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Instituto Superior de Engenharia do Porto

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA

Dimensionamento de estacas baseado nos princípios da


dinâmica de cravação do SPT

Denise Maria Soares Castro da Silva

2011
Instituto Superior de Engenharia do Porto
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA

Dimensionamento de estacas baseado nos princípos da


dinâmica de cravação do SPT

Denise Maria Soares Castro da Silva

1020244

Projecto apresentado ao Instituto Superior de Engenharia do Porto para


cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre
em Engenharia Geotécnica e Geoambiente, realizada sob a orientação do
Doutor Nuno Bravo Faria de Cruz, da Direcção de Engenharia Rodoviária
da Mota-Engil e do Doutor João Paulo Meixedo dos Santos Silva,
Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Geotécnica do ISEP.
Júri

Presidente Doutor Helder Gil Iglésias de Oliveira Chaminé


Professor Coordenador, Instituto Superior de Engenharia do Porto

Doutor José Augusto de Abreu Peixoto Fernandes


Professor Coordenador, Instituto Superior de Engenharia do Porto

Doutor Nuno Bravo Faria de Cruz


Direcção de Engenharia Rodoviária, Mota-Engil, S.A.
Professor Auxiliar Convidado, Universidade de Aveiro

Doutor João Paulo Meixedo dos Santos Silva


Professor Adjunto, Instituto Superior de Engenharia do Porto

Mestre Eduardo Castro Neves


CICCOPN – Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do Norte
Dedico esta tese aos meus pais, Maria Fernanda e Manuel
Américo, e ao meu namorado, Gil, por todo o apoio e
compreensão que demonstraram, principalmente nos momentos
mais difíceis desta etapa.
Agradecimentos

São devidos os mais sinceros agradecimentos a todos aqueles que colaboraram de algum
modo, directa ou indirectamente, no desenvolvimento deste trabalho.

Em primeiro lugar, e para mim o mais especial agradecimento, ao Doutor Nuno Cruz e Doutor
Carlos Rodrigues, por toda a amizade, por todo o apoio e ensinamentos transmitidos ao longo
deste tempo, muito obrigado.
Ao Doutor Paulo Meixedo pela disponibilidade e apoio incondicional.
Aos meus superiores hierárquicos Jorge Cruz e Vieira Simões, por disponibilizarem todos os
meios necessários à realização deste trabalho, sem essa ajuda nada disto seria possível.
A todos os que trabalham ou trabalharam diariamente no estaleiro de Canelas da Mota-Engil:
Mike Lopes, Fernando Paiva, Nuno Oliveira, Ricardo Rocha, Cárin Mateus, Luís Machado,
Patrícia Vieira, Francisco Silva, Leonel Conde, Miguel Meireles e Carmo Pinto, por
proporcionarem que o trabalho seja mais simpático de se executar.
À Direcção de Geotecnia da Mota-Engil e aos seus colaboradores, a qual me orgulho de
integrar, em especial e à fantástica equipa de sondadores liderada pelo Srª Luís Póvoas, que
fazem diariamente o trabalho de bastidores.
Ao Doutor António Quartel por toda a simpatia e disponibilidade.
Aos meus pais e irmã, por toda a compreensão e apoio incondicional em todas as minhas
opções.
Ao Gil por todo o apoio e paciência nos dias de má disposição.
À Inês, por me ter incentivado nos momentos que me fui abaixo.

A todos aqueles em que os nomes não aparecem, mas não estão nem nunca serão
esquecidos.

A todos o meu obrigado, sem a vossa contribuição nada disto seria possível!
Palavras-chave
SPT, força, velocidade, energia, capacidade de carga de estacas.

Resumo

Este trabalho insere-se no domínio da calibração energética dos equipamentos SPT, dando
seguimento ao disposto na norma EN ISO 22476-3, de aplicação obrigatória em Portugal. Para
tal foi utilizada uma vara instrumentada, cuja instrumentação consiste em strain-gauges e
acelerómetros piezoeléctricos. Esta instrumentação encontra-se fixa a um trecho de vara com
comprimento de 60 cm e para a aquisição dos dados foi utilizado o sistema SPT Analyzer®
comercializado pela firma PDI. O sistema permite registar os dados provenientes da
instrumentação: sinais de um par de strain-gauges, transformados em registos de força (F1 e F2)
e sinais de um par de acelerómetros, convertidos em registos de velocidade (V1 e V2) ao longo
do tempo. O equipamento permite a avaliação, em tempo real, da qualidade dos registos e da
energia máxima transmitida à vara em cada golpe e o conhecimento do deslocamento vertical
do trem de varas ocorrido em cada golpe do martelo.
Por outro lado, baseando-se no tema acima referido, pretende-se ainda desenvolver esforços no
sentido de melhorar o novo método interpretativo dos resultados dos ensaios SPT e sua
aplicação ao dimensionamento de estacas, dado que a previsão da capacidade de carga de
estacas constitui um dos desafios da engenharia de fundações por requerer a estimativa de
propriedades do solo, alterações pela execução da fundação e conhecimento do mecanismo de
interacção solo-estaca. Este novo procedimento baseia-se nos princípios da dinâmica, rompendo
com as metodologias até aqui consagradas, de natureza essencialmente empírica. A nova forma
de interpretar os ensaios SPT, consubstanciada nos princípios de conservação de energia na
cravação do amostrador SPT, irá permitir converter analiticamente o valor Nspt numa força
dinâmica de reacção à penetração. A decomposição desta força dinâmica permite efectuar
análises comparativas entre as resistências unitárias mobilizadas no amostrador SPT (modelo) e
as mobilizadas na estaca (protótipo).
Keywords
SPT, strength, speed, energy, load capacity of piles.

Abstract

This essay insert’s himself in the field of energy calibration of SPT equipment’s, following
the provisions of EN ISO 22476-3, a mandatory in Portugal.
For so, it was used an instrumented rod, whose instrumentation consists in “strain-gauges” and
piezoelectric accelerometers.
This instrumentation is fixed to a piece of rod with a length of 60 cm and for the data
acquisition was used the SPT Analyzer ® system commercialized by the firm PDI. The system
allows recording data from the instrumentation: Signs of a pair of "strain gauges", transformed
into records of force (F1 and F2) and signs of a pair of accelerometers, records converted
to speed (V1 and V2) over the time. The equipment allows the evaluation, in real time, of the
quality of records and the maximum energy transmitted to the rod on each stroke and the
knowledge of the vertical displacement of the train rods occurred on each stroke of the
hammer.
Since the prediction of piles load capacity consists one of the challenges of
foundations engineering by requiring the estimation of soil properties, changes by the
execution of the foundation and understanding the mechanism of soil-pile interaction, we
intend to further efforts to introduce a new interpretation method of the SPT test results and its
application to the piles design. This new procedure is based on the dynamic principles, breaking
with the conventional methods, of essentially empirical nature. The new way to interpret
the SPT test, embodied in the principles of energy conservation in spiking the SPT sampler,
will allow to analytically convert the Nspt value into one dynamic strength of penetration
reaction. The decomposition of this dynamic strength allows performing comparative analysis
between the unit resistances mobilized in the SPT sampler (model) and the mobilized in the
stake (prototype).
ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ - 1 -
1.1 ENQUADRAMENTO GERAL ........................................................................................................... - 1 -
1.2 OBJECTIVOS.............................................................................................................................. - 2 -
1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA......................................................................................................... - 2 -
1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .................................................................................................. - 3 -

2 ESTADO DA ARTE – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ - 4 -


2.1 HISTÓRIA DO ENSAIO SPT ........................................................................................................... - 4 -
2.2 O ENSAIO SPT .......................................................................................................................... - 7 -
2.2.1 CUIDADOS A OBSERVAR .................................................................................................. - 9 -
2.2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS......................................................................................... - 9 -
2.2.3 FACTORES QUE AFECTAM O ENSAIO SPT .......................................................................... - 10 -
2.2.4 FACTORES LIGADOS AOS EQUIPAMENTOS ......................................................................... - 10 -
2.2.5 FACTORES LIGADOS AOS PROCEDIMENTOS ........................................................................ - 10 -
2.2.6 FACTORES LIGADOS COM OS GEOMATERIAIS SUJEITOS AO ENSAIO ......................................... - 11 -
2.3 NORMALIZAÇÃO DO ENSAIO SPT ................................................................................................ - 11 -
2.4 ENERGIA NO SPT ..................................................................................................................... - 12 -
2.4.1 ENERGIA POTENCIAL GRAVÍTICA DO MARTELO SPT ............................................................. - 14 -
2.4.2 ENERGIA POTENCIAL GRAVÍTICA DO TREM DE VARAS ........................................................... - 14 -
2.4.3 ENERGIA CINÉTICA ANTES E APÓS O IMPACTO DO MARTELO SPT ........................................... - 15 -
2.4.3.1 ENERGIA CINÉTICA TEÓRICA ................................................................................ - 15 -
2.4.3.2 ENERGIA CINÉTICA REAL ..................................................................................... - 16 -
2.4.4 ENERGIA TRANSFERIDA AO BATENTE ................................................................................ - 16 -
2.4.5 ENERGIA TRANSFERIDA AO AMOSTRADOR......................................................................... - 17 -
2.4.6 ENERGIA POTENCIAL GRAVÍTICA DO SISTEMA SPT .............................................................. - 17 -
2.5 EFICIÊNCIA DO ENSAIO SPT ....................................................................................................... - 19 -
2.5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................................. - 19 -
2.5.2 FACTORES DE CORRECÇÃO............................................................................................. - 23 -
2.6 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DAS ESTACAS....................................................................... - 27 -
2.6.1 FÓRMULAS DINÂMICAS ................................................................................................. - 27 -
2.6.2 TEORIA DA EQUAÇÃO DA ONDA APLICADAS ÀS ESTACAS ..................................................... - 28 -
2.6.3 TEORIA DE EXPANSÃO DAS CAVIDADES ............................................................................ - 31 -
2.6.4 MÉTODOS DE PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA .......................................................... - 34 -

I
2.6.4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... - 34 -
2.6.4.2 MÉTODOS RACIONAIS OU TEÓRICOS ..................................................................... - 34 -
2.6.4.3 MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS ................................................................................ - 36 -
2.6.4.3.1 MÉTODO DE AOKI & VELLOSO (1975) ............................................................................. - 36 -
2.6.4.3.2 MÉTODO DÉCOURT & QUARESMA (1978)........................................................................ - 38 -
2.6.4.3.3 MÉTODO BUSTAMANTE & GIANESELLI (1982)................................................................... - 39 -
2.6.4.4 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS DE CARGA – CARGA DE ROTURA ............... - 42 -
2.6.4.4.1 EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA CARGA-ASSENTAMENTO ............................................................. - 42 -
2.6.4.4.1.1 Método de Van der Veen (1953) ........................................................ - 42 -
2.6.4.4.1.2 Método de Chin (1971, 1978) ............................................................ - 44 -
2.6.4.4.2 DEFINIÇÃO DA CARGA DE ROTURA A PARTIR DA CURVA CARGA-ASSENTAMENTO ......................... - 45 -
2.6.4.4.2.1 Método da Norma Brasileira NBR 6122 (1996) .................................. - 45 -
2.6.4.4.2.2 Método de Davisson (1972) ............................................................... - 46 -

3 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS – MÉTODO PROPOSTO ....................... - 47 -


3.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... - 47 -
3.2 ANÁLISE DA CRAVAÇÃO DE ESTACAS USANDO A EQUAÇÃO DE ONDA .................................................. - 48 -
3.3 HIPÓTESES ASSUMIDAS ............................................................................................................. - 48 -
3.4 RESISTÊNCIAS UNITÁRIAS MOBILIZADAS PELO AMOSTRADOR SPT .................................................... - 50 -
3.5 MODELO VERSUS PROTÓTIPO .................................................................................................... - 52 -
3.6 CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS ........................................................................................... - 53 -

4 INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA............................................................................................ - 55 -
4.1 O ENSAIO SPT ........................................................................................................................ - 55 -
4.1.1 AMOSTRADOR............................................................................................................. - 55 -
4.1.2 VARAS ....................................................................................................................... - 55 -
4.2 REGISTOS DE ENERGIA NOS EQUIPAMENTOS SPT ........................................................................... - 57 -
4.2.1 SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS (SPT ANALYSER) ........................................................ - 57 -
4.2.1.1 CONSOLA DE AQUISIÇÃO DE DADOS ...................................................................... - 58 -
4.2.1.2 CARTÃO DE MEMÓRIA........................................................................................ - 58 -
4.2.1.3 OS CABOS DE CONEXÃO ..................................................................................... - 59 -
4.2.1.4 VARA INSTRUMENTADA...................................................................................... - 59 -
4.2.2 CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO (SPT ANALYSER) ........................................................... - 62 -
4.3 EQUIPAMENTO DE PERFURAÇÃO ................................................................................................ - 63 -

II
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ..................................................................................... - 66 -
5.1 CAMPANHA PRELIMINAR COM VISTA À CALIBRAÇÃO ENERGÉTICA DOS EQUIPAMENTOS SPT .................. - 66 -
5.1.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO CAMPUS DA UA .................. - 66 -
5.1.2 REGISTOS DE ENERGIA .................................................................................................. - 66 -
5.1.3 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ...................................................................... - 67 -
5.1.4 CONSEQUÊNCIAS DAS MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ........................................ - 73 -
5.2 PRIMEIRA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO ENERGÉTICA DOS EQUIPAMENTOS SPT ................................... - 74 -
5.2.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO ESTALEIRO DE CANELAS......... - 75 -
5.2.2 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ...................................................................... - 75 -
5.2.2.1 MARTELO MRT 11 – PROFUNDIDADE DE 1,25 M .................................................. - 75 -
5.2.2.2 MARTELO MRT 05 – PROFUNDIDADE DE 1,74 M .................................................. - 77 -
5.2.2.3 MARTELO MRT 07 – PROFUNDIDADE DE 2,77 M .................................................. - 78 -
5.2.2.4 MARTELO MRT 03 – PROFUNDIDADE DE 3,43 M .................................................. - 80 -
5.2.2.5 MARTELO MRT 04 – PROFUNDIDADE DE 3,43 M .................................................. - 80 -
5.2.2.6 MARTELO MRT 08 – PROFUNDIDADE DE 4,38 M .................................................. - 81 -
5.2.2.7 MARTELO MRT 09 – PROFUNDIDADE DE 4,72 M .................................................. - 83 -
5.2.2.8 MARTELO MRT 06 – PROFUNDIDADE DE 5,25 M .................................................. - 84 -
5.3 SEGUNDA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO DE MARTELOS SPT .............................................................. - 85 -
5.3.1 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ...................................................................... - 86 -
5.3.1.1 MARTELO MRT08 – PROFUNDIDADE DE 1,27 M ................................................... - 86 -
5.3.1.2 MARTELO MRT10 – PROFUNDIDADE DE 2,85 M ................................................... - 88 -
5.3.1.3 MARTELO MRT04 – PROFUNDIDADE DE 4,37 M ................................................... - 89 -
5.3.1.4 MARTELO MRT05 – PROFUNDIDADE DE 5,81 M ................................................... - 90 -
5.4 TERCEIRA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO DE MARTELOS SPT ............................................................... - 92 -
5.4.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO ESTALEIRO DE PORTO ALTO ... - 92 -
5.4.2 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ...................................................................... - 92 -
5.5 RESULTADOS FINAIS ................................................................................................................. - 96 -
5.6 ENSAIOS DE MICRO-ESTACAS À COMPRESSÃO E À TRACÇÃO............................................................ - 98 -
5.6.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. - 98 -
5.6.2 PREPARAÇÃO DOS ENSAIOS ........................................................................................... - 99 -
5.6.3 ENSAIO À TRACÇÃO .................................................................................................... - 100 -
5.6.4 ENSAIO À COMPRESSÃO .............................................................................................. - 101 -
5.6.5 RESULTADOS DOS ENSAIOS .......................................................................................... - 102 -
5.6.5.1 ENSAIO À TRACÇÃO ......................................................................................... - 102 -
5.6.5.2 ENSAIO À COMPRESSÃO – 1º CICLO DE CARGA ..................................................... - 105 -

III
5.6.5.3 ENSAIO À COMPRESSÃO – 2º CICLO DE CARGA ..................................................... - 107 -
5.6.5.4 EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA DE CARGA-ASSENTAMENTO .......................................... - 110 -
5.6.5.4.1 MÉTODO DE VAN DER VEEN ......................................................................................... - 110 -
5.6.5.4.2 MÉTODO DE CHIN ....................................................................................................... - 111 -
5.6.5.4.3 MÉTODO DA NORMA BRASILEIRA NBR 6122 .................................................................. - 112 -
5.6.5.4.4 MÉTODO DE DAVISSON ................................................................................................ - 114 -
5.7 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA - MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS ............................................... - 116 -
5.8 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA - MÉTODOS BASEADO NA EQUAÇÃO DE ONDA (PROPOSTO) ....... - 120 -

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................................................................... - 122 -


6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................................ - 122 -
6.2 CAPACIDADE DE CARGA – ENSAIO DE CARGA .............................................................................. - 122 -
6.3 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA – COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS ......................................... - 123 -

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... - 125 -

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... - 127 -

ANEXOS:
ANEXO I – BOLETIM DO LOG DE SONDAGEM;

ANEXO II –CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO SPT ANALYSER (2008);

ANEXO III - CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO SPT ANALYSER (2010);

ANEXO IV – DADOS OBTIDOS NA 3ª CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO – CÁLCULO DO COEFICIENTE η1;

IV
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Corte longitudinal do amostrador SPT (EN ISO 22476-3:2005) .................................... - 5 -


Figura 2 – O ensaio SPT ................................................................................................................. - 7 -
Figura 3 - Amostrador bipartido ................................................................................................... - 8 -
Figura 4 - Fases de cravação do amostrador no solo (Odebrecht, 2003) .................................... - 13 -
Figura 5 - Eficiência do ensaio SPT vs comprimento das varas utilizadas no ensaio (Morgano &
Liang, 1992)................................................................................................................................. - 22 -
Figura 6 - (a) Partículas no repouso; (b) Partículas aceleradas (Gonçalves, 2000) ...................... - 28 -
Figura 7 – Padrão assumido de rotura (Vésic, 1975) .................................................................. - 32 -
Figura 8 – Expansão cavidade esférica (Vésic, apud Silva, 2001) ................................................ - 32 -
Figura 9 – Superfícies de rotura da base de estacas segundo diversos autores (Vésic’; Aoki, 1999)
.................................................................................................................................................... - 34 -
Figura 10 – Cálculo da resistência equivalente ........................................................................... - 40 -
Figura 11 - Recta obtida num gráfico com ordenadas δ/Q e abscissas δ (Método de Chin, 1971)
.................................................................................................................................................... - 44 -
Figura 12 - Valor da carga limite na intersecção da curva de carga-assentamento com a recta
(Método da Norma Brasileira NBR 6122, 1996) .......................................................................... - 45 -
Figura 13 - Valor da carga rotura QU seja estabelecida em função de um valor do assentamento da
cabeça da estaca (Método de Davisson, 1972) ........................................................................... - 46 -
Figura 14 – Estaca submetida à carga de rotura (Vésic, 1972) ................................................... - 49 -
Figura 15 – Percentagem de resistência de ponta mobilizada pela cravação do amostrador SPT em
solos arenosos ............................................................................................................................ - 52 -
Figura 16 – Amostrador SPT ....................................................................................................... - 55 -
Figura 17 - Aspecto das varas de sondagem utilizadas nos ensaios SPT ..................................... - 56 -
Figura 18 – Aspecto do martelo Pilcon utilizado nos ensaios SPT .............................................. - 56 -
Figura 19 – Sistema de aquisição de dados (SPT ANALYSER) ...................................................... - 57 -
Figura 20 – Consola de aquisição, exibição e gravação de dados ............................................... - 58 -
Figura 21 - Cartão de memória e local de encaixe na consola de aquisição de dados................ - 59 -
Figura 22 – Cabos de conexão rápida do sistema SPT ANALYSER ............................................... - 59 -
Figura 23 – Vara instrumentada utilizada na campanha preliminar, 1ª e 2ª campanha ............. - 60 -
Figura 24 - Vara instrumentada utilizada na 3ª campanha ......................................................... - 60 -
Figura 25 - Medidores de deformação e acelerómetros............................................................. - 61 -
Figura 26 – Bloco de protecção dos acelerómetros .................................................................... - 61 -
Figura 27 - Representação dum registo captado e exibido pelo SPT ANALYZER......................... - 62 -

V
Figura 28 – Equipamento utilizado na campanha preliminar (Campus UA) ............................... - 63 -
Figura 29 - Equipamento utilizado na 1ª e 2ª campanha (Estaleiro de Canelas) ........................ - 64 -
Figura 30 - Sequência de operações de calibração de um martelo SPT ...................................... - 64 -
Figura 31 - Equipamento utilizado na 3ªcampanha (Estaleiro de Porto Alto)............................. - 65 -
Figura 32 – Caixa de sondagem .................................................................................................. - 65 -
Figura 33 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 1/8
do martelo, correspondente à profundidade de 1,5 m (NSPT=4) ............................................... - 68 -
Figura 34 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o 1º pulso do
golpe 1/8 do martelo, correspondente à profundidade de 1,5 m (NSPT=4) ............................... - 69 -
Figura 35 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o 2º e 3º
pulso do golpe 1/8 do martelo, correspondente à profundidade de 1,5 m (NSPT=4) ................ - 70 -
Figura 36 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
17/18 do martelo, correspondente à profundidade de 7,5 m (NSPT=11)................................... - 71 -
Figura 37 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
59/107 do martelo, correspondente à profundidade de 9 m (NSPT=60) ................................... - 72 -
Figura 38 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
104/107 do martelo, correspondente à profundidade de 9 m (NSPT=60) ................................. - 73 -
Figura 39 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-11 ......................................... - 76 -
Figura 40 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
18/22 do martelo MRT 11, correspondente à profundidade de 1,25 m (NSPT=60) ................... - 76 -
Figura 41 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-05 ......................................... - 77 -
Figura 42 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
35/65 do martelo MRT 05, correspondente à profundidade de 1,74 m (NSPT=39) ................... - 78 -
Figura 43 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT- 07 ........................................ - 78 -
Figura 44 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 5/22
do martelo MRT 07, correspondente à profundidade de 2,77 m (NSPT=16) .............................. - 79 -
Figura 45 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-04 ......................................... - 80 -
Figura 46 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
16/33 do martelo MRT 04, correspondente à profundidade de 3,43 m (NSPT=20) ................... - 81 -
Figura 47 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-08 ......................................... - 82 -
Figura 48 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
22/33 do martelo MRT 08, correspondente à profundidade de 4,38 m (NSPT=22) ................... - 83 -
Figura 49 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-09 ......................................... - 83 -
Figura 50 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
21/35 do martelo MRT 09, correspondente à profundidade de 4,72 m (NSPT=26) ................... - 84 -

VI
Figura 51 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-06 ......................................... - 84 -
Figura 52 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
24/35 do martelo MRT 06, correspondente à profundidade de 5,25 m (NSPT=26) ................... - 85 -
Figura 53 - Amostradores Pilcon numerados e com massa normalizada ................................... - 86 -
Figura 54 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-08 ......................................... - 87 -
Figura 55 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
21/40 do martelo MRT08, correspondente à profundidade de 1,27 m (NSPT=28) .................... - 87 -
Figura 56 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-10 ......................................... - 88 -
Figura 57 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
28/35 do martelo MRT08, correspondente à profundidade de 2,85 m (NSPT=24) .................... - 89 -
Figura 58 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-04 ......................................... - 89 -
Figura 59 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
21/28 do martelo MRT04, correspondente à profundidade de 4,37 m (NSPT=20) .................... - 90 -
Figura 60 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-05 ......................................... - 91 -
Figura 61 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
19/21 do martelo MRT05, correspondente à profundidade de 5,81 m (NSPT=13) .................... - 91 -
Figura 62 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
14/23, correspondente à profundidade de 5,59 m (NSPT=11) ................................................... - 93 -
Figura 63 - Resultados dos registos energéticos do martelo á profundidade de 5,59m ............. - 94 -
Figura 64 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
66/70, correspondente à profundidade de 11,99 m (NSPT=11) ................................................. - 95 -
Figura 65 - Resultados dos registos energéticos do martelo á profundidade de 11,99m ........... - 95 -
Figura 66 – Ensaio de carga sobre a micro-estaca no Estaleiro de Porto Alto ............................ - 99 -
Figura 67 - Esquema de ensaio à tracção utilizado. .................................................................. - 100 -
Figura 68 - Esquema de ensaio à compressão utilizado............................................................ - 101 -
Figura 69 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) realizadas durante o ensaio à
tracção…………………………………………………………………………………………………………………………………..- 103 -
Figura 70 - Relação força – deslocamento na cabeça da micro-estaca no ensaio à tracção ..... - 103 -
Figura 71 – Comportamento de estacas submetidas a esforços de tracção e compressão
(Fellenius, 1984) ........................................................................................................................ - 104 -
Figura 72 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) na cabeça da micro-estaca no 1º ciclo de
carga no ensaio à compressão .................................................................................................. - 106 -
Figura 73 - Diagrama força – deslocamento da cabeça da micro-estaca no 1º ciclo de carga no
ensaio à compressão................................................................................................................. - 107 -

VII
Figura 74 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) na cabeça da micro-estaca no 2º ciclo de
carga no ensaio à tracção ......................................................................................................... - 109 -
Figura 75 - Relação força – deslocamento no 2º ciclo de carga no ensaio à compressão ........ - 109 -
Figura 76 - Linha de tendência linear (método de Van der Veen, 1970) .................................. - 110 -
Figura 77 - Curva carga-assentamento dos ensaios de carga na micro-estaca (método de Van der
Veen, 1970) ............................................................................................................................... - 111 -
Figura 78 - Linha de tendência linear (método de Chin, 1971) ................................................. - 111 -
Figura 79 - Curva carga-assentamento dos ensaios de carga na micro-estaca (método de Chin,
1971) ......................................................................................................................................... - 112 -
Figura 80 - Definição da carga de rotura total (Método de Norma Brasileira NBR 6122,
considerando a extrapolação da curva carga-assentamento pelo método de Van der Veen).. - 113 -
Figura 81 - Definição da carga de rotura total (Método de Norma Brasileira NBR 6122,
considerando a extrapolação da curva carga-assentamento pelo método de Chin) ................ - 113 -
Figura 82 - Definição da carga de rotura total (Método de Davisson, considerando a extrapolação
da curva carga-assentamento pelo método de Van der Veen) ................................................. - 115 -
Figura 83 - Definição da carga de rotura total (Método de Davisson, considerando a extrapolação
da curva carga-assentamento pelo método de Chin) ............................................................... - 115 -

VIII
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores de F1 e F2 (método de Aoki & Velloso) ........................................................ - 37 -


Tabela 2 – Valores de k e α (Método de Aoki & Velloso) ............................................................ - 37 -
Tabela 3 – Valores atribuídos a k (Décourt & Quaresma, 1978) ................................................. - 38 -
Tabela 4 – Valores atribuídos ao coeficeiente α (Quaresma et al, 1996) ................................... - 39 -
Tabela 5 - Valores atribuídos ao coeficeiente β (Quaresma et al, 1996) .................................... - 39 -
Tabela 6 – Factores de capacidade de carga qc e kc .................................................................... - 40 -
Tabela 7 - Limites de resistência lateral unitária (a partir do CPT) ............................................. - 41 -
Tabela 8 – Valores de α e β (Lobo, 2005).................................................................................... - 54 -
Tabela 9 - Factores de calibração dos sensores utilizados na campanha preliminar, 1ª e 2ª ..... - 62 -
Tabela 10 - Factores de calibração dos sensores utilizados na 3ª campanha ............................. - 63 -
Tabela 11 - Massa dos martelos SPT ........................................................................................... - 74 -
Tabela 12 - Massa final dos martelos SPT ................................................................................... - 74 -
Tabela 13 - Medições efectuadas na calibração energética dos martelos SPT. .......................... - 96 -
Tabela 14 - Valores da calibração energética dos martelos SPT. ................................................ - 97 -
Tabela 15 - Energia efectiva disponibilizada pelos martelos SPT. ............................................... - 98 -
Tabela 16 - Valores da relação energética para o cálculo de N60. ............................................... - 98 -
Tabela 17 – Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à tracção ..................... - 102 -
Tabela 18 - Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 1º ciclo- 105 -
Tabela 19 - Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 2º ciclo- 107 -
Tabela 20 – Previsão da capacidade de carga pelo método de Aoki & Velloso (1975) ............. - 117 -
Tabela 21 - Previsão da capacidade de carga pelo método de Décourt & Quaresma (1978) ... - 118 -
Tabela 22 - Previsão da capacidade de carga pelo método de Bustamante & Gianeselli (1982)………
.................................................................................................................................................. - 119 -
Tabela 23 - Previsão da capacidade de carga pelo método baseado na equação de onda (método
proposto) .................................................................................................................................. - 121 -
Tabela 24 – Valores da carga de rotura resultante de cada método aplicado aos ensaios de
carga………………………………………………………………………………………………………………………………..…...- 123 -
Tabela 25 – Tabela resumo dos resultados obtidos.................................................................. - 123 -

IX
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

α : Coeficiente de adesão;
α : Coeficiente que define a forma da curva – Método de Van der Veen, 1953;
α : Coeficiente de ajuste aplicado à resistência lateral, considerando os diferentes tipos de
estacas (Lobo, 2005);

β : Coeficiente de ajuste aplicado à resistência de ponta, considerando os diferentes tipos de


estacas (Lobo, 2005);

β : Ponto de intersecção da recta com o eixo das abscissas – Método de Van der Veen, 1953;

∆ : Variação volumétrica;

∆EPGmSistema
+h : Energia potencial gravítica do sistema (martelo + trem de varas);

∆hh : Diferença da energia potencial gravítica do martelo após a penetração;

∆hm : Diferença da energia potencial gravítica do trem de varas após a penetração;

∆L : Segmento de estaca;

δ : Variação;
δ : Ângulo de resistência ao corte entre a estaca e o solo;
δ : Assentamento;

ε a : deformação axial medida na vara;

η1 : Coeficiente de eficiência devido ao golpe do martelo;

η 2 : Coeficiente de eficiência devido ao comprimento do trem de varas;

η 3 : Coeficiente de eficiência do ensaio SPT devido ao sistema;

ϕ ' : Ângulo de resistência ao corte interno do solo perturbado em termos de tensões efectivas;

v : Coeficiente de Poisson;

σ : Tensão;

σ 0 : Tensão média do solo na ponta da estaca;

σ h' : Tensão horizontal efectiva média na superfície lateral da estaca;

σ oct : Tensão média ou octaédrica do solo na ponta da estaca;

X
σ v : Tensão vertical do solo;

σ v' : Tensão vertical efectiva no nível da ponta da estaca;

τ l : Resistência lateral unitária;

τ l ,spt : Resistência lateral unitária mobilizada pelo amostrador SPT;

a : Aceleração da partícula;

a : Declive da recta- Método de Chin, 1971;

A : Área;

A : Área da secção transversal da vara instrumentada;

Ab : Área da base da estaca;

al : Área lateral do amostrador;

Al : Área lateral da estaca;

a p : Área de ponta ou base do amostrador;

Ap : Área da secção transversal da ponta ou base da estaca;

As : Área lateral da estaca em contacto com a acamada i;

b : Intersecção da recta com o eixo das ordenadas - Método de Chin, 1971;

c : Coesão do solo;

ca : Aderência entre a estaca e o solo;

d : Diâmetro do amostrador;

D : Diâmetro do círculo circunscrito à estaca;

E : Módulo de elasticidade;

E : Módulo Young da vara instrumentada;

EC : Energia cinética antes do impacto do martelo;

E medido : Energia medida fornecida pelo sistema;

E *ou ET : Energia potencial gravítica teórica do martelo;

EF 2 : Energia transferida ao trem de varas, obtida com registos de força ao quadrado até F=0;

E2 F : Energia transferida ao trem de varas, obtida com registos de força ao quadrado até t=2l/c;

XI
EFV : Energia máxima transferida ao trem de varas, obtida com registos de força e velocidade;

EPGh : Energia potencial gravítica do trem de varas;

EPGm : Energia potencial gravítica do martelo;

E60 : 60% da energia teórica;

F (t ) : Força da onda longitudinal ao longo do tempo;

F1 : Coeficiente de correcção da resistência de ponta – Velloso et al 1978;

F 2 : Coeficiente de correcção da resistência lateral – Velloso et al 1978;

Fd : Força dinâmica de reacção do solo à cravação do amostrador;

Fd ,l : Força dinâmica lateral mobilizada pelo amostrador;

Fd , p : Força dinâmica de ponta mobilizada pelo amostrador;

g : Aceleração da gravidade;

Gs : Módulo distorcional do solo;

hm : Altura de queda do martelo;

hh : Cota do centro de massa do trem de varas em relação ao referencial fixo;

I r : Índice de rigidez;

I rr : Índice de rigidez reduzido;

K 0 : Coeficiente de repouso;

K c : Factor de capacidade;

K p : Coeficiente de impulso passivo;

l : Comprimento do trem de varas;

L : Comprimento da estaca;

M m : Massa do martelo;

M h : Massa do trem de varas;

N c : Coeficiente de capacidade de carga em função do ângulo de atrito interno e rigidez do solo;

N q : Coeficiente de capacidade de carga em função do ângulo de atrito interno e rigidez do solo;

XII
N m : Valor médio de Nspt ao longo do fuste;

N medido : Valor de Nspt registado;

N p : Valor médio de Nspt ao longo da ponta;

N spt : Número de golpes necessários à penetração dos 30 cm finais do amostrador SPT;

N 60 : Resistência à penetração corrigida de 60% da energia;

Q : Carga vertical aplicada em determinado estágio de carregamento;

qc : Resistência de ponta unitária equivalente ao nível da base da estaca;

QL : Capacidade de carga lateral da estaca;

q p : Resistência de ponta da estaca;

QP : Capacidade de carga da ponta ou base da estaca;

q p ,spt : Resistência de ponta mobilizada pelo amostrador SPT;

q p ,ult : Resistência de ponta da estaca;

q s : Resistência lateral unitária na camada i;

QU : Capacidade de carga total da estaca;

R : Resistência oferecida pelo solo à penetração da estaca;

s : “nega” correspondente ao valor de h;

SPT : Standard Penetration Test;

t : Tempo;

T : Energia cinética;

t1 : Tempo correspondente ao instante imediatamente antes da libertação do martelo;

t 2 : Tempo correspondente ao instante imediatamente anterior ao impacto do martelo;

t 3 : Tempo correspondente ao instante em que o processo de cravação do amostrador já ocorreu;

U : Perímetro da estaca;

u : Deslocamento;

v : Velocidade da queda do martelo;

V : Energia potencial;

XIII
V (t ) : Velocidade da onda longitudinal ao longo do tempo;

W : Peso próprio da estaca;

Wnc : Trabalho efectuado por forças não conservativas;

Ws : Trabalho efectuado por forças não conservativas na ponta do amostrador;

x : Distância ao topo da estaca;

XIV
1 INTRODUÇÃO

1.1 ENQUADRAMENTO GERAL

No âmbito da caracterização geotécnica, e dada a complexidade e rigor exigidos no


dimensionamento do projecto geotécnico das obras de engenharia nos dias que correm, bem
como a competitividade exercida no mercado da Geotecnia, surge a necessidade do
desenvolvimento e/ou aperfeiçoamento dos métodos e técnicas utilizadas na determinação das
características geotécnicas do terreno.
Nas últimas três décadas esta preocupação tem sido cada vez maior, e as pesquisas científicas
nesta área, mais especificamente no domínio dos ensaios “in situ”, têm vindo a ser debatidas.
Neste contexto, e com o intuito de contribuir para tal crescimento, pretende-se desenvolver
trabalho no âmbito da avaliação da eficácia energética dos equipamentos utilizados na execução
dos ensaios SPT, dando seguimento ao disposto na norma EN ISO 22476-3, de aplicação
obrigatória em Portugal, de forma a verificar também se a informação retirada acerca do
parâmetro N60 é fidedigna.
Por outro lado, o crescente interesse pelo controlo de qualidade de fundações tem levado um
número apreciável de países à implantação de normas e critérios específicos para a realização de
ensaios de campo visando a garantia da qualidade.
Segundo Alonso (1991), uma boa fundação é aquela que possui as fases de projecto, controlo e
execução. O projecto e a execução de fundações são actividades dinâmicas e o controlo de
qualidade trata-se de um constante registo e troca de informações entre as equipas de campo e
de projecto.
O controlo de campo da capacidade de carga de estacas pode ser realizado através de provas de
carga estáticas, controlo pela “nega”, por repique e por instrumentação dinâmica.
Nesse contexto, a monitorização e o controlo de fundações profundas através do uso de um
adequado sistema de instrumentação, aquisição e interpretação de dados, desempenham um
papel fundamental na avaliação do comportamento destas estruturas, principalmente durante a
fase de execução.
A aplicação destes conceitos permitirão desenvolver novas metodologias baseadas em
apreciações analíticas dos fenómenos envolvidos no desempenho tanto dos ensaios como dos
elementos de fundação, reduzindo as incertezas atribuídas à avaliação de capacidade de carga de
estacas.

-1-
Então, e dado que a previsão da capacidade de carga de estacas constitui um dos desafios da
engenharia de fundações por requerer a estimativa de propriedades do solo, alterações pela
execução da fundação e conhecimento do mecanismo de interacção solo-estaca, pretende-se
desenvolver trabalho no sentido de comprovar a aplicabilidade de um novo método
interpretativo dos resultados dos ensaios SPT e sua aplicação ao dimensionamento de estacas,
baseado nos princípios da dinâmica, rompendo com as metodologias até aqui consagradas, de
natureza essencialmente empírica.
A introdução desta nova metodologia vem ao encontro das recentes investigações científicas
constituindo-se verdadeiramente numa inovação no panorama nacional e ao nível dos recentes
desempenhos internacionais.

1.2 OBJECTIVOS

O presente trabalho tem como principal objectivo testar um novo método de previsão de
capacidade de carga de estacas baseado na interpretação directa dos resultados de ensaios SPT, e
tem como base as equações desenvolvidas a partir de conceitos físicos, utilizando uma nova
interpretação do ensaio, na qual é calculada uma força dinâmica de reacção do solo à cravação do
amostrador SPT.
Na sequência do desenvolvimento deste trabalho, surgiu, em adição ao objectivo principal, a
necessidade de se conhecer o nível de eficiência energética que cada um dos dispositivos SPT
utilizados, de modo a que a informação acerca do parâmetro N60 fosse fidedigna. Assim como
objectivo secundário, mas não menos importante, pretende-se avaliar a eficácia energética dos
equipamentos SPT, de modo a que cumpram a norma EN ISO 22476-3, de aplicação obrigatória
em Portugal.
Outro objectivo a atingir no projecto referia-se à componente de investigação relacionada com a
clarificação de assuntos extremamente actuais no domínio da dinâmica da propagação de ondas
de tensão nas varas SPT. Neste sentido pretende-se verificar a influência que o comprimento do
trem de varas tem na eficácia energética. Um dos pontos a investigar diz respeito também à
averiguação da influência da velocidade de queda do martelo na eficácia energética.

1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

A prática portuguesa de projectos de fundações está intimamente relacionada com ensaios SPT,
por isso o hábito de relacionar resultados deste ensaio directamente com a capacidade de carga
de estacas. Os métodos tradicionalmente empregues, baseiam-se em correlações estatísticas

-2-
entre medidas de Nspt e a capacidade de carga de estacas. Embora estes métodos constituam uma
ferramenta valiosa para a engenharia de fundações, é importante reconhecer que, devido à sua
natureza estatística, a validade está limitada à prática construtiva regional e às condições
específicas dos casos históricos utilizados em seu estabelecimento (Schnaid, 2000). Deste modo,
observa-se a necessidade de incorporar à engenharia de fundações um método racional de
análise baseado nos conceitos de energia para a previsão de capacidade de carga de estacas
obtido directamente a partir de resultados de ensaio SPT.
Face às necessidades citadas, desenvolveu-se nesta pesquisa um método de previsão de
capacidade de carga de estacas baseado em uma nova interpretação do ensaio SPT sugerida por
Odebrecht (2003). O método proposto baseia-se em análises comparativas das resistências
unitárias mobilizadas entre o amostrador SPT durante a sua cravação (modelo) com as
resistências unitárias mobilizadas pela estaca (protótipo).

1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Este trabalho subdivide-se da seguinte forma:


CAPÍTULO 1 – Enquadramento geral do trabalho, evidenciando os objectivos e a justificativa da
pesquisa.
CAPÍTULO 2 – Apresentam-se os métodos tradicionalmente empregados na previsão da
capacidade de carga de estacas e a nova interpretação do ensaio SPT, em termos de energia.
CAPÍTULO 3 – É apresentado o método de previsão de capacidade de carga de estacas proposto
nesta pesquisa. Neste capítulo, serão apresentadas as hipóteses de cálculo assumidas e,
posteriormente, são estimadas as resistências unitárias mobilizadas pelo amostrador para que a
seguir possam ser comparadas com as resistências unitárias desenvolvidas na estaca.
Neste capítulo são também apresentados os critérios de rotura adoptados, o método de
extrapolação da curva carga-assentamentos adoptados e os procedimentos utilizados para a
separação da carga lateral e de ponta mobilizadas pela estaca
CAPÍTULO 4 – Apresenta toda a instrumentação utilizada na calibração energética dos martelos e
nos ensaios de carga realizados.
CAPÍTULO 5 – Apresenta todos os resultados obtidos.
CAPÍTULO 6 – Neste capítulo, é apresentada a análise e discussão dos resultados obtidos. São
apresentados e comparados os resultados obtidos pelo método proposto com outros métodos
tradicionalmente empregues em projectos de fundações.
CAPÍTULO 7 – Neste capítulo são apresentadas as conclusões e sugestões para pesquisas futuras.
CAPÍTULO 8 – Apresentam-se as referências bibliográficas.

-3-
2 ESTADO DA ARTE – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 HISTÓRIA DO ENSAIO SPT

Segundo Cavalcante (2002) a história do SPT fica marcada por quatro grandes fases. A primeira
fase inicia-se em 1902 e vai até meados dos anos 20, a segunda fase começa por volta de 1927 e
termina na fase final da década de 40, a terceira fase que se estende até aos anos 70 e a quarta
fase que se segue até aos dias de hoje.
Segundo Belicanta (1998), no final do século XIX, os meios de investigação dos solos era realizada
através de abertura de poços, escavações de grande porte e recolha de detritos por meio de
perfuração com circulação de água. Segundo Terzaghi & Peck (1962), estes métodos de
investigação dos solos apresentavam claramente a sua ineficiência, pois provocavam grandes
alterações na estrutura e, em alguns casos, na própria constituição do solo que se pretendia
estudar.
Em 1902, o engenheiro Charles R. Gow desenvolveu um novo procedimento de sondagem que é
caracterizado pelo processo dinâmico de cravação de um tubo de diâmetro interno nominal de
25,4 mm por força de queda livre de um martelo no solo, obtendo assim as primeiras amostras
associadas a esses processos. Após a introdução destes processos dinâmicos de cravação,
introduzidos pelo engenheiro Charles R. Gow, foi possível obter amostras de melhor qualidade,
não causando grandes perturbações do solo, permitindo a relação dos resultados obtidos com
certos parâmetros geotécnicos através de métodos empíricos ou semi-empíricos.
Por outro lado, a falta de registos do modo de execução do ensaio nessa época, nomeadamente,
a altura de queda do martelo, o peso do martelo, o modo de contagem do número de golpes,
etc., limitavam seriamente a sua análise (Belicanta, 1998), pelo que houve necessidade de
desenvolver trabalho nesse sentido.
Em 1927, a Raymond Concrete Pile Co., juntamente com a The Gow Company, baseados em
trabalhos de Fletcher e Harry A. Mohr, desenvolvem um amostrador, de diâmetro externo de
51mm e diâmetro interno de 31mm, constituído por três partes: cabeça, corpo central e boca
biselada (Figura 1). A principal característica desse amostrador era o facto de o corpo central ser
bipartido, o que facilitava imenso a recolha e visualização da amostra adquirida no ensaio,
bastava para tal, desenroscar as duas extremidades do amostrador (cabeça e boca) e separar as
duas partes do corpo central.
De acordo com Texeira (1977), o critério de cravação inicial de 15cm do comprimento do
amostrador do tipo “Raymond” e de contagem do número de golpes para a cravação de 30cm

-4-
restantes é creditado a Harry A. Mohr e o critério do número de golpes passou a ser utilizado
como um índice de resistência à penetração dinâmica.

Figura 1 – Corte longitudinal do amostrador SPT (EN ISO 22476-3:2005)

O aparecimento do amostrador permitiu melhorar, em muito, a qualidade da amostragem, pois


este método preserva grande parte das características naturais dos solos. Para além disso,
permitiu uma evolução contínua no modo de execução do ensaio SPT, nomeadamente no que
respeita à altura e forma de queda do martelo. Por isso mesmo, as características do amostrador
do tipo Raymond ainda hoje são incorporadas nos amostradores usados em todo o mundo que,
segundo Cavalcante (2002), é extremamente positivo do ponto de vista das normalizações.
As primeiras tentativas de padronização da cravação do amostrador iniciam-se nos anos 30, onde
o amostrador era cravado no terreno por acção da queda de um martelo de massa 0,62 kN a uma
altura de 762 mm, auxiliados por uma corda e uma roldana fixa. O número de pancadas
necessárias para cravar 304,8 mm do amostrador indica a resistência do solo (Fletcher, 1965).
A segunda fase da história do SPT fica definitivamente marcada em 1948, quando Terzaghi & Peck
publicam um livro que aborda vários aspectos do SPT, entre eles, as primeiras correlações entre a
resistência à penetração e a compacidade das areias. De salientar que a publicação deste livro foi
tão marcante que, ainda hoje, a maioria das normas relativas ao SPT se baseiam nele.
Apoiando-se em vários autores, em 1949 são apresentadas as correlações entre a resistência à
penetração do amostrador e a consistência dos solos num trabalho publicado por Hvorslev.
A terceira fase da história do SPT caracteriza-se pelas primeiras tentativas de padronizar o ensaio,
já que até a data tal não se verificava, tendo inclusive Terzaghi ironizado em 1947 com o termo
“Standard”.
James D. Parson foi o primeiro a tentar padronizar o SPT. Em 1954 este propôs que o número de
pancadas necessárias para cravar o amostrador fosse registado para cada um dos três intervalos
de 152 em 152 mm (Fletcher, 1965). Após tal proposta, surgiram várias discussões sobre o
assunto, pois tentavam perceber qual o resultado válido do ensaio, dos três intervalos medidos,
que se deveria utilizar.

-5-
Mais uma vez, James D. Parson propõe que o resultado da resistência à penetração do
amostrador fosse a menor soma de dois dos três intervalos ensaiados, enquanto que Terzaghi &
Peck (1948) defendiam que este resultado seria dado pela soma dos dois últimos intervalos
ensaiados. Com o aparecimento da primeira norma (ASTM D1586/58T), ainda hoje em vigor
apesar de inúmeras revisões, a proposta de James D. Parson fica excluída. Em 1967, segundo
trabalhos de Terzaghi & Peck (1948); Fletcher (1965, 1967); LO Pinto (1966); Schnabel (1966) e
Geisser (1966), concluí-se que o primeiro intervalo de cravação (152 mm) correspondia ao
intervalo de assentamento do amostrador, pois o número de pancadas necessárias para cravar o
amostrador nos primeiros 152 mm é inferior comparado com os restantes intervalos de
penetração. Tal facto relaciona-se com as perturbações do solo na base do furo, limpeza
inadequada do mesmo, ou ainda pelo alívio de tensões devido à retirada da coluna de solo pela
perfuração (Palacios, 1977).
Terzaghi & Peck (1962) fazem menção ao número de golpes contados na cravação de 30cm do
amostrador como um método de avaliação do grau de compacidade dos solos. O procedimento
de cravação do amostrador, considerando o martelo de 65kg caindo de uma altura de 75cm, é
descrito por estes autores como um processo padrão (standard). Com esta apresentação do
ensaio penetração dinâmica, o mesmo ficou conhecido, na literatura de língua inglesa, como o
Standard Penetration Test (SPT).
Com esta questão esclarecida, entrou-se na quarta fase da história do SPT na qual se iniciaram as
preocupações com as questões relacionadas com a energia que efectivamente atinge o
amostrador e, por consequência, com as perdas de energia no ensaio.
Esta fase fica marcada pelos primeiros trabalhos relacionados com este tema dos quais se
destacam os seguintes: Palacios (1977), Schmertmann (1976,1978,1979), Schmertmann &
Palacios (1979), Kovacs (1979, 1980, 1981 e 1994) e Kovacs & Salomone (1982 e 1984).
Entretanto, em 1986, Skempton sugere a normalização dos resultados em relação a uma energia
de referência, ou seja, o valor do NSPT deve ser corrigido para um valor único de energia de
referência na ordem dos 60% da energia teórica. Com este procedimento, os resultados de
ensaios executados em diferentes partes do mundo e de diferentes maneiras podem ser
comparados. Contudo, diversos trabalhos têm sido publicados na literatura nacional e
internacional com objectivo de entender o modo de transferência de energia e,
consequentemente a eficiência do ensaio SPT (Odebrecht, 2003; Odebrecht, 2004; Aoki & Cintra,
2000; Aoki & Cintra, 2004). Estes trabalhos convergem na ideia de que a melhor forma de
interpretar o ensaio SPT é baseado no trabalho efectivamente consumido para cravar o
amostrador no solo.

-6-
Neste contexto, esta dissertação pretende clarificar assuntos extremamente actuais no domínio
da dinâmica da propagação de ondas de tensão nas varas SPT, verificando a influência que o
comprimento do trem de varas tem na eficácia energética. No âmbito geral pretende-se avaliar a
eficácia energética dos equipamentos SPT, de modo a que cumpram a norma EN ISO 22476-3, de
aplicação obrigatória em Portugal.
Para o desenvolvimento do método proposto de dimensionamento de estacas baseado nos
príncipios da dinâmica de cravação do SPT serão apresentados neste Capítulo, alguns métodos
consagrados de previsão da capacidade de carga de fundações e alguns tópicos de relevânica para
o entendimento do mecanismo de transferência de energia no ensaio SPT.

2.2 O ENSAIO SPT

O ensaio SPT é um ensaio de execução relativamente fácil. Basicamente, o ensaio consiste em


cravar um amostrador normalizado, no fundo de um furo de sondagem, por meio das pancadas
de um martelo de 63,5 kgf de peso que cai de uma altura de 76 cm (Figura 2).

Figura 2 – O ensaio SPT

O amostrador é um tubo cilindro bipartido de aço, com diâmetros exterior e interior de,
respectivamente 51 mm e 35 mm, com comprimento de cerca de 80 cm e peso aproximado de
6,8 kgf. Para facilitar a penetração no terreno, na extremidade inferior do corpo do amostrador, é
anexado um anel cortante biselado. Na extremidade oposta é roscada uma peça dotada de uma
válvula de esfera anti-retorno e ligações ao exterior, por intermédio de dois ou quatro orifícios

-7-
laterais, que serve para ventilação e purga de água durante a cravação que esteja acumulada no
interior do amostrador e que permite também a ligação ao trem de varas (Figura 3).

Figura 3 - Amostrador bipartido

Para a realização do ensaio, é necessário interromper a execução da sondagem, seguindo-se a


limpeza do fundo do furo e a descida do amostrador conduzido pelo trem de varas, até este
entrar em contacto com o terreno do fundo do furo. Após posicionamento, é necessário ajustar a
última vara do trem ao batente que irá receber as pancadas do martelo.
A cravação (o ensaio) é realizada em duas fases sucessivas e é contabilizando o respectivo número
de pancadas do martelo:
• 1ª Fase com penetração do amostrador de 15 cm;
• 2ª Fase e (sequencialmente) com penetração do amostrador de 15 cm mais 15 cm.

O número referente à 1ª fase é tomado como meramente informativo, já que com a mesma se
pretende, essencialmente, atravessar o terreno mais perturbado imediatamente abaixo do fundo
do furo. O número total das pancadas do martelo na 2ª fase (isto é, a soma, nas duas sub-fases de
15 cm), N, é considerado o resultado do ensaio.
De acordo com a ISO 22476-3;EC-7 Part 3 o ensaio é dado como terminado nos casos em que não
se consegue cravar uma das partes de 150 mm ao fim de 50 pancadas, em solos, ou 100 pancadas
em rochas brandas.
Por outro lado a norma ASTM D1586-84 recomenda declarar o ensaio como finalizado quando:
• número de pancadas necessárias para cravar uma das partes de 150 mm seja superior a 60;
• 100 pancadas na totalidade dos três trechos de 150 mm cada.
• não se observarem penetrações ao fim de 10 pancadas sucessivas.

Os ensaios são acompanhados pela recolha de amostras, sendo comum a sua realização de 1,5
em 1,5 m ou quando haja uma mudança de unidade geológica, de modo a evitar influência dos
ensaios anteriores. Quando o amostrador é recolhido à superfície, este é aberto ao meio em duas
meias canas, permitindo assim o estudo do solo.

-8-
2.2.1 CUIDADOS A OBSERVAR

Embora se siga uma norma para a execução correcta do ensaio, geralmente a EN ISO 22476-3, é
contudo necessário ter cuidado para que os resultados obtidos sejam válidos. Nomeadamente:
• Antes de se introduzir o amostrador no furo é de importância fundamental a limpeza do
mesmo, tendo sempre o cuidado de não perturbar o terreno no qual se pretende realizar o
ensaio;
• Aquando da extracção do equipamento do furo este deverá ser retirado de forma passiva
e com cuidado de modo a evitar danos no equipamento mas principalmente de modo a evitar que
o nível de descompressão seja elevado;
• O furo de sondagem no qual será realizado o ensaio deverá ser feito de modo a não
perturbar significativamente o terreno que se pretende estudar. Tendo isto em conta, as
sondagens por injecção de água são a evitar uma vez que provocam uma significativa alteração do
terreno;
• Durante a execução do ensaio dever-se-á ter o cuidado de não o realizar a uma velocidade
demasiada elevada, isto é, o número de quedas do martelo por minuto/hora não deverá exceder
um determinar valor. É costume adoptar uma velocidade de ensaio nunca superior a 30 quedas
do martelo por minuto.
Mesmo tendo em conta os cuidados referidos anteriormente, a supervisão durante a realização
do ensaio assim como a formação da equipa técnica são de uma importância fundamental, uma
vez que, caso haja uma falha numa destas situações, os resultados obtidos poderão não ser
representativos e/ou confiáveis.

2.2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Tal como qualquer outro ensaio, o ensaio SPT encerra vantagens e desvantagens.
Como já foi referido, a simplicidade e facilidade do ensaio, a obtenção de um valor numérico de
ensaio que pode ser relacionado com regras empíricas de projecto, a recolha de uma amostra e a
sua utilização em todo o tipo de solos e rocha branda constituem as suas principais vantagens.
Além destas, salienta-se ainda o facto de ser um ensaio difundido em todo o mundo com uma
longa utilização superior a 100 anos, o que permite aceder a imensa bibliografia sobre a
interpretação de dados (Kulhawy et al, 1990; Schnaid, 2000).
Relativamente às desvantagens do SPT pode citar-se o facto de este não simular o tipo de
comportamento do terreno mediante solicitação estática, para além dos resultados serem

-9-
facilmente afectados por factores como por exemplo, o equipamento, modo de execução e
profissionalismo do operador (Kulhawy et al, 1990; Schnaid, 2000).

2.2.3 FACTORES QUE AFECTAM O ENSAIO SPT

Existe um conjunto vasto de factores que afectam os resultados dos ensaios SPT. Estes factores
estão directamente relacionados com os elementos associados aos equipamentos, aos
procedimentos e ainda às condições e ao tipo material sujeito ao ensaio.

2.2.4 FACTORES LIGADOS AOS EQUIPAMENTOS

Relativamente aos factores relacionados com os equipamentos que afectam o resultado do


ensaio SPT refiram-se os seguintes:
a) Martelo – tipo de martelo, massa e altura do mesmo, massa e diâmetro do batente,
diâmetro da vara guia e suas condições de lubrificação, verticalidade do martelo durante
o golpeio;
b) Massa do batente e diâmetro de impacto;
c) Frequência do golpeio;
d) Varas de sondagem – tipo de varas, com especial enfoque à sua massa e comprimento;
e) Revestimento – fundamentalmente diâmetro do revestimento e condições colocação;
f) Amostrador – diâmetro, rugosidade externa e interna (uso de liner), forma e estado da
boquilha, área, forma e condições de limpeza das válvulas de escape/purga (vents).

2.2.5 FACTORES LIGADOS AOS PROCEDIMENTOS

Quanto aos factores relacionados com os procedimentos que afectam os resultados dos ensaios
SPT podem-se referir os seguintes:
a) Técnica de perfuração;
b) Uso de circulação de água na perfuração acima do NF;
c) Avanço, limpeza e estabilidade do furo;
d) Profundidade do furo e posição relativa do revestimento;
e) Intervalo de tempo entre a perfuração e a execução do ensaio;
f) Espaçamento entre ensaios;
g) Profundidade de execução do ensaio;
h) Erros de contagem, medidas e notas de ocorrência.

- 10 -
2.2.6 FACTORES LIGADOS COM OS GEOMATERIAIS SUJEITOS AO ENSAIO

Relativamente aos factores relacionados com os procedimentos que afectam os resultados dos
ensaios SPT podem-se referir os seguintes:
a) Tipo de material (tipo de solo ou rocha);
b) Resistência;
c) Compacidade relativa ou consistência;
d) Permeabilidade;
e) Grau de saturação;
f) Fábrica do solo ou rocha;
g) Posição dos níveis freáticos e posição relativa do nível de água no furo de sondagem.

Todos os factores mencionados afectam os resultados do ensaio SPT. Este projecto teve como
principal preocupação não só analisar os factores que contribuem para as perdas de energia de
penetração mas também contabilizá-las. Refira-se que estas perdas podem ocorrer por exemplo
devido ao atrito desenvolvido no seu percurso descendente entre o martelo e a vara guia (perda
de velocidade comparada com a pressuposta queda livre do martelo), perdas de energia durante
o impacto entre o martelo e o batente, ou ainda dissipação de energia pelas ligações entre
elementos (varas, batente, martelo, amostrador).

2.3 NORMALIZAÇÃO DO ENSAIO SPT

Após o trabalho referência de Terzaghi verificou-se uma rápida e profunda difusão do ensaio SPT
pelo mundo. Essa propagação conduziu no entanto a que os equipamentos e as metodologias de
execução do ensaio divergissem de país para país e por vezes dentro do mesmo país. Tornava-se
então clara a necessidade de proceder à normalização do ensaio, esta contudo apenas ocorreu
em 1958 pela ASTM (D1586-58T). Não obstante, continuou a ser comum em todo o mundo a
utilização de procedimentos e equipamentos não padronizados. Em 1988 a Sociedade
Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações (ISSMFE), por intermédio da
comissão técnica TC16, publicou um documento estabelecendo procedimentos
internacionalmente considerados como de referência para o SPT.
No seguimento deste trabalho a ISSMFE apresentou em 1989 um documento de referência onde
constam os procedimentos padrão do ensaio normalizado (ISSMFE-TC16, 1989). Apesar deste
importante passo no sentido de unificar os procedimentos de ensaio e tipologias de

- 11 -
equipamentos, é ainda vulgar que diferentes países utilizem normas próprias cujas
recomendações não coincidem necessariamente umas com as outras.
Na sequência do documento de referência acerca do ensaio SPT publicado pela ISSMFE, foram
desenvolvidos esforços no sentido de estabelecer métodos que, permitissem comparar resultados
dos ensaios SPT efectuados de forma diferenciada. Estudos experimentais mostraram que para o
efeito era necessário estabelecer comparações ao nível da energia efectivamente transmitida ao
trem de varas em cada pancada do martelo.
As características das varas e do martelo afectam a penetração, dado que para um dado solo o
valor NSPT é inversamente proporcional à energia aplicada ao amostrador (E). Assim, se dois
sistemas distintos (martelo/varas) aplicarem diferentes energias serão necessariamente obtidos
diferentes valores de resistência à penetração. Este facto é traduzido pela seguinte equação:

N1 E2
= (Equação 2.1)
N 2 E1

Este aspecto mostrou-se decisivo porque os mesmos estudos mostraram que a energia em cada
pancada pode ser substancialmente inferior à energia potencial do martelo.

2.4 ENERGIA NO SPT

Com base nos registos existentes, as primeiras medidas de energia no SPT datam do final dos
anos 70. Desde essa data que se tem assistido a uma evolução contínua desse assunto, sendo que
actualmente se consegue avaliar a eficiência do ensaio com um elevado grau de rigor, Cavalcante
(2002). No panorama nacional, as primeiras medidas datam de 2008, realizadas por Rodrigues.
Contudo, este assunto é ainda hoje considerado um dos assuntos mais problemáticos associado
ao SPT. Sendo assim, considera-se apropriado referenciar e caracterizar os vários tipos de energia
existentes no ensaio.
Então, o processo de cravação do amostrador no solo pode ser analisado sob dois aspectos:
segundo o modo de transferência de energia e segundo o tempo.
Em termos de transferência de energia, o ensaio SPT pode ser representado por duas etapas:
1. Estando o martelo em repouso pronto a ser libertado de uma certa altura, e por
conseguinte em condições de iniciar o ensaio, pode-se dizer que este possui uma energia
denominada energia potencial gravítica. Quando o martelo é libertado esta energia
transforma-se em energia cinética e em perdas por atrito. A energia potencial do martelo

- 12 -
sofre uma série de perdas até chegar ao topo da composição de varas. Estas perdas são
devidas principalmente à forma de levantar e soltar o martelo.
2. Após o martelo atingir o batente, a sua energia cinética transforma-se em energia cinética e
elástica, em energia térmica, sonora e outras que são perdidas. De forma análoga, pode-se
afirmar que a energia cinética disponível no instante do impacto não é totalmente
transformada em energia cinética e elástica contida na onda de compressão, devido às
perdas durante o impacto, ocasionados pelo mau contacto das superfícies, desalinhamento
entre as superfícies, massa e forma do batente, comprimento do trem de varas, tipo de
uniões, etc.

No que diz respeito a variações de energia com o tempo, o ensaio SPT, divide-se em três fases:
• Quando t1 = 0, que corresponde ao instante imediatamente antes da libertação em queda
livre do martelo;
• Quando t2 = t, que se refere ao instante imediatamente anterior ao impacto do martelo
com o batente;
• Quando t3 = ∞, corresponde ao tempo em que todo o processo de cravação do
amostrador no solo já ocorreu. Neste instante, as energias potencial gravítica do martelo
e do trem de varas já foram consumidas na cravação do amostrador, devolvidas
elasticamente e amortecidas dinamicamente no interior do martelo e do trem de varas.
A Figura 4 ilustra as três fases.

Figura 4 - Fases de cravação do amostrador no solo (Odebrecht, 2003)

- 13 -
Para que se entenda o processo de cravação do amostrador no solo deve-se equacionar as
energias contidas em cada fase do processo.

2.4.1 ENERGIA POTENCIAL GRAVÍTICA DO MARTELO SPT

Estando o martelo em repouso pronto a ser libertado, e por conseguinte em condições de iniciar
o ensaio, este possui uma energia denominada energia potencial gravítica teórica. Esta energia,
designada por E*, ou ainda segundo alguns autores por ET, é resultado da multiplicação da massa
do martelo pela aceleração da gravidade e a altura a que o martelo se encontra (esta altura diz
respeito a altura do martelo em relação ao batente). Esta multiplicação pode ser representada
pela seguinte equação:

E * = M m g hm (Equação 2.2)

Onde:
Mm – massa do martelo;
g – aceleração da gravidade;
hm – altura de queda a que o martelo se encontra, que corresponde teoricamente à altura de
queda do ensaio.
Tomando os valores designados pela ASTM D 1586-84, a energia potencial gravítica do ensaio SPT
deverá ser 474,7 Joules, em resultado da massa do martelo (63,5 kg) e da altura de queda (762
mm), sendo que a aceleração gravítica mantém sempre o mesmo valor (9,81 N).
Tal como qualquer outro equipamento de impacto, o martelo sofre desgaste ao longo do tempo,
devido às inúmeras pancadas efectuadas. Tendo isso em conta, é imprescindível verificar
periodicamente qual o peso real do martelo e não confiar apenas no valor fornecido pelo seu
fabricante, pois qualquer desvio nesses valores trará grandes diferenças do ponto de vista dos
cálculos relativos a eficácia do ensaio. Do ponto de vista da altura de queda do martelo esta
também deverá ser controlada, pelo mesmo motivo.

2.4.2 ENERGIA POTENCIAL GRAVÍTICA DO TREM DE VARAS

A energia potencial gravítica do trem de varas (EPGh), deve ser igualmente efectuada em relação a
um referencial fixo, externo ao sistema, e pode ser calculada pela Equação 2.3:

- 14 -
EPG h = M h g hh (Equação 2.3)

Onde:
Mh – massa do trem de varas;
g – aceleração da gravidade;
hh – cota do centro de massa do trem de varas em relação ao referencial fixo.

2.4.3 ENERGIA CINÉTICA ANTES E APÓS O IMPACTO DO MARTELO SPT

2.4.3.1 ENERGIA CINÉTICA TEÓRICA

Teoricamente a energia potencial gravítica do martelo (ET) deveria ser transformada, na sua
totalidade, em energia cinética (EC). Ora, devido às perdas de energia, tal não se verifica, sendo
que a energia cinética antes do impacto é inferior à energia potencial gravítica. Sendo assim, e
considerando os valores recomendados pela norma ISO 22476-3, em considerações ideais a
energia cinética antes do impacto (Equação 2.1) seria 474,7 Joules:

1
EC = M m v2 (Equação 2.4)
2

e por consequência a velocidade da queda do martelo (Equação 2.5) seria 3,86 m/s:

v= 2gh (Equação 2.5)

Como o martelo tem que deslizar ao longo da vara guia, necessariamente ocorrem perdas quanto
mais não seja pelo atrito desenvolvido no percurso, o que leva a uma redução da queda da
velocidade de impacto no batente. Esta eficiência depende do tipo de martelo e das suas
condições de lubrificação e de operação (inclinação).
Na realidade, e devido as perdas de energia existentes, este valor não corresponde à realidade, tal
como se irá verificar mais adiante. Essas perdas de energia são principalmente causadas pelo
atrito existente entre o martelo e o sistema de queda deste, Tokimatsu (1988).
Mais uma vez, convém salientar que erros nas medidas do peso do martelo e/ou na altura de
queda influenciam significativamente o valor da energia potencial gravítica prevista para o

- 15 -
equipamento e por consequente a energia cinética teórica e a velocidade de queda do martelo,
parâmetros fundamentais na determinação da eficiência do ensaio.

2.4.3.2 ENERGIA CINÉTICA REAL

Tal como já foi referido, e com base nos registos disponíveis, desde do final dos anos 70 que são
realizadas medições, ou em alguns casos tentativas de medição, da velocidade da queda do
martelo (Kovacs et al., 1981; Kovacs & Salomone, 1982; Matsumoto et al., 1992; Morgano &
Liang, 1992; Abou-Matar & Goble, 1997).
Os sistemas empregues desde então para realizar essas medidas têm vindo a sofrer uma evolução
notável. As primeiras medidas foram realizadas por um sistema pouco convencional e pouco
preciso, nomeadamente com a ajuda de um cronómetro de bolso (Kovacs et al. 1975). Passados
uns anos apareceram os primeiros scanners que foram utilizados nas medições da velocidade, que
permitiam captar e registar os trajectos luminosos colocados no martelo. (Kovacs et al., 1981;
Kovacs & Salomone, 1982).
De seguida utilizou-se o método de criação de uma corrente eléctrica que seria activada aquando
da passagem do martelo por um dos fios da corrente e desligada aquando da passagem do
martelo pelo outro fio. Como era conhecida a distância entre os fios e o tempo que a corrente
eléctrica esteve ligada era possível calcular qual a velocidade da queda do martelo (Matsumoto et
al., 1992). Já nos últimos anos tem-se recorrido muito ao uso de radares com sistemas de registos
que permitem medir com bastante rigor a velocidade da queda do martelo. Esses radares
baseiam-se no efeito “DOPLER” (Morgano & Liang, 1992; Abou-Matar & Goble, 1997).
Relativamente ao ensaio prático desta tese, não foi utilizado nenhum método para a
determinação da energia cinética no momento do choque baseada em medições de velocidade de
impacto do martelo.

2.4.4 ENERGIA TRANSFERIDA AO BATENTE

Outro aspecto muito importante no ensaio é a energia transferida ao batente e por conseguinte a
propagação da onda de impacto que chega até ao amostrador.
O impacto do martelo no batente do ensaio corresponde a outro factor de perda de energia do
ensaio (Schmertmann, 1976 e 1978; Palacios, 1977; Schmertmann & Palacios, 1979).
Durante o impacto do martelo com o batente, é gerada uma onda de tensão que se propaga pelas
varas, chegando ao amostrador. Segundo Cavalcante (2002) apenas a teoria Newtoniana de
impactos entre corpos rígidos não reproduz, de maneira rigorosa, as condições sob as quais o

- 16 -
evento ocorre, já que se trata de um impacto dinâmico. A interface martelo - batente tem um
papel fundamental na propagação da energia para as varas, com efeito, um mau contacto, devido
a sujidade, falha na horizontalidade do batente, ou outras, poderão provocar uma perda
significativa da energia, (Cavalcante, 2002).
Relativamente a este aspecto, são considerados dois grandes factores responsáveis pelas perdas
de energia. Um factor relaciona-se com a massa do batente e outro relaciona-se com o
comprimento do trem de varas usado no ensaio.

2.4.5 ENERGIA TRANSFERIDA AO AMOSTRADOR

A compreensão do assunto da energia transferida ao amostrador pode dividir-se em duas partes


fundamentais. A primeira, que diz respeito à propagação das ondas aquando do impacto, está
extremamente bem relatado no trabalho de Yokel datado de 1989, onde aborda os vários
aspectos importantes da propagação das ondas em impactos dinâmicos.
Yokel realizou uma análise dos ciclos gerados pela onda de compressão gerada no topo do trem
de varas que atingem o amostrador. Dessa análise, Yokel afirma que por cada incremento de
cravação do amostrador a força da onda de compressão é diminuída de Fs (força exercida pelo
solo no amostrador). Para além disso, Yokel concluiu que o aumento da resistência à penetração
diminui a energia do impacto do martelo, mas também que, em solos de baixa resistência, torna-
se necessário a ocorrência de vários ciclos de penetração para que a totalidade da energia seja
transferida ao amostrador. O inverso observa-se em solos de grande resistência e que apenas é
necessário um ciclo de penetração.
A segunda parte fundamental para a compreensão da energia transferida ao amostrador diz
respeito ao comprimento das varas utilizadas no ensaio.

2.4.6 ENERGIA POTENCIAL GRAVÍTICA DO SISTEMA SPT

Após libertação do martelo e consequente aplicação de uma pancada, o amostrador penetra o


solo. Através da diferença entre as cotas no instante t1 e t3 é possível calcular a diferença da
energia potencial gravítica do martelo após a penetração, através da equação:

∆hm = hm (t1 ) − hm ( t3 ) = 0,76 m + ∆ρ (Equação 2.6)

Sendo, ∆ρ a penetração permanente do amostrador devido à aplicação de uma pancada.

- 17 -
Desta forma, a variação da energia gravítica do martelo entre t1 e t3, pode ser calculada pela
Equação 2.7:

EPGm = ET + M m g ∆ρ (Equação 2.7)

Da mesma forma, através da diferença entre as cotas no instante t1 e t3,é possível calcular a
diferença da energia potencial gravítica do trem de varas após a penetração, ou seja:

∆hh = hh ( t1 ) − hh (t3 ) = ∆ρ (Equação 2.8)

Sendo: ∆ρ a penetração permanente do amostrador devido à aplicação de uma pancada.


Note-se que em comprimentos de varas longos, a energia potencial gravítica do trem de varas
apresenta uma significativa contribuição na cravação do amostrador no solo. Por isso, esta
energia não deve ser desprezada e é representada segundo a Equação 2.9:

EPGh = M h g ∆ρ (Equação 2.9)

Considerando-se um referencial externo ao sistema, a energia produzida por uma pancada será
função da altura de queda teórica (0,76 m + ∆ρ) e, como consequência, a energia efectivamente
gasta na cravação da composição, quando submetida a uma pancada de um martelo de massa
Mm, passa a ser função de três variáveis: altura de queda do martelo, tipo de solo que determina a
magnitude de ∆ρ e geometria (comprimento e secção) das varas que determina a massa da
composição.
Somadas a estas variáveis pode-se ainda considerar factores relativos às características do ensaio
e equipamento utilizado, cuja influência no valor de Nspt é reconhecido internacionalmente e
expressa através da eficiência do equipamento (Skempton, 1986).
A energia efectivamente consumida pela cravação do amostrador no solo é representada pela
variação da energia potencial gravítica do sistema. Esta energia traduz-se na soma das variações
da energia potencial gravítica do martelo e do trem de varas, que pode ser expressa pela Equação
2.10:

∆EPGmsistema
+h = ET + M m g ∆ρ + M h g ∆ρ (Equação 2.10)

Assim, a energia consumida para a cravação do amostrador no solo é obtida em função da altura
de queda do martelo, da penetração permanente do amostrador no solo e das massas do trem de
varas e do martelo.

- 18 -
Por conveniência, a Equação 2.10 terá os seus termos rearranjados, tendo a sua primeira parcela
representada pela variação da energia do martelo e a segunda, referente à energia do trem de
varas, conforme a Equação 2.11, anteriormente proposta por Odebrecht (2004).

∆EPGmsistema
+h = (0,76 + ∆ρ ) M m g + ∆ρ M h g (Equação 2.11)

2.5 EFICIÊNCIA DO ENSAIO SPT

2.5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Como o martelo tem que deslizar ao longo da vara guia, necessariamente ocorrem perdas quanto
mais não seja pelo atrito desenvolvido no percurso, o que leva a uma redução da queda da
velocidade de impacto no batente. Esta eficiência depende do tipo de martelo e das suas
condições de lubrificação e de operação (inclinação).
Uma segunda causa de redução de energia que chega ao amostrador, relaciona-se com o impacto
do martelo com o batente, de que resulta a consequente propagação da onda de choque ao longo
do trem de varas. É reconhecido nesta altura que quanto maior for a massa do batente maior será
a eficiência do sistema.
É reconhecido ainda que o comprimento do trem de varas exerce influência na eficiência do
sistema. Este aspecto é aquele que maior controvérsia tem levantado e também maior atenção
tem merecido.
Quando o martelo percute o batente, é gerada uma onda de tensão que se transmite ao longo do
trem de varas. O sistema de natureza dinâmica que rege essa propagação não é reproduzido de
forma capaz apenas pela teoria Newtoniana de impacto entre corpos rígidos, pelo que a sua
análise é bastante complexa. A energia transmitida ao trem de varas depende não só do martelo
mas também das condições inter-faciais, martelo-batente-varas.
É actualmente reconhecida, nas mais recentes abordagens do ensaio SPT, a necessidade
fundamental de proceder à medição da energia no SPT como meio de aferir o nível de energia
disponível no dispositivo SPT utilizado, e portanto de avaliar o grau de eficiência do equipamento.
Na literatura actual existem três métodos para a determinação da energia realmente transferida
às varas do SPT. O primeiro método, é designado por E2F, baseia-se na energia medida apenas
com base em valores de força, não fazendo uso dos valores da velocidade. O segundo método, é
designado por EF2 e representa a energia medida apenas com base em valores de força. Neste
caso, apenas será necessário um medidor de força já que a energia será calculada a partir da

- 19 -
multiplicação ao quadrado da força registada. O terceiro método é designado por EFV, representa
a energia medida com base em valores de força e velocidade. Este método só pode ser usado
caso se tenha um sistema de medição de força e de velocidades (por exemplo uma célula de carga
e um acelerómetro, respectivamente).

MÉTODO E2F:

t = 2l / c
c
E 2F = ∫F
2
dt (Equação 2.12)
E×a 0

MÉTODO EF2:

t ( F =0 )
c
EF 2 = ∫F
2
dt (Equação 2.13)
E×a 0

MÉTODO EFV:

t = m´ x
EFV = ∫ F × v dt
0
(Equação 2.14)

O método E2F baseia-se apenas nos valores da força, não fazendo uso dos valores da velocidade,
e a principal e única diferença em relação ao método EF2 resulta no facto do primeiro ter como
tempo de integração, o tempo correspondente ao primeiro impacto do martelo, até ao instante
correspondente ao corte por tracção mais conhecido por “tension cutoff”, que ocorre quando a
onda de compressão que se propaga ao longo das varas é reflectida na extremidade inferior e
retorna como onda de tracção, chegando à interface martelo-varas, num espaço de tempo igual a
2L/c (L – comprimento do trem de varas, c – velocidade de propagação da onda). A onda de
tracção que atinge a interface martelo-vara excede a tensão de compressão existente entre o
martelo e as varas (condicionada pela reduzida dimensão do martelo), produzindo assim uma
resultante tensão de tracção e consequente deformação que faz com que o trem de varas seja
puxado para baixo e se separe do martelo, gerando o conhecido ressalto. Por outro lado, no
método EF2 esse tempo corresponde ao tempo para o qual a força iguala o valor zero pela
primeira vez.
Uma vez que nem sempre se dispõe das medidas de velocidade do ensaio, pois em Portugal não é
comum o uso de acelerómetros, o método EF2 é o mais utilizado. Contudo, o método EFV é o

- 20 -
mais aconselhável por garantir um rigor maior dos dados (Campanella & Sy, 1994; Abou-Matar &
Goble, 1997).
Esta possibilidade de se poder usar qualquer um dos dois métodos, deve-se ao facto de existir
uma grande proporcionalidade entre a força e a velocidade (Equações 2.15 e 2.16):

F =m ×a (Equação 2.15)

v
a= (Equação 2.16)
t

No entanto, tal proporcionalidade só é completa até ao primeiro impacto do martelo, não se


verificando essa proporcionalidade a partir daí. Esta propriedade foi demonstrada por Palacios &
Schmertmann em 1979, que também concluíram que a energia adicional, resultante dos impactos
subsequentes, não aumentaria significativamente a penetração do amostrador (Cavalcante,
2002).
Sendo assim, convém relembrar que o método preferencialmente usado deverá ser o EFV, que
representa a parte da energia potencial (inicialmente disponível) que realiza o trabalho no
sistema vara - amostrador e cuja metodologia é recomendada pela norma EN ISO 22476-3,
superando as limitações inerentes ao método EF2.
Para além disso, e embora seja possível recorrer ao método EF2 em vez do EFV, muitos autores
recomendam plenamente o uso do método EFV, uma vez que os acelerómetros actualmente
disponíveis fornecem valores muito precisos, aumentando assim o grau de precisão da medição
da energia transmitida às varas e por consequência ao amostrador ao contrário dos usados por
Schmertmann, o que o obrigou a socorrer à teoria apresentada por Timoshenko relativa à
proporcionalidade, existente em casos bem definidos, entre a força e a velocidade.
A título de curiosidade, em 1998 Butler et al. e Farrar compararam mais de 9000 golpes usando os
dois métodos e concluíram que grosso modo a energia calculada através do método EF2 foi 10%
maior que a calculada através do EFV, embora, em alguns casos se tenham verificado valores de
energia obtida através do método EF2 menores do que as obtidas com o método EFV. Mesmo
assim considera-se que através do método EF2 se obtém valores de energia superiores, já que a
variabilidade dos valores do método EF2 foi significativamente maior do que os do método EFV.
Os valores de EFV e EF2 tendem a coincidir uns com os outros para maiores comprimentos de
trem de varas.
De salientar que estas conclusões também são aplicadas aos modelos de ensaio usados em
Portugal, desde que o trem de varas seja curto.

- 21 -
Morgano & Liang em 1992 realizaram uma sequência de ensaios de modo a poderem relacionar a
eficiência do ensaio com o comprimento das varas, chegando à conclusão que a eficiência do
ensaio aumenta com o aumento do comprimento do trem de varas, tal como se poderá verificar
na Figura 5.

Figura 5 - Eficiência do ensaio SPT vs comprimento das varas utilizadas no ensaio (Morgano & Liang,
1992)

Sendo assim, o método utilizado nesta tese será o método EFV e a energia transferida às varas do
SPT é analisada por intermédio do integral da força vezes a velocidade, definido desde o
momento inicial correspondente ao impacto do martelo sobre o trem de varas até ao tempo para
o qual o integral atinge o valor máximo, conforme a equação:

t
E= ∫ F (t ) . v (t ) dt
t =0
(Equação 2.17)

Correspondendo, F(t) e v(t) aos registos da força e da velocidade em função do tempo


respectivamente.
O registo de força é obtido por meio da instalação de medidores de deformação (strain-gauges)
numa secção próxima ao topo das varas, enquanto o registo de velocidade é obtido por meio da
instalação de acelerómetros colocados na mesma secção. Segundo a norma ISO 22476, a secção
instrumentada deve estar colocada a uma distância superior a 10 vezes o diâmetro da vara abaixo
do ponto de impacto do martelo com o batente.
A força transmitida às varas será então calculada da seguinte forma:

F (t ) = A × E × ε a (t ) (Equação 2.18)

Em que:
A - área da secção transversal da vara instrumentada;

- 22 -
E - módulo de Young da vara instrumentada;
εa(t) - representa a deformação axial medida na vara no momento t.
A velocidade das partículas v(t) da secção medida é calcula pela integração da aceleração a(t) com
o tempo t.
O tempo para o qual a energia transferida atinge o maior valor determina o intervalo máximo de
integração (t = tmáx).

2.5.2 FACTORES DE CORRECÇÃO

Até à recente data, as várias medições de energia transmitidas às varas ditavam que a energia
aplicada nos sistemas SPT mecanizados com disparo automático do martelo (normalmente
utilizados nos países Europeus e EUA), é de aproximadamente 60 % da energia potencial. Nos
equipamentos SPT que recorrem a sistemas manuais de libertação do martelo (muito utilizados
por exemplo no Brasil), a energia aplicada é da ordem dos 70 % da energia teórica.

Então, e com base nas diversas medições de energia, a prática internacional sugere que os valores
NSPT sejam, sempre que possível, convertidos na resistência à penetração equivalente (N60)
relativa a 60 % da energia teórica, definida através da equação:

E medido
N 60 = N medido (Equação 2.19)
E 60

Em que:
E60 – 60 % da energia teórica (0,6 × 473,4 J = 284 J);
N60 – resistência à penetração corrigida de 60 % da energia;
Nmedido – valor de NSPT registado;
Emedido – energia medida fornecida pelo sistema.

Contudo, e dada a possibilidade de ocorrerem perdas significativas de energia durante o ensaio


SPT é conveniente que se respeitem as normas relativamente à padronização das varas e para
além disso, é fundamental que se tenha ideia da magnitude da energia aplicada pelo martelo na
cabeça do amostrador, de modo a que seja possível proceder à uniformização dos resultados.
Neste contexto, verificou-se que a partir dos valores de energia obtidos pelos sinais registados era
possível obter a eficiência do ensaio SPT, identificando as perdas que ocorrem durante o processo
de propagação de ondas ao longo da composição das varas.

- 23 -
Odebrecht (2003) comparou a energia contida em cada posição instrumentada da vara. Para a
instrumentação posicionada junto ao batente, calculou a energia da onda de compressão pela
integração do sinal de força versus aceleração ao longo do tempo. Ou seja, para cada
comprimento de varas ensaiado, registou a energia contida na onda longitudinal dos diversos
sinais, correspondente energia do sistema (Equação 2.11), e a parcela referente à energia do
martelo versus a penetração permanente observada. Para cada conjunto de dados foi traçada
uma linha de tendência dos pontos, referente à energia do sistema e a referente ao martelo
apresentam uma diferença mais significativa com o aumento do comprimento das varas. Estes
factos estabelecem uma redução da energia da onda medida no batente e a energia contida no
martelo. Com isto, deve-se acrescentar à Equação 2.11 um coeficiente de eficiência do martelo
η1.

∆EPGmsistema
+h = η1 ( 0,76 + ∆ρ ) M m g + ∆ρ M h g (Equação 2.20)

Onde:

∫ F (t ). V (t ). dt (Equação 2.21)
η1 = 0

( 0,76 + ∆ρ ) M m g

No valor de η1 estão contidas todas as perdas referentes ao atrito da libertação do martelo, tipo
do martelo, estado e condições de lubrificação da vara guia, verticalidade do martelo durante a
pancada, etc, ou seja todas as perdas referentes ao golpe.
Posto isto pode-se dizer que a energia contida na onda longitudinal é dependente do tipo de solo,
ou seja, o valor do Nspt depende do equipamento, da equipa de sondadores e do solo.
Com base nas considerações acima mencionadas e, considerando uma perda constante de
energia do martelo, é possível determinar o valor de η1 pela razão das energias contidas no
martelo e na onda de compressão. O valor de η1 obtido experimentalmente por Odebrecht (2003)
é de 0,764 (desvio padrão de 0,036).
Para uma avaliação mais realista, Odebrecht (2003) reanalisou os dados da pesquisa efectuada
por Cavalcante (2002). Na pesquisa de Cavalcante foram utilizados equipamentos e equipas
distintas, com procedimentos executivos característicos de duas cidades Brasileiras distintas, com
diferentes tipos de solos. Desta análise obtém-se um valor de η1 da ordem de 0,761 (desvio
padrão de 0,051), valor este bem semelhante ao determinado experimentalmente por Odebrecht.

- 24 -
Com base nos resultados de energia obtidos com instrumentação posicionada junto ao
amostrador pode-se obter os resultados obtidos de energia transferida à vara, resultados de
energia junto ao batente (energia do sistema) e a parcela referente à energia do martelo.
Destes resultados pode-se perceber que há uma perda adicional de energia transferida à vara,
ocorrendo entre o batente e o amostrador. Percebe-se também que esta perda é mais
pronunciada para as varas longas. Assim, estes indicam que devem ser multiplicados à Equação
2.20 dois factores adicionais de correcção:
• o factor η2 que representa as perdas ao longo das varas;
• o factor η3 que representa a eficiência do sistema.

Com isto, a Equação 2.22 pode ser reescrita sob a forma a seguir:

∆EPGmsistema
+h [
= η 3 η1 (0,76 + ∆ρ ) M m g + η 2 ∆ρ M h g ] (Equação 2.22)

Onde:
η2 = β2 + α2 l e η3 = β3 + α3 l
A determinação dos coeficientes em questão (η2 e η3) não é trivial. Tanto que Obebrecht (2003)
adoptou várias hipóteses e, a que melhor se ajustou aso dados experimentais considera que η2 =1
e η3 expresso em função do comprimento do trem de varas, conforme Equação 2.23:

η 3 = 1 − 0,0042 l (Equação 2.23)

Em que L corresponde ao segmento do trem de varas.


Entre os vários desdobramentos e interpretação oriundos de medidas de energia no ensaio SPT,
uma das mais interessantes e mais referenciadas actualmente na literatura, consiste no
entendimento do trabalho exercido sobre o solo pela penetração do amostrador. O trabalho
efectivamente entregue ao solo é dado pela Equação 2.11. Para demonstrar esta equação cabe
utilizar o princípio de Hamilton. Este princípio mostra que a soma da variação no tempo das
energias cinéticas e potenciais e o trabalho efectuado por forças não conservativas ao longo de
um intervalo de tempo t1 a t2 é igual a zero. Este princípio teve sua aplicação no ensaio SPT
sugerida por Aoki & Cintra (2000), que posteriormente em 2004 publicaram um artigo
comprovando a validade desta assertiva por meio de prova de carga estática sobre o amostrador.
Adoptando a nomenclatura apresentada em Clough e Penzien (1975) a equação que descreve o
princípio de Hamilton é dada pela Equação 2.24:

- 25 -
t2 t2

∫ δ [T (t ) − V (t )] dt + ∫ δ [Ws (t ) + Wnc (t )] dt = 0
t1 t1
(Equação 2.24)

Onde:
T(t) – energia cinética;
V(t) – energia potencial;
Ws(t) – Trabalho efectuado por forças não conservativas na ponta do amostrador (sobre o solo);
Wnc(t) – Trabalho efectuado por forças não conservativas (perdas diversas);
δ - Variação;
t1 – tempo inicial do período considerado (Ver Figura 4)
t2 – tempo final do período considerado (Ver Figura 4).

Considerando a Figura 4 e t1 (Hamilton) igual ao instante zero e o t2 (Hamilton) igual ao instante t3,
em que todas as energias cinéticas e elásticas já foram dissipadas, tem-se a Equação 2.25:

t2 t2

∫ δ V (t ) dt = ∫ δ [W (t ) + W
t1 t1
s nc (t )] dt (Equação 2.25)

Assim, a variação da energia potencial do sistema martelo-vara é igual à variação do trabalho


efectuado por forças não conservativas. Como a variação da energia potencial é dada pela
Equação 2.10 este valor pode ser reescrito na forma da variação do trabalho efectuado pelas
forças não conservativas, segundo a Equação 2.26:

∆EPGmsistema
+h = Ws + Wnc (Equação 2.26)

Como o trabalho efectivamente entregue ao solo é conhecido (Equação 2.11) e proporcional à


penetração do amostrador (também conhecida), a força dinâmica (Fd) média de reacção do solo à
cravação do amostrador pode ser representada pelas Equações 2.27 e 2.28:

E s = T = ∆EPGmsistema
+h com perdas = Ws = Fd ∆ρ (Equação 2.27)

∆EPGmsistema com perdas (Equação 2.28)


+h
Fd =
∆ρ

Com conhecimento desta força dinâmica (Fd) que actua para produzir a penetração do
amostrador no solo abre-se uma gama de alternativas para a interpretação do ensaio SPT.

- 26 -
2.6 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DAS ESTACAS

2.6.1 FÓRMULAS DINÂMICAS

As fórmulas dinâmicas baseiam-se em leis da Física que governam o comportamento de corpos


quando chocam. Realçam a conservação da energia, e, algumas delas, incorporam as leis de
Newton (Velloso e Lopes, 2002).
Existem diversas fórmulas com a finalidade de descrever os fenómenos resultantes do
carregamento dinâmico de uma estaca. Entre elas, pode-se citar: Fórmula dos Holandeses, de
Weisbach, de Janbu, de Brix e Fórmula de Hiley, de Chellis-Velloso, de Uto.
As fórmulas dinâmicas, juntamente com os ensaios de carregamento dinâmico, constituem
métodos de estimativa da capacidade de carga de fundações profundas, baseados na previsão
e/ou verificação do seu comportamento sob acção de carregamento dinâmico.
As fórmulas de controlo pela “nega” (valor correspondente à penetração permanente da estaca,
quando sobre a mesma é aplicado um golpe do pilão) foram estabelecidas comparando-se a
energia disponível no topo da estaca com aquela gasta para promover a rotura do solo, em
decorrência de sua cravação, somada às perdas, por impacto e por atrito, necessárias para vencer
a inércia da estaca imersa na massa de solo (Alonso, 1991), ou seja:

W × h = R × s + perdas (Equação 2.29)

Onde:
W – peso do pilão;
h – altura de queda do pilão;
R – resistência oferecida pelo solo à penetração da estaca;
s – “nega” correspondente ao valor de h.

As principais perdas de energia estão relacionadas com o sistema de impacto e amortecimento.


Segundo Velloso e Lopes (2002), em martelos de queda livre, estas perdas são devidas ao atrito
do martelo nas guias e dos cabos na roldana, ao ressalto do martelo, e às deformações elásticas
do cepo, da almofada, da estaca e do solo.
Alguns exemplos são: a fórmula de Sanders, que despreza as perdas de energia, e a fórmula de
Wellington, que se baseia na premissa de que parte do trabalho executado pelo martelo é gasto
no encurtamento elástico da estaca e, outra parte, na penetração da estaca no solo. Maiores
detalhes podem ser encontrados em Velloso e Lopes (2002) e Chellis (1951).

- 27 -
Algumas fórmulas baseiam-se na Teoria do Choque de Corpos Rígidos, formulada por Newton,
pressupondo-se que o corpo obedece à Lei de Hooke e que a resistência é mobilizada
inteiramente ao longo de toda a massa em movimento, de forma instantânea. Essa hipótese pode
ser aplicada, por exemplo, ao choque entre bolas de bilhar, mas, segundo Alonso (1991), está
longe da realidade do movimento das partículas de uma estaca sob a acção de um golpe.
A utilização do ressalto como meio de controlo de cravação foi inicialmente sugerida por Chellis
(1951), que segundo o autor, a resistência à cravação é proporcional ao encurtamento elástico.
Uto et al. (1985) desenvolveram uma fórmula dinâmica semi-empírica que utiliza o ressalto e
resultados do ensaio SPT.
No entanto, é de salientar as principais limitações das fórmulas dinâmicas de cravação:
- baseiam-se na teoria de choque dos corpos rígidos, não tomando em consideração as forças
de amortecimento do sistema;
- a resistência mobilizada pela queda do pilão geralmente não é suficientemente para mobilizar
a resistência última que o solo pode oferecer;
- existem factores pouco conhecidos que tornam difícil a quantificação das perdas de energia
do sistema.

2.6.2 TEORIA DA EQUAÇÃO DA ONDA APLICADAS ÀS ESTACAS

Quando uma estaca é solicitada pelo impacto de um martelo uma zona do material é comprimida.
Essa compressão causa uma tensão que será transmitida para camadas subsequentes. O processo
contínuo de compressão desenvolve uma onda de tensão que se propaga ao longo da estaca
(Bernardes, 1989).
Durante a cravação, a estaca é carregada axialmente por uma força F, causada pelo impacto do
martelo. Num primeiro instante, t, todas as partículas da estaca ainda estão em repouso, como
esquematizado Figura 6 a).

Figura 6 - (a) Partículas no repouso; (b) Partículas aceleradas (Gonçalves, 2000)

- 28 -
No intervalo de tempo dt após o impacto, um primeiro elemento, dl, é comprimido e sofre uma
deformação dd, Figura 6 b).Então, as partículas do material, representadas pelo ponto A, que
inicialmente estavam no repouso, são aceleradas.
A deformação dd pode ser calculada através da Lei de Hooke:

F × dl
dd = (Equação 2.30)
E×A

Sendo c a velocidade de onda, a partícula A que foi acelerada para a posição representada por A’
apresenta a velocidade dv dada pela equação:

dd F × dl F ×c
dv = = = (Equação 2.31)
dt E × A × dt E × A

Sendo as definições de tensão, relação entre a força e a área, e deformação, relação entre a
tensão e o módulo de elasticidade, temos:

σ ×c
dv = =ε ×c (Equação 2.32)
E

A aceleração da partícula pode ser dada por:

dv F ×c F F
a= = e a= = (Equação 2.33)
dt E × A × dt m ρ × dl × A

De onde temos:

c l
= (Equação 2.34)
E × dt ρ × dl

E então:

E
c2 = (Equação 2.35)
ρ

Ou seja, a velocidade de onda é função das propriedades do material da estaca. É a velocidade


com que as zonas de compressão ou de tracção se movem ao longo da estaca.

- 29 -
Já a velocidade das partículas, V, é a velocidade com a qual as mesmas se movimentam quando a
onda se propaga.
A estaca impõe uma resistência, conhecida como impedância (Z), à mudança de velocidade das
partículas. A impedância pode ser representada das seguintes maneiras:

m×c E× A
Z = ρ ×c× A= = (Equação 2.36)
l c

Das equações, temos que:

dv × E × A E×A
F= e Z= , então F = dv × Z (Equação 2.37)
c c

Considerando o equilíbrio dinâmico de um segmento da estaca em qualquer instante, sabendo-se


que a aceleração pode ser dada pela segunda derivada do deslocamento em relação ao tempo e
igualando-se a força dada pela segunda lei de Newton à força dada pela lei de Hooke, obtém-se
uma solução geral da equação unidimensional da onda, conhecida como:

∂ 2u ∂ 2u
= c 2
× (Equação 2.38)
∂t 2 ∂x 2

Essa equação, conhecida como a Equação de D’Alembert (Dyminski, 2000), descreve o


deslocamento (u) de uma partícula no espaço, a uma distância x do topo da estaca, e no tempo
(t), provocado pela propagação de uma onda de velocidade c.
A solução geral da equação, inicialmente apresentada por D’Alembert (1747), considera algumas
hipóteses simplificadoras, tais como, secção transversal uniforme, material isotrópico, tensão
axial uniformemente distribuída sobre a secção transversal, e pode ser expressa como a soma de
duas funções:

u ( x, t ) = f ( x − ct ) + g ( x + ct ) = u ↓ + u ↑ (Equação 2.39)

As funções f e g correspondem a duas ondas que se propagam com a mesma velocidade, mas em
direcções contrárias. As ondas deslocam-se em direcções opostas no tempo, mas não mudam de
forma. É usual utilizarem-se flechas para referenciar o sentido de propagação das mesmas
(Gonçalves et al., 2000).
A forma das ondas depende das condições de contorno do problema.
Soluções analíticas para a onda inicial podem ser encontradas no trabalho de Bernardes (1989).

- 30 -
Similarmente, a força e a velocidade de deslocamento da partícula podem ser representadas por
duas funções, e, esquematicamente, teremos:

F = F ↓ + F ↑ =V ↓ Z +V ↑ Z e V =V ↓ +V ↑ (Equação 2.40)

O ensaio de carregamento dinâmico é baseado nos sinais de força e velocidade multiplicada pela
impedância, obtidos através da instrumentação instalada no topo da estaca.

2.6.3 TEORIA DE EXPANSÃO DAS CAVIDADES

Vésic’ (1975) menciona a inadequação das teorias clássicas para a determinação da resistência de
ponta baseada na teoria da plasticidade como motivo para o desenvolvimento de teorias
elastoplásticas ou não lineares mais refinadas.
A primeira formulação de expansão de cavidades foi apresentada por Bishop et al. (1945).
As teorias de expansão de cavidades, segundo diversos autores, podem considerar expansão
cilíndrica ou expansão esférica. A escolha do modelo mais adequado não é consensual entre os
pesquisadores.
Conforme pesquisas, sobre a resistência de ponta à penetração e capacidade de carga de estacas
mostraram que a resistência de ponta não é governada pela tensão vertical do solo, mas pela
tensão média ou octaédrica do solo na ponta da estaca σoct’, expressa pela equação:

1 + 2 K0
σ oct = σv (Equação 2.41)
3

A capacidade de carga pode ser expressa por:

q p ,ult = c N c* + σ oct N q* (Equação 2.42)

Onde Nc*e Nq* são factores combinados de capacidade de carga e forma.


Vésic’ menciona, ainda, que o cálculo de Nq* pode ser feito por qualquer método que leve em
conta, prioritariamente, a deformabilidade do solo, devendo basear-se num padrão de rotura
realístico.
Segundo Vésic’, e de acordo com observações de vários modelos e estacas, existe abaixo da ponta
da estaca uma cunha de material muito comprimido. Salienta ainda que, em solos relativamente
fofos esta cunha força o caminho através da massa sem produzir outras superfícies de
deslizamento visíveis. Contudo, em solos relativamente densos, a cunha empurra lateralmente a
zona de cisalhamento radial para dentro da zona plástica III. Então, o avanço da estaca para

- 31 -
dentro do solo é possível pela expansão lateral do solo ao longo do anel circular BD, com alguma
compressão das zonas I e II, como mostra a Figura 7.

Figura 7 – Padrão assumido de rotura (Vésic, 1975)

A análise de resultados de provas de carga feita por Vésic mostrou que as deformações ao redor
da ponta das estacas podem ser divididas em duas grandes zonas principais. A zona concêntrica
seguinte é caracterizada por pequenas deformações elásticas (Figura 8).

Figura 8 – Expansão cavidade esférica (Vésic, apud Silva, 2001)

Vésic’ afirma ainda que, o ângulo da base da cunha é aproximadamente igual a 45º+φ/2, se φ for
considerado como ângulo secante ao nível de tensão apropriado, e que os lados da cunha
aparentam ter uma curvatura côncava, formando um ângulo obtuso e arredondado na ponta, em
vez de um vértice pontiagudo.
Baseado nas condições de fronteira, ainda segundo Vésic’, um valor aproximado de Nq*pode ser
determinado assumindo-se que a tensão normal ao longo do anel BD é igual à pressão última
necessária para expandir uma cavidade esférica na massa infinita de solo.
O solo é considerado como um material contínuo, uniforme, isotrópico, elástico perfeitamente
plástico e sem variação de volume.

- 32 -
Nq* pode ser calculado pela expressão:

π  4 senφ
3  − φ  tg φ
π φ 
N =*
e  2  tg 2  +  I rr3 (1 + senφ ) (Equação 2.43)
3 − senφ
q
 4 2

E Irr que representa o índice de rigidez reduzido: pode ser calculado por:

Ir
I rr = (Equação 2.44)
1 + Ir ∆

Em que, ∆ é a deformação volumétrica.

Para as condições em que não haja variação de volume, seja por condições não drenadas ou por
pequenas mudanças de volume em solos densos, o índice de rigidez pode ser expresso por:

Gs
Ir =
2 (1 + v ) (c + σ oct tgφ )
(Equação 2.45)

Onde:
Gs – Módulo distorcional do solo;
ν - Coeficiente de Poisson;

σoct – Tensão média ou octaédrica do solo na ponta da estaca;

Existem dois tipos de expansão de cavidade possíveis:


• A de uma cavidade pré-existente no solo, com pressão interna equilibrada com o maciço
vizinho e que requer acréscimos de pressão para se expandir;
• A de uma situação onde inicialmente não existe a cavidade, que deverá ser expandida a
partir de um raio igual a zero.

Podem ser feitos analogias destes tipos de expansão de cavidades com os processos de instalação
de estacas e suas respectivas resistências de ponta desenvolvidas.
Como alternativa, Baligh (1985), propõe o método de trajectória de deformações, que consiste
numa técnica analítica de predição da perturbação causada pela instalação de objectos rígidos no
solo e está baseada na estimativa inicial de incrementos de deformação e do cálculo das tensões
necessárias para estas deformações.

- 33 -
2.6.4 MÉTODOS DE PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA

2.6.4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No que diz respeito aos métodos apresentados para a determinação da capacidade de carga de
fundações, estes são inúmeros, e cada autor refere diferentes mecanismos de rotura na base da
estaca. De seguida são apresentados alguns desses métodos, racionais ou teóricos e semi-
empíricos.

2.6.4.2 MÉTODOS RACIONAIS OU TEÓRICOS

São inúmeras as teorias clássicas existentes para a determinação da capacidade de carga de


fundações, nas quais cada uma postula diferentes mecanismos de rotura da base da estaca,
conforme apresenta a Figura 9.

Figura 9 – Superfícies de rotura da base de estacas segundo diversos autores (Vésic’; Aoki, 1999)

A proposta clássica de Terzaghi foi aperfeiçoada por Meyerhof, com a consideração da resistência
ao cisalhamento do solo acima da ponta da estaca. A proposta de Skempton, Yassin e Bishop é a
primeira que considera a teoria da expansão de cavidades.
Diante das inúmeras teorias existentes optou-se em destacar, nesta dissertação, a solução de
Vésic (1972) que relaciona o mecanismo de rotura do solo com a expansão de uma cavidade em
um meio elasto-plástico. Deste modo, Vésic sugere que a resistência de ponta (qp) seja calculada
pela seguinte equação:

q p = c . Nc + σ 0 . Nq (Equação 2.46)

- 34 -
Onde:

1 + 2 K0
σ0 = σ v' (Equação 2.47)
3
E,
c – coesão do solo;
Nc, Nq – factores de capacidade de carga em função do ângulo de atrito interno e rigidez do solo;

σ0 – Tensão média do solo na ponta da estaca;


K0 – coeficiente de repouso;
σ'v – tensão vertical efectiva no nível da ponta da estaca;

O tratamento teórico para a determinação do atrito lateral unitário (τl) é em geral análogo ao
utilizado para analisar a resistência ao deslizamento de um sólido em contacto com o solo. Seu
valor é, usualmente considerado como a soma de duas parcelas (Teoria de Mohr-Coulomb),
conforme a equação:

τ 1 = ca + σ ' h . tg δ (Equação 2.48)

Onde:
Ca – é a aderência entre a estaca e o solo (α x c);
α – coeficiente de adesão;
c – coesão do solo;
σ'h – é a tensão horizontal média na superfície lateral da estaca;
ߜ – é o ângulo de resistência ao corte entre a estaca e o solo.

A abordagem geral para os solos granulares, adopta tg ߜ = tg ߮’, onde ߮’ é o ângulo de de


resistência ao corte interno do solo perturbado em termos de tensões efectivas. Em solos
granulares ca é nulo. A tensão horizontal (σh) é convencionalmente relacionada com a tensão
vertical efectiva na profundidade, antes da execução da estaca através de um coeficiente de
repouso Ks. Deste modo a equação pode ser reescrita da seguinte forma:

τ 1 = K s . σ v' . tg ϕ ' (Equação 2.49)

O coeficiente Ks, depende, principalmente, do estado de tensões iniciais do solo e do método de


execução da estaca. Para estacas cravadas curtas e de grande deslocamento em areia, Ks pode se
aproximar do coeficiente de impulso passivo Kp (Kp = tg (45º + ߮’/2)). Detalhes sobre outras
formulações podem ser obtidos em Terzaghi, 1943, Meyerhof, 1951, 1976 e Berezantzec, 1961.

- 35 -
2.6.4.3 MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS

Como o ensaio SPT é geralmente o único ensaio de campo disponível, difundiu-se a prática de
relacionar medidas de Nspt directamente com a capacidade de carga de estacas (e.g Aoki &
Velloso, 1975; Décourt & Quaresma, 1978; Amaral, Viezzer & Amaral, 2000). Embora, os métodos
normalmente adoptados constituam ferramentas valiosas à engenharia de fundações, é
importante reconhecer que, devido a sua natureza estatística, a validade está limitada à prática
construtiva regional e às condições específicas dos casos históricos utilizados em seu
estabelecimento (Schnaid, 2000). A seguir serão apresentadas dois métodos consagrados de
previsão de carga que posteriormente serão comparados com o método de capacidade de carga
proposto nesta dissertação.

2.6.4.3.1 Método de Aoki & Velloso (1975)

O método de Aoki & Velloso (1975) foi concebido originalmente a partir da comparação de
resultados de prova de carga em estacas com resultados de ensaios de cone. Para que a
metodologia proposta possa ser aplicada a ensaios de penetração dinâmica, deve-se utilizar um
coeficiente de conversão, k, da resistência da ponta do cone para Nspt, para além disso é
necessário introduzir um coeficiente α, que expressa a relação entre a resistência de ponta e
lateral. A expressão da capacidade de carga última é representada pela equação:

k.N p α .k . N m
Qu = Ap +U ∑ ∆L (Equação 2.50)
F1 F2

Onde:
Ap – área da secção transversal da estaca (m2);
K - coeficiente de conversão da resistência da ponta do cone para Nspt (kPa) (Tabela 2);
NP – Nspt da ponta;
F1 - factor de correcção da resistência de ponta (Tabela 1);
U – perímetro da estaca (m);
α – expressa a relação entre a resistência ponta e lateral (Tabela 2);
Nm – Nspt médio ao longo da estaca;
F2 - factor de correcção da resistência lateral (Tabela 1);
∆L – Segmento de estaca em causa (m).

- 36 -
Os coeficientes F1 e F2 são factores de correcção das resistências de ponta e lateral que levam em
conta diferenças de comportamentos entre a estaca e o cone estático, principalmente para
permitirem a consideração do efeito de escala. Na Tabela 1 são apresentados os valores de F1 e
F2 originalmente propostos por Aoki & Velloso (1975), os valores propostos por Laprovitera
(1988) & Benegas (1993) e os coeficientes propostos de Monteiro (1997).
Na Tabela 2 são apresentados os valores de k e de α, dependentes do tipo de solo e das suas
características granulométricas, propostos originalmente por Aoki & Velloso (1975), os valores
propostos por Laprovitera e por Monteiro (1997).

Tabela 1 – Valores de F1 e F2 (método de Aoki & Velloso)

Tabela 2 – Valores de k e α (Método de Aoki & Velloso)

- 37 -
2.6.4.3.2 Método Décourt & Quaresma (1978)

Este é um método expedito de estimativa da capacidade de carga de rotura baseada


exclusivamente em resultados do ensaio SPT. Inicialmente esta metodologia foi desenvolvida para
estacas pré-moldadas de betão e posteriormente foi estendida para outros tipos de estacas,
como estacas escavadas em geral, hélice contínua e injectadas.
Na segunda versão, Décourt & Quaresma (1982) procuram aperfeiçoar o método na estimativa da
carga lateral. Deste modo, a expressão final de capacidade de carga proposta pelos autores é
apresentada na equação:

N 
QU = α . K . N P . AP + U . β . ∑ 10  m + 1 . ∆L (Equação 2.51)
 3 

Onde:
NP – Nspt médio da ponta;
Ap – área da secção transversal da ponta da estaca (m2);
K – Coeficiente que relaciona a resistência de ponta com o valor de Np em função do tipo de solo
(Tabela 2);
U – perímetro da estaca (m);
Nm – Nspt médio ao longo do fuste;
∆L – Segmento de estaca em causa (m);
α e β – factores que dependem do tipo de estaca (Tabelas 3 e 4).

Na determinação de Nm, os valores de Nspt menores que 3, devem ser considerados iguais a 3 e
os maiores que 50 devem ser considerados iguais a 50. Os valores dos coeficientes k, α e β
apresentados nas Tabelas 3, 4 e 5, respectivamente, e foram sugeridos por Quaresma e tal (1996):

Tabela 3 – Valores atribuídos a k (Décourt & Quaresma, 1978)

- 38 -
Tabela 4 – Valores atribuídos ao coeficeiente α (Quaresma et al, 1996)

Tabela 5 - Valores atribuídos ao coeficeiente β (Quaresma et al, 1996)

2.6.4.3.3 Método Bustamante & Gianeselli (1982)

Bustamente e Gianeselli (1982) propõem um método para determinação da capacidade resistente


de estacas com base nos dados do ensaio CPT.
Bustamente e Gianeselli (1983) fazem referência ao documento FOND 72, enunciando
sumariamente os princípios em que se baseia o método. A capacidade resistente de ponta da
micro-estaca é calculada a partir de:

QP = qc . K c . Ab (Equação 2.52)

A capacidade resistente lateral da micro-estaca é calculada a partir de:

i i
QL = ∑ Rsi = ∑ qsi . Asi
l l
(Equação 2.53)

onde:
qc - resistência de ponta unitária equivalente, ao nível da base da estaca;
kc - factor de capacidade;
Ab - área da base da estaca;
qs - resistência lateral unitária na camada i;
As - área lateral da estaca em contacto com a camada i.

- 39 -
Apresenta-se, a seguir, o modo de obter kc, qc e qi fazendo referência às condições e aos limites
de aplicação de cada um dos factores.
A partir de ensaios de carga, foram estabelecidos diferentes valores do parâmetro Kc que são
apresentados na Tabela 6. O seu valor varia consoante o tipo e compacidade do solo e do tipo de
estaca.

Tabela 6 – Factores de capacidade de carga qc e kc

Nota : Grupo I – Estacas escavadas e moldadas; Grupo II – Estacas cravadas, estacas do tipo Franki e estacas
injectadas sob alta pressão

A resistência de ponta equivalente qc, é a média aritmética das resistências de ponta qc, medidas
entre n e -n (com n=1.5b), em torno da ponta da estaca.
O seu cálculo é efectuado em várias etapas procedendo-se, em primeiro lugar, à suavização do
perfil das resistências de ponta qc. Na segunda etapa, partindo da curva suavizada, calcula-se a
média da resistência de ponta, qc entre as cotas -1.5b e 1.5b em torno da ponta da estaca.
A seguir, efectua-se o corte dos picos da curva suavizada eliminando os valores superiores a 1.3qc,
abaixo da ponta da estaca, enquanto que acima desta são eliminados os valores superiores a
1.3qc e os inferiores a 0.7qc. A resistência de ponta equivalente qc, é o valor médio da resistência
calculada a partir da curva suavizada e truncada (Figura 10- curva a traço grosso).

Figura 10 – Cálculo da resistência equivalente

- 40 -
Para cada uma das camadas, a resistência lateral unitária qs , é igual a qc/αB, sendo αB um
parâmetro dependente da natureza do solo e do modo de execução da estaca. Os diferentes
valores de αB apresentados na Tabela 7, são os valores médios obtidos a partir dos ensaios de
carga.

Tabela 7 - Limites de resistência lateral unitária (a partir do CPT)

Sendo:
Categoria I A – estacas moldadas sem sustimento provisório, estaca moldada com recurso a lamas
bentoniticas, estaca de trado oco, micro-estaca sem injecção, pegões e barretas;
Categoria I B – estacas moldadas com recurso a tubo recuperável, estacas moldadas com recurso
a tubo obturado na ponta;
Categoria II A – estacas pré-fabricadas cravadas; estaca tubular pré-esforçada cravada; estaca de
betão cravada através de macacos hidráulicos;
Categoria II B – estacas metálicas cravada; estacas metálicas cravada através de macacos
hidráulicos;
Categoria III A – estacas com “rolhão” de betão na ponta;
Categoria III B – estacas com injecção de alta pressão e diâmetro superior a 250mm; microestaca
com injecção.

- 41 -
2.6.4.4 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS DE CARGA – CARGA DE ROTURA

Existem vários métodos de definição de carga de rotura ou carga limite. Neste trabalho, a carga
de rotura será definida através da curva de carga-assentamento, pelo método da Norma Brasileira
NBR 6122 e pelo método de Davisson (1972). De salientar que quando o ensaio é interrompido
prematuramente antes da rotura ser atingida, o que é frequente, e para uma correcta definição
da curva carga-assentamento, é necessário recorrer a métodos de extrapolação da curva de
carga-assentamento. Aborda-se de seguida dois desses métodos: o método de Van der Veen
(1953).e o método de Chin (1971, 1978) de extrapolação da curva-assentamento.

2.6.4.4.1 Extrapolação da curva carga-assentamento

A interpretação correcta dos resultados dos ensaios de carga leva-nos à identificação da carga de
rotura de uma estaca, pois muitas vezes esses ensaios não conduzem as estacas à rotura.
Contudo, essa carga é raramente bem definida na curva carga-assentamento e, normalmente, a
carga de rotura não fica claramente bem definida, pelo que se torna necessário extrapolar a
curva.

Existem uma diversidade de propostas disponíveis. Porém, serão apenas abordados dois métodos
baseados em equações matemáticas que ajustam a curva carga-assentamento a uma curva
conhecida exponencial (Van der Veen, 1953).e uma hipérbole (Chin, 1971, 1978). Os métodos
para além de permitirem definir a carga de rotura, permitem a extrapolação da curva carga-
assentamento segundo uma forma matemática.

Vale a pena salientar que a definição ou identificação da carga de rotura não é única ou universal,
efectuando sempre a referência ao método utilizado. Diferentes propostas, quando aplicadas à
mesma curva carga-assentamento resultam em valores de rotura diferente. Alguns destes
métodos de interpretação das curvas são apresentadas a seguir:

2.6.4.4.1.1 Método de Van der Veen (1953)

O método de Van der Veen (1953) é o método de extrapolação da curva onde a carga última é
definida, por tentativas, através de uma equação matemática ajustada como função do segmento
que se dispõe da curva-assentamento.

- 42 -
Este método supõe que a curva-assentamento seja representada por uma função exponencial
com a seguinte equação:

Q = Qult . (1 − e −α .δ ) (Equação 2.54)

Onde:

Q – carga vertical aplicada em determinado estágio de carregamento;


δ – assentamento medido no topo da estaca;
α - coeficiente que define a forma da curva.

A equação pode ser re-escrita considerando um estágio genérico de carregamento 1 ≤ k ≤ n


como:

Qk Q
1− = e −α .δ k ⇒ − ln( 1 − k ) = α . δ k (Equação 2.55)
Qu QU

Na aplicação do método de Van der Veen, Aoki (1975) observa-se que a recta obtida
(correspondente à carga de rotura) não passava pela origem, mas apresentava um intercepto.
Deste modo, Aoki propôs a inclusão de um intercepto, β, dando origem ao método de Van der
Veen generalizado. Com base na expressão generalizada obtém-se a curva ajustada, arbitrando-se
valores para r e calculando os valores correspondentes a Q. Tendo em conta este comportamento
na equação da curva pode ser feita a seguinte alteração:

Q = Qu . (1 − e − (α .δ + β ) ) (Equação 2.56)

Onde β é o ponto de intersecção da recta procurada no método, com o eixo das abscissas.
Considerando novamente um estágio de carregamento k,

Qk
− ln( 1 − ) = α .δk + β (Equação 2.57)
QU

- 43 -
2.6.4.4.1.2 Método de Chin (1971, 1978)

O método de Chin (1971), baseado no trabalho de Kondner (1963), que deu origem ao conhecido
modelo construtivo hiperbólico para comportamento mecânico de solos, também considerou
uma função hiperbólica para a descrição da curva carga-assentamento de ensaios de carga em
estaca. Este método admite que o trecho final da curva carga-assentamento seja representado
por uma hipérbole de expressão:

δ δ
Q= ⇔ = a + b.δ (Equação 2.58)
a + b.δ Q

A carga de rotura corresponde ao limite dessa expressão, quando se impõe δ→∞, ou seja,

δ
QU = lim (Equação 2.59)
δ →∞ a + b.δ

1
QU = (Equação 2.60)
b

Os valores de a e b correspondem, respectivamente, à intersecção e ao coeficiente angular da


recta obtida num gráfico com ordenadas δ/Q e abscissas δ (Figura 11).

Figura 11 - Recta obtida num gráfico com ordenadas δ/Q e abscissas δ (Método de Chin, 1971)

- 44 -
2.6.4.4.2 Definição da carga de rotura a partir da curva carga-assentamento

Diversos métodos têm sido desenvolvidos e apresentados na literatura, para a definição da carga
limite, carga última ou carga de rotura.

2.6.4.4.2.1 Método da Norma Brasileira NBR 6122 (1996)

Nos casos em que não há uma clara identificação da rotura durante a execução do ensaio de
carga, a norma brasileira NBR 6122 (1996) recomenda a estimativa do valor da carga de rotura
recorrendo-se à intersecção da curva de carga-assentamento com a recta definida pela equação:

QL D
δ= + (Equação 2.61)
A . E 30

Onde:

L – comprimento total da estaca;


A – área da secção transversal da estaca;
E – Módulo de elasticidade da estaca;
D – diâmetro do círculo circunscrito à estaca (mm)

A Figura 12, apresenta graficamente este método.

Figura 12 - Valor da carga limite na intersecção da curva de carga-assentamento com a recta (Método da
Norma Brasileira NBR 6122, 1996)

- 45 -
2.6.4.4.2.2 Método de Davisson (1972)

O Método de Davisson (1972) é similar ao recomendado pela Norma Brasileira NBR 6122. No
entanto, Davisson propôs que a carga de rotura QU seja estabelecida em função de um valor do
assentamento da cabeça da estaca que exceda a compressão elástica da estaca por um valor de
3,8 mm mais uma quantidade correspondente ao diâmetro da estaca, em milímetros, dividido por
120, conforme Equação 2.62:

QL  D 
δ= + + 3,8mm  (Equação 2.62)
A . E  120 

A Figura 13, apresenta graficamente este método.

Figura 13 - Valor da carga rotura QU seja estabelecida em função de um valor do assentamento da cabeça
da estaca (Método de Davisson, 1972)

Este método, geralmente conservativo, mas talvez um dos mais usados em Portugal, tem a
vantagem de permitir o conhecimento antecipado, durante execução do ensaio de carga, do valor
de assentamento correspondente a QU em função do comprimento e diâmetro da estaca
ensaiada.

- 46 -
3 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS – MÉTODO PROPOSTO

3.1 INTRODUÇÃO

Como facilmente se compreende a correcta previsão do comportamento de uma fundação


indirecta é extremamente difícil. Resumidamente, porque:
a) É difícil determinar pormenorizadamente as propriedades dos solos;
b) As características dos solos são afectadas pela instalação das estacas;
c) Os mecanismos de interacção solo-estacas são complexos sendo difícil exprimir
matematicamente todos os seus aspectos.
A execução das estacas raramente segue à risca o projectado quer no que respeita ao
posicionamento das estacas quer no que concerne às características dos materiais.
Nestas condições a validade de qualquer método de dimensionamento não pode deixar de ser
limitada ou, pelo menos, de suscitar dúvidas. É evidente porém que não se pode prescindir desses
métodos: quando se projecta tem que se fazer uma ideia, e convirá que seja tão justa quanto
possível, da estacaria que na obra irá ser adoptada. Sem embargo tal não impede que se tenham
sempre presente as limitações dos métodos de dimensionamento e que se recorra a outros
meios, tais como a experiência ou ensaios em protótipos, para garantir a desejada confiança.
A previsão da capacidade de carga de estacas constitui-se um dos desafios da engenharia de
fundações por requerer para o projecto a estimativa de propriedades do solo e o conhecimento
do modo de interação solo-estaca. Devido à dificuldade de reproduzir analítica e numericamente
o mecanismo de interação solo-estaca, na prática utilizam-se correlações empíricas,
correlacionando directamente os resultados do ensaio SPT com o desempenho do elemento de
fundação.
Estudos recentemente publicados na literatura (Odebrecht, 2003; Aoki & Cintra, 2000 e 2004)
apresentam uma nova metodologia para a interpretação do ensaios SPT a partir da qual é possível
estimar uma força dinâmica Fd de penetração do amostrador, obtida em função da energia
despendida durante a propagação de ondas na composição de varas e amostrador.
A proposta deste trabalho é de utilizar esta força dinâmica (Fd) para estimar a capacidade de carga
de estacas, relacionando os mecanismos de mobilização de resistência do amostrador (modelo)
com os mecanismos da estaca (protótipo).

- 47 -
3.2 ANÁLISE DA CRAVAÇÃO DE ESTACAS USANDO A EQUAÇÃO DE ONDA

A percepção de que a cravação de estacas não pode ser adequadamente estudada pela Mecânica
do Corpo Rígido levou ao desenvolvimento de métodos de análise baseados na equação de onda.
Este tipo de análises entra em linha de conta como o facto de cada impacto de um martelo
produzir uma onda de tensão que se desloca pela estaca à velocidade do som, logo as diversas
secções da estaca não ficam solicitadas ao máximo simultaneamente, como se admite nas
fórmulas dinâmicas convencionais.
A equação de onda é usada principalmente para estabelecer uma relação entre a capacidade de
carga e a penetração da estaca provocada pelas pancadas do martelo. Todavia, é também
possível obter as tensões que se instalam na estaca durante a cravação.
Os métodos baseados na equação de onda facultam a possibilidade de levar a cabo análises
racionais sobre a influência que no processo de cravação exercem os diversos factores, tais como
as características da estaca, do martelo e dos elementos de protecção e amortecimento. Esses
métodos são por isso, adequados para avaliar a adequabilidade de um dado sistema de cravação
em determinadas circunstâncias e para escolher o melhor sistema de modo a obter a capacidade
de carga desejada sem danificar a estaca.
Apesar de a carga de serviço de uma estaca também ser obtida por minoração da capacidade de
carga última, o facto de até certo ponto, serem tidas em consideração as características dos
terrenos diminui, pelo menos parcialmente, a incerteza associada à atribuição de um factor de
segurança adequado a um local particular. Incerteza essa que, como se viu, com as fórmulas
dinâmicas pode ser realmente elevada.

3.3 HIPÓTESES ASSUMIDAS

A capacidade de carga de uma estaca é obtida pelo equilíbrio estático entre a carga aplicada, o
peso próprio da estaca e a resistência oferecida pelo solo, como mostra a Figura 14. Este
equilíbrio pode ser expresso pela equação:

QU + W = Q L + Q P (Equação 3.1)

Onde:
QU - capacidade de carga total de uma estaca;
W - peso próprio da estaca;
QP - capacidade de carga da ponta ou base.
QL - capacidade de carga lateral.

- 48 -
Figura 14 – Estaca submetida à carga de rotura (Vésic, 1972)

Desprezando o peso próprio da estaca, a capacidade de carga é expressa como função de dois
termos, um relativo à resistência de ponta e outro ao atrito lateral. Deste modo, a equação acima
pode ser reescrita como:

L
QULT = AP .q p + U ∫ τ l . d L = AP .q p + U .∑ τ i .∆L (Equação 3.2)
0

Onde:
Ap - área de ponta ou base da estaca;
Qp - resistência unitária de ponta;
U - perímetro da estaca;
τl - resistência lateral unitária;
∆L - trecho do comprimento da estaca ao qual τi se aplica.

Sabendo-se que na equação acima os factores determinantes da capacidade de carga de estacas


são as parcelas de resistência unitária de ponta e de atrito lateral unitário, este trabalho propõe
estabelecer uma correlação entre os valores de resistência da estaca com os valores das
resistências unitárias lateral e de ponta mobilizadas durante o processo de cravação do
amostrador SPT no solo. Na correlação proposta, a estaca é admitida como protótipo e o
amostrador SPT como modelo, devendo-se por isto levar em consideração possíveis efeitos de
escala.

- 49 -
3.4 RESISTÊNCIAS UNITÁRIAS MOBILIZADAS PELO AMOSTRADOR SPT

Na proposta de interpretação dos ensaios SPT o valor de Nspt é representado pela penetração
por golpe (∆p). A aplicação dos conceitos de energia contida no processo de cravação permitiram
estabelecer o trabalho despendido para cravar o amostrador no solo. Como o trabalho é o
produto da força pelo deslocamento, pode-se obter a força de reacção dinâmica do solo à
cravação do amostrador. A equação representa esta força dinâmica de reacção:

η 3 [η1 (0,76 + ∆ ρ ).M m .g + η 2 .∆ ρ .M h .g ].


Fd = (Equação 3.3)
∆ρ

Na equação recomenda-se utilizar os valores que foram estimados por Odebrecht (2003) através
da retro-análise dos dados de Cavalcante (2002):
η1 =0,761
η2 = 1
η3 = 0,907-0,0066l , sendo l o comprimento do trem de varas

Dado que, no presente trabalho, se procedeu-se à avaliação da eficácia energética do ensaio SPT
localmente, foi possível, através da média de 512 medições obter directamente o coeficiente η1,
sendo este igual a 0,6427 (ver anexo IV). Quanto aos coeficientes η2 e η3, foram seguidas as
recomendações de Odebrecht (2003) aquando da rectro-análise dos dados de Cavalcante(2002),
acima referidas.
Assim como na cravação de uma estaca, a cravação do amostrador no solo mobiliza dois
mecanismos distintos de resistência. Atrito lateral ao longo das faces internas e externas e
normais de ponta. Deste modo, a força dinâmica Fd calculada pela equação atrás pode ser
decomposta em duas parcelas:

Fd = Fd ,l + Fd , p (Equação 3.4)

Onde:
Fd,l - força dinâmica lateral mobilizada pelo amostrador;
Fd,p - força dinâmica de ponta mobilizada pelo amostrador.

Para que se conheça o valor das resistências unitárias laterais e de ponta mobilizadas pelo
amostrador, torna-se necessário dividir as parcelas de atrito lateral e de resistência de ponta

- 50 -
pelas suas respectivas áreas. As hipóteses adoptadas na separação destas parcelas serão
detalhadas a seguir.
Quando se crava o amostrador SPT em um solo pouco resistente, o corpo do amostrador vai
sendo continuamente preenchido de solo. Neste processo, o principal mecanismo de mobilização
da resistência é o atrito gerado ao longo da área lateral, tanto interna quanto externa do
amostrador. Nestas condições, a força dinâmica (Fd) mobilizada equivale à força dinâmica lateral
(Fd,l) e a resistência lateral unitária mobilizada pelo amostrador SPT pode ser escrita da seguinte
forma:

Fd
τ l , spt = (Equação 3.5)
al

Onde:
τspt – atrito lateral unitário no amostrador SPT;
al – área lateral do amostrador apesar de se ter 45,7 cm de comprimento, serão considerados
apenas os 30 cm utilizados como referência no valor de Nspt. Note-se que, se houver o
entupimento da ponta do amostrador durante o processo de cravação, este não será considerado
e a Equação 3.5 fornecerá valores incorrectos.

Já para solos mais resistentes, tipicamente encontrados na ponta de estacas, põe-se a hipótese de
que no processo de cravação ocorre o entupimento da ponta do amostrador, mobilizando-se
simultaneamente forças normais à ponta e atrito em torno da área lateral externa. Esta hipótese
é corroborada pela inspecção sistemática de inúmeros ensaios SPT, nos quais se observa um nível
muito baixo de recuperação de amostras em solos resistentes.
Havendo mobilização tanto de atrito na face externa, como de forças normais à base do
amostrador (solos resistentes) há necessidade de isolar estas duas parcelas. Para esta separação,
aconselha-se, estimar a rigidez e o ângulo de resistência ao corte do solo e utilizar as teorias de
capacidade de carga e de expansão de cavidade esférica. Utilizando-se a teoria de capacidade de
carga proposta por Vésic (1972) aplicada a solos granulares, variando propriedades dos solos:
índice de rigidez entre 200 a 500, o ângulo de resistência ao corte entre 30º a 40º e o nível de
tensões efectivas verticais entre 50 a 500 kPa, faixa representativa da maior parte dos solos
naturais, pode-se facilmente calcular os valores de resistência transmitidos à ponta da estaca,
conforme ilustrado na Figura 15.

- 51 -
Figura 15 – Percentagem de resistência de ponta mobilizada pela cravação do amostrador SPT em solos
arenosos

Percebe-se do gráfico a ocorrência de uma faixa bem definida entre os 60 e 80 % de mobilização


da resistência de ponta Fd,p em relação à resistência total. Deste modo, é possível sugerir, como
uma primeira aproximação, que 70% da força dinâmica (Fd) é proveniente da mobilização da
resistência de ponta (Fd,p) e 30 % da resistência lateral externa, quando o amostrador é cravado
em solos resistentes.
Assim, resistência de ponta mobilizada pelo amostrador SPT pode ser expressa conforme a
Equação 3.6:

Fd , p 0,7 Fd
q p , spt = = (Equação 3.6)
ap ap

Onde:
qp,spt – resistência de ponta mobilizada pelo amostrador SPT;

π 5,12
ap – área de ponta do amostrador SPT ( a p = = 20,4 cm 2 )
4

3.5 MODELO VERSUS PROTÓTIPO

Para aplicar os valores das resistências laterias e de ponta mobilizadas pelo amostrador SPT na
previsão da capacidade de carga de estacas deve-se, primeiramente, estabelecer se há alguma
relação entre estas resistência e, se esta relação é influenciada pelo efeito de geometria, ou seja,
pela razão entre a geometria da estaca e a geometria do amostrador. Utilizou-se para esta

- 52 -
finalidade os dados das estacas adoptadas como protótipo (micro-estacas) organizado na
presente pesquisa.
Para fins de cálculo, adopta-se como valor representativo deste efeito uma queda de 80% da
resistência mobilizada pelo amostrador com relação às mobilizadas pela estaca, ou seja, a
resistência unitária lateral mobilizada pela estaca é de apenas 20% da tensão cisalhante
mobilizada no amostrador SPT. Observa-se assim um efeito de escala na transposição da
resistência lateral mobilizada pelo amostrador (modelo) para a estaca (protótipo). Deste modo, a
Equação 3.7 apresenta o valor do atrito lateral unitário da estaca.

0,2 Fd
τl = (Equação 3.7)
al

Em relação às resistências de ponta da estaca e do amostrador adopta-se que é constante e


próximo à unidade. Conclui-se, portanto que a resistência de ponta mobilizada no modelo
(amostrador) é de mesma magnitude da mobilizada pela estaca. Assim a resistência de ponta na
estaca pode ser estimada pela Equação 3.8:

0,7 Fd
qp = (Equação 3.8)
ap

3.6 CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS

Aplicando os valores das resistências τl e qp expressos pelas Equações 3.7 e 3.8, pode-se
facilmente estimar a capacidade de carga de estacas através da força dinâmica calcula pelo ensaio
SPT:

0,2 U Ap
QU = QL + QP =
al
∑F d ∆L + 0,7 Fd
ap
(Equação 3.9)

Sabendo-se que a capacidade de carga de uma estaca está intimamente relacionada com o seu
processo executivo, deve-se estabelecer ajustes na Equação 3.9 para considerar os diferentes
tipos de estacas. Estes ajustes são representados pelos coeficientes α e β aplicados às resistências
laterais e de ponta, respectivamente. Deste modo a Equação 3.10 pode ser reescrita da seguinte
forma:

QU = α QL + β QP (Equação 3.10)

- 53 -
Os coeficientes α e β são obtidos através de correlações estatísticas entre os valores previstos
pelo método proposto e valores medidos em provas de carga estática para os diferentes tipos de
estacas analisadas.
No presente trabalho, e no caso em estudo, não foram determinados os coeficientes α e β. Estes
parâmetros são obtidos através de análises estatísticas que requerem um conjunto de dados
significativos para que sejam confiáveis. Então para o efeito, neste trabalho foram utilizados os
propostos por Lobo (2005), como se pode verificar na Tabela 8.

Tabela 8 – Valores de α e β (Lobo, 2005)

- 54 -
4 INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA

4.1 O ENSAIO SPT

O ensaio é constituído por um amostrador, um conjunto de varas de aço, um martelo e por fim
por um dispositivo de elevação e destravamento que permite erguer o martelo deixando-o cair
em queda livre até contactar com o trem de varas.
De seguida serão descritos individualmente os vários elementos que constituem o equipamento
utilizado na execução dos ensaios SPT:

4.1.1 AMOSTRADOR

- Amostrador SPT Figura 16 normalizado que apresenta as seguintes características:


• Diâmetro externo – 51 mm;
• Diâmetro interno – 34,8 mm
• Comprimento amostra (incluindo zona de expansão) – 600 mm.

Figura 16 – Amostrador SPT

4.1.2 VARAS

- Varas de sondagem simples do tipo B (Figura 17) que apresentam as seguintes características:
• Diâmetro externo – 50 mm
• Diâmetro interno – 37 mm
• Área efectiva da secção – 8,88 cm2
• Comprimentos – 3000, 1500 e 500 mm
• Massa – 6,5 kg/m.

- 55 -
Por vezes são utilizados troços de vara com 1,00 m de comprimento de modo a facilitar a
manobra de execução dos ensaios.

Figura 17 - Aspecto das varas de sondagem utilizadas nos ensaios SPT

O dispositivo de queda é constituído por três partes:


a) Batente – em aço maciço, possuindo uma superfície lisa de modo a garantir a transferência
total de energia que chega do martelo e se transmite às varas, e por consequência ao
amostrador.
b) Martelo PILCON - que de acordo com a referência do fabricante este apresenta uma
eficiência energética de 60 %. (Figura 18)
c) Sistema de elevação do martelo – sistema que eleva o martelo até uma altura de 760 ± 10
mm, sendo que, uma vez atingida essa altura o martelo cai em queda livre (ISO 22476-3;
EC-7 Part 3).

Figura 18 – Aspecto do martelo Pilcon utilizado nos ensaios SPT

- 56 -
4.2 REGISTOS DE ENERGIA NOS EQUIPAMENTOS SPT

4.2.1 SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS (SPT ANALYSER)

A instrumentação utilizada na aquisição de dados para a avaliação do nível de eficiência do


sistema do ensaio foi o SPT ANALYZER, da PDI (Pile Dynamics Incorporation).
Este sistema regista os dados provenientes da instrumentação: i) sinais de um par de medidores
de deformação, que são transformados em registos de força (F1 e F2) e ii) sinais de um par de
acelerómetros, que se convertem em registos de velocidade (v1 e v2) ao longo do tempo. O
equipamento permite a avaliação, em tempo real, da qualidade dos registos e da energia
transmitida à vara em cada golpe a partir da média de cada par de registos ou de apenas um
deles. Para além disso, é possível ainda conhecer o deslocamento vertical do trem de varas que
ocorre a cada golpe do martelo, bem como a evolução da energia com o tempo.
Simples e fácil de manusear, o SPT ANALYZER revelou-se um sistema de grande utilidade na
determinação da energia transmitida ao trem de varas.
Este sistema é constituído essencialmente por duas componentes. Uma correspondente à
unidade de aquisição de dados e outra a um segmento de vara do SPT no qual estão incorporados
um par de medidores de deformação (strain-gauges) e um par acelerómetros piezoeléctricos com
capacidade para registar acelerações até 5000 g, para além dos cabos de conexão (Figura 19).

Figura 19 – Sistema de aquisição de dados (SPT ANALYSER)

O SPT ANALYZER usado na pesquisa desta dissertação foi adquirido junto da Pile Dynamics
Incorporation (PDI) pelo departamento de Engenharia Civil do Instituto Politécnico da Guarda.

- 57 -
De seguida serão apresentadas as principais características de cada componente deste sistema:

4.2.1.1 CONSOLA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Consiste num pequeno aparelho de fácil transporte, com dimensões são 205 mm x 175 mm x
115mm e um peso rondando os 3 kg (Figura 20).
Este possui um pequeno monitor no qual são apresentados os resultados do ensaio (gráficos) mas
também informações relativas a este (numero de golpes, diâmetro do furo, nome do projecto,
etc.). Para além da visualização dessas propriedades, é ainda possível introduzir manualmente o
nome do executante, nome do projecto no qual serão gravados os dados, diâmetro do furo,
profundidade do ensaio, entre outros. A principal característica desta consola consiste no facto de
possuir um sistema de dados em quatro canais, isto é, um par de canais para os medidores de
deformação e outro par de medidores para os acelerómetros. Destes quatro medidores obtém-se
os valores da força assim como os da velocidade da queda do martelo.
O ecrã do SPT-Analyzer é de cristal líquido sensível ao toque e é de fácil manuseamento.

Figura 20 – Consola de aquisição, exibição e gravação de dados

4.2.1.2 CARTÃO DE MEMÓRIA

É um sistema de armazenamento dos dados obtidos durante o ensaio, que são automaticamente
armazenados no cartão de memória com uma capacidade de 128 MB, sendo necessário introduzi-
lo no local apropriado da consola de aquisição de dados sempre que se realizar campanhas de
ensaios (Figura 21), permitindo posterior transferência dos sinais para um microcomputador,
aonde são efectuadas as análises de uma maneira mais detalhada.

- 58 -
Figura 21 - Cartão de memória e local de encaixe na consola de aquisição de dados

A consola de aquisição de dados é alimentada por uma bateria de 12V DC sendo que esta poderá
ser recarregada num simples tomada eléctrica (100 – 250V AC).

4.2.1.3 OS CABOS DE CONEXÃO

Os cabos de conexão servem para conectar a consola de aquisição à bateria ao segmento de vara
do SPT, no qual estão acoplados os medidores de deformação e poderão ainda ser aparafusados
os acelerómetros. De referir que estes cabos possuem um sistema de conexão rápida, facilitando
assim as ligações entre os vários componentes (Figura 22).

Figura 22 – Cabos de conexão rápida do sistema SPT ANALYSER

4.2.1.4 VARA INSTRUMENTADA

De salientar que neste projecto foram usadas dois tidos de varas, de características diferentes,
apresentadas de seguida.

- 59 -
Na campanha preliminar, 1ª e 2ª a instrumentação utilizada encontra-se fixa a um trecho que
compreende uma vara maciça com 610 mm de comprimento e 32 mm de diâmetro e uma massa
de 6,24 kg/m. O conjunto instrumentado localiza-se a uma distância média de 41 cm do topo do
conjunto conforme ilustra a Figura 23.

Figura 23 – Vara instrumentada utilizada na campanha preliminar, 1ª e 2ª campanha

Na 3ª campanha a instrumentação utilizada encontra-se fixa a um trecho que compreende uma


vara maciça com 600 mm de comprimento e 36,9 mm de diâmetro. O conjunto instrumentado
localiza-se a uma distância média de 30 cm do topo do conjunto conforme ilustra a Figura
24Figura 24.
De salientar que esta vara foi construída, com um diâmetro igual às varas utilizadas no sector da
Geotecnia da Mota-Engil, para eliminar os efeitos de impedância entre a vara instrumentada e o
trem de varas.

Figura 24 - Vara instrumentada utilizada na 3ª campanha

- 60 -
Os medidores de deformação (strain-gauges), tal como os acelerómetros, encontram-se fixos, ao
mesmo nível, numa posição diametralmente oposta, e numa posição acima dos acelerómetros
Figura 25.

Figura 25 - Medidores de deformação e acelerómetros

Os medidores de deformação mais próximo da superfície de impacto é designado como “strain–


gauge 1”, pois geralmente é o primeiro medidor de deformação a captar e registar a onda de
tensão (trigger), apesar do operador tenha a possibilidade de escolher o outro medidor (“strain–
gauge 2”). Na execução do ensaio prático desta dissertação, usou-se sempre o “strain–gauge 1”
como primeiro medidor a captar e registar a onda de tensão, embora os medidores de
deformação e os acelerómetros estejam colocados na mesma posição.
Os acelerómetros possuem uma sensibilidade de voltagem da ordem de 1,0 mV/g cada, cuja
resolução ronda os 0,02g podendo assim registar acelerações até valores iguais à 5000g. Estes
acelerómetros são aparafusados ao segmento de vara, num furo existente nesta através de um
parafuso. São aparafusados de modo a ficarem em posição oposta em relação um ao outro e
distam cerca de 3 cm aos medidores de deformação. De referir que, de modo a proteger os
acelerómetros, por serem frágeis, estes encontram-se no interior de um bloco de alumínio cujas
dimensões são 25 mm x 25 mm x 25 mm (Figura 26Figura 26).

Figura 26 – Bloco de protecção dos acelerómetros

- 61 -
4.2.2 CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO (SPT ANALYSER)

O SPT ANALYZER capta e fornece o registo da força medida, em função do tempo, nas duas
posições relativas aos dois medidores de deformação. Mas também fornece de imediato o valor
da velocidade da queda do martelo, que é utilizada nos cálculos da energia transferida, com base
nos valores da aceleração em função do tempo. Por cada pancada realizada a consola de
aquisição de dados exibe, na sua tela, e em tempo real o valor da energia transmitida ao trem de
vara segundo os dois métodos anteriormente referidos, o EFV e o EF2. Para além disso, também
permite verificar em tempo real a qualidade dos registos assim como conhecer o deslocamento
vertical do trem de varas ocorrido em cada pancada do martelo. A Figura 27 apresenta um registo
exibido pela consola do SPT ANALYSER.

Figura 27 - Representação dum registo captado e exibido pelo SPT ANALYZER

Para se obter esses valores com um elevado grau de exactidão, a consola de aquisição requer
determinados dados de calibração de acordo com as características das varas utilizadas, sendo
que essa calibração possui uma validade de dois anos (ver anexo II e III). Desse modo, segue-se as
Tabelas 9 e 10 no qual serão apresentados esses dados de acordo com a norma utilizada em
Portugal (ASTM D1586/58T).

Tabela 9 - Factores de calibração dos sensores utilizados na campanha preliminar, 1ª e 2ª

Medidor de deformação Acelerómetro

F1 F2 A1 A1

Factor de calibração 223,53 ME/V 222,96 ME/V 355 G/ciclo 405 G/ciclo

- 62 -
Tabela 10 - Factores de calibração dos sensores utilizados na 3ª campanha

Medidor de deformação Acelerómetro

F1 F2 A1 A1

Factor de calibração 215,31 ME/V 216,83 ME/V 310 G/ciclo 400 G/ciclo

4.3 EQUIPAMENTO DE PERFURAÇÃO

Na execução das sondagens mecânicas foi utilizado:


Campanha Preliminar - um equipamento de perfuração MOBILE DRILL B – 47, montado sobre um
camião 4x4, equipado com motor Deutz F4L912 que desenvolve uma potência de 70 HP às 2500
rpm e cuja unidade de rotação possui uma velocidade máxima de 800 rpm e um binário máximo
de 45,3Kg.m (Figura 28).

Figura 28 – Equipamento utilizado na campanha preliminar (Campus UA)

1ªCampanha - efectuada com um equipamento hidráulico de perfuração Mustang A-52 CB, da


ATLAS COPCO, equipado com um motor Deutz F5L 912 de 57 kW potência às 2150rpm, cuja
unidade de rotação possui um binário máximo de 1000Kgm e uma velocidade de rotação máxima
de 800rpm (Figura 29).

- 63 -
Figura 29 - Equipamento utilizado na 1ª e 2ª campanha (Estaleiro de Canelas)

2ªCampanha - efectuada com um equipamento hidráulico de perfuração EDECO T-30, da PILCON,


equipado com motor Deutz F4L 1011, com uma potência de 36 KW às 2600 rpm e cuja unidade de
rotação possui uma velocidade máxima de 500-600 rpm e um binário máximo de 207 Kgm (Figura
30).

Figura 30 - Sequência de operações de calibração de um martelo SPT

3ª Campanha - um equipamento de perfuração Mustang A-32 C, da ATLAS COPCO, equipados com


um motor Deutz F4L 912 de 49kW potência às 2100rpm. A unidade de rotação, deste
equipamento, possui um binário máximo de 300kgm e uma velocidade de rotação máxima de
714rpm (Figura 31).

- 64 -
Figura 31 - Equipamento utilizado na 3ªcampanha (Estaleiro de Porto Alto)

A circulação de água, para limpeza e arrefecimento das ferramentas de corte, fez-se com o auxílio
de um grupo moto-bomba DITER-FMC L09, apoiados por outro grupo moto-bomba Honda GK
200. Normalmente foi utilizada água clara. No entanto, sempre que as condições de recuperação
e amostragem assim o exigiram, foram utilizados aditivos ou coadjuvantes de lubrificação e
arrefecimento.
A amostragem foi contínua , pelo que foram utilizados amostradores duplos do tipo T2 de 86 e
101 mm de diâmetro, equipados com coroas de metal duro (widia). No revestimento dos furos de
sondagem usaram-se tubos de 101mm de diâmetro
Com a amostragem contínua foi possível identificar litologicamente as formações interessadas.
No final, as amostras foram objecto de cuidados particulares. Imediatamente após a extracção e
depois de convenientemente limpas, foram colocadas em caixas apropriadas, identificadas por
separadores de madeira onde, na secção superior, de modo legível e indelével, foi indicada a
profundidade atingida pela sonda, nessa manobra (Figura 32).

Figura 32 – Caixa de sondagem

- 65 -
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

5.1 CAMPANHA PRELIMINAR COM VISTA À CALIBRAÇÃO ENERGÉTICA DOS EQUIPAMENTOS SPT

Foi inicialmente efectuado um conjunto de registos de modo a verificar a funcionalidade do


sistema. Assim foi realizada uma campanha de medições no decurso da caracterização geotécnica
dos solos do Campus Universitário de Santiago em Aveiro (UA).

5.1.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO CAMPUS DA UA

Em termos geológicos, até à profundidade de investigação, os terrenos estudados enquadram-se


na designada Bacia Sedimentar de Aveiro a qual é abrangida pela folha 16-A (Aveiro) da Carta
Geológica de Portugal. As formações sedimentares sobrejacentes ao soco correspondem às
unidades litoestratigráficas Meso-Cenozóicas. Assim os materiais de cobertura, de idade
Holocénica, que correspondem em boa medida aos penetrados durante este estudo, dizem
respeito fundamentalmente a siltes a siltes arenosos, progressivamente lodosos, por vezes muito
micáceos, de tons predominantemente acinzentados escuros, a que se sobrepõem lodos, por
vezes algo arenosos, negros. Por vezes ocorrem no topo areias finas, eólicas, de tons geralmente
acastanhados claros a esbranquiçados. Na base destas unidades ocorrem por vezes materiais Plio-
Plistocénicos que correspondem a níveis de praias antigas e terraços fluviais, os quais por sua vez
repousam sobre materiais do Cretácico - Argilas de Aveiro.
Os níveis freáticos, durante a execução dos ensaios posicionavam-se entre os 0,5 m e 1,0 m de
profundidade, consoante a variação das marés.

5.1.2 REGISTOS DE ENERGIA

A unidade de registo exibe para cada golpe do martelo e em tempo real, a energia medida por
dois métodos diferentes (EF2 e EFV), a força máxima de impacto, o número do golpe e a eficiência
de energia transferida ao trem de varas relativamente à energia teórica fornecida (energia
potencial do equipamento). Os dados registados foram analisados no software PDA-W e
transferidos para uma folha de cálculo.
Para proceder aos registos é necessária a compilação prévia de um conjunto de informações
relativas às características da sondagem, designadamente:
• Diâmetro do furo;
• Diâmetro do revestimento (caso seja usado);

- 66 -
• Profundidade do furo;
• Comprimento do trem de varas (desde a ponta do amostrador até à secção
instrumentada).
Na sequência da anotação destas informações, verificou-se que os procedimentos adoptados pela
equipa de sondagem, que se pressupõe ser a prática corrente, não contemplam a medição
efectiva destas grandezas, pelo que caso não tivesse sido necessário efectuar estes registos, ficar-
se-ia sem saber exactamente a profundidade da furação e a profundidade a que se estavam a
executar os ensaios SPT. Verificou-se ainda a inexistência de um boletim de ensaio tal qual exige o
normativo europeu.
Durante a execução dos ensaios SPT verificou-se que o martelo não se encontrava nas melhores
condições, já que muitas vezes, este caía antes de atingir o gatilho, ou seja, houve um conjunto de
pancadas, correspondentes a alturas de queda inferiores a 76 cm, que embora não tenham sido
contabilizados para efeitos da definição do resultado do ensaio N (resistência à penetração),
obviamente influenciam o resultado final do ensaio, até porque muitas vezes estes envolveram
valores de energia muito significativos.
A avaliação da eficiência energética do equipamento partiu do pressuposto que o martelo
cumpria todos requisitos, ou seja, apresentava massa de 63,5 kg e altura de queda de 76 cm.
Nestas condições a energia teórica do martelo corresponderia a 0,473 kN.m (473 J).
Nesta campanha preliminar foram executados ensaios SPT às profundidades de 1,30 m, 2,30 m,
3,98 m, 5,48 m, 6,96 m e 8,36 m.
Os dados obtidos mostram o número de registos efectuados pelo equipamento é por vezes
superior ao anotado pelo operador, para além disso, a eficácia energética é superior a 100%, ou
seja, para que tal seja possível é necessário que ou a altura de queda é superior a 76 cm e/ou a
massa do martelo é maior que 63,5 kg.
Analisando os registos correspondentes a cada um dos ensaios, foi possível ainda tirar outras
ilações, as quais daremos conta de seguida.

5.1.3 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT

Um primeiro aspecto, já anteriormente aflorado diz respeito, à anotação da profundidade de


furação. Na opinião do operador o furo foi executado até à profundidade de 1,5 m, mas a
medição efectiva desta evidenciou que era apenas de 1,3 m. O operador anotou ainda 7 golpes do
martelo distribuídos por 3+2+2, no entanto o equipamento registou 8 golpes, um dos quais com
menor energia dado que o martelo se desprendeu antes de atingir o gatilho, o qual foi e bem,
desprezado pelo operador. No entanto sabendo que à medida que o amostrador vai sendo

- 67 -
preenchido pelo material ensaiado, aumenta a resistência à penetração, dado que é mobilizado
maior atrito tanto no interior do amostrador como no exterior, este facto influencia a qualidade
dos registos, dado que, por menor que seja a energia da pancada resulta sempre uma penetração
efectiva. Assim, os martelos devem ser com frequência inspeccionados relativamente ao seu
estado de funcionamento, de modo a eliminar ou diminuir esta fonte de erro.
Dos registos obtidos nesta campanha, serão apenas abordados alguns, nomeadamente os registos
que merecem uma abordagem mais cuidadosa. Contudo todos os resultados obtidos serão
apresentados em anexo IV.
Antes de mais, e comparativamente aos restantes, observa-se que no registo do golpe nº 2 e do
golpe nº3, um desprendimento acidental do martelo antes de atingir o gatilho.
Procedendo à análise dos registos observa-se que os mesmos são bastante consistentes. Como
exemplo apresenta-se na Figura 33 o registo do primeiro golpe do martelo.

200 3,5

1º pulso F
3
V
150
2,5

2
100

Velocidade (m/s)
Força (kN)

2º pulso 1,5

50 3º pulso
1

0,5
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 0

-50 -0,5
Martelo descola
Tempo (ms)
do trem de vara

0,65
0,6 99,5
0,55
Cravação
0,5 suplementar
0,45 devida ao 2º pulso 79,5
0,4
Energia (KN-m)

0,35
59,5
D (mm)

0,3
0,25
0,2 E 39,5
0,15 D
0,1
19,5
0,05
0
-0,05 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -0,5
Tempo (ms)

Figura 33 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 1/8 do


martelo, correspondente à profundidade de 1,5 m (NSPT=4)

- 68 -
A Figura 33 ilustra a existência de 3 pulsos de compressão. O primeiro diz respeito ao impacto
inicial e os dois seguintes decorrentes de pulsos (impactos) sucessivos do martelo, os quais
conferem um incremento de penetração do amostrador no solo bastante significativo, em
especial o 2º pulso, já que o último é de muita pequena energia. Observa-se ainda que a reflexão
por tracção originada em cada um dos pulsos diminui gradualmente, o que se compreende dado
que por efeito de dissipação, a energia disponível em cada um deles é menor que a anterior o que
faz com que a força mobilizada como é menor tem menos capacidade para vencer a resistência
do solo.
Analisando em pormenor o primeiro pulso Figura 34, correspondente ao impacto inicial do
martelo com o batente, damo-nos conta de uma série de ocorrências.

250 3,5
t=2L/c=1,013 ms
3
200
t=2L’/c=0,705 ms
2,5
150
2

Velocidade (m/s)
F
Força (kN)

t0
100 1,5
2L/c
2L'/c 1
50 V
0,5
0
0
8 9 10 11 12 13 14 15
-50 -0,5
Tempo (ms)

Figura 34 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o 1º pulso do golpe


1/8 do martelo, correspondente à profundidade de 1,5 m (NSPT=4)

Assim observa-se que para o tempo 2L’/c, em que L’ corresponde ao comprimento desde a secção
instrumentada até ao topo do amostrador SPT, ocorre uma reflexão de compressão a qual deverá
estar relacionada com as diferentes impedâncias relativas à cabeça do amostrador e do trem de
varas. Este facto é reproduzido no sinal da velocidade através da sua redução. Observa-se ainda
que após o tempo 2L/c, em que L corresponde ao comprimento desde a secção instrumentada
até à boquilha do amostrador SPT, ocorre uma forte diminuição da força sobressaindo uma
reflexão por tracção motivada pela reduzida resistência à penetração oferecida pelo solo, o que
motiva o incremento da velocidade da partícula, no mesmo período de diminuição da força. Este
aumento da velocidade da partícula no topo do trem de varas causa a descolagem entre o
martelo e o batente o que origina a ocorrência de um segundo pulso de compressão.
A Figura 35 ilustra o segundo pulso ocorrido após o contacto de restabelecido o contacto entre o
martelo e o trem de varas. É possível observar que neste segundo pulso ainda está envolvida uma
parcela significativa de energia a qual é transmitida ao sistema gerando uma apreciável

- 69 -
penetração suplementar do amostrador. Neste segundo pulso observa-se após o tempo 2L/c, que
ocorre de imediato uma segunda solicitação proveniente da reflexão do amostrador, que
aumenta o pico da segunda onda de compressão. Este facto é possível dado que ocorre para um
trem de varas curto.
40 1,4

35 t=2L’/ F
1,2
30 c V
t0 1
25
2L/c
20

Velocidade (m/s)
0,8
Força (kN)

15
0,6
10

5 0,4
0
50 55 60 65 70 75 0,2
-5

-10 0
Tempo (ms)

Figura 35 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o 2º e 3º pulso do


golpe 1/8 do martelo, correspondente à profundidade de 1,5 m (NSPT=4)

O tipo de registo gerado pelas pancadas do martelo SPT até aos 7,5 m é do mesmo tipo do
anterior. A esta profundidade observa-se um registo distinto do anterior (Figura 36). Observa-se
aqui que a quase totalidade da energia foi transferida ao trem de varas logo no primeiro impacto,
já que como o comprimento do trem de varas é maior, o tempo de permanência do martelo sobre
o trem de varas é também necessariamente maior. Merece ainda destaque o facto de ocorrerem
6 ciclos de onda antes de terminar o efeito do primeiro impacto, aos quais correspondem parcelas
sucessivas de penetração do amostrador. Cada ciclo tem aproximadamente uma duração de 2L/c.

450 4,5
400 4
F
350 3,5
V
300 1º pulso 3
250 2,5
Velocidade (m/s)

200 2
Força (kN)

150 1,5
100 1
2º pulso
50 0,5
0 0
-50 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -0,5

-100 -1
-150 -1,5
Tempo (ms)

- 70 -
0,7 35
0,65
0,6 30
0,55
0,5 25
E
0,45

Energia (KN-m)
0,4 20
Cravação D

D (mm)
0,35
0,3
suplementar 15
0,25 devida ao 2º pulso
10
0,2
0,15 5
0,1
0,05 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 36 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 17/18 do


martelo, correspondente à profundidade de 7,5 m (NSPT=11)

Em anexo IV apresenta-se o registo correspondente à totalidade das pancadas desferidas sobre o


trem de varas para a execução do ensaio SPT à profundidade de 7,5 m
Refira-se que à semelhança do que aconteceu no ensaio SPT à profundidade de 1,5 m também à
profundidade de 7,5 m o operador não contabilizou uma pancada por esta ter sido originada por
um destravamento extemporâneo do martelo (golpe nº5). Para além disso, observa-se que foram
contabilizadas pancadas do martelo que envolveram níveis energéticos muito distintos. Em alguns
casos, os registos que envolvem menores níveis energéticos têm a ver com desprendimentos do
martelo antes de ser atingido o gatilho, conforme foi observado in loco. Contudo, outros deverão
estar relacionados com o facto de o martelo não ter mantido sempre uma posição vertical,
originando na descida do mesmo ao longo da vara guia a mobilização de maiores esforços de
atrito, o que originou consequentemente perda de energia potencial.
Na Figura 37 apresenta-se um registo que tipifica o que aconteceu no último ensaio SPT, à
profundidade de 9 m.

250 4

F 3,5
200
V 3
t0
2,5
150 2L/c
Velocidade (m/s)

2
Força (kN)

6L/c
100 1,5

1
50
0,5

0
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -0,5
-50 -1
Tempo (ms)

- 71 -
0,6 7
0,55
6
0,5
0,45 5
0,4

Energia (KN-m)
0,35 4

D (mm)
0,3
E 3
0,25
0,2 t0
2
0,15 2L/c
0,1 1
6L/c
0,05
D 0
0
-0,05 -1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 37 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 59/107 do


martelo, correspondente à profundidade de 9 m (NSPT=60)

A esta profundidade foram intersectadas as argilas Cretácicas de Aveiro, as quais apresentam


elevada resistência à penetração (foi atingida a “nega”) por se encontrarem fortemente
sobreconsolidadas.
Observa-se que a reflexão por tracção a seguir ao primeiro pulso, que ocorre após o tempo 2L/c,
apresenta muito menor magnitude do que nos casos anteriores, o que revela o carácter muito
mais resistente da formação intersectada. Observa-se ainda que devido à elevada resistência à
penetração oferecida pelo material, logo após o tempo 2L/c surge um segundo pulso depois da
chegada da reflexão do amostrador. A segunda onda de compressão é pois antecipada
aproximando-se bastante da primeira. A velocidade da partícula é neste trecho decrescente o que
indicia que a mesma se desloca no sentido ascendente do trem de varas, correspondendo a uma
onda de pura reflexão de compressão. Ocorre ainda um terceiro pulso ao fim do tempo 6L/c ao
fim do qual a velocidade torna-se negativa, promovendo também uma diminuição no
deslocamento e na força. Este facto deverá ser motivado pela acentuada reflexão de compressão
ocorrida no trem de varas decorrente da elevada resistência do solo. Observa-se ainda que a
energia máxima ocorre com a penetração máxima, situação típica do caso que envolve solo
resistente e trem de varas longo.
Na Figura 38 apresenta-se um registo que ilustra o que aconteceu na fase final do ensaio SPT.
Aqui é possível verificar que após o tempo 2L/c quase que não ocorre a reflexão de onda de
tracção, o que ilustra bem a elevada resistência à penetração da formação geológica. Para além
disso, observa-se que os pulsos subsequentes ao primeiro se encontram pouco espaçados.

- 72 -
3
190
F
2,5
V
140 2

Velocidade (m/s)
Força (kN) 1,5
90
1

0,5
40
0

-10 -0,5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

0,65 13
0,6
0,55 11
0,5
0,45 9
0,4
Energia (KN-m)

0,35 7

D (mm)
0,3
0,25 5
0,2
E
0,15 3
0,1 D
0,05 1
0
-0,05 -1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 38 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 104/107 do


martelo, correspondente à profundidade de 9 m (NSPT=60)

5.1.4 CONSEQUÊNCIAS DAS MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT

Dados os resultados obtidos, que evidenciam alguns desvios relativamente às orientações


normativas que regem a execução do ensaio SPT, foram de imediato tomadas algumas medidas,
designadamente:
1. Proceder à verificação da altura de queda e peso de todos os martelos em actividade no
sector de Geotecnia, de modo a despistar a ocorrência de valores de eficiência energética
superiores a 100 %.
2. Estabelecer um programa de verificação das condições de funcionamento e respectiva
manutenção, de modo a impedir a ocorrência de destravamentos extemporâneos dos
martelos.
3. Promover acções de formação junto dos operadores e pessoal técnico de modo a
observar o cumprimento das boas regras de execução de sondagens e ensaios SPT.

- 73 -
5.2 PRIMEIRA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO ENERGÉTICA DOS EQUIPAMENTOS SPT

A primeira campanha de calibração energética dos equipamentos SPT foi realizada no Estaleiro do
Núcleo de Geotecnia da Direcção de Fundações e Geotecnia da Mota-Engil, Engenharia e
Construção S.A.
Antes de se proceder à calibração dos martelos SPT executou-se a numeração de todos eles de
modo a que seja possível a identificação dos mesmos quando estiverem em operação.
Após a numeração procedeu-se numa primeira fase (18-08-2009) à verificação da massa de alguns
martelos SPT. Refira-se que relativamente á altura de queda, esta é comum a todos os martelos já
que resulta do trajecto disponível entre o batente e o gatilho de destravamento, que se verificou
ser de 76 cm. Os resultados obtidos ilustram-se na Tabela 11.

Tabela 11 - Massa dos martelos SPT

Nº do martelo Peso do martelo (kg)


MRT 03 65,1
MRT 06 65,2
MRT 08 64,7
MRT 09 65,1
MRT 10 64,1
MRT 11 64,2

Dado que a norma EN ISO 22476-3 exige que os martelos SPT tenham peso igual a 63,5 kg (± 0,5
kg) e dado que para efeitos da determinação da energia teórica se assumiu o valor de 63,5 kg,
compreende-se que estes desvios no peso dos amostradores possam só por si justificar os
elevados valores de eficácia energética anteriormente referidos.
Na sequência dos resultados anteriores procedeu-se à redução de peso de todos os martelos, de
modo que os pesos finais ficassem enquadrados nos valores permitidos pela norma. Ao mesmo
tempo foi alertado o fornecedor dos martelos para esta ocorrência. No final os martelos ficaram
com o peso que se apresenta na Tabela 12.

Tabela 12 - Massa final dos martelos SPT

Nº do martelo Peso do martelo (kg)


MRT 02 63,8
MRT 03 63,9
MRT 04 63,9
MRT 05 63,9
MRT 06 63,9
MRT 07 63,9
MRT 08 63,9
MRT 09 63,9
MRT 10 63,6
MRT 11 63,9

- 74 -
Após a rectificação dos martelos procedeu-se à avaliação da eficiência energética dos martelos,
com excepção dos martelos MRT02 e MRT03 dado que na sequência da manutenção e verificação
da funcionalidade dos mesmos se verificou que necessitavam de substituição de peças, as quais
na altura ainda não tinham sido entregues pelo fornecedor.
Efectuou-se assim uma primeira calibração de alguns martelos, sendo que os martelos MRT04,
MRT05, MRT07 e MRT11 foram ensaiados sem a sua massa ter sido ratificada, enquanto que os
martelos MRT03, MRT06, MRT08 e MRT09 foram ensaiados já com a sua massa corrigida.
A calibração dos martelos foi efectuada num furo de sondagem, tendo-se utilizado na execução
dos ensaios SPT, às diferentes profundidades, os diversos martelos a calibrar.
A quantificação da eficiência energética dos martelos SPT foi efectuada através da média dos
registos correspondentes apenas aos golpes do martelo que perfazem o valor de N, ou seja, foram
desprezados os registos correspondentes ao primeiro trecho de 15 cm de penetração do
amostrador SPT.

5.2.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO ESTALEIRO DE CANELAS

O local em estudo, enquadram-se num extenso maciço eruptivo, de natureza granítica a qual é
abrangida pela folha 13-A (Espinho) da Carta Geológica de Portugal, à escala de 1:25000.
De uma forma geral, a rocha tem granulometria grosseira e carácter porfiróide.
De uma forma sucinta, observa-se que ao longo do furo de sondagem ocorre uma sequência
litológica de aterro compacto e solo residual granítico.

5.2.2 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT

Dos registos obtidos nesta campanha, serão apenas abordados alguns, nomeadamente os registos
que merecem uma abordagem mais cuidadosa. Contudo, todos os resultados obtidos serão
apresentados em anexo IV.

5.2.2.1 MARTELO MRT 11 – PROFUNDIDADE DE 1,25 M

À profundidade de 1,25 m foi detectada a existência de materiais granulares de grande dimensão


e elevada compacidade correspondentes a um aterro compactado.
Na Figura 39 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT 11) o qual tinha sido já sujeito a manutenção e ratificação da sua massa.

- 75 -
Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,412 kN.m e
tendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=87,11 %, a
que corresponde um desvio-padrão δ=12,5 %.
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100120 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40 60
0 0 0

5 5
5
Número do golpe

10 10
10
15 15
15
20 20

20 N1
25 25
N2
25 30 30

Figura 39 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-11

Na Figura 40 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 18/22, o qual tipifica o total dos
registos obtidos.

160 4
140 3,5
F
120 3
V
100 2,5

Velocidade (m/s)
80 2
Força (kN)

60 1,5
40 1
20 0,5
0 0
-20 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -0,5
-40 -1
Tempo (ms)

0,45 9
0,4 8
0,35 7
0,3 6
Energia (KN-m)

0,25 5
D (mm)

0,2 4
0,15 3
0,1 E 2
0,05 D 1
0 0
-0,05 -1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 40 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 18/22 do


martelo MRT 11, correspondente à profundidade de 1,25 m (NSPT=60)

- 76 -
O tipo de registo corresponde à situação de solo muito resistente e trem de varas curto, sendo
identificável a quase inexistência de reflexão por compressão o que confirma a situação
enunciada anteriormente. São ainda identificáveis três picos de força, que como seria de esperar
se encontram pouco espaçados no tempo.

5.2.2.2 MARTELO MRT 05 – PROFUNDIDADE DE 1,74 M

À profundidade de 1,74 m continuou a intersectar-se materiais de aterro de natureza granular e


dimensão considerável com elevada compacidade.
Na Figura 41 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT 05) o qual tinha sido ratificado a sua massa mas não tinha ainda sido sujeito a
manutenção.
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 25 50 75 100125150 0 0,5 1 0 50 100
0 0 0

10 10 10

20 20 20
Número do golpe

30 30 30

40 40 40
N1
50 N2 50 50

N3
60 60 60

Figura 41 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-05

Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,469 kN.m e
tendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=98,09 %, a
que corresponde um desvio-padrão δ=9,2 %. Os resultados evidenciam ainda a ocorrência de
disparos extemporâneos o que mostra da necessidade de se efectuar manutenção no martelo
MRT 05, o que aconteceu de imediato.
Na Figura 42 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 35/65 que tipifica os registos
obtidos.
O tipo de registo continua a corresponder à situação de solo muito resistente e trem de varas
curto.

- 77 -
200 4
F
150 V 3

Velocidade (m/s)
100 2
Força (kN)

50 1

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1
Tempo (ms)

0,55 25
0,5
0,45 20
0,4
0,35 15
Energia (KN-m)

0,3

D (mm)
0,25 E 10
0,2 D
0,15 5
0,1
0,05 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 42 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 35/65 do


martelo MRT 05, correspondente à profundidade de 1,74 m (NSPT=39)

5.2.2.3 MARTELO MRT 07 – PROFUNDIDADE DE 2,77 M

À profundidade de 2,77 m observou-se a presença de solos naturais correspondentes a solos


residuais graníticos.
Na Figura43 apresentam-se os resultados obtidos da eficiência energética do martelo SPT
(MRT07) o qual tinha sido ratificado a sua massa, embora não tenha sido sujeito a manutenção.
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 25 50 75 100125150 0 0,5 1 1,5 0 100 200
0 0 0

5
5 5
Número do golpe

10
10 10
15
15 15
20
N1
20 20
N2 25

N3
25 25 30

Figura 43 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT- 07

- 78 -
Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,480 kN.m
etendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=101,3 %, a
que corresponde um desvio-padrão δ=18,1 %. Os resultados mostram a existência de uma
variação apreciável dos resultados, com pancadas que transmitiram pequena energia ao trem de
varas, o que pode estar relacionado com a queda do martelo antes de ser atingido o gatilho, mas
também valores por vezes exagerados o que indicia levantamentos de martelo superiores ao
permitido. Estes resultados mostram a necessidade de se efectuar manutenção no martelo MRT
07 e de se confirmar a sua altura de queda e a sua massa, sendo desejável proceder à recalibração
do mesmo. Na Figura 44 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 5/22, o qual tipifica o
total dos registos obtidos.
200 4

F
150 3
V

100 t0 2

Velocidade (m/s)
2L/c
Força (kN)

50 1

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1

-100 -2
Tempo (ms)

0,55 45
0,5 40
0,45 35
0,4
0,35 30
Energia (KN-m)

0,3 25
D (mm)

0,25 20
0,2 15
0,15 10
0,1 E
0,05 5
D 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 44 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 5/22 do


martelo MRT 07, correspondente à profundidade de 2,77 m (NSPT=16)

No registo identifica-se já a ocorrência de uma reflexão por tracção após o tempo 2L/C o que
traduz a menor resistência à penetração destes solos relativamente aos anteriores. Observa-se
também a existência de um segundo pulso de muito pequena energia que corresponde a um
restabelecimento do contacto do martelo com o trem de varas o qual é ainda responsável por
uma relevante penetração adicional do amostrador.

- 79 -
5.2.2.4 MARTELO MRT 03 – PROFUNDIDADE DE 3,43 M

Não foi possível efectuar a calibração do martelo MRT 03, porque os dentes do martelo não o
conseguiam segurar durante o percurso ascendente. O martelo foi posteriormente sujeito a
acções de manutenção.

5.2.2.5 MARTELO MRT 04 – PROFUNDIDADE DE 3,43 M

À profundidade de 3,43 m observou-se a presença de solos naturais correspondentes a solos


residuais graníticos.
Na Figura 45 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT 04) o qual não tinha sido ainda visto ratificada a sua massa e não tinha também
sido sujeito a manutenção.
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100120 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40 60
0 0 0

5 5 5

10 10 10
Número do golpe

15 15 15

20 20 20

25 25 25

30 N1 30 30
N2
N3
35 35 35

Figura 45 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-04

Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,404 kN.m e
tendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=88,56 %, a
que corresponde um desvio-padrão δ=8,9 %. Os resultados mostram a existência de um conjunto
de pancadas que transmitiram pequena energia ao trem de varas que se relacionam com a queda
do martelo antes de ser atingido o gatilho. Estes resultados mostram a necessidade de se efectuar
manutenção no martelo MRT 04.
Na Figura 46 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 16/33, que ilustra o que se passa
nos restantes.

- 80 -
200 4

150 F 3
V
100 2

Velocidade (m/s)
Força (kN) 50 1

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1

-100 -2
Tempo (ms)

0,55 30
0,5
0,45 25
0,4
20
0,35
Energia (KN-m)

0,3 15

D (mm)
0,25
0,2 10
0,15
E 5
0,1
0,05 D
0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 46 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 16/33 do


martelo MRT 04, correspondente à profundidade de 3,43 m (NSPT=20)

Este registo é em todo idêntico ao anterior, verificando-se que um único pulso, o proveniente do
impacto do martelo com o batente, é responsável pela maior parte da penetração do amostrador.

5.2.2.6 MARTELO MRT 08 – PROFUNDIDADE DE 4,38 M

À profundidade de 4,38 m observou-se a presença de solos naturais correspondentes a solos


residuais graníticos de grão fino de natureza aplítica.
Na Figura 47 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT 08) o qual tinha visto ser ratificada a sua massa mas não tinha sido sujeito a
manutenção. Os resultados mostram a ocorrência de 6 pancadas iniciais com reduzida altura de
queda devido ao facto de o anel de pressão dos dentes do martelo não estarem devidamente
colocados. Procedeu-se então ao encaixe deste dispositivo tendo-se a partir daí verificado bons
resultados.

- 81 -
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40
0 0 0

5 5 5

Número do golpe 10 10 10

15 15 15

20 20 20

25 25 25

30 N1 30 30
N2
N3
35 35 35

Figura 47 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-08

Os valores apresentados na Figura 47 correspondem a um valor médio de energia transmitida ao


trem de varas de EFV=0,353 kN.m e tendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma
eficiência energética ETR=74,62 %, a que corresponde um desvio-padrão δ=6,3 %, o que mostra
uma excelente consistência. Dado que os valores de eficácia energética são inferiores à média até
aqui obtida para os restantes martelos, entendeu-se que o martelo MRT-08 deveria ser sujeito a
confirmação da calibração.
Na Figura 48 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 22/33, que ilustra o que se passa
nos restantes.

200 5
F
150 V 4

3
100
Velocidade (m/s)

2
Força (kN)

50
1
0
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1

-100 -2
Tempo (ms)

- 82 -
0,4 25
0,35
20
0,3
0,25 15

Energia (KN-m)
0,2

D (mm)
10
0,15
0,1 5
0,05 E
0
0 D

-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 48 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 22/33 do


martelo MRT 08, correspondente à profundidade de 4,38 m (NSPT=22)

5.2.2.7 MARTELO MRT 09 – PROFUNDIDADE DE 4,72 M

À profundidade de 4,72 m observou-se a presença de solos naturais correspondentes a solos


residuais graníticos de grão fino.
Na Figura 49 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT 09) o qual foi previamente sujeito a manutenção e ratificação da sua massa.
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40
0 0 0

5 5 5

10 10 10
Número do golpe

15 15 15

20 20 20

25 25 25
N1
N2
30 30 30
N3
35 35 35

Figura 49 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-09

Os resultados apresentados na Figura 49 mostram excelente consistência, tendo-se verificado um


valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,388 kN.m e tendo como referência
a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=82,01 %, a que corresponde um
desvio-padrão δ=4,4 %.
Na Figura 50 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 21/35, que ilustra o que se passa
nos restantes.

- 83 -
200 4

150 F 3
V
100 2

Velocidade (m/s)
Força (kN) 50 1

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1

-100 -2
Tempo (ms)

0,4 14
0,35 12
0,3 10
0,25
8
Energia (KN-m)

0,2

D (mm)
6
0,15
4
0,1 E
0,05 D 2

0 0
-0,05 -2
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (ms)

Figura 50 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 21/35 do


martelo MRT 09, correspondente à profundidade de 4,72 m (NSPT=26)

5.2.2.8 MARTELO MRT 06 – PROFUNDIDADE DE 5,25 M

À profundidade de 5,25 m observou-se a presença de solos naturais correspondentes a solos


residuais graníticos de grão fino.
Na Figura 51 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT 06) o qual tinha sido sujeito a manutenção e ratificação da sua massa.
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100120 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40
0 0 0

5 5 5

10 10 10
Número do golpe

15 15 15

20 20 20

25 25 25
N1
N2
30 30 30
N3
35 35 35

Figura 51 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-06

- 84 -
Os resultados apresentados na Figura 51 mostram excelente consistência, tendo-se verificado um
valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,411 kN.m e tendo como referência
a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=86,79 %, a que corresponde um
desvio-padrão δ=7,0 %.
Na Figura 52 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 24/35, que ilustra o que se passa
nos restantes.
200 4

150 F 3
V
100 2

Velocidade (m/s)
Força (kN)

50 1

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1

-100 -2
Tempo (ms)

0,45 20
0,4
0,35 15
0,3
Energia (KN-m)

0,25 10

D (mm)
0,2
0,15 5
E
0,1
0,05 D 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 52 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 24/35 do


martelo MRT 06, correspondente à profundidade de 5,25 m (NSPT=26)

5.3 SEGUNDA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO DE MARTELOS SPT

A segunda campanha de calibração energética dos equipamentos SPT, tal como a primeira
campanha, foi realizada no Estaleiro do Núcleo de Geotecnia da Direcção de Fundações e
Geotecnia da Mota-Engil, Engenharia e Construção S.A.
Esta campanha de calibração de martelos SPT surgiu após a recalibração dos martelos MRT04,
MRT05 e MRT08 e a nova calibração do martelo MRT10.

- 85 -
Todos os martelos foram ensaiados com a sua massa normalizada (Figura 53).

Numeração do
amostrador em
baixo relevo.

Sulco originado
pela retirada de
material para
cumprimento do
peso normalizado

Figura 53 - Amostradores Pilcon numerados e com massa normalizada

A quantificação da eficiência energética dos martelos SPT foi efectuada através da média dos
registos correspondentes apenas aos golpes do martelo que perfazem o valor de N, ou seja, foram
desprezados os registos correspondentes ao primeiro trecho de 15 cm de penetração do
amostrador SPT.

5.3.1 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT

Dos registos obtidos nesta campanha, serão apenas abordados alguns, nomeadamente os registos
que merecem uma abordagem mais cuidadosa. Contudo todos os resultados obtidos serão
apresentados em anexo IV.

5.3.1.1 MARTELO MRT08 – PROFUNDIDADE DE 1,27 M

Os registos aqui apresentados correspondem a uma recalibração energética. Recorde-se que a


recalibração foi efectuada após se ter observado que o martelo necessitava de manutenção.
Assim à profundidade de 1,27 m foram efectuadas medições de energia tendo o material aí
presente correspondido a solos granulares de grande dimensão e elevada compacidade
correspondentes a um aterro compactado, já detectado anteriormente.
Na Figura 54 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT08). Refira-se ainda que neste ensaio foram assinalados pelo equipamento SPT-
Analyser 40 golpes do martelo todos de excelente qualidade, ou seja, nenhum dos golpes
corresponde a pancadas acidentais ou extemporâneas do martelo.

- 86 -
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40 60
0 0 0

5 5 5

10 10 10
Número do golpe
15 15 15

20 20 20

25 25 25

30 N1 30 30
N2
35 35 35
N3
40 40 40

Figura 54 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-08

No entanto o operador registou apenas 38. Esta situação é de algum modo frequente em equipas
de sondagem, no entanto pode ser evitada com a anexação de um contador automático de
pancadas ao equipamento de ensaio.
Na Figura 55 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 21/40, que serve de exemplo à
maioria dos registos efectuados neste ensaio SPT.
200 4

150 F 3
V
100 2

Velocidade (m/s)
Força (kN)

50 1

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1

-100 -2
Tempo (ms)

0,4 25
0,35
20
0,3
0,25 15
Energia (KN-m)

0,2
D (mm)

10
0,15
0,1 5
E
0,05
D 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 55 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 21/40 do


martelo MRT08, correspondente à profundidade de 1,27 m (NSPT=28)

- 87 -
No registo observa-se após a reflexão de tracção, ao fim do tempo 2L/c, uma série de reflexões de
compressão que antecedem a ocorrência de um segundo pulso do martelo. Este segundo pulso já
não motiva a reflexão da onda de tracção o que indicia que grande parte da energia disponível no
conjunto foi utilizada para a realização de trabalho correspondente à penetração do amostrador.

5.3.1.2 MARTELO MRT10 – PROFUNDIDADE DE 2,85 M

Procedeu-se à execução de registos de energia em ensaio SPT com o martelo MRT10, que foi
previamente sujeito a manutenção para que todos os requisitos normativos fossem cumpridos.
Na Figura 56 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT10). Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de
EFV=0,387 kN.m e tendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência
energética ETR=81,74 %, a que corresponde um desvio-padrão δ=9,6 %.
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100120 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40 60
0 0 0

5 5 5

10 10 10
Número do golpe

15 15 15

20 20 20

25 25 25

30 N1 30 30
N2
35 35 35
N3
40 40 40

Figura 56 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-10

Na Figura 57 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 28/35, que exemplifica o que


acontece na maioria dos registos efectuados neste ensaio SPT.
150 5
130
F 4
110
V
90 3
Velocidade (m/s)

70 2
Força (kN)

50
30 1

10 0
-10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -1
-30
-50 -2
Tempo (ms)

- 88 -
0,4 25
0,35
20
0,3
0,25 15

Energia (KN-m)
0,2

D (mm)
10
0,15
0,1 E 5
0,05 D
0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 57 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 28/35 do


martelo MRT08, correspondente à profundidade de 2,85 m (NSPT=24)

5.3.1.3 MARTELO MRT04 – PROFUNDIDADE DE 4,37 M

Os registos agora apresentados correspondem a uma recalibração energética do martelo MRT04.


Na Figura 58 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT04), os quais apresentam elevada consistência e homogeneidade. Estes revelam
um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,423 kN.m e tendo como
referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=89,36 %, a que
corresponde um desvio-padrão δ=6,8 %.
ETR (%) EFV (kN.m ) DFN (m m)
0 20 40 60 80 100120 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40 60
0 0 0

5 5 5

10 10 10
Número do golpe

15 15 15

20 20 20

N1
25 N2 25 25

N3
30 30 30

Figura 58 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-04

Observando os valores da calibração anterior verifica-se que deixaram de ocorrer golpes


decorrentes de alturas de queda menores do que a normalizada, por queda extemporânea do
martelo, o que permite concluir que as acções de manutenção surtiram efeito. Para além disso
verifica-se que os valores de medição energética na anterior calibração, eliminando os registos
das pancadas acidentais (EFV=0,404 kN.m – ETR=88,56 %) e os actuais são muito idênticos o que
permite confirmar os valores da calibração.

- 89 -
Na Figura 59 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 21/28, que exemplifica o que
acontece na maioria dos registos efectuados neste ensaio SPT.
200 4,5

150 F 3,5
V
100 2,5

Velocidade (m/s)
Força (kN)

50 1,5

0 0,5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -0,5

-100 -1,5
Tempo (ms)

0,5 45
0,45 40
0,4 35
0,35 30
0,3
Energia (KN-m)

25
0,25

D (mm)
20
0,2
15
0,15
0,1 E 10
0,05 5
D
0 0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 59 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 21/28 do


martelo MRT04, correspondente à profundidade de 4,37 m (NSPT=20)

5.3.1.4 MARTELO MRT05 – PROFUNDIDADE DE 5,81 M

Os registos agora apresentados correspondem a uma recalibração energética do martelo MRT05.


À profundidade de 5,81 m foram então efectuadas medições de energia, tendo o material aí
presente correspondido aos solos residuais graníticos finos, de natureza aplítica.
Na Figura 60 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT05), os quais apresentam boa consistência. Estes revelam um valor médio de
energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,484 kN.m, e tendo como referência a energia
padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=102,21 %, a que corresponde um desvio-
padrão δ=8,4 %.
Observando os valores da calibração anterior verifica-se que os valores de medição energética na
anterior calibração, eliminando os registos das pancadas acidentais (EFV=0,469 kN.m – ETR=98,09
%) são ligeiramente inferiores aos actuais.

- 90 -
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100120 0 0,2 0,4 0,6 0 50 100
0 0 0

5 5 5

Número do golpe
10 10 10

15 15 15

N1
20 20 20
N2
N3
25 25 25

Figura 60 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-05

Será conveniente confirmar a altura de queda já que o valor de eficiência energética deste
martelo é superior aos restantes, ultrapassando ligeiramente os 100 %. Na Figura 61 apresenta-se
o registo correspondente ao golpe 19/21, que exemplifica o que acontece na maioria dos registos
efectuados neste ensaio SPT.
200 4

F
150 3
V

100 2

Velocidade (m/s)
Força (kN)

50 1

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1

-100 -2
Tempo (ms)

0,55 25
0,5
0,45 20
0,4
0,35 15
Energia (KN-m)

0,3
D (mm)

0,25 10
0,2
E
0,15 5
0,1 D
0,05 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)

Figura 61 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 19/21 do


martelo MRT05, correspondente à profundidade de 5,81 m (NSPT=13)

- 91 -
5.4 TERCEIRA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO DE MARTELOS SPT

A terceira campanha de calibração energética dos equipamentos SPT, foi realizada no Estaleiro de
Porto Alto, do Núcleo de Fundações da Direcção de Fundações e Geotecnia da Mota-Engil,
Engenharia e Construção S.A. Nesta campanha de calibração foi utilizado um martelo novo,
adquirido à Tecso, S.A.

5.4.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO ESTALEIRO DE PORTO ALTO

Em termos geológicos, a área em estudo encontra-se caracterizada geologicamente na folha 34-B


(Loures) da Carta Geológica de Portugal, À escala 1:50000.
No local, até à profundidade de investigação, identificaram-se predominantemente areias
argilosas e argilas siltosas do Plistocénico, referidas na carta geológica por As – Areias superficiais
de vales de Terraços. Estes depósitos que correspondem a antigos terraços fluviais do Rio Tejo e
situam-se entre os 5 m e os 15 m de altitude.
A litologia do local foi obtida através de uma prospecção mecânica (sondagem) complementada
com ensaios SPT. A sondagem foi feita até uma profundidade de 12,0 m e identificou 3 zonas
geológicas:
• Areia grosseira a média, siltosa, cinzento acastanhada, com uma espessura na ordem do 2,0 m;
• Argila arenosa a ligeiramente arenosa, acastanhada com laivos negros, com uma espessura de
6,0 m;
• Areias médias, siltosas, cinzento esbranquiçada, até ao final da sondagem.
Durante a realização do ensaio não foi detectada a presença de nível freático.

5.4.2 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT

Um primeiro aspecto, já anteriormente tratado diz respeito, à anotação do número de pancadas


registadas pelo operador, que nem sempre correspondem às mesmas contadas pelo
equipamento.
Dos registos obtidos nesta campanha, serão apenas abordados alguns, nomeadamente os registos
que merecem uma abordagem mais cuidadosa. Contudo, todos os resultados obtidos serão
apresentados em anexo IV.
Procedendo à análise dos registos observa-se que os mesmos são bastante consistentes. Na
Figura 62 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 14/23, à profundidade 5,59m, que
exemplifica o que acontece na maioria dos registos efectuados neste ensaio SPT.

- 92 -
Figura 62 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 14/23,
correspondente à profundidade de 5,59 m (NSPT=11)

A Figura 62 ilustra a existência de 3 pulsos de compressão. O primeiro diz respeito ao impacto


inicial e os dois seguintes decorrentes de pulsos (impactos) sucessivos do martelo, os quais
conferem um incremento de penetração do amostrador no solo bastante significativo. Observa-se
ainda que a reflexão por tracção originada em cada um dos pulsos diminui gradualmente, o que
se compreende dado que por efeito de dissipação, a energia disponível em cada um deles é
menor que a anterior o que faz com que a força mobilizada como é menor tem menos capacidade
para vencer a resistência do solo.
Analisando o primeiro pulso, correspondente ao impacto inicial do martelo com o batente, damo-
nos conta de uma série de ocorrências.
Assim observa-se que para o tempo 2L’/c (sendo L’ corresponde ao comprimento desde a secção
instrumentada até ao topo do amostrador SPT), ocorre uma reflexão de compressão a qual
deverá estar relacionada com as diferentes impedâncias relativas à cabeça do amostrador e do
trem de varas. Este facto é reproduzido no sinal da velocidade através da sua redução. Observa-se
ainda que após o tempo 2L/c, ocorre uma forte diminuição da força sobressaindo uma reflexão

- 93 -
por tracção motivada pela reduzida resistência à penetração oferecida pelo solo, o que motiva o
incremento da velocidade da partícula, no mesmo período de diminuição da força. Este aumento
da velocidade da partícula no topo do trem de varas causa a descolagem entre o martelo e o
batente o que origina a ocorrência de um segundo pulso de compressão.
É possível observar que neste segundo pulso ainda está envolvida uma parcela significativa de
energia a qual é transmitida ao sistema gerando uma apreciável penetração suplementar do
amostrador. Neste segundo pulso observa-se após o tempo 2L/c, que ocorre de imediato uma
segunda solicitação proveniente da reflexão do amostrador, que aumenta o pico da segunda onda
de compressão. Este facto é possível dado que ocorre para um trem de varas curto.
Merece ainda destaque o facto de ocorrerem ciclos de onda antes de terminar o efeito do
primeiro impacto, aos quais correspondem parcelas sucessivas de penetração do amostrador.
Em alguns casos, os registos que envolvem menores níveis energéticos que deverão estar
relacionados com o facto de o martelo não ter mantido sempre uma posição vertical, originando
na descida do mesmo ao longo da vara guia a mobilização de maiores esforços de atrito, o que
originou consequentemente perda de energia potencial.
Na Figura 63, e perante o exemplo dado à profundidade de 5,59m, apresentam-se os resultados
obtidos de verificação da eficiência energética do martelo. Estes revelam um valor médio de
energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,326 kN.m, e tendo como referência a energia
padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=68,93 %, a que corresponde um desvio-
padrão δ=4,6 %.

Figura 63 - Resultados dos registos energéticos do martelo á profundidade de 5,59m

Procedendo à análise dos registos correspondente ao golpe 66/70, à profundidade 11,99m


observa-se que os mesmos são bastante consistentes. Na Figura 64 apresenta-se o registo, que
exemplifica o que acontece na maioria dos registos efectuados neste ensaio SPT, correspondente
a areias siltosas muito compactas.

- 94 -
Figura 64 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 66/70,
correspondente à profundidade de 11,99 m (NSPT=11)

Na Figura 65, e perante o exemplo dado à profundidade de 11,99m, apresentam-se os resultados


obtidos de verificação da eficiência energética do martelo. Estes revelam um valor médio de
energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,269 kN.m, e tendo como referência a energia
padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=56,79 %, a que corresponde um desvio-
padrão δ=6,5 %.

Figura 65 - Resultados dos registos energéticos do martelo á profundidade de 11,99m

- 95 -
5.5 RESULTADOS FINAIS

O programa de calibração levado a cabo constou de uma fase preliminar de experimentação do


equipamento e de análise dos registos à luz da teoria da equação de onda e de duas campanhas
de medições. Na Tabela 13 apresenta-se um resumo das medições efectuadas.

Tabela 13 - Medições efectuadas na calibração energética dos martelos SPT.

Nº total de registos efectuados


Campanha Martelo Prof. (m) N1+N2+N3 NSPT
SPT-Analyzer
1,30 3+2+2 4 8
2,30 0+1+0 1 1
3,98 0+0+0 0 0
Preliminar Sem nº
5,48 1+1+0 1 2
6,96 7+5+6 11 19
8,36 18+55+5 60 107
MRT 11 1,25 8+14* 60 22
MRT 05 1,74 20+21+18 39 65
MRT 07 2,77 4+9+9 18 22
MRT 03 3,43 ** - -

MRT 04 3,43 5+8+11 19 33
MRT 08 4,38 6+9+13 22 33
MRT 09 4,72 9+13+14 27 35
MRT 06 5,25 9+13+13 26 35
MRT 08 1,27 14+9+15* 60 40
MRT 10 2,85 11+12+12 24 35

MRT 04 4,37 8+8+12 20 28
MRT 05 5,81 8+5+8 13 21
0,82 9+5+2 7 17
1,92 3+3+6 9 13
2,64 3+4+8 12 14
4,29 8+14+16 30 36
5,08 15+16+15 31 47
5,59 4+8+11 19 23
3ª Sem nº
7,34 6+17+29 46 52
8,04 11+26+34 60 71
9,04 6+12+29 41 45
10,09 13+26+34 60 73
11,09 20+26+7* 60 53
11,99 16+25+30 55 61
* - Parou-se o registo para proteger a vara instrumentada (repique do martelo)
** - O martelo não conseguiu levantar;
.

- 96 -
Os resultados energéticos obtidos, em cada uma das medições de calibração constam, em resumo
da Tabela 14.

Tabela 14 - Valores da calibração energética dos martelos SPT.

Campanha Martelo Prof. (m) EFV (kN.m) ETR (%)


1,30 0,633 145,4
2,30 0,443 93,6
3,98 - -
Preliminar Sem nº 5,48 0,446 94,2
6,96 0,502 106,4
8,36 0,578 122,2
EFVméd = 0,568 ETRméd = 120,7
MRT 11 1,25 0,412 87,11
MRT 05 1,74 0,469 98,09
MRT 07 2,77 0,480 101,30
MRT 03 3,43 - -

MRT 04 3,43 0,404 88,56
MRT 08 4,38 0,353 74,62
MRT 09 4,72 0,388 82,01
MRT 06 5,25 0,411 86,79
MRT 08 1,27 0,358 75,56
MRT 10 2,85 0,387 81,74

MRT 04 4,37 0,423 89,36
MRT 05 5,81 0,484 102,21
0,82 0,325 68,38
1,92 0,286 60,33
2,64 0,339 68,32
4,29 0,306 64,65
5,08 0,319 67,50
5,59 0,326 68,93
3ª Sem nº
7,34 0,343 72,58
8,04 0,316 67,09
9,04 0,322 67,99
10,09 0,317 67,02
11,09 0,284 59,99
11,99 0,269 56,79

Tendo em consideração os martelos calibrados e recalibrados apresenta-se na Tabela 15 o valor


final a adoptar como referência de calibração energética dos martelos SPT.

- 97 -
Tabela 15 - Energia efectiva disponibilizada pelos martelos SPT.

Martelo EFV (kN.m) ETR (%)


MRT 04 0,423 89,36
MRT 05 0,484 102,21
MRT 06 0,411 86,79
MRT 07 0,480 101,30
MRT 08 0,358 75,56
MRT 09 0,388 82,01
MRT 10 0,387 81,74
MRT 11 0,412 87,11

Para efeitos de avaliação do parâmetro N60 com os diversos martelos, este poder-se-á calcular
recorrendo à utilização da Equação 2.19. Para tal será necessário determinar para cada martelo a
relação entre Emedido/E60. Na Tabela 16 apresenta-se o valor dessa relação.

Tabela 16 - Valores da relação energética para o cálculo de N60.

Martelo EFV (kN.m) Emedido/E60


MRT 04 0,423 1,490
MRT 05 0,484 1,704
MRT 06 0,411 1,447
MRT 07 0,480 1,690
MRT 08 0,358 1,261
MRT 09 0,388 1,366
MRT 10 0,387 1,363
MRT 11 0,412 1,451

Dever-se-á nesta parte final referir que dever-se-á proceder o mais rapidamente possível á
calibração dos martelos em falta, designadamente o martelo MRT 01, MRT 02 e MRT 03. Para
além disso, dever-se-á recalibrar o martelo MRT 07.

5.6 ENSAIOS DE MICRO-ESTACAS À COMPRESSÃO E À TRACÇÃO

5.6.1 INTRODUÇÃO

Os ensaios de micro-estacas à compressão e à tracção foram realizados no Estaleiro de Porto Alto,


pelo Núcleo de Fundações da Direcção de Fundações e Geotecnia da Mota-Engil, Engenharia e
Construção S.A.. Este ensaio pretende determinar o comportamento de uma micro-estaca de 165
mm de diâmetro com um comprimento de 12 m, quando submetida a esforços de tracção e de
compressão.

- 98 -
5.6.2 PREPARAÇÃO DOS ENSAIOS

Como já foi referido, as micro-estacas utilizadas foram sujeitas aos ensaios de carga em
compressão e tracção, com uma ligação entre tubos do tipo macho-fêmea foram colocadas numa
furação e injectadas através do sistema IGU (injecção geral e uniforme - técnica de injecção da
calda de cimento com obturador simples) em todo o seu comprimento. De modo a que se
pudessem aplicar as cargas, construiu-se uma viga de reacção composta por dois perfis UNP300
dispostos paralelamente, apoiada em duas micro-estacas. A aplicação das cargas no ensaio de
tracção foi feita através de um macaco hidráulico ligado a cinco cabos de pré-esforço amarrados à
micro-estaca. No ensaio à compressão a carga também foi aplicada com um macaco hidráulico
colocado entre a micro-estaca e a viga de reacção (Figura 66).

Figura 66 – Ensaio de carga sobre a micro-estaca no Estaleiro de Porto Alto

Ressalve-se o facto de a autora não ter estado presente aquando a realização destes ensaios de
carga nas micro-estacas à compressão e à tracção, realizados em 2009, no Estaleiro de Porto Alto,
em Lisboa. Estes dados foram fornecidos pelo Núcleo de Fundações da Mota-Engil, e integrados
nesta dissertação.

- 99 -
5.6.3 ENSAIO À TRACÇÃO

O ensaio consistiu na aplicação de uma força de tracção na micro-estaca em patamares de 100 kN


até que esta atingisse a rotura. Em cada patamar esperou-se 30 minutos de modo a garantir que
os deslocamentos estabilizassem, tendo-se registado os seus valores a cada 5 minutos. O controlo
da carga aplicada foi feito recorrendo a uma célula de carga colocada na base do macaco
hidráulico.
De modo a monitorizar os movimentos na viga de reacção colocaram-se, numa estrutura
independente, três deflectómetros que mediam os deslocamentos verticais junto do macaco
hidráulico numa secção intermédia da viga e no topo de uma das micro-estacas que serviam
como apoio à viga. Já os deslocamentos verticais da micro-estaca foram controlados medindo os
deslocamentos verticais de três vértices da chapa de topo. Também neste caso os deflectómetros
ficaram apoiados numa estrutura independente daquela utilizada para realizar o ensaio.
Mostra-se na Figura 67 o esquema de ensaio utilizado.

Figura 67 - Esquema de ensaio à tracção utilizado.

- 100 -
5.6.4 ENSAIO À COMPRESSÃO

O ensaio à compressão foi dividido em dois ciclos de carga: no primeiro testou-se a resposta da
micro-estaca numa situação de serviço, tendo-se para isso carregado gradualmente a micro-
estaca por patamares de 100 kN até aos 400 kN, altura em que foi descarregada, primeiro para os
200 kN e depois totalmente. Em cada patamar de carga esperou-se 60 minutos para que os
deslocamentos estabilizassem, tendo-se registado os deslocamentos aos 0, 5, 10, 15, 30 e 60
minutos. Nos patamares de descarga, o registo dos deslocamentos efectuou-se aos 0, 5 e 10
minutos para os 200 kN e aos 0, 5, 10, 15, 30 minutos após a descarga estar concluída.
No segundo ciclo de carga procurou-se levar a micro-estaca à rotura. Para tal, aplicou-se um
carregamento por etapas de 100 kN até se atingir a rotura. À semelhança do que tinha sido feito
na fase anterior, em cada patamar registaram-se os deslocamentos da micro-estaca em 6
momentos de modo a determinar o seu andamento.
De modo a registarem-se os movimentos mais relevantes utilizaram-se seis deflectómetros,
distribuídos da forma representada na Figura 68.

Figura 68 - Esquema de ensaio à compressão utilizado.

- 101 -
5.6.5 RESULTADOS DOS ENSAIOS

5.6.5.1 ENSAIO À TRACÇÃO

As leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à tracção estão representadas na


Tabela 17.

Tabela 17 – Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à tracção


Deflectómetros
Carga Tempo
D1 D2 D3 D4 D5 D6
(kN) (min)
δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm)
100 0 100-0 40,95 1,95 8 2 4 3
200 0 200-0 39,5 1,65 7,7 2,53 4,7 3,42
0 300-0 38,7 1 7,2 3,3 5,4 3,8
5 300-5 38,7 1,1 7,2 3,03 5,4 3,8
300 10 300-10 38,7 1,13 7,2 3,03 5,4 3,82
15 300-15 38,7 1,3 7,13 3,03 5,52 3,8
30 300-30 38,7 1,1 7,13 3,03 5,4 3,8
0 400-0 37,9 0,5 6,4 4,18 6,9 4,8
5 400-5 36,9 0,54 6,4 4,2 6,9 4,8
400 10 400-10 36,93 0,59 6,54 4,23 6,93 4,9
15 400-15 36,9 0,59 6,45 4,25 6,95 4,9
30 400-30 36,2 0,58 6,44 4,27 6,96 4,9
0 500-0 34,3 0,1 5,8 5,6 8,52 6,14
5 500-5 34,3 0,1 5,75 5,66 8,58 6,18
500 10 500-10 34,3 0,1 5,74 5,66 8,58 6,22
15 500-15 34,3 0,1 5,74 5,66 8,58 6,22
30 500-30 34,3 0,11 5,74 6,68 8,6 6,24
0 600-0 32,35 0,08 4,85 7,76 10,03 8,23
5 600-5 32,35 0,08 4,82 7,78 10,04 8,23
600 10 600-10 32,35 0,08 4,82 7,78 10,04 8,23
15 600-15 32,36 0,09 4,82 7,79 10,04 8,23
30 600-30 32,36 - 4,82 7,8 10,04 8,23
Nota – Rotura da micro-estaca aos 660kN

Para o estudo em causa, foram analisadas e tratadas as leituras dos deflectómetros colocados no
topo da micro-estaca (D4, D5 e D6). Dessas leituras foi possível traçar o seguinte gráfico
representado na Figura 69.

- 102 -
Figura 69 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) realizadas durante o ensaio à tracção

No gráfico da Figura 69 observa-se que, regra geral, os deslocamentos se mantêm estáveis em


cada patamar de carga, comportamento típico de uma estaca que resiste por atrito lateral. Dos
deflectómetros D4, D5 e D6, colocados no topo da micro-estaca é possível concluir que se pode
considerar um carregamento uniforme na estaca devido às pequenas diferenças registadas nas
suas leituras.
Traçando graficamente a relação força-deslocamento na cabeça da micro-estaca, constata-se uma
perda de rigidez axial com o aumento da carga aplicada. De facto, a rigidez até aos 300 kN é cerca
de seis vezes superior à verificada entre os 300 kN e os 600 kN.

Figura 70 - Relação força – deslocamento na cabeça da micro-estaca no ensaio à tracção

- 103 -
A rotura da micro-estaca, no ensaio de carga à tracção aos 660 kN. Dado tratar-se de um ensaio
de carga à tracção, onde a carga aplicada é resistida pela interacção de duas parcelas que actuam
em sentido contrário a carga aplicada (o peso próprio da estaca e a resistência lateral) é
conveniente proceder-se à correcção da carga de rotura, ou seja, descontar o peso próprio da
micro-estaca (W).
Para o efeito, e considerando o peso específico do betão de 24 kN/m3, o peso próprio da micro-
estaca será:

W = γ × π × Destaca × Lestaca = 24 × π × 0,165 × 12 = 149,28 kN (Equação 5.1)

Por outro lado, quando a micro-estaca é submetida a esforços de tracção, ocorre uma redução do
diâmetro da estaca e um alívio das tensões verticais do solo junto à mesma (Caso B). Já no caso de
esforços à compressão ocorre um acréscimo de tensões verticais do solo junto à micro-estaca
com o aumento do diâmetro (Caso A), como ilustra a Figura 71.

Figura 71 – Comportamento de estacas submetidas a esforços de tracção e compressão (Fellenius, 1984)

Como resultado, a unidade de resistência lateral, quando a micro-estaca é submetida a esforços


de tracção pode ser menor do que quando submetida a esforços de compressão. Posto isto, e
sendo este um dos factores que influencia a resistência lateral em estacas submetidas a esforços
de tracção, em projecto o valor da capacidade de carga de rotura lateral deve ser definido de uma
forma conservadora. Coduto (2001) sugere que o valor à tracção seja de 75% do valor à
compressão.

- 104 -
Deste modo, o valor equivalente da carga lateral correspondente à compressão vem:

660 − 149,28
Q L ( eq ) = = 680,95 kN (Equação 5.2)
0,75

5.6.5.2 ENSAIO À COMPRESSÃO – 1º CICLO DE CARGA

Tal como no ensaio à tracção, o comportamento exibido pela micro-estaca foi típico de uma
estaca que funciona fundamentalmente por atrito lateral, isto é, em cada patamar de carga os
deslocamentos estabilizaram de forma quase imediata.
As leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 1º ciclo, estão
representadas da Tabela 18.

Tabela 18 - Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 1º ciclo


Deflectómetros
Carga Tempo D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7
(kN) (min)
δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm)
0 100-0 5,09 8,24 8,44 5,9 9,039 6,58 6,69
5 100-5 5,085 8,23 8,445 5,89 9,039 6,58 6,86
10 100-10 5,095 8,23 8,445 5,89 9,039 6,59 6,81
100
15 100-15 5,08 8,23 8,44 5,89 9,038 6,57 6,86
30 100-30 5,08 8,22 8,43 5,89 9,037 6,58 6,87
60 100-60 5,075 8,24 8,445 5,885 9,039 6,59 6,91
0 200-0 5,91 7,44 8,615 5,01 9,067 6,24 7,66
5 200-5 5,905 7,44 8,61 5,015 9,067 6,21 7,63
10 200-10 5,91 7,415 8,59 5,02 9,066 6,24 7,67
200
15 200-15 5,905 7,42 8,6 5,01 9,066 6,29 7,73
30 200-30 5,915 7,43 8,61 5,01 9,068 6,28 7,73
60 200-60 5,91 7,42 8,6 5,01 9,07 6,3 7,71
0 300-0 5,71 6,35 7,5 5,11 9,079 7,12 8,62
5 300-5 5,7 6,34 7,5 5,16 9,078 7,12 8,67
10 300-10 5,75 6,34 7,495 5,115 9,078 7,11 8,67
300
15 300-15 5,735 6,33 7,48 5,115 9,076 7,11 8,93
30 300-30 5,74 6,32 7,47 5,12 9,076 7,075 8,92
60 300-60 5,72 6,315 7,46 5,17 9,075 7,09 8,94
0 400-0 5,61 5,32 5,43 5,22 9,086 8,81 9,72
5 400-5 5,615 5,31 5,415 5,28 9,086 8,81 9,74
10 400-10 5,6 5,31 5,41 5,28 9,0855 8,8 9,74
400
15 400-15 5,59 5,3 5,39 5,28 9,086 8,8 9,75
30 400-30 5,59 5,3 5,41 5,29 9,086 8,8 9,75
60 400-60 5,58 5,3 5,4 5,29 9,085 8,81 9,77

- 105 -
Tabela 18 - Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 1º ciclo
(Continuação)
Deflectómetros
Carga Tempo D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7
(kN) (min)
δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm)
0 200-0 5,64 6,22 6,39 5,22 9,061 7,92 8,9
200 5 200-5 5,635 6,22 6,38 5,22 9,0615 7,91 8,91
10 200-10 5,64 6,215 6,375 5,225 9,0615 7,91 8,91
0 0-0 5,69 8,36 8,33 5,18 9,04 5,42 7,35
5 0-5 5,71 8,37 8,35 5,16 9,041 5,415 7,38
0 10 0-10 5,725 8,38 8,355 5,15 9,041 5,42 7,38
15 0-15 5,74 8,365 8,36 5,14 9,041 5,41 7,38
30 0-30 5,74 8,35 8,37 5,14 9,041 5,405 7,375

Neste estudo foram analisadas e tratadas as leituras dos deflectómetros colocados do topo da
micro-estaca (D2, D3 e D5), que apesar de três dos vértices da cabeça da micro-estaca estarem
monitorizados, apenas foi possível retirar informação de dois deles (deflectómetros D2 e D3), uma
vez que o deflectómetro D5 não se mostrou funcional.
Então, dessas leituras foi possível traçar o seguinte gráfico representado na Figura 72.

Figura 72 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) na cabeça da micro-estaca no 1º ciclo de carga no


ensaio à compressão

No primeiro ciclo de carga, cuja força máxima foi de 400 kN, verificou-se que após a descarga
total, os deslocamentos à cabeça da micro-estaca eram praticamente iguais aos verificados para
uma carga de 100 kN. Observou-se ainda que apresenta um comportamento elástico, não linear
(Figura 73).

- 106 -
Figura 73 - Diagrama força – deslocamento da cabeça da micro-estaca no 1º ciclo de carga no ensaio à
compressão

5.6.5.3 ENSAIO À COMPRESSÃO – 2º CICLO DE CARGA

Tal como nos ensaios anteriores, o comportamento exibido pela micro-estaca foi típico de uma
estaca que funciona fundamentalmente por atrito lateral, isto é, em cada patamar de carga os
deslocamentos estabilizaram de forma quase imediata, o que indica plastificação interfacial,
dificultando na explicação da recuperação completa das deformações na descarga.
As leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 2º ciclo, estão
representadas da Tabela 19.

Neste estudo foram analisadas e tratadas as leituras dos deflectómetros colocados do topo da
micro-estaca (D2, D3 e D5), que apesar de três dos vértices da cabeça da micro-estaca estarem
monitorizados, apenas foi possível retirar informação de dois deles (deflectómetros D2 e D3), uma
vez que o deflectómetro D5 não se mostrou funcional.

Tabela 19 - Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 2º ciclo

Deflectómetros
Carga Tempo
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7
(kN) (min)
δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm)
0 100-0 5,8 7,35 8,55 5,06 9,059 6,03 7,18
5 100-5 5,8 7,34 8,55 5,06 9,059 6,025 7,18
100 10 100-10 5,8 7,34 8,55 5,06 9,058 6,02 7,18
15 100-15 5,8 7,35 8,55 5,06 9,058 6,02 7,17
30 100-30 5,81 7,34 8,55 5,06 9,058 6,015 7,18

- 107 -
Tabela 19 - Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 2º ciclo
(Continuação)
Deflectómetros
Carga Tempo D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7
(kN) (min)
δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm)

0 200-0 5,72 6,48 7,65 5,14 9,085 7,7 8,94


5 200-5 5,72 6,48 7,65 5,14 9,084 7,69 8,94
200 10 200-10 5,72 6,48 7,65 5,14 9,084 7,69 8,94
15 200-15 5,72 6,48 7,65 5,14 9,084 7,69 8,94
30 200-30 5,72 6,46 7,64 5,14 9,084 7,67 8,93
0 300-0 5,62 6,63 6,77 5,22 9,014 7,34 9,66
5 300-5 5,61 6,64 6,77 5,22 9,013 7,33 9,65
300 10 300-10 5,61 6,62 6,77 5,23 9,013 7,33 9,64
15 300-15 5,61 6,62 6,77 5,23 9,013 7,33 9,64
30 300-30 5,61 6,61 6,75 5,23 9,012 7,3 9,62
0 400-0 5,47 5,68 5,75 5,37 9,033 8,04 9,42
5 400-5 5,46 5,67 5,75 5,37 9,032 8,03 9,42
400 10 400-10 5,46 5,66 5,74 5,38 9,032 8,03 9,42
15 400-15 5,46 5,66 5,74 5,38 9,031 8,02 9,41
30 400-30 5,46 5,64 5,71 5,38 9,029 8,02 9,41
0 500-0 4,31 4,48 4,5 6,54 9,024 9,74 10,18
5 500-5 4,31 4,44 4,47 6,54 9,022 9,72 10,17
10 500-10 4,31 4,44 4,46 6,54 9,021 9,71 10,16
500
15 500-15 4,31 4,43 4,45 6,55 9,02 9,72 10,16
30 500-30 4,31 4,41 4,44 6,55 9,019 9,71 10,15
60 500-60 4,31 4,36 4,39 6,55 9,014 9,72 10,14
0 600-0 4,14 2,72 2,69 6,71 8,066 9,73 10,49
5 600-5 4,12 2,71 2,68 6,72 8,065 9,72 10,49
10 600-10 4,12 2,7 2,67 6,73 8,064 9,72 10,49
600
15 600-15 4,1 2,69 2,66 6,73 8,064 9,72 10,49
30 600-30 4,11 2,58 2,54 6,74 8,05 9,64 10,49
60 600-60 4,12 2,48 2,45 6,73 8,04 9,61 10,49
0 700-0 4,95 9 9 6,95 8,031 5 5
5 700-5 4,94 7,79 6,7 6,95 8,03 6,19 6,32
700 10 700-10 4,94 7,79 6,7 6,95 8,03 6,18 6,32
15 700-15 4,94 7,79 6,69 6,96 8,028 6,17 6,31
30 700-30 4,93 7,75 6,66 6,97 8,026 6,16 6,29
0 800-0 4,75 4,06 4,88 6,16 8,072 7,36 7,58
5 800-5 4,72 4,07 4,89 6,16 8,072 7,35 7,57
800 10 800-10 4,72 4,08 4,9 6,17 8,072 7,35 7,57
15 800-15 4,71 4,08 4,9 6,17 8,072 7,36 7,56
30 800-30 4,71 4,08 4,9 6,18 8,072 7,35 7,56
0 900-0 4,41 2,98 1,72 5,08 8,08 9,65 9,93
900
5 900-5 3,4 2,99 1,75 5,09 8,082 9,66 9,94
Nota – Reposicionamento dos deflectómetros no patamar dos 700kN

- 108 -
O segundo ciclo de carga, que pretendia levar a micro-estaca à rotura por compressão, foi dado
por terminado aos 900 kN, altura em que registava um deslocamento vertical médio de 12,1 mm
na cabeça da estaca. Tal como nos ensaios anteriores, os deslocamentos em cada patamar de
carga estavam de acordo com os de uma estaca a funcionar por atrito lateral (Figura 74).

Figura 74 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) na cabeça da micro-estaca no 2º ciclo de carga no


ensaio à tracção

Analisando a Figura 74 é possível verificar que a rigidez axial da micro-estaca diminui com o
aumento da força exercida. Por outro lado, verifica-se também, que os deslocamentos verificados
até aos 500 kN (sensivelmente meio do ensaio) são de 3,5 mm, valor 3,5 vezes inferior ao
verificado no final do ensaio.
A Figura 75 mostra a relação força-deslocamento obtido neste ensaio, que foi terminado aos
900kN, sem ter atingido a rotura da micro-estaca.

Figura 75 - Relação força – deslocamento no 2º ciclo de carga no ensaio à compressão

- 109 -
Finalmente conclui-se que a rotura da estaca não foi atingida, como é demonstrado pela
inclinação da curva força-deslocamento na parte final do ensaio, que não tendo uma inclinação
vertical, ou próxima disso, mostra que a micro-estaca ensaiada provavelmente poderia ainda
suportar um carregamento maior.
Dado que a rotura da micro-estaca não foi atingida, procedeu-se à definição dessa carga através
da extrapolação da curva de carga-assentamento, recorrendo-se aos métodos de Van der Veen e
de Chin. Após a extrapolação da curva carga-assentamento, a definição da carga de rotura foi
analisada por dois métodos, nomeadamente o da Norma Brasileira NBR 6122 e o de Davisson,
como será explicado de seguida.

5.6.5.4 EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA DE CARGA-ASSENTAMENTO

5.6.5.4.1 Método de Van der Veen

De acordo com o método de Van der Veen, projectando todos os dados referentes ao ensaio de
Qk
carga à compressão, num gráfico com ordenadas − ln( 1 − ) e abscissas δ, e adicionado uma
Qult
linha de tendência linear, obtêm-se os parâmetros a e b, como se pode verificar na como se pode
verificar na Figura 76.

Figura 76 - Linha de tendência linear (método de Van der Veen, 1970)

Então temos: a= 0,0599 e b = 0,1826

Posto isto, e segundo o método enunciado, a descrição da curva carga-assentamento dos ensaios
de carga na micro-estaca, é apresentada na Figura 77.

- 110 -
Figura 77 - Curva carga-assentamento dos ensaios de carga na micro-estaca (método de Van der Veen,
1970)

5.6.5.4.2 Método de Chin

De acordo com o enunciado no método de Chin, projectando todos os dados referentes ao ensaio
de carga à compressão, num gráfico com ordenadas δ/P e abscissas δ, e adicionando uma linha de
tendência linear, obtêm-se os parâmetros a e b, como se pode verificar na Figura 78.

Figura 78 - Linha de tendência linear (método de Chin, 1971)


Esta linha de tendência é expressa:

δ
= a + b.δ = 0,0049 + 0,0007δ (Equação 5.3)
Q

Desta expressão retira-se que a = 0,0049 e b = 0,007.

- 111 -
Posto isto, e segundo o método enunciado, a descrição da curva carga-assentamento dos ensaios
de carga na micro-estaca, é apresentada na Figura 79.

Figura 79 - Curva carga-assentamento dos ensaios de carga na micro-estaca (método de Chin, 1971)

5.6.5.4.3 Método da Norma Brasileira NBR 6122

No método da Norma Brasileira NBR 6122 o valor da carga de rotura é definido pela intersecção
da curva de carga-assentamento com a recta definida pela equação:

QL D
δ= + (Equação 5.4)
A . E 30

Onde:

L – comprimento total da estaca = 12000 mm;


A – área da secção transversal da estaca = π(0,165/2)2= 0,02138 m2;
E – Módulo de elasticidade da estaca = 27,5x106 kPa (betão B20);
D – diâmetro do círculo circunscrito à estaca = 165 mm.

Admitindo valores de carga, obtém-se assim a recta definida pela Equação 5.4:

- Para Q=0 kN:

QL D  0 × 12000 165 
δ= + = − +  = − 5,50 mm (Equação 5.5)
A . E 30  0,02138 × 27,5 × 10
6
30 

- 112 -
- E para Q=1300 kN:

QL D  1300 × 12000 165 


δ= + = − +  = − 32,03 mm (Equação 5.6)
A . E 30  0,02138 × 27,5 × 10
6
30 

De seguida, apresentam-se nas Figuras 80 e 81 a recta definida no método da norma Brasileira


NBR 6122, projectada na curva de carga-assentamento extrapolada pelo método de Van der Veen
e pelo método de Chin.

QU = 1075 kN

Figura 80 - Definição da carga de rotura total (Método de Norma Brasileira NBR 6122, considerando a
extrapolação da curva carga-assentamento pelo método de Van der Veen)

QU = 1030 kN

Figura 81 - Definição da carga de rotura total (Método de Norma Brasileira NBR 6122, considerando a
extrapolação da curva carga-assentamento pelo método de Chin)

- 113 -
Analisando graficamente, verifica-se que a intersecção da curva de carga-assentamento, definida
no método de Van der Veen, com a recta definida pelas Equações 5.5 e 5.6, a carga de rotura total
acontece aos 1075 kN. Já a intersecção da curva de carga-assentamento, definida no método de
Chin, com a mesma recta, a carga de rotura total verifica-se aos 1030 kN.

5.6.5.4.4 Método de Davisson

No método de Davisson o valor da carga de rotura é definido pela intersecção da curva de carga-
assentamento com a recta definida pela equação:

QL  D 
δ= + + 3,8mm  (Equação 5.7)
A . E  120 

Onde:

L – comprimento total da estaca = 1200mm;


A – área da secção transversal da estaca = π(0,165/2)2= 0,02138 m2;
E – Módulo de elasticidade da estaca = 27,5x106 kPa (betão B20);
D – diâmetro do círculo circunscrito à estaca = 0,165 m.

Admitindo valores de carga, obtém-se assim a recta definida pela Equação 5.7:

- Para Q=0 kN:

QL  D   0 × 12000  165 
δ= + + 3,8  = − + + 3,8   = −5,18 mm (Equação 5.8)
 0,02138 × 27,5 × 10  120
6
A.E  120  

- E para Q=1200 kN:

QL  D   1200 × 12000  165 


δ= + + 3,8  = − + + 3,8   = −29,67 mm (Equação 5.9)
 0,02138 × 27,5 × 10  120
6
A.E  120  

De seguida, apresentam-se nas Figuras 82 e 83 a recta definida no método de Davisson projectada


na curva de carga-assentamento extrapolada pelo método de Van der Veen e pelo método de
Chin.

- 114 -
QU = 1064 kN

Figura 82 - Definição da carga de rotura total (Método de Davisson, considerando a extrapolação da curva
carga-assentamento pelo método de Van der Veen)

QU = 1030 kN

Figura 83 - Definição da carga de rotura total (Método de Davisson, considerando a extrapolação da curva
carga-assentamento pelo método de Chin)

Analisando graficamente, verifica-se que a intersecção da curva de carga-assentamento, definida


no método de Van der Veen, com a recta definida pelas Equações 5.8 e 5.9, a carga de rotura total
acontece aos 1064 kN. Já a intersecção da curva de carga-assentamento, definida no método de
Chin, com a mesma recta, a carga de rotura total verifica-se aos 1030 kN.

- 115 -
5.7 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA - MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS

A estimativa da capacidade de carga pelos métodos Aoki & Velloso (1975), Décourt & Quaresma
(1978) e Bustamante & Gianeselli (1982), foram realizados através de folhas de cálculo, conforme
apresentado nas Tabelas 20 à 22. Importa salienta-se que os resultados dos ensaios SPT
apresentados nos quadros respectivos foram obtidos num furo de sondagem realizado a creca de
6m dos locais de ensaios de carga das micro-estacas. O boletim do log de sondagem encontra-se
em anexo I.
A folha de cálculo inicia-se com a introdução dos dados iniciais relativos da micro-estaca, tais
como: diâmetro da micro-estaca (φ), comprimento da micro-estaca (L), perímetro da micro-estaca
(U) e secção transversal da ponta da micro-estaca (Ap).
Na primeira e segunda coluna, são apresentadas as profundidades, pretendidas e realmente
atingidas, respectivamente. Na terceira coluna apresenta-se o tipo de solo transposto pelo
amostrador, obtidos através do boletim do log de sondagem. Na quarta e quinta coluna
apresenta-se os resultados dos ensaios SPT medidas pelo sondador e pelo SPT Analyser. No caso,
do método de Décourt & Quaresma é apresentada uma sexta coluna que representa os
resultados do ensaio SPT adoptados, de acordo com o proposto pelo método. Note-se que estes
resultados foram obtidos num furo de sondagem realizado a cerca de 6m dos locais de ensaios de
carga das micro-estacas. As colunas seguintes representam o comprimento da micro-estaca
seguido da sua espessura, segmento ensaiado.
Nas colunas seguintes apresenta-se todos os cálculos necessários para se chegar aos valores
médios de capacidade de carga lateral, ponta e total de rotura (QL, QP e QU), referentes a cada
método enunciado. Para o efeito foram utilizadas as fórmulas enunciadas para cada método no
Capítulo 2, mais precisamente no item 2.6.4.3.1 no que se refere ao método de Aoki & Veloso
(1975), no item 2.6.4.3.2 para o método de Décourt & Quaresma (1978) e no item 2.6.4.3.3 no
método de Bustamante &Gianeselli (1982).

- 116 -
Tabela 20 – Previsão da capacidade de carga pelo método de Aoki & Velloso (1975)

MÉTODO DE AOKI& VELLOSO (1975)

Caracteristicas - Dados iniciais

Φ 0,165 m U 0,52 cm

L 12,00 m Ap 0,0214 m2

Estaca 1
Prof. Prof. Compr. da Factores de correcção Factores de correcção
Tipo de N SPT N SPT Espessura qp QP ql QL QU
Pretendida Atingida Estaca (resistências de ponta e lateral) (tipo de solo)
Terreno medido registado
(m) (m) (m) (m) F1 F2 k (Mpa) α (%) (KPa) (KN) (KPa) (KN) (KN)
1 0,82 Areia siltosa 7 8 0,82 0,82 0,70 2,40 134,4 8,16
2 1,92 Areia siltosa 9 10 1,92 1,10 0,70 2,40 168,0 13,68
3 2,64 Argila 12 11 2,64 0,72 0,20 6,00 132,0 7,04
4 4,29 Argila 30 28 4,29 1,65 0,20 6,00 336,0 41,05
5 5,08 Argila 31 32 5,08 0,79 0,20 6,00 384,0 22,46
6 5,59 Argila 19 19 5,59 0,51 0,20 6,00 228,0 8,61
3,5 7
7 7,34 Argila 46 42 7,34 1,75 0,20 6,00 504,0 65,31
8 8,04 Argila 60 60 8,04 0,70 0,20 6,00 720,0 37,32
9 9,04 Argila 41 39 9,04 1,00 0,20 6,00 468,0 34,66
10 10,09 Areia siltosa 60 60 10,09 1,05 0,70 2,40 1008,0 78,38
11 11,09 Areia siltosa 60 60 11,09 1,00 0,70 2,40 1008,0 74,64
12 11,99 Areia siltosa 55 55 11,99 0,90 0,70 2,40 11000 235,21 924,0 61,58
Total 235,21 452,91 688,11

- 117 -
Tabela 21 - Previsão da capacidade de carga pelo método de Décourt & Quaresma (1978)

MÉTODO DE DÉCOURT & QUARESMA (1978)

Caracteristicas - Dados iniciais

Φ 0,165 m U 0,52 m

L 12,00 m Ap 0,0214 m2

Estaca 1
Prof. Prof. Tipo de N SPT N SPT N SPT Comprimento Factor de correcção Factores de correcção
Espessura qp QP U.∆L ql QL QU
pretendida Atingida Terreno medido registado adoptado da Estaca (tipo de solo) (tipo de solo/estaca)
(m) (m) (m) (m) k (kPa) α β (kPa) (kN) m2 (kPa) (kN) (kN)
1 0,82 Areia siltosa 7 8 8 0,82 0,82 400 0,50 0,50 0,43 22,60
2 1,92 Areia siltosa 9 10 10 1,92 1,1 400 0,50 0,50 0,57 30,32
3 2,64 Argila 12 11 11 2,64 0,72 120 0,85 0,85 0,37 33,73
4 4,29 Argila 30 28 28 4,29 1,65 120 0,85 0,85 0,86 77,30
5 5,08 Argila 31 32 32 5,08 0,79 120 0,85 0,85 0,41 37,01
6 5,59 Argila 19 19 19 5,59 0,51 120 0,85 0,85 0,26 23,89
106,33
7 7,34 Argila 46 42 42 7,34 1,75 120 0,85 0,85 0,91 81,99
8 8,04 Argila 60 60 50 8,04 0,7 120 0,85 0,85 0,36 32,80
9 9,04 Argila 41 39 39 9,04 1 120 0,85 0,85 0,52 46,85
10 10,09 Areia siltosa 60 60 50 10,09 1,05 400 0,50 0,50 0,54 28,94
11 11,09 Areia siltosa 60 60 50 11,09 1 400 0,50 0,50 0,52 27,56
12 11,99 Areia siltosa 55 55 50 11,99 0,9 400 0,50 0,50 10000 106,91 0,47 24,80
Total 106,91 467,80 574,71

- 118 -
Tabela 22 - Previsão da capacidade de carga pelo método de Bustamante & Gianeselli (1982)

MÉTODO DE BUSTAMANTE & GIANESELLI (1982)

Caracteristicas - Dados iniciais

Φ 0,165 m Ap 0,0214 m2

Estaca 1
Prof. Prof. Compr. da
Tipo de N SPT N SPT Espessura qc Classe Kc qb αB qs qs,max qs,adopt As QL QP QU
pretendida Atingida Estaca
Terreno medido registado
(m) (m) (m) (m) (MPa) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN) (kN) (kN)

1 0,82 Areia siltosa 7 8 0,82 0,82 3,20 A 0,30 960,0 300 10,67 - 10,67 4,53 4,53
2 1,92 Areia siltosa 9 10 1,92 1,10 4,00 A 0,30 1200,0 300 13,33 - 13,33 7,60 7,60
3 2,64 Argila 12 11 2,64 0,72 3,14 A 0,30 942,9 - - 15 15,00 5,60 5,60
4 4,29 Argila 30 28 4,29 1,65 8,00 B 0,40 3200,0 120 66,67 40 40,00 34,21 34,21
5 5,08 Argila 31 32 5,08 0,79 9,14 C 0,40 3657,1 150 60,95 80 60,95 24,96 24,96
6 5,59 Argila 19 19 5,59 0,51 5,43 B 0,40 2171,4 120 45,24 40 40,00 10,57 10,57
0,43
7 7,34 Argila 46 42 7,34 1,75 12,00 C 0,40 4800,0 150 80,00 80 80,00 72,57 72,57
8 8,04 Argila 60 60 8,04 0,70 17,14 C 0,40 6857,1 150 114,29 80 80,00 29,03 29,03
9 9,04 Argila 41 39 9,04 1,00 11,14 C 0,40 4457,1 150 74,29 80 74,29 38,51 38,51
10 10,09 Areia siltosa 60 60 10,09 1,05 24,00 C 0,30 7200,0 300 80,00 120 80,00 43,54 43,54
11 11,09 Areia siltosa 60 33 11,09 1,00 13,20 B 0,30 3960,0 300 44,00 - 44,00 22,81 22,81
12 11,99 Areia siltosa 55 55 11,99 0,90 22,00 C 0,30 6600,0 300 73,33 120 73,33 34,21 141,12 175,34
Total 328,15 141,12 469,27

- 119 -
5.8 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA - MÉTODOS BASEADO NA EQUAÇÃO DE ONDA (PROPOSTO)

Na Tabela 23 apresenta-se os resultados obtidos através do cálculo baseados na equação de onda


(método proposto). Para o efeito, foi utilizada uma folha de cálculo, que iniciam com a introdução
dos dados iniciais relativos da micro-estaca, amostrador, martelo e trem de varas, tais como:
diâmetro da micro-estaca (φ), comprimento da micro-estaca (L), perímetro da micro-estaca (U),
área lateral do amostrador (al), área de ponta do amostrador SPT (ap), área de ponta ou base da
micro-estaca (Ap), massa do martelo (Mm), aceleração da gravidade (g), altura de queda do
martelo (hm), peso de vara por metro (Mh/m), coeficiente de eficiência do martelo (η1),
coeficiente de perdas ao longo de trem de varas (η2), coeficiente de eficiência do sistema (η3),
coeficientes de redução relacionado com o processo construtivo da estaca aplicados às
resistências laterias (α) e de ponta (β).
É importante salientar que, no presente trabalho, não foram estabelecidos os coeficientes α e β,
sendo utilizados os propostos por Lobo (2005). Por outro lado, salienta-se ainda, que o coeficiente
η1 utilizado, foi calculado através da média de 512 medições resultantes da 3ªcampanha de
calibração do martelo, enquanto que η2 e η3 se seguirá as recomendações de Odebrecht (2003)
aquando da rectro-análise dos dados de Cavalcante(2002), estando estes representados nas
colunas décima primeira, segunda e terceira.
Na primeira e segunda coluna, são apresentadas as profundidades, pretendidas e realmente
atingidas, respectivamente. Na terceira coluna apresenta-se o tipo de solo transposto pelo
amostrador, obtidos através do boletim do log de sondagem (ver anexo I). Na quarta e quinta
coluna apresenta-se os resultados dos ensaios SPT e respectivas penetrações medidas pelo
sondador, enquanto que na sexta e sétima coluna são apresentados os resultados dos ensaios SPT
e respectivas penetrações medidas pelo SPT Analyser. Note-se que estes resultados foram obtidos
num furo de sondagem realizado a cerca de 6m dos locais de ensaios de carga das micro-estacas.
Nas colunas seguintes estão representadas a penetração permanente do amostrador devido à
aplicação do número de pancadas do martelo (∆ρ), o comprimento de varas utilizado/necessário
para atingir a profundidade pretendida e o segmento da micro-estaca ao qual se aplica a
resistência lateral unitária (∆L).
De seguida é calculado a força de reacção dinâmica do solo à cravação do amostrador, de acordo
exibido no capítulo 3, item 3.4.
Nas colunas seguintes apresenta-se os valores médios de capacidade de carga lateral, ponta e
total de rotura calculados pelo método baseado na equação de onda (QL, QP e QU).

- 120 -
Tabela 23 - Previsão da capacidade de carga pelo método baseado na equação de onda (método proposto)

MÉTODO BASEADO NA EQUAÇÃO DE ONDA (método proposto)

Caracteristicas - Dados iniciais

η1 0,6427 Φ 16,5 cm Mm 63,5 Kg


η2 1 L 12,00 m g 9,81 m/s2
η3 0,907- 0,006L U 0,52 m hm 0,76 m

α 0,70 al 0,08 m2
Mh/m 6,5 Kg/m

β 0,5 ap 213,82 cm 2

Ap 20,43 cm2

Micro-estaca 1
Prof. Prof. Penetração Penet./ Compr. Amostrador Estaca
NSPT Penetração NSPT
pretendida Atingida Solo registada Golpe varas ∆L (m)
medido medida(m) registado
(m) (m) (m) (m) ∆ρ (m) η1 η2 η3 Fd (KN) QL (KN) QP (KN) QU (KN)
1,00 0,82 Areia argilosa 7 0,30 8 0,32 0,040 1,50 1,5 0,6427 1 0,902 7,29 9,81 9,81
2,00 1,92 Argila 9 0,30 10 0,35 0,035 3,00 1,5 0,6427 1 0,894 8,46 11,39 11,39
3,00 2,64 Argila 12 0,30 11 0,31 0,028 3,50 0,5 0,6427 1 0,890 10,48 4,70 4,70
4,00 4,29 Argila 30 0,30 28 0,23 0,008 4,50 1,0 0,6427 1 0,879 33,98 30,50 30,50
5,00 5,08 Argila 31 0,30 32 0,28 0,009 6,00 1,5 0,6427 1 0,873 32,42 43,64 43,64
6,00 5,59 Argila 19 0,30 19 0,33 0,017 6,50 0,5 0,6427 1 0,870 17,61 7,90 7,90
7,00 7,34 Argila 46 0,30 42 0,28 0,007 7,50 1,0 0,6427 1 0,859 42,54 38,18 38,18
8,00 8,04 Argila 60 0,28 60 0,30 0,005 9,00 1,5 0,6427 1 0,854 56,25 75,72 75,72
9,00 9,04 Argila 41 0,30 39 0,32 0,008 9,50 0,5 0,6427 1 0,847 36,40 16,33 16,33
10,00 10,09 Areia argilosa 60 0,27 60 0,14 0,002 10,50 1,0 0,6427 1 0,840 115,61 103,75 103,75
11,00 11,09 Areia argilosa 26 0,07 60 0,16 0,003 12,00 1,5 0,6427 1 0,834 101,67 136,86 136,86
12,00 11,99 Areia argilosa 55 0,30 55 0,30 0,005 12,50 0,5 0,6427 1 0,828 54,42 24,42 199,38 223,81
Total 503,21 199,38 702,59

- 121 -
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo serão apresentadas os resultados obtidos de previsão da capacidade de carga.


Inicialmente apresentam-se os resultados das estimativas da carga lateral, de ponta e total
ocorrentes na micro-estaca, obtidos através dos ensaios de carga à tracção e à compressão, bem
como algumas considerações relativamente aos ensaios.
De seguida, serão apresentadas algumas considerações acerca do método baseado na equação de
onda aplicado à previsão da capacidade de carga, bem como comparações entre este método
com os ensaios de carga realizados e formulações empregues na prática da engenharia geotécnica
(Aoki & Velloso, 1975, Décourt & Quaresma, 1978 e Bustamante & Gianeselli, 1982),
apresentando-se igualmente vantagens e inconvenientes relativos aos métodos considerados.

6.2 CAPACIDADE DE CARGA – ENSAIO DE CARGA

De maneira a compreender melhor o funcionamento e a capacidade resistente de micro-estacas


injectadas segundo o método IGU, realizaram-se no Estaleiro de Porto Alto dois ensaios: um
submetendo uma micro-estaca à tracção e outro submetendo uma micro-estaca à compressão.
O ensaio à tracção a rotura ocorreu aos 660 kN. No entanto, é necessário corrigir este valor, no
que se refere ao peso próprio da micro-estaca e devido ao efeito de redução do diâmetro da
micro-estaca, pelo alívio das tensões verticais do solo quando a micro-estaca é submetida a
esforços de tracção. Deste método, a capacidade de carga por atrito lateral convertida em
carregamento de compressão vem igual a 680,95kN.
No caso do ensaio à compressão a rotura da micro-estaca não foi atingida, pelo que se procedeu à
definição da carga de rotura através da extrapolação da curva de carga-assentamento,
recorrendo-se aos métodos de Van der Veen e de Chin.
Após a extrapolação da curva carga-assentamento, pelo método de Van der Veen e pelo método
de Chin, a definição da carga de rotura foi analisada por dois métodos, nomeadamente o da
Norma Brasileira NBR 6122 e o de Davisson. Os resultados obtidos para cada situação, são
apresentados na Tabela 24.
Para efeitos de separação de cargas de ponta e lateral foi deduzido ao valor obtido da resistência
total no ensaio à compressão, o valor obtido no ensaio de carga à tracção.

- 122 -
Tabela 24 – Valores da carga de rotura resultante de cada método aplicado aos ensaios de carga

Extrapolação da curva QL (kN) QL (eq) (kN) QP=QU - QL (eq)


carga-assentamento
Métodos QU (kN)
Tracção compressão (kN)

Van der Veen 510,72 680,95 1075 394,05


NBR 6122
Chin 510,72 680,95 1030 349,05
Van der Veen 510,72 680,95 1064 383,05
Davisson
Chin 510,72 680,95 1030 349,05

Analisando os resultados obtidos, verifica-se que os valores da carga de rotura avaliados por cada
um dos métodos, evidenciam valores iguais ou muito próximos, ou seja, extrapolando a curva
carga-assentamento pelo método de Van der Veen e pelo método de Chin verifica-se que, para
este caso, os valores de carga de rotura obtidos, tanto pelo método da Norma Brasileira NBR 6122
como pelo método de Davisson são idênticos.

6.3 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA – COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS

Como já referido, e para a obtenção de possíveis comparações aos ensaios de carga realizados e
ao método proposto, foram analisados três métodos de previsão da capacidade de carga, semi-
empíricos, frequentemente empregues na prática da engenharia geotécnica: Aoki & Velloso
(1975), Décourt & Quaresma (1978) e Bustamante & Gianeselli (1982). Para uma melhor
compreensão e análise, os resultados obtidos são apresentados na Tabela 25.

Tabela 25 – Tabela resumo dos resultados obtidos

QL (kN) QP (kN) QU (kN)


Aoki & Velloso 452,91 235,21 688,11
MÉTODOS
Décourt & Quaresma 467,8 106,91 574,71
SEMI-EMPIRICOS
Bustamante & Gianeselli 328,15 141,12 469,27
MÉTODO BASEADO NA EQUAÇÃO DE ONDA (proposto) 503,21 199,38 702,59
Tracção 510,72 - 510,72
Van der Veen 680,95 394,05 1075
ENSAIOS DE NBR 6122
Chin 680,95 349,05 1030
CARGA Compressão
Van der Veen 680,95 383,05 1064
Davisson
Chin 680,95 349,05 1030

- 123 -
Analisando individualmente os métodos de previsão da capacidade de carga, pode constatar-se
que:
• Os valores obtidos na carga lateral pelo método de Aoki & Velloso e Décourt & Quaresma
são muito próximos entre si, enquanto o método de Bustamante & Gianeselli, apresenta
valores inferiores, na ordem dos 27%;
• Os resultados obtidos para a carga ponta pelo método de Aoki & Velloso são superiores
aos resultados dos métodos de Décourt & Quaresma e Bustamante & Gianeselli. Neste
caso, o método que mais desvaloriza a carga de ponta é o método de Décourt &
Quaresma, sendo este valor valorizado em mais de metade do valor obtido pelo método
de Aoki & Velloso;
• Os valores obtidos para a carga de rotura pelo método de Aoki & Velloso são superiores
aos métodos de Décourt & Quaresma e Bustamante & Gianeselli. Neste caso, o método
de Bustamante & Gianeselli é aquele que evidencia valores mais reduzidos;
• Os resultados obtidos na previsão da capacidade de carga através do método baseado na
equação de onda (método proposto), evidenciam que a carga de rotura lateral é
significativamente superior, daí resultando um valor de rotura total superior quando
comparado com os métodos semi-empíricos analisados acima. No que se refere à
resistência de ponta observa-se que o resultado se encontra enquadrado pelos métodos
semi-empíricos, com proximidade do valor mais elevado (Aoki & Velloso).

Por outro lado, comparando todos os métodos analisados com os ensaios de carga é possível
tecer o seguinte conjunto de considerações:
• O método baseado na equação de onda é aquele que mais se aproxima dos valores de
referência (ensaios de carga), tanto no que respeita ao valor de resistência por atrito
lateral como pela resistência total;
• No que se refere à resistência de ponta os valores obtidos no método baseado na
equação de onda apresenta-se dentro da ordem de grandeza das previsões dos métodos
semi-empíricos, sendo todos eles conservadores relativamente aos valores de referência;
• O método baseado na equação de onda e o método de Aoki & Velloso evidenciam valores
mais próximos, enquanto que os restantes se mantêm igualmente conservadores no
contexto desta metodologia.

- 124 -
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho tem como principal objectivo testar um novo método de previsão de
capacidade de carga de estacas baseado na interpretação directa dos resultados de ensaios SPT.
Este método baseia-se nas equações desenvolvidas a partir de conceitos físicos, utilizando uma
nova interpretação do ensaio, na qual é calculada uma força dinâmica de reacção do solo à
cravação do amostrador SPT, relacionando os mecanismos de mobilização de resistência do
amostrador com os da estaca.
Os métodos de cálculo da capacidade de carga de estacas são habitualmente baseados em
ensaios SPT, sobretudo pela sua ampla utilização em todo o tipo de terreno. No entanto, o
desenvolvimento das expressões de cálculo baseia-se em critérios empíricos ou semi-empíricos, o
que habitualmente se traduz em diferentes eficiências de aplicação, variando com as
características de cada local e/ou cada obra em particular. Deste modo torna-se importante
trabalhar com equipamentos de ensaio calibrados e, se possível desenvolver novos métodos com
maior suporte teórico. Neste contexto, relativamente ao primeiro aspecto, na sequência do
desenvolvimento do trabalho, surgiu, em adição ao objectivo principal, a necessidade de se
conhecer o nível de eficiência energética de cada um dos dispositivos SPT utilizados, de modo a
que a informação acerca do parâmetro N60 fosse fidedigna. Para o efeito foram realizadas
calibrações aos martelos SPT do sector da Geotecnia da Mota-Engil (novos e usados) evidenciando
que a eficiência dos martelos utilizados em Portugal pode ser bem diferente dos 60%
generalizadamente assumida. Esta constatação sugere o estabelecimento de programas regulares
de manutenção, bem como de uma verificação inicial em equipamentos novos, de modo a que
cumpram a norma EN ISO 22476-3, de aplicação obrigatória em Portugal.
Para efeitos de avaliação eficácia do método fizeram-se análises comparativas das resistências
unitárias mobilizadas entre o amostrador SPT durante a sua cravação (modelo) com as
resistências unitárias mobilizadas pela estaca (protótipo). Para além disso, neste trabalho,
compararam-se ainda os resultados de algumas formulações, semi-empíricas, empregues na
prática corrente da engenharia geotécnica (Aoki & Velloso, 1975, Décourt & Quaresma, 1978 e
Bustamante & Gianeselli, 1992). O trabalho realizado demonstrou claramente um eficiência de
cálculo superior à exibida pelos métodos semi-empíricos, quando comparados com os ensaios de
carga efectuados nas micro-estacas. Naturalmente, o conjunto de dados utilizados no presente
trabalho é reduzido para estabelecer generalizações da metodologia proposta, sendo importante
a realização de outras experiências que permitam alargar o âmbito de aplicação, nomeadamente:
• Maior número de ensaios em ambientes geológicos idênticos (sedimentares);

- 125 -
• Ensaios em ambientes residuais (solo residuais ou maciços decompostos por alteração de
granitos, xistos, calcários, etc.);
• Métodos distintos de execução de estacas;
• Avaliação de estacas abrangendo uma maior gama de diâmetros e de profundidades de
instalação.

Para além destes sugerem-se ainda outros estudos que podem ter interesse neste domínio
particular:
• A verificação da influência do comprimento do trem de varas na eficácia energética;
• A averiguação da influência da velocidade de queda do martelo na mesma eficiência
energética;
• A realização de ensaios que permitam identificar com maior clareza os efeitos de
transposição da resistência dinâmica em estática;
• A realização de estudos para obtenção de procedimentos mais rigorosos para a realização
da separação da carga mobilizada por atrito e por ponta em estacas.
• Avaliação mais consistente dos parâmetros η1 , η2 e η3.

Em conclusão, é nossa convicção de que a aplicação de uma metodologia baseada nas equações
de onda, utilizando martelos devidamente calibrados e com eficácia energética conhecida, pode
constituir-se como um bom desenvolvimento para obter maior eficiência na previsão da
capacidade de carga de estacas, com naturais benefícios económicos nas obras de fundações.

- 126 -
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- 134 -
ANEXO I
BOLETIM DO LOG DE SONDAGEM
SONDAGEM Nº S2
ESTUDO 13995

Pág. 1 de 2

CLIENTE: MOTA-ENGIL, S.A. COTA:


COMPRIMENTO: 12.00 m
PROJECTO: Dimensionamento de estacas baseado nos princípios da dinâmica de INCLINAÇÃO: 90º
COORDENADAS: M= P=
LOCALIZAÇÃO:EPA - PORTO ALTO

DIÂMETRO: 0.00-12.00m=86mm REVESTIMENTO: 0.00-12.00m=98mm EQUIPAMENTO: Mustang A-32 C INÍCIO: 30-06-2011


TIPO SONDAGEM: Rotação TERMINO: 30-06-2011

Ensaios SPT
R.Q.D.
Comprimento (m)

Fracturação

Alteração

Estratigrafia

Simbologia

Nível da Água
Piezómetro
2ª e 3ª Fase Ensaios

1ª Fase

Penetração
% Recup. Descrição
(nº de pancadas)
(%)
Lugeon

0 20 40 60 80 100 0 10 20 30 40 50 60

0
Areia grosseira a média, siltosa, com
fragmentos líticos de calcário, cinzento
esbranquiçada: Aterro.
(5+2)
1 9 30
Areia média, siltosa, cinzento acastanhada.

(3+6)
2 3 30

(4+8)
3 3 30
Argila arenosa, por vezes areia argilosa,
castanho amarelada.
(14+16)
4 8 30

(16+15)
5 15 30

Argila ligeiramente arenosa, acastanhada (8+11)


6
com laivos negros. 4 30

(17+29)
7 6 30
Areia fina, siltosa, amarelada.

Argila ligeiramente arenosa, acastanhada (26+34)


8
com laivos negros. 11 28

Areia fina a média, siltosa, cinzento (12+29)


9 esbranquiçada. 6 30

(26+34)
10
13 27

Fundações e Geotecnia Observações: FEITO


POR:
Travessa das Lages, 224 Telef.: 22 716 93 00
Zona Industrial de S. Caetano Fax: 22 716 93 02 VERIFICADO
4405 - 194 Canelas VNG e-mail: geotecnia@mota-engil.pt POR:
SONDAGEM Nº S2
ESTUDO 13995

Pág. 2 de 2

CLIENTE: MOTA-ENGIL, S.A. COTA:


COMPRIMENTO: 12.00 m
PROJECTO: Dimensionamento de estacas baseado nos princípios da dinâmica de INCLINAÇÃO: 90º
COORDENADAS: M= P=
LOCALIZAÇÃO:EPA - PORTO ALTO

DIÂMETRO: 0.00-12.00m=86mm REVESTIMENTO: 0.00-12.00m=98mm EQUIPAMENTO: Mustang A-32 C INÍCIO: 30-06-2011


TIPO SONDAGEM: Rotação TERMINO: 30-06-2011

Ensaios SPT
R.Q.D.
Comprimento (m)

Fracturação

Alteração

Estratigrafia

Simbologia

Nível da Água
Piezómetro
2ª e 3ª Fase Ensaios

1ª Fase

Penetração
% Recup. Descrição
(nº de pancadas)
(%)
Lugeon

0 20 40 60 80 100 0 10 20 30 40 50 60

Areia grosseira a média, siltosa, cinzento (26+34)


11
esbranquiçada. 20 7

(25+30)
12 16 30

13

14

15

16

17

18

19

20

Fundações e Geotecnia Observações: FEITO


POR:
Travessa das Lages, 224 Telef.: 22 716 93 00
Zona Industrial de S. Caetano Fax: 22 716 93 02 VERIFICADO
4405 - 194 Canelas VNG e-mail: geotecnia@mota-engil.pt POR:
ANEXO II
CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO SPT ANALYSER (2008)
ANEXO III
CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO SPT ANALYSER (2010)
ANEXO IV
DADOS OBTIDOS NA 3ª CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO
CÁLCULO DO COEFICIENTE η1
Profundidade Nº do FMX VMX DFN EFV ETR
Gráficos
(m) golpe (kN) (m/s) (mm) (kN.m) (%)
1 123,13 3,98 39,31 0,31 64,81
2 122,29 4,02 26,55 0,31 65,35
3 148,02 4,86 19,62 0,30 63,62
4 130,70 4,12 19,73 0,31 65,81
N1
5 148,23 4,53 16,71 0,32 66,95
6 148,30 4,90 22,59 0,33 69,16
7 137,84 4,54 26,14 0,38 80,19
8 193,10 5,40 24,93 0,28 59,52
1 9 146,24 4,60 29,07 0,34 70,81
10 123,13 4,36 27,60 0,31 65,95
11 167,19 4,94 30,85 0,32 67,78
N2
12 166,27 5,11 37,53 0,38 79,44
13 156,22 4,39 40,02 0,35 73,80
14 146,47 4,39 43,11 0,31 65,79
15 155,03 4,55 44,28 0,29 61,87
N3 16 127,54 3,87 49,14 0,31 65,89
17 150,37 4,24 46,96 0,31 66,51
1 138,46 3,66 81,17 0,24 50,05
N1 2 147,88 3,68 40,99 0,29 61,32
3 116,03 3,70 40,21 0,33 68,88
4 150,33 4,88 41,15 0,24 51,66
5 130,47 3,63 44,42 0,26 55,15
N2
6 126,83 3,63 42,09 0,27 56,95
2 7 154,81 4,69 39,45 0,29 62,26
8 131,81 3,89 39,46 0,33 70,31
9 130,01 3,78 33,83 0,29 60,72
10 138,46 3,87 32,44 0,30 62,79
N3
11 145,45 3,99 28,98 0,31 64,75
12 159,30 5,00 27,00 0,29 62,07
13 139,87 4,05 23,03 0,27 56,60
1 138,67 3,90 58,13 0,25 53,12
N1 2 156,89 4,84 39,51 0,27 56,83
3 174,77 5,31 38,30 0,24 49,85
4 123,60 3,63 37,14 0,30 63,29
5 127,69 3,93 38,57 0,33 70,04
6 120,10 3,75 30,58 0,31 65,19
N2 7 165,34 5,18 35,02 0,36 75,33
3
8 130,24 3,74 28,14 0,31 64,73
9 157,30 4,04 27,47 0,31 66,03
10 138,67 3,81 23,52 0,29 61,50
11 153,17 4,55 23,78 0,33 70,55
12 145,60 4,76 22,50 0,34 72,26
N3
13 159,38 4,83 20,46 0,33 68,87
14 162,88 4,75 19,67 0,35 73,75
1 132,12 3,47 30,63 0,26 55,93
2 130,34 3,67 26,62 0,30 63,17
3 180,38 4,97 21,99 0,29 60,49
4 128,39 3,61 20,64 0,29 61,93
N1
5 149,03 4,07 15,01 0,25 53,81
6 160,35 4,22 16,36 0,28 59,84
7 177,59 4,91 14,87 0,28 60,14
8 131,11 3,62 9,90 0,28 58,15
9 196,55 4,57 13,66 0,30 63,00
10 132,12 4,32 9,57 0,29 62,13
11 147,56 4,25 11,53 0,30 64,39
12 168,07 4,51 12,69 0,32 66,69
13 183,40 4,48 12,11 0,34 71,58
14 140,35 3,54 9,92 0,27 57,06
15 143,29 3,45 10,16 0,26 55,44
N2
16 164,70 3,78 9,46 0,29 61,48
17 141,50 3,52 11,71 0,30 63,26
18 169,79 4,22 10,30 0,31 65,92
4
19 155,73 3,59 7,85 0,26 55,64
20 166,03 3,37 8,83 0,28 58,21
21 140,37 3,40 9,74 0,28 58,50
22 147,23 3,69 8,75 0,29 61,63
23 133,52 3,80 10,98 0,28 58,46
24 171,73 4,29 14,92 0,36 76,90
25 185,97 5,18 11,83 0,32 68,44
26 148,02 3,70 10,89 0,28 58,76
27 151,78 3,62 8,54 0,30 63,31
28 161,17 3,42 7,23 0,30 64,14
29 136,96 3,88 4,19 0,31 64,59
N3
30 182,78 3,82 8,33 0,35 74,43
31 193,62 5,29 9,63 0,36 75,23
32 168,30 3,66 7,42 0,32 67,61
33 135,31 4,42 15,79 0,37 78,45
34 167,95 3,72 6,86 0,31 64,45
35 153,84 3,93 2,70 0,29 61,50
36 174,80 4,12 5,73 0,34 72,20
Profundidade Nº do FMX VMX DFN EFV ETR
Gráficos
(m) golpe (kN) (m/s) (mm) (kN.m) (%)
1 150,68 4,31 28,88 0,33 68,86
2 126,56 3,49 14,88 0,30 63,46
3 129,62 3,36 10,47 0,27 58,02
4 167,89 4,56 9,96 0,30 62,80
5 136,05 3,82 9,78 0,27 57,50
6 183,05 4,83 10,35 0,31 65,68
7 128,83 3,52 8,68 0,27 57,04
N1 8 134,97 3,41 6,37 0,27 57,64
9 141,06 3,38 8,13 0,28 58,86
10 150,68 4,53 6,00 0,33 69,30
11 168,81 3,51 8,43 0,29 60,51
12 129,86 3,51 9,08 0,28 60,05
13 179,60 5,01 8,33 0,33 70,01
14 180,17 4,75 8,81 0,35 74,65
15 178,46 3,71 11,03 0,35 73,37
16 181,59 3,60 8,20 0,33 68,81
17 181,59 3,60 8,20 0,33 68,81
18 162,44 3,54 6,44 0,31 64,89
19 124,20 3,37 6,88 0,28 58,83
20 159,21 4,62 7,29 0,34 71,86
21 130,08 3,52 0,92 0,28 58,28
22 161,55 3,36 6,22 0,30 63,27
23 160,04 3,66 6,03 0,28 58,38
5 N2 24 125,37 3,47 9,95 0,29 61,99
25 180,97 4,54 9,39 0,36 75,04
26 181,94 4,63 10,94 0,35 74,59
27 142,48 3,33 11,95 0,31 64,76
28 163,85 4,85 2,89 0,31 65,59
29 165,87 3,57 8,30 0,31 65,22
30 177,81 4,39 10,32 0,37 77,25
31 165,24 3,53 15,36 0,34 72,84
32 166,54 4,82 5,54 0,32 67,25
33 178,32 4,66 9,48 0,36 77,09
34 190,68 4,65 7,73 0,31 66,20
35 183,04 3,74 7,69 0,32 68,44
36 133,04 3,29 15,44 0,34 71,61
37 206,77 5,32 7,71 0,36 76,39
38 154,90 3,38 9,51 0,30 63,27
39 144,71 3,41 10,16 0,30 63,37
N3 40 125,42 3,37 5,89 0,29 60,60
41 131,44 3,46 9,16 0,31 64,72
42 167,22 3,69 10,79 0,35 74,77
43 162,89 3,51 12,16 0,33 69,66
44 132,00 3,51 12,74 0,32 66,56
45 172,47 3,42 3,63 0,29 60,91
46 133,66 3,40 14,48 0,32 67,82
47 173,91 3,59 11,51 0,34 70,85
1 136,55 3,80 45,49 0,27 56,97
2 161,97 4,40 40,11 0,35 74,62
N1
3 163,69 4,13 24,22 0,32 68,18
4 150,68 3,89 24,81 0,34 72,05
5 123,27 3,82 20,75 0,31 66,48
6 168,41 5,14 21,58 0,38 80,17
7 187,67 4,97 16,32 0,35 74,70
N2 8 132,28 3,68 18,71 0,33 69,41
9 127,20 3,75 19,44 0,33 70,04
10 136,55 4,31 18,36 0,35 73,47
11 156,46 4,49 16,36 0,34 71,53
6 12 143,96 3,84 16,46 0,33 68,87
13 194,60 5,05 18,12 0,35 73,60
14 151,96 3,73 19,46 0,30 64,23
15 131,39 3,64 19,34 0,32 68,63
16 133,14 3,71 15,47 0,33 69,80
17 158,65 4,36 14,65 0,32 67,60
N3
18 156,07 3,89 17,29 0,32 68,53
19 121,96 4,02 15,49 0,30 63,47
20 135,72 4,02 18,30 0,31 64,69
21 144,06 3,77 14,19 0,28 58,17
22 164,93 3,95 14,97 0,31 65,89
23 150,62 4,03 16,75 0,33 70,34
Profundidade Nº do FMX VMX DFN EFV ETR
Gráficos
(m) golpe (kN) (m/s) (mm) (kN.m) (%)
1 167,49 4,56 43,81 0,30 62,99
2 153,87 3,93 45,53 0,30 62,76
3 198,66 5,04 13,88 0,32 67,63
N1
4 136,34 3,65 15,14 0,29 60,48
5 202,24 5,07 13,22 0,33 69,41
6 180,54 4,77 18,63 0,33 70,17
7 158,96 4,01 14,14 0,29 60,98
8 185,88 4,94 15,88 0,34 71,62
9 187,56 5,02 16,96 0,36 75,90
10 167,49 4,49 12,13 0,34 71,78
11 190,13 5,00 11,56 0,34 72,45
12 191,83 5,11 7,84 0,35 73,31
13 191,56 5,01 5,98 0,35 74,57
14 193,78 4,84 7,60 0,34 71,43
N2 15 172,66 4,13 2,51 0,30 64,19
16 138,65 3,63 0,97 0,28 60,02
17 172,47 4,26 5,05 0,36 75,98
18 164,91 3,76 7,28 0,35 73,59
19 178,89 4,75 5,18 0,37 78,48
20 183,37 4,96 6,67 0,36 76,68
21 158,13 3,91 10,93 0,40 85,22
22 163,42 3,95 5,49 0,34 72,05
23 153,66 3,56 7,44 0,34 71,25
24 141,22 3,70 3,05 0,25 53,46
25 153,93 3,82 3,46 0,32 66,56
26 160,98 3,59 3,34 0,31 64,75
7
27 129,11 3,56 5,28 0,30 63,61
28 189,26 5,23 8,31 0,38 79,57
29 129,33 3,48 4,83 0,30 63,65
30 183,16 4,88 5,22 0,35 74,63
31 157,11 3,85 8,33 0,36 75,10
32 158,20 3,38 3,43 0,30 63,35
33 158,20 3,38 3,43 0,30 63,35
34 182,69 4,95 5,93 0,40 85,01
35 190,34 4,93 5,28 0,34 71,01
36 170,24 3,73 6,93 0,37 78,89
37 172,34 3,68 5,57 0,35 73,46
N3 38 187,43 5,11 3,28 0,36 76,22
39 188,30 4,92 2,26 0,33 69,84
40 180,70 5,13 4,04 0,39 82,89
41 192,35 5,02 4,16 0,36 77,05
42 189,85 5,14 4,98 0,39 83,04
43 165,45 4,15 5,47 0,36 76,10
44 184,72 5,01 5,11 0,39 81,46
45 136,35 3,34 5,12 0,28 58,28
46 189,85 4,94 4,83 0,36 75,15
47 165,38 3,52 4,01 0,35 72,99
48 184,84 4,86 4,24 0,36 75,37
49 177,69 5,12 4,03 0,33 70,78
50 186,01 5,06 6,08 0,39 83,21
51 180,86 4,88 3,71 0,36 77,07
52 169,68 5,03 3,97 0,35 73,04
Profundidade Nº do FMX VMX DFN EFV ETR
Gráficos
(m) golpe (kN) (m/s) (mm) (kN.m) (%)
1 152,21 4,78 47,62 0,32 68,32
2 183,59 4,47 17,63 0,29 62,15
3 169,55 4,58 15,61 0,35 73,45
N1
4 185,89 4,02 3,16 0,24 51,51
5 164,18 3,95 1,32 0,27 57,01
6 162,98 3,66 4,61 0,29 61,81
7 132,35 3,65 5,65 0,27 56,67
8 154,92 3,87 3,77 0,27 57,89
9 167,16 5,26 7,71 0,34 70,86
10 152,21 3,47 8,20 0,29 61,58
11 155,05 3,71 7,70 0,30 63,64
12 184,49 5,29 9,32 0,37 79,13
13 147,79 3,56 9,22 0,31 65,56
14 167,21 3,54 6,62 0,29 60,65
N2 15 150,17 3,88 8,27 0,35 74,10
16 147,19 3,80 10,20 0,30 64,25
17 122,40 3,86 8,83 0,32 66,69
18 148,54 3,93 6,11 0,31 64,76
19 153,87 3,91 7,52 0,30 64,19
20 158,39 4,93 8,16 0,38 79,79
21 174,22 5,26 8,02 0,36 76,44
22 169,11 5,10 6,97 0,37 77,80
23 171,28 3,71 6,96 0,31 66,21
24 154,32 3,82 2,31 0,32 66,84
25 152,51 3,83 5,27 0,32 68,11
26 150,79 3,75 5,28 0,32 68,59
27 160,08 4,23 8,22 0,38 80,57
28 164,77 3,68 5,84 0,31 65,39
29 132,52 3,46 5,96 0,29 61,08
30 166,82 5,22 4,99 0,36 75,11
31 174,76 4,92 6,75 0,39 81,92
32 153,90 3,71 6,70 0,31 66,11
33 163,82 3,70 4,09 0,29 62,15
34 137,96 3,74 5,63 0,32 67,15
35 161,16 4,17 6,81 0,35 73,18
8 36 187,98 5,43 6,21 0,38 81,05
37 137,59 3,33 4,69 0,29 60,42
38 135,61 3,66 4,41 0,29 60,40
39 161,29 3,27 6,29 0,32 67,03
40 156,19 3,39 2,40 0,28 59,91
41 163,61 4,95 6,17 0,37 77,54
42 156,43 3,80 3,66 0,32 68,12
43 176,72 4,95 5,06 0,36 77,05
44 153,04 3,43 3,19 0,31 65,09
45 140,94 3,49 4,82 0,30 62,66
46 177,01 4,97 7,41 0,35 74,73
47 162,94 4,43 5,33 0,34 72,87
N3
48 147,54 3,31 5,41 0,31 65,10
49 167,34 3,17 1,13 0,27 56,64
50 156,96 3,42 2,93 0,29 61,63
51 163,73 3,47 2,34 0,32 67,27
52 143,86 3,70 7,50 0,33 68,92
53 137,46 3,50 1,98 0,28 58,58
54 157,77 3,45 2,30 0,30 64,26
55 163,60 3,78 4,81 0,35 72,98
56 173,21 5,03 4,93 0,33 70,38
57 158,46 3,61 2,56 0,34 70,82
58 134,35 3,55 5,24 0,30 62,40
59 155,79 3,59 3,47 0,34 70,86
60 148,92 3,73 0,80 0,31 64,68
61 144,14 3,40 5,98 0,31 64,75
62 129,93 3,43 5,02 0,30 64,22
63 182,20 4,70 1,85 0,31 66,09
64 168,30 3,29 0,52 0,29 60,23
65 163,59 3,49 2,67 0,31 65,00
66 154,63 3,43 1,49 0,31 65,91
67 130,87 2,96 5,47 0,29 60,79
68 147,23 3,41 0,04 0,26 55,17
69 137,87 3,37 -0,66 0,27 57,05
70 139,13 3,42 4,15 0,30 63,66
71 152,53 2,73 2,62 0,21 45,19
Profundidade Nº do FMX VMX DFN EFV ETR
Gráficos
(m) golpe (kN) (m/s) (mm) (kN.m) (%)
1 163,79 4,59 44,83 0,23 49,48
2 182,39 4,59 45,10 0,29 61,75
3 151,18 3,72 12,78 0,24 49,68
N1
4 161,41 3,49 3,27 0,20 42,38
5 159,15 4,43 17,26 0,29 60,73
6 184,28 4,79 23,94 0,32 66,87
7 166,09 4,17 33,93 0,30 64,23
8 180,97 4,55 19,70 0,32 66,61
9 155,85 3,76 15,10 0,25 53,33
10 163,79 3,93 7,37 0,27 57,44
11 166,08 4,28 10,01 0,33 69,57
12 147,59 3,51 11,20 0,33 69,14
13 184,29 4,74 10,91 0,34 72,34
14 175,55 4,36 8,01 0,36 75,57
N2 15 188,43 3,58 5,47 0,28 58,47
16 148,66 3,36 8,37 0,31 64,52
17 187,79 3,80 9,98 0,33 68,99
18 181,95 3,92 7,06 0,32 68,56
19 165,73 3,84 9,19 0,33 69,94
20 167,33 3,08 4,25 0,25 53,32
21 182,20 4,63 7,43 0,34 72,01
22 181,27 4,74 8,43 0,36 75,98
9 23 149,33 3,72 3,33 0,30 63,37
24 192,18 4,72 6,25 0,35 73,22
25 171,25 4,56 4,11 0,32 67,67
26 185,25 4,19 3,93 0,33 69,44
27 173,51 4,32 6,30 0,34 71,73
28 162,63 4,33 7,87 0,35 74,50
29 171,19 4,61 7,96 0,35 73,48
30 187,75 4,47 5,00 0,31 65,73
31 169,84 4,68 8,50 0,36 75,11
32 169,28 4,27 5,44 0,33 69,89
33 180,82 4,46 8,19 0,35 74,20
34 184,37 4,31 4,15 0,31 66,49
N3
35 191,88 4,64 5,35 0,32 68,06
36 129,29 3,12 8,06 0,31 65,28
37 181,34 4,23 5,25 0,32 67,13
38 174,71 3,68 6,30 0,32 67,18
39 157,65 3,43 18,30 0,37 79,12
40 171,71 4,84 6,57 0,37 78,42
41 156,18 3,10 6,52 0,33 70,45
42 159,95 3,38 10,99 0,36 76,46
43 166,07 3,92 4,81 0,32 67,41
44 187,41 2,88 -1,75 0,24 51,64
45 158,50 4,18 -0,10 0,26 55,50
Profundidade Nº do FMX VMX DFN EFV ETR
Gráficos
(m) golpe (kN) (m/s) (mm) (kN.m) (%)
1 143,60 4,45 14,81 0,30 63,00
2 131,27 3,52 14,95 0,34 71,66
3 183,93 4,02 11,60 0,34 71,83
4 143,70 3,24 7,44 0,26 54,28
5 157,47 3,65 5,78 0,33 70,27
6 186,94 3,68 10,66 0,34 71,59
N1 7 179,30 4,00 5,93 0,33 69,62
8 188,92 3,66 10,87 0,36 75,87
9 173,70 4,08 5,93 0,33 70,52
10 143,60 3,68 12,62 0,37 77,89
11 146,54 3,20 0,82 0,24 50,49
12 143,30 3,07 0,84 0,26 54,53
13 165,03 3,20 9,21 0,33 69,94
14 131,25 3,04 7,14 0,29 62,24
15 138,08 3,06 7,68 0,30 63,97
16 148,35 3,32 6,81 0,31 65,79
17 189,25 3,82 10,08 0,34 72,63
18 142,11 3,61 6,27 0,32 68,10
19 137,21 3,17 6,01 0,30 63,07
20 164,62 3,88 5,91 0,36 76,24
21 159,35 2,76 3,02 0,23 47,80
22 158,75 5,27 0,88 0,37 78,82
23 185,92 2,79 6,59 0,31 66,34
24 146,94 2,90 2,24 0,26 55,96
25 181,58 4,71 3,29 0,37 78,90
26 187,34 3,19 1,35 0,30 63,11
N2 27 157,30 3,68 5,91 0,34 72,84
28 160,62 2,95 2,64 0,26 55,20
29 186,09 3,94 2,55 0,37 78,51
30 172,55 3,23 4,08 0,37 77,79
31 181,69 3,38 9,81 0,38 80,81
32 191,68 2,79 6,22 0,35 73,47
33 164,03 2,81 5,57 0,33 70,20
34 148,01 3,65 4,91 0,36 75,31
35 157,13 3,22 1,51 0,30 63,95
36 157,13 3,22 1,51 0,30 63,95
37 159,35 3,87 1,21 0,34 72,31
38 207,47 2,92 1,32 0,35 74,10
39 185,86 2,88 1,45 0,31 65,77
40 175,05 2,58 -2,29 0,25 51,88
10
41 179,47 3,83 1,87 0,32 67,25
42 154,75 3,50 3,36 0,29 61,58
43 194,90 4,61 3,81 0,38 79,53
44 181,35 4,09 2,71 0,34 70,93
45 184,19 4,58 2,66 0,37 77,50
46 202,73 5,13 3,86 0,36 76,67
47 158,30 4,53 -0,13 0,27 57,94
48 184,91 4,75 0,93 0,36 75,95
49 183,07 4,52 0,80 0,33 70,14
50 213,35 5,05 4,44 0,36 76,16
51 185,96 4,58 3,74 0,39 81,40
52 146,21 3,55 -4,15 0,24 49,78
53 181,25 4,14 3,07 0,37 77,60
54 167,05 3,60 2,66 0,33 68,81
55 179,71 4,68 0,36 0,34 72,35
56 157,25 3,63 -7,08 0,26 54,23
57 159,42 3,84 -5,58 0,28 59,49
58 189,25 5,14 0,86 0,34 71,61
59 162,52 3,54 -0,42 0,26 55,19
60 159,82 3,77 4,73 0,30 63,54
N3
61 205,36 5,09 6,42 0,38 79,40
62 148,04 3,54 -4,79 0,20 41,38
63 150,85 3,64 -2,58 0,25 52,85
64 150,90 3,63 -2,25 0,28 59,27
65 150,63 3,60 -6,12 0,23 48,28
66 174,78 3,79 0,90 0,32 67,73
67 211,05 4,83 -0,47 0,32 67,58
68 144,69 3,83 3,69 0,31 66,44
69 150,23 3,94 2,49 0,27 57,81
70 155,96 3,64 -7,09 0,23 47,60
71 136,11 3,53 -9,22 0,16 33,71
73 183,60 5,10 4,31 0,39 82,45
74 171,52 3,80 2,09 0,33 69,44
75 167,72 3,52 1,97 0,29 60,69
76 194,11 5,24 2,66 0,36 75,38
77 176,90 5,00 3,03 0,39 83,09
78 183,46 3,51 0,15 0,31 66,24
79 185,93 4,82 3,04 0,39 82,11
80 190,49 4,76 3,81 0,38 80,89
81 160,64 3,83 0,57 0,29 61,54
Profundidade Nº do FMX VMX DFN EFV ETR
Gráficos
(m) golpe (kN) (m/s) (mm) (kN.m) (%)
1 134,68 4,05 25,63 0,26 54,31
2 135,02 3,72 8,33 0,25 53,64
3 157,53 4,08 5,67 0,22 47,36
4 142,20 4,07 -2,18 0,24 51,48
5 160,07 4,96 0,74 0,35 74,34
6 185,86 4,93 0,52 0,32 68,66
N1 7 149,17 3,99 -5,05 0,29 61,12
8 133,74 3,75 2,41 0,30 63,16
9 167,36 4,70 1,56 0,35 73,65
10 134,68 3,65 -3,22 0,30 62,95
11 122,90 3,50 -2,96 0,25 52,11
12 141,52 3,67 0,76 0,30 62,38
13 136,72 3,94 -4,19 0,22 46,56
14 131,72 3,56 -8,37 0,23 48,81
15 136,18 3,95 -4,23 0,22 46,76
16 143,00 3,82 -6,14 0,28 59,27
17 132,45 3,61 1,82 0,32 67,29
18 138,75 3,63 -5,56 0,20 42,65
19 139,68 3,85 -1,68 0,30 63,26
20 136,78 3,73 -2,80 0,30 62,39
21 136,51 3,68 -0,17 0,28 59,96
22 147,41 3,58 -5,17 0,26 54,21
23 137,85 3,74 -4,91 0,25 52,46
24 128,41 3,77 0,33 0,28 60,20
25 131,92 3,61 -0,33 0,28 59,57
26 136,15 3,58 -11,36 0,18 39,04
11 N2 27 177,85 4,77 -0,11 0,33 70,20
28 140,53 3,63 -7,26 0,22 45,49
29 149,93 3,94 -5,24 0,29 60,68
30 146,83 3,59 -8,25 0,24 50,62
31 150,93 3,83 -1,78 0,31 66,00
32 158,14 4,53 2,64 0,35 74,60
33 140,79 3,58 1,80 0,32 68,06
34 150,23 3,63 -1,97 0,26 55,94
35 169,93 4,48 0,70 0,34 70,86
36 172,64 5,30 -1,06 0,32 67,80
37 152,04 3,69 -9,90 0,21 45,21
38 141,73 3,44 -2,09 0,25 53,41
39 137,14 3,49 4,70 0,33 69,58
40 147,30 3,82 -3,94 0,27 56,49
41 159,34 4,24 -1,03 0,32 68,65
42 139,02 3,52 -4,29 0,22 47,39
43 148,44 3,88 4,30 0,33 70,00
44 158,58 3,88 -3,98 0,28 59,24
45 159,70 4,18 1,14 0,34 71,38
46 133,61 3,62 1,35 0,29 61,58
N3 47 203,08 5,09 1,54 0,33 70,26
48 149,90 3,85 -0,62 0,31 65,18
49 179,42 5,13 1,60 0,38 79,46
50 148,56 3,58 -3,55 0,27 57,75
51 173,13 5,22 0,38 0,37 77,29
52 134,37 3,52 -1,52 0,25 53,30
53 139,30 3,50 -3,96 0,22 47,11
Profundidade Nº do FMX VMX DFN EFV ETR
Gráficos
(m) golpe (kN) (m/s) (mm) (kN.m) (%)
1 171,70 5,45 10,00 0,29 62,11
2 188,09 5,57 8,14 0,31 66,12
3 204,98 5,59 6,09 0,31 65,52
N1
4 133,14 4,16 -0,20 0,23 48,30
5 147,63 4,17 -7,05 0,23 47,63
6 140,18 4,05 -5,65 0,20 43,23
7 143,77 4,02 -0,26 0,25 52,24
8 146,79 4,13 0,31 0,25 53,30
9 143,37 4,26 0,82 0,28 60,17
10 171,70 4,01 -3,71 0,25 52,11
11 160,51 4,32 1,08 0,31 64,80
12 173,26 5,24 -3,65 0,28 59,36
13 204,03 5,23 -5,22 0,26 54,27
14 143,03 4,22 -0,23 0,26 54,88
15 139,55 4,02 -3,84 0,24 50,76
16 153,97 4,14 -9,55 0,25 52,69
17 171,63 5,10 -4,59 0,26 54,46
18 176,85 5,15 -0,60 0,29 61,91
N2 19 192,14 5,40 1,59 0,30 64,07
20 185,23 5,34 0,52 0,30 63,37
21 146,30 4,11 -2,20 0,27 56,58
22 177,37 5,29 0,52 0,29 61,23
23 141,52 4,04 2,57 0,27 56,03
24 143,14 4,05 3,51 0,28 58,54
25 135,64 3,85 2,53 0,27 57,11
26 146,31 3,89 1,21 0,25 53,71
27 188,75 5,43 4,06 0,32 68,56
28 137,61 3,95 -4,83 0,20 41,20
29 152,99 3,92 -0,31 0,29 61,37
30 144,90 4,13 3,68 0,33 69,11
12 31 154,12 4,07 0,72 0,30 62,69
32 172,49 4,80 -2,45 0,33 70,02
33 140,21 3,89 -3,18 0,27 57,52
34 149,10 3,95 -5,57 0,26 55,97
35 144,08 3,99 -3,30 0,28 58,44
36 132,55 3,76 -6,79 0,23 47,73
37 139,17 3,85 -3,64 0,23 47,59
38 132,35 3,72 -4,83 0,23 48,28
39 160,77 4,18 -4,99 0,29 62,16
40 128,30 3,87 -6,46 0,26 55,82
41 126,00 3,64 3,69 0,24 50,55
42 133,56 3,70 -1,96 0,22 46,16
43 142,63 3,88 -7,35 0,26 55,96
44 181,59 5,05 -7,57 0,26 54,32
45 171,12 4,76 -6,81 0,29 62,01
46 182,73 4,82 -4,14 0,29 61,52
N3
47 127,34 3,81 -1,98 0,25 53,31
48 144,17 3,79 -10,42 0,25 53,74
49 140,26 3,69 -4,24 0,25 52,53
50 192,34 5,16 -0,82 0,30 63,96
51 152,32 3,71 -5,17 0,23 48,24
52 171,29 5,09 -7,37 0,28 59,48
53 178,14 5,22 -8,40 0,29 60,55
54 129,23 3,80 -8,86 0,20 43,08
55 179,43 4,93 -5,94 0,29 60,39
56 133,80 3,84 -8,19 0,24 51,70
57 129,63 3,86 7,91 0,26 54,91
58 189,25 5,14 0,86 0,34 71,61
59 139,51 3,95 8,35 0,30 63,71
60 146,46 3,69 -3,19 0,25 53,36
61 144,64 3,69 -6,14 0,26 54,13
Cálculo do Coeficiente η1

Prof. (m) Nspt Nº pancadas ETR η* D


n1 64,81 61,66 39,31
n2 65,35 63,18 26,55
n3 63,62 62,05 19,62
n4 65,81 64,18 19,73
9 n5 66,95 65,55 16,71
n6 69,16 67,20 22,59
n7 80,19 77,57 26,14
n8 59,52 57,67 24,93
1 n9 70,81 68,24 29,07
n10 65,95 63,67 27,60
n11 67,78 65,18 30,85
5 n12 79,44 75,75 37,53
n13 73,80 70,15 40,02
n14 65,79 62,29 43,11
n15 61,87 58,50 44,28
3 n16 65,89 61,92 49,14
n17 66,51 62,68 46,96
n1 50,05 45,24 81,17
3 n2 61,32 58,22 40,99
n3 68,88 65,46 40,21
n4 51,66 49,03 41,15
n5 55,15 52,13 44,42
4
n6 56,95 54,00 42,09
2 n7 62,26 59,22 39,45
n8 70,31 66,88 39,46
n9 60,72 58,17 33,83
n10 62,79 60,26 32,44
6
n11 64,75 62,40 28,98
n12 62,07 59,98 27,00
n13 56,60 54,97 23,03
n1 53,12 49,37 58,13
3 n2 56,83 54,06 39,51
n3 49,85 47,48 38,30
n4 63,29 60,38 37,14
n5 70,04 66,69 38,57
4
n6 65,19 62,71 30,58
n7 75,33 72,06 35,02
3
n8 64,73 62,46 28,14
n9 66,03 63,76 27,47
n10 61,50 59,68 23,52
7 n11 70,55 68,45 23,78
n12 72,26 70,23 22,50
n13 68,87 67,10 20,46
n14 73,75 71,93 19,67
n1 55,93 53,80 30,63
n2 63,17 61,07 26,62
n3 60,49 58,82 21,99
n4 61,93 60,32 20,64
8
n5 53,81 52,80 15,01
n6 59,84 58,61 16,36
n7 60,14 59,02 14,87
n8 58,15 57,43 9,90
n9 63,00 61,93 13,66
n10 62,13 61,39 9,57
n11 64,39 63,46 11,53
n12 66,69 65,63 12,69
n13 71,58 70,50 12,11
n14 57,06 56,36 9,92
n15 55,44 54,74 10,16
14
n16 61,48 60,76 9,46
n17 63,26 62,34 11,71
n18 65,92 65,08 10,30
4
n19 55,64 55,10 7,85
n20 58,21 57,58 8,83
n21 58,50 57,79 9,74
n22 61,63 60,96 8,75
n23 58,46 57,66 10,98
n24 76,90 75,46 14,92
n25 68,44 67,43 11,83
n26 58,76 57,97 10,89
n27 63,31 62,64 8,54
n28 64,14 63,57 7,23
n29 64,59 64,27 4,19
14
n30 74,43 73,67 8,33
n31 75,23 74,33 9,63
n32 67,61 67,00 7,42
n33 78,45 76,90 15,79
n34 64,45 63,91 6,86
n35 61,50 61,32 2,70
n36 72,20 71,70 5,73
Prof. (m) Nspt Nº pancadas ETR η* D
n1 68,86 66,38 28,88
n2 63,46 62,28 14,88
n3 58,02 57,26 10,47
n4 62,80 62,03 9,96
n5 57,50 56,81 9,78
n6 65,68 64,84 10,35
n7 57,04 56,43 8,68
n8 57,64 57,20 6,37
15 n9 58,86 58,27 8,13
n10 69,30 68,80 6,00
n11 60,51 59,88 8,43
n12 60,05 59,37 9,08
n13 70,01 69,29 8,33
n14 74,65 73,84 8,81
n15 73,37 72,36 11,03
n16 68,81 68,12 8,20
n17 68,81 68,12 8,20
n18 64,89 64,38 6,44
n19 58,83 58,34 6,88
n20 71,86 71,22 7,29
n21 58,28 58,24 0,92
n22 63,27 62,79 6,22
n23 58,38 57,95 6,03
5 n24 61,99 61,22 9,95
16
n25 75,04 74,16 9,39
n26 74,59 73,58 10,94
n27 64,76 63,80 11,95
n28 65,59 65,38 2,89
n29 65,22 64,55 8,30
n30 77,25 76,25 10,32
n31 72,84 71,44 15,36
n32 67,25 66,80 5,54
n33 77,09 76,18 9,48
n34 66,20 65,57 7,73
n35 68,44 67,79 7,69
n36 71,61 70,23 15,44
n37 76,39 75,66 7,71
n38 63,27 62,52 9,51
n39 63,37 62,57 10,16
16
n40 60,60 60,16 5,89
n41 64,72 63,99 9,16
n42 74,77 73,76 10,79
n43 69,66 68,60 12,16
n44 66,56 65,50 12,74
n45 60,91 60,65 3,63
n46 67,82 66,59 14,48
n47 70,85 69,83 11,51
n1 56,97 53,78 45,49
n2 74,62 70,92 40,11
4
n3 68,18 66,11 24,22
n4 72,05 69,81 24,81
n5 66,48 64,75 20,75
n6 80,17 78,00 21,58
n7 74,70 73,17 16,32
n8 69,41 67,78 18,71
8
n9 70,04 68,34 19,44
n10 73,47 71,78 18,36
n11 71,53 70,06 16,36
6 n12 68,87 67,45 16,46
n13 73,60 71,93 18,12
n14 64,23 62,66 19,46
n15 68,63 66,97 19,34
n16 69,80 68,45 15,47
n17 67,60 66,36 14,65
11 n18 68,53 67,04 17,29
n19 63,47 62,24 15,49
n20 64,69 63,20 18,30
n21 58,17 57,13 14,19
n22 65,89 64,65 14,97
n23 70,34 68,86 16,75
Prof. (m) Nspt Nº pancadas ETR η* D

n1 62,99 59,60 43,81


n2 62,76 59,25 45,53
6 n3 67,63 66,46 13,88
n4 60,48 59,33 15,14
n5 69,41 68,27 13,22
n6 70,17 68,53 18,63
n7 60,98 59,90 14,14
n8 71,62 70,20 15,88
n9 75,90 74,28 16,96
n10 71,78 70,69 12,13
n11 72,45 71,41 11,56
n12 73,31 72,61 7,84
n13 74,57 74,03 5,98
n14 71,43 70,77 7,60
17 n15 64,19 64,02 2,51
n16 60,02 59,98 0,97
n17 75,98 75,52 5,05
n18 73,59 72,94 7,28
n19 78,48 78,00 5,18
n20 76,68 76,06 6,67
n21 85,22 84,06 10,93
n22 72,05 71,58 5,49
n23 71,25 70,60 7,44
n24 53,46 53,27 3,05
n25 66,56 66,30 3,46
7 n26 64,75 64,51 3,34
n27 63,61 63,21 5,28
n28 79,57 78,75 8,31
n29 63,65 63,28 4,83
n30 74,63 74,17 5,22
n31 75,10 74,33 8,33
n32 63,35 63,11 3,43
n33 63,35 63,11 3,43
n34 85,01 84,41 5,93
n35 71,01 70,56 5,28
n36 78,89 78,22 6,93
n37 73,46 72,97 5,57
29 n38 76,22 75,94 3,28
n39 69,84 69,67 2,26
n40 82,89 82,50 4,04
n41 77,05 76,67 4,16
n42 83,04 82,55 4,98
n43 76,10 75,60 5,47
n44 81,46 80,96 5,11
n45 58,28 57,92 5,12
n46 75,15 74,72 4,83
n47 72,99 72,65 4,01
n48 75,37 75,00 4,24
n49 70,78 70,45 4,03
n50 83,21 82,60 6,08
n51 77,07 76,74 3,71
n52 73,04 72,70 3,97
Prof. (m) Nspt Nº pancadas ETR η* D

n1 68,32 64,33 47,62


n2 62,15 60,78 17,63
n3 73,45 72,01 15,61
n4 51,51 51,33 3,16
n5 57,01 56,95 1,32
11 n6 61,81 61,47 4,61
n7 56,67 56,29 5,65
n8 57,89 57,64 3,77
n9 70,86 70,19 7,71
n10 61,58 60,96 8,20
n11 63,64 63,04 7,70
n12 79,13 78,22 9,32
n13 65,56 64,81 9,22
n14 60,65 60,16 6,62
n15 74,10 73,35 8,27
n16 64,25 63,43 10,20
n17 66,69 65,97 8,83
n18 64,76 64,28 6,11
n19 64,19 63,59 7,52
n20 79,79 78,99 8,16
n21 76,44 75,69 8,02
n22 77,80 77,13 6,97
n23 66,21 65,65 6,96
26 n24 66,84 66,68 2,31
n25 68,11 67,68 5,27
n26 68,59 68,16 5,28
n27 80,57 79,75 8,22
n28 65,39 64,93 5,84
n29 61,08 60,64 5,96
n30 75,11 74,66 4,99
n31 81,92 81,24 6,75
n32 66,11 65,57 6,70
n33 62,15 61,86 4,09
n34 67,15 66,70 5,63
n35 73,18 72,57 6,81
8 n36 81,05 80,43 6,21
n37 60,42 60,09 4,69
n38 60,40 60,09 4,41
n39 67,03 66,52 6,29
n40 59,91 59,75 2,40
n41 77,54 76,96 6,17
n42 68,12 67,84 3,66
n43 77,05 76,59 5,06
n44 65,09 64,85 3,19
n45 62,66 62,31 4,82
n46 74,73 74,05 7,41
n47 72,87 72,41 5,33
n48 65,10 64,68 5,41
n49 56,64 56,59 1,13
n50 61,63 61,43 2,93
n51 67,27 67,10 2,34
n52 68,92 68,29 7,50
n53 58,58 58,46 1,98
34 n54 64,26 64,10 2,30
n55 72,98 72,57 4,81
n56 70,38 69,97 4,93
n57 70,82 70,62 2,56
n58 62,40 62,01 5,24
n59 70,86 70,58 3,47
n60 64,68 64,65 0,80
n61 64,75 64,28 5,98
n62 64,22 63,83 5,02
n63 66,09 65,97 1,85
n64 60,23 60,22 0,52
n65 65,00 64,81 2,67
n66 65,91 65,82 1,49
n67 60,79 60,39 5,47
n68 55,17 55,20 0,04
n69 57,05 57,14 -0,66
n70 63,66 63,35 4,15
n71 45,19 45,06 2,62
Prof. (m) Nspt Nº pancadas ETR η* D

n1 49,48 46,75 44,83


n2 61,75 58,32 45,10
6 n3 49,68 48,89 12,78
n4 42,38 42,23 3,27
n5 60,73 59,41 17,26
n6 66,87 64,87 23,94
n7 64,23 61,52 33,93
n8 66,61 64,97 19,70
n9 53,33 52,32 15,10
n10 57,44 56,92 7,37
n11 69,57 68,70 10,01
12 n12 69,14 68,17 11,20
n13 72,34 71,36 10,91
n14 75,57 74,83 8,01
n15 58,47 58,09 5,47
n16 64,52 63,86 8,37
n17 68,99 68,13 9,98
n18 68,56 67,96 7,06
n19 69,94 69,15 9,19
n20 53,32 53,06 4,25
n21 72,01 71,36 7,43
n22 75,98 75,19 8,43
9 n23 63,37 63,13 3,33
n24 73,22 72,67 6,25
n25 67,67 67,35 4,11
n26 69,44 69,12 3,93
n27 71,73 71,18 6,30
n28 74,50 73,78 7,87
n29 73,48 72,76 7,96
n30 65,73 65,34 5,00
n31 75,11 74,32 8,50
27 n32 69,89 69,43 5,44
n33 74,20 73,45 8,19
n34 66,49 66,17 4,15
n35 68,06 67,63 5,35
n36 65,28 64,63 8,06
n37 67,13 66,71 5,25
n38 67,18 66,67 6,30
n39 79,12 77,31 18,30
n40 78,42 77,80 6,57
n41 70,45 69,89 6,52
n42 76,46 75,42 10,99
n43 67,41 67,03 4,81
n44 51,64 51,79 -1,75
n45 55,50 55,54 -0,10
Prof. (m) Nspt Nº pancadas ETR η* D

n1 63,00 61,83 14,81


n2 71,66 70,32 14,95
n3 71,83 70,79 11,60
n4 54,28 53,78 7,44
n5 70,27 69,78 5,78
n6 71,59 70,64 10,66
13 n7 69,62 69,12 5,93
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n9 70,52 70,02 5,93
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n11 50,49 50,47 0,82
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n81 61,54 61,53 0,57
Prof. (m) Nspt Nº pancadas ETR η* D

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Prof. (m) Nspt Nº pancadas ETR η* D

n1 62,11 61,34 10,00


n2 66,12 65,46 8,14
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n9 60,17 60,14 0,82
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n12 59,36 59,68 -3,65
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n17 54,46 54,83 -4,59
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n61 54,13 54,60 -6,14

η1 Médio 64,267 %
0,6427

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