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2011
Instituto Superior de Engenharia do Porto
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA
1020244
São devidos os mais sinceros agradecimentos a todos aqueles que colaboraram de algum
modo, directa ou indirectamente, no desenvolvimento deste trabalho.
Em primeiro lugar, e para mim o mais especial agradecimento, ao Doutor Nuno Cruz e Doutor
Carlos Rodrigues, por toda a amizade, por todo o apoio e ensinamentos transmitidos ao longo
deste tempo, muito obrigado.
Ao Doutor Paulo Meixedo pela disponibilidade e apoio incondicional.
Aos meus superiores hierárquicos Jorge Cruz e Vieira Simões, por disponibilizarem todos os
meios necessários à realização deste trabalho, sem essa ajuda nada disto seria possível.
A todos os que trabalham ou trabalharam diariamente no estaleiro de Canelas da Mota-Engil:
Mike Lopes, Fernando Paiva, Nuno Oliveira, Ricardo Rocha, Cárin Mateus, Luís Machado,
Patrícia Vieira, Francisco Silva, Leonel Conde, Miguel Meireles e Carmo Pinto, por
proporcionarem que o trabalho seja mais simpático de se executar.
À Direcção de Geotecnia da Mota-Engil e aos seus colaboradores, a qual me orgulho de
integrar, em especial e à fantástica equipa de sondadores liderada pelo Srª Luís Póvoas, que
fazem diariamente o trabalho de bastidores.
Ao Doutor António Quartel por toda a simpatia e disponibilidade.
Aos meus pais e irmã, por toda a compreensão e apoio incondicional em todas as minhas
opções.
Ao Gil por todo o apoio e paciência nos dias de má disposição.
À Inês, por me ter incentivado nos momentos que me fui abaixo.
A todos aqueles em que os nomes não aparecem, mas não estão nem nunca serão
esquecidos.
A todos o meu obrigado, sem a vossa contribuição nada disto seria possível!
Palavras-chave
SPT, força, velocidade, energia, capacidade de carga de estacas.
Resumo
Este trabalho insere-se no domínio da calibração energética dos equipamentos SPT, dando
seguimento ao disposto na norma EN ISO 22476-3, de aplicação obrigatória em Portugal. Para
tal foi utilizada uma vara instrumentada, cuja instrumentação consiste em strain-gauges e
acelerómetros piezoeléctricos. Esta instrumentação encontra-se fixa a um trecho de vara com
comprimento de 60 cm e para a aquisição dos dados foi utilizado o sistema SPT Analyzer®
comercializado pela firma PDI. O sistema permite registar os dados provenientes da
instrumentação: sinais de um par de strain-gauges, transformados em registos de força (F1 e F2)
e sinais de um par de acelerómetros, convertidos em registos de velocidade (V1 e V2) ao longo
do tempo. O equipamento permite a avaliação, em tempo real, da qualidade dos registos e da
energia máxima transmitida à vara em cada golpe e o conhecimento do deslocamento vertical
do trem de varas ocorrido em cada golpe do martelo.
Por outro lado, baseando-se no tema acima referido, pretende-se ainda desenvolver esforços no
sentido de melhorar o novo método interpretativo dos resultados dos ensaios SPT e sua
aplicação ao dimensionamento de estacas, dado que a previsão da capacidade de carga de
estacas constitui um dos desafios da engenharia de fundações por requerer a estimativa de
propriedades do solo, alterações pela execução da fundação e conhecimento do mecanismo de
interacção solo-estaca. Este novo procedimento baseia-se nos princípios da dinâmica, rompendo
com as metodologias até aqui consagradas, de natureza essencialmente empírica. A nova forma
de interpretar os ensaios SPT, consubstanciada nos princípios de conservação de energia na
cravação do amostrador SPT, irá permitir converter analiticamente o valor Nspt numa força
dinâmica de reacção à penetração. A decomposição desta força dinâmica permite efectuar
análises comparativas entre as resistências unitárias mobilizadas no amostrador SPT (modelo) e
as mobilizadas na estaca (protótipo).
Keywords
SPT, strength, speed, energy, load capacity of piles.
Abstract
This essay insert’s himself in the field of energy calibration of SPT equipment’s, following
the provisions of EN ISO 22476-3, a mandatory in Portugal.
For so, it was used an instrumented rod, whose instrumentation consists in “strain-gauges” and
piezoelectric accelerometers.
This instrumentation is fixed to a piece of rod with a length of 60 cm and for the data
acquisition was used the SPT Analyzer ® system commercialized by the firm PDI. The system
allows recording data from the instrumentation: Signs of a pair of "strain gauges", transformed
into records of force (F1 and F2) and signs of a pair of accelerometers, records converted
to speed (V1 and V2) over the time. The equipment allows the evaluation, in real time, of the
quality of records and the maximum energy transmitted to the rod on each stroke and the
knowledge of the vertical displacement of the train rods occurred on each stroke of the
hammer.
Since the prediction of piles load capacity consists one of the challenges of
foundations engineering by requiring the estimation of soil properties, changes by the
execution of the foundation and understanding the mechanism of soil-pile interaction, we
intend to further efforts to introduce a new interpretation method of the SPT test results and its
application to the piles design. This new procedure is based on the dynamic principles, breaking
with the conventional methods, of essentially empirical nature. The new way to interpret
the SPT test, embodied in the principles of energy conservation in spiking the SPT sampler,
will allow to analytically convert the Nspt value into one dynamic strength of penetration
reaction. The decomposition of this dynamic strength allows performing comparative analysis
between the unit resistances mobilized in the SPT sampler (model) and the mobilized in the
stake (prototype).
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ - 1 -
1.1 ENQUADRAMENTO GERAL ........................................................................................................... - 1 -
1.2 OBJECTIVOS.............................................................................................................................. - 2 -
1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA......................................................................................................... - 2 -
1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .................................................................................................. - 3 -
I
2.6.4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... - 34 -
2.6.4.2 MÉTODOS RACIONAIS OU TEÓRICOS ..................................................................... - 34 -
2.6.4.3 MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS ................................................................................ - 36 -
2.6.4.3.1 MÉTODO DE AOKI & VELLOSO (1975) ............................................................................. - 36 -
2.6.4.3.2 MÉTODO DÉCOURT & QUARESMA (1978)........................................................................ - 38 -
2.6.4.3.3 MÉTODO BUSTAMANTE & GIANESELLI (1982)................................................................... - 39 -
2.6.4.4 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS DE CARGA – CARGA DE ROTURA ............... - 42 -
2.6.4.4.1 EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA CARGA-ASSENTAMENTO ............................................................. - 42 -
2.6.4.4.1.1 Método de Van der Veen (1953) ........................................................ - 42 -
2.6.4.4.1.2 Método de Chin (1971, 1978) ............................................................ - 44 -
2.6.4.4.2 DEFINIÇÃO DA CARGA DE ROTURA A PARTIR DA CURVA CARGA-ASSENTAMENTO ......................... - 45 -
2.6.4.4.2.1 Método da Norma Brasileira NBR 6122 (1996) .................................. - 45 -
2.6.4.4.2.2 Método de Davisson (1972) ............................................................... - 46 -
4 INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA............................................................................................ - 55 -
4.1 O ENSAIO SPT ........................................................................................................................ - 55 -
4.1.1 AMOSTRADOR............................................................................................................. - 55 -
4.1.2 VARAS ....................................................................................................................... - 55 -
4.2 REGISTOS DE ENERGIA NOS EQUIPAMENTOS SPT ........................................................................... - 57 -
4.2.1 SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS (SPT ANALYSER) ........................................................ - 57 -
4.2.1.1 CONSOLA DE AQUISIÇÃO DE DADOS ...................................................................... - 58 -
4.2.1.2 CARTÃO DE MEMÓRIA........................................................................................ - 58 -
4.2.1.3 OS CABOS DE CONEXÃO ..................................................................................... - 59 -
4.2.1.4 VARA INSTRUMENTADA...................................................................................... - 59 -
4.2.2 CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO (SPT ANALYSER) ........................................................... - 62 -
4.3 EQUIPAMENTO DE PERFURAÇÃO ................................................................................................ - 63 -
II
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ..................................................................................... - 66 -
5.1 CAMPANHA PRELIMINAR COM VISTA À CALIBRAÇÃO ENERGÉTICA DOS EQUIPAMENTOS SPT .................. - 66 -
5.1.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO CAMPUS DA UA .................. - 66 -
5.1.2 REGISTOS DE ENERGIA .................................................................................................. - 66 -
5.1.3 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ...................................................................... - 67 -
5.1.4 CONSEQUÊNCIAS DAS MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ........................................ - 73 -
5.2 PRIMEIRA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO ENERGÉTICA DOS EQUIPAMENTOS SPT ................................... - 74 -
5.2.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO ESTALEIRO DE CANELAS......... - 75 -
5.2.2 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ...................................................................... - 75 -
5.2.2.1 MARTELO MRT 11 – PROFUNDIDADE DE 1,25 M .................................................. - 75 -
5.2.2.2 MARTELO MRT 05 – PROFUNDIDADE DE 1,74 M .................................................. - 77 -
5.2.2.3 MARTELO MRT 07 – PROFUNDIDADE DE 2,77 M .................................................. - 78 -
5.2.2.4 MARTELO MRT 03 – PROFUNDIDADE DE 3,43 M .................................................. - 80 -
5.2.2.5 MARTELO MRT 04 – PROFUNDIDADE DE 3,43 M .................................................. - 80 -
5.2.2.6 MARTELO MRT 08 – PROFUNDIDADE DE 4,38 M .................................................. - 81 -
5.2.2.7 MARTELO MRT 09 – PROFUNDIDADE DE 4,72 M .................................................. - 83 -
5.2.2.8 MARTELO MRT 06 – PROFUNDIDADE DE 5,25 M .................................................. - 84 -
5.3 SEGUNDA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO DE MARTELOS SPT .............................................................. - 85 -
5.3.1 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ...................................................................... - 86 -
5.3.1.1 MARTELO MRT08 – PROFUNDIDADE DE 1,27 M ................................................... - 86 -
5.3.1.2 MARTELO MRT10 – PROFUNDIDADE DE 2,85 M ................................................... - 88 -
5.3.1.3 MARTELO MRT04 – PROFUNDIDADE DE 4,37 M ................................................... - 89 -
5.3.1.4 MARTELO MRT05 – PROFUNDIDADE DE 5,81 M ................................................... - 90 -
5.4 TERCEIRA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO DE MARTELOS SPT ............................................................... - 92 -
5.4.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO ESTALEIRO DE PORTO ALTO ... - 92 -
5.4.2 MEDIÇÕES ENERGÉTICAS NOS ENSAIOS SPT ...................................................................... - 92 -
5.5 RESULTADOS FINAIS ................................................................................................................. - 96 -
5.6 ENSAIOS DE MICRO-ESTACAS À COMPRESSÃO E À TRACÇÃO............................................................ - 98 -
5.6.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. - 98 -
5.6.2 PREPARAÇÃO DOS ENSAIOS ........................................................................................... - 99 -
5.6.3 ENSAIO À TRACÇÃO .................................................................................................... - 100 -
5.6.4 ENSAIO À COMPRESSÃO .............................................................................................. - 101 -
5.6.5 RESULTADOS DOS ENSAIOS .......................................................................................... - 102 -
5.6.5.1 ENSAIO À TRACÇÃO ......................................................................................... - 102 -
5.6.5.2 ENSAIO À COMPRESSÃO – 1º CICLO DE CARGA ..................................................... - 105 -
III
5.6.5.3 ENSAIO À COMPRESSÃO – 2º CICLO DE CARGA ..................................................... - 107 -
5.6.5.4 EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA DE CARGA-ASSENTAMENTO .......................................... - 110 -
5.6.5.4.1 MÉTODO DE VAN DER VEEN ......................................................................................... - 110 -
5.6.5.4.2 MÉTODO DE CHIN ....................................................................................................... - 111 -
5.6.5.4.3 MÉTODO DA NORMA BRASILEIRA NBR 6122 .................................................................. - 112 -
5.6.5.4.4 MÉTODO DE DAVISSON ................................................................................................ - 114 -
5.7 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA - MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS ............................................... - 116 -
5.8 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA - MÉTODOS BASEADO NA EQUAÇÃO DE ONDA (PROPOSTO) ....... - 120 -
ANEXOS:
ANEXO I – BOLETIM DO LOG DE SONDAGEM;
IV
LISTA DE FIGURAS
V
Figura 28 – Equipamento utilizado na campanha preliminar (Campus UA) ............................... - 63 -
Figura 29 - Equipamento utilizado na 1ª e 2ª campanha (Estaleiro de Canelas) ........................ - 64 -
Figura 30 - Sequência de operações de calibração de um martelo SPT ...................................... - 64 -
Figura 31 - Equipamento utilizado na 3ªcampanha (Estaleiro de Porto Alto)............................. - 65 -
Figura 32 – Caixa de sondagem .................................................................................................. - 65 -
Figura 33 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 1/8
do martelo, correspondente à profundidade de 1,5 m (NSPT=4) ............................................... - 68 -
Figura 34 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o 1º pulso do
golpe 1/8 do martelo, correspondente à profundidade de 1,5 m (NSPT=4) ............................... - 69 -
Figura 35 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o 2º e 3º
pulso do golpe 1/8 do martelo, correspondente à profundidade de 1,5 m (NSPT=4) ................ - 70 -
Figura 36 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
17/18 do martelo, correspondente à profundidade de 7,5 m (NSPT=11)................................... - 71 -
Figura 37 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
59/107 do martelo, correspondente à profundidade de 9 m (NSPT=60) ................................... - 72 -
Figura 38 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
104/107 do martelo, correspondente à profundidade de 9 m (NSPT=60) ................................. - 73 -
Figura 39 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-11 ......................................... - 76 -
Figura 40 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
18/22 do martelo MRT 11, correspondente à profundidade de 1,25 m (NSPT=60) ................... - 76 -
Figura 41 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-05 ......................................... - 77 -
Figura 42 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
35/65 do martelo MRT 05, correspondente à profundidade de 1,74 m (NSPT=39) ................... - 78 -
Figura 43 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT- 07 ........................................ - 78 -
Figura 44 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 5/22
do martelo MRT 07, correspondente à profundidade de 2,77 m (NSPT=16) .............................. - 79 -
Figura 45 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-04 ......................................... - 80 -
Figura 46 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
16/33 do martelo MRT 04, correspondente à profundidade de 3,43 m (NSPT=20) ................... - 81 -
Figura 47 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-08 ......................................... - 82 -
Figura 48 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
22/33 do martelo MRT 08, correspondente à profundidade de 4,38 m (NSPT=22) ................... - 83 -
Figura 49 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-09 ......................................... - 83 -
Figura 50 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
21/35 do martelo MRT 09, correspondente à profundidade de 4,72 m (NSPT=26) ................... - 84 -
VI
Figura 51 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-06 ......................................... - 84 -
Figura 52 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
24/35 do martelo MRT 06, correspondente à profundidade de 5,25 m (NSPT=26) ................... - 85 -
Figura 53 - Amostradores Pilcon numerados e com massa normalizada ................................... - 86 -
Figura 54 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-08 ......................................... - 87 -
Figura 55 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
21/40 do martelo MRT08, correspondente à profundidade de 1,27 m (NSPT=28) .................... - 87 -
Figura 56 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-10 ......................................... - 88 -
Figura 57 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
28/35 do martelo MRT08, correspondente à profundidade de 2,85 m (NSPT=24) .................... - 89 -
Figura 58 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-04 ......................................... - 89 -
Figura 59 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
21/28 do martelo MRT04, correspondente à profundidade de 4,37 m (NSPT=20) .................... - 90 -
Figura 60 - Resultados dos registos energéticos do martelo MRT-05 ......................................... - 91 -
Figura 61 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
19/21 do martelo MRT05, correspondente à profundidade de 5,81 m (NSPT=13) .................... - 91 -
Figura 62 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
14/23, correspondente à profundidade de 5,59 m (NSPT=11) ................................................... - 93 -
Figura 63 - Resultados dos registos energéticos do martelo á profundidade de 5,59m ............. - 94 -
Figura 64 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe
66/70, correspondente à profundidade de 11,99 m (NSPT=11) ................................................. - 95 -
Figura 65 - Resultados dos registos energéticos do martelo á profundidade de 11,99m ........... - 95 -
Figura 66 – Ensaio de carga sobre a micro-estaca no Estaleiro de Porto Alto ............................ - 99 -
Figura 67 - Esquema de ensaio à tracção utilizado. .................................................................. - 100 -
Figura 68 - Esquema de ensaio à compressão utilizado............................................................ - 101 -
Figura 69 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) realizadas durante o ensaio à
tracção…………………………………………………………………………………………………………………………………..- 103 -
Figura 70 - Relação força – deslocamento na cabeça da micro-estaca no ensaio à tracção ..... - 103 -
Figura 71 – Comportamento de estacas submetidas a esforços de tracção e compressão
(Fellenius, 1984) ........................................................................................................................ - 104 -
Figura 72 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) na cabeça da micro-estaca no 1º ciclo de
carga no ensaio à compressão .................................................................................................. - 106 -
Figura 73 - Diagrama força – deslocamento da cabeça da micro-estaca no 1º ciclo de carga no
ensaio à compressão................................................................................................................. - 107 -
VII
Figura 74 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) na cabeça da micro-estaca no 2º ciclo de
carga no ensaio à tracção ......................................................................................................... - 109 -
Figura 75 - Relação força – deslocamento no 2º ciclo de carga no ensaio à compressão ........ - 109 -
Figura 76 - Linha de tendência linear (método de Van der Veen, 1970) .................................. - 110 -
Figura 77 - Curva carga-assentamento dos ensaios de carga na micro-estaca (método de Van der
Veen, 1970) ............................................................................................................................... - 111 -
Figura 78 - Linha de tendência linear (método de Chin, 1971) ................................................. - 111 -
Figura 79 - Curva carga-assentamento dos ensaios de carga na micro-estaca (método de Chin,
1971) ......................................................................................................................................... - 112 -
Figura 80 - Definição da carga de rotura total (Método de Norma Brasileira NBR 6122,
considerando a extrapolação da curva carga-assentamento pelo método de Van der Veen).. - 113 -
Figura 81 - Definição da carga de rotura total (Método de Norma Brasileira NBR 6122,
considerando a extrapolação da curva carga-assentamento pelo método de Chin) ................ - 113 -
Figura 82 - Definição da carga de rotura total (Método de Davisson, considerando a extrapolação
da curva carga-assentamento pelo método de Van der Veen) ................................................. - 115 -
Figura 83 - Definição da carga de rotura total (Método de Davisson, considerando a extrapolação
da curva carga-assentamento pelo método de Chin) ............................................................... - 115 -
VIII
LISTA DE TABELAS
IX
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
α : Coeficiente de adesão;
α : Coeficiente que define a forma da curva – Método de Van der Veen, 1953;
α : Coeficiente de ajuste aplicado à resistência lateral, considerando os diferentes tipos de
estacas (Lobo, 2005);
β : Ponto de intersecção da recta com o eixo das abscissas – Método de Van der Veen, 1953;
∆ : Variação volumétrica;
∆EPGmSistema
+h : Energia potencial gravítica do sistema (martelo + trem de varas);
∆L : Segmento de estaca;
δ : Variação;
δ : Ângulo de resistência ao corte entre a estaca e o solo;
δ : Assentamento;
ϕ ' : Ângulo de resistência ao corte interno do solo perturbado em termos de tensões efectivas;
v : Coeficiente de Poisson;
σ : Tensão;
X
σ v : Tensão vertical do solo;
a : Aceleração da partícula;
A : Área;
c : Coesão do solo;
d : Diâmetro do amostrador;
E : Módulo de elasticidade;
EF 2 : Energia transferida ao trem de varas, obtida com registos de força ao quadrado até F=0;
E2 F : Energia transferida ao trem de varas, obtida com registos de força ao quadrado até t=2l/c;
XI
EFV : Energia máxima transferida ao trem de varas, obtida com registos de força e velocidade;
g : Aceleração da gravidade;
I r : Índice de rigidez;
K 0 : Coeficiente de repouso;
K c : Factor de capacidade;
L : Comprimento da estaca;
M m : Massa do martelo;
XII
N m : Valor médio de Nspt ao longo do fuste;
t : Tempo;
T : Energia cinética;
U : Perímetro da estaca;
u : Deslocamento;
V : Energia potencial;
XIII
V (t ) : Velocidade da onda longitudinal ao longo do tempo;
XIV
1 INTRODUÇÃO
-1-
Então, e dado que a previsão da capacidade de carga de estacas constitui um dos desafios da
engenharia de fundações por requerer a estimativa de propriedades do solo, alterações pela
execução da fundação e conhecimento do mecanismo de interacção solo-estaca, pretende-se
desenvolver trabalho no sentido de comprovar a aplicabilidade de um novo método
interpretativo dos resultados dos ensaios SPT e sua aplicação ao dimensionamento de estacas,
baseado nos princípios da dinâmica, rompendo com as metodologias até aqui consagradas, de
natureza essencialmente empírica.
A introdução desta nova metodologia vem ao encontro das recentes investigações científicas
constituindo-se verdadeiramente numa inovação no panorama nacional e ao nível dos recentes
desempenhos internacionais.
1.2 OBJECTIVOS
O presente trabalho tem como principal objectivo testar um novo método de previsão de
capacidade de carga de estacas baseado na interpretação directa dos resultados de ensaios SPT, e
tem como base as equações desenvolvidas a partir de conceitos físicos, utilizando uma nova
interpretação do ensaio, na qual é calculada uma força dinâmica de reacção do solo à cravação do
amostrador SPT.
Na sequência do desenvolvimento deste trabalho, surgiu, em adição ao objectivo principal, a
necessidade de se conhecer o nível de eficiência energética que cada um dos dispositivos SPT
utilizados, de modo a que a informação acerca do parâmetro N60 fosse fidedigna. Assim como
objectivo secundário, mas não menos importante, pretende-se avaliar a eficácia energética dos
equipamentos SPT, de modo a que cumpram a norma EN ISO 22476-3, de aplicação obrigatória
em Portugal.
Outro objectivo a atingir no projecto referia-se à componente de investigação relacionada com a
clarificação de assuntos extremamente actuais no domínio da dinâmica da propagação de ondas
de tensão nas varas SPT. Neste sentido pretende-se verificar a influência que o comprimento do
trem de varas tem na eficácia energética. Um dos pontos a investigar diz respeito também à
averiguação da influência da velocidade de queda do martelo na eficácia energética.
A prática portuguesa de projectos de fundações está intimamente relacionada com ensaios SPT,
por isso o hábito de relacionar resultados deste ensaio directamente com a capacidade de carga
de estacas. Os métodos tradicionalmente empregues, baseiam-se em correlações estatísticas
-2-
entre medidas de Nspt e a capacidade de carga de estacas. Embora estes métodos constituam uma
ferramenta valiosa para a engenharia de fundações, é importante reconhecer que, devido à sua
natureza estatística, a validade está limitada à prática construtiva regional e às condições
específicas dos casos históricos utilizados em seu estabelecimento (Schnaid, 2000). Deste modo,
observa-se a necessidade de incorporar à engenharia de fundações um método racional de
análise baseado nos conceitos de energia para a previsão de capacidade de carga de estacas
obtido directamente a partir de resultados de ensaio SPT.
Face às necessidades citadas, desenvolveu-se nesta pesquisa um método de previsão de
capacidade de carga de estacas baseado em uma nova interpretação do ensaio SPT sugerida por
Odebrecht (2003). O método proposto baseia-se em análises comparativas das resistências
unitárias mobilizadas entre o amostrador SPT durante a sua cravação (modelo) com as
resistências unitárias mobilizadas pela estaca (protótipo).
-3-
2 ESTADO DA ARTE – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Cavalcante (2002) a história do SPT fica marcada por quatro grandes fases. A primeira
fase inicia-se em 1902 e vai até meados dos anos 20, a segunda fase começa por volta de 1927 e
termina na fase final da década de 40, a terceira fase que se estende até aos anos 70 e a quarta
fase que se segue até aos dias de hoje.
Segundo Belicanta (1998), no final do século XIX, os meios de investigação dos solos era realizada
através de abertura de poços, escavações de grande porte e recolha de detritos por meio de
perfuração com circulação de água. Segundo Terzaghi & Peck (1962), estes métodos de
investigação dos solos apresentavam claramente a sua ineficiência, pois provocavam grandes
alterações na estrutura e, em alguns casos, na própria constituição do solo que se pretendia
estudar.
Em 1902, o engenheiro Charles R. Gow desenvolveu um novo procedimento de sondagem que é
caracterizado pelo processo dinâmico de cravação de um tubo de diâmetro interno nominal de
25,4 mm por força de queda livre de um martelo no solo, obtendo assim as primeiras amostras
associadas a esses processos. Após a introdução destes processos dinâmicos de cravação,
introduzidos pelo engenheiro Charles R. Gow, foi possível obter amostras de melhor qualidade,
não causando grandes perturbações do solo, permitindo a relação dos resultados obtidos com
certos parâmetros geotécnicos através de métodos empíricos ou semi-empíricos.
Por outro lado, a falta de registos do modo de execução do ensaio nessa época, nomeadamente,
a altura de queda do martelo, o peso do martelo, o modo de contagem do número de golpes,
etc., limitavam seriamente a sua análise (Belicanta, 1998), pelo que houve necessidade de
desenvolver trabalho nesse sentido.
Em 1927, a Raymond Concrete Pile Co., juntamente com a The Gow Company, baseados em
trabalhos de Fletcher e Harry A. Mohr, desenvolvem um amostrador, de diâmetro externo de
51mm e diâmetro interno de 31mm, constituído por três partes: cabeça, corpo central e boca
biselada (Figura 1). A principal característica desse amostrador era o facto de o corpo central ser
bipartido, o que facilitava imenso a recolha e visualização da amostra adquirida no ensaio,
bastava para tal, desenroscar as duas extremidades do amostrador (cabeça e boca) e separar as
duas partes do corpo central.
De acordo com Texeira (1977), o critério de cravação inicial de 15cm do comprimento do
amostrador do tipo “Raymond” e de contagem do número de golpes para a cravação de 30cm
-4-
restantes é creditado a Harry A. Mohr e o critério do número de golpes passou a ser utilizado
como um índice de resistência à penetração dinâmica.
-5-
Mais uma vez, James D. Parson propõe que o resultado da resistência à penetração do
amostrador fosse a menor soma de dois dos três intervalos ensaiados, enquanto que Terzaghi &
Peck (1948) defendiam que este resultado seria dado pela soma dos dois últimos intervalos
ensaiados. Com o aparecimento da primeira norma (ASTM D1586/58T), ainda hoje em vigor
apesar de inúmeras revisões, a proposta de James D. Parson fica excluída. Em 1967, segundo
trabalhos de Terzaghi & Peck (1948); Fletcher (1965, 1967); LO Pinto (1966); Schnabel (1966) e
Geisser (1966), concluí-se que o primeiro intervalo de cravação (152 mm) correspondia ao
intervalo de assentamento do amostrador, pois o número de pancadas necessárias para cravar o
amostrador nos primeiros 152 mm é inferior comparado com os restantes intervalos de
penetração. Tal facto relaciona-se com as perturbações do solo na base do furo, limpeza
inadequada do mesmo, ou ainda pelo alívio de tensões devido à retirada da coluna de solo pela
perfuração (Palacios, 1977).
Terzaghi & Peck (1962) fazem menção ao número de golpes contados na cravação de 30cm do
amostrador como um método de avaliação do grau de compacidade dos solos. O procedimento
de cravação do amostrador, considerando o martelo de 65kg caindo de uma altura de 75cm, é
descrito por estes autores como um processo padrão (standard). Com esta apresentação do
ensaio penetração dinâmica, o mesmo ficou conhecido, na literatura de língua inglesa, como o
Standard Penetration Test (SPT).
Com esta questão esclarecida, entrou-se na quarta fase da história do SPT na qual se iniciaram as
preocupações com as questões relacionadas com a energia que efectivamente atinge o
amostrador e, por consequência, com as perdas de energia no ensaio.
Esta fase fica marcada pelos primeiros trabalhos relacionados com este tema dos quais se
destacam os seguintes: Palacios (1977), Schmertmann (1976,1978,1979), Schmertmann &
Palacios (1979), Kovacs (1979, 1980, 1981 e 1994) e Kovacs & Salomone (1982 e 1984).
Entretanto, em 1986, Skempton sugere a normalização dos resultados em relação a uma energia
de referência, ou seja, o valor do NSPT deve ser corrigido para um valor único de energia de
referência na ordem dos 60% da energia teórica. Com este procedimento, os resultados de
ensaios executados em diferentes partes do mundo e de diferentes maneiras podem ser
comparados. Contudo, diversos trabalhos têm sido publicados na literatura nacional e
internacional com objectivo de entender o modo de transferência de energia e,
consequentemente a eficiência do ensaio SPT (Odebrecht, 2003; Odebrecht, 2004; Aoki & Cintra,
2000; Aoki & Cintra, 2004). Estes trabalhos convergem na ideia de que a melhor forma de
interpretar o ensaio SPT é baseado no trabalho efectivamente consumido para cravar o
amostrador no solo.
-6-
Neste contexto, esta dissertação pretende clarificar assuntos extremamente actuais no domínio
da dinâmica da propagação de ondas de tensão nas varas SPT, verificando a influência que o
comprimento do trem de varas tem na eficácia energética. No âmbito geral pretende-se avaliar a
eficácia energética dos equipamentos SPT, de modo a que cumpram a norma EN ISO 22476-3, de
aplicação obrigatória em Portugal.
Para o desenvolvimento do método proposto de dimensionamento de estacas baseado nos
príncipios da dinâmica de cravação do SPT serão apresentados neste Capítulo, alguns métodos
consagrados de previsão da capacidade de carga de fundações e alguns tópicos de relevânica para
o entendimento do mecanismo de transferência de energia no ensaio SPT.
O amostrador é um tubo cilindro bipartido de aço, com diâmetros exterior e interior de,
respectivamente 51 mm e 35 mm, com comprimento de cerca de 80 cm e peso aproximado de
6,8 kgf. Para facilitar a penetração no terreno, na extremidade inferior do corpo do amostrador, é
anexado um anel cortante biselado. Na extremidade oposta é roscada uma peça dotada de uma
válvula de esfera anti-retorno e ligações ao exterior, por intermédio de dois ou quatro orifícios
-7-
laterais, que serve para ventilação e purga de água durante a cravação que esteja acumulada no
interior do amostrador e que permite também a ligação ao trem de varas (Figura 3).
O número referente à 1ª fase é tomado como meramente informativo, já que com a mesma se
pretende, essencialmente, atravessar o terreno mais perturbado imediatamente abaixo do fundo
do furo. O número total das pancadas do martelo na 2ª fase (isto é, a soma, nas duas sub-fases de
15 cm), N, é considerado o resultado do ensaio.
De acordo com a ISO 22476-3;EC-7 Part 3 o ensaio é dado como terminado nos casos em que não
se consegue cravar uma das partes de 150 mm ao fim de 50 pancadas, em solos, ou 100 pancadas
em rochas brandas.
Por outro lado a norma ASTM D1586-84 recomenda declarar o ensaio como finalizado quando:
• número de pancadas necessárias para cravar uma das partes de 150 mm seja superior a 60;
• 100 pancadas na totalidade dos três trechos de 150 mm cada.
• não se observarem penetrações ao fim de 10 pancadas sucessivas.
Os ensaios são acompanhados pela recolha de amostras, sendo comum a sua realização de 1,5
em 1,5 m ou quando haja uma mudança de unidade geológica, de modo a evitar influência dos
ensaios anteriores. Quando o amostrador é recolhido à superfície, este é aberto ao meio em duas
meias canas, permitindo assim o estudo do solo.
-8-
2.2.1 CUIDADOS A OBSERVAR
Embora se siga uma norma para a execução correcta do ensaio, geralmente a EN ISO 22476-3, é
contudo necessário ter cuidado para que os resultados obtidos sejam válidos. Nomeadamente:
• Antes de se introduzir o amostrador no furo é de importância fundamental a limpeza do
mesmo, tendo sempre o cuidado de não perturbar o terreno no qual se pretende realizar o
ensaio;
• Aquando da extracção do equipamento do furo este deverá ser retirado de forma passiva
e com cuidado de modo a evitar danos no equipamento mas principalmente de modo a evitar que
o nível de descompressão seja elevado;
• O furo de sondagem no qual será realizado o ensaio deverá ser feito de modo a não
perturbar significativamente o terreno que se pretende estudar. Tendo isto em conta, as
sondagens por injecção de água são a evitar uma vez que provocam uma significativa alteração do
terreno;
• Durante a execução do ensaio dever-se-á ter o cuidado de não o realizar a uma velocidade
demasiada elevada, isto é, o número de quedas do martelo por minuto/hora não deverá exceder
um determinar valor. É costume adoptar uma velocidade de ensaio nunca superior a 30 quedas
do martelo por minuto.
Mesmo tendo em conta os cuidados referidos anteriormente, a supervisão durante a realização
do ensaio assim como a formação da equipa técnica são de uma importância fundamental, uma
vez que, caso haja uma falha numa destas situações, os resultados obtidos poderão não ser
representativos e/ou confiáveis.
Tal como qualquer outro ensaio, o ensaio SPT encerra vantagens e desvantagens.
Como já foi referido, a simplicidade e facilidade do ensaio, a obtenção de um valor numérico de
ensaio que pode ser relacionado com regras empíricas de projecto, a recolha de uma amostra e a
sua utilização em todo o tipo de solos e rocha branda constituem as suas principais vantagens.
Além destas, salienta-se ainda o facto de ser um ensaio difundido em todo o mundo com uma
longa utilização superior a 100 anos, o que permite aceder a imensa bibliografia sobre a
interpretação de dados (Kulhawy et al, 1990; Schnaid, 2000).
Relativamente às desvantagens do SPT pode citar-se o facto de este não simular o tipo de
comportamento do terreno mediante solicitação estática, para além dos resultados serem
-9-
facilmente afectados por factores como por exemplo, o equipamento, modo de execução e
profissionalismo do operador (Kulhawy et al, 1990; Schnaid, 2000).
Existe um conjunto vasto de factores que afectam os resultados dos ensaios SPT. Estes factores
estão directamente relacionados com os elementos associados aos equipamentos, aos
procedimentos e ainda às condições e ao tipo material sujeito ao ensaio.
Quanto aos factores relacionados com os procedimentos que afectam os resultados dos ensaios
SPT podem-se referir os seguintes:
a) Técnica de perfuração;
b) Uso de circulação de água na perfuração acima do NF;
c) Avanço, limpeza e estabilidade do furo;
d) Profundidade do furo e posição relativa do revestimento;
e) Intervalo de tempo entre a perfuração e a execução do ensaio;
f) Espaçamento entre ensaios;
g) Profundidade de execução do ensaio;
h) Erros de contagem, medidas e notas de ocorrência.
- 10 -
2.2.6 FACTORES LIGADOS COM OS GEOMATERIAIS SUJEITOS AO ENSAIO
Relativamente aos factores relacionados com os procedimentos que afectam os resultados dos
ensaios SPT podem-se referir os seguintes:
a) Tipo de material (tipo de solo ou rocha);
b) Resistência;
c) Compacidade relativa ou consistência;
d) Permeabilidade;
e) Grau de saturação;
f) Fábrica do solo ou rocha;
g) Posição dos níveis freáticos e posição relativa do nível de água no furo de sondagem.
Todos os factores mencionados afectam os resultados do ensaio SPT. Este projecto teve como
principal preocupação não só analisar os factores que contribuem para as perdas de energia de
penetração mas também contabilizá-las. Refira-se que estas perdas podem ocorrer por exemplo
devido ao atrito desenvolvido no seu percurso descendente entre o martelo e a vara guia (perda
de velocidade comparada com a pressuposta queda livre do martelo), perdas de energia durante
o impacto entre o martelo e o batente, ou ainda dissipação de energia pelas ligações entre
elementos (varas, batente, martelo, amostrador).
Após o trabalho referência de Terzaghi verificou-se uma rápida e profunda difusão do ensaio SPT
pelo mundo. Essa propagação conduziu no entanto a que os equipamentos e as metodologias de
execução do ensaio divergissem de país para país e por vezes dentro do mesmo país. Tornava-se
então clara a necessidade de proceder à normalização do ensaio, esta contudo apenas ocorreu
em 1958 pela ASTM (D1586-58T). Não obstante, continuou a ser comum em todo o mundo a
utilização de procedimentos e equipamentos não padronizados. Em 1988 a Sociedade
Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações (ISSMFE), por intermédio da
comissão técnica TC16, publicou um documento estabelecendo procedimentos
internacionalmente considerados como de referência para o SPT.
No seguimento deste trabalho a ISSMFE apresentou em 1989 um documento de referência onde
constam os procedimentos padrão do ensaio normalizado (ISSMFE-TC16, 1989). Apesar deste
importante passo no sentido de unificar os procedimentos de ensaio e tipologias de
- 11 -
equipamentos, é ainda vulgar que diferentes países utilizem normas próprias cujas
recomendações não coincidem necessariamente umas com as outras.
Na sequência do documento de referência acerca do ensaio SPT publicado pela ISSMFE, foram
desenvolvidos esforços no sentido de estabelecer métodos que, permitissem comparar resultados
dos ensaios SPT efectuados de forma diferenciada. Estudos experimentais mostraram que para o
efeito era necessário estabelecer comparações ao nível da energia efectivamente transmitida ao
trem de varas em cada pancada do martelo.
As características das varas e do martelo afectam a penetração, dado que para um dado solo o
valor NSPT é inversamente proporcional à energia aplicada ao amostrador (E). Assim, se dois
sistemas distintos (martelo/varas) aplicarem diferentes energias serão necessariamente obtidos
diferentes valores de resistência à penetração. Este facto é traduzido pela seguinte equação:
N1 E2
= (Equação 2.1)
N 2 E1
Este aspecto mostrou-se decisivo porque os mesmos estudos mostraram que a energia em cada
pancada pode ser substancialmente inferior à energia potencial do martelo.
Com base nos registos existentes, as primeiras medidas de energia no SPT datam do final dos
anos 70. Desde essa data que se tem assistido a uma evolução contínua desse assunto, sendo que
actualmente se consegue avaliar a eficiência do ensaio com um elevado grau de rigor, Cavalcante
(2002). No panorama nacional, as primeiras medidas datam de 2008, realizadas por Rodrigues.
Contudo, este assunto é ainda hoje considerado um dos assuntos mais problemáticos associado
ao SPT. Sendo assim, considera-se apropriado referenciar e caracterizar os vários tipos de energia
existentes no ensaio.
Então, o processo de cravação do amostrador no solo pode ser analisado sob dois aspectos:
segundo o modo de transferência de energia e segundo o tempo.
Em termos de transferência de energia, o ensaio SPT pode ser representado por duas etapas:
1. Estando o martelo em repouso pronto a ser libertado de uma certa altura, e por
conseguinte em condições de iniciar o ensaio, pode-se dizer que este possui uma energia
denominada energia potencial gravítica. Quando o martelo é libertado esta energia
transforma-se em energia cinética e em perdas por atrito. A energia potencial do martelo
- 12 -
sofre uma série de perdas até chegar ao topo da composição de varas. Estas perdas são
devidas principalmente à forma de levantar e soltar o martelo.
2. Após o martelo atingir o batente, a sua energia cinética transforma-se em energia cinética e
elástica, em energia térmica, sonora e outras que são perdidas. De forma análoga, pode-se
afirmar que a energia cinética disponível no instante do impacto não é totalmente
transformada em energia cinética e elástica contida na onda de compressão, devido às
perdas durante o impacto, ocasionados pelo mau contacto das superfícies, desalinhamento
entre as superfícies, massa e forma do batente, comprimento do trem de varas, tipo de
uniões, etc.
No que diz respeito a variações de energia com o tempo, o ensaio SPT, divide-se em três fases:
• Quando t1 = 0, que corresponde ao instante imediatamente antes da libertação em queda
livre do martelo;
• Quando t2 = t, que se refere ao instante imediatamente anterior ao impacto do martelo
com o batente;
• Quando t3 = ∞, corresponde ao tempo em que todo o processo de cravação do
amostrador no solo já ocorreu. Neste instante, as energias potencial gravítica do martelo
e do trem de varas já foram consumidas na cravação do amostrador, devolvidas
elasticamente e amortecidas dinamicamente no interior do martelo e do trem de varas.
A Figura 4 ilustra as três fases.
- 13 -
Para que se entenda o processo de cravação do amostrador no solo deve-se equacionar as
energias contidas em cada fase do processo.
Estando o martelo em repouso pronto a ser libertado, e por conseguinte em condições de iniciar
o ensaio, este possui uma energia denominada energia potencial gravítica teórica. Esta energia,
designada por E*, ou ainda segundo alguns autores por ET, é resultado da multiplicação da massa
do martelo pela aceleração da gravidade e a altura a que o martelo se encontra (esta altura diz
respeito a altura do martelo em relação ao batente). Esta multiplicação pode ser representada
pela seguinte equação:
E * = M m g hm (Equação 2.2)
Onde:
Mm – massa do martelo;
g – aceleração da gravidade;
hm – altura de queda a que o martelo se encontra, que corresponde teoricamente à altura de
queda do ensaio.
Tomando os valores designados pela ASTM D 1586-84, a energia potencial gravítica do ensaio SPT
deverá ser 474,7 Joules, em resultado da massa do martelo (63,5 kg) e da altura de queda (762
mm), sendo que a aceleração gravítica mantém sempre o mesmo valor (9,81 N).
Tal como qualquer outro equipamento de impacto, o martelo sofre desgaste ao longo do tempo,
devido às inúmeras pancadas efectuadas. Tendo isso em conta, é imprescindível verificar
periodicamente qual o peso real do martelo e não confiar apenas no valor fornecido pelo seu
fabricante, pois qualquer desvio nesses valores trará grandes diferenças do ponto de vista dos
cálculos relativos a eficácia do ensaio. Do ponto de vista da altura de queda do martelo esta
também deverá ser controlada, pelo mesmo motivo.
A energia potencial gravítica do trem de varas (EPGh), deve ser igualmente efectuada em relação a
um referencial fixo, externo ao sistema, e pode ser calculada pela Equação 2.3:
- 14 -
EPG h = M h g hh (Equação 2.3)
Onde:
Mh – massa do trem de varas;
g – aceleração da gravidade;
hh – cota do centro de massa do trem de varas em relação ao referencial fixo.
Teoricamente a energia potencial gravítica do martelo (ET) deveria ser transformada, na sua
totalidade, em energia cinética (EC). Ora, devido às perdas de energia, tal não se verifica, sendo
que a energia cinética antes do impacto é inferior à energia potencial gravítica. Sendo assim, e
considerando os valores recomendados pela norma ISO 22476-3, em considerações ideais a
energia cinética antes do impacto (Equação 2.1) seria 474,7 Joules:
1
EC = M m v2 (Equação 2.4)
2
e por consequência a velocidade da queda do martelo (Equação 2.5) seria 3,86 m/s:
Como o martelo tem que deslizar ao longo da vara guia, necessariamente ocorrem perdas quanto
mais não seja pelo atrito desenvolvido no percurso, o que leva a uma redução da queda da
velocidade de impacto no batente. Esta eficiência depende do tipo de martelo e das suas
condições de lubrificação e de operação (inclinação).
Na realidade, e devido as perdas de energia existentes, este valor não corresponde à realidade, tal
como se irá verificar mais adiante. Essas perdas de energia são principalmente causadas pelo
atrito existente entre o martelo e o sistema de queda deste, Tokimatsu (1988).
Mais uma vez, convém salientar que erros nas medidas do peso do martelo e/ou na altura de
queda influenciam significativamente o valor da energia potencial gravítica prevista para o
- 15 -
equipamento e por consequente a energia cinética teórica e a velocidade de queda do martelo,
parâmetros fundamentais na determinação da eficiência do ensaio.
Tal como já foi referido, e com base nos registos disponíveis, desde do final dos anos 70 que são
realizadas medições, ou em alguns casos tentativas de medição, da velocidade da queda do
martelo (Kovacs et al., 1981; Kovacs & Salomone, 1982; Matsumoto et al., 1992; Morgano &
Liang, 1992; Abou-Matar & Goble, 1997).
Os sistemas empregues desde então para realizar essas medidas têm vindo a sofrer uma evolução
notável. As primeiras medidas foram realizadas por um sistema pouco convencional e pouco
preciso, nomeadamente com a ajuda de um cronómetro de bolso (Kovacs et al. 1975). Passados
uns anos apareceram os primeiros scanners que foram utilizados nas medições da velocidade, que
permitiam captar e registar os trajectos luminosos colocados no martelo. (Kovacs et al., 1981;
Kovacs & Salomone, 1982).
De seguida utilizou-se o método de criação de uma corrente eléctrica que seria activada aquando
da passagem do martelo por um dos fios da corrente e desligada aquando da passagem do
martelo pelo outro fio. Como era conhecida a distância entre os fios e o tempo que a corrente
eléctrica esteve ligada era possível calcular qual a velocidade da queda do martelo (Matsumoto et
al., 1992). Já nos últimos anos tem-se recorrido muito ao uso de radares com sistemas de registos
que permitem medir com bastante rigor a velocidade da queda do martelo. Esses radares
baseiam-se no efeito “DOPLER” (Morgano & Liang, 1992; Abou-Matar & Goble, 1997).
Relativamente ao ensaio prático desta tese, não foi utilizado nenhum método para a
determinação da energia cinética no momento do choque baseada em medições de velocidade de
impacto do martelo.
Outro aspecto muito importante no ensaio é a energia transferida ao batente e por conseguinte a
propagação da onda de impacto que chega até ao amostrador.
O impacto do martelo no batente do ensaio corresponde a outro factor de perda de energia do
ensaio (Schmertmann, 1976 e 1978; Palacios, 1977; Schmertmann & Palacios, 1979).
Durante o impacto do martelo com o batente, é gerada uma onda de tensão que se propaga pelas
varas, chegando ao amostrador. Segundo Cavalcante (2002) apenas a teoria Newtoniana de
impactos entre corpos rígidos não reproduz, de maneira rigorosa, as condições sob as quais o
- 16 -
evento ocorre, já que se trata de um impacto dinâmico. A interface martelo - batente tem um
papel fundamental na propagação da energia para as varas, com efeito, um mau contacto, devido
a sujidade, falha na horizontalidade do batente, ou outras, poderão provocar uma perda
significativa da energia, (Cavalcante, 2002).
Relativamente a este aspecto, são considerados dois grandes factores responsáveis pelas perdas
de energia. Um factor relaciona-se com a massa do batente e outro relaciona-se com o
comprimento do trem de varas usado no ensaio.
- 17 -
Desta forma, a variação da energia gravítica do martelo entre t1 e t3, pode ser calculada pela
Equação 2.7:
Da mesma forma, através da diferença entre as cotas no instante t1 e t3,é possível calcular a
diferença da energia potencial gravítica do trem de varas após a penetração, ou seja:
Considerando-se um referencial externo ao sistema, a energia produzida por uma pancada será
função da altura de queda teórica (0,76 m + ∆ρ) e, como consequência, a energia efectivamente
gasta na cravação da composição, quando submetida a uma pancada de um martelo de massa
Mm, passa a ser função de três variáveis: altura de queda do martelo, tipo de solo que determina a
magnitude de ∆ρ e geometria (comprimento e secção) das varas que determina a massa da
composição.
Somadas a estas variáveis pode-se ainda considerar factores relativos às características do ensaio
e equipamento utilizado, cuja influência no valor de Nspt é reconhecido internacionalmente e
expressa através da eficiência do equipamento (Skempton, 1986).
A energia efectivamente consumida pela cravação do amostrador no solo é representada pela
variação da energia potencial gravítica do sistema. Esta energia traduz-se na soma das variações
da energia potencial gravítica do martelo e do trem de varas, que pode ser expressa pela Equação
2.10:
∆EPGmsistema
+h = ET + M m g ∆ρ + M h g ∆ρ (Equação 2.10)
Assim, a energia consumida para a cravação do amostrador no solo é obtida em função da altura
de queda do martelo, da penetração permanente do amostrador no solo e das massas do trem de
varas e do martelo.
- 18 -
Por conveniência, a Equação 2.10 terá os seus termos rearranjados, tendo a sua primeira parcela
representada pela variação da energia do martelo e a segunda, referente à energia do trem de
varas, conforme a Equação 2.11, anteriormente proposta por Odebrecht (2004).
∆EPGmsistema
+h = (0,76 + ∆ρ ) M m g + ∆ρ M h g (Equação 2.11)
Como o martelo tem que deslizar ao longo da vara guia, necessariamente ocorrem perdas quanto
mais não seja pelo atrito desenvolvido no percurso, o que leva a uma redução da queda da
velocidade de impacto no batente. Esta eficiência depende do tipo de martelo e das suas
condições de lubrificação e de operação (inclinação).
Uma segunda causa de redução de energia que chega ao amostrador, relaciona-se com o impacto
do martelo com o batente, de que resulta a consequente propagação da onda de choque ao longo
do trem de varas. É reconhecido nesta altura que quanto maior for a massa do batente maior será
a eficiência do sistema.
É reconhecido ainda que o comprimento do trem de varas exerce influência na eficiência do
sistema. Este aspecto é aquele que maior controvérsia tem levantado e também maior atenção
tem merecido.
Quando o martelo percute o batente, é gerada uma onda de tensão que se transmite ao longo do
trem de varas. O sistema de natureza dinâmica que rege essa propagação não é reproduzido de
forma capaz apenas pela teoria Newtoniana de impacto entre corpos rígidos, pelo que a sua
análise é bastante complexa. A energia transmitida ao trem de varas depende não só do martelo
mas também das condições inter-faciais, martelo-batente-varas.
É actualmente reconhecida, nas mais recentes abordagens do ensaio SPT, a necessidade
fundamental de proceder à medição da energia no SPT como meio de aferir o nível de energia
disponível no dispositivo SPT utilizado, e portanto de avaliar o grau de eficiência do equipamento.
Na literatura actual existem três métodos para a determinação da energia realmente transferida
às varas do SPT. O primeiro método, é designado por E2F, baseia-se na energia medida apenas
com base em valores de força, não fazendo uso dos valores da velocidade. O segundo método, é
designado por EF2 e representa a energia medida apenas com base em valores de força. Neste
caso, apenas será necessário um medidor de força já que a energia será calculada a partir da
- 19 -
multiplicação ao quadrado da força registada. O terceiro método é designado por EFV, representa
a energia medida com base em valores de força e velocidade. Este método só pode ser usado
caso se tenha um sistema de medição de força e de velocidades (por exemplo uma célula de carga
e um acelerómetro, respectivamente).
MÉTODO E2F:
t = 2l / c
c
E 2F = ∫F
2
dt (Equação 2.12)
E×a 0
MÉTODO EF2:
t ( F =0 )
c
EF 2 = ∫F
2
dt (Equação 2.13)
E×a 0
MÉTODO EFV:
t = m´ x
EFV = ∫ F × v dt
0
(Equação 2.14)
O método E2F baseia-se apenas nos valores da força, não fazendo uso dos valores da velocidade,
e a principal e única diferença em relação ao método EF2 resulta no facto do primeiro ter como
tempo de integração, o tempo correspondente ao primeiro impacto do martelo, até ao instante
correspondente ao corte por tracção mais conhecido por “tension cutoff”, que ocorre quando a
onda de compressão que se propaga ao longo das varas é reflectida na extremidade inferior e
retorna como onda de tracção, chegando à interface martelo-varas, num espaço de tempo igual a
2L/c (L – comprimento do trem de varas, c – velocidade de propagação da onda). A onda de
tracção que atinge a interface martelo-vara excede a tensão de compressão existente entre o
martelo e as varas (condicionada pela reduzida dimensão do martelo), produzindo assim uma
resultante tensão de tracção e consequente deformação que faz com que o trem de varas seja
puxado para baixo e se separe do martelo, gerando o conhecido ressalto. Por outro lado, no
método EF2 esse tempo corresponde ao tempo para o qual a força iguala o valor zero pela
primeira vez.
Uma vez que nem sempre se dispõe das medidas de velocidade do ensaio, pois em Portugal não é
comum o uso de acelerómetros, o método EF2 é o mais utilizado. Contudo, o método EFV é o
- 20 -
mais aconselhável por garantir um rigor maior dos dados (Campanella & Sy, 1994; Abou-Matar &
Goble, 1997).
Esta possibilidade de se poder usar qualquer um dos dois métodos, deve-se ao facto de existir
uma grande proporcionalidade entre a força e a velocidade (Equações 2.15 e 2.16):
F =m ×a (Equação 2.15)
v
a= (Equação 2.16)
t
- 21 -
Morgano & Liang em 1992 realizaram uma sequência de ensaios de modo a poderem relacionar a
eficiência do ensaio com o comprimento das varas, chegando à conclusão que a eficiência do
ensaio aumenta com o aumento do comprimento do trem de varas, tal como se poderá verificar
na Figura 5.
Figura 5 - Eficiência do ensaio SPT vs comprimento das varas utilizadas no ensaio (Morgano & Liang,
1992)
Sendo assim, o método utilizado nesta tese será o método EFV e a energia transferida às varas do
SPT é analisada por intermédio do integral da força vezes a velocidade, definido desde o
momento inicial correspondente ao impacto do martelo sobre o trem de varas até ao tempo para
o qual o integral atinge o valor máximo, conforme a equação:
t
E= ∫ F (t ) . v (t ) dt
t =0
(Equação 2.17)
F (t ) = A × E × ε a (t ) (Equação 2.18)
Em que:
A - área da secção transversal da vara instrumentada;
- 22 -
E - módulo de Young da vara instrumentada;
εa(t) - representa a deformação axial medida na vara no momento t.
A velocidade das partículas v(t) da secção medida é calcula pela integração da aceleração a(t) com
o tempo t.
O tempo para o qual a energia transferida atinge o maior valor determina o intervalo máximo de
integração (t = tmáx).
Até à recente data, as várias medições de energia transmitidas às varas ditavam que a energia
aplicada nos sistemas SPT mecanizados com disparo automático do martelo (normalmente
utilizados nos países Europeus e EUA), é de aproximadamente 60 % da energia potencial. Nos
equipamentos SPT que recorrem a sistemas manuais de libertação do martelo (muito utilizados
por exemplo no Brasil), a energia aplicada é da ordem dos 70 % da energia teórica.
Então, e com base nas diversas medições de energia, a prática internacional sugere que os valores
NSPT sejam, sempre que possível, convertidos na resistência à penetração equivalente (N60)
relativa a 60 % da energia teórica, definida através da equação:
E medido
N 60 = N medido (Equação 2.19)
E 60
Em que:
E60 – 60 % da energia teórica (0,6 × 473,4 J = 284 J);
N60 – resistência à penetração corrigida de 60 % da energia;
Nmedido – valor de NSPT registado;
Emedido – energia medida fornecida pelo sistema.
- 23 -
Odebrecht (2003) comparou a energia contida em cada posição instrumentada da vara. Para a
instrumentação posicionada junto ao batente, calculou a energia da onda de compressão pela
integração do sinal de força versus aceleração ao longo do tempo. Ou seja, para cada
comprimento de varas ensaiado, registou a energia contida na onda longitudinal dos diversos
sinais, correspondente energia do sistema (Equação 2.11), e a parcela referente à energia do
martelo versus a penetração permanente observada. Para cada conjunto de dados foi traçada
uma linha de tendência dos pontos, referente à energia do sistema e a referente ao martelo
apresentam uma diferença mais significativa com o aumento do comprimento das varas. Estes
factos estabelecem uma redução da energia da onda medida no batente e a energia contida no
martelo. Com isto, deve-se acrescentar à Equação 2.11 um coeficiente de eficiência do martelo
η1.
∆EPGmsistema
+h = η1 ( 0,76 + ∆ρ ) M m g + ∆ρ M h g (Equação 2.20)
Onde:
∫ F (t ). V (t ). dt (Equação 2.21)
η1 = 0
( 0,76 + ∆ρ ) M m g
No valor de η1 estão contidas todas as perdas referentes ao atrito da libertação do martelo, tipo
do martelo, estado e condições de lubrificação da vara guia, verticalidade do martelo durante a
pancada, etc, ou seja todas as perdas referentes ao golpe.
Posto isto pode-se dizer que a energia contida na onda longitudinal é dependente do tipo de solo,
ou seja, o valor do Nspt depende do equipamento, da equipa de sondadores e do solo.
Com base nas considerações acima mencionadas e, considerando uma perda constante de
energia do martelo, é possível determinar o valor de η1 pela razão das energias contidas no
martelo e na onda de compressão. O valor de η1 obtido experimentalmente por Odebrecht (2003)
é de 0,764 (desvio padrão de 0,036).
Para uma avaliação mais realista, Odebrecht (2003) reanalisou os dados da pesquisa efectuada
por Cavalcante (2002). Na pesquisa de Cavalcante foram utilizados equipamentos e equipas
distintas, com procedimentos executivos característicos de duas cidades Brasileiras distintas, com
diferentes tipos de solos. Desta análise obtém-se um valor de η1 da ordem de 0,761 (desvio
padrão de 0,051), valor este bem semelhante ao determinado experimentalmente por Odebrecht.
- 24 -
Com base nos resultados de energia obtidos com instrumentação posicionada junto ao
amostrador pode-se obter os resultados obtidos de energia transferida à vara, resultados de
energia junto ao batente (energia do sistema) e a parcela referente à energia do martelo.
Destes resultados pode-se perceber que há uma perda adicional de energia transferida à vara,
ocorrendo entre o batente e o amostrador. Percebe-se também que esta perda é mais
pronunciada para as varas longas. Assim, estes indicam que devem ser multiplicados à Equação
2.20 dois factores adicionais de correcção:
• o factor η2 que representa as perdas ao longo das varas;
• o factor η3 que representa a eficiência do sistema.
Com isto, a Equação 2.22 pode ser reescrita sob a forma a seguir:
∆EPGmsistema
+h [
= η 3 η1 (0,76 + ∆ρ ) M m g + η 2 ∆ρ M h g ] (Equação 2.22)
Onde:
η2 = β2 + α2 l e η3 = β3 + α3 l
A determinação dos coeficientes em questão (η2 e η3) não é trivial. Tanto que Obebrecht (2003)
adoptou várias hipóteses e, a que melhor se ajustou aso dados experimentais considera que η2 =1
e η3 expresso em função do comprimento do trem de varas, conforme Equação 2.23:
- 25 -
t2 t2
∫ δ [T (t ) − V (t )] dt + ∫ δ [Ws (t ) + Wnc (t )] dt = 0
t1 t1
(Equação 2.24)
Onde:
T(t) – energia cinética;
V(t) – energia potencial;
Ws(t) – Trabalho efectuado por forças não conservativas na ponta do amostrador (sobre o solo);
Wnc(t) – Trabalho efectuado por forças não conservativas (perdas diversas);
δ - Variação;
t1 – tempo inicial do período considerado (Ver Figura 4)
t2 – tempo final do período considerado (Ver Figura 4).
Considerando a Figura 4 e t1 (Hamilton) igual ao instante zero e o t2 (Hamilton) igual ao instante t3,
em que todas as energias cinéticas e elásticas já foram dissipadas, tem-se a Equação 2.25:
t2 t2
∫ δ V (t ) dt = ∫ δ [W (t ) + W
t1 t1
s nc (t )] dt (Equação 2.25)
∆EPGmsistema
+h = Ws + Wnc (Equação 2.26)
E s = T = ∆EPGmsistema
+h com perdas = Ws = Fd ∆ρ (Equação 2.27)
Com conhecimento desta força dinâmica (Fd) que actua para produzir a penetração do
amostrador no solo abre-se uma gama de alternativas para a interpretação do ensaio SPT.
- 26 -
2.6 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DAS ESTACAS
Onde:
W – peso do pilão;
h – altura de queda do pilão;
R – resistência oferecida pelo solo à penetração da estaca;
s – “nega” correspondente ao valor de h.
- 27 -
Algumas fórmulas baseiam-se na Teoria do Choque de Corpos Rígidos, formulada por Newton,
pressupondo-se que o corpo obedece à Lei de Hooke e que a resistência é mobilizada
inteiramente ao longo de toda a massa em movimento, de forma instantânea. Essa hipótese pode
ser aplicada, por exemplo, ao choque entre bolas de bilhar, mas, segundo Alonso (1991), está
longe da realidade do movimento das partículas de uma estaca sob a acção de um golpe.
A utilização do ressalto como meio de controlo de cravação foi inicialmente sugerida por Chellis
(1951), que segundo o autor, a resistência à cravação é proporcional ao encurtamento elástico.
Uto et al. (1985) desenvolveram uma fórmula dinâmica semi-empírica que utiliza o ressalto e
resultados do ensaio SPT.
No entanto, é de salientar as principais limitações das fórmulas dinâmicas de cravação:
- baseiam-se na teoria de choque dos corpos rígidos, não tomando em consideração as forças
de amortecimento do sistema;
- a resistência mobilizada pela queda do pilão geralmente não é suficientemente para mobilizar
a resistência última que o solo pode oferecer;
- existem factores pouco conhecidos que tornam difícil a quantificação das perdas de energia
do sistema.
Quando uma estaca é solicitada pelo impacto de um martelo uma zona do material é comprimida.
Essa compressão causa uma tensão que será transmitida para camadas subsequentes. O processo
contínuo de compressão desenvolve uma onda de tensão que se propaga ao longo da estaca
(Bernardes, 1989).
Durante a cravação, a estaca é carregada axialmente por uma força F, causada pelo impacto do
martelo. Num primeiro instante, t, todas as partículas da estaca ainda estão em repouso, como
esquematizado Figura 6 a).
- 28 -
No intervalo de tempo dt após o impacto, um primeiro elemento, dl, é comprimido e sofre uma
deformação dd, Figura 6 b).Então, as partículas do material, representadas pelo ponto A, que
inicialmente estavam no repouso, são aceleradas.
A deformação dd pode ser calculada através da Lei de Hooke:
F × dl
dd = (Equação 2.30)
E×A
Sendo c a velocidade de onda, a partícula A que foi acelerada para a posição representada por A’
apresenta a velocidade dv dada pela equação:
dd F × dl F ×c
dv = = = (Equação 2.31)
dt E × A × dt E × A
Sendo as definições de tensão, relação entre a força e a área, e deformação, relação entre a
tensão e o módulo de elasticidade, temos:
σ ×c
dv = =ε ×c (Equação 2.32)
E
dv F ×c F F
a= = e a= = (Equação 2.33)
dt E × A × dt m ρ × dl × A
De onde temos:
c l
= (Equação 2.34)
E × dt ρ × dl
E então:
E
c2 = (Equação 2.35)
ρ
- 29 -
Já a velocidade das partículas, V, é a velocidade com a qual as mesmas se movimentam quando a
onda se propaga.
A estaca impõe uma resistência, conhecida como impedância (Z), à mudança de velocidade das
partículas. A impedância pode ser representada das seguintes maneiras:
m×c E× A
Z = ρ ×c× A= = (Equação 2.36)
l c
dv × E × A E×A
F= e Z= , então F = dv × Z (Equação 2.37)
c c
∂ 2u ∂ 2u
= c 2
× (Equação 2.38)
∂t 2 ∂x 2
u ( x, t ) = f ( x − ct ) + g ( x + ct ) = u ↓ + u ↑ (Equação 2.39)
As funções f e g correspondem a duas ondas que se propagam com a mesma velocidade, mas em
direcções contrárias. As ondas deslocam-se em direcções opostas no tempo, mas não mudam de
forma. É usual utilizarem-se flechas para referenciar o sentido de propagação das mesmas
(Gonçalves et al., 2000).
A forma das ondas depende das condições de contorno do problema.
Soluções analíticas para a onda inicial podem ser encontradas no trabalho de Bernardes (1989).
- 30 -
Similarmente, a força e a velocidade de deslocamento da partícula podem ser representadas por
duas funções, e, esquematicamente, teremos:
F = F ↓ + F ↑ =V ↓ Z +V ↑ Z e V =V ↓ +V ↑ (Equação 2.40)
O ensaio de carregamento dinâmico é baseado nos sinais de força e velocidade multiplicada pela
impedância, obtidos através da instrumentação instalada no topo da estaca.
Vésic’ (1975) menciona a inadequação das teorias clássicas para a determinação da resistência de
ponta baseada na teoria da plasticidade como motivo para o desenvolvimento de teorias
elastoplásticas ou não lineares mais refinadas.
A primeira formulação de expansão de cavidades foi apresentada por Bishop et al. (1945).
As teorias de expansão de cavidades, segundo diversos autores, podem considerar expansão
cilíndrica ou expansão esférica. A escolha do modelo mais adequado não é consensual entre os
pesquisadores.
Conforme pesquisas, sobre a resistência de ponta à penetração e capacidade de carga de estacas
mostraram que a resistência de ponta não é governada pela tensão vertical do solo, mas pela
tensão média ou octaédrica do solo na ponta da estaca σoct’, expressa pela equação:
1 + 2 K0
σ oct = σv (Equação 2.41)
3
- 31 -
dentro do solo é possível pela expansão lateral do solo ao longo do anel circular BD, com alguma
compressão das zonas I e II, como mostra a Figura 7.
A análise de resultados de provas de carga feita por Vésic mostrou que as deformações ao redor
da ponta das estacas podem ser divididas em duas grandes zonas principais. A zona concêntrica
seguinte é caracterizada por pequenas deformações elásticas (Figura 8).
Vésic’ afirma ainda que, o ângulo da base da cunha é aproximadamente igual a 45º+φ/2, se φ for
considerado como ângulo secante ao nível de tensão apropriado, e que os lados da cunha
aparentam ter uma curvatura côncava, formando um ângulo obtuso e arredondado na ponta, em
vez de um vértice pontiagudo.
Baseado nas condições de fronteira, ainda segundo Vésic’, um valor aproximado de Nq*pode ser
determinado assumindo-se que a tensão normal ao longo do anel BD é igual à pressão última
necessária para expandir uma cavidade esférica na massa infinita de solo.
O solo é considerado como um material contínuo, uniforme, isotrópico, elástico perfeitamente
plástico e sem variação de volume.
- 32 -
Nq* pode ser calculado pela expressão:
π 4 senφ
3 − φ tg φ
π φ
N =*
e 2 tg 2 + I rr3 (1 + senφ ) (Equação 2.43)
3 − senφ
q
4 2
E Irr que representa o índice de rigidez reduzido: pode ser calculado por:
Ir
I rr = (Equação 2.44)
1 + Ir ∆
Para as condições em que não haja variação de volume, seja por condições não drenadas ou por
pequenas mudanças de volume em solos densos, o índice de rigidez pode ser expresso por:
Gs
Ir =
2 (1 + v ) (c + σ oct tgφ )
(Equação 2.45)
Onde:
Gs – Módulo distorcional do solo;
ν - Coeficiente de Poisson;
Podem ser feitos analogias destes tipos de expansão de cavidades com os processos de instalação
de estacas e suas respectivas resistências de ponta desenvolvidas.
Como alternativa, Baligh (1985), propõe o método de trajectória de deformações, que consiste
numa técnica analítica de predição da perturbação causada pela instalação de objectos rígidos no
solo e está baseada na estimativa inicial de incrementos de deformação e do cálculo das tensões
necessárias para estas deformações.
- 33 -
2.6.4 MÉTODOS DE PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA
No que diz respeito aos métodos apresentados para a determinação da capacidade de carga de
fundações, estes são inúmeros, e cada autor refere diferentes mecanismos de rotura na base da
estaca. De seguida são apresentados alguns desses métodos, racionais ou teóricos e semi-
empíricos.
Figura 9 – Superfícies de rotura da base de estacas segundo diversos autores (Vésic’; Aoki, 1999)
A proposta clássica de Terzaghi foi aperfeiçoada por Meyerhof, com a consideração da resistência
ao cisalhamento do solo acima da ponta da estaca. A proposta de Skempton, Yassin e Bishop é a
primeira que considera a teoria da expansão de cavidades.
Diante das inúmeras teorias existentes optou-se em destacar, nesta dissertação, a solução de
Vésic (1972) que relaciona o mecanismo de rotura do solo com a expansão de uma cavidade em
um meio elasto-plástico. Deste modo, Vésic sugere que a resistência de ponta (qp) seja calculada
pela seguinte equação:
q p = c . Nc + σ 0 . Nq (Equação 2.46)
- 34 -
Onde:
1 + 2 K0
σ0 = σ v' (Equação 2.47)
3
E,
c – coesão do solo;
Nc, Nq – factores de capacidade de carga em função do ângulo de atrito interno e rigidez do solo;
O tratamento teórico para a determinação do atrito lateral unitário (τl) é em geral análogo ao
utilizado para analisar a resistência ao deslizamento de um sólido em contacto com o solo. Seu
valor é, usualmente considerado como a soma de duas parcelas (Teoria de Mohr-Coulomb),
conforme a equação:
Onde:
Ca – é a aderência entre a estaca e o solo (α x c);
α – coeficiente de adesão;
c – coesão do solo;
σ'h – é a tensão horizontal média na superfície lateral da estaca;
ߜ – é o ângulo de resistência ao corte entre a estaca e o solo.
- 35 -
2.6.4.3 MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS
Como o ensaio SPT é geralmente o único ensaio de campo disponível, difundiu-se a prática de
relacionar medidas de Nspt directamente com a capacidade de carga de estacas (e.g Aoki &
Velloso, 1975; Décourt & Quaresma, 1978; Amaral, Viezzer & Amaral, 2000). Embora, os métodos
normalmente adoptados constituam ferramentas valiosas à engenharia de fundações, é
importante reconhecer que, devido a sua natureza estatística, a validade está limitada à prática
construtiva regional e às condições específicas dos casos históricos utilizados em seu
estabelecimento (Schnaid, 2000). A seguir serão apresentadas dois métodos consagrados de
previsão de carga que posteriormente serão comparados com o método de capacidade de carga
proposto nesta dissertação.
O método de Aoki & Velloso (1975) foi concebido originalmente a partir da comparação de
resultados de prova de carga em estacas com resultados de ensaios de cone. Para que a
metodologia proposta possa ser aplicada a ensaios de penetração dinâmica, deve-se utilizar um
coeficiente de conversão, k, da resistência da ponta do cone para Nspt, para além disso é
necessário introduzir um coeficiente α, que expressa a relação entre a resistência de ponta e
lateral. A expressão da capacidade de carga última é representada pela equação:
k.N p α .k . N m
Qu = Ap +U ∑ ∆L (Equação 2.50)
F1 F2
Onde:
Ap – área da secção transversal da estaca (m2);
K - coeficiente de conversão da resistência da ponta do cone para Nspt (kPa) (Tabela 2);
NP – Nspt da ponta;
F1 - factor de correcção da resistência de ponta (Tabela 1);
U – perímetro da estaca (m);
α – expressa a relação entre a resistência ponta e lateral (Tabela 2);
Nm – Nspt médio ao longo da estaca;
F2 - factor de correcção da resistência lateral (Tabela 1);
∆L – Segmento de estaca em causa (m).
- 36 -
Os coeficientes F1 e F2 são factores de correcção das resistências de ponta e lateral que levam em
conta diferenças de comportamentos entre a estaca e o cone estático, principalmente para
permitirem a consideração do efeito de escala. Na Tabela 1 são apresentados os valores de F1 e
F2 originalmente propostos por Aoki & Velloso (1975), os valores propostos por Laprovitera
(1988) & Benegas (1993) e os coeficientes propostos de Monteiro (1997).
Na Tabela 2 são apresentados os valores de k e de α, dependentes do tipo de solo e das suas
características granulométricas, propostos originalmente por Aoki & Velloso (1975), os valores
propostos por Laprovitera e por Monteiro (1997).
- 37 -
2.6.4.3.2 Método Décourt & Quaresma (1978)
N
QU = α . K . N P . AP + U . β . ∑ 10 m + 1 . ∆L (Equação 2.51)
3
Onde:
NP – Nspt médio da ponta;
Ap – área da secção transversal da ponta da estaca (m2);
K – Coeficiente que relaciona a resistência de ponta com o valor de Np em função do tipo de solo
(Tabela 2);
U – perímetro da estaca (m);
Nm – Nspt médio ao longo do fuste;
∆L – Segmento de estaca em causa (m);
α e β – factores que dependem do tipo de estaca (Tabelas 3 e 4).
Na determinação de Nm, os valores de Nspt menores que 3, devem ser considerados iguais a 3 e
os maiores que 50 devem ser considerados iguais a 50. Os valores dos coeficientes k, α e β
apresentados nas Tabelas 3, 4 e 5, respectivamente, e foram sugeridos por Quaresma e tal (1996):
- 38 -
Tabela 4 – Valores atribuídos ao coeficeiente α (Quaresma et al, 1996)
QP = qc . K c . Ab (Equação 2.52)
i i
QL = ∑ Rsi = ∑ qsi . Asi
l l
(Equação 2.53)
onde:
qc - resistência de ponta unitária equivalente, ao nível da base da estaca;
kc - factor de capacidade;
Ab - área da base da estaca;
qs - resistência lateral unitária na camada i;
As - área lateral da estaca em contacto com a camada i.
- 39 -
Apresenta-se, a seguir, o modo de obter kc, qc e qi fazendo referência às condições e aos limites
de aplicação de cada um dos factores.
A partir de ensaios de carga, foram estabelecidos diferentes valores do parâmetro Kc que são
apresentados na Tabela 6. O seu valor varia consoante o tipo e compacidade do solo e do tipo de
estaca.
Nota : Grupo I – Estacas escavadas e moldadas; Grupo II – Estacas cravadas, estacas do tipo Franki e estacas
injectadas sob alta pressão
A resistência de ponta equivalente qc, é a média aritmética das resistências de ponta qc, medidas
entre n e -n (com n=1.5b), em torno da ponta da estaca.
O seu cálculo é efectuado em várias etapas procedendo-se, em primeiro lugar, à suavização do
perfil das resistências de ponta qc. Na segunda etapa, partindo da curva suavizada, calcula-se a
média da resistência de ponta, qc entre as cotas -1.5b e 1.5b em torno da ponta da estaca.
A seguir, efectua-se o corte dos picos da curva suavizada eliminando os valores superiores a 1.3qc,
abaixo da ponta da estaca, enquanto que acima desta são eliminados os valores superiores a
1.3qc e os inferiores a 0.7qc. A resistência de ponta equivalente qc, é o valor médio da resistência
calculada a partir da curva suavizada e truncada (Figura 10- curva a traço grosso).
- 40 -
Para cada uma das camadas, a resistência lateral unitária qs , é igual a qc/αB, sendo αB um
parâmetro dependente da natureza do solo e do modo de execução da estaca. Os diferentes
valores de αB apresentados na Tabela 7, são os valores médios obtidos a partir dos ensaios de
carga.
Sendo:
Categoria I A – estacas moldadas sem sustimento provisório, estaca moldada com recurso a lamas
bentoniticas, estaca de trado oco, micro-estaca sem injecção, pegões e barretas;
Categoria I B – estacas moldadas com recurso a tubo recuperável, estacas moldadas com recurso
a tubo obturado na ponta;
Categoria II A – estacas pré-fabricadas cravadas; estaca tubular pré-esforçada cravada; estaca de
betão cravada através de macacos hidráulicos;
Categoria II B – estacas metálicas cravada; estacas metálicas cravada através de macacos
hidráulicos;
Categoria III A – estacas com “rolhão” de betão na ponta;
Categoria III B – estacas com injecção de alta pressão e diâmetro superior a 250mm; microestaca
com injecção.
- 41 -
2.6.4.4 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS DE CARGA – CARGA DE ROTURA
Existem vários métodos de definição de carga de rotura ou carga limite. Neste trabalho, a carga
de rotura será definida através da curva de carga-assentamento, pelo método da Norma Brasileira
NBR 6122 e pelo método de Davisson (1972). De salientar que quando o ensaio é interrompido
prematuramente antes da rotura ser atingida, o que é frequente, e para uma correcta definição
da curva carga-assentamento, é necessário recorrer a métodos de extrapolação da curva de
carga-assentamento. Aborda-se de seguida dois desses métodos: o método de Van der Veen
(1953).e o método de Chin (1971, 1978) de extrapolação da curva-assentamento.
A interpretação correcta dos resultados dos ensaios de carga leva-nos à identificação da carga de
rotura de uma estaca, pois muitas vezes esses ensaios não conduzem as estacas à rotura.
Contudo, essa carga é raramente bem definida na curva carga-assentamento e, normalmente, a
carga de rotura não fica claramente bem definida, pelo que se torna necessário extrapolar a
curva.
Existem uma diversidade de propostas disponíveis. Porém, serão apenas abordados dois métodos
baseados em equações matemáticas que ajustam a curva carga-assentamento a uma curva
conhecida exponencial (Van der Veen, 1953).e uma hipérbole (Chin, 1971, 1978). Os métodos
para além de permitirem definir a carga de rotura, permitem a extrapolação da curva carga-
assentamento segundo uma forma matemática.
Vale a pena salientar que a definição ou identificação da carga de rotura não é única ou universal,
efectuando sempre a referência ao método utilizado. Diferentes propostas, quando aplicadas à
mesma curva carga-assentamento resultam em valores de rotura diferente. Alguns destes
métodos de interpretação das curvas são apresentadas a seguir:
O método de Van der Veen (1953) é o método de extrapolação da curva onde a carga última é
definida, por tentativas, através de uma equação matemática ajustada como função do segmento
que se dispõe da curva-assentamento.
- 42 -
Este método supõe que a curva-assentamento seja representada por uma função exponencial
com a seguinte equação:
Onde:
Qk Q
1− = e −α .δ k ⇒ − ln( 1 − k ) = α . δ k (Equação 2.55)
Qu QU
Na aplicação do método de Van der Veen, Aoki (1975) observa-se que a recta obtida
(correspondente à carga de rotura) não passava pela origem, mas apresentava um intercepto.
Deste modo, Aoki propôs a inclusão de um intercepto, β, dando origem ao método de Van der
Veen generalizado. Com base na expressão generalizada obtém-se a curva ajustada, arbitrando-se
valores para r e calculando os valores correspondentes a Q. Tendo em conta este comportamento
na equação da curva pode ser feita a seguinte alteração:
Q = Qu . (1 − e − (α .δ + β ) ) (Equação 2.56)
Onde β é o ponto de intersecção da recta procurada no método, com o eixo das abscissas.
Considerando novamente um estágio de carregamento k,
Qk
− ln( 1 − ) = α .δk + β (Equação 2.57)
QU
- 43 -
2.6.4.4.1.2 Método de Chin (1971, 1978)
O método de Chin (1971), baseado no trabalho de Kondner (1963), que deu origem ao conhecido
modelo construtivo hiperbólico para comportamento mecânico de solos, também considerou
uma função hiperbólica para a descrição da curva carga-assentamento de ensaios de carga em
estaca. Este método admite que o trecho final da curva carga-assentamento seja representado
por uma hipérbole de expressão:
δ δ
Q= ⇔ = a + b.δ (Equação 2.58)
a + b.δ Q
A carga de rotura corresponde ao limite dessa expressão, quando se impõe δ→∞, ou seja,
δ
QU = lim (Equação 2.59)
δ →∞ a + b.δ
1
QU = (Equação 2.60)
b
Figura 11 - Recta obtida num gráfico com ordenadas δ/Q e abscissas δ (Método de Chin, 1971)
- 44 -
2.6.4.4.2 Definição da carga de rotura a partir da curva carga-assentamento
Diversos métodos têm sido desenvolvidos e apresentados na literatura, para a definição da carga
limite, carga última ou carga de rotura.
Nos casos em que não há uma clara identificação da rotura durante a execução do ensaio de
carga, a norma brasileira NBR 6122 (1996) recomenda a estimativa do valor da carga de rotura
recorrendo-se à intersecção da curva de carga-assentamento com a recta definida pela equação:
QL D
δ= + (Equação 2.61)
A . E 30
Onde:
Figura 12 - Valor da carga limite na intersecção da curva de carga-assentamento com a recta (Método da
Norma Brasileira NBR 6122, 1996)
- 45 -
2.6.4.4.2.2 Método de Davisson (1972)
O Método de Davisson (1972) é similar ao recomendado pela Norma Brasileira NBR 6122. No
entanto, Davisson propôs que a carga de rotura QU seja estabelecida em função de um valor do
assentamento da cabeça da estaca que exceda a compressão elástica da estaca por um valor de
3,8 mm mais uma quantidade correspondente ao diâmetro da estaca, em milímetros, dividido por
120, conforme Equação 2.62:
QL D
δ= + + 3,8mm (Equação 2.62)
A . E 120
Figura 13 - Valor da carga rotura QU seja estabelecida em função de um valor do assentamento da cabeça
da estaca (Método de Davisson, 1972)
Este método, geralmente conservativo, mas talvez um dos mais usados em Portugal, tem a
vantagem de permitir o conhecimento antecipado, durante execução do ensaio de carga, do valor
de assentamento correspondente a QU em função do comprimento e diâmetro da estaca
ensaiada.
- 46 -
3 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS – MÉTODO PROPOSTO
3.1 INTRODUÇÃO
- 47 -
3.2 ANÁLISE DA CRAVAÇÃO DE ESTACAS USANDO A EQUAÇÃO DE ONDA
A percepção de que a cravação de estacas não pode ser adequadamente estudada pela Mecânica
do Corpo Rígido levou ao desenvolvimento de métodos de análise baseados na equação de onda.
Este tipo de análises entra em linha de conta como o facto de cada impacto de um martelo
produzir uma onda de tensão que se desloca pela estaca à velocidade do som, logo as diversas
secções da estaca não ficam solicitadas ao máximo simultaneamente, como se admite nas
fórmulas dinâmicas convencionais.
A equação de onda é usada principalmente para estabelecer uma relação entre a capacidade de
carga e a penetração da estaca provocada pelas pancadas do martelo. Todavia, é também
possível obter as tensões que se instalam na estaca durante a cravação.
Os métodos baseados na equação de onda facultam a possibilidade de levar a cabo análises
racionais sobre a influência que no processo de cravação exercem os diversos factores, tais como
as características da estaca, do martelo e dos elementos de protecção e amortecimento. Esses
métodos são por isso, adequados para avaliar a adequabilidade de um dado sistema de cravação
em determinadas circunstâncias e para escolher o melhor sistema de modo a obter a capacidade
de carga desejada sem danificar a estaca.
Apesar de a carga de serviço de uma estaca também ser obtida por minoração da capacidade de
carga última, o facto de até certo ponto, serem tidas em consideração as características dos
terrenos diminui, pelo menos parcialmente, a incerteza associada à atribuição de um factor de
segurança adequado a um local particular. Incerteza essa que, como se viu, com as fórmulas
dinâmicas pode ser realmente elevada.
A capacidade de carga de uma estaca é obtida pelo equilíbrio estático entre a carga aplicada, o
peso próprio da estaca e a resistência oferecida pelo solo, como mostra a Figura 14. Este
equilíbrio pode ser expresso pela equação:
QU + W = Q L + Q P (Equação 3.1)
Onde:
QU - capacidade de carga total de uma estaca;
W - peso próprio da estaca;
QP - capacidade de carga da ponta ou base.
QL - capacidade de carga lateral.
- 48 -
Figura 14 – Estaca submetida à carga de rotura (Vésic, 1972)
Desprezando o peso próprio da estaca, a capacidade de carga é expressa como função de dois
termos, um relativo à resistência de ponta e outro ao atrito lateral. Deste modo, a equação acima
pode ser reescrita como:
L
QULT = AP .q p + U ∫ τ l . d L = AP .q p + U .∑ τ i .∆L (Equação 3.2)
0
Onde:
Ap - área de ponta ou base da estaca;
Qp - resistência unitária de ponta;
U - perímetro da estaca;
τl - resistência lateral unitária;
∆L - trecho do comprimento da estaca ao qual τi se aplica.
- 49 -
3.4 RESISTÊNCIAS UNITÁRIAS MOBILIZADAS PELO AMOSTRADOR SPT
Na proposta de interpretação dos ensaios SPT o valor de Nspt é representado pela penetração
por golpe (∆p). A aplicação dos conceitos de energia contida no processo de cravação permitiram
estabelecer o trabalho despendido para cravar o amostrador no solo. Como o trabalho é o
produto da força pelo deslocamento, pode-se obter a força de reacção dinâmica do solo à
cravação do amostrador. A equação representa esta força dinâmica de reacção:
Na equação recomenda-se utilizar os valores que foram estimados por Odebrecht (2003) através
da retro-análise dos dados de Cavalcante (2002):
η1 =0,761
η2 = 1
η3 = 0,907-0,0066l , sendo l o comprimento do trem de varas
Dado que, no presente trabalho, se procedeu-se à avaliação da eficácia energética do ensaio SPT
localmente, foi possível, através da média de 512 medições obter directamente o coeficiente η1,
sendo este igual a 0,6427 (ver anexo IV). Quanto aos coeficientes η2 e η3, foram seguidas as
recomendações de Odebrecht (2003) aquando da rectro-análise dos dados de Cavalcante(2002),
acima referidas.
Assim como na cravação de uma estaca, a cravação do amostrador no solo mobiliza dois
mecanismos distintos de resistência. Atrito lateral ao longo das faces internas e externas e
normais de ponta. Deste modo, a força dinâmica Fd calculada pela equação atrás pode ser
decomposta em duas parcelas:
Fd = Fd ,l + Fd , p (Equação 3.4)
Onde:
Fd,l - força dinâmica lateral mobilizada pelo amostrador;
Fd,p - força dinâmica de ponta mobilizada pelo amostrador.
Para que se conheça o valor das resistências unitárias laterais e de ponta mobilizadas pelo
amostrador, torna-se necessário dividir as parcelas de atrito lateral e de resistência de ponta
- 50 -
pelas suas respectivas áreas. As hipóteses adoptadas na separação destas parcelas serão
detalhadas a seguir.
Quando se crava o amostrador SPT em um solo pouco resistente, o corpo do amostrador vai
sendo continuamente preenchido de solo. Neste processo, o principal mecanismo de mobilização
da resistência é o atrito gerado ao longo da área lateral, tanto interna quanto externa do
amostrador. Nestas condições, a força dinâmica (Fd) mobilizada equivale à força dinâmica lateral
(Fd,l) e a resistência lateral unitária mobilizada pelo amostrador SPT pode ser escrita da seguinte
forma:
Fd
τ l , spt = (Equação 3.5)
al
Onde:
τspt – atrito lateral unitário no amostrador SPT;
al – área lateral do amostrador apesar de se ter 45,7 cm de comprimento, serão considerados
apenas os 30 cm utilizados como referência no valor de Nspt. Note-se que, se houver o
entupimento da ponta do amostrador durante o processo de cravação, este não será considerado
e a Equação 3.5 fornecerá valores incorrectos.
Já para solos mais resistentes, tipicamente encontrados na ponta de estacas, põe-se a hipótese de
que no processo de cravação ocorre o entupimento da ponta do amostrador, mobilizando-se
simultaneamente forças normais à ponta e atrito em torno da área lateral externa. Esta hipótese
é corroborada pela inspecção sistemática de inúmeros ensaios SPT, nos quais se observa um nível
muito baixo de recuperação de amostras em solos resistentes.
Havendo mobilização tanto de atrito na face externa, como de forças normais à base do
amostrador (solos resistentes) há necessidade de isolar estas duas parcelas. Para esta separação,
aconselha-se, estimar a rigidez e o ângulo de resistência ao corte do solo e utilizar as teorias de
capacidade de carga e de expansão de cavidade esférica. Utilizando-se a teoria de capacidade de
carga proposta por Vésic (1972) aplicada a solos granulares, variando propriedades dos solos:
índice de rigidez entre 200 a 500, o ângulo de resistência ao corte entre 30º a 40º e o nível de
tensões efectivas verticais entre 50 a 500 kPa, faixa representativa da maior parte dos solos
naturais, pode-se facilmente calcular os valores de resistência transmitidos à ponta da estaca,
conforme ilustrado na Figura 15.
- 51 -
Figura 15 – Percentagem de resistência de ponta mobilizada pela cravação do amostrador SPT em solos
arenosos
Fd , p 0,7 Fd
q p , spt = = (Equação 3.6)
ap ap
Onde:
qp,spt – resistência de ponta mobilizada pelo amostrador SPT;
π 5,12
ap – área de ponta do amostrador SPT ( a p = = 20,4 cm 2 )
4
Para aplicar os valores das resistências laterias e de ponta mobilizadas pelo amostrador SPT na
previsão da capacidade de carga de estacas deve-se, primeiramente, estabelecer se há alguma
relação entre estas resistência e, se esta relação é influenciada pelo efeito de geometria, ou seja,
pela razão entre a geometria da estaca e a geometria do amostrador. Utilizou-se para esta
- 52 -
finalidade os dados das estacas adoptadas como protótipo (micro-estacas) organizado na
presente pesquisa.
Para fins de cálculo, adopta-se como valor representativo deste efeito uma queda de 80% da
resistência mobilizada pelo amostrador com relação às mobilizadas pela estaca, ou seja, a
resistência unitária lateral mobilizada pela estaca é de apenas 20% da tensão cisalhante
mobilizada no amostrador SPT. Observa-se assim um efeito de escala na transposição da
resistência lateral mobilizada pelo amostrador (modelo) para a estaca (protótipo). Deste modo, a
Equação 3.7 apresenta o valor do atrito lateral unitário da estaca.
0,2 Fd
τl = (Equação 3.7)
al
0,7 Fd
qp = (Equação 3.8)
ap
Aplicando os valores das resistências τl e qp expressos pelas Equações 3.7 e 3.8, pode-se
facilmente estimar a capacidade de carga de estacas através da força dinâmica calcula pelo ensaio
SPT:
0,2 U Ap
QU = QL + QP =
al
∑F d ∆L + 0,7 Fd
ap
(Equação 3.9)
Sabendo-se que a capacidade de carga de uma estaca está intimamente relacionada com o seu
processo executivo, deve-se estabelecer ajustes na Equação 3.9 para considerar os diferentes
tipos de estacas. Estes ajustes são representados pelos coeficientes α e β aplicados às resistências
laterais e de ponta, respectivamente. Deste modo a Equação 3.10 pode ser reescrita da seguinte
forma:
QU = α QL + β QP (Equação 3.10)
- 53 -
Os coeficientes α e β são obtidos através de correlações estatísticas entre os valores previstos
pelo método proposto e valores medidos em provas de carga estática para os diferentes tipos de
estacas analisadas.
No presente trabalho, e no caso em estudo, não foram determinados os coeficientes α e β. Estes
parâmetros são obtidos através de análises estatísticas que requerem um conjunto de dados
significativos para que sejam confiáveis. Então para o efeito, neste trabalho foram utilizados os
propostos por Lobo (2005), como se pode verificar na Tabela 8.
- 54 -
4 INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA
O ensaio é constituído por um amostrador, um conjunto de varas de aço, um martelo e por fim
por um dispositivo de elevação e destravamento que permite erguer o martelo deixando-o cair
em queda livre até contactar com o trem de varas.
De seguida serão descritos individualmente os vários elementos que constituem o equipamento
utilizado na execução dos ensaios SPT:
4.1.1 AMOSTRADOR
4.1.2 VARAS
- Varas de sondagem simples do tipo B (Figura 17) que apresentam as seguintes características:
• Diâmetro externo – 50 mm
• Diâmetro interno – 37 mm
• Área efectiva da secção – 8,88 cm2
• Comprimentos – 3000, 1500 e 500 mm
• Massa – 6,5 kg/m.
- 55 -
Por vezes são utilizados troços de vara com 1,00 m de comprimento de modo a facilitar a
manobra de execução dos ensaios.
- 56 -
4.2 REGISTOS DE ENERGIA NOS EQUIPAMENTOS SPT
O SPT ANALYZER usado na pesquisa desta dissertação foi adquirido junto da Pile Dynamics
Incorporation (PDI) pelo departamento de Engenharia Civil do Instituto Politécnico da Guarda.
- 57 -
De seguida serão apresentadas as principais características de cada componente deste sistema:
Consiste num pequeno aparelho de fácil transporte, com dimensões são 205 mm x 175 mm x
115mm e um peso rondando os 3 kg (Figura 20).
Este possui um pequeno monitor no qual são apresentados os resultados do ensaio (gráficos) mas
também informações relativas a este (numero de golpes, diâmetro do furo, nome do projecto,
etc.). Para além da visualização dessas propriedades, é ainda possível introduzir manualmente o
nome do executante, nome do projecto no qual serão gravados os dados, diâmetro do furo,
profundidade do ensaio, entre outros. A principal característica desta consola consiste no facto de
possuir um sistema de dados em quatro canais, isto é, um par de canais para os medidores de
deformação e outro par de medidores para os acelerómetros. Destes quatro medidores obtém-se
os valores da força assim como os da velocidade da queda do martelo.
O ecrã do SPT-Analyzer é de cristal líquido sensível ao toque e é de fácil manuseamento.
É um sistema de armazenamento dos dados obtidos durante o ensaio, que são automaticamente
armazenados no cartão de memória com uma capacidade de 128 MB, sendo necessário introduzi-
lo no local apropriado da consola de aquisição de dados sempre que se realizar campanhas de
ensaios (Figura 21), permitindo posterior transferência dos sinais para um microcomputador,
aonde são efectuadas as análises de uma maneira mais detalhada.
- 58 -
Figura 21 - Cartão de memória e local de encaixe na consola de aquisição de dados
A consola de aquisição de dados é alimentada por uma bateria de 12V DC sendo que esta poderá
ser recarregada num simples tomada eléctrica (100 – 250V AC).
Os cabos de conexão servem para conectar a consola de aquisição à bateria ao segmento de vara
do SPT, no qual estão acoplados os medidores de deformação e poderão ainda ser aparafusados
os acelerómetros. De referir que estes cabos possuem um sistema de conexão rápida, facilitando
assim as ligações entre os vários componentes (Figura 22).
De salientar que neste projecto foram usadas dois tidos de varas, de características diferentes,
apresentadas de seguida.
- 59 -
Na campanha preliminar, 1ª e 2ª a instrumentação utilizada encontra-se fixa a um trecho que
compreende uma vara maciça com 610 mm de comprimento e 32 mm de diâmetro e uma massa
de 6,24 kg/m. O conjunto instrumentado localiza-se a uma distância média de 41 cm do topo do
conjunto conforme ilustra a Figura 23.
- 60 -
Os medidores de deformação (strain-gauges), tal como os acelerómetros, encontram-se fixos, ao
mesmo nível, numa posição diametralmente oposta, e numa posição acima dos acelerómetros
Figura 25.
- 61 -
4.2.2 CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO (SPT ANALYSER)
O SPT ANALYZER capta e fornece o registo da força medida, em função do tempo, nas duas
posições relativas aos dois medidores de deformação. Mas também fornece de imediato o valor
da velocidade da queda do martelo, que é utilizada nos cálculos da energia transferida, com base
nos valores da aceleração em função do tempo. Por cada pancada realizada a consola de
aquisição de dados exibe, na sua tela, e em tempo real o valor da energia transmitida ao trem de
vara segundo os dois métodos anteriormente referidos, o EFV e o EF2. Para além disso, também
permite verificar em tempo real a qualidade dos registos assim como conhecer o deslocamento
vertical do trem de varas ocorrido em cada pancada do martelo. A Figura 27 apresenta um registo
exibido pela consola do SPT ANALYSER.
Para se obter esses valores com um elevado grau de exactidão, a consola de aquisição requer
determinados dados de calibração de acordo com as características das varas utilizadas, sendo
que essa calibração possui uma validade de dois anos (ver anexo II e III). Desse modo, segue-se as
Tabelas 9 e 10 no qual serão apresentados esses dados de acordo com a norma utilizada em
Portugal (ASTM D1586/58T).
F1 F2 A1 A1
Factor de calibração 223,53 ME/V 222,96 ME/V 355 G/ciclo 405 G/ciclo
- 62 -
Tabela 10 - Factores de calibração dos sensores utilizados na 3ª campanha
F1 F2 A1 A1
Factor de calibração 215,31 ME/V 216,83 ME/V 310 G/ciclo 400 G/ciclo
- 63 -
Figura 29 - Equipamento utilizado na 1ª e 2ª campanha (Estaleiro de Canelas)
- 64 -
Figura 31 - Equipamento utilizado na 3ªcampanha (Estaleiro de Porto Alto)
A circulação de água, para limpeza e arrefecimento das ferramentas de corte, fez-se com o auxílio
de um grupo moto-bomba DITER-FMC L09, apoiados por outro grupo moto-bomba Honda GK
200. Normalmente foi utilizada água clara. No entanto, sempre que as condições de recuperação
e amostragem assim o exigiram, foram utilizados aditivos ou coadjuvantes de lubrificação e
arrefecimento.
A amostragem foi contínua , pelo que foram utilizados amostradores duplos do tipo T2 de 86 e
101 mm de diâmetro, equipados com coroas de metal duro (widia). No revestimento dos furos de
sondagem usaram-se tubos de 101mm de diâmetro
Com a amostragem contínua foi possível identificar litologicamente as formações interessadas.
No final, as amostras foram objecto de cuidados particulares. Imediatamente após a extracção e
depois de convenientemente limpas, foram colocadas em caixas apropriadas, identificadas por
separadores de madeira onde, na secção superior, de modo legível e indelével, foi indicada a
profundidade atingida pela sonda, nessa manobra (Figura 32).
- 65 -
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
5.1 CAMPANHA PRELIMINAR COM VISTA À CALIBRAÇÃO ENERGÉTICA DOS EQUIPAMENTOS SPT
A unidade de registo exibe para cada golpe do martelo e em tempo real, a energia medida por
dois métodos diferentes (EF2 e EFV), a força máxima de impacto, o número do golpe e a eficiência
de energia transferida ao trem de varas relativamente à energia teórica fornecida (energia
potencial do equipamento). Os dados registados foram analisados no software PDA-W e
transferidos para uma folha de cálculo.
Para proceder aos registos é necessária a compilação prévia de um conjunto de informações
relativas às características da sondagem, designadamente:
• Diâmetro do furo;
• Diâmetro do revestimento (caso seja usado);
- 66 -
• Profundidade do furo;
• Comprimento do trem de varas (desde a ponta do amostrador até à secção
instrumentada).
Na sequência da anotação destas informações, verificou-se que os procedimentos adoptados pela
equipa de sondagem, que se pressupõe ser a prática corrente, não contemplam a medição
efectiva destas grandezas, pelo que caso não tivesse sido necessário efectuar estes registos, ficar-
se-ia sem saber exactamente a profundidade da furação e a profundidade a que se estavam a
executar os ensaios SPT. Verificou-se ainda a inexistência de um boletim de ensaio tal qual exige o
normativo europeu.
Durante a execução dos ensaios SPT verificou-se que o martelo não se encontrava nas melhores
condições, já que muitas vezes, este caía antes de atingir o gatilho, ou seja, houve um conjunto de
pancadas, correspondentes a alturas de queda inferiores a 76 cm, que embora não tenham sido
contabilizados para efeitos da definição do resultado do ensaio N (resistência à penetração),
obviamente influenciam o resultado final do ensaio, até porque muitas vezes estes envolveram
valores de energia muito significativos.
A avaliação da eficiência energética do equipamento partiu do pressuposto que o martelo
cumpria todos requisitos, ou seja, apresentava massa de 63,5 kg e altura de queda de 76 cm.
Nestas condições a energia teórica do martelo corresponderia a 0,473 kN.m (473 J).
Nesta campanha preliminar foram executados ensaios SPT às profundidades de 1,30 m, 2,30 m,
3,98 m, 5,48 m, 6,96 m e 8,36 m.
Os dados obtidos mostram o número de registos efectuados pelo equipamento é por vezes
superior ao anotado pelo operador, para além disso, a eficácia energética é superior a 100%, ou
seja, para que tal seja possível é necessário que ou a altura de queda é superior a 76 cm e/ou a
massa do martelo é maior que 63,5 kg.
Analisando os registos correspondentes a cada um dos ensaios, foi possível ainda tirar outras
ilações, as quais daremos conta de seguida.
- 67 -
preenchido pelo material ensaiado, aumenta a resistência à penetração, dado que é mobilizado
maior atrito tanto no interior do amostrador como no exterior, este facto influencia a qualidade
dos registos, dado que, por menor que seja a energia da pancada resulta sempre uma penetração
efectiva. Assim, os martelos devem ser com frequência inspeccionados relativamente ao seu
estado de funcionamento, de modo a eliminar ou diminuir esta fonte de erro.
Dos registos obtidos nesta campanha, serão apenas abordados alguns, nomeadamente os registos
que merecem uma abordagem mais cuidadosa. Contudo todos os resultados obtidos serão
apresentados em anexo IV.
Antes de mais, e comparativamente aos restantes, observa-se que no registo do golpe nº 2 e do
golpe nº3, um desprendimento acidental do martelo antes de atingir o gatilho.
Procedendo à análise dos registos observa-se que os mesmos são bastante consistentes. Como
exemplo apresenta-se na Figura 33 o registo do primeiro golpe do martelo.
200 3,5
1º pulso F
3
V
150
2,5
2
100
Velocidade (m/s)
Força (kN)
2º pulso 1,5
50 3º pulso
1
0,5
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 0
-50 -0,5
Martelo descola
Tempo (ms)
do trem de vara
0,65
0,6 99,5
0,55
Cravação
0,5 suplementar
0,45 devida ao 2º pulso 79,5
0,4
Energia (KN-m)
0,35
59,5
D (mm)
0,3
0,25
0,2 E 39,5
0,15 D
0,1
19,5
0,05
0
-0,05 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -0,5
Tempo (ms)
- 68 -
A Figura 33 ilustra a existência de 3 pulsos de compressão. O primeiro diz respeito ao impacto
inicial e os dois seguintes decorrentes de pulsos (impactos) sucessivos do martelo, os quais
conferem um incremento de penetração do amostrador no solo bastante significativo, em
especial o 2º pulso, já que o último é de muita pequena energia. Observa-se ainda que a reflexão
por tracção originada em cada um dos pulsos diminui gradualmente, o que se compreende dado
que por efeito de dissipação, a energia disponível em cada um deles é menor que a anterior o que
faz com que a força mobilizada como é menor tem menos capacidade para vencer a resistência
do solo.
Analisando em pormenor o primeiro pulso Figura 34, correspondente ao impacto inicial do
martelo com o batente, damo-nos conta de uma série de ocorrências.
250 3,5
t=2L/c=1,013 ms
3
200
t=2L’/c=0,705 ms
2,5
150
2
Velocidade (m/s)
F
Força (kN)
t0
100 1,5
2L/c
2L'/c 1
50 V
0,5
0
0
8 9 10 11 12 13 14 15
-50 -0,5
Tempo (ms)
Assim observa-se que para o tempo 2L’/c, em que L’ corresponde ao comprimento desde a secção
instrumentada até ao topo do amostrador SPT, ocorre uma reflexão de compressão a qual deverá
estar relacionada com as diferentes impedâncias relativas à cabeça do amostrador e do trem de
varas. Este facto é reproduzido no sinal da velocidade através da sua redução. Observa-se ainda
que após o tempo 2L/c, em que L corresponde ao comprimento desde a secção instrumentada
até à boquilha do amostrador SPT, ocorre uma forte diminuição da força sobressaindo uma
reflexão por tracção motivada pela reduzida resistência à penetração oferecida pelo solo, o que
motiva o incremento da velocidade da partícula, no mesmo período de diminuição da força. Este
aumento da velocidade da partícula no topo do trem de varas causa a descolagem entre o
martelo e o batente o que origina a ocorrência de um segundo pulso de compressão.
A Figura 35 ilustra o segundo pulso ocorrido após o contacto de restabelecido o contacto entre o
martelo e o trem de varas. É possível observar que neste segundo pulso ainda está envolvida uma
parcela significativa de energia a qual é transmitida ao sistema gerando uma apreciável
- 69 -
penetração suplementar do amostrador. Neste segundo pulso observa-se após o tempo 2L/c, que
ocorre de imediato uma segunda solicitação proveniente da reflexão do amostrador, que
aumenta o pico da segunda onda de compressão. Este facto é possível dado que ocorre para um
trem de varas curto.
40 1,4
35 t=2L’/ F
1,2
30 c V
t0 1
25
2L/c
20
Velocidade (m/s)
0,8
Força (kN)
15
0,6
10
5 0,4
0
50 55 60 65 70 75 0,2
-5
-10 0
Tempo (ms)
O tipo de registo gerado pelas pancadas do martelo SPT até aos 7,5 m é do mesmo tipo do
anterior. A esta profundidade observa-se um registo distinto do anterior (Figura 36). Observa-se
aqui que a quase totalidade da energia foi transferida ao trem de varas logo no primeiro impacto,
já que como o comprimento do trem de varas é maior, o tempo de permanência do martelo sobre
o trem de varas é também necessariamente maior. Merece ainda destaque o facto de ocorrerem
6 ciclos de onda antes de terminar o efeito do primeiro impacto, aos quais correspondem parcelas
sucessivas de penetração do amostrador. Cada ciclo tem aproximadamente uma duração de 2L/c.
450 4,5
400 4
F
350 3,5
V
300 1º pulso 3
250 2,5
Velocidade (m/s)
200 2
Força (kN)
150 1,5
100 1
2º pulso
50 0,5
0 0
-50 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -0,5
-100 -1
-150 -1,5
Tempo (ms)
- 70 -
0,7 35
0,65
0,6 30
0,55
0,5 25
E
0,45
Energia (KN-m)
0,4 20
Cravação D
D (mm)
0,35
0,3
suplementar 15
0,25 devida ao 2º pulso
10
0,2
0,15 5
0,1
0,05 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
250 4
F 3,5
200
V 3
t0
2,5
150 2L/c
Velocidade (m/s)
2
Força (kN)
6L/c
100 1,5
1
50
0,5
0
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -0,5
-50 -1
Tempo (ms)
- 71 -
0,6 7
0,55
6
0,5
0,45 5
0,4
Energia (KN-m)
0,35 4
D (mm)
0,3
E 3
0,25
0,2 t0
2
0,15 2L/c
0,1 1
6L/c
0,05
D 0
0
-0,05 -1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
- 72 -
3
190
F
2,5
V
140 2
Velocidade (m/s)
Força (kN) 1,5
90
1
0,5
40
0
-10 -0,5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
0,65 13
0,6
0,55 11
0,5
0,45 9
0,4
Energia (KN-m)
0,35 7
D (mm)
0,3
0,25 5
0,2
E
0,15 3
0,1 D
0,05 1
0
-0,05 -1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
- 73 -
5.2 PRIMEIRA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO ENERGÉTICA DOS EQUIPAMENTOS SPT
A primeira campanha de calibração energética dos equipamentos SPT foi realizada no Estaleiro do
Núcleo de Geotecnia da Direcção de Fundações e Geotecnia da Mota-Engil, Engenharia e
Construção S.A.
Antes de se proceder à calibração dos martelos SPT executou-se a numeração de todos eles de
modo a que seja possível a identificação dos mesmos quando estiverem em operação.
Após a numeração procedeu-se numa primeira fase (18-08-2009) à verificação da massa de alguns
martelos SPT. Refira-se que relativamente á altura de queda, esta é comum a todos os martelos já
que resulta do trajecto disponível entre o batente e o gatilho de destravamento, que se verificou
ser de 76 cm. Os resultados obtidos ilustram-se na Tabela 11.
Dado que a norma EN ISO 22476-3 exige que os martelos SPT tenham peso igual a 63,5 kg (± 0,5
kg) e dado que para efeitos da determinação da energia teórica se assumiu o valor de 63,5 kg,
compreende-se que estes desvios no peso dos amostradores possam só por si justificar os
elevados valores de eficácia energética anteriormente referidos.
Na sequência dos resultados anteriores procedeu-se à redução de peso de todos os martelos, de
modo que os pesos finais ficassem enquadrados nos valores permitidos pela norma. Ao mesmo
tempo foi alertado o fornecedor dos martelos para esta ocorrência. No final os martelos ficaram
com o peso que se apresenta na Tabela 12.
- 74 -
Após a rectificação dos martelos procedeu-se à avaliação da eficiência energética dos martelos,
com excepção dos martelos MRT02 e MRT03 dado que na sequência da manutenção e verificação
da funcionalidade dos mesmos se verificou que necessitavam de substituição de peças, as quais
na altura ainda não tinham sido entregues pelo fornecedor.
Efectuou-se assim uma primeira calibração de alguns martelos, sendo que os martelos MRT04,
MRT05, MRT07 e MRT11 foram ensaiados sem a sua massa ter sido ratificada, enquanto que os
martelos MRT03, MRT06, MRT08 e MRT09 foram ensaiados já com a sua massa corrigida.
A calibração dos martelos foi efectuada num furo de sondagem, tendo-se utilizado na execução
dos ensaios SPT, às diferentes profundidades, os diversos martelos a calibrar.
A quantificação da eficiência energética dos martelos SPT foi efectuada através da média dos
registos correspondentes apenas aos golpes do martelo que perfazem o valor de N, ou seja, foram
desprezados os registos correspondentes ao primeiro trecho de 15 cm de penetração do
amostrador SPT.
O local em estudo, enquadram-se num extenso maciço eruptivo, de natureza granítica a qual é
abrangida pela folha 13-A (Espinho) da Carta Geológica de Portugal, à escala de 1:25000.
De uma forma geral, a rocha tem granulometria grosseira e carácter porfiróide.
De uma forma sucinta, observa-se que ao longo do furo de sondagem ocorre uma sequência
litológica de aterro compacto e solo residual granítico.
Dos registos obtidos nesta campanha, serão apenas abordados alguns, nomeadamente os registos
que merecem uma abordagem mais cuidadosa. Contudo, todos os resultados obtidos serão
apresentados em anexo IV.
- 75 -
Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,412 kN.m e
tendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=87,11 %, a
que corresponde um desvio-padrão δ=12,5 %.
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100120 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40 60
0 0 0
5 5
5
Número do golpe
10 10
10
15 15
15
20 20
20 N1
25 25
N2
25 30 30
Na Figura 40 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 18/22, o qual tipifica o total dos
registos obtidos.
160 4
140 3,5
F
120 3
V
100 2,5
Velocidade (m/s)
80 2
Força (kN)
60 1,5
40 1
20 0,5
0 0
-20 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -0,5
-40 -1
Tempo (ms)
0,45 9
0,4 8
0,35 7
0,3 6
Energia (KN-m)
0,25 5
D (mm)
0,2 4
0,15 3
0,1 E 2
0,05 D 1
0 0
-0,05 -1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
- 76 -
O tipo de registo corresponde à situação de solo muito resistente e trem de varas curto, sendo
identificável a quase inexistência de reflexão por compressão o que confirma a situação
enunciada anteriormente. São ainda identificáveis três picos de força, que como seria de esperar
se encontram pouco espaçados no tempo.
10 10 10
20 20 20
Número do golpe
30 30 30
40 40 40
N1
50 N2 50 50
N3
60 60 60
Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,469 kN.m e
tendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=98,09 %, a
que corresponde um desvio-padrão δ=9,2 %. Os resultados evidenciam ainda a ocorrência de
disparos extemporâneos o que mostra da necessidade de se efectuar manutenção no martelo
MRT 05, o que aconteceu de imediato.
Na Figura 42 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 35/65 que tipifica os registos
obtidos.
O tipo de registo continua a corresponder à situação de solo muito resistente e trem de varas
curto.
- 77 -
200 4
F
150 V 3
Velocidade (m/s)
100 2
Força (kN)
50 1
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1
Tempo (ms)
0,55 25
0,5
0,45 20
0,4
0,35 15
Energia (KN-m)
0,3
D (mm)
0,25 E 10
0,2 D
0,15 5
0,1
0,05 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
5
5 5
Número do golpe
10
10 10
15
15 15
20
N1
20 20
N2 25
N3
25 25 30
- 78 -
Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,480 kN.m
etendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=101,3 %, a
que corresponde um desvio-padrão δ=18,1 %. Os resultados mostram a existência de uma
variação apreciável dos resultados, com pancadas que transmitiram pequena energia ao trem de
varas, o que pode estar relacionado com a queda do martelo antes de ser atingido o gatilho, mas
também valores por vezes exagerados o que indicia levantamentos de martelo superiores ao
permitido. Estes resultados mostram a necessidade de se efectuar manutenção no martelo MRT
07 e de se confirmar a sua altura de queda e a sua massa, sendo desejável proceder à recalibração
do mesmo. Na Figura 44 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 5/22, o qual tipifica o
total dos registos obtidos.
200 4
F
150 3
V
100 t0 2
Velocidade (m/s)
2L/c
Força (kN)
50 1
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1
-100 -2
Tempo (ms)
0,55 45
0,5 40
0,45 35
0,4
0,35 30
Energia (KN-m)
0,3 25
D (mm)
0,25 20
0,2 15
0,15 10
0,1 E
0,05 5
D 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
No registo identifica-se já a ocorrência de uma reflexão por tracção após o tempo 2L/C o que
traduz a menor resistência à penetração destes solos relativamente aos anteriores. Observa-se
também a existência de um segundo pulso de muito pequena energia que corresponde a um
restabelecimento do contacto do martelo com o trem de varas o qual é ainda responsável por
uma relevante penetração adicional do amostrador.
- 79 -
5.2.2.4 MARTELO MRT 03 – PROFUNDIDADE DE 3,43 M
Não foi possível efectuar a calibração do martelo MRT 03, porque os dentes do martelo não o
conseguiam segurar durante o percurso ascendente. O martelo foi posteriormente sujeito a
acções de manutenção.
5 5 5
10 10 10
Número do golpe
15 15 15
20 20 20
25 25 25
30 N1 30 30
N2
N3
35 35 35
Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,404 kN.m e
tendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=88,56 %, a
que corresponde um desvio-padrão δ=8,9 %. Os resultados mostram a existência de um conjunto
de pancadas que transmitiram pequena energia ao trem de varas que se relacionam com a queda
do martelo antes de ser atingido o gatilho. Estes resultados mostram a necessidade de se efectuar
manutenção no martelo MRT 04.
Na Figura 46 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 16/33, que ilustra o que se passa
nos restantes.
- 80 -
200 4
150 F 3
V
100 2
Velocidade (m/s)
Força (kN) 50 1
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1
-100 -2
Tempo (ms)
0,55 30
0,5
0,45 25
0,4
20
0,35
Energia (KN-m)
0,3 15
D (mm)
0,25
0,2 10
0,15
E 5
0,1
0,05 D
0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
Este registo é em todo idêntico ao anterior, verificando-se que um único pulso, o proveniente do
impacto do martelo com o batente, é responsável pela maior parte da penetração do amostrador.
- 81 -
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40
0 0 0
5 5 5
Número do golpe 10 10 10
15 15 15
20 20 20
25 25 25
30 N1 30 30
N2
N3
35 35 35
200 5
F
150 V 4
3
100
Velocidade (m/s)
2
Força (kN)
50
1
0
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1
-100 -2
Tempo (ms)
- 82 -
0,4 25
0,35
20
0,3
0,25 15
Energia (KN-m)
0,2
D (mm)
10
0,15
0,1 5
0,05 E
0
0 D
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
5 5 5
10 10 10
Número do golpe
15 15 15
20 20 20
25 25 25
N1
N2
30 30 30
N3
35 35 35
- 83 -
200 4
150 F 3
V
100 2
Velocidade (m/s)
Força (kN) 50 1
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1
-100 -2
Tempo (ms)
0,4 14
0,35 12
0,3 10
0,25
8
Energia (KN-m)
0,2
D (mm)
6
0,15
4
0,1 E
0,05 D 2
0 0
-0,05 -2
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (ms)
5 5 5
10 10 10
Número do golpe
15 15 15
20 20 20
25 25 25
N1
N2
30 30 30
N3
35 35 35
- 84 -
Os resultados apresentados na Figura 51 mostram excelente consistência, tendo-se verificado um
valor médio de energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,411 kN.m e tendo como referência
a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=86,79 %, a que corresponde um
desvio-padrão δ=7,0 %.
Na Figura 52 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 24/35, que ilustra o que se passa
nos restantes.
200 4
150 F 3
V
100 2
Velocidade (m/s)
Força (kN)
50 1
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1
-100 -2
Tempo (ms)
0,45 20
0,4
0,35 15
0,3
Energia (KN-m)
0,25 10
D (mm)
0,2
0,15 5
E
0,1
0,05 D 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
A segunda campanha de calibração energética dos equipamentos SPT, tal como a primeira
campanha, foi realizada no Estaleiro do Núcleo de Geotecnia da Direcção de Fundações e
Geotecnia da Mota-Engil, Engenharia e Construção S.A.
Esta campanha de calibração de martelos SPT surgiu após a recalibração dos martelos MRT04,
MRT05 e MRT08 e a nova calibração do martelo MRT10.
- 85 -
Todos os martelos foram ensaiados com a sua massa normalizada (Figura 53).
Numeração do
amostrador em
baixo relevo.
Sulco originado
pela retirada de
material para
cumprimento do
peso normalizado
A quantificação da eficiência energética dos martelos SPT foi efectuada através da média dos
registos correspondentes apenas aos golpes do martelo que perfazem o valor de N, ou seja, foram
desprezados os registos correspondentes ao primeiro trecho de 15 cm de penetração do
amostrador SPT.
Dos registos obtidos nesta campanha, serão apenas abordados alguns, nomeadamente os registos
que merecem uma abordagem mais cuidadosa. Contudo todos os resultados obtidos serão
apresentados em anexo IV.
- 86 -
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40 60
0 0 0
5 5 5
10 10 10
Número do golpe
15 15 15
20 20 20
25 25 25
30 N1 30 30
N2
35 35 35
N3
40 40 40
No entanto o operador registou apenas 38. Esta situação é de algum modo frequente em equipas
de sondagem, no entanto pode ser evitada com a anexação de um contador automático de
pancadas ao equipamento de ensaio.
Na Figura 55 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 21/40, que serve de exemplo à
maioria dos registos efectuados neste ensaio SPT.
200 4
150 F 3
V
100 2
Velocidade (m/s)
Força (kN)
50 1
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1
-100 -2
Tempo (ms)
0,4 25
0,35
20
0,3
0,25 15
Energia (KN-m)
0,2
D (mm)
10
0,15
0,1 5
E
0,05
D 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
- 87 -
No registo observa-se após a reflexão de tracção, ao fim do tempo 2L/c, uma série de reflexões de
compressão que antecedem a ocorrência de um segundo pulso do martelo. Este segundo pulso já
não motiva a reflexão da onda de tracção o que indicia que grande parte da energia disponível no
conjunto foi utilizada para a realização de trabalho correspondente à penetração do amostrador.
Procedeu-se à execução de registos de energia em ensaio SPT com o martelo MRT10, que foi
previamente sujeito a manutenção para que todos os requisitos normativos fossem cumpridos.
Na Figura 56 apresentam-se os resultados obtidos de verificação da eficiência energética do
martelo SPT (MRT10). Estes revelam um valor médio de energia transmitida ao trem de varas de
EFV=0,387 kN.m e tendo como referência a energia padrão (0,473 kN.m), uma eficiência
energética ETR=81,74 %, a que corresponde um desvio-padrão δ=9,6 %.
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100120 0 0,2 0,4 0,6 0 20 40 60
0 0 0
5 5 5
10 10 10
Número do golpe
15 15 15
20 20 20
25 25 25
30 N1 30 30
N2
35 35 35
N3
40 40 40
70 2
Força (kN)
50
30 1
10 0
-10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 -1
-30
-50 -2
Tempo (ms)
- 88 -
0,4 25
0,35
20
0,3
0,25 15
Energia (KN-m)
0,2
D (mm)
10
0,15
0,1 E 5
0,05 D
0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
5 5 5
10 10 10
Número do golpe
15 15 15
20 20 20
N1
25 N2 25 25
N3
30 30 30
- 89 -
Na Figura 59 apresenta-se o registo correspondente ao golpe 21/28, que exemplifica o que
acontece na maioria dos registos efectuados neste ensaio SPT.
200 4,5
150 F 3,5
V
100 2,5
Velocidade (m/s)
Força (kN)
50 1,5
0 0,5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -0,5
-100 -1,5
Tempo (ms)
0,5 45
0,45 40
0,4 35
0,35 30
0,3
Energia (KN-m)
25
0,25
D (mm)
20
0,2
15
0,15
0,1 E 10
0,05 5
D
0 0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
- 90 -
ETR (%) EFV (kN.m) DFN (mm)
0 20 40 60 80 100120 0 0,2 0,4 0,6 0 50 100
0 0 0
5 5 5
Número do golpe
10 10 10
15 15 15
N1
20 20 20
N2
N3
25 25 25
Será conveniente confirmar a altura de queda já que o valor de eficiência energética deste
martelo é superior aos restantes, ultrapassando ligeiramente os 100 %. Na Figura 61 apresenta-se
o registo correspondente ao golpe 19/21, que exemplifica o que acontece na maioria dos registos
efectuados neste ensaio SPT.
200 4
F
150 3
V
100 2
Velocidade (m/s)
Força (kN)
50 1
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
-50 -1
-100 -2
Tempo (ms)
0,55 25
0,5
0,45 20
0,4
0,35 15
Energia (KN-m)
0,3
D (mm)
0,25 10
0,2
E
0,15 5
0,1 D
0,05 0
0
-0,05 -5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (ms)
- 91 -
5.4 TERCEIRA CAMPANHA DE CALIBRAÇÃO DE MARTELOS SPT
A terceira campanha de calibração energética dos equipamentos SPT, foi realizada no Estaleiro de
Porto Alto, do Núcleo de Fundações da Direcção de Fundações e Geotecnia da Mota-Engil,
Engenharia e Construção S.A. Nesta campanha de calibração foi utilizado um martelo novo,
adquirido à Tecso, S.A.
5.4.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA SUMÁRIA DOS SOLOS SUJEITOS DO ESTALEIRO DE PORTO ALTO
- 92 -
Figura 62 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 14/23,
correspondente à profundidade de 5,59 m (NSPT=11)
- 93 -
por tracção motivada pela reduzida resistência à penetração oferecida pelo solo, o que motiva o
incremento da velocidade da partícula, no mesmo período de diminuição da força. Este aumento
da velocidade da partícula no topo do trem de varas causa a descolagem entre o martelo e o
batente o que origina a ocorrência de um segundo pulso de compressão.
É possível observar que neste segundo pulso ainda está envolvida uma parcela significativa de
energia a qual é transmitida ao sistema gerando uma apreciável penetração suplementar do
amostrador. Neste segundo pulso observa-se após o tempo 2L/c, que ocorre de imediato uma
segunda solicitação proveniente da reflexão do amostrador, que aumenta o pico da segunda onda
de compressão. Este facto é possível dado que ocorre para um trem de varas curto.
Merece ainda destaque o facto de ocorrerem ciclos de onda antes de terminar o efeito do
primeiro impacto, aos quais correspondem parcelas sucessivas de penetração do amostrador.
Em alguns casos, os registos que envolvem menores níveis energéticos que deverão estar
relacionados com o facto de o martelo não ter mantido sempre uma posição vertical, originando
na descida do mesmo ao longo da vara guia a mobilização de maiores esforços de atrito, o que
originou consequentemente perda de energia potencial.
Na Figura 63, e perante o exemplo dado à profundidade de 5,59m, apresentam-se os resultados
obtidos de verificação da eficiência energética do martelo. Estes revelam um valor médio de
energia transmitida ao trem de varas de EFV=0,326 kN.m, e tendo como referência a energia
padrão (0,473 kN.m), uma eficiência energética ETR=68,93 %, a que corresponde um desvio-
padrão δ=4,6 %.
- 94 -
Figura 64 - Registos de força e velocidade, energia e deslocamento/penetração para o golpe 66/70,
correspondente à profundidade de 11,99 m (NSPT=11)
- 95 -
5.5 RESULTADOS FINAIS
- 96 -
Os resultados energéticos obtidos, em cada uma das medições de calibração constam, em resumo
da Tabela 14.
- 97 -
Tabela 15 - Energia efectiva disponibilizada pelos martelos SPT.
Para efeitos de avaliação do parâmetro N60 com os diversos martelos, este poder-se-á calcular
recorrendo à utilização da Equação 2.19. Para tal será necessário determinar para cada martelo a
relação entre Emedido/E60. Na Tabela 16 apresenta-se o valor dessa relação.
Dever-se-á nesta parte final referir que dever-se-á proceder o mais rapidamente possível á
calibração dos martelos em falta, designadamente o martelo MRT 01, MRT 02 e MRT 03. Para
além disso, dever-se-á recalibrar o martelo MRT 07.
5.6.1 INTRODUÇÃO
- 98 -
5.6.2 PREPARAÇÃO DOS ENSAIOS
Como já foi referido, as micro-estacas utilizadas foram sujeitas aos ensaios de carga em
compressão e tracção, com uma ligação entre tubos do tipo macho-fêmea foram colocadas numa
furação e injectadas através do sistema IGU (injecção geral e uniforme - técnica de injecção da
calda de cimento com obturador simples) em todo o seu comprimento. De modo a que se
pudessem aplicar as cargas, construiu-se uma viga de reacção composta por dois perfis UNP300
dispostos paralelamente, apoiada em duas micro-estacas. A aplicação das cargas no ensaio de
tracção foi feita através de um macaco hidráulico ligado a cinco cabos de pré-esforço amarrados à
micro-estaca. No ensaio à compressão a carga também foi aplicada com um macaco hidráulico
colocado entre a micro-estaca e a viga de reacção (Figura 66).
Ressalve-se o facto de a autora não ter estado presente aquando a realização destes ensaios de
carga nas micro-estacas à compressão e à tracção, realizados em 2009, no Estaleiro de Porto Alto,
em Lisboa. Estes dados foram fornecidos pelo Núcleo de Fundações da Mota-Engil, e integrados
nesta dissertação.
- 99 -
5.6.3 ENSAIO À TRACÇÃO
- 100 -
5.6.4 ENSAIO À COMPRESSÃO
O ensaio à compressão foi dividido em dois ciclos de carga: no primeiro testou-se a resposta da
micro-estaca numa situação de serviço, tendo-se para isso carregado gradualmente a micro-
estaca por patamares de 100 kN até aos 400 kN, altura em que foi descarregada, primeiro para os
200 kN e depois totalmente. Em cada patamar de carga esperou-se 60 minutos para que os
deslocamentos estabilizassem, tendo-se registado os deslocamentos aos 0, 5, 10, 15, 30 e 60
minutos. Nos patamares de descarga, o registo dos deslocamentos efectuou-se aos 0, 5 e 10
minutos para os 200 kN e aos 0, 5, 10, 15, 30 minutos após a descarga estar concluída.
No segundo ciclo de carga procurou-se levar a micro-estaca à rotura. Para tal, aplicou-se um
carregamento por etapas de 100 kN até se atingir a rotura. À semelhança do que tinha sido feito
na fase anterior, em cada patamar registaram-se os deslocamentos da micro-estaca em 6
momentos de modo a determinar o seu andamento.
De modo a registarem-se os movimentos mais relevantes utilizaram-se seis deflectómetros,
distribuídos da forma representada na Figura 68.
- 101 -
5.6.5 RESULTADOS DOS ENSAIOS
Para o estudo em causa, foram analisadas e tratadas as leituras dos deflectómetros colocados no
topo da micro-estaca (D4, D5 e D6). Dessas leituras foi possível traçar o seguinte gráfico
representado na Figura 69.
- 102 -
Figura 69 - Leituras dos deflectómetros (deslocamentos) realizadas durante o ensaio à tracção
- 103 -
A rotura da micro-estaca, no ensaio de carga à tracção aos 660 kN. Dado tratar-se de um ensaio
de carga à tracção, onde a carga aplicada é resistida pela interacção de duas parcelas que actuam
em sentido contrário a carga aplicada (o peso próprio da estaca e a resistência lateral) é
conveniente proceder-se à correcção da carga de rotura, ou seja, descontar o peso próprio da
micro-estaca (W).
Para o efeito, e considerando o peso específico do betão de 24 kN/m3, o peso próprio da micro-
estaca será:
Por outro lado, quando a micro-estaca é submetida a esforços de tracção, ocorre uma redução do
diâmetro da estaca e um alívio das tensões verticais do solo junto à mesma (Caso B). Já no caso de
esforços à compressão ocorre um acréscimo de tensões verticais do solo junto à micro-estaca
com o aumento do diâmetro (Caso A), como ilustra a Figura 71.
- 104 -
Deste modo, o valor equivalente da carga lateral correspondente à compressão vem:
660 − 149,28
Q L ( eq ) = = 680,95 kN (Equação 5.2)
0,75
Tal como no ensaio à tracção, o comportamento exibido pela micro-estaca foi típico de uma
estaca que funciona fundamentalmente por atrito lateral, isto é, em cada patamar de carga os
deslocamentos estabilizaram de forma quase imediata.
As leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 1º ciclo, estão
representadas da Tabela 18.
- 105 -
Tabela 18 - Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 1º ciclo
(Continuação)
Deflectómetros
Carga Tempo D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7
(kN) (min)
δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm)
0 200-0 5,64 6,22 6,39 5,22 9,061 7,92 8,9
200 5 200-5 5,635 6,22 6,38 5,22 9,0615 7,91 8,91
10 200-10 5,64 6,215 6,375 5,225 9,0615 7,91 8,91
0 0-0 5,69 8,36 8,33 5,18 9,04 5,42 7,35
5 0-5 5,71 8,37 8,35 5,16 9,041 5,415 7,38
0 10 0-10 5,725 8,38 8,355 5,15 9,041 5,42 7,38
15 0-15 5,74 8,365 8,36 5,14 9,041 5,41 7,38
30 0-30 5,74 8,35 8,37 5,14 9,041 5,405 7,375
Neste estudo foram analisadas e tratadas as leituras dos deflectómetros colocados do topo da
micro-estaca (D2, D3 e D5), que apesar de três dos vértices da cabeça da micro-estaca estarem
monitorizados, apenas foi possível retirar informação de dois deles (deflectómetros D2 e D3), uma
vez que o deflectómetro D5 não se mostrou funcional.
Então, dessas leituras foi possível traçar o seguinte gráfico representado na Figura 72.
No primeiro ciclo de carga, cuja força máxima foi de 400 kN, verificou-se que após a descarga
total, os deslocamentos à cabeça da micro-estaca eram praticamente iguais aos verificados para
uma carga de 100 kN. Observou-se ainda que apresenta um comportamento elástico, não linear
(Figura 73).
- 106 -
Figura 73 - Diagrama força – deslocamento da cabeça da micro-estaca no 1º ciclo de carga no ensaio à
compressão
Tal como nos ensaios anteriores, o comportamento exibido pela micro-estaca foi típico de uma
estaca que funciona fundamentalmente por atrito lateral, isto é, em cada patamar de carga os
deslocamentos estabilizaram de forma quase imediata, o que indica plastificação interfacial,
dificultando na explicação da recuperação completa das deformações na descarga.
As leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 2º ciclo, estão
representadas da Tabela 19.
Neste estudo foram analisadas e tratadas as leituras dos deflectómetros colocados do topo da
micro-estaca (D2, D3 e D5), que apesar de três dos vértices da cabeça da micro-estaca estarem
monitorizados, apenas foi possível retirar informação de dois deles (deflectómetros D2 e D3), uma
vez que o deflectómetro D5 não se mostrou funcional.
Deflectómetros
Carga Tempo
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7
(kN) (min)
δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm)
0 100-0 5,8 7,35 8,55 5,06 9,059 6,03 7,18
5 100-5 5,8 7,34 8,55 5,06 9,059 6,025 7,18
100 10 100-10 5,8 7,34 8,55 5,06 9,058 6,02 7,18
15 100-15 5,8 7,35 8,55 5,06 9,058 6,02 7,17
30 100-30 5,81 7,34 8,55 5,06 9,058 6,015 7,18
- 107 -
Tabela 19 - Leituras dos deflectómetros realizadas durante o ensaio à compressão – 2º ciclo
(Continuação)
Deflectómetros
Carga Tempo D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7
(kN) (min)
δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm) δ (mm)
- 108 -
O segundo ciclo de carga, que pretendia levar a micro-estaca à rotura por compressão, foi dado
por terminado aos 900 kN, altura em que registava um deslocamento vertical médio de 12,1 mm
na cabeça da estaca. Tal como nos ensaios anteriores, os deslocamentos em cada patamar de
carga estavam de acordo com os de uma estaca a funcionar por atrito lateral (Figura 74).
Analisando a Figura 74 é possível verificar que a rigidez axial da micro-estaca diminui com o
aumento da força exercida. Por outro lado, verifica-se também, que os deslocamentos verificados
até aos 500 kN (sensivelmente meio do ensaio) são de 3,5 mm, valor 3,5 vezes inferior ao
verificado no final do ensaio.
A Figura 75 mostra a relação força-deslocamento obtido neste ensaio, que foi terminado aos
900kN, sem ter atingido a rotura da micro-estaca.
- 109 -
Finalmente conclui-se que a rotura da estaca não foi atingida, como é demonstrado pela
inclinação da curva força-deslocamento na parte final do ensaio, que não tendo uma inclinação
vertical, ou próxima disso, mostra que a micro-estaca ensaiada provavelmente poderia ainda
suportar um carregamento maior.
Dado que a rotura da micro-estaca não foi atingida, procedeu-se à definição dessa carga através
da extrapolação da curva de carga-assentamento, recorrendo-se aos métodos de Van der Veen e
de Chin. Após a extrapolação da curva carga-assentamento, a definição da carga de rotura foi
analisada por dois métodos, nomeadamente o da Norma Brasileira NBR 6122 e o de Davisson,
como será explicado de seguida.
De acordo com o método de Van der Veen, projectando todos os dados referentes ao ensaio de
Qk
carga à compressão, num gráfico com ordenadas − ln( 1 − ) e abscissas δ, e adicionado uma
Qult
linha de tendência linear, obtêm-se os parâmetros a e b, como se pode verificar na como se pode
verificar na Figura 76.
Posto isto, e segundo o método enunciado, a descrição da curva carga-assentamento dos ensaios
de carga na micro-estaca, é apresentada na Figura 77.
- 110 -
Figura 77 - Curva carga-assentamento dos ensaios de carga na micro-estaca (método de Van der Veen,
1970)
De acordo com o enunciado no método de Chin, projectando todos os dados referentes ao ensaio
de carga à compressão, num gráfico com ordenadas δ/P e abscissas δ, e adicionando uma linha de
tendência linear, obtêm-se os parâmetros a e b, como se pode verificar na Figura 78.
δ
= a + b.δ = 0,0049 + 0,0007δ (Equação 5.3)
Q
- 111 -
Posto isto, e segundo o método enunciado, a descrição da curva carga-assentamento dos ensaios
de carga na micro-estaca, é apresentada na Figura 79.
Figura 79 - Curva carga-assentamento dos ensaios de carga na micro-estaca (método de Chin, 1971)
No método da Norma Brasileira NBR 6122 o valor da carga de rotura é definido pela intersecção
da curva de carga-assentamento com a recta definida pela equação:
QL D
δ= + (Equação 5.4)
A . E 30
Onde:
Admitindo valores de carga, obtém-se assim a recta definida pela Equação 5.4:
QL D 0 × 12000 165
δ= + = − + = − 5,50 mm (Equação 5.5)
A . E 30 0,02138 × 27,5 × 10
6
30
- 112 -
- E para Q=1300 kN:
QU = 1075 kN
Figura 80 - Definição da carga de rotura total (Método de Norma Brasileira NBR 6122, considerando a
extrapolação da curva carga-assentamento pelo método de Van der Veen)
QU = 1030 kN
Figura 81 - Definição da carga de rotura total (Método de Norma Brasileira NBR 6122, considerando a
extrapolação da curva carga-assentamento pelo método de Chin)
- 113 -
Analisando graficamente, verifica-se que a intersecção da curva de carga-assentamento, definida
no método de Van der Veen, com a recta definida pelas Equações 5.5 e 5.6, a carga de rotura total
acontece aos 1075 kN. Já a intersecção da curva de carga-assentamento, definida no método de
Chin, com a mesma recta, a carga de rotura total verifica-se aos 1030 kN.
No método de Davisson o valor da carga de rotura é definido pela intersecção da curva de carga-
assentamento com a recta definida pela equação:
QL D
δ= + + 3,8mm (Equação 5.7)
A . E 120
Onde:
Admitindo valores de carga, obtém-se assim a recta definida pela Equação 5.7:
QL D 0 × 12000 165
δ= + + 3,8 = − + + 3,8 = −5,18 mm (Equação 5.8)
0,02138 × 27,5 × 10 120
6
A.E 120
- 114 -
QU = 1064 kN
Figura 82 - Definição da carga de rotura total (Método de Davisson, considerando a extrapolação da curva
carga-assentamento pelo método de Van der Veen)
QU = 1030 kN
Figura 83 - Definição da carga de rotura total (Método de Davisson, considerando a extrapolação da curva
carga-assentamento pelo método de Chin)
- 115 -
5.7 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA - MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS
A estimativa da capacidade de carga pelos métodos Aoki & Velloso (1975), Décourt & Quaresma
(1978) e Bustamante & Gianeselli (1982), foram realizados através de folhas de cálculo, conforme
apresentado nas Tabelas 20 à 22. Importa salienta-se que os resultados dos ensaios SPT
apresentados nos quadros respectivos foram obtidos num furo de sondagem realizado a creca de
6m dos locais de ensaios de carga das micro-estacas. O boletim do log de sondagem encontra-se
em anexo I.
A folha de cálculo inicia-se com a introdução dos dados iniciais relativos da micro-estaca, tais
como: diâmetro da micro-estaca (φ), comprimento da micro-estaca (L), perímetro da micro-estaca
(U) e secção transversal da ponta da micro-estaca (Ap).
Na primeira e segunda coluna, são apresentadas as profundidades, pretendidas e realmente
atingidas, respectivamente. Na terceira coluna apresenta-se o tipo de solo transposto pelo
amostrador, obtidos através do boletim do log de sondagem. Na quarta e quinta coluna
apresenta-se os resultados dos ensaios SPT medidas pelo sondador e pelo SPT Analyser. No caso,
do método de Décourt & Quaresma é apresentada uma sexta coluna que representa os
resultados do ensaio SPT adoptados, de acordo com o proposto pelo método. Note-se que estes
resultados foram obtidos num furo de sondagem realizado a cerca de 6m dos locais de ensaios de
carga das micro-estacas. As colunas seguintes representam o comprimento da micro-estaca
seguido da sua espessura, segmento ensaiado.
Nas colunas seguintes apresenta-se todos os cálculos necessários para se chegar aos valores
médios de capacidade de carga lateral, ponta e total de rotura (QL, QP e QU), referentes a cada
método enunciado. Para o efeito foram utilizadas as fórmulas enunciadas para cada método no
Capítulo 2, mais precisamente no item 2.6.4.3.1 no que se refere ao método de Aoki & Veloso
(1975), no item 2.6.4.3.2 para o método de Décourt & Quaresma (1978) e no item 2.6.4.3.3 no
método de Bustamante &Gianeselli (1982).
- 116 -
Tabela 20 – Previsão da capacidade de carga pelo método de Aoki & Velloso (1975)
Φ 0,165 m U 0,52 cm
L 12,00 m Ap 0,0214 m2
Estaca 1
Prof. Prof. Compr. da Factores de correcção Factores de correcção
Tipo de N SPT N SPT Espessura qp QP ql QL QU
Pretendida Atingida Estaca (resistências de ponta e lateral) (tipo de solo)
Terreno medido registado
(m) (m) (m) (m) F1 F2 k (Mpa) α (%) (KPa) (KN) (KPa) (KN) (KN)
1 0,82 Areia siltosa 7 8 0,82 0,82 0,70 2,40 134,4 8,16
2 1,92 Areia siltosa 9 10 1,92 1,10 0,70 2,40 168,0 13,68
3 2,64 Argila 12 11 2,64 0,72 0,20 6,00 132,0 7,04
4 4,29 Argila 30 28 4,29 1,65 0,20 6,00 336,0 41,05
5 5,08 Argila 31 32 5,08 0,79 0,20 6,00 384,0 22,46
6 5,59 Argila 19 19 5,59 0,51 0,20 6,00 228,0 8,61
3,5 7
7 7,34 Argila 46 42 7,34 1,75 0,20 6,00 504,0 65,31
8 8,04 Argila 60 60 8,04 0,70 0,20 6,00 720,0 37,32
9 9,04 Argila 41 39 9,04 1,00 0,20 6,00 468,0 34,66
10 10,09 Areia siltosa 60 60 10,09 1,05 0,70 2,40 1008,0 78,38
11 11,09 Areia siltosa 60 60 11,09 1,00 0,70 2,40 1008,0 74,64
12 11,99 Areia siltosa 55 55 11,99 0,90 0,70 2,40 11000 235,21 924,0 61,58
Total 235,21 452,91 688,11
- 117 -
Tabela 21 - Previsão da capacidade de carga pelo método de Décourt & Quaresma (1978)
Φ 0,165 m U 0,52 m
L 12,00 m Ap 0,0214 m2
Estaca 1
Prof. Prof. Tipo de N SPT N SPT N SPT Comprimento Factor de correcção Factores de correcção
Espessura qp QP U.∆L ql QL QU
pretendida Atingida Terreno medido registado adoptado da Estaca (tipo de solo) (tipo de solo/estaca)
(m) (m) (m) (m) k (kPa) α β (kPa) (kN) m2 (kPa) (kN) (kN)
1 0,82 Areia siltosa 7 8 8 0,82 0,82 400 0,50 0,50 0,43 22,60
2 1,92 Areia siltosa 9 10 10 1,92 1,1 400 0,50 0,50 0,57 30,32
3 2,64 Argila 12 11 11 2,64 0,72 120 0,85 0,85 0,37 33,73
4 4,29 Argila 30 28 28 4,29 1,65 120 0,85 0,85 0,86 77,30
5 5,08 Argila 31 32 32 5,08 0,79 120 0,85 0,85 0,41 37,01
6 5,59 Argila 19 19 19 5,59 0,51 120 0,85 0,85 0,26 23,89
106,33
7 7,34 Argila 46 42 42 7,34 1,75 120 0,85 0,85 0,91 81,99
8 8,04 Argila 60 60 50 8,04 0,7 120 0,85 0,85 0,36 32,80
9 9,04 Argila 41 39 39 9,04 1 120 0,85 0,85 0,52 46,85
10 10,09 Areia siltosa 60 60 50 10,09 1,05 400 0,50 0,50 0,54 28,94
11 11,09 Areia siltosa 60 60 50 11,09 1 400 0,50 0,50 0,52 27,56
12 11,99 Areia siltosa 55 55 50 11,99 0,9 400 0,50 0,50 10000 106,91 0,47 24,80
Total 106,91 467,80 574,71
- 118 -
Tabela 22 - Previsão da capacidade de carga pelo método de Bustamante & Gianeselli (1982)
Φ 0,165 m Ap 0,0214 m2
Estaca 1
Prof. Prof. Compr. da
Tipo de N SPT N SPT Espessura qc Classe Kc qb αB qs qs,max qs,adopt As QL QP QU
pretendida Atingida Estaca
Terreno medido registado
(m) (m) (m) (m) (MPa) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN) (kN) (kN)
1 0,82 Areia siltosa 7 8 0,82 0,82 3,20 A 0,30 960,0 300 10,67 - 10,67 4,53 4,53
2 1,92 Areia siltosa 9 10 1,92 1,10 4,00 A 0,30 1200,0 300 13,33 - 13,33 7,60 7,60
3 2,64 Argila 12 11 2,64 0,72 3,14 A 0,30 942,9 - - 15 15,00 5,60 5,60
4 4,29 Argila 30 28 4,29 1,65 8,00 B 0,40 3200,0 120 66,67 40 40,00 34,21 34,21
5 5,08 Argila 31 32 5,08 0,79 9,14 C 0,40 3657,1 150 60,95 80 60,95 24,96 24,96
6 5,59 Argila 19 19 5,59 0,51 5,43 B 0,40 2171,4 120 45,24 40 40,00 10,57 10,57
0,43
7 7,34 Argila 46 42 7,34 1,75 12,00 C 0,40 4800,0 150 80,00 80 80,00 72,57 72,57
8 8,04 Argila 60 60 8,04 0,70 17,14 C 0,40 6857,1 150 114,29 80 80,00 29,03 29,03
9 9,04 Argila 41 39 9,04 1,00 11,14 C 0,40 4457,1 150 74,29 80 74,29 38,51 38,51
10 10,09 Areia siltosa 60 60 10,09 1,05 24,00 C 0,30 7200,0 300 80,00 120 80,00 43,54 43,54
11 11,09 Areia siltosa 60 33 11,09 1,00 13,20 B 0,30 3960,0 300 44,00 - 44,00 22,81 22,81
12 11,99 Areia siltosa 55 55 11,99 0,90 22,00 C 0,30 6600,0 300 73,33 120 73,33 34,21 141,12 175,34
Total 328,15 141,12 469,27
- 119 -
5.8 PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA - MÉTODOS BASEADO NA EQUAÇÃO DE ONDA (PROPOSTO)
- 120 -
Tabela 23 - Previsão da capacidade de carga pelo método baseado na equação de onda (método proposto)
α 0,70 al 0,08 m2
Mh/m 6,5 Kg/m
β 0,5 ap 213,82 cm 2
Ap 20,43 cm2
Micro-estaca 1
Prof. Prof. Penetração Penet./ Compr. Amostrador Estaca
NSPT Penetração NSPT
pretendida Atingida Solo registada Golpe varas ∆L (m)
medido medida(m) registado
(m) (m) (m) (m) ∆ρ (m) η1 η2 η3 Fd (KN) QL (KN) QP (KN) QU (KN)
1,00 0,82 Areia argilosa 7 0,30 8 0,32 0,040 1,50 1,5 0,6427 1 0,902 7,29 9,81 9,81
2,00 1,92 Argila 9 0,30 10 0,35 0,035 3,00 1,5 0,6427 1 0,894 8,46 11,39 11,39
3,00 2,64 Argila 12 0,30 11 0,31 0,028 3,50 0,5 0,6427 1 0,890 10,48 4,70 4,70
4,00 4,29 Argila 30 0,30 28 0,23 0,008 4,50 1,0 0,6427 1 0,879 33,98 30,50 30,50
5,00 5,08 Argila 31 0,30 32 0,28 0,009 6,00 1,5 0,6427 1 0,873 32,42 43,64 43,64
6,00 5,59 Argila 19 0,30 19 0,33 0,017 6,50 0,5 0,6427 1 0,870 17,61 7,90 7,90
7,00 7,34 Argila 46 0,30 42 0,28 0,007 7,50 1,0 0,6427 1 0,859 42,54 38,18 38,18
8,00 8,04 Argila 60 0,28 60 0,30 0,005 9,00 1,5 0,6427 1 0,854 56,25 75,72 75,72
9,00 9,04 Argila 41 0,30 39 0,32 0,008 9,50 0,5 0,6427 1 0,847 36,40 16,33 16,33
10,00 10,09 Areia argilosa 60 0,27 60 0,14 0,002 10,50 1,0 0,6427 1 0,840 115,61 103,75 103,75
11,00 11,09 Areia argilosa 26 0,07 60 0,16 0,003 12,00 1,5 0,6427 1 0,834 101,67 136,86 136,86
12,00 11,99 Areia argilosa 55 0,30 55 0,30 0,005 12,50 0,5 0,6427 1 0,828 54,42 24,42 199,38 223,81
Total 503,21 199,38 702,59
- 121 -
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
- 122 -
Tabela 24 – Valores da carga de rotura resultante de cada método aplicado aos ensaios de carga
Analisando os resultados obtidos, verifica-se que os valores da carga de rotura avaliados por cada
um dos métodos, evidenciam valores iguais ou muito próximos, ou seja, extrapolando a curva
carga-assentamento pelo método de Van der Veen e pelo método de Chin verifica-se que, para
este caso, os valores de carga de rotura obtidos, tanto pelo método da Norma Brasileira NBR 6122
como pelo método de Davisson são idênticos.
Como já referido, e para a obtenção de possíveis comparações aos ensaios de carga realizados e
ao método proposto, foram analisados três métodos de previsão da capacidade de carga, semi-
empíricos, frequentemente empregues na prática da engenharia geotécnica: Aoki & Velloso
(1975), Décourt & Quaresma (1978) e Bustamante & Gianeselli (1982). Para uma melhor
compreensão e análise, os resultados obtidos são apresentados na Tabela 25.
- 123 -
Analisando individualmente os métodos de previsão da capacidade de carga, pode constatar-se
que:
• Os valores obtidos na carga lateral pelo método de Aoki & Velloso e Décourt & Quaresma
são muito próximos entre si, enquanto o método de Bustamante & Gianeselli, apresenta
valores inferiores, na ordem dos 27%;
• Os resultados obtidos para a carga ponta pelo método de Aoki & Velloso são superiores
aos resultados dos métodos de Décourt & Quaresma e Bustamante & Gianeselli. Neste
caso, o método que mais desvaloriza a carga de ponta é o método de Décourt &
Quaresma, sendo este valor valorizado em mais de metade do valor obtido pelo método
de Aoki & Velloso;
• Os valores obtidos para a carga de rotura pelo método de Aoki & Velloso são superiores
aos métodos de Décourt & Quaresma e Bustamante & Gianeselli. Neste caso, o método
de Bustamante & Gianeselli é aquele que evidencia valores mais reduzidos;
• Os resultados obtidos na previsão da capacidade de carga através do método baseado na
equação de onda (método proposto), evidenciam que a carga de rotura lateral é
significativamente superior, daí resultando um valor de rotura total superior quando
comparado com os métodos semi-empíricos analisados acima. No que se refere à
resistência de ponta observa-se que o resultado se encontra enquadrado pelos métodos
semi-empíricos, com proximidade do valor mais elevado (Aoki & Velloso).
Por outro lado, comparando todos os métodos analisados com os ensaios de carga é possível
tecer o seguinte conjunto de considerações:
• O método baseado na equação de onda é aquele que mais se aproxima dos valores de
referência (ensaios de carga), tanto no que respeita ao valor de resistência por atrito
lateral como pela resistência total;
• No que se refere à resistência de ponta os valores obtidos no método baseado na
equação de onda apresenta-se dentro da ordem de grandeza das previsões dos métodos
semi-empíricos, sendo todos eles conservadores relativamente aos valores de referência;
• O método baseado na equação de onda e o método de Aoki & Velloso evidenciam valores
mais próximos, enquanto que os restantes se mantêm igualmente conservadores no
contexto desta metodologia.
- 124 -
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho tem como principal objectivo testar um novo método de previsão de
capacidade de carga de estacas baseado na interpretação directa dos resultados de ensaios SPT.
Este método baseia-se nas equações desenvolvidas a partir de conceitos físicos, utilizando uma
nova interpretação do ensaio, na qual é calculada uma força dinâmica de reacção do solo à
cravação do amostrador SPT, relacionando os mecanismos de mobilização de resistência do
amostrador com os da estaca.
Os métodos de cálculo da capacidade de carga de estacas são habitualmente baseados em
ensaios SPT, sobretudo pela sua ampla utilização em todo o tipo de terreno. No entanto, o
desenvolvimento das expressões de cálculo baseia-se em critérios empíricos ou semi-empíricos, o
que habitualmente se traduz em diferentes eficiências de aplicação, variando com as
características de cada local e/ou cada obra em particular. Deste modo torna-se importante
trabalhar com equipamentos de ensaio calibrados e, se possível desenvolver novos métodos com
maior suporte teórico. Neste contexto, relativamente ao primeiro aspecto, na sequência do
desenvolvimento do trabalho, surgiu, em adição ao objectivo principal, a necessidade de se
conhecer o nível de eficiência energética de cada um dos dispositivos SPT utilizados, de modo a
que a informação acerca do parâmetro N60 fosse fidedigna. Para o efeito foram realizadas
calibrações aos martelos SPT do sector da Geotecnia da Mota-Engil (novos e usados) evidenciando
que a eficiência dos martelos utilizados em Portugal pode ser bem diferente dos 60%
generalizadamente assumida. Esta constatação sugere o estabelecimento de programas regulares
de manutenção, bem como de uma verificação inicial em equipamentos novos, de modo a que
cumpram a norma EN ISO 22476-3, de aplicação obrigatória em Portugal.
Para efeitos de avaliação eficácia do método fizeram-se análises comparativas das resistências
unitárias mobilizadas entre o amostrador SPT durante a sua cravação (modelo) com as
resistências unitárias mobilizadas pela estaca (protótipo). Para além disso, neste trabalho,
compararam-se ainda os resultados de algumas formulações, semi-empíricas, empregues na
prática corrente da engenharia geotécnica (Aoki & Velloso, 1975, Décourt & Quaresma, 1978 e
Bustamante & Gianeselli, 1992). O trabalho realizado demonstrou claramente um eficiência de
cálculo superior à exibida pelos métodos semi-empíricos, quando comparados com os ensaios de
carga efectuados nas micro-estacas. Naturalmente, o conjunto de dados utilizados no presente
trabalho é reduzido para estabelecer generalizações da metodologia proposta, sendo importante
a realização de outras experiências que permitam alargar o âmbito de aplicação, nomeadamente:
• Maior número de ensaios em ambientes geológicos idênticos (sedimentares);
- 125 -
• Ensaios em ambientes residuais (solo residuais ou maciços decompostos por alteração de
granitos, xistos, calcários, etc.);
• Métodos distintos de execução de estacas;
• Avaliação de estacas abrangendo uma maior gama de diâmetros e de profundidades de
instalação.
Para além destes sugerem-se ainda outros estudos que podem ter interesse neste domínio
particular:
• A verificação da influência do comprimento do trem de varas na eficácia energética;
• A averiguação da influência da velocidade de queda do martelo na mesma eficiência
energética;
• A realização de ensaios que permitam identificar com maior clareza os efeitos de
transposição da resistência dinâmica em estática;
• A realização de estudos para obtenção de procedimentos mais rigorosos para a realização
da separação da carga mobilizada por atrito e por ponta em estacas.
• Avaliação mais consistente dos parâmetros η1 , η2 e η3.
Em conclusão, é nossa convicção de que a aplicação de uma metodologia baseada nas equações
de onda, utilizando martelos devidamente calibrados e com eficácia energética conhecida, pode
constituir-se como um bom desenvolvimento para obter maior eficiência na previsão da
capacidade de carga de estacas, com naturais benefícios económicos nas obras de fundações.
- 126 -
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ANEXO I
BOLETIM DO LOG DE SONDAGEM
SONDAGEM Nº S2
ESTUDO 13995
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Ensaios SPT
R.Q.D.
Comprimento (m)
Fracturação
Alteração
Estratigrafia
Simbologia
Nível da Água
Piezómetro
2ª e 3ª Fase Ensaios
1ª Fase
Penetração
% Recup. Descrição
(nº de pancadas)
(%)
Lugeon
0 20 40 60 80 100 0 10 20 30 40 50 60
0
Areia grosseira a média, siltosa, com
fragmentos líticos de calcário, cinzento
esbranquiçada: Aterro.
(5+2)
1 9 30
Areia média, siltosa, cinzento acastanhada.
(3+6)
2 3 30
(4+8)
3 3 30
Argila arenosa, por vezes areia argilosa,
castanho amarelada.
(14+16)
4 8 30
(16+15)
5 15 30
(17+29)
7 6 30
Areia fina, siltosa, amarelada.
(26+34)
10
13 27
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Ensaios SPT
R.Q.D.
Comprimento (m)
Fracturação
Alteração
Estratigrafia
Simbologia
Nível da Água
Piezómetro
2ª e 3ª Fase Ensaios
1ª Fase
Penetração
% Recup. Descrição
(nº de pancadas)
(%)
Lugeon
0 20 40 60 80 100 0 10 20 30 40 50 60
(25+30)
12 16 30
13
14
15
16
17
18
19
20
η1 Médio 64,267 %
0,6427