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IFPI – INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO PIAUÍ
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ANDRÉ FERREIRA DO VALE

DIMENSIONAMENTO DE UMA UNIDADE DE POTÊNCIA HIDRAULICA


PARA UMA BANCADA DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA

TERESINA – PI
2017
ANDRÉ FERREIRA DO VALE

DIMENSIONAMENTO DE UMA UNIDADE DE PONTÊNCIA HIDRAULICA


PARA UMA BANCADA DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA

Monografia, apresentada ao Instituto


Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Piauí, como parte das
exigências para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Esp. Ricardo Cardoso

TERESINA
2017
FICHA CATALOGRÁFICA
Serviço de Processamento Técnico – IFPI
Biblioteca Dr. Francisco Montojos

Vale, André Ferreira do


V149d
Dimensionamento de uma unidade de potência hidráulica para uma
bancada de conformação mecânica / André Ferreira do Vale.-Teresina:
IFPI, 2017.
47p.: il.

Monografia (Graduação) - Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia do Piauí, Curso de Bacharel em Engenharia Mecânica
Teresina. 2017.

Orientador: Profº Esp. Ricardo Cardoso

1. Engenharia Mecânica 2. Dimensionamento 3. Unidade


Hidráulica. 4. Conformação mecânica. 4. Atuador hidráulico
I. Título.
CDD 621.3813
JOSÉ EDIMAR LOPES DE SOUSA JÚNIO

CDD 616.0757
Dedico o presente trabalho a minha
família, que sempre esteve presente nos
momentos mais difíceis.
AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Professor Especialista Ricardo Cardoso Soares pelo seu


apoio e suas orientações metodológicas que contribuíram na realização deste trabalho e
ao Instituto Federal do Piauí pelos fomentos do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica em Inovação e Desenvolvimento Tecnológico – PIBIC-IT.
Aos amigos, Heitor Costa, Nauro Neves, Thyalita Coêlho, Lucas Costa,
Moacir Junior, Iara de Deus, Dyecks Rocha, Benedito Neto, Wesley Resende, enfim, toda
a turma da engenharia 2013-1 por sempre estarem presentes e acreditarem em mim.
Aos meus tios Cássia e José Bonifácio, e primos, Moacir, Jéssica e Larissa
que me acolheram de braços abertos por toda a minha graduação, e para meus padrinhos
Carmem e Ribamar pelo carinho e apoio.
Aos meus pais, Clea e Elias, minha irmã Cynthia, e a minha sobrinha Clarissa,
pelo amor, compreensão e apoio nos momentos mais difíceis e alegria nas horas boas.
E a todos que me ajudaram direta ou indiretamente para realização deste
trabalho.
“A coisa mais bela que o homem pode
experimentar é o misterioso. É esta a
emoção fundamental que está na raiz de
toda ciência e arte. ”
Einstein Albert
RESUMO

Os equipamentos utilizados na indústria, em especial as unidades hidráulicas, permitem


a realização de processos que necessitam da aplicação de grandes esforços aliados a uma
área de trabalho relativamente pequena. Para que esses equipamentos funcionem
corretamente é imprescindível seu correto dimensionamento. O presente trabalho trata do
dimensionamento de uma unidade de potência hidráulica (UPH) para realização de
processos de conformação mecânica como dobramento e estampagem, cujo o principal
problema é o alto custo dos componentes da máquina. Esse projeto foi realizado com o
intuito de obter um sistema hidráulico ideal para determinada situação e economizar na
escolha de suas peças. Para alcançar essas expectativas foram adotados procedimentos
metodológicos que incluem a análise do embasamento teórico apropriado; o
conhecimento das equações necessárias para o desenvolvimento do dimensionamento dos
atuadores, da bomba, das tubulações e do reservatório; análise de perdas de carga nas
válvulas e na linha pressão principal, determinação da força de corte além da definição
dos componentes ideais por meio dos catálogos dos fabricantes disponíveis. A partir desse
estudo foi possível determinar o melhor meio de dimensionar uma unidade de potência
hidráulica para os processos citados, além de garantir a economia e o desempenho do
sistema.

Palavras-chave: Unidade Hidráulica. Dimensionamento. Conformação mecânica.


Atuador hidráulico.
ABSTRACT

The equipment used in industry, in particular the hydraulic units, allow the execution of
processes that require the application of great efforts allied to a relatively small work area.
In order for these equipment’s to work correctly it is essential to have them correctly
sized. The present paper deals to scale a hydraulic power unit for carrying out mechanical
forming processes such as bending and stamping, whose main problem is the high cost of
the machine components. This project was undertaken in order to obtain a hydraulic
system ideal for a given situation and save when choosing the pieces. To achieve these
expectations methodological procedures were adopted which include the analysis of the
appropriate theoretical basis; knowledge of equations necessary for the development of
the sizing of the actuators, pump, pipes and the tank; cargo loss analysis in the valves and
in the main pressure line, determination of shear force besides the definition of the ideal
components through the available manufacturers catalogs. From this study it was possible
to determine the best way to scale a hydraulic power unit for the above processes, and
ensure economy and system performance.

Keywords: Hydraulic Unit. Scaling. Mechanical forming. Hydraulic actuator.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Componentes de um sistema hidráulico (GÖTZ, 1991).....................................3


Figura 2 – Bomba de engrenagens externas......................................................................14
Figura 3 – Bomba de palhetas...........................................................................................15
Figura 4 – bombas de pistões axiais e radiais....................................................................16
Figura 5 – Diâmetro de mangueiras hidráulicas comerciais............................................20
Figura 6 – Detalhes construtivos de um reservatório hidráulico.......................................20
Figura 7 – Diferentes fases do corte por arrombamento; (a) contato entre o punção e a
chapa, (b) ligeira flexão no início da deformação, (c) deformação plástica e abertura de
fendas, (d) separação completa da peça e (e) extração da peça e inversão de movimento
do punção.........................................................................................................................22
Figura 8 – Esquematização da Bancada de conformação.................................................23
Figura 9 – Reservatório com dimensões 3L:2L:1L...........................................................30
Figura 10 – Reservatório comercial.................................................................................30
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação dos sistemas hidráulicos..............................................................4


Tabela 2 – Fatores de correção de força..............................................................................7
Tabela 3 – Exemplos de carga de Euler..............................................................................9
Tabela 4 – Cilindros comerciais.......................................................................................10
Tabela 5 – Esquematização de diversas bombas hidrostáticas..........................................13
Tabela 6 – Limites de escoamento para Reynolds............................................................17
Tabela 7 – Velocidades recomendadas para tubulações...................................................18
Tabela 9 – Condições iniciais para a bomba.....................................................................26
Tabela 10 – Bombas Comerciais......................................................................................27
Tabela 11 – Mangueiras Comerciais................................................................................28
Tabela 12 – Perda de carga das válvulas...........................................................................29
Tabela 13 – Características do reservatório comercial.....................................................30
Tabela 14 – Resultados do dimensionamento...................................................................31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

UPH – Unidade de Potência Hidráulica.


SI – Sistema Internacional.
PN – Pressão nominal.
Ptb – Pressão de Trabalho Estimada.
Fp – Força de projeto.
PB – Pressão da bomba.
Dp – Mínimo diâmetro aceitável do pistão.
Fp – Força de projeto, força necessária para execução da operação.
φ – Fator de correção da força do projeto.
Pt – Pressão de trabalho.
λ – Comprimento de livre flambagem.
E – Módulo de elasticidade do aço (módulo de Young).
S – Coeficiente de segurança.
J – Momento de inércia para seção circular.
va – Velocidade de avanço.
vr – Velocidade de retorno.
∆t – Variação do tempo.
∆ta – Variação do tempo no avanço.
∆tr – Variação do tempo no retorno.
Qa – Vazão de avanço.
Qr – Vazão de retorno.
Vg – Volume de absorção.
Mt – Torque absorvido.
n – Rotação.
ɳv – Rendimento volumétrico.
ɳmh – Rendimento mecânico – hidráulico.
ɳt – Rendimento total.
Qb – Vazão da bomba.
N – Potência absorvida.
dt – Diâmetro interno da tubulação.
ʋ – Viscosidade do fluido em Stokes.
Re – Número de Reynolds.
Ψ – Fator de atrito.
ρ – Massa específica do fluido.
v – Velocidade de escoamento recomendada.
dt – Diâmetro interno do tubo comercial.
Lt – Comprimento total da tubulação retilínea.
∆P – Perda de carga na tubulação.
dP – Perda de carga nas válvulas da linha de pressão.
∆PT – Perda de carga total.
VR – Volume do Reservatório.
K – Coeficiente de troca térmica entre a instalação e o ambiente.
S – Superfície de troca térmica.
T2 – Temperatura em que o fluido deve ser mantido.
T1 – Temperatura do ambiente.
Fmax – Força de corte por arrombamento.
σR – Tensão de ruptura do material da chapa.
p – Perímetro do corte efetuado.
h – Espessura da chapa.
C – Constante de correção para o corte por arrombamento.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
2 SISTEMAS HIDRAULICOS.......................................................................................3
3 DIMENSIONAMENTO DE UNIDADES HIDRAULICAS......................................5
3.1 DIMENSIONAMENTO DOS ATUADORES ...........................................................5
3.1.1 Diâmetro do Atuador.................................................................................................6
3.1.2 Dimensionamento da haste pelo critério de Euler para deformação e flambagem.…8
3.1.3 Velocidade dos atuadores........................................................................................10
3.1.4 Vazão dos atuadores................................................................................................10
3.2 DIMENSIONAMENTO DA BOMBA......................................................................11
3.2.1 Tipos de bombas......................................................................................................12
3.2.1.1 Bombas de engrenagens.......................................................................................14
3.2.1.2 Bomba de palhetas................................................................................................15
3.2.1.3 Bomba de pistões..................................................................................................16
3.3 PERDAS DE CARGA...............................................................................................16
3.4 DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO............................................................19
3.5 DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO......................................................20
4 CORTE POR ARROMBAMENTO..........................................................................22
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES..............................................................................23
6 CONCLUSÃO.............................................................................................................31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................32
1

1 INTRODUÇÃO

Esta monografia discorre sobre as pesquisas realizadas para a aplicação de


métodos de dimensionamento específicos para a solução de problemas da Engenharia
Mecânica, em especifico para tarefas da hidráulica. Para tanto, foram estudados na
literatura métodos de dimensionamento de uma unidade de potência hidráulica aplicados
para processos de conformação mecânica como dobramento e estampagem.
Para Caletti (2003) As UPH são o “coração” de qualquer sistema hidráulico,
e o seu bom funcionamento é fundamental para uma operação adequada do sistema. Na
literatura especializada, o projeto de unidades de potência hidráulica está centrado na
seleção e análise de cada componente em separado. Por isso, é necessária uma análise da
unidade de potência como um circuito, por causa dos inter-relacionamentos dos
componentes que a constituem.
Para a realização adequada dos processos de conformação mecânica é
necessário que o sistema de atuadores proporcione a força necessária para o trabalho
desejado. E ainda, visando o alto custo das peças do sistema, é essencial que o projeto
busque sempre a economia dos componentes ideais para a máquina. Afim de buscar esses
objetivos esta pesquisa buscou questionar como realizar o correto dimensionamento de
uma UPH para uma bancada de conformação mecânica.
Para isso precisa-se de uma análise e escolha de cada componente do sistema
separadamente (atuadores, bomba, reservatório, motor e linhas de pressão) sempre
visando o melhor custo benefício para a unidade hidráulica como um todo.
Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho é dimensionar uma unidade de
potência hidráulica para uma bancada de conformação mecânica que será utilizada no
IFPI-Campus Teresina Central para a estampagem de chapas metálicas e dobras de tubos
em aço 1020. Com isso, os objetivos específicos traçados para o trabalho foram:
• Aquisição de conhecimento sobre o projeto de unidades de potência hidráulica;
• Realizou-se os equacionamentos para atingir os objetivos gerais desta pesquisa;
• Dimensionou-se cada componente do sistema hidráulico separadamente;
• Escolheu-se em catálogo os melhores produtos para composição da unidade de
potência hidráulica;
• Apresenta-se os resultados após o dimensionamento.
2

Este estudo foi motivado pela necessidade crescente dos alunos de graduação
e ensino técnico do IFPI de ter contato com esse tipo de máquina durante sua formação
acadêmica. Além disso, espera-se que no futuro que a máquina ajude em projetos de
pesquisa e extensão realizados no campus, podendo tornar o IFPI um dos pioneiros no
estado do Piauí no que diz respeito a estudos na área de conformação mecânica. Além
disso, procurar uma economia na cara aquisição deste tipo de máquina no mercado.
As etapas que constituíram esse trabalho foram, primeiramente, uma revisão
bibliográfica a partir de uma literatura adequada referida a sistemas hidráulicos, a fim de
possibilitar ao leitor um bom conhecimento dos componentes que serão utilizados e
identificar o equacionamento que compõe o dimensionamento proposto. Segundo, a
escolha da metodologia adequada para os processos de conformação descritos que inclui
a aplicação do equacionamento e análise de resultados, que gerou a escolha dos
componentes ideais para a bancada. Para auxílio no dimensionamento foram utilizados
métodos elaborados por Fialho (2003).
Esta monografia possui cinco divisões, sendo a primeira o presente capítulo,
que faz os comentários iniciais sobre a pesquisa. Avançando no texto, o capítulo 2 trata
dos sistemas hidráulicos apresentando conceitos, características e os principais
componentes de uma unidade de potência hidráulica. Por sua vez, o terceiro capítulo
apresenta os métodos de dimensionamento de cada um dos componentes de uma unidade
hidráulica. O quarto capitulo demonstra os meios utilizados para calcular a força de
avanço máximo dos cilindros. Os cálculos práticos voltados para uma bancada de
conformação foram feitos no quinto capitulo, que mostra, também, os componentes ideais
para o sistema proposto. O sexto capitulo mostra os resultados e discursões sobre essa
pesquisa.
3

2 SISTEMAS HIDRÁULICOS

Experiências têm mostrado que a hidráulica vem se destacando e ganhando


espaço como um meio de transmissão de energia nos mais variados segmentos do
mercado, sendo a Hidráulica Industrial e Mobil as que apresentam um maior crescimento.
Porém, pode-se notar que a hidráulica está presente em todos os setores industriais,
amplas áreas de automatização foram possíveis com a introdução de sistemas hidráulicos
para controle de movimentos (Parker Hannifin, 2002).
Uma UPH consiste em um conjunto de elementos físicos que, utilizando um
fluido como meio de transferência de energia, permite a transmissão e o controle de força
e movimento. Assim, o sistema hidráulico pode ser considerado “o meio através do qual
uma forma de energia de entrada é convertida e condicionada, de modo a se ter como
saída energia mecânica útil” (LINSINGEN, 2001).
Segundo Esposito (2000, citado por Caletti, 2003, p. 36), um sistema
hidráulico constitui de seis elementos básicos: um ou mais reservatórios, para armazenar
fluido; uma ou mais bombas, para prover a vazão de fluido para o sistema; uma fonte de
energia (motor elétrico ou à combustão), para acionar a bomba; válvulas, para controle
energético do fluido (direção, pressão, vazão); um ou mais atuadores, para converter
energia associada ao fluido em energia mecânica; e um sistema de canalização, para
conduzir o fluido de um lugar para o outro, como mostrado na figura 1. Posteriormente
será visto cada um desses componentes separadamente.
Figura 1 – Componentes de um sistema hidráulico

Fonte: GÖTZ (1991)


4

Em comparação a sistemas mecânicos ou pneumáticos, a Hidráulica apresenta


uma série de vantagens, tais como (Parker Hannifin, 2002):
• Fácil instalação dos diversos elementos;
• Rápida parada e inversão de movimento;
• Variações micrométricas na velocidade;
• Sistemas auto lubrificantes;
• Pequeno tamanho e peso em relação à potência consumida;
• Sistemas seguros contra sobrecargas;
• Alta potência (força).
Normalmente recorremos a sistemas hidráulicos quando o emprego de
sistemas mecânicos e/ou elétricos torna-se impossível ou necessitamos aplicar grandes
esforços aliados a uma área de trabalho relativamente pequena. Contudo, sistemas
hidráulicos apresentam uma série de limitações como (Fialho, 2003):
• Elevado custo inicial, quando comparados a sistemas mecânicos e elétricos.
• Transformação de energia elétrica em mecânica e mecânica em hidráulica para,
posteriormente, ser transformada novamente em mecânica.
• Perdas por vazamentos internos em todos os componentes.
• Perdas por atritos internos e externos.
• Baixo rendimento em função dos três fatores citados anteriormente.
• Perigo de incêndio devido ao óleo ser inflamável.
De acordo com Fialho (2003) sistemas hidráulicos podem ser classificados de
diversas maneiras. De acordo com a aplicação (sistemas de pressão contínua ou de
pressão intermitente), de acordo com o tipo de bomba (sistemas de vazão constante ou
variável), quanto ao controle de direção (sistema de uma via ou de duas) e quanto a
pressão, como mostrado na Tabela 1.
Tabela 1 – Classificação dos sistemas hidráulicos
Pressão Classificação
bar Psi
0 a 14 0 a 203,10 Sistemas de baixa pressão
14 a 35 203,10 a 507,76 Sistemas de média pressão
35 a 84 507,76 a 1218,68 Sistemas de média-alta pressão
84 a 210 1218,68 a 3046,62 Sistemas de alta pressão
Acima de 210 Acima de 3046,62 Sistemas de extra-alta pressão
Fonte: N.F.P.A (National Fluid Power Association)
5

3 DIMENSIONAMENTO DE UNIDADES HIDRÁULICAS

Para a escolha adequada de UPHs a literatura especializada sugere o


dimensionamento individual de cada componente que compõe o sistema, de acordo com
o trabalho a ser realizado, mostrando o funcionamento de cada elemento e de alguns
sistemas hidráulicos existentes, e são fornecidas orientações para a escolha do
componente (de acordo com os requisitos que se deseja para o sistema hidráulico), bem
como equações para o seu dimensionamento.
Neste trabalho focaremos em um sistema hidráulico para processos de
conformação mecânica como laminação e dobramento. Para isso, é necessário conhecer
todas as forças que atuam no sistema, o trajeto dos atuadores, a vazão e a pressão na
bomba, o volume do reservatório, etc. Para realizar o dimensionamento foi utilizado
métodos elaborados por Fialho (2003), que podem ser verificados a seguir.

3.1 DIMENSIONAMENTO DOS ATUADORES

Segundo Klug (2005, citado por Perin, 2012, p. 16), cilindros hidráulicos são
atuadores lineares, pois convertem energia hidráulica em energia mecânica de forma
linear. Com o óleo hidráulico impulsionado por uma bomba geram uma força, que é o
produto da pressão do óleo pela área em contato com o êmbolo do cilindro. A pressão não
é gerada pela bomba, ou seja, ela apenas impulsiona o fluido.
O êmbolo é normalmente fixado à haste por rosca. A pressão do óleo (P)
agindo sobre o êmbolo (A), gera uma força que pode ser calculada pela seguinte equação:
F = P .A (1)

Onde:
• F = Força em N;
• P = pressão em N/cm²;
• A = área em cm².
Para o dimensionamento dos atuadores é sempre conveniente elaborar seu
diagrama trajeto x passo, pois ele tem por objetivo representar graficamente a sequência
de movimentos no qual pretendemos que nosso processo execute. Com ele é possível
visualizar cada um dos movimentos executados, o momento em que eles ocorrem, sua
função e seu tempo de duração (Fialho, 2003).
6

Assim como o trajeto, é necessário conhecer também a pressão nominal (PN)


que age nos atuadores. Esta é obtida de acordo com a aplicação que realizará o sistema
conforme a tabela 1 do capítulo 2.
A partir da pressão nominal, deve-se obter a pressão de trabalho estimada Ptb,
que é dada pela pressão nominal menos uma perda de carga estimada entre 10 a 15 por
cento. Adotando 15% teremos;
Ptb = PN − 0,15 . PN (2)

Posteriormente pode-se calcular a força de avanço efetiva (Fa), que o cilindro


deve desenvolver para realizar determinado trabalho para o qual foi projetado. Esta pode
ser obtida a partir de uma série de equações. Entre elas física, estática, resistência dos
materiais, usinagem, etc.

3.1.1 Diâmetro do Atuador

Os atuadores lineares, em sua grande maioria de aplicações, aumentam seus


esforços durante a fase de expansão da haste. Os movimentos de expansão ou retração da
haste com aplicação de força estão presentes as forças de atrito. No caso do
dimensionamento do atuador, se faz necessário definir a força de projeto (Fp) requerida
para efetuar a movimentação da carga. No princípio do movimento, além da força
necessária à aplicação desejada, existe a força de atrito estático e ao longo do movimento
há a força de atrito cinético que não apenas agem externamente, mas também
internamente no atuador.
Os coeficientes de atrito, geradores dessas forças, são alterados conforme a
aplicação da carga, a natureza dos materiais e seu acabamento, bem como a velocidade
de deslocamento e o tipo de lubrificação. Assim, ao calcular a força de projeto necessária
a operação, deve-se corrigi-la multiplicando-a por um fator de correção (φ), conforme
apresentado na Tabela 2, a fim de obter a real força de avanço ou retorno, e com ela,
juntamente com a pressão de trabalho, determinar o mínimo diâmetro necessário ao
atuador.
7

Tabela 2 – Fatores de correção de força


Velocidade de deslocamento da haste do atuador. Exemplo Fator de
correção φ

Lenta e carga aplicada somente no fim do curso Operação de 1,25


rebitagem
Lenta e carga aplicada em todo o desenvolvimento do Talha pneumática 1,35
curso
Rápida com carga aplicada somente no fim de curso Operação de 1,35
estampagem
Rápida com carga aplicada em todo o desenvolvimento Deslocamento de 1,50
do curso mesas
Situações gerais não descritas anteriormente 1,25
Fonte: Fialho (2003)

O diâmetro do atuador é estabelecido em função da força de avanço (Fa), que


é a força de projeto (Fp) corrigida pelo fator (φ). Essa força de projeto é representada pela
unidade kp, que equivale a 9,81N (1kp=9,81N) e é igual a 1kgf. Também é determinado
através da pressão de trabalho, Ptb (normalmente 6 Kp/cm², em que 1kp/cm²= 0,981bar)
que equivale a 1 kgf/cm². Esse diâmetro interno do cilindro que é conseguido da equação
da área do pistão, para o caso de força aplicada durante a fase de avanço. Se, no entanto,
a força for aplicada durante a fase de retorno do atuador, a variável Ap na equação deve
ser mudada pela variável Ac (área da coroa).
Ap
Dp = 2 . √ π (3)

Lembrando a equação da pressão em que:


Fa
Pt = (4)
Ap

Isolando a variável Ap e substituindo-a em (3), temos:


Fa
Dp = 2 . √π .Pt (5)

Lembrando ainda que:


Fa = Fp . φ (6)
Substituindo em (5) teremos que a mínima dimensão de diâmetro a ser
utilizada será dada por:
Fp .φ
Dp = 2 . √ π .Pt (7)
8

Em que:
• Dp – Mínimo diâmetro aceitável do pistão (cm).
• Fp – Força de projeto, força necessária para execução da operação (Kp).
• φ- Fator de correção da força do projeto, Tabela 2.
• Pt – Pressão de trabalho (Kp/cm²).

Calculando o diâmetro do pistão e conhecidas as demais necessidades


referentes ao tipo fixação, curso, etc. é possível procurar nos catálogos dos fabricantes
um atuador pneumático que tenha diâmetro no mínimo igual ou um pouco superior ao
calculado, caso não exista um comercial de diâmetro igual ao calculado (Dp comercial ≥
Dp calculado).
Logo após precisamos recalcular a pressão de trabalho (Ptb), que será a
regulada no sistema, através da seguinte expressão:
Fa
Ptb = (π .Dp2 /4) (8)

3.1.2 Dimensionamento da haste pelo critério de Euler para deformação e flambagem

A configuração da fixação do cilindro hidráulico no projeto é de grande


importância no seu dimensionamento, pois é a partir dela que será determinado o diâmetro
mínimo da haste, uma vez que os cilindros hidráulicos são projetados para suportar
unicamente cargas de tração e compressão.
O critério de Euler analisa a relação entre o comprimento (L) da haste e o tipo
de fixação (Tabela 3), fornecendo um coeficiente λ, conhecido como comprimento de
livre flambagem, que é aplicado nesta equação que permite verificar se o diâmetro da
haste fornecido no catalogo satisfaz as necessidades do projeto.
π2 .E .J
K= (9)
λ2

Isso significa que essa é a carga mínima onde ocorre a flambagem da haste.
A carga máxima de trabalho, ou força máxima de avanço (Fa) permitida, será dada por:
K
Fa = (10)
S

dh4 .π
J= (11)
64
9

Sendo:
• λ – Comprimento de livre flambagem (cm).
• E – Módulo de elasticidade do aço (módulo de Young) = 2,1𝑥107 N/cm².
• S – Coeficiente de segurança (3,5).
• J – Momento de inércia para seção circular (cm4 ).
Tabela 3 – Exemplos de carga de Euler
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4
Uma extremidade livre e a (Caso básico) Uma extremidade As duas extremidades
outra fixa As duas extremidades articulada e a outra fixa fixas
articuladas

Comprimento Livre de Flambagem

λ = 2L λ=L λ = L . (0,5)0,5 λ = L⁄2

Fonte: Fialho (2003) adaptado

Substituindo o momento de inércia na expressão resulta em uma nova


equação colocada em função do diâmetro. Esta fornece a equação para o diâmetro mínimo
admissível da haste (dh) em cm:
4 64 .S .λ2 .Fa
dh = √ (12)
π3 .E

Após o dimensionamento do diâmetro mínimo da haste, estamos aptos então


a escolher o diâmetro de haste mais indicado, pois como pode ser visto a diante, para cada
diâmetro de pistão (Dp) oferecido pelo fabricante, há dois diâmetros de haste possíveis
de serem usados. O diâmetro final da haste deve ser maior ou igual ao calculado (dh
comercial ≥ dh calculado).
10

As dimensões para os cilindros comerciais estão padronizadas de acordo com


a norma ISO/TC 39/SC 1N.5, que define diâmetros de pistão de 25 a 400 mm. Entretanto,
a maioria dos fabricantes define em polegadas, nas faixas 1 ½” a 8”, e acima desses
valores o cliente deve consultar o fornecedor. A tabela 4 apresenta um exemplo comercial
de um conceituado fabricante (Parker Hannifin).
Tabela 4 – Cilindros comerciais
Diâmetro Área do Força de avanço em newtons a várias pressões Desloc, p/
do cilindro pistão cm² 10mm de
mm (pol) curso
5 bar 10 bar 25 bar 70 bar 100 bar 140 bar
N N N N N N ml
38,1 (1 ½) 11,4 570 1140 2850 8000 11400 16000 11,4
50,8 (2) 20,2 1000 2000 5050 14100 20200 28300 20,2
63,5 (2 ½) 31,7 1580 3150 7900 22200 31700 44400 31,7
82,6 (3 ¼) 53,6 2680 5350 13400 37500 53500 75000 53,5
101,6 (4) 81,1 4050 8100 20250 56800 81100 113500 81,1
127,0 (5) 126,7 6350 12700 31600 88500 126700 177000 126,7
152,4 (6) 182,4 9100 18250 45500 127800 182500 255000 182,4
Fonte: (Parker Hannifin) adaptado.

3.1.3 Velocidade dos atuadores

Ao iniciarmos um projeto hidráulico geralmente já definimos o processo a ser


realizado e conhecemos o deslocamento e o tempo em que deve ocorrer. Aplicando a
equação da velocidade e substituindo o deslocamento pelo comprimento da haste do
cilindro podemos, assim, determinar a velocidade dos atuadores:
∆S Lh
v= = (13)
∆t ∆t

Assim, temos que as velocidades de avanço e de retorno serão dadas por:


Lh Lh
va = ∆ta vr = ∆tr (14)

3.1.4 Vazão dos atuadores

Uma vez conhecida a velocidade de avanço e de retorno podemos calcular a


vazão necessária de fluido hidráulico para o cilindro distender-se. A formula de vazão é:
Q = v .A (15)

Substituindo a velocidade e a área do cilindro temos:


11

Lh .Dp2
Qa = π . (16)
4 .∆ta

Analogamente, para definirmos a vazão de retorno precisamos da área da


coroa dada por:
(Dp2 −dh2 )
Ac = π . (17)
4

E substituindo-a juntamente com a velocidade de retorno na equação (15)


temos:
Lh .(Dp2 −dh2 )
Qr = π . (18)
4 .∆tr

3.2 DIMENSIONAMENTO DA BOMBA

Após o término do dimensionamento dos atuadores e verificação da vazão,


devemos então tomar como referência para a vazão da bomba a maior vazão calculada.
Como este projeto se refere a um processo de conformação mecânica (estampagem e
dobramento) estima-se que a vazão de avanço será maior que a vazão de retorno (Qa ≥
Qr).
Sintetizando então, para dimensionar a bomba de um sistema hidráulico, basta
que utilizemos a equação (16) e (18), a fim de determinar os limites máximos e mínimo
de vazão, e buscar no catalogo do fornecedor a bomba que satisfaça nossas necessidades,
tendo uma vazão que seja no máximo igual ou menor que a maior vazão calculada.
Entretanto, não podemos esquecer a questão da pressão da bomba (PB). Ao
selecionarmos uma bomba para nosso projeto, devemos considerar que ela forneça e
suporte no mínimo a pressão de trabalho necessária ao atuador de maior solicitação
quanto a pressão (cilindro hidráulico ou motor), mais a perda de carga da linha de
pressão do sistema (PB ≥ Ptb + ∆PT).
Outros dados podem auxiliar quanto a escolha da bomba nos catálogos dos
fabricantes, e esses dados são obtidos pelo cálculo do tamanho nominal como:

Volume de absorção (cilindrada):


1000 .Qb
Vg = (19)
n .ɳv

Momento de torção absorvido:


Qb .Ptb 9549 .N
Mt = 100 .ɳ Mt = (20)
mh n
12

Potência absorvida:
Mt .n Qb .Ptb
N= N= (21)
9549 600 .ɳt

Em que:
• Vg – Volume de absorção (cm³/rotação).
• Mt – Torque absorvido (N.m).
• n – Rotação (900 a 1800 rpm).
• ɳv – Rendimento volumétrico (0,91 – 0,93).
• ɳmh – Rendimento mecânico – hidráulico (0,82 – 0,97).
• ɳt – Rendimento total (0,75 – 0,97).
• Qb – Vazão da bomba (l/min).
• N – Potência absorvida (kw).

Concluímos então, que a escolha da bomba é a última etapa a ser feita no


dimensionamento de nosso projeto, uma vez que necessitamos conhecer ainda a perda de
carga gerada na linha de pressão, além de determinar todos os cálculos do tamanho
nominal.

3.2.1 Tipos de bombas

A bomba é um dos componentes mais importantes do sistema hidráulico, Sua


função é convertera energia mecânica em energia hidráulica, empurrando o fluido
hidráulico no sistema. Existem vários tipos de bombas com diversas formas e aplicações,
no entanto todas as bombas são classificadas em uma de duas categorias básicas;
hidrodinâmica e hidrostática.
Neste tópico iremos falar sobre as bombas hidrostáticas, também chamadas
de bombas de deslocamento positivo, são responsáveis pela conversão primária de
energia de um sistema hidráulico, transformando energia mecânica em energia associada
ao fluido. Ao contrário das bombas hidrodinâmicas, usadas em sistemas de transporte de
fluido, as bombas hidrostáticas transferem energia ao óleo principalmente na forma
energia de pressão; a parcela de energia cinética transferida é desprezível (LINSINGEN,
2001). Porém, deve-se entender que a bomba não produz pressão; a resistência à vazão é
que vai definir a pressão nos elementos do sistema (ESPOSITO, 2000).
13

As bombas hidrostáticas estão divididas em dois grandes grupos: as de


deslocamento fixo, onde o volume deslocado por rotação é constante, e as de
deslocamento variável, nas quais é possível variar a vazão em uma determinada rotação.
As bombas também se diferenciam pelo princípio de deslocamento utilizado e pela
presença ou ausência de mecanismos de compensação de pressão. De acordo com o
princípio de deslocamento, no primeiro grupo enquadram-se bombas de engrenagens, de
parafusos, de palhetas e de pistões, enquanto as bombas de deslocamento variável podem
ser de palhetas ou de pistões (Caletti, 2003). A tabela 5 apresenta a esquematização de
diversas bombas hidrostáticas.
Tabela 5 – Esquematização de diversas bombas hidrostáticas
Bomba de pistões axiais de prato Bomba de palhetas Bomba de engrenagens externas
inclinado

Bomba de pistões axiais de eixo Bomba de palhetas com Bomba de engrenagens internas
inclinado compensação de pressão

Bomba de pistões radiais Bomba de parafuso Bomba gerotor

Fonte: GÖTZ (1991) citado por Caletti (2003)

As características individuais de diversas bombas, de acordo com seu


princípio de deslocamento serão apresentadas a seguir.
14

3.2.1.1 Bombas de engrenagens

A bomba de engrenagens (Figura 2) é uma bomba que cria uma determinada


vazão devido ao constante engrenamento de duas ou mais rodas dentadas, por isso ela é
também denominada bomba de deslocamento positivo. As duas engrenagens são alojadas
em uma carcaça sendo que uma delas (engrenagem motriz), uma tem o eixo passante que
transmite a potência fornecida pelo motor. A outra engrenagem que efetua o
engrenamento é chamada de conduzida ou acionada. O constante desengrenamento dos
dentes cria uma descompressão na câmara de sucção, fazendo com que o fluído seja
succinado do reservatório. Ele, então, é conduzido perifericamente pelos vãos das rodas
que formam uma câmara fechada com a carcaça da bomba e vedações laterais. O
engrenamento constante expulsa o fluído dos vãos e o força para fora da bomba
(Amboretto Corporation, catálogo).
Por possuir apenas duas peças móveis (as engrenagens), a grande vantagem
das bombas de engrenagens externas é sua robustez. Outras características positivas
destas bombas são: baixo custo em pressões e vazões adequadas, boa tolerância a
partículas contaminantes, facilidade de montagem em qualquer posição, e grande faixa
de rotações possíveis em regime contínuo.
Contudo, o uso deste tipo de bomba está restrito a baixas ou médias vazões e
pressões não muito elevadas, e em algumas aplicações as pulsações de bombeamento e o
nível de ruído gerado podem ser demasiadamente elevados, sendo necessária a adoção de
outro tipo de bomba ou de outros componentes, como acumuladores, no sistema
hidráulico (Caletti, 2003).
Figura 2 – Bomba de engrenagens externas

fonte: unicamp
15

3.2.1.2 Bomba de palhetas

Uma bomba de palhetas (Figura 3) é constituída por um rotor provido de


ranhuras, nas quais deslizam palhetas que durante o movimento de rotação desse motor
entram em contato com um anel excêntrico devido ao efeito da força centrífuga (Fialho,
2003).
Como exemplo as bombas hidráulicas da série PVV e PVQ do fabricante
Bosch Rexroth possuem um rotor (2) que é assentado sobre o perfil dentado do eixo de
acionamento (1), que gira dentro de um anel estator (3). Nas fendas do rotor encontram-
se palhetas (4) que, através da força centrífuga de rotação do rotor, são pressionadas
contra a superfície interna do anel estator. As câmaras de deslocamento são vedadas
lateralmente por meio das placas de comando (5).
Devido ao formato de dupla excentricidade do anel estator, sempre dois
ambientes de pressão e de sucção situam-se um frente ao outro, pelo qual o eixo é aliviado
hidraulicamente de cargas. Com isto o eixo tem que transmitir somente o torque. Quando
atravessam a área de sucção, as palhetas são parcialmente aliviadas de carga. Este alívio
de carga acarreta uma diminuição do desgaste e garante um alto grau de rendimento.
Mediante simples retirada da tampa (6) é possível remover o conjunto rotativo (composto
de rotor, palhetas, anel estator e placas de comando), sem ter que desmontar a carcaça (7)
do suporte da bomba. Isto permite uma rápida manutenção e conserto da bomba.
Figura 3 – Bomba de palhetas

Fonte: Bosch Rexroth


16

3.2.1.3 Bomba de pistões

Existem dois tipos de bombas de pistões, as axiais e as radiais (Figura 4),


cujos nomes correspondem à posição de trabalho dos pistões em relação ao eixo do
tambor cilíndrico que os contém. Em ambas, o princípio de funcionamento é o mesmo:
pistões de movimentos alternativos, que succionam e descarregam o fluido de trabalho.
As bombas de pistões axiais, por sua vez, se dividem em máquinas de prato inclinado e
de eixo inclinado.
As bombas de pistões podem ser de deslocamento fixo ou variável, e podem
possuir sistemas de compensação de pressão. São máquinas duráveis, recomendadas para
operar em altas pressões (de 210 a 700 bar, dependendo da vazão exigida), onde outros
tipos de bombas não podem ser usados, com vazões de até 210 l/min. Os rendimentos
volumétricos são elevados (entre 95 e 98%) e os níveis de pulsação são baixos, para um
número adequado de pistões; contudo, são bombas de alto custo de aquisição, níveis de
ruídos mais elevados e de baixa tolerância à contaminação por partículas sólidas do fluido
(Caletti, 2003).
Figura 4 – bomba de pistões axiais e bomba de pistões radiais

Fonte: Fialho (2003)

3.3 PERDAS DE CARGA

Sempre que um fluido se desloca no interior de uma tubulação ocorre atrito


deste fluido com a parede da tubulação, além de uma turbulência do fluido com ele
mesmo, estes fatores influenciam para que a pressão existente no interior da tubulação
diminua gradativamente a medida com que se desloca o fluido. Essa queda de pressão é
conhecida como perda de carga (∆P).
17

Segundo Fialho (2003) os estudos elaborados por Osborne Reynolds, ao


analisar o perfil de velocidade de vários fluidos ao escoar por de terminadas tubulações,
mostraram parâmetros que podiam determinar o tipo de escoamento desenvolvido pelos
fluidos em determinadas condições. Ele determinou esses limites em Escoamento
Laminar, Escoamento Indeterminado e Escoamento turbulento, conforme será visto na
tabela a seguir:
Tabela 6 – Limites de escoamento para Reynolds
Limites de Escoamento
Escoamento Laminar Re ≤ 2000
Escoamento Intermediário 2000 ≤ Re ≤ 2300
Escoamento Turbulento Re ≥ 2300
Fonte: Fialho (2003)

Onde tal relação é dada pela seguinte expressão:


v .dt
Re = (22)
ʋ

Em que:
• v – Velocidade do fluido para a tubulação.
• dt – Diâmetro interno da tubulação.
• ʋ – Viscosidade do fluido em Stokes.
• Re – Número de Reynolds.

Nos sistemas hidráulicos é de total importância que o fluido sempre apresente


um comportamento laminar, pois um comportamento turbulento representa maior atrito
e uma grande perda de carga para o sistema, gerando aquecimento nas tubulações.
Ainda segundo Fialho (2003), para obter a menor perda de carga possível e
garantir um escoamento laminar, são aplicados alguns critérios empíricos amplamente
indicados. Um deles é o da velocidade que supõe as seguintes condições:
• Comprimento da tubulação não superior a uma dezena de metros.
• Vazões compreendidas entre os limites de 20 a 200 l/min.
• Variações moderadas de temperatura.

Com essas condições, podem ser utilizadas no projeto e dimensionamento das


tubulações as velocidades recomendadas na Tabela 7.
18

Tabela 7 – Velocidades recomendadas para tubulações


Tubulação Pressão (bar)
20 50 100 >200
Tubulação de Pressão 300 400 500 600 Velocidade (cm/s)
Tubulação de Retorno 300
Tubulação de Sucção 100
Fonte: Fialho (2003)

Por interpolação, é possível obter as velocidades para tubulação de pressão,


para pressões intermediárias no intervalo de 20 a 200 bar, que não constem na tabela, ou
ainda utilizar a seguinte expressão:
1
Vel = 121,65 . P 3,3 (23)

Sendo P a pressão em bar e a velocidade obtida em cm/s.


Após isso deve-se determinar o fator de atrito que influencia diretamente no
escoamento do tubo. Como serão usados tubos flexíveis com temperatura variável, a
equação para o fator de atrito será:
90
ψ = Re (24)

A equação para obtenção de carga distribuída e localizada em uma


tubulação com conexões (singularidades) é dada por;
5 .Lt .ρ .v2
∆P = ψ . (25)
dt .1010

Em que:
• Ψ – Fator de atrito.
• ρ – Massa específica do fluido (kg/m³).
• v – Velocidade de escoamento recomendada (cm/s).
• dt – Diâmetro interno do tubo comercial (cm).
• Lt – Comprimento total da tubulação retilínea (cm).
• ∆P – Perda de carga na tubulação (bar).

E ainda uma perda de carga que não pode ser desconsiderada é a originada
pelas válvulas hidráulicas. No projeto estudado serão utilizadas válvulas de controle
19

direcional e sua especificação de perda de carga (dP) é normalmente encontrada no


catálogo do fabricante.
Desta forma, a perda de carga total na tubulação de pressão será, então,
obtida por:
∆PT = ∆P + dP (26)

Onde:
• ∆P – Perda de carga na Tubulação.
• dP – Perda de carga nas válvulas da linha de pressão.
• ∆PT – Perda de carga total.

3.4 DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO

Em um sistema hidráulico as vias da tubulação serão basicamente


representadas pela:
• Linha de sucção – Tubulação de onde o fluido é succionado do reservatório.
Compreende toda tubulação submersa no reservatório até a entrada da bomba
hidráulica.
• Linha de pressão – Tubulação que se compreende da saída da bomba e transporta
o fluido sob pressão até os cilindros hidráulicos.
• Linha de retorno – Tubulação em que o fluido é redirecionado ao reservatório.

De acordo com Fialho (2003), para estabelecer os diâmetros necessários às


tubulações, utiliza-se a seguinte expressão:
Q
dt = √0,015 .π .v (27)

Em que:
• Q – Vazão máxima do sistema (l/min).
• v – Velocidade recomendada para a tubulação (cm/s).
• dt – Diâmetro interno do tubo.
• 0,015 – Fator de conversão.
20

Entretanto, o diâmetro dt obtido é apenas de referência. O diâmetro comercial


da tubulação a ser utilizado deve ser no mínimo igual ou ligeiramente superior ao valor
do diâmetro calculado. Assim:
dt comercial ≥ dt calculado
A Figura 5 apresenta um exemplo de mangueiras hidráulicas para sistemas
de média pressão.
Figura 5 – Diâmetro de mangueiras hidráulicas comerciais

Fonte: Transpower

3.5 DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO

Para Renner (2010, citado por Souza, 2012, p. 18) os aspectos construtivos
para a realização das funções do reservatório incluem chicanas, drenos, filtros de ar, ímãs
e fundos inclinados, conforme observa-se na Figura 6, devendo ser seguidas algumas
recomendações de posicionamento destes componentes, como não localizar o duto de
sucção próximo ao duto de retorno e não localizar o duto de retorno acima do nível do
fluido.
Figura 6 – Detalhes construtivos de um reservatório hidráulico

Fonte: Fialho (2003)


21

Segundo Moreira (2012) os reservatórios são projetados para comportar todo


o fluido do sistema hidráulico e mais uma reserva, mantendo o óleo limpo e as
temperaturas de trabalho apropriadas. Em um sistema hidráulico, o reservatório de óleo
tem quatro funções principais:
• Acondicionar todo fluido hidráulico utilizado pelo sistema.
• Separar as bolhas de ar presentes no óleo.
• Reter os contaminantes sólidos contidos no óleo.
• Dissipar o calor gerado pelo sistema.

De acordo com Fialho (2003) para o dimensionamento do reservatório é


indicado seguir uma regra pratica que determina que o volume do fluido armazenado no
reservatório deve ser o suficiente para suprir o sistema por um período de no mínimo três
minutos antes que haja seu retorno, completando um ciclo. Isso significa que:
VR ≥ 3 x Qb (28)
Onde:
• VR – Volume do Reservatório.
• Qb – Vazão da bomba.

E para calcular a mínima superfície necessária para troca térmica utilizamos


a seguinte expressão:
1,434 .∆PT .Qb
S= (29)
K.(T2 −T1 )

Em que:
• ∆PT – Perda de carga total (bar).
• Qb – Vazão da bomba (l/min).
Kcal
• K – Coeficiente de troca térmica entre a instalação e o ambiente (K = 13 h.m2 .°C).

• S – Superfície de troca térmica (m²).


• T2 – Temperatura em que o fluido deve ser mantido (°C).
• T1 – Temperatura do ambiente (°C).
22

4 CORTE POR ARROMBAMENTO

O corte de chapa por arrombamento vem no seguimento natural dos processos


de deformação plástica em chapa e em massa. O corte por arrombamento pode ser feito
por meio de uma única operação ou por uma série de operações e realiza-se em toda a
espessura da peça e segundo o perímetro do contorno desejado. Esse processo é muito
utilizado industrialmente. Entre suas aplicações pode-se destacar: Carrocerias de
automóveis e caminhões, fuselagens de aviões, móveis de escritório, utensílios de
cozinha, etc.
Segundo Rodrigues (2010) o processo de corte por arrombamento se constitui
por um punção, cuja as extremidades têm o formato da peça a se cortar e por uma matriz
que assegura a passagem do punção e das peças cortadas. Entre o punção e a matriz existe
uma folga que estabelece uma diferença de cotas entre as superfícies laterais dos
componentes. As etapas do processo de corte podem ser observadas na Figura 7.
Figura 7 – Diferentes fases do corte por arrombamento; (a) contato entre o punção e a chapa, (b) ligeira
flexão no início da deformação, (c) deformação plástica e abertura de fendas, (d) separação completa da
peça e (e) extração da peça e inversão de movimento do punção

Fonte: Rodrigues (2010) adaptado

De acordo com Rodrigues (2010) a força de corte por arrombamento pode


ser determinada pela seguinte expressão:
Fmax = C. σR . p. h (30)

Onde:
• Fmax – Força de corte por arrombamento. (N)
• σR – Tensão de ruptura do material da chapa. (Mpa)
• p – Perímetro do corte efetuado. (mm)
• h – Espessura da chapa. (mm)
• C – Constante de correção, depende do tipo de material e das respectivas
características mecânicas. (Aço, C= 0,7 ~ 0,8)
23

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para o estudo proposto será dimensionada uma UPH com dois cilindros
distintos que será utilizada na estampagem de uma chapa quadrada de aço 1020 com lado
de 40mm e espessura de 2mm. A figura 8 demonstra a montagem da bancada em
SolidWorks.
Figura 8 – Esquematização da Bancada de conformação

Fonte: elaborada pelo autor.

A força máxima da unidade hidráulica é calculada pela expressão (30):


Fmax = 0,8. 225. 4. 40. 2
Fmax = 57600 N ≅ 5873,6 kgf

Com isso os atuadores deverão apresentar as condições iniciais apresentadas


na tabela a seguir:
Tabela 8 – Condições iniciais dos atuadores
Força de Avanço Curso da Haste Velocidade de avanço
Cilindro A 6000 kgf 200 mm 7 cm/s
Cilindro B 4000 kgf 150 mm 5 cm/s
Fonte: elaborada pelo autor.
24

A unidade será caracterizada como um sistema de alta pressão. Assim, de


acordo com a tabela 1, calculamos a pressão de trabalho estimada (Ptb) para a máxima
pressão nominal (Pn) utilizando a equação (2):
Ptb = 210 – 0,15 . 210
Ptb = 178,5 bar

Com a pressão de trabalho calculada, utilizamos a equação (7) para calcular


o diâmetro ideal (Dp) para cada atuador:
6000 .1,35
Dpa = 2 . √ π .178,5

Dpa = 76,01 mm

4000 .1,35
Dpb = 2 . √ π .178,5

Dpb = 62,06 mm

Posteriormente procuramos no catalogo do fabricante desejado o diâmetro de


cilindro comercial que mais se aproxima do calculado lembrando que Dp comercial ≥ Dp
calculado. Neste trabalho utilizaremos os cilindros comerciais do fabricante Parker
Hannifin.
Dpa comercial = 82,6 mm
Dpb comercial = 63,5 mm

E usamos a equação (8) para calcular a nova pressão de trabalho para cada
cilindro que será regulada no sistema:
6000 .1,35
Ptba = π .8,262 /4

Ptba = 151,16 bar

4000 .1,35
Ptbb = π .6,352 /4

Ptbb = 170,51 bar


25

Logo após precisamos calcular o diâmetro da haste ideal para que não ocorra
flambagem ou deformação. Para isso utilizamos o critério de Euler, como demonstrado
na equação (12), para o comprimento de livre flambagem usaremos o caso 3 da tabela 3.
λa = 200 . (0,5)0,5
λa = 141,42

λb = 150 . (0,5)0,5
λb = 106,07

4 64 .3,5 .141,422 .6000 .9,81 .1,35


dha = √ π3 .2,1 .107

dha = 48,35 mm

4 64 .3,5 .106,072 .4000 .9,81 .1,35


dhb = √ π3 .2,1 .107

dhb = 37,84 mm

Calculado o diâmetro mínimo da haste estamos aptos a escolher o diâmetro


comercial de acordo com os cilindros escolhidos lembrando que dh comercial ≥ dh
calculado. Através do catálogo do fabricante Parker Hannifin especificamos os seguintes
diâmetros de haste comercial:
dha comercial = 50,8 mm
dhb comercial = 44,5 mm

Com a equação (14) podemos calcular o tempo dos atuadores no avanço que,
posteriormente, serão necessários para calcular a vazão:
200
70 = ∆ta

∆t a = 2,86 s

150
50 = ∆tb

∆t b = 3 s
26

E com a equação (16) podemos, enfim, calcular a vazão dos atuadores no


avanço:
20 .8,262
Qaa = π . 4 .2,86÷60

Qaa = 22,48 l/min

15 .6,352
Qab = π . 4 .3÷60

Qab = 9,5 l/min

Vazão de avanço total: Qat = Qaa + Qab


Qat = 31,98 l/min

Analogamente utilizamos a equação (18) para definir a vazão no retorno:


20 .(8,26²−5,08²)
Qra = π . 4 .2,86÷60

Qra = 13,98 l/min

15 .(6,35²−4,45²)
Qrb = π . 4 .3÷60

Qrb = 4,83 l/min

Vazão de retorno total: Qrt = Qra + Qrb = 18,81 l/min

Após dimensionar os atuadores e determinar as vazões de avanço e de retorno


estamos aptos a escolher a bomba adequada para a UPH. Utilizamos as condições iniciais
demonstradas na Tabela 9.
Tabela 9 – Condições iniciais para a bomba
n ɳv ɳ𝐦𝐡 ɳ𝐭 Qb
1750 rpm 0,91 0,82 0,75 31,98 l/min
Fonte: elaborada pelo autor.

Utilizamos a equação (19) para definir o volume de absorção da bomba:


1000 .31,98
Vg = 1750 .0,91

Vg = 20,08 cm3 /rot


27

A equação (20) para conhecer o momento de torção absorvido sendo Ptbb a


maior pressão de trabalho exercida pelo sistema:
31,98 .170,51
Mt = 100 .0,82

Mt = 66,5 N. m

E para a potência absorvida utilizamos a equação (21):


66,5 .1750
N= 9549

N = 12,18 kW

Neste projeto optamos pela bomba de engrenagens por mais se adequar as


características da operação. As seguintes bombas comerciais foram escolhidas através
dos catálogos do fornecedores e possuem as especificações mostradas na Tabela 10.
Tabela 10 – Bombas Comerciais
Fornecedor Série Vg Qb N P
Bosch Rexroth N 22,5 cm³/rot 41,3 l/min 18,55 kW 230 bar
Parker Hannifin PGP51 20,09 cm³/rot 49 l/min 20 kW 207 bar
Fonte: elaborada pelo autor.

Por boa prática foi escolhido uma tubulação de 10 m de comprimento, com


isso utilizamos a tabela 7 para determinar as velocidades na linha de pressão, retorno e
sucção:
Velp = 6 m/s
Velr = 3 m/s
Vels = 1 m/s

E para conhecer os diâmetros das tubulações utilizamos a equação (27):


31,98
dt p = √0,015 .π .600

dt p = 10,64 mm

31,98
dt r = √0,015 .π .300

dt r = 15,04 mm

31,98
dt s = √0,015 .π .100
28

dt s = 26,05 mm

Calculados os diâmetros ideais estamos aptos a escolher os diâmetros


comerciais para as tubulações. Para isso foi escolhido mangueiras de acordo com o
catálogo do fabricante Transpower com as especificações demonstradas na Tabela 11.
Tabela 11 – Mangueiras Comerciais
Tubulações dt Pressão
Pressão 12,7 mm 210 bar
Retorno 15,9 mm 210 bar
Sucção 31,8 mm 210 bar
Fonte: Elaborada pelo autor.

E para garantir o escoamento laminar utilizamos a equação (22) e a tabela 6


para definimos o número de Reynolds com o óleo hidráulico SAE 68:
1,27 .600
Rep = 0,6758

Rep = 1127,55

1,59 .300
Rer = 0,6758

Rer = 705,83

3,18 .100
Res =
0,6758

Res = 470,55

Para determinarmos a perda de carga na linha de pressão usamos,


primeiramente, a equação (24) para determinarmos o fator de atrito:
90
ψ= 1127,55

ψ = 0,07982

Posteriormente utilizamos a equação (25) para a perda de carga na linha de


pressão:
5 .1000 .881 .6002
∆P = 0,07982 . 1,27 .1010

∆P = 9,97 bar
29

Para o projeto foram designadas duas válvulas de controle direcional tipo J


do fabricante Bosch Rexroth para os cilindros A e B. E apresentam as perdas de carga
demonstradas na Tabela 12.
Tabela 12 – Perdas de carga das válvulas
Cilindro A Cilindro B
dP 2 bar 1 bar
Fonte: Elaborada pelo autor.

E utilizamos a equação (26) para definir a perda de carga total:


∆PT = 9,97 + 2 + 1 = 12,97 bar

Lembrando que a Pressão da Bomba ≥ Ptb + Perda de Carga na Linha de


Pressão:
230 ≥ 170,51 + 12,97
230 ≥ 183,48 bar

E por fim dimensionamos o reservatório, de acordo com a equação (28):


VR ≥ 3 x 31,98
VR ≥ 95,94 l

E para calcular a superfície de troca térmica utilizamos a equação (29)


considerando a temperatura do fluido a 55 °C e a temperatura ambiente 40 °C:
1,434 .12,97 .38,4
S= 13.(55−40)

S = 3,66 m²
Considerando agora um reservatório prismático (figura 8) com as dimensões
3L: 2L: 1L podemos então definir as dimensões do reservatório:
S = 2 . (3L . L) + 2 . (2L . L) + (3L . 2L) = 16L² = 3,66
L = 0,48 m
30

Figura 8 – Reservatório com dimensões 3L:2L:1L

Fonte: Fialho (2003)

O reservatório calculado por meio da superfície de troca térmica apresentou


dimensões muito elevadas. Por isso foi selecionado um reservatório comercial que deverá
possuir um trocador de calor a fim de manter as propriedades do fluido de trabalho. A
figura 9 apresenta o reservatório do fornecedor Parker Hannifin seguido pelas suas
especificações (Tabela 13).
Figura 9 – Representação de um reservatório comercial

Fonte: Parker Hannifin

Tabela 13 – Características do reservatório comercial


Capacidade (litros) Dimensões (mm)
A B C D E
120 490 495 600 114 13
Fonte: Parker Hannifin.

O dimensionamento desenvolvido nesta pesquisa procurou sistematizar as


fases do projeto de UPHs, através de regras de escolha dos componentes mais adequados
aos requisitos de projeto do sistema hidráulico. A organização do processo de projeto foi
realizada a partir de uma sequência de etapas de seleção de cada componente
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individualmente. Assim, a melhor configuração de UPH escolhida está apresentada na


Tabela 14.

Tabela 14 – Resultados do dimensionamento


Atuadores Bomba Tubulações Reservatório

Parker Hannifin Parker Bosch Transpower Parker Hannifin


Hannifin Rexroth
Diametro Diâmetro Série Linhas (mm) Capacidade (litros)
do cilindro da Haste
(mm) (mm)
A B A B PGP51 N Pressão 12,7 120

82,6 63,5 50,8 44,5

Vg (cm³/rot) Retorno 15,9 Dimensões (mm)


20,09 22,5
Qb (l/min) Sucção 31,8 A B C
49 41,3
N (kW) 490 495 600
20 18,55 Pressão (bar) *Acessório: Trocador
P (bar) 210 de Calor Água/Óleo
207 230
Fonte: Elaborada pelo autor.

Desse modo, pode-se compreender que o sistema é composto por dois


atuadores hidráulicos com diâmetros especificados. Utiliza-se uma bomba de
engrenagens que pode ser obtida por dois fornecedores diferentes, além de mangueiras
que suportam a pressão máxima de 210 bar.
O sistema utiliza o óleo hidráulico SAE 68, possui um reservatório com
capacidade de 120 l de dimensões comerciais padronizadas que necessita de um trocador
de calor para manter as propriedades do fluido de trabalho. A empresa Parker Hannifin
se mostrou o melhor fornecedor para os componentes do sistema hidráulico desejado.
32

6 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi desenvolvida uma unidade de potência hidráulica para


processos de conformação mecânica de estampagem de chapas e dobramento de tubos
em aço 1020. Através da revisão bibliográfica sobre o assunto foi realizado um memorial
de cálculo e através do mesmo foram dimensionados os principais componentes da
unidade a fim de suprir as necessidades do equipamento. Com base nos objetivos
propostos do trabalho de pesquisa, conseguiu-se realizar o dimensionamento da UPH
requerida, na qual pode-se concluir:
• Realizou-se os cálculos para o dimensionamento de quase todos os componentes
do sistema hidráulico através de dados iniciais fornecidos pelo IFPI;
• Outros componentes como válvulas e filtros, foram selecionados sem a
necessidade de fazer equações;
• Após os cálculos, escolheu-se em catálogos os componentes que possuem o
melhor rendimento e especificação de acordo com os resultados obtidos;
• Utilizou-se uma bomba de engrenagens externas por ser uma bomba que opera
nas condições desejadas e que trabalha a pressões de até 230 bar;
• Escolheu-se um motor elétrico comercial com potência de até 20 kW.
• Apresentou-se as mangueiras hidráulicas ideais para o projeto assim como um
reservatório de dimensões 0,6x0,495x0,49 m acompanhado de um trocador de calor
Água/Óleo.

Portanto, esse dimensionamento é valido pois foi feito através de equações


sugeridas pela bibliografia seguidas por análises de catálogos de fornecedores renomados.
Meios que irão garantir uma economia dos produtos por se tratar de um sistema
inteiramente balanceado e o bom funcionamento da unidade de potência hidráulica para
a bancada de conformação mecânica.
33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Circuitos. São Paulo: Erica, 2003.

RODRIGUES, J.; MARTINS, P. Tecnologia Mecânica: Tecnologia da Deformação


Plástica. Lisboa: Escolar, 2010. Vol II.

MOREIRA, I. S. Sistemas hidráulicos industriais. São Paulo: SENAI-SP editora,


2012.

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Horizontina, 2012.

LINSINGEN, I. V. Fundamentos de Sistemas Hidráulicos. Florianópolis: Ed. Da


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CALETTI, L. Desenvolvimento de um Protótipo de Sistema Especialista para


projeto de Unidades de Potência Hidráulica. Florianópolis, 2003.

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Produtora de Blocos de Concreto. Horizontina, 2012.

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http://www.extranetparker.com.br/download/hydraulics/pdf/2102.pdf>. Acesso em: 06
dez. 2015.

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https://www.parker.com/literature/Brazil/2600_500.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2017.
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TRANSPOWER. Mangueiras Hidráulicas. 2012. Disponível em:<


http://www.suprir.com.br/suprir/catalogos/new_suprir_arquivofinal_ok.pdf>. Acesso
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BOSCH REXROTH. Bombas de Engrenagens. 2012. Disponível em:<


http://www.penaeng.com.br/catalogos/bosch/bombas-de-engrenagens/bomba-
engrenagem-externa-series-f>. Acesso em; 06 dez. 2015.

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