com o NA de montante do reservatório.
Entretanto, uma análise visual do gráfico cota piezométrica versus cota montante (figura
5.13) mostra que a resposta do instrumento reflete a série dos níveis do reservatório um
pouco suavizada. Assim, foram consideradas médias móveis crescentes do nível d’água,
até se obter o máximo coeficiente de correlação possível, como apresentado na tabela
5.9.

107
Figura 5.13 – Comparação entre as cotas piezométricas do EMBTPT106 e a série
temporal dos níveis do reservatório.

Tabela 5.9 – Estudo da correlação entre cota piezométrica do EMBTPH106


e o nível d’água do reservatório (saída automática do SAS)

Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients


Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0

PH106 PH106
CM 0.97178 MM_70 0.96022
CM <.0001 MM_70 <.0001
MM_5 0.97293 MM_90 0.94629
MM_5 <.0001 MM_90 <.0001
MM_10 0.97378 MM_100 0.93846
MM_10 <.0001 MM_100 <.0001
MM_30 0.97533 MM_150 0.89697
MM_30 <.0001 MM_150 <.0001
MM_50 0.97026
MM_50 <.0001

108
Considerando então a variável explicativa como sendo a média móvel de 30 dias do
nível d’água do reservatório (MM30), para a qual foi maximizado o coeficiente de
correlação, procedeu-se a uma análise de regressão dos dados brutos da cota
piezométrica (289 observações) e a qualidade do resultado foi estudada através da
análise da variância e da análise dos resíduos.

Tabela 5.10 – Análise da variância para o EMBTPH106, antes da retirada dos pontos
discrepantes (saída automática do SAS)

Analysis of Variance
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 9376.84865 9376.84865 5250.30 <.0001
Error 269 480.42439 1.78596
Total 270 9857.27305
Root MSE 1.33640 R-Square 0.9513
Dependent Mean 635.71654 Adj R-Sq 0.9511
Coeff Var 0.21022 DW 0.829

PH106 = 233,485099 + 0,618643* MM_30

Figura 5.14- Reta de regressão do EMBTPH106, antes da retirada dos pontos


discrepantes.

109
A análise residual foi executada para verificar a suposição de que os erros sejam
distribuídos de forma aproximadamente normal, com variância constante. Os resíduos
foram testados quanto à sua normalidade, lembrando-se que para uma distribuição
normal o ‘p-valor’ do teste deve ser maior que 0,05 (H0: os resíduos apresentam
distribuição normal). Os testes de normalidade foram feitos automaticamente pelo SAS
e verifica-se que os resíduos não se apresentaram normais para os quatro testes feitos
pelo programa, considerando-se o resultado pouco satisfatório.

Tabela 5.11 – Teste de normalidades para os resíduos do modelo do EMBTPH106,


antes da retirada dos pontos discrepantes (saída automática do SAS)

Tests for Normality


Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.962237 Pr < W <0.0001
Kolmogorov-Smirnov D 0.054807 Pr > D 0.0460
Cramer-von Mises W-Sq 0.214754 Pr > W-Sq <0.0050
Anderson-Darling A-Sq 1.462417 Pr > A-Sq <0.0050

Para verificar a homocedasticidade (igualdade de variância) dos resíduos, foram


traçados os gráficos de resíduos versus valores previstos pelo modelo para o piezômetro
e o gráfico dos mesmos resíduos versus a variável explicativa.

Dos gráficos traçados, pode-se concluir que os resíduos apresentam um comportamento


que não foi captado pelo modelo, o que é verificado tanto na variância, que tende a
aumentar para valores maiores das previsões para a piezometria, quanto para valores
maiores da variável explicativa. Os resíduos também não são totalmente aleatórios no
tempo, podendo ser percebida uma certa tendência no gráfico resíduos versus tempo.

110
Figura 5.15- Análise dos resíduos da reta de regressão do EMBTPH106, antes da
retirada dos pontos discrepantes (saída automática do SAS)

Para conseguir um melhor ajuste da regressão à série histórica de valores da


poropressão medida pelo PH106, foram retirados os valores discrepantes que poderiam
ser decorrentes de erros de leitura e/ou dados inconsistentes. No caso deste piezômetro,
foram retiradas quatro observações, correspondentes às datas de 10/10/89, 01/04/91,
21/03/95, 09/09/91, passando a serem utilizadas 285 observações no modelo, e foram
refeitos os passos anteriores para formulação de nova reta de regressão e análise dos
resíduos correspondentes.

111
Tabela 5.12- Análise da variância para o EMBTPH106, após a retirada dos pontos
discrepantes ou outliers (saída automática do SAS)

Analysis of Variance
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 9368.55169 9368.55169 6843.47 <.0001
Error 265 362.77879 1.36898
Total 266 9731.33048

Root MSE 1.17003 R-Square 0.9627


Dependent Mean 635.68375 Adj R-Sq 0.9626
Coeff Var 0.18406 DW 0.741

PH106 = 232,709755 + 0,619844 * MM_30

Figura 5.16- Reta de regressão do EMBTPH106, após a retirada dos pontos discrepantes.

Tabela 5.13- – Teste de normalidades para os resíduos, após a retirada dos outliers

Tests for Normality


Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.996303 Pr < W 0.7875
Kolmogorov-Smirnov D 0.036401 Pr > D >0.1500
Cramer-von Mises W-Sq 0.045069 Pr > W-Sq >0.2500
Anderson-Darling A-Sq 0.276953 Pr > A-Sq >0.2500

112
Figura 5.17- Análise dos resíduos da reta de regressão do EMBTPH106, após a retirada
dos pontos discrepantes.

Com a retirada das medidas discrepantes, os resíduos passam a apresentar normalidade


para todos os quatro testes feitos pelo SAS, e houve melhoria na sua
homocedasticidade. Conclui-se, portanto, que não há indícios de inadequações sérias do
modelo e que a reta de regressão determinada poderia representar o caso em estudo.

O mesmo procedimento foi repetido para os demais instrumentos de medição de


poropressões e tensões totais. Contudo, para alguns deles ainda mantiveram-se resíduos
sem normalidade e correlacionados com o tempo. Para estes, foram feitas tentativas de
ajuste, como sugerido pela bibliografia estudada.

113
Para o piezômetro EMBTPH108, foi feita a regressão utilizando como variável
explicativa a Média Móvel de período 30 da Cota Montante. Nesta regressão, não foram
encontrados dados anômalos e os resíduos foram normais. Contudo a variância tende a
aumentar com a magnitude da MM30, infringindo a suposição de homocedasticidade, e
o gráfico de resíduos versus tempo apresenta um comportamento não aleatório,
infringindo a suposição de independência. Para tentar resolver estes problemas foram
tomadas as seguintes ações:

ƒ Para melhorar a homocedasticidade foram aplicadas as seguintes transformações


nos dados da cota piezométrica do PH108 (variável dependente, y): raiz,
logaritmo natural, inverso da raiz e inverso do logaritmo; entretanto, nenhuma
dessas transformações resultou em ajuste nos resultados.
ƒ Para melhorar a independência dos resíduos, foram introduzidas e retiradas
variáveis explicativas do modelo alternadamente: o quadrado da MM30, cota
jusante, diferença entre cota montante e cota jusante, o negativo do quadrado da
MM30 e a raiz da MM30. O objetivo era verificar se poderia haver alguma outra
variável explicativa que devesse ser incluída no modelo. Também neste caso,
nenhuma dessas ações obteve resultados positivos no que diz respeito à
eliminação da tendência nos resíduos.

Para os piezômetros EMBTPH 107, 111, 208 e 210, os resíduos não apresentaram uma
distribuição normal. Numa tentativa de normalização destes dados, foram feitas as
seguintes transformações na variável dependente cota piezométrica: logaritmo na base
neperiana, raiz quadrada, inverso da raiz e inverso do logaritmo neperiano, todas elas
sem sucesso.

Assim, para estes instrumentos foram mantidas as correlações obtidas, dado que
nenhuma das técnicas adicionais utilizadas conseguiu melhorar os resultados anteriores.
As análises desenvolvidas para cada instrumento encontram-se resumidas no Anexo I e
a Tabela 5.14 apresenta a síntese dos resultados obtidos por meio dos métodos de
regressão.

114
Tabela 5.14 – Modelos de previsão obtidos por meio dos métodos de regressão

Regressão Linear - Piezômetro Pneumático Hall


Seção 1
Instrumento Variável nº Equação Resíduos R-
independente dados Normais square
EMBTPH103 CM 285 PH103 = 331,202622 + 0,392423 * CM sim 93%
EMBTPH104 MM 400 285 PH104 = 477,923663 + 0,190027 * MM400 sim 78%
EMBTPH105 MM 30 280 PH105 = 355,182606 + 0,413175 * MM30 sim 94%
EMBTPH106 MM 30 285 PH106 = 232,709755 + 0,619844 * MM30 sim 96%
EMBTPH107 MM 350 290 PH107 = 477,793636 + 0,219079 * MM350 não 79%
EMBTPH108 MM 30 290 PH108 = 185,886063 + 0,704175 * MM30 sim 94%
EMBTPH111 CM 279 PH111 = 168,319293 + 0,695644 * CM não 88%
EMBTPH112 CM 279 PH112 = 245,454856 + 0,538729 * CM sim 96%
EMBTPH114 CM 113 PH114 = 107,670481 + 0,796916 * CM sim 99%
EMBTPH115 CM 282 PH115 = 219,452174 + 0,605181 * CM sim 90%
EMBTPH116 CM 43 PH116 = 572,543290 + 0,106674 * CM sim 54%
Seção 2
EMBTPH206 MM 30 281 PH206 = 249,650951 + 0,591958 * MM30 sim 97%
EMBTPH207 MM 30 282 PH207 = 158,733349 + 0,750003 * MM30 sim 98%
EMBTPH208 MM 30 278 PH208 = 263,733493 + 0,586542 * MM30 não 96%
EMBTPH209 CM 42 PH209 = 517,345972 + 0,192790 * CM sim 72%
EMBTPH210 CM 289 PH210 = 279,348776 + 0,456265 * CM não 90%
EMBTPH211 CM 89 PH211 = 206,346299 + 0,599611 * CM sim 99%
Seção 3
EMBTPH301 CM 103 PH301 = 453,243457 + 0,273251* CM sim 88%
EMBTPH302 CM 57 PH302 = 166,796702 + 0,742080 * CM sim 95%

Regressão Linear – Células de Tensão Total


Seção 2
Instrumento Variável nº Equação Resíduos R-
independente dados Normais square
EMBTPT202 CM 84 PT202 = -15,256193 + 0,036673 * CM sim 96%
EMBTPT205 CM 83 PT205 = -24,161552 + 0,046159 * CM sim 98%
EMBTPT212 CM 104 PT212 = -17,893693 + 0,041081 * CM sim 87%
EMBTPT213 CM 55 PT213 = -38,506150 + 0,070856 * CM sim 94%
EMBTPT214 CM 55 PT214 = - 14,858225 + 0,034699 * CM sim 63%
EMBTPT215 CM 104 PT215 = - 27,573843 + 0,051134 * CM sim 92%
Seção 3
EMBTPT301 CM 46 PT301 = - 12,135501 + 0,025914 * CM sim 82%
EMBTPT302 CM 57 PT302 = - 17,998430 + 0,033123 * CM sim 89%
Obs. CM = Cota Montante MM = Média Móvel da Cota Montante

115
5.3.2 - Previsão de pressões no maciço e fundações utilizando método de Séries
Temporais

Na previsão das pressões atuantes no maciço e nas fundações da barragem, utilizando-se


séries temporais, foram adotados os seguintes passos:

1. inserção de todos os dados da série a ser analisada numa mesma periodicidade,


tendo sido escolhida a mais freqüente para determinado instrumento (mensal,
quinzenal).
No caso de uma periodicidade mensal, quando havia mais de uma medida por mês,
foi adotada a média dessas medidas, admitida como sendo uma nova observação.
2. estimativa dos valores em aberto pelo método de interpolação spline cúbico,
feito automaticamente pelo software SAS.
Trata-se de uma técnica de aproximação que consiste em se dividir o intervalo de
interesse em vários sub-intervalos e estabelecer interpolações ao longo dos mesmos,
da forma mais suave possível, aplicando-se equações polinomiais de pequeno grau.
3. testes da série quanto a estacionaridade, através da FAC (‘função de
autocorrelação’) e teste de Dickey-Fuller para raízes unitárias.
Quando a série não se mostrou estacionária, foram aplicadas tantas diferenciações
quanto necessárias para torná-la estacionária.
4. identificação do modelo, com base na análise das funções de autocorrelação
FAC e FACP.
5. estimativa dos parâmetros identificados para o modelo, o que foi feito
automaticamente pelo software SAS, utilizando-se o método dos mínimos
quadrados condicional.
6. verificação da adequação do modelo ajustado, através da análise dos resíduos
que deveriam ser do tipo ‘ruído branco’.
Para tal, foram utilizados testes de autocorrelação dos resíduos, FAC e FACP, para
comprovar que os resíduos não apresentavam correlações significativas no tempo.
Caso o modelo ajustado não tivesse atendido esse requisito, retomava-se o passo 3,
repetindo-se todo o ciclo novamente até se obter um modelo de ajuste adequado.
7. previsão para os dados da validação, utilizando-se o modelo ajustado.

116
8. Comparação entre as análises estatísticas, MAPE e RMSE dos conjuntos de
treinamento e validação.

A título de ilustração, apresentam-se a seguir os procedimentos adotados no


estabelecimento de um modelo de séries temporais para o piezômetro EMPTPH106.

Figura 5.18- Série temporal das cotas piezométricas do piezômetro EMBTPH106

Para verificar a estacionariedade da série, foram gerados os gráficos de autocorrelação


(FAC) e autocorrelação parcial (FACP) correspondentes, constatando-se que o gráfico
não tende a decair rapidamente para zero, o que indica uma série não estacionária.

Para torná-la estacionária, pré-requisito à aplicação da abordagem de Box e Jenkins,


foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de ordem um e uma diferença
sazonal de ordem 12. A seguir são apresentados os gráficos de autocorrelação e de
autocorrelação parcial para a série diferenciada, que evidenciam que a mesma foi, então,
devidamente estacionarizada.

117
Autocorrelations - FAC Partial Autocorrelations - FACP
Lag -9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Lag - 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 | . |** | 1 | . |** |

2 | . | . | 2 | . | . |

3 | . | . | 3 | . | . |

4 | .**| . | 4 | **| . |

5 | . |**. | 5 | . |** |

6 | . | . | 6 | . | . |

7 | . | . | 7 | . | . |

8 | . |*** | 8 | . |** |

9 | . | . | 9 | . | . |

10 | . | . | 10 | . |*. |

11 | . *| . | 11 | .*| . |

12 | *********| . | 12 | *********| . |

Figura 5.19- Função de autocorrelação e de autocorrelação parcial para a série


diferenciada do EMBTPH106 (saída do SAS)

A identificação do modelo foi feita com base na análise das funções de autocorrelação
FAC e FACP, mostradas na figura 5.19. O pico no lag 12 da FACP indica sazonalidade
e, por isso, o modelo utilizado foi do tipo SARIMA (p,d,q)(p,d,q)S.

O modelo final que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (0,1,0)(0,1,2)12 , onde,
no primeiro parênteses, os números zero indicam que não foram estimados parâmetros
autoregressivos nem médias móveis neste modelo e o número 1 indica que foi feita uma
diferenciação. No segundo parênteses, referente à parte sazonal, não houve parâmetros
autoregressivos estimados, aplicou-se uma diferenciação sazonal e dois parâmetros de
média móvel foram estimados.

Este modelo é representado pelas equações 5.1 e 5.2, a seguir:


(1 − B (12 ) ) * (1 − B ) * PH 106 = (1 - 0.68536 B (12) - 0.13299 B (19) ) * a t , ou (5.1)

PH 106 t = PH 106 t −1 + PH 106 t −12 − PH 106 t −13 − 0.68536 * a t −12 − 0.13299 * a t −19 + a t (5.2)

em que: B é o operador translação para o passado Bm.Zt = Z(t-m) (5.3)


e at é o resíduo no tempo t.

118
Para qualificar o modelo foram avaliados os seus resíduos, que a priori não devem
apresentar correlações significativas no tempo. Para tal, foi feito um teste de
autocorrelação dos resíduos, variando de 6 a 48 passos atrás, de forma a se verificar a
correlação de uma observação com até a quadragésima oitava observação anterior.
Neste teste, a hipótese nula é que os resíduos sejam um ruído branco ao nível de 95% de
significância (p-valores maiores que 0,05). A tabela 5.15 mostra que todos os p-valores
são superiores a 0,05, concluindo que o modelo estimado é adequado.

Tabela 5.15- Verificação da autocorrelação dos resíduos para o EMBTPH106


(saída automática do SAS)

Autocorrelation Check of Residuals

To
Lag Chi-Square DF P-valor Autocorrelations
6 7.34 4 0.1191 0.130 -0.005 0.031 -0.065 0.070 -0.107
12 10.41 10 0.4055 -0.061 0.088 -0.044 -0.035 0.047 0.008
18 16.10 16 0.4462 0.059 0.039 -0.044 0.098 0.029 -0.132
24 19.42 22 0.6192 -0.004 -0.125 -0.044 -0.001 -0.030 0.033
30 22.01 28 0.7809 0.032 -0.049 0.037 -0.017 -0.069 0.081
36 26.73 34 0.8080 0.016 -0.029 -0.013 -0.158 0.001 -0.074
42 34.86 40 0.7005 -0.152 -0.133 -0.093 -0.031 -0.034 -0.089
48 40.42 46 0.7045 -0.043 -0.039 -0.102 0.090 0.137 0.008

Finalmente é traçado o gráfico da série ajustada (figura 5.20) e a previsão 12 passos à


frente. Neste gráfico, nota-se que o intervalo para a previsão aumenta com o tempo, ou
seja, a imprecisão das previsões aumenta com o tempo.

A capacidade de previsão do modelo ajustado foi verificada através do MAPE (erro


percentual médio absoluto) e RMSE (raiz do erro médio quadrático), calculados para os
dados do treinamento e validação. Estas estatísticas devem ser valores pequenos e
próximos: pequenos porque são calculadas com base na distância entre a observação
real e a observação estimada pelo modelo; próximos porque está sendo avaliada a
capacidade de previsão do modelo, comparando-se estatísticas calculadas com dados

119
que foram utilizados na estimação do modelo com dados que não foram utilizados nessa
estimação. Desta forma, o modelo foi considerado um bom mecanismo preditor.

RMSE MAPE

Conjunto de Treinamento 1,738 0,1976

Conjunto de Validação 2,472 0,3761

Figura 5.20 – Previsões para leituras do EMBTPH106 através de método de séries


temporais

O método de séries temporais foi utilizado para os piezômetros EMBTPH 104, 105,
106, 206, 207, 208, 209, 210 e 211, para que sua aplicabilidade pudesse ser verificada e
para que a qualidade dos resultados pudesse ser comparada com o método de regressão,
tendo sido obtidos os modelos apresentados na Tabela 5.16.

O Anexo II apresenta o resumo dos estudos de séries temporais desenvolvidos para cada
um dos piezômetros e células de tensão total instalados na barragem principal da Usina
de Emborcação.

120
Tabela 5.16 – Modelos de previsão obtidos por séries temporais

Instrumento Modelo / Fórmula

SARIMA (0,1,0)(0,1,1)12
EMBTPH104
(1 − B 12 ) * (1 − B ) * PH 104 = (1 − 0.86542B (12 ) ) * a t

SARIMA (0,1,0)(0,1,1)12
EMBTPH105
(1 − B (12 ) ) * (1 − B ) * PH 105 = (1 − 0.72943B (12 ) ) * a t

SARIMA (0,1,0)(0,1,2)12
EMBTPH106
(1 − B (12 ) ) * (1 − B ) * PH 106 = (1 - 0.68536 B (12) - 0.13299 B (19) ) * a t

SARIMA (0,1,0)(0,1,2)12
EMBTPH206
(1 − B (12 ) ) * (1 − B ) * PH 206 = (1 - 0.81384B (12) - 0.11980B (20) ) * a t

SARIMA (2,1,0)(0,1,1)12
EMBTPH207 (1 - 0.84114 B (12) ) * at
(1 − B (12 ) ) * (1 − B) * PH 207 t =
(1 - 0.17733 B (1) - 0.12664 B (2) )

SARIMA (2,1,1)(0,1,1)12
EMBTPH208 (1 - 0.9227B (12) )(1 − 0.09472 B ( 7 ) ) * a t
(1 − B (12 ) ) * (1 − B) * PH 208 t =
(1 - 0.17471 B (1) - 0.10715 B (2) )

SARIMA (3,1,0)(0,1,2)12
EMBTPH209 (1 - 0.80 B ( 12 ) + 0.19 B (27) ) * a t
(1 − B (12 )
) * (1 − B ) * PH 209 t =
(1 + 0.21 B (1) + 0.16 B (3) + 0.15 B (4) )(1 + 0.19 B (15) )

SARIMA (1,1,0)(0,1,1)12
EMBTPH210 (1 - 0.83125 B (12) ) * at
(1 − B)(1 − B (12) ) * PH 210 =
(1 + 0.18906 B (4) )

SARIMA (2,1,0)(0,1,1)12
EMBTPH211 (1 − 0.79393(12 ) ) * at
(1 − B)(1 − B (12 ) ) * PH 211 =
(1 − 0.13004 B (1) + 0.13685 ( 2) )

121
5.3.3 – Comparação dos resultados obtidos através dos Métodos de Regressão e
Séries Temporais na previsão das poropressões

A comparação entre os resultados obtidos por meio dos dois métodos foi feita
utilizando-se os erros MAPE (erro médio percentual) e RMSE (raiz do erro médio).
Embora não tenham sido utilizadas as mesmas bases de dados nas técnicas de regressão
(conforme item 5.3.1) e de série temporal (conforme item 5.3.2 desta dissertação),
foram empregadas aquelas que melhor representaram a distribuição dos dados para cada
um dos métodos, possibilitando, assim, a melhor estimativa possível, em ambos os
casos, para fins da consistência da comparação implementada.

Para possibilitar a comparação entre os modelos de regressão e de séries temporais,


foram estimados os 12 últimos dados (conjunto de validação) para as leituras da
instrumentação dos piezômetros Hall 104, 105 e 106 e todos os piezômetros instalados
na seção 2, como apresentado no Anexo III, com os correspondentes desvios das
estimativas por ambos os métodos em relação aos dados de campo. Observa-se que
foram obtidos melhores resultados utilizando-se regressões para todos os instrumentos,
exceto os piezômetros 209, 210 e 211, sendo que, para este último, ambos os métodos
obtiveram resultados similares. Isto comprova a qualidade do ajuste da correlação das
leituras com a cota montante (nível d’água do reservatório) ou com a média móvel
destas cotas.

Uma possível explicação para as séries temporais terem se mostrado mais eficazes na
previsão das leituras dos piezômetros 209 e 211 seria o emprego de uma série menor de
dados para estes instrumentos nas análises de regressão, devido à mudança de
comportamento das medidas a partir do ano 2003. Por outro lado, as séries temporais
utilizaram todas as leituras na composição do modelo. Entretanto, o EMBTPH210
utilizou todos os dados do histórico de medidas nos dois modelos e o de séries
temporais conduziu a menor erro na previsão dos valores futuros.

122
5.4 – Previsão de recalques

De forma distinta da piezometria, os valores de recalques não podem ser


correlacionados com os níveis do reservatório, sendo resultantes das ações combinadas
dos efeitos decorrentes do peso próprio do maciço, do adensamento e do carregamento
do reservatório, cujas velocidades tendem a se reduzir gradativamente ao longo da vida
útil do empreendimento.

Considerando que a velocidade de recalque é dada pela variação do recalque no tempo,


ou seja , ∆r/∆t, e que esta velocidade é sempre decrescente no tempo, a próxima leitura
poderia ser estimada adotando-se como referência o valor imediatamente anterior da
velocidade de recalque. Esta previsão seria o valor máximo de recalque a ser obtido na
próxima leitura e, portanto, valores superiores a este indicariam uma situação anômala e
a ser verificada.

Entretanto, devido a imprecisões no processo de levantamento topográfico, a


consideração da velocidade de recalque apenas na última campanha de leitura levaria a
distorções. Isto pode ser verificado visualmente nos gráficos recalques versus tempo,
que mostram oscilações nos valores, com pequenos recalques positivos e negativos.
Para o caso da Barragem de Emborcação, não são medidos os desvios padrão das
leituras e não há estudos dos erros contidos nas medições de recalque, impossibilitando
o estabelecimento de uma faixa de aceitação dos valores lidos segundo estes critérios.

A figura 5.21 mostra a estabilização dos recalques com o tempo, com a velocidade de
recalque tendendo para zero, mas podendo ser observadas pequenas variações nas
leituras, para mais ou para menos, em campanhas de levantamento consecutivas. A
figura 5.22 mostra um zoom do gráfico anterior para o marco de recalque superficial
EMBTMS 120, comprovando estas variações nas leituras a partir do ano 2000.

123
Figura 5.21- Evolução dos recalques medidos pelos marcos superficiais EMBTMS 120,
121, 122 e 123 ao longo do tempo.

Figura 5.22- Detalhe (zoom) da figura anterior, mostrando a evolução dos recalques
mais recentes medidos para o EMBTMS 120.

124
Na tentativa de minimizar os erros e fatores externos, foi aplicada a técnica de média
móvel à série das velocidades, tendo sido testados os períodos de 3, 4, 5, 6 e 7
campanhas consecutivas de controle de recalques. Deve-se atentar para o fato que as
leituras de recalque na barragem de Emborcação são semestrais, ou seja, três campanhas
consecutivas de recalque equivalem a um período de tempo de um ano. A Figura 5.23
mostra que a aplicação da técnica de médias móveis elimina parte das oscilações nas
velocidades de recalque devidas a imprecisões nas leituras.

EMBTMS020

0,1

0,08

0,06
V (cm/dia)

0,04

0,02

-0,02
out-81

out-83

out-85

out-87

out-89

out-91

out-93

out-95

out-97

out-99

out-01

out-03

out-05
Velocidade MM10

Figura 5.23 – Comparação entre os gráficos de velocidade de recalque e sua média


móvel MM10 para o EMBTMS020

Para escolher a média móvel a ser utilizada para as previsões dos recalques, foi traçado
o gráfico das médias móveis correspondentes às 3, 4, 5, 6 , 7 e 10 últimas velocidades
de recalque para cada marco de recalque superficial (figura 5.24). Verificou-se que, para
a maioria dos instrumentos, o maior valor da média móvel ocorre para a MM4. Apenas
para os instrumentos localizados nas ombreiras EMBTMS 020 a 060, 131, 140, 141 e
150, onde a altura da barragem é menor, ocorre que o maior valor da média móvel é
dado pela MM10.

125
0,0060

0,0050

0,0040

0,0030
V (cm /d ia)

0,0020

0,0010

0,0000

-0,0010

-0,0020
E M B T M S 003
E M B T M S 020
E M B T M S 035
E M B T M S 045
E M B T M S 051
E M B T M S 060
E M B T M S 062
E M B T M S 070
E M B T M S 072
E M B T M S 075
E M B T M S 081
E M B T M S 083
E M B T M S 085
E M B T M S 091
E M B T M S 093
E M B T M S 095
E M B T M S 101
E M B T M S 103
E M B T M S 105
E M B T M S 111
E M B T M S 113
E M B T M S 115
E M B T M S 121
E M B T M S 123
E M B T M S 130
E M B T M S 140
E M B T M S 150
MM3 MM4 MM5 MM6 MM7 MM10

Figura 5.24- Médias móveis das velocidades de recalque para os marcos de recalque
superficial da Barragem de Emborcação

Para testar a utilização do valor da média dos quatro (ou dez) últimos valores de
velocidade de recalque para estimar o próximo valor de recalque a ser lido, excluiu-se o
último valor efetivamente medido do conjunto de dados. Trabalhou-se, pois, com o
conjunto das leituras anteriores, fazendo a previsão um passo a frente e comparando-se
com o último valor lido, o que é apresentado na tabela 5.17.

O resultado obtido não foi satisfatório, podendo ser observados recalques estimados
inferiores aos reais para 35 dos 52 marcos de recalque superficial instalados na
barragem, sendo a maioria dos valores reais muitas vezes superior ao valor previsto.
Para os demais 17, a previsão foi superior ao valor medido em campo, mas a precisão
também foi baixa. Concluiu-se que o método avaliado não é eficaz na previsão de
recalques e que há a necessidade do estudo dos erros envolvidos nos levantamentos
topográficos para que seja possível compor uma metodologia adequada de previsão.

126
Tabela 5.17 – Previsões de recalque para a Barragem de Emborcação
Instrumentos Velocidades de Tempo Recalque previsto Recalque medido Desvio
Recalque Médias (dias) (cm) (cm) (cm)
(cm/dia)
EMBTMS020 -0,0002 187 -0,044 0,800 0,844
EMBTMS025 -0,0002 187 -0,040 0,900 0,940
EMBTMS030 -0,0002 187 -0,040 0,700 0,740
EMBTMS035 -0,0002 187 -0,040 0,900 0,940
EMBTMS040 -0,0012 187 -0,223 0,800 1,023
EMBTMS045 -0,0004 187 -0,071 0,900 0,971
EMBTMS050 -0,0009 187 -0,167 0,800 0,967
EMBTMS051 -0,0001 187 -0,020 8,800 8,820
EMBTMS055 0,0003 187 0,060 0,900 0,840
EMBTMS060 0,0009 187 0,166 0,800 0,634
EMBTMS061 0,0005 187 0,100 -0,200 -0,300
EMBTMS062 0,0003 187 0,060 -0,200 -0,260
EMBTMS065 0,0009 187 0,160 1,400 1,240
EMBTMS070 0,0017 187 0,320 0,900 0,580
EMBTMS071 0,0013 187 0,240 -0,100 -0,340
EMBTMS072 0,0010 187 0,180 -0,100 -0,280
EMBTMS073 0,0001 187 0,020 0,300 0,280
EMBTMS075 0,0019 187 0,360 0,900 0,540
EMBTMS080 0,0022 187 0,420 0,900 0,480
EMBTMS081 0,0020 187 0,380 0,000 -0,380
EMBTMS082 0,0013 187 0,240 0,000 -0,240
EMBTMS083 0,0005 187 0,100 0,400 0,300
EMBTMS084 0,0001 187 0,020 0,100 0,080
EMBTMS085 0,0045 187 0,840 1,200 0,360
EMBTMS090 0,0026 187 0,480 0,800 0,320
EMBTMS091 0,0024 187 0,440 0,000 -0,440
EMBTMS092 0,0016 187 0,300 0,000 -0,300
EMBTMS093 0,0005 187 0,100 0,400 0,300
EMBTMS094 0,0004 187 0,080 0,200 0,120
EMBTMS095 0,0042 187 0,780 0,900 0,120
EMBTMS100 0,0027 187 0,500 0,800 0,300
EMBTMS101 0,0021 187 0,400 -0,100 -0,500
EMBTMS102 0,0014 187 0,260 0,000 -0,260
EMBTMS103 0,0004 187 0,080 0,400 0,320
EMBTMS104 0,0004 187 0,080 0,200 0,120
EMBTMS105 0,0055 187 1,020 1,100 0,080
EMBTMS110 0,0024 187 0,440 0,600 0,160
EMBTMS111 0,0019 187 0,360 0,000 -0,360
EMBTMS112 0,0013 187 0,240 0,000 -0,240
EMBTMS113 0,0003 187 0,060 0,500 0,440
EMBTMS114 0,0003 187 0,060 0,000 -0,060
EMBTMS115 0,0046 187 0,860 0,900 0,040
EMBTMS120 0,0021 187 0,400 0,600 0,200
EMBTMS121 0,0017 187 0,320 0,000 -0,320
EMBTMS122 0,0012 187 0,220 0,100 -0,120
EMBTMS123 0,0003 187 0,060 0,500 0,440
EMBTMS125 0,0042 187 0,780 2,800 2,020
EMBTMS130 0,0009 187 0,160 0,400 0,240
EMBTMS131 0,0000 187 0,000 -0,200 -0,200
EMBTMS140 0,0007 187 0,131 0,400 0,269
EMBTMS141 -0,0002 187 -0,035 -0,300 -0,265
EMBTMS150 0,0005 187 0,087 0,200 0,113

Obs. Média das 4 últimas veloc. de recalque, e das últimas 10 para os marcos de recalque em
vermelho.

127
No entanto, para fins de estabelecimento de valores limite, acima dos quais as equipes
de monitoramento da segurança de barragens deveriam ser alertadas, as análises das
variações das velocidades de recalque com o tempo poderiam ser utilizadas. Isto pode
ser verificado através da mesma simulação anterior, retirando-se os últimos valores de
recalque medidos em campo para serem utilizados como conjunto de validação. Para tal
foi elaborada a planilha 5.18, estabelecendo-se um alerta quando a velocidade de
recalque atual (variação entre as duas últimas campanhas de medição) ultrapassasse a
velocidade de recalque anterior ou a média das quatro (ou dez, para os marcos
superficiais instalados nas proximidades das ombreiras) últimas velocidades calculadas.

Constata-se que a maioria dos instrumentos indica um aumento de velocidade de


recalque na última medição, exceto, curiosamente, para os instrumentos das bermas das
elevações 635,00 e 605,00 (Figura 5.25). Desta forma, este alerta a ser dado em uma
análise preliminar automática pode ser considerado interessante, pois aponta uma
variação no comportamento dos recalques da barragem que merece uma verificação por
parte da equipe de análise da instrumentação, para buscar um entendimento mais global
da situação, agregando as informações dos demais instrumentos e de inspeções visuais.

025

020
035

030
045
040 055

050
065
051
060
075
061
070 085
062
071
080 095
072 081
090
073 082 105
091
083 100
092 115
101
084
093 110 125
102
111
094
103 112
121
104 113
122 120
114
123
131
130

141
140

150

Figura 5.25- Identificação dos marcos de recalque superficial que indicam


estabilização nas deformações

128
Tabela 5.18 – Alertas para mudanças nas velocidades de recalque
da Barragem de Emborcação
Recalque
Velocidade Média móvel Velocidade Velocidade Velocidade
Marcos de medido na
de recalque da velocidade Tempo atual de atual > vel. atual > média
Recalque última
anterior de recalque (dias) recalque anterior de móvel da vel.
Superficial campanha
(cm/dia) (cm/dia) (cm/dia) recalque recalque
(cm)
EMBTMS020 0,000 -0,0002 187 0,800 0,004 Alerta Alerta
EMBTMS025 -0,001 -0,0002 187 0,900 0,005 Alerta Alerta
EMBTMS030 0,000 -0,0002 187 0,700 0,004 Alerta Alerta
EMBTMS035 -0,001 -0,0002 187 0,900 0,005 Alerta Alerta
EMBTMS040 -0,001 -0,0012 187 0,800 0,004 Alerta Alerta
EMBTMS045 -0,001 -0,0004 187 0,900 0,005 Alerta Alerta
EMBTMS050 0,000 -0,0009 187 0,800 0,004 Alerta Alerta
EMBTMS051 0,002 -0,0001 187 8,800 0,047 Alerta Alerta
EMBTMS055 -0,001 0,0003 187 0,900 0,005 Alerta Alerta
EMBTMS060 0,001 0,0009 187 0,800 0,004 Alerta Alerta
EMBTMS061 0,003 0,0005 187 -0,200 -0,001 Verde Verde
EMBTMS062 0,002 0,0003 187 -0,200 -0,001 Verde Verde
EMBTMS065 0,000 0,0009 187 1,400 0,007 Alerta Alerta
EMBTMS070 0,001 0,0017 187 0,900 0,005 Alerta Alerta
EMBTMS071 0,004 0,0013 187 -0,100 -0,001 Verde Verde
EMBTMS072 0,032 0,0010 187 -0,100 -0,001 Verde Verde
EMBTMS073 -0,001 0,0001 187 0,300 0,002 Alerta Alerta
EMBTMS075 0,001 0,0019 187 0,900 0,005 Alerta Alerta
EMBTMS080 0,001 0,0022 187 0,900 0,005 Alerta Alerta
EMBTMS081 0,004 0,0020 187 0,000 0,000 Verde Verde
EMBTMS082 0,002 0,0013 187 0,000 0,000 Verde Verde
EMBTMS083 -0,002 0,0005 187 0,400 0,002 Alerta Alerta
EMBTMS084 0,001 0,0001 187 0,100 0,001 Alerta Alerta
EMBTMS085 0,001 0,0045 187 1,200 0,006 Alerta Alerta
EMBTMS090 0,002 0,0026 187 0,800 0,004 Alerta Alerta
EMBTMS091 0,005 0,0024 187 0,000 0,000 Verde Verde
EMBTMS092 0,002 0,0016 187 0,000 0,000 Verde Verde
EMBTMS093 -0,001 0,0005 187 0,400 0,002 Alerta Alerta
EMBTMS094 -0,001 0,0004 187 0,200 0,001 Alerta Alerta
EMBTMS095 0,002 0,0042 187 0,900 0,005 Alerta Alerta
EMBTMS100 0,002 0,0027 187 0,800 0,004 Alerta Alerta
EMBTMS101 0,006 0,0021 187 -0,100 -0,001 Verde Verde
EMBTMS102 0,002 0,0014 187 0,000 0,000 Verde Verde
EMBTMS103 -0,001 0,0004 187 0,400 0,002 Alerta Alerta
EMBTMS104 -0,001 0,0004 187 0,200 0,001 Alerta Alerta
EMBTMS105 0,002 0,0055 187 1,100 0,006 Alerta Alerta
EMBTMS110 0,002 0,0024 187 0,600 0,003 Alerta Alerta
EMBTMS111 0,006 0,0019 187 0,000 0,000 Verde Verde
EMBTMS112 0,002 0,0013 187 0,000 0,000 Verde Verde
EMBTMS113 -0,001 0,0003 187 0,500 0,003 Alerta Alerta
EMBTMS114 -0,001 0,0003 187 0,000 0,000 Alerta verde
EMBTMS115 0,002 0,0046 187 0,900 0,005 Alerta Alerta
EMBTMS120 0,001 0,0021 187 0,600 0,003 Alerta Alerta
EMBTMS121 0,005 0,0017 187 0,000 0,000 Verde Verde
EMBTMS122 0,002 0,0012 187 0,100 0,001 Verde Verde
EMBTMS123 -0,001 0,0003 187 0,500 0,003 Alerta Alerta
EMBTMS125 -0,009 0,0042 187 2,800 0,015 Alerta Alerta
EMBTMS130 -0,001 0,0009 187 0,400 0,002 Alerta Alerta
EMBTMS131 0,005 0,0000 187 -0,200 -0,001 Verde Verde
EMBTMS140 -0,001 0,0007 187 0,400 0,002 Alerta Alerta
EMBTMS141 0,005 -0,0002 187 -0,300 -0,002 Verde Verde
EMBTMS150 -0,0005 0,0005 187 0,200 0,001 Alerta Alerta

Obs. Marcos superficiais assinalados em cinza são aqueles localizados nas ombreiras para os quais foi uitlizada a
Média Móvel 10.

129
5.5 – Relações entre tensões totais e pressões piezométricas

Para a seção 2 da barragem de Emborcação, onde as células de tensão total foram


instaladas próximas a piezômetros, pode-se ainda estabelecer valores limites conjuntos
para estes dois instrumentos, tendo em vista que, se houver acréscimos das pororessões,
a tensão efetiva será reduzida caso a tensão total se mantenha constante.

Tabela 5.19 – Piezômetros associados às células de pressão total da seção2.


Célula de Tensão Total Piezômetro associado
EMBTPT 204 Dreno de areia
EMBTPT 205
EMBTPT 206 EMBTPH 205
EMBTPT 207
EMBTPT 208 EMBTPH 206
EMBTPT 209
EMBTPT 212 EMBTPH 207
EMBTPT 213
EMBTPT 214 EMBTPH 208
EMBTPT 215

A análise visual dos gráficos das tensões totais e das poropressões desenvolvidas ao
longo do tempo mostra que a diferença entre estes valores para pares de instrumentos é
aparentemente constante. Para comprovar esta observação, inicialmente foram traçados
os gráficos da diferença (PT-PH) para cada par de piezômetro e célula de tensão total
associada. Como estes gráficos evidenciaram que as variações das diferenças no tempo
eram significativas, foram aplicadas as seguintes transformações nas variáveis para
reduzir estas oscilações: PT/PH ; PT/(PT-PH) e (PT-PH)/PT. A análise descritiva dos
dados mostrou que a transformação (PT-PH)/PT foi a que conduziu a um menor desvio
padrão, conforme apresentado no Anexo IV.

Partindo-se, pois, da premissa que a barragem em questão apresente um comportamento


satisfatório para as medidas verificadas ao longo do período de operação, foi arbitrado
um valor de controle para a relação (PT-PH)/PT, a ser considerado como o valor
mínimo aceitável, definido a partir da análise individual das séries históricas das
medidas verificadas em campo.

130
(PT-PH)
PT
1,000

0,900

0,800

0,700

0,600

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000
mar-81

mar-82

mar-83

mar-84

mar-85

mar-86

mar-87

mar-88

mar-89

mar-90

mar-91

mar-92

mar-93

mar-94

mar-95

mar-96

mar-97

mar-98

mar-99

mar-00

mar-01

mar-02

mar-03

mar-04

mar-05

mar-06

(PT(215)-PH)/PT (PT(214)-PH)/PT

Figura 5.26 – Relação entre poropressões e tensões totais para os instrumentos


EMBTPH208 e EMBTPT214 e 215.

131
Para os instrumentos EMBTPT206 e PH205, as diferenças entre as pressões medidas
oscilam, em torno de uma média, até o ano de 2001, quando há uma queda abrupta neste
valor, ocorrendo a estabilização das diferenças em um patamar inferior. Para este par de
instrumentos, o valor mínimo da relação (PT-PH)/PT a ser considerado aceitável será
igual a 0,664 kg/cm2, que corresponde ao menor valor observado após 2005,
desconsiderando-se portanto os picos ocorridos após 2001. O mesmo comportamento é
observado para o EMBTPT207 e PH205 e o valor mínimo a ser considerado será igual a
0,475 kg/cm2.

Para os instrumentos EMBTPT208 e PH206, os valores das diferenças de pressões


oscilam em torno de uma média até 1997, quando apresentam um acréscimo. Após
2004, os valores destas diferenças decaem novamente. O valor de controle a ser adotado
será de 0,487 kg/cm2, sendo esta o menor valor de (PT-PH)/PT verificado após 2004.

No caso dos instrumentos EMBTPT209 e PH206, as diferenças de pressão são


negativas, o que indica a ocorrência de pressão efetiva nula, exceto nos períodos de
1980 a 1982 e 1998 a 2003. Tendo em vista ser indesejável a ocorrência de pressões
efetivas nulas, o valor de controle adotado será de 0,00 kg/cm2.

Para os instrumentos EMBTPT212 e PH207, as diferenças entre as pressões medidas


oscilam em torno de uma média até 1999, quando apresentam um acréscimo. Decaem
lentamente até 2004, estabilizando-se depois desta data. O valor de controle a ser
adotado será de 0,498 kg/cm2, sendo esta a menor relação (PT-PH)/PT verificada após
2000. No caso dos instrumentos EMBTPT213 e PH207, as diferenças entre as pressões
medidas também oscilam em torno de uma média até 1999, quando apresentam um
acréscimo e estabilizam-se neste patamar. O valor de controle a ser adotado será de
0,433 kg/cm2, sendo esta também a menor relação verificada após 2000.

Quanto aos medidores EMBTPT214 e PH208, as diferenças entre as suas medidas


oscilam em torno de uma média até 1995, apresentam um acréscimo no período de 1995
a 2002 e vêm decaindo a partir de então. O valor de controle estabelecido será de
0,635kg/cm2, que corresponde ao menor valor da relação (PT-PH)/PT a partir de 2000.

132
Finalmente, os instrumentos EMBTPT215 e PH208 apresentam valores praticamente
estabilizados das diferenças entre as pressões medidas desde 2000. O valor de controle
será de 0,531 kg/cm2, que corresponde ao menor valor obtido após este ano.

Constata-se que as diferenças entre tensão total e poropressão num mesmo ponto são
mais estáveis para os instrumentos instalados mais a jusante do núcleo e isto ocorre
porque a influência das variações do nível d’água do reservatório é mais amortecida por
estes instrumentos, como discutido anteriormente. Percebe-se ainda que a resposta dos
piezômetros e das células de tensão total também não se dá conforme uma mesma regra
de correlação, o que causa variações nas diferenças entre as pressões registradas por
estes instrumentos.

Os estudos de correlação entre estas medidas podem ser aprofundados, mas neste
trabalho serão adotadas as diferenças definidas como valores de controle, ou seja,
valores inferiores a estes tomados como referências serão considerados anômalos. Esta
análise é importante como complementar os estudos de correlação das medidas de
tensão com a cota montante, tendo em vista que as correlações das células de pressão
total foram feitas apenas com as leituras a partir de 2003, quando houve uma variação
injustificada no patamar dos valores medidos.

5.6 – Estabelecimento de valores de controle para a instrumentação

Para o estabelecimento dos valores de controle para a piezometria e tensões totais da


Barragem de Emborcação, serão utilizadas as previsões através do método de
regressões, tendo em vista que, neste caso, foi este método o que melhor conseguiu
representar a maioria das séries de leituras.

Os limites de projeto são aqui definidos conforme USACE (2004), ou seja, são os
valores estabelecidos pela projetista que representam os valores admissíveis para
deslocamentos e pressões gerados na barragem para o coeficiente de segurança de
projeto, lembrando que para Emborcação deverão ser selecionados aqueles passíveis de
utilização.

133
Os limites de consistência são definidos como aqueles determinados estatisticamente e
que antecipam a faixa de medidas esperada para um dado parâmetro monitorado, tendo
em vista o seu histórico de leituras ao longo do tempo. Neste caso, serão obtidos a partir
do gráfico de correlação entre as cotas piezométricas e tensões totais e o nível d’água do
reservatório, e definem as seguintes faixas de comportamento (Figura 5.27):

• Zona de consistência: o valor lido encontra-se dentro da faixa pré-definida


estatisticamente conforme histórico de leituras do instrumento e abaixo do limite
de projeto. A leitura é considerada correta e não necessita de análise imediata
complementar;

• Zona de inconsistência: o valor lido por um instrumento está fora da faixa pré-
definida pelos limites de consistência estabelecidos, mas abaixo do limite de
projeto. Neste caso, a leitura deve ser investigada quanto à sua correção, o
funcionamento do instrumento deverá ser verificado e deverão ser estudadas as
causas do comportamento anômalo.

Zona de Alerta LIMITE DE PROJETO


Cota Piezométrica ou Tensão Total

Zona de Inconsistência

ia
t ênc
n sis
e Co
d
na
Zo Zona de Inconsistência

Cota a Montante (CM) ou Média Móvel adequada da CM

Figura 5.27 – Faixas de comportamento para a Barragem de Emborcação

134
Com base nos limites de projeto e limites de consistência, pode ser estabelecido um
sistema de alerta, que indique situações anormais a serem analisadas pela equipe de
segurança de barragens:

• Alerta de projeto: o valor lido encontra-se acima do limite estabelecido pelo


projeto. Neste caso, ainda que não se configure uma situação de ruptura
iminente, há necessidade de avaliação detalhada das condições de segurança da
barragem e proposição de medidas corretivas, caso necessário. No caso da
barragem de Emborcação, para a maioria dos piezômetros não se dispõem de
limites de projeto adequados e a zona de alerta não poderá ser caracterizada;
• Alerta de tensão: o valor da tensão efetiva é inferior ao valor de controle
previamente estabelecido, levando em consideração a correlação entre tensões
totais e poropressões em determinado ponto do maciço.
• Alerta de consistência: o valor lido por um instrumento está fora da faixa pré-
definida pelos limites de consistência estabelecidos;
• Alerta de persistência: duas ou mais medidas consecutivas dadas por um
mesmo instrumento estão fora da zona de consistência, valores estes crescentes
ou decrescentes;
• Alerta de seção: vários instrumentos de uma mesma seção ou região
instrumentada apresentam valores fora dos limites de consistência;
• Estado de alerta: vários instrumentos de uma mesma seção ou região
instrumentada apresentam valores fora dos limites de consistência, sendo pelo
menos um deles por duas leituras consecutivas. Isto pode indicar um problema
potencial no comportamento da barragem e as causas dos valores anômalos
deverão ser investigadas imediatamente e com a profundidade necessária;

A caracterização dos alertas para análise preliminar dos dados da piezometria e tensões
totais por sistema informatizado de gerenciamento da instrumentação poderá ser feita
conforme fluxograma exposto a seguir (Figura 5.28):

135
Leitura do PH ou PT

Valor da Pressão medida


(poropressão ou tensão total)

PT associada a Sim Tensão total Não Alerta de


PH? superior ao valor de
controle?
Tensão

Sim

Inferior ao
Não Alerta de
Limite de
projeto ? Projeto

Sim

Dentro da Sim
Zona de Operação Normal
Consistência

Não

Demais
Valor anterior instrumentos da
Não mesma seção dentro
dentro da Zona
de Consistência? da Zona de
Consistência?

Sim

Demais instrumentos
Não Possível alteração do
da mesma seção
comportamento na seção
dentro da Zona de
instrumentada
Consistência?
Sim Não
Sim

Possível inconsistência Sim


da Leitura

Alerta de Alerta de Alerta de Estado


Consistência Seção Persistência de Alerta

Uma medida numa seção Várias medidas numa seção Uma medida 2 leituras Várias medidas fora da
instrumentada fora da Zona instrumentada fora da Zona de consecutivas fora da Zona de Consistência,
de Consistência Consistência Zona de Consistência sendo pelo menos 1
delas por 2 leituras
consecutivas

Figura 5.28 – Fluxograma de análise preliminar dos dados da piezometria e tensões


totais para a Barragem de Emborcação por sistema informatizado de gerenciamento da
instrumentação.

136
No estabelecimento de valores limites ou de controle para os recalques da Barragem de
Emborcação também serão desconsiderados os limites de projeto, tendo em vista que os
valores esperados já foram, em muito, superados pelos efetivamente medidos em
campo.

Para analisar as variações no comportamento dos recalques, a velocidade atual de


recalque será comparada com a velocidade de recalque anterior, V(t-1), e com a média
das quatro velocidades de recalque antecessoras, V(t-1) a V(t-4). Para os marcos de
recalque superficial localizados próximo das ombreiras, será utilizada a média das dez
últimas velocidades de recalque, como discutido anteriormente. O sistema de alertas
proposto consiste dos seguintes alertas:

• Atenção: acima da velocidade anterior: indica que a velocidade de recalque


atual é superior à anterior;
• Atenção: acima da velocidade média: indica que a velocidade de recalque
atual é superior à média das quatro últimas velocidades de recalque
(considerando a média das dez últimas velocidades de recalque para os marcos
de recalque superficial localizados próximo das ombreiras);
• Atenção: velocidade de recalque crescente: as velocidades de recalque são
crescentes por duas campanhas de medição consecutivas ou a velocidade média
obtida nas 4 últimas medições é superior à anterior. Neste caso, a variação
observada pode não ser causada por imprecisão na leitura e as suas causas
devem ser pesquisadas.

A caracterização dos alertas para análise preliminar dos dados de recalque por sistema
informatizado de gerenciamento da instrumentação poderá ser feita conforme
fluxograma e alarmes indicados na figura 5.29.

137
Recalque medido em
campo

Velocidade atual de
recalque - Vt

Sim
Vt<0 ?

Não

Inferior à V (t-1) e
inferior à média das 4 Sim Recalques tendendo
últimas veloc. de à estabilização
recalque?
Não

Atenção:
Superior à V(t-1)? Sim Acima da
velocidade
anterior
Não

Atenção:
Superior à média Sim Acima da
das 4 últimas veloc. velocidade
de recalque?
média
Não

Vt>V (t-1)>V(t-2)? Atenção:


ou Sim Veloc. de
V t >V(MM4) >V(MM4 anterior)? recalque
crescente

Figura 5.29 – Fluxograma de análise preliminar dos dados de recalque para a Barragem
de Emborcação por sistema informatizado de gerenciamento da instrumentação.

138
CAPÍTULO 6

VALORES DE CONTROLE PARA A INSTRUMENTAÇÃO DE


BARRAGENS COM PEQUENAS OSCILAÇÕES NO NÍVEL DO
RESERVATÓRIO:
ESTUDO DE CASO DA BARRAGEM DE PIAU

6.1 – A Barragem de Piau

A Usina Hidrelétrica de Piau foi construída pela CEPIAU e incorporada pela Cemig em
1962. Está localizada no rio Piau, no município de mesmo nome em Minas Gerais, a
240km de Belo Horizonte. Sua potência instalada é de 18 MW, tendo entrado em
operação em junho de 1955. O reservatório formado pela barragem (Figura 6.1) possui
volume de 0,42 x 106 m3 e, para extravasar a cheia de projeto, existem um vertedouro
principal tipo descarga livre na margem direita com capacidade máxima de 300m³/s e
um vertedouro tipo tulipa com capacidade de 60m³/s.

Figura 6.1– Vista geral da Barragem de Piau

139
A estrutura principal da barragem consiste de um maciço de terra homogênea (Figura
6.2), com altura máxima de 23,5 m e comprimento da crista de 95 m. O projeto e a
construção da barragem foram de responsabilidade da Geotécnica S.A., sendo o
empreendimento executado entre 1951 e 1954.

Figura 6.2– Planta baixa da barragem de Piau

A barragem está assentada em solo residual na ombreira esquerda e em solo residual e


aluvião na ombreira direita. A região central do maciço tem como fundação um gnaisse
muito decomposto a montante e assenta-se em aluvião a jusante.

O sistema de drenagem interna é composto por um filtro de areia vertical, localizado


22m a jusante do eixo da barragem, sob o qual foi perfurada uma linha de poços de
alívio de φ3” através da fundação. Na base do filtro vertical foi colocado um tubo de
concreto perfurado de φ6”, envolto em brita e areia. A água percolada é conduzida para
jusante através de três tubos horizontais de concreto poroso, também com diâmetro de
6” e envoltos em brita e areia (Figura 6.3). Para consolidar e reduzir a percolação
através da fundação, foram executadas duas linhas de cortina de injeção, localizadas
respectivamente 18 e 13 m a montante do eixo da barragem.

140
Figura 6.3– Seção típica e aspectos do sistema de drenagem interna da barragem

Desde o primeiro ano de operação, a barragem de terra passou por diversas intervenções
visando melhorar e controlar a percolação pelo maciço, fundação e, especialmente, pela
região junto da ombreira esquerda.

Assim, logo após o término da construção, em 1956, foram identificadas surgências


d’água na ombreira esquerda junto ao pé do talude. Para redução da permeabilidade da
fundação, a Geotécnica S.A. utilizou injeções de cimento-argila na provável faixa de
percolação pela fundação, a montante da ombreira esquerda (Figura 6.4 - A).
Posteriormente, em 1962, foram verificadas surgências na ombreira esquerda e, para
controlar a saída da água, a Cemig construiu drenos de brita superficiais no pé de
jusante da barragem (Figura 6.4 - B).

141
Em abril de 1971, pequenas surgências e áreas empoçadas apareceram novamente junto
ao pé da barragem, na região da ombreira esquerda. Estas surgências foram monitoradas
visualmente e através da instrumentação instalada durante oito anos. Em 1979, a Cemig
projetou e executou uma trincheira drenante (Figura 6.4 – C) para rebaixar o nível
freático na região, objetivando solucionar definitivamente o problema. Esta trincheira
drenante consistia de um dreno de areia envolvendo uma manilha de concreto poroso.

Figura 6.4 – Obras executadas visando o controle das percolações da barragem de Piau

Nesta ocasião, a barragem foi reinstrumentada, sendo instalados medidores de nível


d’água e um medidor de vazão para permitir o acompanhamento mais efetivo da região
das surgências e do funcionamento da trincheira drenante construída.

Com a execução da trincheira drenante no pé da barragem, não foram detectadas


anomalias até 1997, quando foi observada uma elevação do nível freático no pé da
barragem, bem como a redução do volume de água percolada através do sistema de
drenagem construído no pé da barragem. Entretanto, não foram observados quaisquer
indícios visuais de surgências, abatimentos, áreas mais verdes no gramado, etc que
indicassem problemas no comportamento do maciço. Neste sentido, foram

142
implementadas novas análises de percolação e estabilidade da barragem e estabelecidos
valores de controle determinísticos para as leituras da instrumentação, para que a equipe
de segurança de barragens pudesse ser alertada caso houvesse novas mudanças no
comportamento das medidas de pressão e vazões de percolação.

As Figuras 6.5 a 6.8 apresentam as seções instrumentadas da barragem de Piau,


mostrando as respectivas relações e distribuições dos instrumentos em funcionamento
atualmente.

Cota de Periodicidade
Instrumento Tipo Localização
Instalação da leitura
Estaca 0+ 13m
PIBTMN002 Medidor de nível d’água 622,963 Aterro Quinzenal
Estaca 1+ 00m
PIBTMN001 621,841 Quinzenal
Aterro
PIBTMN003 Medidor de nível d’água 623,332 Quinzenal
PIBTMN025 617,298 Filtro/Fundação Quinzenal
PIBTPC023 619,028 Contato aterro/fundação Quinzenal
Piezômetro Casagrande
PIBTPC024 615,532 Fundação Quinzenal
Estaca 1+ 10m
PIBTMN005 Medidor de nível d’água 621,83 Quinzenal
Aterro
PIBTPC018 Piezômetro Casagrande 620,70 Quinzenal
PIBTVV001 Medidor de Vazão Pé da barragem Quinzenal

Figura 6.5– Seção instrumentada na ombreira esquerda

143
Cota de Periodicidade
Instrumento Tipo Localização
Instalação da Leitura
PIBTPC008 Piezômetro Casagrande 624,246 Aterro Quinzenal
PIBTPC019 Piezômetro Casagrande 619,175 Aterro Quinzenal
PIBTMN026 Medidor de nível d’água 617,075 Contato aterro / fundação Quinzenal

Figura 6.6– Seção instrumentada no leito do rio – Estaca 2 + 00

Cota de
Instrumento Tipo Localização Periodicidade
Instalação
PIBTMN006 625,305
PIBTMN009 637,7
Medidor de nível d’água Aterro Quinzenal
PIBTMN010 631,9
PIBTMN011 626,8
PIBTPC009 615,232
PIBTPC010 615,632
Fundação Quinzenal
PIBTPC011 615,089
PIBTPC012 615,439
Piezômetro Casagrande
PIBTPC016 619,705 Filtro Quinzenal
PIBTPC017 616,454 Contato aterro/fundação Quinzenal
PIBTPC020 618,616 Aterro
Quinzenal
PIBTPC022 614,783 Contato aterro/fundação

Figura 6.7– Seção instrumentada no leito do rio – Estaca 3+00

144
Cota de Periodicidade
Instrumento Tipo Localização
Instalação da Leitura
Estaca 4+00m
PIBTMN007 Medidor de nível d’água 615,977 Contato aterro / fundação Quinzenal
PIBTPC013 Piezômetro Casagrande 616,527 Contato aterro / fundação Quinzenal
Estaca 4+15,00m
PIBTPC025 Piezômetro Casagrande 613,54 Fundação Quinzenal
PIBTPC026 Piezômetro Casagrande 615,91 Fundação Quinzenal
PIBTPC027 Piezômetro Casagrande 617,10 Fundação Quinzenal

Figura 6.8 - Seção instrumentada na ombreira direita

6.2 – Previsão de medidas da instrumentação por modelo determinístico

Como descrito anteriormente, apesar de não existirem evidências visuais de problemas


na barragem, a análise da instrumentação mostrou a existência de níveis de água
elevados a jusante do filtro vertical, o que poderia estar associado a uma redução da
capacidade de vazão do sistema de drenagem interno ou ao aumento da permeabilidade
do solo de fundação.

Em função de potenciais problemas relativos ao comportamento da barragem, concluiu-


se pela necessidade de verificação da estabilidade do maciço e do estabelecimento de
valores de controle determinísticos para as medidas de cada um dos instrumentos
instalados, visando um acompanhamento contínuo dos dados. A idéia era que, cada vez
que uma nova leitura fosse inserida no banco de dados, fosse emitido um alerta

145
automático para as equipes de segurança de barragens caso os limites pré-estabelecidos
fossem atingidos.

Como as informações disponíveis sobre os materiais de construção eram insuficientes


para a condução dos estudos propostos, foram executadas sondagens à percussão no
maciço, com ensaio de SPT e instalação de piezômetros nos furos realizados. Foram
coletados blocos indeformados em dois poços no aterro e executados ensaios de
caracterização e triaxiais.

Os parâmetros de resistência representativos do maciço obtidos pelos ensaios e


utilizados na análise de percolação e estabilidade são apresentados na Tabela 6.1. Os
coeficientes de permeabilidade dos materiais de fundação e do aterro foram estimados
com base na experiência com materiais de características semelhantes e ajustados de
forma a se obter os níveis d’água medidos pela instrumentação, tendo sido utilizados os
seguintes valores (Dam Projetos, 2000):

• aterro kh = 9 kV = 2,25 x 10-8 m/s;


• filtro vertical kh = kV = 3,0 x 10-6 m/s;
• saprolito de gnaisse kh = kV = 1,0 x 10-6 m/s;
• gnaisse kh = kV = 3,0 x 10-7 m/s.

Tabela 6.1 – Parâmetros utilizados no modelo numérico desenvolvido


pela DAM Projetos (2000).

γsat γ parâmetros de resistência


material (kN/m3) (kN/m3) c’ φ’ c φ
(kN/m2) (º) (kN/m2) (º)
Aterro saturado 19,1 35 35,1 132,7 13,2
Aterro não saturado 19,2 56,0 28,7 76,5 23,8
Saprolito de gnaisse 20,0 100 30 - -
Gnaisse 20,0 100 45 - -

146
As análises foram executadas utilizando os softwares SIGMA/W, SLOPE/W e SEEP/W
versão 5.0, desenvolvidos pela GeoSlope International Ltd. A barragem do Piau está
instrumentada com vinte piezômetros tipo Casagrande, onze medidores de nível d’água
e um vertedor medidor de vazão, e os dados destes instrumentos foram utilizados na
calibração do modelo matemático. As análises concluíram que a barragem estava segura
para os níveis piezométricos medidos pela instrumentação, com um fator de segurança
mínimo de 1,745 para a seção de maior altura (Figura 6.9).

Figura 6.9 – Análise de estabilidade para a seção de maior altura da barragem


(DAM Projetos, 2000)

Os valores limites para as medidas da instrumentação, representativos das condições de


alerta e emergência, foram também estabelecidos utilizando o programa GeoSlope,
elevando-se gradualmente o nível da linha freática de forma que o fator de segurança ia
sendo reduzido. Os valores limites fixados foram aqueles obtidos através das redes de
percolação que conduziam a coeficientes de segurança de 1,35 (nível de atenção) e 1,15
(nível de emergência), como apresentado na Tabela 6.2. O ajuste obtido foi muito
satisfatório e estas faixas denominadas de normalidade, alerta e emergência passaram a
ser utilizadas no monitoramento da barragem.

147
Tabela 6.2 – Faixas de normalidade dos instrumentos (DAM Projetos, 2000).

Nível de alerta Nível de


Seção Instrumento
(mca) Emergência (mca)
PIBTMN 002 624,5 626,0
Estaca 0+13,00
PIBTMN 004 629,0 630,0
PIBTPC 023 622,0 623,0
PIBTPC 024 621,5 622,0
Estaca 1+00 PIBTMN 001 622,5 623,0
PIBTMN 003 624,5 626,0
PIBTMN 025 619,5 620,5
PIBTPC 018 624,0 626,0
Estaca 1+10,00 PIBTMN 005 624,0 626,0
PIBTMN 026 619,5 620,5
PIBTPC 008 626,5 627,0
Estaca 2+00
PIBTPC 019 624,0 626,0
PIBTPC 009 616,5 617,0
PIBTPC 010 617,0 617,5
PIBTPC 011 617,0 617,5
PIBTPC 012 617,0 617,5
PIBTPC 016 624,5 627,5
Estaca 3+00
PIBTPC 017 621,5 622,0
PIBTPC 020 624,0 626,0
PIBTPC 021 627,0 629,0
PIBTPC 022 629,0 631,0
PIBTMN 006 629,5 630,0
PIBTPC 013 619,0 620,5
Estaca 4+00
PIBTMN 007 620,0 621,5
PIBTPC 014 619,5 621,0
Estaca 4+10,00
PIBTPC 015 620,5 622,0

Entretanto, o processo de elevação do nível freático no maciço, nas regiões próximas à


ombreira esquerda, continuou agravando-se lentamente e, em fevereiro de 2002, foi
observada a presença de uma grande área úmida no pé da barragem (Figura 6.10). Os
níveis de água indicados pelos instrumentos instalados no interior do dreno do pé da
barragem chegaram a subir 2,5m nos medidores de nível d’água PIBTMN025 e 026. O
piezômetro mais afetado, o PIBTPC024, chegou a indicar um aumento de pressão igual
a 1,2 mca (Figura 6.11).

148
Área úmida

Figura 6.10 – Localização da área úmida na região do pé da barragem

Figura 6.11 – Gráfico de alguns instrumentos instalados na área em questão com os


respectivos limites de atenção e alerta determinísticos.

149
Através das medidas dos instrumentos instalados na região e de informações locais
sobre a região umedecida, concluiu-se que a drenagem do pé da barragem estava
colmatada. Como o nível d’água elevou-se significativamente em todos os piezômetros
e medidores de nível d’água da região imediatamente a jusante da barragem na ombreira
esquerda, e o coeficiente de segurança já estaria abaixo do desejável, decidiu-se pela
imediata desobstrução da trincheira drenante construída no pé da barragem (zona C da
Figura 6.4). Isto foi feito introduzindo uma sonda do tipo roto-roother através da
tubulação coletora da drenagem (Figura 6.12).

Figura 6.12 – Procedimentos para a desobstrução da trincheira drenante e detalhe do


material causador da colmatação

Imediatamente após a desobstrução, as medidas dos instrumentos instalados no interior


do dreno voltaram aos valores normais, anteriores a janeiro de 1997. Os piezômetros
mais próximos também tiveram seus níveis piezométricos reduzidos.

Através da sonda roto roother, foi possível inferir o local do entupimento. Abriu-se um
poço onde se verificou que a tubulação havia sido obstruída por um material escuro e
gelatinoso, o qual também afetou a resistência do concreto, a ponto de se poder cortá-lo
com faca sem grande esforço.

Foram coletadas amostras de água do reservatório, do tubo de concreto deteriorado e do


material escuro depositado dentro do tubo para análises físico-químicas, realizadas de

150
acordo com a Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater
(AWWA-APHA-WEF, 1998). Os resultados das análises concluíram que a saída do
sistema de drenagem havia sido colmatada por ferro-bactérias (Gallionella ssp e
Leptothrix ssp), sulfo-bactérias (Thiothrix ssp) e mangano-bactérias (espécies não
identificadas) (Carim et al., 2004).

A partir deste incidente, pode-se verificar que, embora os limites determinísticos da


instrumentação tenham sido determinados conseguindo-se um bom ajuste com as
leituras de campo, estes se mostraram ineficientes na detecção automática do problema
ocorrido. Apesar do crescente aumento dos níveis d’água e dos níveis piezométricos na
região adjacente à ombreira esquerda, os alertas foram dados tardiamente, comprovando
as limitações citadas anteriormente neste trabalho. Neste contexto, constatou-se que até
mesmo um limite estabelecido pelo valor máximo já registrado pelas leituras teria sido
mais eficiente para a definição de um alerta automático de anormalidades nas leituras.

6.3 - Previsão de leituras para a instrumentação por métodos estatísticos

Como descrito no item anterior, apesar dos modelos determinísticos terem possibilitado
o estabelecimento, com a precisão desejada, de valores esperados para as poropressões e
níveis d’água para a barragem de Piau, verificou-se a necessidade da implementação de
uma abordagem por limites estatísticos, levando-se em consideração o histórico das
medidas e sua evolução ao longo do tempo.

6.3.1 Previsões de pressões e níveis d’água no maciço e fundações utilizando


métodos de regressão

A preparação dos dados foi feita de forma similar às análises pelo método de correlação
aplicado às leituras dos instrumentos da barragem de Emborcação. Entretanto, as
variações no nível do reservatório de Piau são pequenas (Figura 6.13), principalmente
em comparação às ocorridas no reservatório da barragem de Emborcação, como se
constata pelos valores do desvio padrão da cota montante em ambos os reservatórios
(Tabela 6.3). A oscilação máxima anual em Piau é de 3,84 metros, quando excluídas as

151
vezes que foi necessário o deplecionamento do reservatório para reparos na barragem
(construção dos drenos citados anteriormente) e reparos na tulipa.

Figura 6.13 – Variação do nível do reservatório da Barragem de Piau com o tempo

Tabela 6.3 – Comparação entre as variações do nível d’água dos reservatórios de


Emborcação e Piau
Desvio Coeficiente de
Barragem Média Variância Mínimo Máximo
padrão variação
Emborcação 650,16 9,4771855 89,817044 621,76 660,82 1,45766%
Piau 634,94 1,8892418 3,5692345 623,58 636,899 0,29754%
Piau - excluindo 635,27 0,5007930 0,2507936 633,05 636,899 0,07883%
valores extremos

Provavelmente devido a esse fato não foi verificada nenhuma correlação significativa
do nível de água a montante ou jusante com as leituras dos instrumentos. Os
coeficientes de correlação obtidos variaram entre 0,05 e 0,65, o que inviabilizou a
utilização da técnica de regressão linear aos dados da instrumentação desta usina.

Quanto ao método de séries temporais, optou-se por não empregar esta metodologia na
previsão de pressões para a barragem de Piau. As estimativas por séries temporais
aplicadas aos dados da barragem de Emborcação mostraram que apenas os dois ou três

152
valores seguintes da série prevista eram adequados. Desta forma, a programação
computacional para a previsão de valores futuros de determinado parâmetro medido
utilizando esta metodologia tornar-se-ia bastante complexa: a cada nova leitura, este
valor teria que ser validado, passar a compor a série temporal de referência e,
finalmente, a previsão da próxima leitura poderia ser atualizada. Desta forma, para
possibilitar alertas automáticos em caso de desvios nas medidas haveria a necessidade
de se fazer a integração do banco de dados da instrumentação com um software
estatístico.

6.3.2 - Previsão de pressões e níveis d’água no maciço e fundações utilizando


funções senoidais

A análise visual do gráfico das medidas dos instrumentos versus tempo mostrou que
alguns deles, notadamente os piezômetros PIBTPC008, 012, 016, 017, 018, 020, 022 e
023 e os medidores de nível d’água PIBTMN005, 006, 007, 009, 010 e 011, apresentam
uma certa sazonalidade dos dados associados a um padrão de desvios senoidais. Como
não há uma sazonalidade na variação do nível d’água do reservatório, passível de
correlação com as variações nas cotas piezométricas e níveis d’água medidos no
maciço, conclui-se que, para estes instrumentos, tende a existir uma influência direta da
precipitação, com os valores das leituras aumentando nos períodos chuvosos e
decrescendo nos demais meses do ano.

Para verificar esta hipótese, traçou-se o gráfico de medidas versus meses do ano para
estes instrumentos, obtendo-se um comportamento típico como o exemplificado para o
medidor de nível d’água PIBTMN006, apresentado na Figura 6.14, que indica que os
níveis d’água elevam-se substancialmente nos meses de novembro a abril (período
chuvoso).

153
630,00
629,50
629,00
628,50
Nível d'água

628,00
627,50
627,00
626,50
626,00
625,50
625,00
624,50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Meses

Figura 6.14 – Distribuição anual das medidas de nível d’água do medidor PIBTMN006

Desta forma, como a série temporal mostrava-se sazonal, testou-se a função senoidal
aos registros, como uma alternativa para explicar a distribuição dos dados no tempo. O
período utilizado foi de 12 meses, com início no primeiro mês que mostrasse a elevação
das medidas de nível d’água. Para o medidor PIBTMN006, este mês inicial foi
novembro e a equação que melhor se ajustou foi expressa por:

Lt = 1,8 senφ + 0,55 (6.1)

Para uma melhor visualização gráfica das leituras, foi plotada a série Zt = Zt – µ , onde
Zt é a medida do instrumento no tempo t e µ é média da série, tomada como eixo de
referência das abscissas (Figura 6.15).

Cota Piezométrica (mca)


3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
1
10
19

28
37
46
55
64
73
82
91
100
109
118
127
136
145
154
163
172
181
190

199
208
217
226
235
244
253
262
271
280
289
298
307
316

-0,50
-1,00
-1,50
-2,00
-2,50 Tempo

Figura 6.15 – Série temporal dos dados do PIBTMN006 e função senoidal ajustada

154
Acredita-se que possa ser possível refinar este estudo e pesquisar equações senoidais ou
outras cíclicas que permitam um bom ajuste aos valores das medidas. No entanto, como
este será um estudo matemático e não haverá correlações entre ‘grandezas-causa’ e
‘grandezas-efeito’, esta solução não será detalhada nesta dissertação.

6.3.3 - Previsão de pressões e níveis d’água no maciço e fundações utilizando


máximos e mínimos em intervalos pré-fixados

O emprego deste método mostrou-se muito interessante, tendo em vista que a


distribuição dos dados tem uma forte influência sazonal, mas sem correlação com o
nível d’água do reservatório. Para a análise estatística dos dados, foi analisado o gráfico
temporal de cada instrumento, de 1978 a 2007, para identificar o período a partir do
qual tenderia a existir um padrão mais estável da variação das leituras.

Assim, para os medidores de nível d’água PIBTMN002, 007 e 005 e os piezômetros


tipo Casagrande PIBTPC019, 010, 012, 018 e 023, foi considerada a série a partir de
1988, quando ocorre esta padronização. Para o medidor PIBTMN006 e os piezômetros
PIBTPC008, 011, 016, 017, 020 e 022, foi considerada a série a partir de 1993. Os
valores do PIPBTPC013 e o PIBTMN003 foram tomados a partir de 1998; para o
PIPBTPC009 a partir de 2000 e para o PIBTMN001, a partir de 2003. Como os
medidores de nível d’água PIBTMN009, 010 e 011 constituem instrumentos recentes,
instalados em outubro/2001, toda a série dos dados foi adotada nas análises. Quanto aos
instrumentos que registraram a colmatação do dreno em 1997, PIBTMN026 e 025 e
PIBTPC024, foram utilizadas apenas as medidas após a desobstrução, ou seja, a partir
de 2002.

Considerando, pois, os dados selecionados, procedeu-se às respectivas análises por meio


do Programa SAS, incluindo o traçado do boxplot com os percentis 5 e 95 (traço
inferior e superior, respectivamente, plotados para cada mês do ano), caixa contendo
50% dos dados e indicativo da mediana, além dos pontos assinalados com “●”
indicando os outliers (pontos discrepantes acima ou abaixo dos percentis especificados).
A Figura 6.16 e a Tabela 6.4 apresentam os resultados obtidos para o PIBTMN006.

155
Figura 6.16 – Boxplot para as cotas de nível d’água do PIBTMN006

Tabela 6.4 – Análise descritiva das cotas de nível d’água do PIBTMN006


Análise Descritiva PIBTMN006
Desvio Percentil Quartil Quartil Percentil
Mês N Média Mínimo Máximo
Padrão 5 inferior superior 95
1 34 628,760 0,554 626,981 629,461 627,651 628,419 629,131 629,459
2 28 628,303 0,735 626,841 629,339 627,061 627,641 628,699 629,291
3 32 628,336 0,796 626,741 629,361 626,761 627,656 628,955 629,311
4 27 627,855 0,798 626,781 629,461 626,791 627,181 628,559 629,299
5 32 627,022 0,519 626,461 628,571 626,481 626,646 627,216 628,411
6 28 626,494 0,348 625,621 627,439 625,869 626,306 626,735 626,961
7 32 626,255 0,235 625,691 626,699 625,871 626,106 626,436 626,629
8 27 626,058 0,232 625,471 626,539 625,711 625,951 626,171 626,499
9 32 625,844 0,271 625,371 626,389 625,381 625,601 625,999 626,299
10 30 625,830 0,296 625,291 626,451 625,301 625,511 626,029 626,239
11 32 627,002 1,384 625,211 629,571 625,231 625,946 628,330 629,359
12 30 628,679 0,882 625,641 629,591 625,981 628,591 629,209 629,541

Os valores previstos para as medidas serão, então, considerados como aqueles incluídos
na faixa dada pelos percentis 5 e 95. Estes percentis foram adotados com o objetivo de
excluir as leituras mais discrepantes, para as quais seria interessante alertar as equipes
de análise dos dados. Desta forma, seriam consideradas ‘normais’ as medidas inseridas
numa faixa de valores que abrange 90% dos dados históricos registrados dentro do
período de leituras selecionado para cada instrumento e considerado representativo de
um comportamento satisfatório da barragem.

156
6.4 – Estabelecimento de valores de controle para a instrumentação

Para o estabelecimento dos valores de controle para a piezometria da Barragem de Piau,


serão aplicadas as previsões obtidas pelo método dos máximos e mínimos em intervalos
pré-fixados, tendo em vista que, neste caso, foi este método dentre os pesquisados o que
melhor conseguiu representar os valores da série de leituras.

Os valores de controle são aqui definidos de forma similar ao descrito para a barragem
de Emborcação. Entretanto, como existem níveis de alerta e de emergência obtidos
através de métodos determinísticos bastante ajustados aos valores medidos em campo
pela piezometria, estes serão incorporados ao modelo. Os limites de projeto continuarão
sendo os valores estabelecidos pela projetista que representam os valores aceitáveis para
as pressões e níveis d’água para o coeficiente de segurança de projeto, considerando, no
caso em estudo, aqueles previstos no modelo determinístico para os níveis de alerta e de
emergência.

Assim, as faixas de comportamento foram estabelecidas a partir do gráfico de limites


mensais definidos no item anterior, como mostrado na Figura 6.17.

Zona de Alerta de Projeto LIMITE DE PROJETO- Nível de emergência


Zona de Atenção de Projeto LIMITE DE PROJETO- Nível de alerta
0,00
Nível d’água ou Cota Piezométrica

9,50
9,00 Zona de
Zona de Inconsistência
8,50 Consistência
8,00
7,50
7,00
6,50
6,00
Zona de
5,50 Inconsistência
5,00
4,50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Meses

Figura 6.17 – Faixas de comportamento para a Barragem de Piau

157
Conclui-se que, apesar do estudo estatístico dos dados de nível d’água e piezometria da
Barragem de Piau ter utilizado ferramentas bem mais simples que o de Emborcação, o
resultado final em termos de capacidade de alerta no caso de alteração no
comportamento das medidas foi muito satisfatório, uma vez os limites determinísticos
estão bastante ajustados aos valores máximos observados em campo e, desta forma,
constituem boas referências em termos de verificação da segurança da barragem. Para a
Barragem de Piau, o fluxograma geral de alerta seria aquele indicado na Figura 6.18.

158
Leitura do PC ou MN

Valor da Pressão ou Nível


d’água medidos

Inferior ao Limite Não Alerta de


de Projeto de
Alerta?
Projeto

Sim

Inferior ao Limite Não Atenção de


de Projeto de
Atenção? Projeto

Sim

Dentro da Sim
Zona de Operação Normal
Consistência

Não

Demais
Valor anterior instrumentos da
Não mesma seção dentro
dentro da Zona
de Consistência? da Zona de
Consistência?

Sim

Demais instrumentos
Não Possível alteração do
da mesma seção
comportamento na seção
dentro da Zona de
instrumentada
Consistência?
Sim Não
Sim

Possível inconsistência Sim


da Leitura

Alerta de Alerta de Alerta de Estado


Consistência Seção Persistência de Alerta

Uma medida numa seção Várias medidas numa seção 2 leituras consecutivas Várias medidas fora da
instrumentada fora da Zona instrumentada fora da Zona de de uma mesma medida Zona de Consistência,
de Consistência Consistência fora da Zona de sendo pelo menos 1
Consistência delas por 2 leituras
consecutivas

Figura 6.18 – Fluxograma de análise preliminar dos dados da piezometria e níveis


d’água para a Barragem de Piau por sistema de gerenciamento da instrumentação

159
CAPÍTULO 7

CONCLUSÕES

7.1 – Introdução

O trabalho desenvolvido nesta dissertação teve como objetivo a aplicação de métodos


estatísticos na análise preliminar dos dados da instrumentação de barragens, visando
estabelecer valores de controle de segurança. Uma vez ultrapassados, alertas seriam
automaticamente gerados para as equipes da segurança, contribuindo, assim, para a
detecção de alterações no comportamento das leituras imediatamente após a sua coleta.

Embora a instrumentação seja fonte importante de informações sobre o comportamento


geotécnico de uma barragem, a sua efetiva relevância para a manutenção da segurança
dessas estruturas decorre da condição de pleno funcionamento de todos os instrumentos
e de uma coleta e análise dos dados obtidos em tempo hábil. Esta análise envolve a
correlação dos valores medidos com os carregamentos aplicados, determinação de
tendências de variação e cuidadosa comparação com os valores previstos teórica ou
experimentalmente. Exige, portanto, profissionais experientes e com conhecimento
sobre o objetivo geral do esquema de instrumentação de determinada barragem, das
tolerâncias e limitações de cada tipo de instrumento e do comportamento esperado das
estruturas analisadas. Eis então uma das maiores dificuldades encontradas para o
monitoramento eficaz de barragens: as equipes de leitura não possuem capacitação que
as possibilite efetuar as análises descritas e, via de regra, não existe uma equipe de
análise de dados da instrumentação disponível para a análise das leituras de uma
determinada barragem de forma contínua e ininterrupta.

Por isso, sempre que possível, devem ser feitas previsões das magnitudes de variações
nas leituras, de forma que o pessoal de campo possa distinguir de imediato aqueles
registros que não se enquadrem nas faixas de referência previstas.

160
Caracteriza-se, então, a importância da utilização de um banco de dados de
instrumentação, capaz não só de armazenar os registros coletados e permitir sua
sistematização para fins de uma análise global, mas também subsidiar uma análise
preliminar das leituras, ou seja, detectar valores anômalos mediante correlação imediata
e direta com os valores de referência adotados.

De forma geral, apesar de transcorridos quase 30 anos das primeiras tentativas de


estabelecimento de valores de controle para os dados da instrumentação de barragens, a
grande maioria dos bancos de dados de instrumentação no Brasil não apresenta as
funcionalidades de uma análise preliminar de dados, a maioria possuindo apenas limites
de alerta de projeto. Estes ‘valores limites’ usualmente não levam em consideração a
série histórica das informações fornecidas pelos instrumentos e podem ser incapazes de
alertar sobre mudanças no comportamento de maciço com a antecedência desejável.

7.2 – Principais Conclusões

A análise dos limites determinísticos estabelecidos por projetistas para as barragens de


Emborcação e Piau mostrou a dificuldade de se obter valores de controle coerentes e
que pudessem ser adotados efetivamente como ‘limites’. Este problema ficou mais
evidente para a Barragem de Emborcação, devido às conhecidas dificuldades inerentes à
determinação de parâmetros geotécnicos para enrocamentos. Uma primeira e importante
conclusão destas análises é que o estabelecimento de limites determinísticos não é uma
tarefa simples e que, mesmo quando empregados modelos consistentes e calibrados com
os valores dados pela instrumentação de campo, invariavelmente tenderão a ocorrer
divergências sensíveis entre os valores lidos pela instrumentação instalada nos maciços
e aqueles previstos pelos modelos matemáticos.

A análise do incidente ocorrido na Barragem de Piau demonstrou que os limites


determinísticos podem ser ineficazes na identificação precoce de comportamentos
anômalos tanto das estruturas quanto dos próprios instrumentos, e evidenciou que
somente o estabelecimento de faixas de leituras aceitáveis para cada instrumento,

161
considerando o seu histórico de medidas, torna possível o diagnóstico precoce de
anomalias.

Para estudar a aplicabilidade de métodos estatísticos na análise preliminar dos dados da


instrumentação, foram utilizadas as técnicas de diagramas de dispersão, regressão
linear, séries temporais, médias móveis e modelos tipo máximo-mínimo em intervalos
pré-fixados. Foi observada uma relativa facilidade no uso de ferramentas estatísticas,
tendo em vista a existência de softwares comerciais de fácil utilização, embora o
emprego de técnicas de séries temporais exija um conhecimento mais aprofundado para
que sejam obtidos resultados adequados. Um dos maiores desafios consiste em se
determinar o conjunto de dados a ser considerado nas análises. Tendo em vista que o
objetivo é determinar o comportamento admitido como ‘normal’ e que deve ser seguido
pelas leituras futuras, todos os dados considerados anômalos deveriam ser previamente
excluídos.

Salienta-se que a premissa básica das análises estatísticas, com vistas a determinar
faixas de medidas consistentes e conformes para a instrumentação e que indicariam um
comportamento adequado de determinada barragem, é que o comportamento passado
expresso pelas medidas da instrumentação seja adequado e satisfatório.

Para a Barragem de Emborcação, foram estudados todos os piezômetros e células de


tensão total instalados na barragem principal e em funcionamento, bem como todos os
marcos de recalque superficial instalados na crista e bermas de jusante. O
comportamento dos dados de pressões e de tensões foi analisado utilizando regressões
lineares, buscando correlações entre as leituras e o nível do reservatório. Para efeito de
comparação e avaliação da qualidade das previsões de leituras futuras obtidas pelo
método de regressão, fez-se a previsão de leituras para parte destes instrumentos
empregando técnicas de séries temporais segundo a abordagem de Box & Jenkins. No
sentido de associar os valores das tensões totais aos das poropressões em determinado
ponto do núcleo, procedeu-se, ainda que de forma preliminar, uma tentativa de
correlação entre estas medidas. Buscou-se adicionalmente analisar medidas de recalque
por meio da análise das variações do vetor velocidade dos recalques com o tempo.

162
As principais conclusões relativas à aplicação das análises estatísticas e às tentativas de
estabelecimento de valores limites e de alertas para a Barragem de Emborcação foram
as seguintes:

• os resultados obtidos no estabelecimento de faixas de consistência para os dados


de poropressões e tensões totais, utilizando regressões lineares, evidenciaram a
relevância e validade da utilização de estudos de correlação para esta finalidade;

• para os piezômetros e as células de tensão total, devem ser pesquisadas


correlações com a posição do nível do reservatório de montante e/ou de jusante.
No caso da Barragem de Emborcação, a influência da cota montante foi
preponderante para todos os instrumentos;

• alguns piezômetros não respondem diretamente às variações do nível d’água do


reservatório, nem mesmo a um dado valor defasado deste nível. Verificou-se,
entretanto, que tendem a responder segundo um valor médio das flutuações do
nível de montante, ou seja, as leituras estão mais bem correlacionadas com uma
série suavizada dos níveis d’água do reservatório;

• na Seção 1, os piezômetros instalados na fundação e no núcleo acima da cota


637,00 têm suas leituras correlacionadas com a cota montante; as leituras dos
piezômetros EMBTPH 105, 106 e 108, instalados na porção montante do
núcleo, têm correlação com a média móvel 30 da cota montante, enquanto que
os medidores EMBTPH104 e 107, localizados mais a jusante do núcleo,
apresentam correlação com a média móvel 400 e 350, respectivamente;

• comportamento semelhante pode ser observado na Seção 2 da barragem: as


leituras do medidor EMBTPH209 podem ser correlacionadas com a cota
montante e as dos EMBTPH206, 207 e 208 com a média móvel 30 do nível
d’água do reservatório. No caso da Seção 3, todos os piezômetros estão
instalados na fundação e tiveram melhor correlação com a cota montante;

163
• os estudos de regressão exigem uma análise individualizada do conjunto de
leituras para cada instrumento. Os pontos discrepantes, seja por falhas na leitura,
limpeza, testes nos instrumentos, fases de comportamento anômalo das
estruturas ou quaisquer outros motivos, deverão ser excluídos, para que possa ter
um conjunto de dados que possa refletir um estado ‘normal’ da barragem,
possibilitando, assim, estabelecer um modelo representativo do comportamento
desejável das medidas;

• o modelo de regressão não ficou totalmente adequado para alguns instrumentos,


para os quais os resíduos obtidos não possuem distribuição normal e apresentam
uma certa tendência. Esta tendência indica a necessidade de transformações nos
dados para corrigir a distorção encontrada. Não obstante as inúmeras tentativas
de ajuste testadas, não foram alcançadas melhorias efetivas dos resultados.
Apesar disto, para efeito de estabelecimento de valores de controle e de alertas,
considerou-se estes modelos como satisfatórios;

• a princípio, pode-se concluir que os modelos de séries temporais são aplicáveis à


previsão de valores futuros dos dados de piezometria e de tensões totais. No
entanto, sugere-se maior refinamento dos estudos, tendo em vista a qualidade
das previsões obtidas ter sido insuficiente quando comparadas ao método de
regressão e pelo fato de serem disponíveis modelos mais complexos de séries
temporais que poderiam ser testadas;

• a comparação dos resultados obtidos entre os métodos de regressão e das séries


temporais, na previsão das poropressões, mostrou que foram obtidos melhores
resultados utilizando-se regressões para todos os instrumentos, exceto no caso
dos piezômetros 209, 210 e 211, sendo que, para este último, ambos os métodos
indicaram resultados similares. Tal conclusão comprova a qualidade dos ajustes
da correlação das leituras com a cota montante (nível d’água do reservatório) ou
com a média móvel destas cotas;

164
• a automação da análise preliminar dos dados utilizando a metodologia de séries
temporais envolve maior complexidade. A previsão de uma próxima leitura leva
em conta toda a série temporal de dados e, ao se fazer uma nova leitura, este
valor passa a incorporar a série de dados e, conseqüentemente passará a ser
utilizado na próxima previsão. Com isso, após cada nova leitura, um software
estatístico teria que efetuar a leitura de todo o banco de dados da instrumentação
para prever um próximo valor. Este procedimento é possível de ser feito, uma
vez que o próprio software utilizado neste trabalho (Programa SAS) é capaz de
ler um banco de dados e devolver parâmetros previamente programados. A
maior dificuldade é saber se a última leitura é válida e se a mesma pode ser
realmente incorporada à série temporal a ser utilizada na previsão do próximo
valor;

• a aplicação de métodos estatísticos aos dados de recalques comprovou que estes


não estão estabilizados e que o padrão de variação da velocidade dos recalques
não aponta para a sua redução gradativa. Análises mais detalhadas ficaram
comprometidas pela impossibilidade de quantificar os erros de medição, que não
puderam ser avaliados;

• os resultados obtidos na previsão de recalques não foram satisfatórios, sendo


estimados recalques inferiores aos reais para 35 dos 52 marcos de recalque
instalados na barragem, com a maioria deles registrando leituras bem superiores
aos valores previstos. Para os demais 17 marcos, os resultados previstos
mostraram-se superiores aos de campo, mas também com baixa precisão.
Concluiu-se que o método avaliado não foi eficaz na previsão de recalques e que
há a necessidade do estudo dos erros envolvidos nos levantamentos topográficos
para que seja possível compor uma metodologia adequada de previsão;

• é possível estabelecer correlações entre instrumentos cujas grandezas medidas


estão inter-relacionadas, como piezômetros e células de tensão total instalados
em pontos adjacentes (aumento da poropressão sem aumento da tensão total

165
implica na redução da tensão efetiva), ou medidores de vazão e piezômetros
(redução da vazão e aumento das poropressões pode indicar colmatação do
sistema de drenagem). Estas correlações podem ser utilizadas para detectar
eventuais alterações no comportamento das barragens.

Para a barragem de Piau foram estudados todos os piezômetros e medidores de nível


d’água instalados na barragem e em funcionamento. Foram feitas tentativas de
correlação das medidas com os níveis d’água de montante e de jusante, sem sucesso.
Também foi feita uma tentativa de utilizar uma equação senoidal para explicar a
distribuição de certa forma cíclica dos dados de muitos dos instrumentos. Optou-se por
empregar o método de máximos e mínimos em intervalos pré-fixados com o objetivo
específico de estabelecimento de valores de controle para análise preliminar dos dados.

Em relação à Barragem do Piau, podem ser sistematizadas as seguintes conclusões


sobre as análises estatísticas e tentativas de estabelecimento de valores limites e alertas:

• os limites de alerta determinísticos podem não conseguir evidenciar alterações


numa série de leituras, pois, via de regra, são valores fixos, associados aos
carregamentos máximos atuantes sobre o maciço;

• provavelmente devido à pequena variação do nível d’água do reservatório e a


variabilidade das leituras devido a falhas de calibração dos instrumentos e falhas
de leitura, não se estabeleceu nenhuma correlação significativa entre as leituras
dos instrumentos e a posição da cota montante ou jusante. Os coeficientes de
correlação obtidos variaram entre 0,05 e 0,65, o que inviabilizou a utilização da
técnica de regressão linear na análise dos dados da instrumentação desta
barragem;

• para o estabelecimento de limites em intervalos pré-fixados, é necessário


analisar a série de dados de cada instrumento isoladamente, para identificar o
período a partir do qual existe um padrão mais ou menos estável de variação das

166
leituras. O método empregado, embora baseado na técnica dos valores máximos
e mínimos em intervalos pré-fixados, adotou os valores correspondentes aos
percentis 95 e 5;

• observou-se que alguns instrumentos apresentavam forte caráter de sazonalidade


nas suas séries temporais, correlacionada com os períodos chuvosos, bem
definidos no clima tropical de altitude característico da região onde está inserida
a barragem. Alguns instrumentos apresentam esta característica de forma bem
marcante, como os medidores PIBTMN006, MN010, PC008 e PC017;

• entretanto, outros instrumentos apresentaram leituras praticamente constantes


durante todo o ano, como os medidores PIBTMN00, MN11 e PC012 e PC18.
Não foi possível correlacionar este fato com a posição do instrumento na seção
ou a localização da seção em relação às ombreiras. Este comportamento é
aparentemente aleatório e supõe-se que relacionado, na sua maior parte, a falhas
na instalação de alguns instrumentos;

• o método de limites em intervalos pré-fixados, empregando períodos mensais no


caso da Barragem de Piau, apesar de aparentemente muito simples, pode ser uma
ferramenta interessante e possível de ser utilizada na automação da análise
preliminar de dados da instrumentação da barragem.

Como conclusões mais gerais deste trabalho, pode-se destacar que dados históricos das
grandezas físicas instrumentadas em barragens de terra constituem séries temporais cujo
tratamento e interpretação podem ser feitos aplicando-se métodos estatísticos. Os
resultados das análises estatísticas podem ser utilizados pelos sistemas computacionais
de instrumentação de barragens para permitir a caracterização imediata dos sinais de
alerta, correspondentes às situações de interesse que devem ser analisadas em
profundidade, e orientando, de forma dinâmica e continuada, o trabalho de análise
realizado pelos técnicos envolvidos nestas atividades.

167
O estabelecimento de sistemas de alerta automáticos é uma tarefa relativamente simples,
uma vez que pode ser definido um sistema aceitável de alertas, ainda que com precisão
relativa na previsão de dados futuros. Não se justifica, com as ferramentas
computacionais e com os softwares estatísticos atualmente disponíveis no mercado, que
os bancos de dados de instrumentação de barragem não efetuem análises preliminares
dos dados.

O sistema de alarmes proposto não constitui um dispositivo associado a uma ruptura


iminente da barragem e não deve ser utilizado diretamente para alerta das populações a
jusante de barragens sobre a condição destas estruturas. Trata-se de uma ferramenta a
ser utilizada pelas equipes de monitoramento para explicitar variações nos dados da
instrumentação, que constituem registros diferentes daqueles comumente observados
pela série histórica do instrumento. Estas variações são, por vezes, difíceis de serem
percebidas apenas por meio da simples observação visual do gráfico das medidas ao
longo do tempo.

Finalmente, o trabalho desenvolvido tem uma maior colaboração no sentido de


sistematizar uma forma de pensar a análise preliminar dos dados da instrumentação do
que propriamente estabelecer uma metodologia a ser utilizada de forma generalizada
para este objetivo. As conclusões aqui obtidas não permitem a generalização que os
métodos avaliados sejam os únicos adequados para barragens com reservatórios que
apresentem grandes ou pequenas oscilações no nível d’água.

7.3 – Sugestões para Pesquisas Futuras

Os estudos realizados permitem concluir que os métodos estatísticos podem e devem ser
utilizados no estabelecimento de valores limites para os dados da instrumentação de
barragens e que podem compor sistemas de alerta automáticos para aferir alterações no
comportamento de barragens em operação. Entretanto, há um amplo campo de pesquisa
nesta área, ainda muito incipiente, e muitos aspectos podem ser mais detalhadamente
avaliados, contribuindo para o estabelecimento de sistemas de alerta mais eficazes.
Desta forma, são sugeridos a seguir os seguintes tópicos para pesquisas futuras:

168
• análise da influência de precipitação nas medidas dos piezômetros tipo
Casagrande e medidores de nível d’água instalados na Barragem de Piau;

• melhoria nas correlações de poropressões e tensões totais com o nível de


reservatórios, através da transformação dos parâmetros em valores
adimensionais;

• estudo de metodologia aplicável ao estabelecimento de valores de controle para


os medidores de vazão, incorporando-se a influência da precipitação;

• estabelecimento de valores de controle tanto determinísticos quanto estatísticos


para inclinômetros, ou seja, para medidas de deslocamentos no interior de
maciços de terra compactados, e para extensômetros, deslocamentos esperados
em maciços rochosos e fundações;

• viabilização da utilização de séries temporais e redes neurais em programas


computacionais para análise preliminar de dados da instrumentação;

• análise dos erros sistemáticos (medição de erros), em especial no controle de


recalques;

• estabelecimento de metodologia para análise de recalques em barragens de terra


e/ou enrocamento, podendo ser incluídos estudos dos recalques diferenciais
entre marcos de recalque adjacentes;

• desenvolvimento e melhoria dos fluxogramas lógicos de emissão de alertas para


dados da instrumentação, considerando limites determinísticos e/ou estatísticos.

169
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASCE (2000). Guidelines for Instrumentation and Measurements for Monitoring Dam
Performance. American Society of Civil Engineers Task Committee, USA, 600p.

AWWA-APHA-WEF (1998). Standard Methods for the Examination of Water and


Wastewater. www.standardmethods.org/

BIEDERMANN, R. (1997). Safety Concept for Dams: Development of the Swiss


concept since 1980. Wasser, Energie, Luft, 89: 55-72.

BOX, G.E.P.; JENKINS, G.M. (1970). Time Series Analysis: Forecasting and Control.
Holden-Day, San Francisco.

CARIM, A.L.C., DIAS, G.G., CRUZ, J.F., FUSARO, T.C. (2004). Biological
Clogging of the Drainage of Downstream Toe. 72nd Annual Meeting of ICOLD, Seoul,
Korea, 14p.

CARVALHO, E.L. (1998). Análise comparativa entre a piezometria medida e


resultados numéricos no núcleo da Barragem de Emborcação. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 95p.

CARVALHO, J.V. (2005). Modelagem Temporal das Medidas de Vazão de Drenos da


Barragem de Funil (RJ) Utilizando Redes Neurais e Métodos Estatísticos. Tese de
Doutorado. Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 185p.

CBCB (1996). Auscultação e Instrumentação de Barragens no Brasil. II Simpósio sobre


Instrumentação de Barragens, 1: 123p.

170
COHEN, B.L. (1996). Forecasting examples for business and econometrics using the
SAS System, SAS Institute, 404p.

DAM PROJETOS DE ENGENHARIA (2000). Relatório AXZ-E-RE-001-0 – Usina


Hidrelétrica de Piau - Análise de estabilidade ao escorregamento.

DAM PROJETOS DE ENGENHARIA (2005). Relatório BFQ-C-UB-RE-001-0 -


UHE Emborcação – Avaliação da Segurança da Barragem.

DAM PROJETOS DE ENGENHARIA (2006). Relatório BFQ-C-UB-RE-002-5 -


UHE Emborcação – Avaliação Complementar da Segurança da Barragem.

DE FARIA, E.F., GUEDES, Q.M., CAVALCANTI, A.V. (2005). Modelo Estatístico


de Previsão e Controle da Percolação de Água pela Fundação da Barragem de Concreto
de Funil. XXVI Seminário Nacional de Grandes Barragens, Goiânia, 7p.

DOWNING, D., CLARK, J. (2000). Estatística Aplicada. Editora Saraiva, São Paulo.

ESPÓSITO, T.J. (2000). Metodologia Probabilística e Observacional Aplicada a


Barragens de Rejeito Construídas por Aterro Hidráulico. Tese de Doutorado.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, DF, 363p.

FONSECA, A.R. (2003). Auscultação por Instrumentação de Barragens de Terra e


Enrocamento para Geração de Energia Elétrica – Estudo de Caso das Barragens da UHE
São Simão. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Ouro Preto, pp. 6-47.

FONSECA, J.S., MARTINS, G.A., TOLEDO, G.L. (1982). Estatística Aplicada.


Editora Atlas, 2a edição, São Paulo, 267p.

GUEDES, Q.M., ÁGUAS, M.F.F., BASTOS, J.T. (1999a). Processos e Resultados da


Auscultação de Barragens do Sistema Furnas. XXIII Seminário Nacional de Grandes
Barragens, Belo Horizonte, pp. 135-145.

171
GUEDES, Q.M., GOLDENER, A., BUGARIN, E.R., VIANA, D.M. (1999b)
Retroanálise Neural para a Identificação dos Parâmetros Elásticos da Barragem Casca
de Funil. XXIII Seminário Nacional de Grandes Barragens, Belo Horizonte, pp. 339-
345.

GUEDES, Q.M., GOLDENER, A., BUGARIN, E.R. (1999c). A Contribuição da


Retroanálise Bayesiana no Controle de Segurança da Barragem de Funil com Modelo
Híbrido. XXIII Seminário Nacional de Grandes Barragens, Belo Horizonte, pp.147-153.

GUTIÉRREZ, J.L.C. (2003). Monitoramento da Instrumentação da Barragem


Corumbá I por Redes Neurais e Modelos de Box & Jenkins. Dissertação de Mestrado.
Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 146p.

ICOLD (1989). Monitoring of Dams and their Foundations, Bulletin 68, 375p.

ICOLD (1992). Improvement of Existing Dam Monitoring, Bulletin 87: 9-41.

ICOLD (1995). Dam Failures Statistical Analysis, Bulletin 89: 1-73.

ICOLD (2000). Automated Dam Monitoring Systems, Bulletin 118: 51-59.

KREUZER, H. (1996). Uncertainty in the Safety Evaluation of Dams: The Floating


Factor of Safety. 2nd International Conference on Dam safety Evaluation, Trivandrum,
India, 6p.

KUPPERMAN, S.C., MORETTI, M.R., CIFU, S., CELESTINO, T.B., RE, G.,
ZOELLNER, K. (2004). Criteria to Establish Limits Values of Instrumentation
Readings for Old Embankment and Concrete Dams. Association of Dam Safety
Officials - ASDSO Dam Safety 2004, Phoenix, 13p.

172
KUPPERMAN, S.C., MORETTI, M.R., CIFU, S., RE, G., PÍNFARI, J.C.,
CARNEIRO, E.F., ROSSETO, S.L.G., REIGADA, R.P. (2003). Reavaliação da
Instrumentação de Auscultação Instalada em Barragens da CESP. XXV Seminário
Nacional de Grandes Barragens, Salvador, pp. 116-133.

LAMON INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL LTDA (2002). DA T004 – Documento


auxiliar para interpretação dos resultados de medição. Belo Horizonte, 13p.

LIGOCKI, L.P., SARÉ, A.R., SAYÃO, A.S.F.J., GERSCOVICH, D.M.S. (2003).


Avaliação de Segurança da Barragem de Curuá-Una com Base da Piezometria. XXV
Seminário Nacional de Grandes Barragens, Salvador, pp. 207-217.

MARR, A.W. (2001). Why Monitor Geotechnical Performance?


www.geotest.com/Papers/Why%20Monitor%20Geotechnica%20Performance.pdf

MENGA, R., MASERA, A., BECOCCI, L., JULIANI, M. (1999). Gestão,


Tratamento e Interpretação de Dados de Monitoração Estrutural para Controle de
Barragens. XXIII Seminário Nacional de Grandes Barragens, Belo Horizonte, pp. 329-
335.

MIRANDA, V. (2002). Previsão de cargas por séries temporais. Faculdade de


Engenharia da Universidade do Porto, Portugal, 12p.

MONTGOMERY, D.C., RUNGER, G.C. (2003). Estatística Aplicada e Probabilidade


para Engenheiros. Editora LTC, 2ª edição, Rio de Janeiro, Capítulo 10, pp. 205-229.

MORETTIN, P.A., TOLOI, C.M.C. (2004). Análise de Séries Temporais. Editora


Edgard Blücher Ltda, São Paulo, 510p.

PARRA, P.C. (1985). Previsão e análise do comportamento tensão-deformação da


barragem de Emborcação. XVI Seminário Nacional de Grandes Barragens, Belo
Horizonte, 23p.

173
PARRA, P.C. (2007). Comunicação pessoal.

PIRES FILHO, C.J. (1989). Considerações sobre uma Metodologia de Formulação de


Modelos Matemáticos Estatísticos do Comportamento de Grandezas Medidas –
Aplicação: Controle de Segurança de Barragens em Operação. Dissertação de Mestrado.
Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, 237p.

SAS (2005). Statistical Analysis System- Enterprise Guide 3.0.2.446 SAS/ETS


Software. www.sas.com/technologies/analytics/statistics/index.html

SHARMA, R.P., JACKSON, H.E., HASTIG, J.D.E DAVIS, W.L. (1994).


Deterministic Forecasting Model end Retrofit Instrumentation for Safety Monitoring of
Boundary Dam. 18º Congresso Internacional de Grandes Barragens, Durban, África do
Sul, Vol.1, pp. 1079-1101.

SMITH JR, D.W. (dnd) Surveillance measurements within California’s Dam Safety
Program. www.damsafety.water.ca.gov/tech-ref/dws-paper.pdf

TRIOLA, M.F. (1999). Introdução à Estatística. Capítulos 7 e 9, Editora LTC, Rio de


Janeiro, 349p.

USACE (1995). EM 1110-2-1908 - Instrumentation of Embankment Dams and Levees.


www.usace.army.mil/usace-docs/eng-manuals/em1110-2-1908/toc.htm , 86p.

USACE (2004). EM 1110-2-2300 - Appendix E - Process for Establishing Performance


Parameters. www.usace.army.mil/usace-docs/eng-manuals/em1110-2-2300/toc.htm , 12p.

VIOTTI, C.B. (1997). Longitudinal Cracking at Emborcação Dam. International


Congress on Large Dams, Florença, Itália, pp. 735-747.

174
Anexo I

Modelos de regressão para a piezometria e células de pressão total da


Barragem de Emborcação

I.1
Análise do EMBTPH103

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(21/11/01, 04/01/02, 06/11/89, 10/10/89, 06/08/97).
Nº de observações usadas: 290 Nº de observações usadas: 285
Nº de observações faltantes: 18 Nº de observações faltantes: 18

Analysis of Variance Analysis of Variance


Sum of Mean Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 3625.77706 3625.77706 2714.36 <.0001 Model 1 3583.46909 3583.46909 3487.00 <.0001
Error 270 360.65989 1.33578 Error 265 272.33138 1.02767
Corrected Total 271 3986.43695 Corrected Total 266 3855.80048

Root MSE 1.15576 R-Square 0.9095 Root MSE 1.01374 R-Square 0.9294
Dependent Mean 586.38012 Adj R-Sq 0.9092 Dependent Mean 586.47056 Adj R-Sq 0.9291
Coeff Var 0.19710 DW 0.63 Coeff Var 0.17285 DW 0.653

PH103 = 336,535999 + 0,384209 * CM PH103 = 331,202622 + 0,392423 * CM

I.2
Análise dos Resíduos antes da retirada Análise dos Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.978535 Pr < W 0.0004 Shapiro-Wilk W 0.981815 Pr < W 0.0017
Kolmogorov-Smirnov D 0.04777 Pr > D 0.1331 Kolmogorov-Smirnov D 0.0337 Pr > D >0.1500
Cramer-von Mises W-Sq 0.087973 Pr > W-Sq 0.1669 Cramer-von Mises W-Sq 0.043001 Pr > W-Sq >0.2500
Anderson-Darling A-Sq 0.612074 Pr > A-Sq 0.1123 Anderson-Darling A-Sq 0.304667 Pr > A-Sq >0.2500

I.3
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH103 PH103
CJ 0.35397 MM_300 0.79104
CJ <.0001 MM_300 <.0001
CM 0.95369 MM_350 0.80074
CM <.0001 MM_350 <.0001
MM_5 0.95305 MM_400 0.80127
MM_5 <.0001 MM_400 <.0001
MM_10 0.95165 MM_450 0.78511
MM_10 <.0001 MM_450 <.0001
MM_30 0.94344 MM_500 0.75647
MM_30 <.0001 MM_500 <.0001
MM_50 0.92887
MM_50 <.0001
MM_70 0.91038
MM_70 <.0001
MM_90 0.88986
MM_90 <.0001
MM_100 0.87922
MM_100 <.0001
MM_150 0.83003
MM_150 <.0001
MM_200 0.79722
MM_200 <.0001
MM_250 0.78564
MM_250 <.0001

I.4
Análise do EMBTPH104

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(20/04/95, 24/01/95, 21/03/95, 10/10/89).
Nº de observações usadas: 289 Nº de observações usadas: 285
Nº de observações faltantes: 20 Nº de observações faltantes: 20

Analysis of Variance Analysis of Variance

Sum of Mean Sum of Mean


Source DF Squares Square F Value Pr > F Source DF Squares Square F Value Pr > F

Model 1 654.43118 654.43118 784.12 <.0001 Model 1 641.94223 641.94223 931.70 <.0001

Error 267 222.84084 0.83461 Error 263 181.20708 0.68900

Total 268 877.27201 Total 264 823.14931

Root MSE 0.83006 R-Square 0.7799


Root MSE 0.91357 R-Square 0.7460
Dependent Mean 601.48988 Adj R-Sq 0.7790
Dependent Mean 601.52369 Adj R-Sq 0.7450
Coeff Var 0.13800 DW 0.445
Coeff Var 0.15188 DW 0.46

PH104 = 477,923663 + 0,190027 * MM400


PH104 = 476,96636 + 0,19153 * MM400

I.5
Análise de Resíduos antes da retirada Análise de Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.983387 Pr < W 0.0032 Shapiro-Wilk W 0.986733 Pr < W 0.0151
Kolmogorov-Smirnov D 0.041777 Pr > D >0.1500 Kolmogorov-Smirnov D 0.058112 Pr > D 0.0277
Cramer-von Mises W-Sq 0.074322 Pr > W-Sq 0.2473 Cramer-von Mises W-Sq 0.11855 Pr > W-Sq 0.0664
Anderson-Darling A-Sq 0.574055 Pr > A-Sq 0.1395 Anderson-Darling A-Sq 0.791893 Pr > A-Sq 0.0413

I.6
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH104 PH104
CM 0.74292 MM_350 0.86199
CM <.0001 MM_350 <.0001
MM_5 0.74245 MM_400 0.86370
MM_5 <.0001 MM_400 <.0001
MM_10 0.74317 MM_450 0.86009
MM_10 <.0001 MM_450 <.0001
MM_30 0.75248 MM_500 0.85249
MM_30 <.0001 MM_500 <.0001
MM_50 0.76031
MM_50 <.0001
MM_70 0.76895
MM_70 <.0001
MM_90 0.77777
MM_90 <.0001
MM_100 0.78214
MM_100 <.0001
MM_150 0.80500
MM_150 <.0001
MM_200 0.82665
MM_200 <.0001
MM_250 0.84330
MM_250 <.0001
MM_300 0.85542
MM_300 <.0001

I.7
Análise do EMBTPH105

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(27/12/1994, 24/1/1995, 21/3/1995, 8/5/2002, 4/6/2002, 4/7/2002,
10/10/89, 13/03/2001, 13/03/2002).
Nº de observações usadas: 289 Nº de observações usadas: 280
Nº de observações faltantes: 18 Nº de observações faltantes: 18

Analysis of Variance Analysis of Variance


Sum of Mean Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 4274.18232 4274.18232 2669.48 <.0001 Model 1 4120.56120 4120.56120 4044.69 <.0001
Error 269 430.70295 1.60113 Error 260 264.87722 1.01876
Corrected Total 270 4704.88527 Corrected Total 261 4385.43842

Root MSE 1.26536 R-Square 0.9085 Root MSE 1.00934 R-Square 0.9396

Dependent Mean 623.78584 Adj R-Sq 0.9081 Dependent Mean 623.89353 Adj R-Sq 0.9394
Coeff Var 0.16178 DW 0.617
Coeff Var 0.20285 DW 0.512

PH105 = 352,594093 + 0,417087 * MM_30 PH105 = 355,182606 + 0,413175 * MM_30

I.8
Análise dos Resíduos antes da retirada Análise dos Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.951659 Pr < W <0.0001 Shapiro-Wilk W 0.989478 Pr < W 0.0544
Kolmogorov-Smirnov D 0.092155 Pr > D <0.0100 Kolmogorov-Smirnov D 0.044725 Pr > D >0.1500
Cramer-von Mises W-Sq 0.456459 Pr > W-Sq <0.0050 Cramer-von Mises W-Sq 0.097915 Pr > W-Sq 0.1227
Anderson-Darling A-Sq 2.936976 Pr > A-Sq <0.0050 Anderson-Darling A-Sq 0.687082 Pr > A-Sq 0.0760

I.9
Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0
PH105
CM 0.94727
CM <.0001
MM_5 0.94799
MM_5 <.0001
MM_10 0.94900
MM_10 <.0001
MM_30 0.95313
MM_30 <.0001
MM_50 0.95244
MM_50 <.0001
MM_70 0.94897
MM_70 <.0001
MM_90 0.94290
MM_90 <.0001
MM_100 0.93922
MM_100 <.0001
MM_150 0.91821
MM_150 <.0001
MM_200 0.89982
MM_200 <.0001

I.10
Análise do EMBTPH106

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(10/10/89, 01/04/91, 21/03/95, 09/09/91).
Nº de observações usadas: 289 Nº de observações usadas: 285
Nº de observações faltantes: 18 Nº de observações faltantes: 18

Analysis of Variance Analysis of Variance


Sum of Mean Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 9376.84865 9376.84865 5250.30 <.0001 Model 1 9368.55169 9368.55169 6843.47 <.0001
Error 269 480.42439 1.78596 Error 265 362.77879 1.36898
Total 270 9857.27305 Total 266 9731.33048

Root MSE 1.17003 R-Square 0.9627


Root MSE 1.33640 R-Square 0.9513
Dependent Mean 635.68375 Adj R-Sq 0.9626
Dependent Mean 635.71654 Adj R-Sq 0.9511
Coeff Var 0.18406 DW 0.741
Coeff Var 0.21022 DW 0.829

PH106 = 233,485099 + 0,618643 * MM_30 PH106 = 232,709755 + 0,619844 * MM_30

I.11
Análise dos Resíduos antes da retirada Análise dos Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.962237 Pr < W <0.0001 Shapiro-Wilk W 0.996303 Pr < W 0.7875
Kolmogorov-Smirnov D 0.054807 Pr > D 0.0460 Kolmogorov-Smirnov D 0.036401 Pr > D >0.1500
Cramer-von Mises W-Sq 0.214754 Pr > W-Sq <0.0050 Cramer-von Mises W-Sq 0.045069 Pr > W-Sq >0.2500

Anderson-Darling A-Sq 1.462417 Pr > A-Sq <0.0050 Anderson-Darling A-Sq 0.276953 Pr > A-Sq >0.2500

I.12
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH106 PH106
CM 0.97178 MM_300 0.83929
CM <.0001 MM_300 <.0001
MM_5 0.97293 MM_350 0.84625
MM_5 <.0001 MM_350 <.0001
MM_10 0.97378 MM_400 0.84873
MM_10 <.0001 MM_400 <.0001
MM_30 0.97533 MM_450 0.83652
MM_30 <.0001 MM_450 <.0001
MM_50 0.97026 MM_500 0.81180
MM_50 <.0001 MM_500 <.0001
MM_70 0.96022
MM_70 <.0001
MM_90 0.94629
MM_90 <.0001
MM_100 0.93846
MM_100 <.0001
MM_150 0.89697
MM_150 <.0001
MM_200 0.86164
MM_200 <.0001
MM_250 0.84180
MM_250 <.0001

I.13
Análise do EMBTPH107

Nº de observações utilizadas: 290 Análise dos Resíduos


Nº de observações faltantes: 19
Tests for Normality
Analysis of Variance
Test Statistic p Value
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Shapiro-Wilk W 0.983488 Pr < W 0.0032
Model 1 877.45588 877.45588 1003.11 <.0001 Kolmogorov-Smirnov D 0.062913 Pr > D <0.0100
Error 269 235.30480 0.87474 Cramer-von Mises W-Sq 0.232138 Pr > W-Sq <0.0050
Total 270 1112.76068 Anderson-Darling A-Sq 1.461547 Pr > A-Sq <0.0050

Root MSE 0.93527 R-Square 0.7885


Dependent Mean 620.26527 Adj R-Sq 0.7878
Coeff Var 0.15079 DW 0.467

PH107 = 477,793636 + 0,219079 * MM_350

I.14
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH107 PH107
CM 0.84969 MM_300 0.88535
CM <.0001 MM_300 <.0001
MM_5 0.85098 MM_350 0.88800
MM_5 <.0001 MM_350 <.0001
MM_10 0.85298 MM_400 0.88700
MM_10 <.0001 MM_400 <.0001
MM_30 0.86453 MM_450 0.88006
MM_30 <.0001 MM_450 <.0001
MM_50 0.87292 MM_500 0.86638
MM_50 <.0001 MM_500 <.0001
MM_70 0.87907
MM_70 <.0001
MM_90 0.88350
MM_90 <.0001
MM_100 0.88492
MM_100 <.0001
MM_150 0.88821
MM_150 <.0001
MM_200 0.88697
MM_200 <.0001
MM_250 0.88494
MM_250 <.0001

I.15
Análise do EMBTPH108

Nº de observações utilizadas: 290 Análise dos Resíduos


Nº de observações faltantes: 18
Tests for Normality
Analysis of Variance
Test Statistic p Value
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Shapiro-Wilk W 0.99108 Pr < W 0.0972
Model 1 12188 12188 3940.79 <.0001 Kolmogorov-Smirnov D 0.037634 Pr > D >0.1500
Error 270 835.01802 3.09266 Cramer-von Mises W-Sq 0.097536 Pr > W-Sq 0.1242
Total 271 13023 Anderson-Darling A-Sq 0.658244 Pr > A-Sq 0.0880

Root MSE 1.75860 R-Square 0.9359


Dependent Mean 643.75193 Adj R-Sq 0.9356
Coeff Var 0.27318 DW 0.335

PH108 = 185,886 063 + 0,704175 * MM_30

I.16
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH108 PH108
CM 0.95967 MM_350 0.83993
CM <.0001 MM_350 <.0001
MM_5 0.96144 MM_400 0.84481
MM_5 <.0001 MM_400 <.0001
MM_10 0.96328 MM_450 0.83692
MM_10 <.0001 MM_450 <.0001
MM_30 0.96741 MM_500 0.81569
MM_30 <.0001 MM_500 <.0001
MM_50 0.96453
MM_50 <.000
MM_70 0.95674
MM_70 <.0001
MM_90 0.94456
MM_90 <.0001
MM_100 0.93732
MM_100 <.0001
MM_150 0.89607
MM_150 <.0001
MM_200 0.85889
MM_200 <.0001
MM_250 0.83678
MM_250 <.000
MM_300 0.83254
MM_300 <.0001

I.17
Análise do EMBTPH111

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(01/04/1991, 06/09/1994, 11/10/1994, 02/10/1995, 07/11/1995, 03/01/1996,
24/01/1996, 13/05/1997, 09/06/1997, 06/08/1997, 23/12/1997).
Nº de observações utilizadas: 290 Nº de observações utilizadas: 279
Nº de observações faltantes: 19 Nº de observações faltantes: 19

Analysis of Variance Analysis of Variance


Sum of Mean Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 11805 11805 965.46 <.0001 Model 1 11814 11814 1977.27 <.0001
Error 269 3289.25147 12.22770 Error 258 1541.47043 5.97469
Total 270 15095 Total 259 13355

Root MSE 3.49681 R-Square 0.7821 Root MSE 2.44432 R-Square 0.8846
Dependent Mean 620.17085 Adj R-Sq 0.7813 Dependent Mean 620.66512 Adj R-Sq 0.8841
Coeff Var 0.56385 DW 0.486 Coeff Var 0.39382 DW 0.73

PH111 = 169,338253 + 0,693287 * CM PH111 = 168,319293 + 0,695644 * CM

I.18
Análise dos Resíduos antes da retirada Análise dos Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.835694 Pr < W <0.0001 Shapiro-Wilk W 0.959694 Pr < W <0.0001
Kolmogorov-Smirnov D 0.164994 Pr > D <0.0100 Kolmogorov-Smirnov D 0.103417 Pr > D <0.0100
Cramer-von Mises W-Sq 1.977987 Pr > W-Sq <0.0050 Cramer-von Mises W-Sq 0.505316 Pr > W-Sq <0.0050
Anderson-Darling A-Sq 11.37439 Pr > A-Sq <0.0050 Anderson-Darling A-Sq 3.069271 Pr > A-Sq <0.0050

I.19
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH111 PH111
CM 0.88436 MM_350 0.68810
CM <.0001 MM_350 <.0001
MM_5 0.88420 MM_400 0.68793
MM_5 <.0001 MM_400 <.0001
MM_10 0.88411 MM_450 0.66928
MM_10 <.0001 MM_450 <.0001
MM_30 0.87580 MM_500 0.63711
MM_30 <.0001 MM_500 <.0001
MM_50 0.85915
MM_50 <.0001
MM_70 0.83739
MM_70 <.0001
MM_90 0.81349
MM_90 <.0001
MM_100 0.80109
MM_100 <.0001
MM_150 0.74168
MM_150 <.0001
MM_200 0.69824
MM_200 <.0001
MM_250 0.67846
MM_250 <.0001
MM_300 0.67941
MM_300 <.0001

I.20
Análise do EMBTPH112

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(25/11/96, 30/10/96, 01/02/93, 28/02/92, 24/02/92, 13/05/97, 09/06/97,
18/07/94).
Nº de observações utilizadas: 287 Nº de observações utilizadas: 279
Nº de observações faltantes: 19 Nº de observações faltantes: 19

Analysis of Variance Analysis of Variance


Sum of Mean Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 6612.47628 6612.47628 1484.34 <.0001 Model 1 6800.83497 6800.83497 5605.82 <.0001
Error 266 1184.98564 4.45483 Error 258 312.99658 1.2137
Total 267 7797.46192 Total 259 7113.83155

Root MSE 2.11065 R-Square 0.8480 Root MSE 1.10144 R-Square 0.956
Dependent Mean 595.90345 Adj R-Sq 0.8475 Dependent Mean 595.77219 Adj R-Sq 0.9558
Coeff Var 0.35419 DW 1.20 Coeff Var 0.18488 DW 0.856

PH112 = 256,682189 + 0,521649 * CM PH112 = 245,454856 + 0,538729 * CM

I.21
Análise dos Resíduos antes da retirada Análise dos Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.665912 Pr < W <0.0001 Shapiro-Wilk W 0.990284 Pr < W 0.0806
Kolmogorov-Smirnov D 0.177519 Pr > D <0.0100 Kolmogorov-Smirnov D 0.049253 Pr > D 0.1258
Cramer-von Mises W-Sq 2.897441 Pr > W-Sq <0.0050 Cramer-von Mises W-Sq 0.12317 Pr > W-Sq 0.0559
Anderson-Darling A-Sq 17.12977 Pr > A-Sq <0.0050 Anderson-Darling A-Sq 0.798914 Pr > A-Sq 0.0398

I.22
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH112 PH112
CM 0.92089 MM_350 0.79728
CM <.0001 MM_350 <.0001
MM_5 0.91979 MM_400 0.80605
MM_5 <.0001 MM_400 <.0001
MM_10 0.91813 MM_450 0.79608
MM_10 <.0001 MM_450 <.0001
MM_30 0.91116 MM_500 0.77127
MM_30 <.0001 MM_500 <.0001
MM_50 0.89817
MM_50 <.0001
MM_70 0.88139
MM_70 <.0001
MM_90 0.86248
MM_90 <.0001
MM_100 0.85263
MM_100 <.0001
MM_150 0.80872
MM_150 <.0001
MM_200 0.78034
MM_200 <.0001
MM_250 0.77101
MM_250 <.0001
MM_300 0.78024
MM_300 <.0001

I.23
Análise do EMBTPH114

(Dados a partir de 1998) Análise dos Resíduos


Nº de observações usadas 113
Nº de observações faltantes: 8 Tests for Normality

Analysis of Variance Test Statistic p Value

Sum of Mean Shapiro-Wilk W 0.994011 Pr < W 0.9300


Source DF Squares Square F Value Pr > F Kolmogorov-Smirnov D 0.043637 Pr > D >0.1500
Model 1 8043.69946 8043.69946 15531.6 <.0001 Cramer-von Mises W-Sq 0.022743 Pr > W-Sq >0.2500
Error 103 53.34296 0.51789 Anderson-Darling A-Sq 0.169264 Pr > A-Sq >0.2500
Corrected Total 104 8097.04242

Root MSE 0.71965 R-Square 0.9934


Dependent Mean 621.51681 Adj R-Sq 0.9933
Coeff Var 0.11579 DW 1.15

PH114 = 107,670481 + 0,796916 * CM

I.24
Pearson Correlation Coefficients
Pearson Correlation Coefficients Prob > |r| under H0: Rho=0
Prob > |r| under H0: Rho=0
PH114
PH114
MM_300 0.76648
CJ 0.23115 MM_300 <.0001
CJ 0.0213
MM_350 0.78330
CM 0.99685 MM_350 <.0001
CM <.0001
MM_400 0.78767
MM_5 0.99667 MM_400 <.0001
MM_5 <.0001
MM_450 0.76596
MM_10 0.99565 MM_450 <.0001
MM_10 <.0001
MM_500 0.72466
MM_30 0.98681 MM_500 <.0001
MM_30 <.0001
MM_50 0.96953
MM_50 <.0001
MM_70 0.94589
MM_70 <.0001
MM_90 0.91789
MM_90 <.0001
MM_100 0.90311
MM_100 <.0001
MM_150 0.83257
MM_150 <.0001
MM_200 0.78174
MM_200 <.0001
MM_250 0.76033
MM_250 <.0001

I.25
Análise do EMBTPH115

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(06/06/01, 14/08/96, 20/07/96, 13/05/97, 09/06/97, 24/05/95).
Nº de observações usadas: 288 Nº de observações usadas: 282
Nº de observações faltantes: 22 Nº de observações faltantes: 22

Analysis of Variance Analysis of Variance


Sum of Mean Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 9213.02679 9213.02679 1092.24 <.0001 Model 1 8701.03781 8701.03781 2381.17 <.0001
Error 264 2226.84001 8.43500 Error 258 942.75745 3.65410
Total 265 11440 Total 259 9643.79525

Root MSE 2.90431 R-Square 0.8053 Root MSE 1.91157 R-Square 0.9022
Dependent Mean 612.74431 Adj R-Sq 0.8046 Dependent Mean 613.09268 Adj R-Sq 0.9019
Coeff Var 0.47398 DW 1.03 Coeff Var 0.31179 DW 0.75

PH115 = 219,452174 + 0,605181 * CM


PH115 = 212,750112 + 0,615030 * CM

I.26
Análise dos Resíduos antes da retirada Análise dos Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.737228 Pr < W <0.0001 Shapiro-Wilk W 0.984784 Pr < W 0.0072
Kolmogorov-Smirnov D 0.152082 Pr > D <0.0100 Kolmogorov-Smirnov D 0.046751 Pr > D >0.1500
Cramer-von Mises W-Sq 1.590179 Pr > W-Sq <0.0050 Cramer-von Mises W-Sq 0.087569 Pr > W-Sq 0.1692
Anderson-Darling A-Sq 9.840552 Pr > A-Sq <0.0050 Anderson-Darling A-Sq 0.80646 Pr > A-Sq 0.0383

I.27
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH115 PH115
CM 0.89741 MM_350 0.71121
CM <.0001 MM_350 <.0001
MM_5 0.89731 MM_400 0.71020
MM_5 <.0001 MM_400 <.0001
MM_10 0.89635 MM_450 0.69287
MM_10 <.0001 MM_450 <.0001
MM_30 0.88409 MM_500 0.66104
MM_30 <.0001 MM_500 <.0001
MM_50 0.86531
MM_50 <.0001
MM_70 0.84331
MM_70 <.0001
MM_90 0.82089
MM_90 <.0001
MM_100 0.80954
MM_100 <.0001
MM_150 0.75732
MM_150 <.0001
MM_200 0.72296
MM_200 <.0001
MM_250 0.70634
MM_250 <.0001
MM_300 0.70535
MM_300 <.0001

I.28
Análise do EMBTPH116

(Dados a partir de 2003) Análise dos Resíduos


Nº de observações usadas: 43
Nº de observações faltantes: 0 Tests for Normality
Test Statistic p-valor
Analysis of Variance
Shapiro-Wilk W 0.982101 Pr < W 0.7301
Sum of
Source DF Squares F Value Pr > F Kolmogorov-Smirnov D 0.064548 Pr > D >0.1500

Model 1 17.78131 17.78131 48.53 <.0001 Cramer-von Mises W-Sq 0.02755 Pr > W-Sq >0.2500

Error 41 15.02175 0.36638 Anderson-Darling A-Sq 0.208319 Pr > A-Sq >0.2500

Corrected Total 42 32.80305

Root MSE 0.60530 R-Square 0.5421


Dependent Mean 642.17837 Adj R-Sq 0.5309
Coeff Var 0.09426 DW 1,34

PH116 = 572,543290 + 0,106674 CM

I.29
Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0
PH116
CM 0.71061
CM <.0001
MM_10 0.69692
MM_10 <.0001
MM_30 0.67088
MM_30 <.0001
MM_50 0.63226
MM_50 <.0001
MM_70 0.57269
MM_70 <.0001
MM_90 0.48799
MM_90 0.0004
MM_100 0.43912
MM_100 0.0018

I.30
Análise do EMBTPH206

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(27/12/94, 24/01/95, 21/03/95, 05/09/97, 01/04/91, 13/03/02, 04/06/02,
Nº de observações usadas: 290 04/07/02, 30/07/02).
Nº de observações faltantes: 18 Nº de observações usadas: 281
Nº de observações faltantes: 18
Analysis of Variance
Analysis of Variance
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 8539.89005 8539.89005 5592.57 <.0001
Model 1 8501.94699 8501.94699 8972.48 <.0001
Error 270 412.29141 1.52701
Error 261 247.31264 0.94756
Total 271 8952.18145
Total 262 8749.25963
Root MSE 1.23572 R-Square 0.9539
Root MSE 0.97343 R-Square 0.9717
Dependent Mean 634.54018 Adj R-Sq 0.9538
Dependent Mean 634.60242 Adj R-Sq 0.9716
Coeff Var 0.19474 DW 0.83
Coeff Var 0.15339 DW 1.006

PH206 = 250,270810 + 0,590958 * MM30 PH206 = 249,650951 + 0,591958 * MM30

I.31
Análise dos Resíduos antes da retirada Análise dos Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality

Test Statistic p-Value Test Statistic p Value

Shapiro-Wilk W 0.934481 Pr < W <0.0001 Shapiro-Wilk W 0.988686 Pr < W 0.0375

Kolmogorov-Smirnov D 0.091885 Pr > D <0.0100 Kolmogorov-Smirnov D 0.053318 Pr > D 0.0685

Cramer-von Mises W-Sq 0.549192 Pr > W-Sq <0.0050 Cramer-von Mises W-Sq 0.100403 Pr > W-Sq 0.1131

Anderson-Darling A-Sq 3.607784 Pr > A-Sq <0.0050 Anderson-Darling A-Sq 0.651849 Pr > A-Sq 0.0906

I.32
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH206 PH206
CM 0.97134 MM_250 0.85937
CM <.0001 MM_250 <.0001
MM_5 0.97244 MM_300 0.85950
MM_5 <.0001 MM_300 <.0001
272
MM_10 0.97364
MM_10 <.0001 MM_350 0.86775
MM_350 <.0001
MM_30 0.97670
271
<.0001
MM_400 0.87170
MM_50 0.97317
MM_400 <.0001
MM_50 <.0001
270
MM_70 0.96466
MM_450 0.86110
MM_70 <.0001
MM_450 <.0001
MM_90 0.95249 268
MM_90 <.0001
MM_500 0.83735
MM_100 0.94550 MM_500 <.0001
MM_100 <.0001 266
MM_150 0.90782
MM_150 <.0001
MM_200 0.87586
MM_200 <.0001

I.33
Análise do EMBTPH207

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos discrepantes


(27/12/94, 24/01/95, 21/03/95, 01/04/91, 14/10/88, 03/11/92, 03/11/94)
Nº de observações usadas: 289 Nº de observações usadas: 282
Nº de observações faltante: 18 Nº de observações faltante: 18
Analysis of Variance Analysis of Variance
Sum of Mean Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 13661 13661 7340.07 <.0001 Model 1 13672 13672 11690.4 <.0001
Error 269 500.64654 1.86114 Error 262 306.40297 1.16948
Total 270 14162 Corrected Total 263 13978

Root MSE 1.36424 R-Square 0.9646 Root MSE 1.08142 R-Square 0.9781
Dependent Mean 646.52511 Adj R-Sq 0.9645 Dependent Mean 646.40563 Adj R-Sq 0.9780
Coeff Var 0.21101 DW 0.79 Coeff Var 0.16730 DW 0.96

PH207 = 160,425731 + 0,747549 * MM_30 PH207 = 158,733349 + 0,750003 * MM_30

I.34
Análise dos Resíduos antes da retirada Análise dos Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.923331 Pr < W <0.0001 Shapiro-Wilk W 0.996489 Pr < W 0.8266
Kolmogorov-Smirnov D 0.083699 Pr > D <0.0100 Kolmogorov-Smirnov D 0.03152 Pr > D >0.1500
Cramer-von Mises W-Sq 0.430743 Pr > W-Sq <0.0050 Cramer-von Mises W-Sq 0.040444 Pr > W-Sq >0.2500
Anderson-Darling A-Sq 3.075792 Pr > A-Sq <0.0050 Anderson-Darling A-Sq 0.282487 Pr > A-Sq >0.2500

I.35
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH207 PH207
CM 0.97598 MM_200 0.85376
CM <.0001 MM_200 <.0001
MM_5 0.97731 MM_250 0.83081
MM_5 <.0001 MM_250 <.0001
MM_10 0.97886 MM_300 0.82737
MM_10 <.0001 MM_300 <.0001
271
MM_350 0.83425
MM_30 0.98216 MM_350 <.0001
MM_30 <.0001 270
MM_50 0.97770 MM_400 0.83768
MM_50 <.0001 MM_400 <.0001
MM_70 0.96714 MM_450 0.82610
MM_70 <.0001 MM_450 <.0001
MM_90 0.95182 MM_500 0.80088
MM_90 <.0001 MM_500 <.0001
MM_100 0.94305
MM_100 <.0001
MM_150 0.89518
MM_150 <.0001

I.36
Análise do EMBTPH208

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(27/12/94, 24/01/95, 21/03/95, 17/01/00, 21/11/00, 20/12/00, 23/10/01,
Nº de observações usadas: 290 21/11/01, 20/12/01, 04/01/02, 13/03/02, 08/05/02).
Nº de observações faltantes: 18 Nº de observações usadas: 278
Nº de observações faltantes: 18
Analysis of Variance
Sum of Mean Analysis of Variance
Source DF Squares Square F Value Pr > F Sum of Mean
Model 1 7520.84761 7520.84761 4115.39 <.0001 Source DF Squares Square F Value Pr > F
Error 270 493.42361 1.82749 Model 1 6569.95132 6569.95132 5534.40 <.0001
Total 271 8014.27122 Error 258 306.27472 1.18711
Total 259 6876.22604
Root MSE 1.35185 R-Square 0.9384
Dependent Mean 645.26660 Adj R-Sq 0.9382 Root MSE 1.08955 R-Square 0.9555
Coeff Var 0.20950 DW 0.513 Dependent Mean 645.59662 Adj R-Sq 0.9553
Coeff Var 0.16877 DW 0.654

PH208 = 284,652230 + 0,554580 * MM_30 PH208 = 263,733793 + 0,586542 * MM_30

I.37
Análise de Resíduos antes da retirada Análise de Resíduos depois da retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.976563 Pr < W 0.0002 Shapiro-Wilk W 0.98453 Pr < W 0.0065
Kolmogorov-Smirnov D 0.052149 Pr > D 0.0716 Kolmogorov-Smirnov D 0.065249 Pr > D <0.0100
Cramer-von Mises W-Sq 0.158807 Pr > W-Sq 0.0195 Cramer-von Mises W-Sq 0.281374 Pr > W-Sq <0.0050
Anderson-Darling A-Sq 1.311811 Pr > A-Sq <0.0050 Anderson-Darling A-Sq 1.527524 Pr > A-Sq <0.0050

I.38
Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0
PH208
CJ 0.32065
CJ <.0001
CM 0.96090
CM <.0001
MM_5 0.96240
MM_5 <.0001
MM_10 0.96406
MM_10 <.0001
MM_30 0.96873
MM_30 <.0001
MM_50 0.96634
MM_50 <.0001
MM_70 0.95840
MM_70 <.0001
MM_90 0.94580
MM_90 <.0001
MM_100 0.93824
MM_100 <.0001
MM_150 0.89393
MM_150 <.0001
MM_200 0.85213
MM_200 <.0001
MM_250 0.82617
MM_250 <.0001

I.39
Análise do EMBTPH209

(Dados a partir de 07/04/2003) Análise dos Resíduos


Nº de observações usadas: 42
Nº de observações faltantes: 2 Tests for Normality

Analysis of Variance Test Statistic p Value

Sum of Mean Shapiro-Wilk W 0.967973 Pr < W 0.3098


Source DF Squares Square F Value Pr > F Kolmogorov-Smirnov D 0.097208 Pr > D >0.1500
Model 1 54.23159 54.23159 100.74 <.0001 Cramer-von Mises W-Sq 0.083122 Pr > W-Sq 0.1902
Error 38 20.45684 0.53834 Anderson-Darling A-Sq 0.498572 Pr > A-Sq 0.2076
Total 39 74.68842

Root MSE 0.73372 R-Square 0.7261


Dependent Mean 643.25973 Adj R-Sq 0.7189
Coeff Var 0.11406 DW 0.564

PH209 = 517,345972 + 0,192790 * CM

I.40
Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0
PH_209
CM 0.85212
CM <.0001
MM_5 0.85026
MM_5 <.0001
MM_10 0.84985
MM_10 <.0001
MM_30 0.84359
MM_30 <.0001
MM_50 0.81484
MM_50 <.0001

I.41
Análise do EMBTPH210

Nº de observações usadas: 289 Análise dos Resíduos


Nº de observações faltantes: 19
Tests for Normality
Analysis of Variance
Test Statistic p Value
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Shapiro-Wilk W 0.977489 Pr < W 0.0003
Model 1 5078.01420 5078.01420 2313.61 <.0001 Kolmogorov-Smirnov D 0.08169 Pr > D <0.0100
Error 268 588.21867 2.19485 Cramer-von Mises W-Sq 0.499454 Pr > W-Sq <0.0050
Total 269 5666.23287 Anderson-Darling A-Sq 2.604333 Pr > A-Sq <0.0050

Root MSE 1.48150 R-Square 0.8962


Dependent Mean 576.07080 Adj R-Sq 0.8958
Coeff Var 0.25717 DW 0.391

PH210 = 279,348776 + 0,456265 * CM

I.42
Pearson Correlation Coefficients Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0 Prob > |r| under H0: Rho=0
PH_210 PH_210
CJ 0.37308 MM_300 0.82167
CJ <.0001 MM_300 <.0001
CM 0.94667
CM <.0001
MM_5 0.94720
MM_5 <.0001
MM_10 0.94716
MM_10 <.0001
MM_30 0.94374
MM_30 <.0001
MM_50 0.93397
MM_50 <.0001
MM_70 0.92036
MM_70 <.0001
MM_90 0.90453
MM_90 <.0001
MM_100 0.89610
MM_100 <.0001
MM_150 0.85499
MM_150 <.0001
MM_200 0.82660
MM_200 <.0001
MM_250 0.81631
MM_250 <.0001

I.43
Análise do EMBTPH211

(Dados a partir de 12/04/999) Análise dos Resíduos


Nº de observações usadas: 89
Nº de observações faltantes: 5 Tests for Normality

Analysis of Variance Test Statistic p Value

Sum of Mean Shapiro-Wilk W 0.967316 Pr < W 0.0312


Source DF Squares Square F Value Pr > F Kolmogorov-Smirnov D 0.06217 Pr > D >0.1500
Model 1 4010.12392 4010.12392 5483.32 <.0001 Cramer-von Mises W-Sq 0.083838 Pr > W-Sq 0.1892
Error 82 59.96915 0.73133 Anderson-Darling A-Sq 0.639306 Pr > A-Sq 0.0941
Total 83 4070.09307

Root MSE 0.85518 R-Square 0.9853


Dependent Mean 592.41096 Adj R-Sq 0.9851
Coeff Var 0.14436 DW 0.62

PH211 = 206,346299 + 0,599611 * CM

I.44
Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0
PH_211
CM 0.99261
<.0001
MM_5 0.99246
<.0001
MM_10 0.99162
<.0001
MM_30 0.98378
<.0001
MM_50 0.96827
<.0001

I.45
Análise do EMBTPT202

(Dados a partir de 2000) Análise dos Resíduos


Nº de observações usadas: 84
Nº de observações faltantes: 10 Tests for Normality
Test Statistic p Value
Analysis of Variance
Shapiro-Wilk W 0.986429 Pr < W 0.6156
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Kolmogorov-Smirnov D 0.046281 Pr > D >0.1500
Model 1 13.17803 13.17803 1794.46 <.0001 Cramer-von Mises W-Sq 0.016883 Pr > W-Sq >0.2500
Error 72 0.52875 0.00734 Anderson-Darling A-Sq 0.151239 Pr > A-Sq >0.2500
Corrected Total 73 13.70677

Root MSE 0.08570 R-Square 0.9614


Dependent Mean 8.38093 Adj R-Sq 0.9609
Coeff Var 1.02251 DW 1.302

PT202 = -15,256193 + 0,036673 * CM

I.46
Análise do EMBTPT205

(Dados a partir de 2000) Análise dos Resíduos


Nº de observações usadas: 83
Nº de observações faltantes: 06 Tests for Normality
Test Statistic p Value
Analysis of Variance
Shapiro-Wilk W 0.964904 Pr < W 0.0319
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Kolmogorov-Smirnov D 0.085352 Pr > D >0.1500
Model 1 22.00665 22.00665 3012.50 <.0001 Cramer-von Mises W-Sq 0.124923 Pr > W-Sq 0.0506
Error 75 0.54788 0.00731 Anderson-Darling A-Sq 0.759936 Pr > A-Sq 0.0468
Total 76 22.55453

Root MSE 0.08547 R-Square 0.9757


Dependent Mean 5.59100 Adj R-Sq 0.9754
Coeff Var 1.52871 DW 0.762

PT205 = -24,161552 + 0,046159 * CM

I.47
Análise do EMBTPT212

(Dados a partir de 1998) Análise dos Resíduos


Nº de observações usadas: 104
Nº de observações faltantes: 06 Tests for Normality

Analysis of Variance Test Statistic p Value

Sum of Mean Shapiro-Wilk W 0.983462 Pr < W 0.2569


Source DF Squares Square F Value Pr > F Kolmogorov-Smirnov D 0.056197 Pr > D >0.1500
Model 1 20.15047 20.15047 650.75 <.0001 Cramer-von Mises W-Sq 0.045048 Pr > W-Sq >0.2500
Error 96 2.97264 0.03096 Anderson-Darling A-Sq 0.348563 Pr > A-Sq >0.2500
Total 97 23.12310

Root MSE 0.17597 R-Square 0.8714


Dependent Mean 8.57112 Adj R-Sq 0.8701
Coeff Var 2.05304 DW 0.439

PT212 = -17,893693 + 0,041081 * CM

I.48
Análise do EMBTPT213

(Dados a partir de 2003) Análise dos Resíduos


Nº de observações usadas: 55
Nº de observações faltantes: 5 Tests for Normality
Test Statistic p Value
Analysis of Variance
Shapiro-Wilk W 0.976115 Pr < W 0.4021
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Kolmogorov-Smirnov D 0.101194 Pr > D >0.1500
Model 1 8.88800 8.88800 750.20 <.0001 Cramer-von Mises W-Sq 0.067892 Pr > W-Sq >0.2500
Error 48 0.56868 0.01185 Anderson-Darling A-Sq 0.390373 Pr > A-Sq >0.2500
Corrected Total 49 9.45668

Root MSE 0.10885 R-Square 0.9399


Dependent Mean 7.75558 Adj R-Sq 0.9386
Coeff Var 1.40345 DW 1.333

PT213 = -38,506150 + 0,070856 * CM

I.49
Análise do EMBTPT214
(Dados a partir de 2004)
Nº de observações usadas: 55 Análise dos Resíduos
Nº de observações faltantes: 5
Tests for Normality
Analysis of Variance Test Statistic p Value
Sum of Mean Shapiro-Wilk W 0.932654 Pr < W 0.0070
Source DF Squares Square F Value Pr > F
Kolmogorov-Smirnov D 0.117962 Pr > D 0.0815
Model 1 2.13150 2.13150 83.01 <.0001
Cramer-von Mises W-Sq 0.170598 Pr > W-Sq 0.0128
Error 48 1.23258 0.02568
Anderson-Darling A-Sq 1.096959 Pr > A-Sq 0.0068
Corrected Total 49 3.36408

Root MSE 0.16025 R-Square 0.6336


Dependent Mean 7.79670 Adj R-Sq 0.6260
Coeff Var 2.05530 DW 0.572

PT214 = -14,858225 + 0,034699 * CM

I.50
Análise do EMBTPT215
(Dados a partir de 1998)
Nº de observações usadas: 104 Análise dos Resíduos
Nº de observações faltantes: 6
Tests for Normality
Analysis of Variance Test Statistic p Value
Sum of Mean Shapiro-Wilk W 0.98646 Pr < W 0.4170
Source DF Squares Square F Value Pr > F
Kolmogorov-Smirnov D 0.063098 Pr > D >0.1500
Model 1 31.21894 31.21894 1057.01 <.0001
Cramer-von Mises W-Sq 0.056498 Pr > W-Sq >0.2500
Error 96 2.83537 0.02954
Anderson-Darling A-Sq 0.421803 Pr > A-Sq >0.2500
Total 97 34.05431

Root MSE 0.17186 R-Square 0.9167


Dependent Mean 5.36705 Adj R-Sq 0.9159
Coeff Var 3.20209 DW 0.647

PT215 = - 27,573843 + 0,051134 * CM

I.51
Análise do EMBTPH301

Antes da retirada dos pontos discrepantes Depois da retirada dos pontos discrepantes
(Dados a partir de 26/01/1998) (04/01/2002)
Nº de observações usadas: 104 Nº de observações usadas: 103
Nº de observações faltantes: 6 Nº de observações faltantes: 6

Analysis of Variance Analysis of Variance


Sum of Mean Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Source DF Squares Square F Value Pr > F
Model 1 829.30621 829.30621 592.50 <.0001 Model 1 848.68504 848.68504 701.15 <.0001
Error 96 134.36878 1.39967 Error 95 114.98970 1.21042
Total 97 963.67500 Corrected Total 96 963.67474

Root MSE 1.18308 R-Square 0.8606 Root MSE 1.10019 R-Square 0.8807
Dependent Mean 629.41395 Adj R-Sq 0.8591 Dependent Mean 629.41411 Adj R-Sq 0.8794
Coeff Var 0.18797 DW 0.564 Coeff Var 0.17480

PH301 = 457,325290 + 0,266989 * CM PH301 = 453,243453 + 0,273251 * CM

I.52
Análise dos Resíduos antes da Retirada Análise dos Resíduos depois da Retirada

Tests for Normality Tests for Normality


Test Statistic p Value Test Statistic p Value
Shapiro-Wilk W 0.981524 Pr < W 0.1845 Shapiro-Wilk W 0.989301 Pr < W 0.6297
Kolmogorov-Smirnov D 0.053929 Pr > D >0.1500 Kolmogorov-Smirnov D 0.050542 Pr > D >0.1500
Cramer-von Mises W-Sq 0.048566 Pr > W-Sq >0.2500 Cramer-von Mises W-Sq 0.034786 Pr > W-Sq >0.2500
Anderson-Darling A-Sq 0.369472 Pr > A-Sq >0.2500 Anderson-Darling A-Sq 0.258542 Pr > A-Sq >0.2500

I.53
Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0
PH_301
CM 0.92767
<.0001
MM_5 0.92352
<.0001
MM_10 0.91768
<.0001
MM_30 0.89556
<.0001
MM_50 0.86641
<.0001
MM_70 0.83329
<.0001

I.54
Análise do EMBTPH302

(Dados a partir de 13/03/2002) Análise dos Resíduos


N º de observações usadas: 57
Nº de observações faltantes: 5 Tests for Normality
Test Statistic p Value
Analysis of Variance
Shapiro-Wilk W 0.983486 Pr < W 0.6823
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Kolmogorov-Smirnov D 0.084338 Pr > D >0.1500
Model 1 1116.62910 1116.62910 967.37 <.0001 Cramer-von Mises W-Sq 0.047501 Pr > W-Sq >0.2500
Error 50 57.71493 1.15430 Anderson-Darling A-Sq 0.284294 Pr > A-Sq >0.2500
Corrected Total 51 1174.34403

Root MSE 1.07438 R-Square 0.9509


Dependent Mean 650.30331 Adj R-Sq 0.9499
Coeff Var 0.16521 DW 1.106

PH302 = 166,796702 + 0,742080 * CM

I.55
Pearson Correlation Coefficients
Prob > |r| under H0: Rho=0
PH_302
CM 0.97512
<.0001
MM_5 0.97649
<.0001
MM_10 0.97616
<.0001
MM_30 0.95694
<.0001

I.56
Análise do EMBTPT301
(Dados a partir de 2003)
Nº de observações usadas: 46
Nº de observações faltantes: 03 Análise dos Resíduos

Analysis of Variance Tests for Normality


Sum of Mean Test Statistic p Value
Source DF Squares Square F Value Pr > F
Shapiro-Wilk W 0.880714 Pr < W 0.0003
Model 1 1.04938 1.04938 190.81 <.0001
Kolmogorov-Smirnov D 0.129173 Pr > D 0.0714
Error 41 0.22548 0.00550
Cramer-von Mises W-Sq 0.160647 Pr > W-Sq 0.0177
Total 42 1.27486
Anderson-Darling A-Sq 1.116783 Pr > A-Sq 0.0059

Root MSE 0.07416 R-Square 0.8231


Dependent Mean 4.78112 Adj R-Sq 0.8188
Coeff Var 1.55109 DW 1.578

PT301 = - 12,135501 + 0,02514 * CM

I.57
Análise do EMBTPT302
(Dados a partir de 14/02/2002)
Nº de observações usadas: 57 Análise dos Resíduos
Nº de observações faltantes: 06
Tests for Normality
Analysis of Variance
Test Statistic p Value
Sum of Mean
Source DF Squares Square F Value Pr > F Shapiro-Wilk W 0.954487 Pr < W 0.0486
Model 1 2.20554 2.20554 394.07 <.0001 Kolmogorov-Smirnov D 0.109381 Pr > D 0.1295
Error 49 0.27424 0.00560 Cramer-von Mises W-Sq 0.096366 Pr > W-Sq 0.1257
Total 50 2.47978 Anderson-Darling A-Sq 0.622747 Pr > A-Sq 0.0994

Root MSE 0.07481 R-Square 0.8894


Dependent Mean 3.58567 Adj R-Sq 0.8872
Coeff Var 2.08642 DW 1.006

PT302 = - 17,998430 + 0,033123 * CM

I.58
Anexo II

Modelos de séries temporais para a piezometria da


Barragem de Emborcação

II.1
EMBTPH104 – Ajuste por Séries Temporais

Como a série não é estacionária foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de
ordem um e uma diferença sazonal de ordem 12.

Autocorrelations Partial Autocorrelations

Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1

1 | ***| . | 1 | ***| . |

2 | ******| . | 2 | ******| . |

3 | . |**. | 3 | . | . |

4 | . | . | 4 | **| . |

5 | .**| . | 5 | **| . |

6 | . |* . | 6 | . | . |

7 | . |**. | 7 | . |*. |

8 | . | . | 8 | . |*. |

9 | . *| . | 9 | . | . |

10 | . |*** | 10 | . |*** |

11 | . |*** | 11 | . |***** |

12 | *********| . | 12 | ******| . |

13 | . |* . | 13 | . | . |

O modelo final estimado que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (0,1,0)(0,1,1)12

II.2
(1 − B 12 ) * (1 − B ) * PH 104 = (1 − 0.86542B (12 ) ) * a t

PH 104 t = PH 104 t −1 + PH 104 t −12 − PH 104 t −13 − 0.86542 * at −12 + at

Autocorrelation Check of Residuals


To
Lag Chi-Square DF Pr > ChiSq Autocorrelations
6 10.38 5 0.0652 -0.086 -0.094 0.022 -0.052 -0.172 0.082
12 13.46 11 0.2645 -0.084 0.054 0.003 0.014 0.081 0.008
18 21.81 17 0.1922 0.016 0.196 -0.090 0.008 -0.022 -0.040
24 28.04 23 0.2144 -0.159 0.085 -0.011 0.029 -0.006 -0.071
30 34.18 29 0.2327 -0.083 0.101 -0.024 0.065 -0.044 -0.129
36 34.49 35 0.4925 -0.010 -0.008 -0.028 -0.007 0.034 0.003
42 38.41 41 0.5863 -0.002 -0.148 -0.006 0.054 0.007 -0.055
48 39.32 47 0.7794 -0.016 0.004 -0.027 -0.021 -0.068 -0.019

Abaixo segue o gráfico quem mostra a série ajustada e a previsão 12 passos à frente.

RMSE MAPE
Treinamento 0,757 0,083
Validação 1,020 0,149

II.3
EMBTPH105 – Ajuste por Séries Temporais

Como a série não é estacionária foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de
ordem um e uma diferença sazonal de ordem 12.

Autocorrelations Partial Autocorrelations


Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1
1 | ****| . | 1 | ****| . |

2 | . |* . | 2 | . | . |

3 | . *| . | 3 | .*| . |

4 | . | . | 4 | . | . |

5 | . |* . | 5 | . |*. |

6 | . | . | 6 | . |*. |

7 | . |* . | 7 | . |*. |

8 | . |* . | 8 | . |*. |

9 | . | . | 9 | . | . |

10 | . |* . | 10 | . |*. |

11 | . |**. | 11 | . |*** |

12 | **********| . | 12 | **********| . |

O modelo final estimado que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (0,1,0)(0,1,1)12

II.4
(1 − B (12 ) ) * (1 − B ) * PH 105 = (1 − 0.72943B (12 ) ) * a t

PH 105 t = PH 105 t −1 + PH 105 t −12 − PH 105 t −13 − 0.72943 * at −12 + at

Autocorrelation Check of Residuals


To
Lag Chi-Square DF Pr > ChiSq Autocorrelations
6 7.69 5 0.1743 -0.100 0.150 -0.055 0.062 0.004 -0.016
12 9.78 11 0.5506 0.019 0.030 -0.010 0.093 0.038 -0.044
18 22.29 17 0.1737 0.111 0.202 -0.062 0.086 -0.081 -0.064
24 27.61 23 0.2309 -0.059 -0.088 0.055 -0.099 0.024 0.064
30 29.64 29 0.4324 0.009 0.023 0.096 -0.049 -0.009 0.033
36 37.07 35 0.3738 -0.175 -0.082 -0.065 0.027 0.040 -0.047
42 40.44 41 0.4955 -0.059 -0.092 -0.020 -0.026 -0.037 -0.093
48 46.43 47 0.4960 -0.080 -0.013 -0.107 0.081 -0.065 0.099

Abaixo segue o gráfico quem mostra a série ajustada e a previsão 12 passos à frente.

RMSE MAPE
Treinamento 1,305 0,146
Validação 1,174 0,177

II.5
EMBTPH106 – Ajuste por Séries Temporais

Como a série não é estacionária foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de
ordem um e uma diferença sazonal de ordem 12.

Autocorrelations Partial Autocorrelations

Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1

1 | . |** | 1 | . |** |

2 | . | . | 2 | . | . |

3 | . | . | 3 | . | . |

4 | .**| . | 4 | **| . |

5 | . |**. | 5 | . |** |

6 | . | . | 6 | . | . |

7 | . | . | 7 | . | . |

8 | . |*** | 8 | . |** |

9 | . | . | 9 | . | . |

10 | . | . | 10 | . |*. |

11 | . *| . | 11 | .*| . |

12 | *********| . | 12 | *********| . |

O modelo final estimado que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (0,1,0)(0,1,2)12

II.6
(1 − B (12 ) ) * (1 − B ) * PH 106 = (1 - 0.68536 B (12) - 0.13299 B (19) ) * a t

PH 106 t = PH 106 t −1 + PH 106 t −12 − PH 106 t −13 − 0.68536 * at −12 − 0.13299 * a t −19 + at

Autocorrelation Check of Residuals


To
Lag Chi-Square DF Pr > ChiSq Autocorrelations
6 7.34 4 0.1191 0.130 -0.005 0.031 -0.065 0.070 -0.107
12 10.41 10 0.4055 -0.061 0.088 -0.044 -0.035 0.047 0.008
18 16.10 16 0.4462 0.059 0.039 -0.044 0.098 0.029 -0.132
24 19.42 22 0.6192 -0.004 -0.125 -0.044 -0.001 -0.030 0.033
30 22.01 28 0.7809 0.032 -0.049 0.037 -0.017 -0.069 0.081
36 26.73 34 0.8080 0.016 -0.029 -0.013 -0.158 0.001 -0.074
42 34.86 40 0.7005 -0.152 -0.133 -0.093 -0.031 -0.034 -0.089
48 40.42 46 0.7045 -0.043 -0.039 -0.102 0.090 0.137 0.008

Abaixo segue o gráfico quem mostra a série ajustada e a previsão 12 passos à frente.

RMSE MAPE
Treinamento 1,738 0,198
Validação 2,472 0,377

II.7
EMBTPH206 – Ajuste por Séries Temporais

Como a série não é estacionária foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de
ordem um e uma diferença sazonal de ordem 12.

Autocorrelations Partial Autocorrelations


Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1
1 | . |*. | 1 | . |*. |

2 | . |*. | 2 | . |*. |

3 | **| . | 3 | **| . |

4 | . | . | 4 | . |*. |

5 | . | . | 5 | . | . |

6 | . | . | 6 | . | . |

7 | . |*. | 7 | . |*. |

8 | . |* . | 8 | . |*. |

9 | . |**. | 9 | . |*. |

10 | . |* . | 10 | . |*. |

11 | . *| . | 11 | . |*. |

12 | **********| . | 12 | . |*. |

O modelo final estimado que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (0,1,0)(0,1,2)12

II.8
(1 − B (12 ) ) * (1 − B ) * PH 206 = (1 - 0.81384B (12) - 0.11980B (20) ) * a t

PH 206 t = PH 206 t −1 + PH 206 t −12 − PH 206 t −13 − 0.81384 * a t −12 − 0.11980 * at − 20 + at

Autocorrelation Check of Residuals


To
Lag Chi-Square DF Pr > ChiSq Autocorrelations
6 7.97 4 0.0926 0.112 0.058 -0.067 -0.013 -0.083 -0.047
12 13.70 10 0.1870 -0.063 -0.036 0.083 0.062 0.059 -0.037
18 18.88 16 0.2751 0.078 0.022 -0.024 -0.048 -0.080 -0.050
24 27.96 22 0.1770 -0.116 -0.033 0.067 -0.070 0.088 -0.006
30 30.05 28 0.3610 0.033 0.031 0.042 0.004 0.057 -0.000
36 41.36 34 0.1801 -0.116 -0.038 -0.020 0.108 -0.038 0.094
42 51.74 40 0.1011 -0.040 0.003 -0.022 -0.155 -0.044 -0.071
48 55.20 46 0.1660 0.023 0.016 -0.060 -0.059 0.051 0.018

Abaixo segue o gráfico quem mostra a série ajustada e a previsão 12 passos à frente.

RMSE MAPE
Treinamento 1,338 0,151
Validação 1,296 0,179

II.9
EMBTPH207 – Ajuste por Séries Temporais

Como a série não é estacionária foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de
ordem um e uma diferença sazonal de ordem 12.

Autocorrelations Partial Autocorrelations

Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1

1 | . |*** | 1 | . |*** |

2 | . |*** | 2 | . |*** |

3 | . *| . | 3 | .*| . |

4 | . *| . | 4 | **| . |

5 | . | . | 5 | . | . |

6 | . | . | 6 | . |*. |

7 | . |* . | 7 | . | . |

8 | . |* . | 8 | . |*. |

9 | . |**. | 9 | . |** |

10 | . *| . | 10 | **| . |

11 | . | . | 11 | .*| . |

12 | **********| . | 12 | *********| . |

O modelo final estimado que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (2,1,0)(0,1,1)12

II.10
(1 - 0.84114 B (12) ) * at
(1 − B (12 ) ) * (1 − B) * PH 207 t =
(1 - 0.17733 B (1) - 0.12664 B (2) )

PH 207 t = PH 207 t −1 + PH 207 t −12 + 0.18 PH 207 t −1 − 0.05PH 207 t − 2 − 0,13PH 207 t −3
− 1.17 PH 207 t −13 + 0.05PH 207 t −14 + 0.12 PH 207 t −15 − 0.84a t −12 + at

Autocorrelation Check of Residuals


To
Lag Chi-Square DF Pr > ChiSq Autocorrelations
6 5.44 2 0.0659 -0.001 0.010 0.033 -0.080 -0.062 -0.093
12 14.88 8 0.0616 -0.083 0.046 0.022 0.077 0.128 -0.050
18 18.32 14 0.1928 0.003 0.010 -0.040 -0.018 -0.092 -0.042
24 23.14 20 0.2822 -0.044 -0.082 -0.021 0.010 0.081 -0.031
30 30.91 26 0.2317 0.119 -0.039 0.055 0.021 -0.039 -0.076
36 34.27 32 0.3595 0.006 -0.005 0.028 -0.018 0.073 0.067
42 43.29 38 0.2558 -0.125 -0.004 -0.059 -0.082 0.014 -0.056
48 54.60 44 0.1313 0.037 -0.037 -0.023 0.116 -0.009 -0.135

Abaixo segue o gráfico quem mostra a série ajustada e a previsão 12 passos à frente.

RMSE MAPE
Treinamento 1,577 0,172
Validação 1,783 0,241

II.11
EMBTPH208 – Ajuste por Séries Temporais

Como a série não é estacionária foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de
ordem um e uma diferença sazonal de ordem 12.

Autocorrelations Partial Autocorrelations


Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1
1 | . |** | 1 | . |** |

2 | . |** | 2 | . |** |

3 | . |* . | 3 | . |*. |

4 | . *| . | 4 | **| . |

5 | . |* . | 5 | . |*. |

6 | . | . | 6 | . | . |

7 | . *| . | 7 | .*| . |

8 | . |**. | 8 | . |** |

9 | . |* . | 9 | . | . |

10 | . | . | 10 | . | . |

11 | . | . | 11 | .*| . |

12 | **********| . | 12 | *********| . |

O modelo final estimado que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (2,1,1)(0,1,1)12

II.12
(1 - 0.9227B (12) )(1 − 0.09472 B ( 7 ) ) * a t
(1 − B (12 ) ) * (1 − B) * PH 208 t =
(1 - 0.17471 B (1) - 0.10715 B (2) )

PH 208 t = PH 208 t −1 + PH 208 t −12 + 0.18 PH 208 t −1 − 0.07 PH 208 t − 2 − 0,11PH 208 t −3
− 1.18 PH 208 t −13 + 0.07 PH 208 t −14 + 0.11PH 208 t −15 − 0.9a t −12 − 0.09at −1 − 0.09at −13 + at

Autocorrelation Check of Residuals


To
Lag Chi-Square DF Pr > ChiSq Autocorrelations
6 4.33 3 0.2284 0.009 0.023 -0.045 -0.052 -0.090 -0.051
12 9.64 9 0.3807 -0.054 -0.039 0.065 0.004 0.103 0.006
18 18.52 15 0.2361 0.008 -0.029 -0.030 0.115 -0.106 -0.071
24 25.73 21 0.2167 -0.035 -0.122 -0.050 -0.025 0.075 0.010
30 35.30 27 0.1314 0.143 -0.056 0.078 0.002 -0.045 -0.029
36 43.99 33 0.0956 0.035 -0.139 -0.039 0.080 0.016 0.001
42 47.35 39 0.1687 -0.029 0.018 -0.038 -0.015 0.009 -0.088
48 54.09 45 0.1661 -0.012 -0.044 -0.061 0.049 0.089 -0.070

Abaixo segue o gráfico quem mostra a série ajustada e a previsão 12 passos à frente.

RMSE MAPE
Treinamento 1,177 0,134
Validação 4,202 0,640

II.13
EMBTPH209 – Ajuste por Séries Temporais

Como a série não é estacionária foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de
ordem um e uma diferença sazonal de ordem 12.

Autocorrelations Partial Autocorrelations


Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1
1 | ****| . | 1 | ****| . |

2 | . |* . | 2 | . | . |

3 | ****| . | 3 | ****| . |

4 | . *| . | 4 | ***| . |

5 | . | . | 5 | **| . |

6 | . | . | 6 | **| . |

7 | . |* . | 7 | .*| . |

8 | . |**. | 8 | . |*. |

9 | . | . | 9 | . | . |

10 | . | . | 10 | . | . |

11 | . |* . | 11 | . |** |

12 | *********| . | 12 | *********| . |

O modelo final estimado que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (3,1,0)(1,1,2)12

II.14
(1 - 0.80202 B( 12 ) + 0.19798 B (27) ) * at
(1 − B (12 ) ) * (1 − B) * PH 209 t =
(1 + 0.20641 B (1) + 0.15217 B (3) + 0.15049 B (4) )(1 + 0.19539 B (15) )

Autocorrelation Check of Residuals


To
Lag Chi-Square DF Pr > ChiSq Autocorrelations
6 . 0 . -0.015 -0.021 -0.034 -0.056 -0.084 -0.077
12 11.44 6 0.0758 -0.030 -0.014 -0.074 0.039 0.014 -0.125
18 17.11 12 0.1456 0.088 0.063 0.045 -0.062 -0.016 0.048
24 22.41 18 0.2145 -0.022 -0.078 -0.018 -0.004 -0.003 -0.107
30 27.77 24 0.2700 0.060 0.021 0.076 -0.061 0.063 0.025
36 34.18 30 0.2738 0.035 0.068 0.048 -0.103 0.000 -0.048
42 43.95 36 0.1704 -0.102 -0.015 -0.113 0.078 0.035 0.031
48 47.81 42 0.2485 0.048 -0.009 -0.063 0.013 0.033 -0.067

Abaixo segue o gráfico quem mostra a série ajustada e a previsão 12 passos à frente.

RMSE MAPE
Treinamento 0,916 0,081
Validação 0,363 0,045

II.15
EMBTPH210 – Ajuste por Séries Temporais

Como a série não é estacionária foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de
ordem um e uma diferença sazonal de ordem 12.

Partial Autocorrelations Autocorrelations

Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1

1 | . |** | 1 | . |** |

2 | **| . | 2 | **| . |

3 | . |*. | 3 | . | . |

4 | ****| . | 4 | ****| . |

5 | . | . | 5 | . *| . |

6 | .*| . | 6 | . | . |

7 | . |*. | 7 | . | . |

8 | . |** | 8 | . |*** |

9 | .*| . | 9 | . | . |

10 | . |*** | 10 | . |**. |

11 | .*| . | 11 | . | . |

12 | *********| . | 12 | **********| . |

O modelo final estimado que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (1,1,0)(0,1,1)12

II.16
(1 - 0.83125 B (12) ) * at
(1 − B)(1 − B (12 ) ) * PH 210 =
(1 + 0.18906 B (4) )
PH 210 t = PH 210 t −12 + PH 210 t −1 + PH 210 t −13 + 0.9 PH 210 t − 4 − 0.19 PH 210 t −16
− 0.19 PH 210 t −5 − 0.83 * at −12 + at

Autocorrelation Check of Residuals


To
Lag Chi-Square DF Pr > ChiSq Autocorrelations
6 6.38 4 0.1725 0.102 -0.065 0.052 -0.007 -0.070 -0.041
12 9.51 10 0.4844 0.031 -0.041 -0.007 0.088 0.023 -0.019
18 13.32 16 0.6492 -0.017 0.036 0.030 -0.044 -0.093 -0.020
24 22.59 22 0.4254 0.071 -0.154 -0.012 -0.009 -0.047 0.031
30 37.42 28 0.1098 0.187 -0.100 -0.063 0.033 -0.014 -0.013
36 40.27 34 0.2124 -0.041 -0.033 0.009 0.021 0.038 -0.068
42 43.10 40 0.3402 -0.012 0.053 -0.043 -0.055 -0.022 -0.027
48 51.59 46 0.2644 0.010 0.039 -0.138 -0.044 0.022 -0.058

Abaixo segue o gráfico quem mostra a série ajustada e a previsão 12 passos à frente.

RMSE MAPE
Treinamento 1,058 0,139
Validação 0,592 0,098

II.17
EMBTPH211 – Ajuste por Séries Temporais

Como a série não é estacionária foram aplicadas duas diferenciações, uma diferença de
ordem um e uma diferença sazonal de ordem 12.

Autocorrelations Partial Autocorrelations


Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Lag -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1
1 | . |*. | 1 | . |*. |

2 | ***| . | 2 | ****| . |

3 | .**| . | 3 | .*| . |

4 | . | . | 4 | .*| . |

5 | .**| . | 5 | ***| . |

6 | . | . | 6 | . | . |

7 | . |*** | 7 | . |** |

8 | . |* . | 8 | . | . |

9 | . *| . | 9 | . | . |

10 | . |* . | 10 | . |** |

11 | . | . | 11 | . | . |

12 | *********| . | 12 | *********| . |

O modelo final estimado que melhor se adequou aos dados foi SARIMA (2,1,0)(0,1,1)12

II.18
(1 − 0.79393(12 ) ) * at
(1 − B)(1 − B (12 ) ) * PH 211 =
(1 − 0.13004 B (1) + 0.13685 ( 2) )

PH 211t = 1.13PH 211t −1 + 0.06 PH 210 t − 2 + PH 210 t −12 + 0.86 PH 210 t −13 − 0.27 PH 210 t −14
+ 0.14 PH 210 t −15 − 0.80 * at −12 + a t

Autocorrelation Check of Residuals


To
Lag Chi-Square DF Pr > ChiSq Autocorrelations
6 7.45 3 0.0589 -0.011 0.006 -0.095 -0.025 -0.113 -0.072
12 11.71 9 0.2299 0.029 0.003 -0.087 0.038 0.069 0.031
18 16.48 15 0.3507 0.026 0.064 0.026 -0.053 -0.041 -0.083
24 21.42 21 0.4336 -0.104 -0.026 0.023 0.036 0.060 -0.016
30 23.42 27 0.6624 0.021 0.037 0.004 0.047 -0.051 -0.009
36 33.31 33 0.4520 -0.066 0.051 -0.131 0.078 0.027 -0.043
42 34.96 39 0.6546 -0.012 0.034 0.017 0.019 -0.037 0.044
48 42.04 45 0.5980 -0.084 -0.016 -0.092 0.079 0.015 -0.004

Abaixo segue o gráfico quem mostra a série ajustada e a previsão 12 passos à frente.

RMSE MAPE
Treinamento 1,588 0,182
Validação 0,896 0,120

II.19
Anexo III

Comparação entre as previsões utilizando regressão e séries temporais


para a Barragem de Emborcação

Previsão por Desvio da


Previsão por Desvio da
Data Leitura Séries Série
Regressão Regressão
Temporais Temporal
Piezômetro Hall – EMBTPH104
jan/06 602,351 601,922 601,529 0,429 0,822
fev/06 602,351 601,956 601,636 0,395 0,715
mar/06 602,351 602,012 601,872 0,339 0,480
abr/06 603,057 602,064 601,985 0,993 1,072
mai/06 603,057 602,072 601,946 0,985 1,111
jun/06 602,351 602,075 602,105 0,276 0,246
jul/06 602,351 602,051 603,399 0,300 -1,048
ago/06 601,644 602,008 603,403 -0,364 -1,759
set/06 603,057 601,961 603,212 1,096 -0,155
out/06 601,899 603,287
nov/06 601,842 603,218
dez/06 601,644 601,805 603,223 -0,161 -1,579
RMSE 0,627 1,028
MAPE 0,088 0,149
Piezômetro Hall – EMBTPH105
jan/06 623,077 623,214 621,584 -0,137 1,494
fev/06 623,781 624,736 622,420 -0,955 1,361
mar/06 624,837 625,516 623,750 -0,679 1,087
abr/06 625,893 626,639 624,783 -0,746 1,110
mai/06 626,597 627,613 625,095 -1,016 1,502
jun/06 626,597 627,585 625,147 -0,988 1,450
jul/06 625,893 627,051 625,095 -1,158 0,798
ago/06 625,893 625,964 624,596 -0,071 1,297
set/06 624,133 624,713 623,394 -0,580 0,739
out/06 621,956 622,001
nov/06 621,956 621,210
dez/06 620,964 621,079 621,219 -0,115 -0,255
RMSE 0,750 1,174
MAPE 0,100 0,177

III.1
Previsão por Desvio da
Previsão por Desvio da
Data Leitura Séries Série
Regressão Regressão
Temporais Temporal
Piezômetro Hall – EMBTPH106
jan/06 634,561 634,805 631,730 -0,244 2,831
fev/06 636,321 637,086 633,894 -0,765 2,427
mar/06 638,434 638,256 636,621 0,178 1,813
abr/06 640,546 639,939 637,938 0,607 2,608
mai/06 642,131 641,399 638,383 0,732 3,748
jun/06 640,546 641,358 638,434 -0,812 2,112
jul/06 639,842 640,556 637,627 -0,714 2,215
ago/06 639,49 638,927 636,731 0,563 2,759
set/06 636,321 637,052 634,650 -0,731 1,671
out/06 632,918 631,815
nov/06 632,918 630,429
dez/06 632,096 631,605 630,274 0,491 1,822
RMSE 0,619 2,472
MAPE 0,091 0,376
Piezômetro Hall – EMBTPH206
jan/06 633,974 633,667 632,075 0,307 1,899
fev/06 635,382 635,849 633,908 -0,467 1,474
mar/06 636,79 636,968 636,498 -0,178 0,292
abr/06 638,903 638,579 637,592 0,324 1,311
mai/06 639,255 639,975 638,108 -0,72 1,147
jun/06 638,903 639,936 638,511 -1,033 0,392
jul/06 638,198 639,169 637,337 -0,971 0,861
ago/06 637,142 637,61 636,734 -0,468 0,408
set/06 635,382 635,817 635,221 -0,435 0,161
out/06 633,62 633,108
nov/06 631,862 632,177
dez/06 630,804 630,605 631,615 0,199 -0,811
RMSE 0,588 1,290
MAPE 0,080 0,178

III.2
Previsão por Desvio da
Previsão por Desvio da
Data Leitura Séries Série
Regressão Regressão
Temporais Temporal
Piezômetro Hall – EMBTPH207
jan/06 645,905 645,265 642,556 0,64 3,349
fev/06 647,664 648,029 645,388 -0,365 2,276
mar/06 649,775 649,448 648,378 0,327 1,397
abr/06 651,886 651,487 649,961 0,399 1,925
mai/06 652,589 653,257 650,629 -0,668 1,960
jun/06 651,886 653,207 650,641 -1,321 1,245
jul/06 651,182 652,235 649,976 -1,053 1,206
ago/06 650,478 650,260 648,908 0,218 1,570
set/06 646,960 647,989 646,851 -1,029 0,110
out/06 645,206 644,264
nov/06 642,979 643,071
dez/06 642,738 641,387 642,109 1,351 0,629
RMSE 0,839 1,783
MAPE 0,114 0,241
Piezômetro Hall – EMBTPH208
jan/06 644,817 644,2376 641,194 0,5794 3,623
fev/06 646,579 646,3722 642,767 0,2068 3,812
mar/06 648,349 647,4675 644,088 0,8815 4,261
abr/06 650,115 649,0427 645,552 1,0723 4,563
mai/06 651,527 650,4089 646,557 1,1181 4,970
jun/06 650,821 650,3705 646,832 0,4505 3,990
jul/06 650,115 649,6202 646,294 0,4948 3,821
ago/06 649,409 648,0951 645,64 1,3139 3,769
set/06 647,284 646,3407 644,002 0,9433 3,282
out/06 644,1918 641,791
nov/06 642,4721 640,755
dez/06 645,522 641,2425 640,067 4,2795 5,455
RMSE 1,579 4,202
MAPE 0,175 0,640

III.3
Previsão por Desvio da
Previsão por Desvio da
Data Leitura Séries Série
Regressão Regressão
Temporais Temporal
Piezômetro Hall – EMBTPH209
jan/06 641,811 642,730 641,670 -0,919 0,141
fev/06 641,811 643,249 642,249 -1,438 -0,438
mar/06 642,518 643,519 642,466 -1,001 0,052
abr/06 642,518 644,007 642,854 -1,489 -0,336
mai/06 643,225 644,711 642,460 -1,486 0,765
jun/06 643,225 644,416 642,756 -1,191 0,469
jul/06 642,518 644,797 642,571 -2,279 -0,053
ago/06 642,518 644,616 642,535 -2,098 -0,017
set/06 642,518 644,256 642,181 -1,738 0,337
out/06 643,607 641,798
nov/06 642,889 642,094
dez/06 641,811 642,203 641,556 -0,392 0,255
RMSE 1,500 0,362
MAPE 0,218 0,044
Piezômetro Hall – EMBTPH210
jan/06 573,674 575,759 572,695 -2,085 0,979
fev/06 574,378 576,931 574,790 -2,553 -0,412
mar/06 575,433 577,542 576,427 -2,109 -0,994
abr/06 577,192 578,645 576,969 -1,453 0,223
mai/06 576,84 580,236 576,949 -3,396 -0,109
jun/06 575,785 579,569 576,574 -3,784 -0,789
jul/06 575,785 580,429 576,084 -4,644 -0,299
ago/06 574,378 580,020 575,373 -5,642 -0,995
set/06 573,674 579,206 574,111 -5,532 -0,437
out/06 577,740 572,731
nov/06 576,117 572,129
dez/06 571,564 574,568 571,933 -3,004 -0,369
RMSE 3,692 0,592
MAPE 0,595 0,098

III.4
Previsão por Desvio da
Previsão por Desvio da
Data Leitura Séries Série
Regressão Regressão
Temporais Temporal
Piezômetro Hall – EMBTPH211
jan/06 597,052 596,509 595,006 0,543 2,046
fev/06 598,284 598,064 597,582 0,220 0,702
mar/06 599,693 599,498 599,498 0,195 0,194
abr/06 601,805 601,564 600,680 0,242 1,126
mai/06 601,805 601,256 600,779 0,549 1,027
jun/06 601,101 601,283 600,577 -0,182 0,524
jul/06 600,397 600,226 599,910 0,171 0,486
ago/06 599,693 598,321 599,207 1,371 0,485
set/06 597,932 596,213 597,779 1,719 0,153
out/06 594,201 595,485
nov/06 592,893 594,371
dez/06 593,706 592,200 594,176 1,506 -0,470
RMSE 0,889 0,896
MAPE 0,112 0,120

III.5
Anexo IV

Estudo de correlação entre poropressões e pressões totais


para a
Barragem de Emborcação

IV.1
Correlação entre o EMBTPH205 e os EMBTPT206 e EMBTPT207

Estatística descritiva dos dados a partir de 2005


PN_PH205 PT206 PT207 (PT(206)-PH)/PT (PT(207)-PH)/PT
Média 2,914 9,601 6,253 0,697 0,532
Desvio padrão 0,180 0,186 0,191 0,016 0,030
Mínimo 2,677 9,242 5,861 0,664 0,475
Máximo 3,241 9,862 6,519 0,719 0,573
Contagem 25 25 24 25 24

0,9

0,8

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
jun-80

jun-81

jun-82

jun-83

jun-84

jun-85

jun-86

jun-87

jun-88

jun-89

jun-90

jun-91

jun-92

jun-93

jun-94

jun-95

jun-96

jun-97

jun-98

jun-99

jun-00

jun-01

jun-02

jun-03

jun-04

jun-05

jun-06

PT(206)-PH/PT PT(207)-PH/PT

IV.2
Correlação entre o EMBTPH206 e os EMBTPT208 e EMBTPT209

Estatística descritiva dos dados a partir de 2004


PN_PH206 PT208 PT209 (PT(208)-PH)/PT (PT(209)-PH)/PT
Média 5,944 12,017 5,874 0,506 -0,012
Desvio padrão 0,339 0,385 0,293 0,014 0,013
Mínimo 5,106 11,027 5,201 0,487 -0,036
Máximo 6,373 12,534 6,280 0,549 0,029
Contagem 39 39 39 39 39

1,000

0,900

0,800

0,700

0,600

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000

-0,100

-0,200
mai-80

mai-81

mai-82

mai-83

mai-84

mai-85

mai-86

mai-87

mai-88

mai-89

mai-90

mai-91

mai-92

mai-93

mai-94

mai-95

mai-96

mai-97

mai-98

mai-99

mai-00

mai-01

mai-02

mai-03

mai-04

mai-05

mai-06

PT(208)-PH/PT PT(209)-PH/PT

IV.3
Correlação entre o EMBTPH207 e os EMBTPT212 e EMBTPT213

Estatística descritiva dos dados a partir de 2004


PN_PH207 PT212 PT213 (PT(212)-PH)/PT (PT(213)-PH)/PT
Média 4,193 8,995 7,854 0,535 0,468
Desvio padrão 0,434 0,386 0,427 0,030 0,029
Mínimo 3,135 8,160 6,924 0,498 0,433
Máximo 4,754 9,555 8,389 0,616 0,547
Contagem 32 32 32 32 32

1,000

0,900

0,800

0,700

0,600

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000
jan-83

jan-84

jan-85

jan-86

jan-87

jan-88

jan-89

jan-90

jan-91

jan-92

jan-93

jan-94

jan-95

jan-96

jan-97

jan-98

jan-99

jan-00

jan-01

jan-02

jan-03

jan-04

jan-05

jan-06

PT(213)-PH/PT PT(212)-PH/PT

IV.4
Correlação entre o EMBTPH208 e os EMBTPT214 e EMBTPT215

Estatística descritiva dos dados a partir de 1982


PN_PH208 PT214 PT215 (PT(214)-PH)/PT (PT(215)-PH)/PT
Média 2,204 7,384 5,480 0,703 0,605
Desvio padrão 0,559 0,292 0,440 0,076 0,084
Mínimo 0,635 6,721 4,307 0,607 0,488
Máximo 2,954 8,224 6,500 0,936 0,885
Contagem 276 276 276 276 276

1,000

0,900

0,800

0,700

0,600

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000
mar-81

mar-82

mar-83

mar-84

mar-85

mar-86

mar-87

mar-88

mar-89

mar-90

mar-91

mar-92

mar-93

mar-94

mar-95

mar-96

mar-97

mar-98

mar-99

mar-00

mar-01

mar-02

mar-03

mar-04

mar-05

mar-06

PT(215)-PH/PT PT(214)-PH/PT

IV.5
Anexo V

Modelos de intervalos pré-fixados para a piezometria


e medidores de nível d’água da Barragem de Piau

V.1
Análise do PIBTMN001

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Mediana Percentil 95%
1 24 621,996 0,174 621,800 622,390 621,820 621,930 622,388
2 18 621,930 0,118 621,770 622,158 621,770 621,889 622,158
3 20 621,978 0,154 621,760 622,370 621,765 621,945 622,279
4 16 621,950 0,091 621,830 622,100 621,830 621,931 622,100
5 13 621,870 0,057 621,798 621,978 621,798 621,870 621,978
6 5 621,889 0,072 621,790 621,978 621,790 621,898 621,978
7 2 621,858 0,057 621,818 621,898 621,818 621,858 621,898
8 1 621,798 * 621,798 621,798 621,798 621,798 621,798
9 1 621,910 * 621,910 621,910 621,910 621,910 621,910
10 4 621,888 0,019 621,860 621,901 621,860 621,896 621,901
11 6 621,869 0,031 621,820 621,901 621,820 621,873 621,901
12 11 621,930 0,098 621,800 622,098 621,800 621,910 622,098
* Desvio padrão não calculado, pois só há uma leitura e as demais indicam “tubo seco”
neste período.

V.2
Análise do PIBTMN002

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 38 623,128 0,074 622,973 623,371 623,041 623,134 623,339
2 30 623,122 0,037 623,041 623,171 623,041 623,131 623,163
3 37 623,135 0,080 623,041 623,473 623,041 623,121 623,351
4 32 623,098 0,034 623,031 623,151 623,031 623,097 623,151
5 29 623,089 0,041 622,963 623,171 623,031 623,091 623,151
6 21 623,073 0,025 623,031 623,121 623,039 623,071 623,111
7 13 623,049 0,026 623,001 623,091 623,001 623,051 623,091
8 8 623,046 0,069 622,961 623,151 622,961 623,039 623,151
9 7 623,092 0,075 622,961 623,161 622,961 623,121 623,161
10 13 623,059 0,056 622,951 623,161 622,951 623,049 623,161
11 14 623,088 0,041 623,019 623,151 623,019 623,096 623,151
12 23 623,103 0,045 623,039 623,159 623,039 623,093 623,159

V.3
Análise do PIBTMN003

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 45 623,321 0,040 623,214 623,434 623,256 623,330 623,368
2 37 623,312 0,026 623,256 623,348 623,256 623,328 623,338
3 40 623,313 0,035 623,198 623,372 623,252 623,328 623,350
4 34 623,308 0,037 623,158 623,347 623,246 623,318 623,342
5 38 623,299 0,028 623,246 623,348 623,248 623,303 623,332
6 35 623,286 0,042 623,148 623,348 623,158 623,298 623,332
7 39 623,282 0,036 623,186 623,338 623,188 623,288 623,332
8 34 623,263 0,089 622,798 623,330 623,202 623,268 623,330
9 38 623,275 0,088 622,788 623,388 623,218 623,280 623,330
10 38 623,274 0,081 622,828 623,330 623,198 623,278 623,330
11 41 623,293 0,032 623,246 623,346 623,248 623,278 623,338
12 37 623,307 0,038 623,234 623,408 623,254 623,318 623,348

V.4
Análise do PIBTMN005

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 46 622,996 0,388 622,233 623,780 622,273 622,965 623,690
2 37 622,992 0,413 622,123 623,910 622,163 622,999 623,830
3 41 622,843 0,355 621,929 623,440 622,163 622,893 623,353
4 37 622,696 0,371 621,859 623,433 621,943 622,691 623,433
5 42 622,457 0,334 621,603 623,143 621,983 622,473 622,933
6 39 622,155 0,303 621,593 622,863 621,643 622,153 622,703
7 45 622,070 0,218 621,663 622,431 621,673 622,121 622,320
8 38 621,971 0,194 621,633 622,373 621,673 621,957 622,313
9 42 622,023 0,248 621,353 622,583 621,723 622,002 622,441
10 40 622,040 0,287 621,233 622,570 621,433 622,057 622,482
11 43 622,252 0,293 621,683 622,953 621,733 622,220 622,863
12 41 622,552 0,300 621,753 623,083 622,043 622,600 622,960

V.5
Análise do PIBTMN006

Análise descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Mediana Percentil 95%
1 34 628,760 0,554 626,981 629,461 627,651 628,924 629,459
2 28 628,303 0,735 626,841 629,339 627,061 628,516 629,291
3 32 628,336 0,796 626,741 629,361 626,761 628,625 629,311
4 27 627,855 0,798 626,781 629,461 626,791 627,791 629,299
5 32 627,022 0,519 626,461 628,571 626,481 626,851 628,411
6 28 626,494 0,348 625,621 627,439 625,869 626,446 626,961
7 32 626,255 0,235 625,691 626,699 625,871 626,206 626,629
8 27 626,058 0,232 625,471 626,539 625,711 626,049 626,499
9 32 625,844 0,271 625,371 626,389 625,381 625,841 626,299
10 30 625,830 0,296 625,291 626,451 625,301 625,856 626,239
11 32 627,002 1,384 625,211 629,571 625,231 626,326 629,359
12 30 628,679 0,882 625,641 629,591 625,981 628,875 629,541

V.6
Análise do PIBTMN007

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 47 617,900 0,230 617,396 618,347 617,527 617,897 618,287
2 38 617,880 0,167 617,517 618,197 617,567 617,897 618,167
3 43 617,863 0,180 617,427 618,174 617,547 617,857 618,146
4 37 617,773 0,204 617,396 618,147 617,417 617,807 618,057
5 42 617,668 0,209 617,216 617,997 617,247 617,667 617,947
6 39 617,584 0,231 617,006 617,937 617,056 617,587 617,897
7 45 617,581 0,166 617,096 617,816 617,347 617,617 617,797
8 37 617,565 0,141 617,317 617,817 617,317 617,576 617,807
9 42 617,534 0,202 616,957 618,177 617,257 617,512 617,807
10 40 617,554 0,195 616,857 617,827 617,227 617,547 617,807
11 43 617,639 0,172 617,236 617,957 617,367 617,636 617,907
12 41 617,741 0,274 616,876 618,666 617,417 617,717 618,066

V.7
Análise do PIBTMN009

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 17 630,292 0,488 629,650 631,075 629,650 630,290 631,075
2 12 630,324 0,364 629,740 630,925 629,740 630,360 630,925
3 13 630,301 0,487 629,620 630,955 629,620 630,300 630,955
4 12 630,153 0,429 629,610 630,765 629,610 630,043 630,765
5 12 629,838 0,417 629,340 630,475 629,340 629,718 630,475
6 14 629,601 0,408 629,210 630,275 629,210 629,368 630,275
7 14 629,523 0,338 629,100 630,075 629,100 629,470 630,075
8 12 629,434 0,315 628,860 629,905 628,860 629,455 629,905
9 14 629,446 0,363 628,910 629,885 628,910 629,425 629,885
10 14 629,496 0,394 628,810 629,965 628,810 629,533 629,965
11 16 629,618 0,608 628,690 630,915 628,690 629,568 630,915
12 16 630,012 0,712 628,900 631,155 628,900 630,125 631,155
Instrumento novo para o qual não há limite de projeto pré-estabelecido.

V.8
Análise do PIBTMN010

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 17 627,943 0,475 627,070 628,567 627,070 627,830 628,567
2 12 627,867 0,431 627,190 628,417 627,190 628,049 628,417
3 13 627,790 0,545 626,970 628,457 626,970 627,570 628,457
4 12 627,678 0,501 626,980 628,367 626,980 627,698 628,367
5 12 627,138 0,477 626,480 627,887 626,480 627,163 627,887
6 14 626,851 0,415 626,360 627,476 626,360 626,761 627,476
7 15 626,596 0,408 626,080 627,266 626,080 626,380 627,266
8 12 626,473 0,395 625,970 627,037 625,970 626,363 627,037
9 14 626,427 0,425 625,850 627,017 625,850 626,466 627,017
10 14 626,428 0,520 625,680 627,186 625,680 626,607 627,186
11 16 626,625 0,608 625,600 628,016 625,600 626,661 628,016
12 16 627,624 0,725 625,710 628,366 625,710 627,882 628,366
Instrumento novo para o qual não há limite de projeto pré-estabelecido.

V.9
Análise do PIBTMN011

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Mediana Percentil 95%
1 17 619,299 0,564 618,600 620,262 618,600 619,214 620,262
2 12 619,392 0,440 618,680 619,982 618,680 619,477 619,982
3 13 619,264 0,660 617,980 620,062 617,980 619,180 620,062
4 12 619,208 0,502 618,650 619,884 618,650 619,112 619,884
5 12 619,050 0,446 618,620 619,682 618,620 618,882 619,682
6 14 619,016 0,436 618,520 619,684 618,520 619,049 619,684
7 15 618,986 0,403 618,440 619,604 618,440 618,990 619,604
8 12 618,886 0,405 618,420 619,544 618,420 618,795 619,544
9 14 618,926 0,557 618,010 619,554 618,010 618,939 619,554
10 14 619,027 0,443 618,400 619,554 618,400 618,989 619,554
11 16 619,047 0,377 618,380 619,532 618,380 619,069 619,532
12 16 619,167 0,604 617,910 619,882 617,910 619,313 619,882
Instrumento novo para o qual não há limite de projeto pré-estabelecido.

V.10
Análise do PIBTMN025

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Mediana Percentil 95%
1 12 617,285 0,021 617,262 617,319 617,262 617,289 617,319
2 9 617,279 0,020 617,252 617,299 617,252 617,283 617,299
3 12 617,283 0,036 617,192 617,319 617,192 617,298 617,319
4 12 617,291 0,027 617,252 617,324 617,252 617,303 617,324
5 10 617,288 0,027 617,242 617,324 617,242 617,297 617,324
6 12 617,271 0,022 617,232 617,304 617,232 617,282 617,304
7 13 617,272 0,019 617,242 617,294 617,242 617,273 617,294
8 10 617,271 0,019 617,242 617,294 617,242 617,274 617,294
9 10 617,261 0,018 617,223 617,284 617,223 617,263 617,284
10 10 617,260 0,018 617,232 617,284 617,232 617,262 617,284
11 12 617,253 0,022 617,192 617,274 617,192 617,261 617,274
12 12 617,269 0,021 617,222 617,289 617,222 617,277 617,289

V.11
Análise do PIBTMN026

Análise Descritiva do Nível d’água (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 11 617,306 0,022 617,280 617,360 617,280 617,306 617,360
2 8 617,311 0,018 617,290 617,340 617,290 617,311 617,340
3 8 617,302 0,019 617,278 617,340 617,278 617,303 617,340
4 8 617,306 0,009 617,298 617,320 617,298 617,303 617,320
5 8 617,316 0,032 617,290 617,390 617,290 617,308 617,390
6 10 617,315 0,035 617,290 617,410 617,290 617,305 617,410
7 10 617,308 0,014 617,280 617,320 617,280 617,314 617,320
8 8 617,308 0,008 617,300 617,318 617,300 617,310 617,318
9 8 617,305 0,030 617,260 617,340 617,260 617,310 617,340
10 8 617,305 0,022 617,270 617,330 617,270 617,308 617,330
11 10 617,334 0,076 617,270 617,540 617,270 617,320 617,540
12 10 617,330 0,053 617,290 617,430 617,290 617,313 617,430

V.12
Análise do PIBTPC008

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Mediana Percentil 95%
1 34 626,178 0,352 624,303 626,373 625,777 626,267 626,353
2 27 626,156 0,185 625,623 626,333 625,793 626,237 626,333
3 32 626,144 0,216 625,323 626,333 625,743 626,243 626,303
4 27 626,019 0,261 625,423 626,343 625,513 626,097 626,303
5 32 625,561 0,481 624,303 626,293 624,563 625,618 626,263
6 24 625,056 0,585 624,233 625,847 624,263 625,068 625,783
7 15 625,022 0,390 624,353 625,653 624,353 625,043 625,653
8 6 624,689 0,527 624,217 625,653 624,217 624,548 625,653
9 2 624,938 0,771 624,393 625,483 624,393 624,938 625,483
10 1 624,963 * 624,963 624,963 624,963 624,963 624,963
11 13 625,938 0,492 624,697 626,363 624,697 626,153 626,363
12 23 626,167 0,409 624,313 626,323 626,043 626,263 626,313
* Desvio padrão não calculado, pois só há uma leitura e as demais indicam “tubo seco”
neste período.

V.13
Análise do PIBTPC009

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 20 615,730 0,132 615,556 616,156 615,556 615,711 616,011
2 14 615,673 0,060 615,596 615,766 615,596 615,664 615,766
3 16 615,683 0,115 615,566 616,066 615,566 615,676 616,066
4 13 615,641 0,117 615,546 616,007 615,546 615,626 616,007
5 15 615,606 0,049 615,536 615,722 615,536 615,596 615,722
6 16 615,591 0,080 615,356 615,686 615,356 615,606 615,686
7 17 615,607 0,048 615,516 615,666 615,516 615,626 615,666
8 15 615,621 0,050 615,536 615,676 615,536 615,637 615,676
9 15 615,613 0,083 615,456 615,816 615,456 615,587 615,816
10 14 615,621 0,046 615,546 615,687 615,546 615,612 615,687
11 16 615,639 0,060 615,546 615,776 615,546 615,634 615,776
12 16 615,668 0,121 615,546 615,996 615,546 615,644 615,996

V.14
Análise do PIBTPC010

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 47 615,775 0,155 615,507 616,172 615,539 615,762 616,102
2 40 615,731 0,151 615,549 616,287 615,549 615,719 616,036
3 43 615,750 0,169 615,497 616,162 615,557 615,709 616,089
4 37 615,679 0,161 615,459 616,249 615,489 615,655 616,069
5 42 615,640 0,119 615,479 616,182 615,517 615,624 615,772
6 39 615,600 0,085 615,342 615,762 615,469 615,609 615,752
7 45 615,589 0,071 615,372 615,762 615,479 615,609 615,672
8 38 615,609 0,084 615,449 615,769 615,449 615,621 615,752
9 42 615,603 0,080 615,469 615,812 615,489 615,579 615,772
10 39 615,622 0,085 615,467 615,769 615,469 615,615 615,769
11 43 615,647 0,109 615,509 616,119 615,539 615,625 615,832
12 41 615,716 0,146 615,497 616,099 615,519 615,689 616,089

V.15
Análise do PIBTPC011

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 34 615,833 0,252 615,518 616,883 615,543 615,808 616,298
2 30 615,740 0,159 615,513 616,158 615,548 615,733 616,108
3 32 615,742 0,178 615,473 616,168 615,528 615,688 616,053
4 26 615,666 0,172 615,488 616,130 615,508 615,613 616,098
5 32 615,634 0,112 615,498 616,018 615,498 615,614 615,898
6 28 615,590 0,073 615,488 615,758 615,488 615,583 615,723
7 32 615,566 0,113 615,013 615,673 615,478 615,588 615,658
8 27 615,588 0,077 615,428 615,748 615,498 615,558 615,748
9 32 615,584 0,060 615,498 615,708 615,508 615,564 615,703
10 30 615,608 0,079 615,488 615,798 615,498 615,600 615,763
11 32 615,641 0,065 615,538 615,883 615,550 615,633 615,768
12 29 615,726 0,217 615,268 616,298 615,483 615,688 616,268

V.16
Análise do PIBTPC012

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 47 615,698 0,239 615,238 616,519 615,348 615,689 616,069
2 38 615,650 0,161 615,339 615,949 615,409 615,659 615,919
3 43 615,671 0,212 615,298 616,269 615,369 615,679 616,029
4 37 615,562 0,183 615,248 616,070 615,258 615,519 615,999
5 42 615,522 0,151 615,228 615,829 615,309 615,489 615,779
6 39 615,484 0,131 615,208 615,778 615,218 615,479 615,729
7 45 615,494 0,103 615,208 615,738 615,389 615,479 615,669
8 38 615,489 0,211 614,778 615,790 614,778 615,464 615,789
9 41 615,528 0,138 615,248 615,809 615,349 615,479 615,758
10 40 615,571 0,159 615,278 616,068 615,394 615,499 615,810
11 43 615,544 0,133 615,268 615,839 615,318 615,519 615,779
12 41 615,625 0,189 615,218 616,079 615,349 615,579 615,849

V.17
Análise do PIBTPC013

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 24 617,684 0,244 617,275 618,147 617,360 617,680 618,126
2 18 617,672 0,184 617,410 617,950 617,410 617,723 617,950
3 21 617,715 0,253 617,300 618,547 617,440 617,700 617,995
4 17 617,556 0,197 617,335 617,916 617,335 617,480 617,916
5 19 617,457 0,158 617,195 617,747 617,195 617,420 617,747
6 20 617,429 0,207 617,145 617,965 617,165 617,400 617,850
7 21 617,451 0,156 617,205 617,735 617,205 617,435 617,656
8 19 617,395 0,160 617,180 617,710 617,180 617,380 617,710
9 19 617,399 0,159 617,190 617,666 617,190 617,340 617,666
10 18 617,435 0,151 617,230 617,686 617,230 617,398 617,686
11 18 617,466 0,144 617,250 617,657 617,250 617,470 617,657
12 20 617,618 0,286 617,115 618,316 617,200 617,575 618,141

V.18
Análise do PIBTPC016

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 34 619,819 0,269 619,296 620,413 619,365 619,796 620,237
2 27 619,757 0,256 619,155 620,145 619,355 619,775 620,143
3 31 619,794 0,293 619,235 620,555 619,345 619,745 620,255
4 27 619,671 0,306 619,145 620,255 619,215 619,615 620,137
5 32 619,582 0,268 619,045 619,995 619,095 619,515 619,945
6 28 619,531 0,274 619,176 619,995 619,185 619,466 619,956
7 32 619,489 0,208 619,145 619,846 619,245 619,485 619,815
8 27 619,450 0,241 619,115 619,935 619,165 619,415 619,865
9 31 619,462 0,238 619,065 619,857 619,155 619,455 619,845
10 28 619,478 0,257 618,866 619,935 619,055 619,481 619,857
11 32 619,493 0,242 619,105 619,855 619,105 619,521 619,835
12 30 619,646 0,276 619,046 620,103 619,226 619,700 620,026

V.19
Análise do PIBTPC017

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 34 618,590 0,228 618,176 619,176 618,206 618,626 618,940
2 28 618,522 0,161 618,206 618,836 618,236 618,551 618,816
3 32 618,552 0,245 618,066 619,227 618,186 618,496 619,096
4 27 618,420 0,246 617,876 618,936 618,097 618,446 618,826
5 32 618,309 0,203 617,956 618,646 617,976 618,296 618,626
6 28 618,201 0,187 617,897 618,576 617,897 618,166 618,536
7 32 618,191 0,143 617,946 618,387 617,957 618,196 618,366
8 27 618,156 0,153 617,916 618,466 617,926 618,146 618,426
9 32 618,117 0,152 617,666 618,416 617,876 618,101 618,348
10 30 618,155 0,173 617,817 618,406 617,846 618,196 618,366
11 32 618,221 0,201 617,627 618,586 617,906 618,278 618,546
12 30 618,450 0,196 617,937 618,717 618,096 618,456 618,708

V.20
Análise do PIBTPC018

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Mediana Percentil 95%
1 47 622,481 0,348 621,829 623,240 621,890 622,562 623,122
2 38 622,462 0,289 621,870 622,962 621,910 622,535 622,940
3 43 622,474 0,321 621,770 623,220 621,930 622,490 622,902
4 37 622,342 0,368 621,510 623,240 621,790 622,330 622,910
5 42 622,260 0,330 621,510 623,010 621,709 622,275 622,642
6 39 622,132 0,278 621,679 622,640 621,690 622,132 622,610
7 44 622,136 0,226 621,670 622,550 621,779 622,140 622,489
8 38 622,069 0,271 621,620 622,650 621,629 622,050 622,550
9 42 622,084 0,293 621,560 622,680 621,690 622,016 622,592
10 40 622,121 0,360 621,380 623,169 621,490 622,115 622,566
11 43 622,165 0,321 621,480 623,040 621,719 622,150 622,560
12 41 622,265 0,319 621,569 622,796 621,759 622,280 622,706

V.21
Análise do PIBTPC019

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 47 620,534 0,280 619,992 621,309 620,079 620,555 620,999
2 38 620,591 0,300 620,139 621,549 620,169 620,572 621,349
3 42 620,547 0,252 619,979 621,339 620,099 620,539 620,889
4 36 620,458 0,292 619,979 621,349 620,042 620,464 620,889
5 42 620,326 0,250 619,809 620,699 619,819 620,349 620,659
6 39 620,210 0,220 619,782 620,669 619,822 620,229 620,619
7 45 620,190 0,164 619,902 620,469 619,912 620,199 620,399
8 38 620,144 0,167 619,869 620,489 619,869 620,129 620,479
9 42 620,130 0,197 619,549 620,459 619,809 620,112 620,449
10 40 620,124 0,240 619,652 620,519 619,689 620,156 620,492
11 43 620,227 0,267 619,619 620,879 619,752 620,279 620,649
12 41 620,335 0,280 619,749 621,239 619,882 620,325 620,669

V.22
Análise do PIBTPC020

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 34 619,655 0,278 619,187 620,206 619,189 619,668 620,117
2 28 619,572 0,291 618,797 619,997 618,869 619,632 619,936
3 32 619,622 0,320 618,667 620,407 619,147 619,607 620,107
4 27 619,551 0,287 619,087 620,297 619,219 619,497 619,937
5 32 619,409 0,236 618,987 619,787 618,997 619,362 619,787
6 28 619,305 0,236 618,959 619,747 618,999 619,247 619,689
7 32 619,310 0,225 618,977 620,109 619,027 619,282 619,567
8 27 619,246 0,195 618,727 619,607 619,047 619,237 619,530
9 32 619,229 0,191 618,817 619,560 618,937 619,182 619,560
10 30 619,200 0,201 618,837 619,550 618,879 619,197 619,530
11 32 619,305 0,192 618,919 619,627 618,937 619,357 619,577
12 30 619,465 0,290 618,929 620,400 619,057 619,422 619,876

V.23
Análise do PIBTPC022

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Mediana Percentil 95%
1 34 621,419 0,320 620,805 622,156 620,876 621,456 621,895
2 28 621,421 0,245 620,936 621,776 620,976 621,471 621,746
3 32 621,411 0,283 620,776 622,106 621,006 621,376 621,826
4 27 621,270 0,330 620,746 621,916 620,836 621,306 621,746
5 31 621,193 0,298 620,626 621,656 620,666 621,216 621,616
6 28 621,086 0,268 620,686 621,616 620,695 621,031 621,476
7 32 621,112 0,231 620,766 621,616 620,786 621,156 621,426
8 27 621,050 0,240 620,666 621,486 620,776 621,006 621,456
9 31 621,038 0,286 620,296 621,656 620,646 620,976 621,506
10 29 621,068 0,282 620,315 621,536 620,636 621,045 621,476
11 31 621,125 0,272 620,616 621,576 620,675 621,145 621,556
12 30 621,263 0,274 620,635 621,646 620,775 621,346 621,615

V.24
Análise do PIBTPC023

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 47 621,306 0,240 620,839 621,829 620,879 621,309 621,647
2 38 621,294 0,206 620,849 621,649 620,919 621,308 621,602
3 44 621,323 0,222 620,869 621,809 620,979 621,339 621,649
4 37 621,202 0,234 620,749 621,579 620,889 621,209 621,567
5 42 621,120 0,203 620,679 621,439 620,807 621,099 621,422
6 39 621,049 0,222 620,639 621,659 620,759 620,999 621,407
7 45 621,030 0,180 620,719 621,449 620,829 621,009 621,367
8 38 620,998 0,194 620,709 621,539 620,709 620,949 621,459
9 42 620,984 0,271 620,179 621,477 620,649 620,969 621,457
10 40 620,992 0,265 620,289 621,437 620,383 621,014 621,375
11 42 621,100 0,300 620,217 621,749 620,659 621,109 621,467
12 41 621,174 0,266 620,339 621,659 620,819 621,139 621,527

V.25
Análise do PIBTPC024

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 11 619,201 0,167 618,864 619,431 618,864 619,182 619,431
2 8 619,118 0,127 618,954 619,311 618,954 619,115 619,311
3 8 619,188 0,157 618,862 619,351 618,862 619,235 619,351
4 10 619,075 0,198 618,772 619,305 618,772 619,032 619,305
5 10 619,015 0,149 618,854 619,231 618,854 618,979 619,231
6 12 619,019 0,209 618,824 619,452 618,824 618,934 619,452
7 13 618,985 0,134 618,802 619,144 618,802 619,065 619,144
8 10 618,969 0,151 618,792 619,162 618,792 618,924 619,162
9 10 618,998 0,150 618,742 619,175 618,742 619,045 619,175
10 10 618,964 0,170 618,694 619,165 618,694 619,018 619,165
11 12 618,963 0,185 618,662 619,244 618,662 618,959 619,244
12 12 619,078 0,177 618,764 619,261 618,764 619,138 619,261

V.26
Análise do PIBTPC025

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Mediana Percentil 95%
1 8 617,299 0,411 616,790 617,802 616,790 617,327 617,802
2 6 617,198 0,498 616,570 617,742 616,570 617,307 617,742
3 6 617,325 0,416 616,750 617,682 616,750 617,522 617,682
4 6 617,203 0,418 616,740 617,782 616,740 617,197 617,782
5 6 617,071 0,358 616,540 617,472 616,540 617,027 617,472
6 8 617,042 0,452 616,390 617,702 616,390 616,952 617,702
7 7 616,878 0,342 616,530 617,392 616,530 616,892 617,392
8 6 616,908 0,271 616,560 617,202 616,560 616,942 617,202
9 6 616,998 0,432 616,490 617,582 616,490 617,057 617,582
10 6 617,259 0,082 617,142 617,352 617,142 617,267 617,352
11 8 617,157 0,154 617,022 617,372 617,022 617,067 617,372
12 10 617,259 0,285 616,800 617,632 616,800 617,356 617,632
Instrumento novo para o qual não há limite de projeto pré-estabelecido.

V.27
Análise do PIBTPC026

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Mediana Percentil 95%
1 8 617,643 0,525 616,820 618,270 616,820 617,670 618,270
2 6 617,492 0,544 616,810 617,990 616,810 617,700 617,990
3 6 617,625 0,498 616,930 618,090 616,930 617,795 618,090
4 6 617,625 0,564 616,990 618,470 616,990 617,665 618,470
5 6 617,262 0,535 616,610 617,810 616,610 617,375 617,810
6 8 617,295 0,407 616,630 617,810 616,630 617,295 617,810
7 7 617,164 0,402 616,740 617,740 616,740 617,310 617,740
8 6 617,098 0,313 616,770 617,600 616,770 617,065 617,600
9 6 617,173 0,412 616,680 617,680 616,680 617,245 617,680
10 6 617,455 0,347 616,830 617,720 616,830 617,595 617,720
11 8 617,540 0,160 617,350 617,720 617,350 617,590 617,720
12 10 617,506 0,440 616,860 617,990 616,860 617,580 617,990
Instrumento novo para o qual não há limite de projeto pré-estabelecido.

V.28
Análise do PIBTPC027

Análise Descritiva da Cota Piezométrica (mca)

Mês N Média Desvio - Padrão Mínimo Máximo Percentil 5% Médiana Percentil 95%
1 8 618,668 0,471 617,930 619,318 617,930 618,589 619,318
2 6 618,527 0,486 617,930 618,988 617,930 618,668 618,988
3 6 618,669 0,409 618,050 619,098 618,050 618,753 619,098
4 6 618,435 0,289 618,130 618,808 618,130 618,363 618,808
5 6 618,302 0,413 617,690 618,748 617,690 618,338 618,748
6 8 618,346 0,366 617,670 618,718 617,670 618,333 618,718
7 7 618,175 0,308 617,790 618,658 617,790 618,258 618,658
8 6 618,229 0,258 617,870 618,518 617,870 618,328 618,518
9 6 618,339 0,401 617,830 618,658 617,830 618,533 618,658
10 6 618,570 0,199 618,328 618,868 618,328 618,593 618,868
11 8 618,558 0,226 618,258 618,908 618,258 618,568 618,908
12 10 618,565 0,347 618,040 618,978 618,040 618,569 618,978
Instrumento novo para o qual não há limite de projeto pré-estabelecido.

V.29

Você também pode gostar