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NOVEMBRO 2007
À Catarina e à Benedita,
pelo amor...
The work developed and available in this thesis presents a study of the simulation of
hydroforming technology, together associated with tailor welded blanks in tubular applications.
The works aims in the springback analysis and her effects in the models, specifically the
dimensional properties. The numeric software used was: ABAQUS to numeric solutions
and FORTRAN to program the element HCi12. This element are developed in DMEGI1.
The geometric models were produce with software FEMAP.
The tubular hydroforming technology stands today as an alternative to the conventional
forming methods. Tubular hydroforming offers benefits in the field of structural
optimization since it is possible to reduce material amount maintaining structural
efficiency. The range of tailor welded blanks includes several types of welded processes. The
main advantages of tailor welding are the cost reduction, better structural behaviour,
weight reduction and the flexibility in mass production.
The union of the technologies mentioned before, represents a breakthrough to the
industry since the sum of the individual advantages of both technologies will allow new
developments and the rise of new well succeeded applications. The automotive industry is
the one that will benefit the most with the new developments in these domains.
1 Department of Mechanical Engineering and Industrial Management of Engineering Faculty of OPorto University
Índice
1. Introdução........................................................................................................................................1
2. Estado da arte..................................................................................................................................4
2.1 Hidroformagem ..........................................................................................................................4
2.1.1 Descrição do processo ...............................................................................................8
2.1.2 Falhas típicas inerentes ao processo ........................................................................9
2.1.3 Tipos de hidroformagem.............................................................................................. 10
2.1.4 Vantagens da hidroformagem ..................................................................................... 10
2.1.5 Desvantagens da hidroformagem............................................................................... 12
2.2 Hidroformagem tubular ......................................................................................................... 13
2.2.1 Estudos experimentais ............................................................................................ 13
2.2.2 Conformabilidade dos materiais............................................................................ 14
2.2.3 Modelação da hidroformagem livre ........................................................................... 20
2.2.4 Estudos numéricos em processos de hidroformagem tubular.............................. 24
2.3 Tipos de hidroformagem tubular.......................................................................................... 28
2.3.1 Hidroformagem tubular sob predomínio da pressão............................................. 28
2.3.2 Hidroformagem tubular sob predomíno de deslocamento................................... 28
2.3.3 Hidroformagem tubular conduzida pelo deslocamento axial............................... 28
2.4 Taylor welded blanks .............................................................................................................. 29
2.5 Tailor welded tubes (TWT).................................................................................................... 32
Referências ................................................................................................................................. 33
3. Retorno elástico ........................................................................................................................... 35
3.1 Simulação e sistemas CAE para processos de conformação metálica ..................... 36
3.2 Parâmetros relacionados com o processo de conformação plástica ........................ 40
3.2.1 Conceito de raio mínimo e razão R/t mínimo................................................... 40
3.2.2 Recuperação elástica ................................................................................................ 43
3.2.3 Força/pressão de conformação ............................................................................ 46
3.2.4 Capacidade de conformação.................................................................................. 46
3.3 Variáveis de influência....................................................................................................... 47
3.4 Tensões residuais e recuperação elástica........................................................................ 47
3.5 Recuperação elástica em diferentes tipos de materiais ................................................ 48
Referências ................................................................................................................................. 49
4. Elementos finitos 3D – formulação do elemento 3D baseado no método das diferenças
acrescentadas..................................................................................................................................... 51
4.1 Introdução ........................................................................................................................... 51
4.2 Elemento sólido formulado com o método das deformações acrescentadas ........ 55
4.2.1 Cinemática do elemento ......................................................................................... 55
4.2.2 Formulação variacional para o método das deformações acrescentadas ...... 57
4.2.3 Implementação dos elementos finitos incluindo não-linearidades................. 59
Referências ................................................................................................................................. 62
5. Exemplos de aplicação ............................................................................................................... 65
5.1 Apresentação do problema............................................................................................... 65
5.2 Distribuição de elementos na zona de soldadura......................................................... 69
5.3 Casos de estudo .................................................................................................................. 70
5.3.1 Cordão de soldadura centrado............................................................................... 72
5.3.2 Cordão de soldadura descentrado......................................................................... 82
5.3.3 Análise e discussão de resultados.......................................................................... 91
Referências ................................................................................................................................. 92
6. Conclusões e sugestões para trabalhos futuros...................................................................... 94
Índice de figuras
Figura 2.1 – Componente de secção tubular sujeito a hidroformagem e unido, com secções
de diferentes espessuras.......................................................................................................5
Figura 2.2 – Equipamento industrial para conformação de peças por processo de
hidroformagem. 1 – Prensa para as matrizes. 2 – Prensa para fluído de pressurização
[8]. ............................................................................................................................................6
Figura 2.3 – Sequência de hidroformagem para um componente de secção tubular [8]. ...........7
Figura 2.4 – Processo de hidroformagem para um componente de secção tubular e para uma
peça convencional [8]...........................................................................................................8
Figura 2.5 – Algumas construções produzidas por processo de hidroformagem [8]. .................9
Figura 2.6 – Processo de hidroformagem tubular, auxiliado por uma carga de compressão
axial nos topos do perfil. .................................................................................................. 10
Figura 2.7 – Tubo sujeito a efeitos de pressurização interna e forças de compressão.
Modelo usado por Asnafi [15]......................................................................................... 21
Figura 2.8 – Parâmetros de entrada/saída, tendo como base o Método dos Elementos
Finitos. ................................................................................................................................. 24
Figura 2.9 – Componente estrutural do veículo, VOLVO S40, construído pelo processo
tailor welded blanks [6].......................................................................................................... 30
Figura 2.10 – Pilar central do veículo, FORD F-150, produzido pelo processo tailor welded
blanks [6]. ............................................................................................................................. 30
Figura 2.11 – A junta mostra não existir dano causado pela diferença de espessura, após
tailor welded blanks [6].......................................................................................................... 31
Figura 2.12 – Diversas uniões soldadas na mesma peça [6]..................................................... 31
Figura 3.1 – Representação esquemática das acções de carga e descarga com os
respectivos ângulos [1]...................................................................................................... 44
Figura 3.2 – Técnica de dobragem dupla [1]............................................................................... 45
Figura 3.3 – Diagrama de forças no interior da secção do material durante o processo de
conformação [1]. ................................................................................................................ 48
Figura 5.1 – Geometria da peça. ................................................................................................... 66
Figura 5.2 – Apresentação de tubos com soldadura topo a topo. .......................................... 67
Figura 5.3 – Distribuição da micro-dureza na zona do cordão de soldadura....................... 68
Figura 5.4 – Configuração do cordão de soldadura sujeito a simulação numérica.............. 69
Figura 5.5 – Curvas características................................................................................................ 69
Figura 5.6 – Posições adoptadas para o cordão de soldadura. ................................................ 70
Figura 5.7 – Sequência do processo de conformação do step 1 ao step 7, para espessuras
1.2X1.2, utilizando elementos C3D8 com posição do cordão de soldadura nos
66.8mm................................................................................................................................ 71
Figura 5.8 – Variação de posição da parede do tubo (mm) provocada pelo efeito do
retorno elástico após conformação. ............................................................................... 72
Figura 5.9 – Variação de posição da parede do tubo (%) provocada pelo efeito do retorno
elástico após conformação............................................................................................... 73
Figura 5.10 – Deslocamento axial do cordão após conformação........................................... 74
Figura 5.11 – Variação de posição do tubo (mm) provocada pelo efeito do retorno
elástico para as cinco combinações de modelos, medida a partir do cordão de
soldadura. ............................................................................................................................ 74
Figura 5.12 – Variação de posição da parede do tubo (mm) provocada pelo efeito do
retorno elástico após conformação. ............................................................................... 75
Figura 5.13 – Variação de posição da parede do tubo (%) provocada pelo efeito do
retorno elástico após conformação. ............................................................................... 76
Figura 5.14 – Deslocamento axial do cordão após retorno elástico....................................... 77
Figura 5.15 – Variação de posição do tubo (mm) provocada pelo efeito do retorno
elástico, para as cinco combinações de modelos, medida a partir do cordão de
soldadura. ............................................................................................................................ 77
Figura 5.16 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
1.2X1.2mm. ........................................................................................................................ 78
Figura 5.17 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
1.8X1.8mm. ........................................................................................................................ 79
Figura 5.18 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
2.4X2.4mm. ........................................................................................................................ 79
Figura 5.19 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
1.2X1.8mm. ........................................................................................................................ 80
Figura 5.20 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
1.2X2.4mm. ........................................................................................................................ 80
Figura 5.21 – Variação da posição da parede do tubo (mm) provocada pelo efeito do
retorno elástico após conformação. ............................................................................... 82
Figura 5.22 – Variação de posição da parede do tubo (%) provocada pelo efeito do
retorno elástico após conformação. ............................................................................... 83
Figura 5.23 – Deslocamento axial do cordão após retorno elástico....................................... 84
Figura 5.24 – Variação de posição do tubo (mm) provocada pelo efeito do retorno
elástico, para as cinco combinações de modelos, medida a partir do cordão de
soldadura. ............................................................................................................................ 84
Figura 5.25 – Variação de posição da parede do tubo (mm) provocada pelo efeito do
retorno elástico após conformação. ............................................................................... 85
Figura 5.26 – Variação da posição da parede do tubo (%) provocada pelo efeito do
retorno elástico após conformação. ............................................................................... 86
Figura 5.27 – Deslocamento axial do cordão após retorno elástico....................................... 87
Figura 5.28 – Variação de posição do tubo (mm) provocada pelo efeito do retorno
elástico, para as cinco combinações de modelos, medida a partir do cordão de
soldadura ............................................................................................................................. 87
Figura 5.29 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
1.2X1.2mm. ........................................................................................................................ 88
Figura 5.30 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
1.8X1.8mm. ........................................................................................................................ 88
Figura 5.31 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
2.4X2.4mm. ........................................................................................................................ 89
Figura 5.32 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
1.2X1.8mm. ........................................................................................................................ 89
Figura 5.33 – Análise comparativa entre os elementos C3D8 e HCi12 para espessuras
1.2X2.4mm. ........................................................................................................................ 90
Simulação do processo de hidroformagem
1. Introdução
Este trabalho tem como tema de referência base, a combinação da técnica de
conformação denominada hidroformagem, associada a outra técnica complementar de
fabrico denominada tailor welded blanks, com aplicação específica a peças tubulares.
De um conjunto de tecnologias implementadas na produção de componentes mecânicos
por processo de conformação plástica, a hidroformagem é uma técnica que apresenta
elevadas sinergias e directrizes para inovação.
Com evidente relevo, surge uma técnica associada a estes processos, em elementos unidos
por processo de soldadura, denominada internacionalmente por tailor welded blanks. Esta
técnica, também ela apresenta variadas vantagens: possibilidade de união de dois ou mais
materiais distintos e de diferentes espessuras, num mesmo componente mecânico,
evitando outros processos de união (aparafusamento, rebitagem, colagem…) de menor
eficiência para o componente mecânico final, isto é, redução do peso próprio, do número
de componentes, do número de etapas de processo e dos custos de fabrico.
Consequentemente, teremos estruturas de maior rigidez e com superior capacidade de
absorção energética.
1
Simulação do processo de hidroformagem
Este trabalho, aparece como forma de união destas duas técnicas, hidroformagem e tailor
welded blanks na produção de peças de revolução, por exemplo tubos. Pelo que, o
desenvolvimento deste estudo irá ter como ferramenta base, o recurso a análises pelo
método dos elementos finitos.
Com o custo crescente dos combustíveis, ganha importância para quem vende
automóveis a preocupação com recurso a novos combustíveis e a novos processos, uma
vez que estes podem ser pelo menos em parte amortizados, através de um menor
consumo e por conseguinte através da maior aceitação ecológica por parte dos
compradores. Objectivamente, a optimização de processos produtivos convencionais
para produção de peças mais leves, conduz as opções para o recurso necessário à
conformação hidrostática. Através desse processo, podem produzir-se peças ocas com
paredes extremamente finas com alta dureza e resistência, com geometrias complexas
(que noutros processos de conformação não poderiam ser produzidas como peça
única), reduzindo cordões de soldadura, parafusos e rebites.
2
Simulação do processo de hidroformagem
3
Simulação do processo de hidroformagem
2. Estado da arte
Actualmente com o desenvolvimento tecnológico e por necessidade constante da procura
de novos processos de optimização técnico-dimensional e económico-financeira, a
hidroformagem associada ao tailor welded blanks emergem por entre um conjunto diversificado
de processos de conformação.
2.1 Hidroformagem
Pela necessidade emergente de produção de construções mecânicas cada vez mais
resistentes e de menor peso, ser motivo de investigação e investimento, especialmente nas
indústrias de transportes (automóvel e aeronáutica) os veículos mais eficientes oferecem
os benefícios de materiais de baixo peso e da economia de energia, sendo dessa forma
mais amigos do ambiente. Contudo, o peso não pode ser reduzido de uma construção
mecânica, sem alterações de projecto que passem por novas formas de fabricação de
componentes com baixo peso, reduzindo se possível o número total de partes, condição
essencial para a competitividade, quer técnica quer económica.
O processo de hidroformagem, consiste em produzir conformação plástica de um material,
através da implementação de uma pressão hidráulica no interior da peça, associada a um
deslocamento progressivo, até ser atingida a forma desejada, por imposição da geometria
física da matriz.
4
Simulação do processo de hidroformagem
5
Simulação do processo de hidroformagem
6
Simulação do processo de hidroformagem
7
Simulação do processo de hidroformagem
8
Simulação do processo de hidroformagem
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Simulação do processo de hidroformagem
10
Simulação do processo de hidroformagem
− Versatilidade em dar forma a geometrias e contornos complexos: tendo uma boa análise de
projecto, se possível auxiliada pelo recurso aos métodos numéricos, desenvolve-se
a possibilidade de produzir peças com geometrias mais arrojadas, por comparação
com outros processos de conformação convencionais;
− Precisão: apesar destas peças estarem sujeitas a um fenómeno físico designado por
retorno elástico, fruto da natureza do próprio processo de conformação, a
precisão pode ser considerada uma mais valia muito atractiva;
11
Simulação do processo de hidroformagem
− Desgaste das ferramentas por efeito das elevadas pressões: os efeitos associados às altas
pressões de serviço, podem aumentar o nível de desgaste nas ferramentas de
contacto, diminuindo a vida útil das ferramentas.
12
Simulação do processo de hidroformagem
ao estado da peça real o mais possível. Segundo Schmoeckel [17], este tipo de estudos
permitem analisar os vários factores influentes no processo de ruptura. A procura de
conhecimento mais aprofundado, acerca destes factores, pode ajudar à criação de leis
fundamentais regentes de certas propriedades do material na conformação da peça. Em
colaboração com a Schuler Hydroforming, a Universidade de Darmstadt recorre a uma
máquina de ensaios na qual é possível representar de maneira bem aproximada, as
condições de atrito, tensões e deformações da região da peça chamada de zona guiada.
Este tipo de ensaio também é conduzido na Universidade Estadual de OHIO, pelos
investigadores Altan e Palaniswamy [15]. As limitações deste teste são as dimensões dos
corpos de prova, a velocidade e a sincronia dos movimentos dos cilindros axiais.
14
Simulação do processo de hidroformagem
σ = E.e (2.1)
l − l0
e= (2.2)
l0
⎛ σ~ ⎞
n
ε
= α ⎜⎜ ~ ⎟⎟ (2.3)
ε0 ⎝σ0 ⎠
ε = ln (1 + e ) (2.4)
σ~ = σ (1 + e) (2.5)
A terceira e última região é conhecida como deformação plástica não uniforme, onde
ocorre estricção e por último ruptura.
A partir desta tensão uniaxial pode ser definido o estado de tensões de um corpo rígido
mesmo que o carregamento solicite o componente em várias direcções. Basta considerar
as tensões nas principais direcções de referência do material ( σ x ,σ y ,σ z ou σ 1 , σ 2 , σ 3 ),
15
Simulação do processo de hidroformagem
Assim, segundo os investigadores Batalha e Abrantes [15], com essas tensões e o estado
de tensões (uniaxial, biaxial ou plano, multiaxial ou tridimensional) é possível formular
critérios de escoamento para materiais isotrópicos.
σ eq =
(σ 1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ 1 )2 (2.7)
2
O escoamento segundo esse critério ocorre se, a tensão equivalente resultante da fórmula
acima atingir a tensão de escoamento do material, Batalha e Abrantes [15].
Outro factor que influência o escoamento do material, e consequentemente o sucesso do
processo de hidroformagem, é a anisotropia do material, ou seja, a variação das propriedades
mecânicas em função da direcção em que são medidas, devido á estrutura cristalográfica
do material. Macroscopicamente, a anisotropia é provocada pelos processos de fabricação
utilizados nas peças mecânicas. Em especial, referencie-se o caso de chapas laminadas,
onde existe um alinhamento dos grãos, gerando uma orientação preferencial e
modificando consequentemente a capacidade de deformação do material, nas diferentes
direcções em relação à da laminagem. A anisotropia é medida pela relação de anisotropia
R, dada pela expressão:
ε1
R= (2.8)
ε2
16
Simulação do processo de hidroformagem
essa duas medidas, podemos concluir que quanto maior for o valor da razão R
(anisotropia média), maior deve ser a capacidade do material se deformar na largura e
menor na espessura, refere Bortolussi [12].
Desta forma, a anisotropia é responsável pela variação da espessura na operação de
hidroformagem dos tubos. Assim, valores elevados de anisotropia são necessários para
aumentar a capacidade de deformação na largura, sem grandes reduções de espessura da
peça, garantindo maior estabilidade plástica, Montmitonnet e Chenot [15].
A relação de anisotropia ainda pode ser diferente, caso a orientação do corte do provete
varie de acordo com o sentido de possíveis orientações da estrutura cristalográfica do
material. Os valores mais encontrados para essas medidas são: R0 medido a 0º, R45 a 45º,
R90 a 90º. A diferença ou variação entre elas (∆R ) é conhecida como anisotropia média
planar.
(
F σ y −σ z )
2
(
+ G σ z −σ x )
2
(
+ H σ x −σ y )
2
+ 2 Lτ yz2 + 2 Mτ zx2 + 2 Nτ xy2 = 1 (2.10)
1 1 1
2F = 2
+ 2+ 2 (2.11)
X Z Y
1 1 1
2G = 2
+ 2 + 2 (2.12)
Z X Y
1 1 1
2H = 2
+ 2 + 2 (2.13)
X Y Z
17
Simulação do processo de hidroformagem
H
R0 = (2.14)
G
H
R90 = (2.15)
F
R90 (1 + R0 )
Z=X (2.16)
(R90 + R0 )
Em suma, o critério quadrático de Hill pode ser expresso da forma abaixo simplificada,
(
F σ y −σz )2
(
+ G σ z −σ x )
2
(
+ H σ x −σ y )
2
=1 (2.17)
a a
F σ y −σ z + Gσ z −σ x + H σ x −σ y =1
a
(2.18)
18
Simulação do processo de hidroformagem
a
K1 − K 2 + K1 − K 2 + 2 K 2 = 2Y a
a a
(2.19)
σ xx + σ yy ⎛ σ xx + σ yy ⎞
K 1= e K 2= ⎜⎜ ⎟⎟ + σ xy2 (2.20)
2 ⎝ 2 ⎠
Anisotropia planar
Já neste critério a anisotropia é considerada, passando a ser da forma,
a
A K1 − K 2 + A K1 − K 2 + C 2 K 2 = 2Y a
a a
(2.21)
σ xx + hσ yy ⎛ σ xx + hσ yy ⎞
K 1= e K 2= ⎜⎜ ⎟⎟ + p 2σ xy2 (2.22)
2 ⎝ 2 ⎠
R0 R90
A= 2−2 (2.23)
(
(1 + R0 ) 1 + R90 )
C = 2− A (2.24)
R0 (1 + R90 )
h= (2.25)
(1 + R0 )R90
19
Simulação do processo de hidroformagem
σ =
1
1+ R
[ (
σ 12 + σ 22 + R σ 1 − σ 2 )]
2
(2.26)
1+ R 2R
dε = dε 12 + dε 22 + dε 1 dε 2 (2.27)
1 + 2R 1+ R
σ = Kε n (2.28)
dε ⎡ R ⎤
dε 1 = ⎢σ1 − σ2⎥ (2.29)
σ ⎣ 1+ R ⎦
20
Simulação do processo de hidroformagem
dε ⎡ R ⎤
dε 2 = ⎢σ2 − σ1⎥ (2.30)
σ ⎣ 1+ R ⎦
1 1+α σ
dε 3 = − sendo α = 2 (2.31)
1 + R 1 + α 2 + R(1 − α )2 σ1
pi r
σ1 = (2.32)
t
pi r F
σ2 = − (2.33)
2t 2πrt
F = piπr 2 (1 − 2α ) (2.34)
ou
F conf = Faxial − Fved − F at (2.35)
onde Fved é a força necessária para manter a vedação do tubo expressa na equação que se
21
Simulação do processo de hidroformagem
2
⎛ di ⎞
Fved = p iπ ⎜ ⎟ (2.36)
⎝2⎠
⎡ ⎛ R ⎞⎤
⎢ ε1 + ⎜ ⎟⎥
σt ⎢ ⎝ 1+ R ⎠⎥
pi = (2.38)
εr ⎢ ⎛ R ⎞2 ⎥
⎢1 + ⎜ ⎟ ⎥
⎣ ⎝1 + R ⎠ ⎦
n
ε 1,max = (2.39)
dε
1+ 2
dε 1
1 + R 1 + α 2 + R(1 − α )
2
n
ε max = − (2.41)
dε 1 + R(1 − α )
1+ 2
dε 1
22
Simulação do processo de hidroformagem
⎡ 1 ⎤
⎢n − ⎥
σ t ⎢ (R + 1)ε 1,max ⎥
pcr = (2.42)
ε max r ⎢ ⎛ R ⎞
2
⎥
⎢ 1 − ⎜ ⎟ ⎥
⎣ ⎝1+ R ⎠ ⎦
π 2 EI
Fcr = C (2.43)
L2
n −1
⎡ 1 ⎧⎪ 1 ⎛ 1 ⎞ ⎫⎪⎤
2 2
σ cr = − Acn K ⎢ ⎨1 + + R ⎜ 1 − ⎟ ⎬⎥ (2.44)
⎢⎣1 + R ⎪⎩ α ⎝ α ⎠ ⎪⎭⎥⎦
2
onde,
2t n
Ac = (2.45)
(
r 3 1−υ 2
) n +1
23
Simulação do processo de hidroformagem
Parâmetros da Peça
Geometria
Tribologia peça/matriz
Propriedades do material
Comportamento Final
Tensões
Deformações
Parâmetros do Processo Deslocamentos
Deslocamento Estabilidade dimensional
Pressão
Temperatura
Velocidade
Figura 2.8 – Parâmetros de entrada/saída, tendo como
base o Método dos Elementos Finitos.
24
Simulação do processo de hidroformagem
O resultado final de uma simulação, por exemplo recorrendo ao Método dos Elementos
Finitos, apresenta-se sob a forma de tensões, deformações e deslocamentos. A boa análise
das tensões e deformações resultantes de um correcto processo de simulação, dependem
em grande parte do carácter crítico e da sensibilidade do analista.
Para simular a hidroformagem tubular podem ser usados diversos softwares. De entre eles o
ANSYS, LS DYNA, NASTRAN, FORTRAN, ABAQUS entre outros.
As ferramentas geralmente são representadas como corpos rígidos e são introduzidas no
modelo como condições de contorno de contacto e atrito, Schmoeckel [17]. Para
descretização das peças, nas aplicações de interpolação linear, pode recorrer-se a
elementos de casca ou contínuos.
Rama [15], desenvolveu vários modelos numéricos para simulação por MEF a
hidroformagem de materiais super plásticos e para tubos. Em 2003 desenvolveu um método
numérico bidimensional baseado na teoria das membranas, no qual considerou efeitos do
atrito e usou modelos de encruamento para expressar o comportamento à deformação do
material. Para isso necessitou do deslocamento axial, assumindo o estado plano de
deformações na direcção axial do tubo. Os seus resultados mostraram que o método é
eficiente em termos computacionais e que pode ser uma ferramenta importante no
25
Simulação do processo de hidroformagem
Lei e Bortolussi [12], usaram o critério de Oyane no MEF para analisar o processo de
hidroformagem. Por recurso a tal critério, calcularam os limites de conformação do processo
e discutiram os efeitos dos parâmetros. Baseado nos seus resultados melhoraram o
processo de conformação. Dois anos mais tarde, Lei [15] desenvolveu um programa de
MEF, designado por HydroFORM-3D, para analisar e projectar processos de
hidroformagem tubular. O autor aplicou o seu software em conjunto com um critério de
fractura dúctil. O programa é baseado no modelo de comportamento rígido-plástico.
Segundo o autor, os possíveis locais de falha foram acertadamente previstos, mostrando-
se compatíveis com as situações experimentais encontradas.
26
Simulação do processo de hidroformagem
2.2.4.1 Vantagens
O recurso aos métodos de simulação proporciona-nos um conjunto de benefícios em
diversos âmbitos, a saber:
− Simulação de processos e operações. É extremamente importante a versatilidade das
ferramentas numéricas para simulação, permitindo modelar vários processos de
conformação, bem como permitir inserir e remover passos nas operações, de
forma sequencial, por exemplo: alteração de pressões, deslocamentos,
propriedades do material, etc.;
Ao longo do presente trabalho, a utilização dos Métodos Numéricos, faz-se sempre por
recurso ao Métodos dos Elementos Finitos.
27
Simulação do processo de hidroformagem
29
Simulação do processo de hidroformagem
Taylor welded blanks é uma boa opção quando se tem por objectivo a redução dos custos de
mão-de-obra na fabricação, decréscimo da quantidade de soldaduras na construção e
melhorias da qualidade de estampagem em construções soldadas. No entanto, esta
tecnologia ainda se encontra muito direccionada exclusivamente a processos de
estampagem convencionais.
30
Simulação do processo de hidroformagem
A produção de peças soldadas para conformação, ocorre por recurso a uma inovadora
tecnologia de soldadura a laser. De entre um conjunto de vantagens inerentes, temos o
excelente acabamento superficial do cordão de soldadura, quando comparado a outros
processos convencionais. Por estes motivos, actualmente, para produção de componentes
por tailor welded blanks, usa-se exclusivamente a soldadura a laser.
31
Simulação do processo de hidroformagem
32
Simulação do processo de hidroformagem
Referências
[1] http://www.amazon.com/hydroforming.
[2] M. Koç, T. Altan, “Prediction of forming limits in the tube hydroforming process”,
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[3] BRADLEY Makr N., Input Parameters for Metal Forming Using LS-Dyna, 6th
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[5] DILIP K Mahanty, Simulating Rotary draw Bending and Tube Hydroforming,
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[6] ÇELIKAYAR Güner, Ulusal Hidrolik Pnomatik Kongresi Ve Sergisi, Cap. III,
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[7] DILIP K Mahanty, Simulation Rotary Draw Bending and Tube Hydroforming,
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[8] http://www.msm.cam.ac.uk/phase-trans/2006/hydroforming.html.
[9] CERVEIRA Renato, BATALHA Gilmar, Desenvolvimento de Estudos de Conformação
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[10] TÁLAMO Roberta, BUTTON Sérgio, Hidroconformação de Chapas “Tailored Blank”,
XII Congresso Interno de Iniciação Cientifica da UNICAMP, Faculdade de Engenharia
Mecânica – FEM, UNICAMP, 2004.
[11] PONCE Aline, BORTOLUSSI Roberto, BATALHA Gilmar, Hidroconformação de
Tubos: Influência dos Parâmetros no Processo, Departamento de Engenharia
Mecatronica e de Sistemas Mecânicos – Escola Politécnica da USP e Departamento de
Engenharia Mecânica – Centro Universitário da FEI.
[12] BORTOLUSSI Roberto, BUTTON Sérgio, Simulação do Processo de
Hidroconformação de Tubos, Faculdade de Engenharia Industrial – Departamento de
Mecânica e Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Faculdade de
Engenharia Mecânica – Departamento de Materiais e Processos.
[13] ABRANTES Jorge, LIMA Carlos, BATALHA Gilmar, Simulação Numérica da
Expansão Hidrostática de Tubos de Alumínio, Laboratório de Engenharia de
Fabricação – Departamento de Eng. Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos – EPUSP,
São Paulo, SP.
33
Simulação do processo de hidroformagem
34
Simulação do processo de hidroformagem
3. Retorno elástico
Definição: o material tem uma tendência para voltar parcialmente à sua forma original por
causa da recuperação elástica característica. Este fenómeno físico é chamado retorno elástico,
internacionalmente designado por springback, sendo o seu grau dependente de diversos
factores intrínsecos.
No âmbito do universo da conformação mecânica, tem sido um dos parâmetros cada vez
mais importante associado ao processo de conformação, por sua vez um factor fundamental
que afecta a qualidade de um componente produzido por estampagem/hidroformagem.
O processo de conformação mecânica é uma operação muito utilizada na produção de
elevadas quantidades de peças em chapa. Muitas operações de conformação por deformação
implicam a aplicação de pressões, quer a frio quer a quente, de materiais ferrosos e não
ferrosos, chapas de diferentes espessuras, perfis de diferentes secções. Sempre que associados
a estes processos, existam recuperações elásticas não controladas existirá alteração à
geometria dimensional da peça, originando consequentes problemas de montagem, afectando
de forma muito significativa a qualidade do produto final. Além de que, o carácter não
constante da recuperação elástica, junta-se às dificuldades de obtenção de produtos de
qualidade uniforme.
Segundo Luna [1], quando se estuda o fenómeno da recuperação elástica diferenciam-se
claramente dois estados: em carga e em repouso.
Estado inicial ou em carga. Durante esta etapa do processo de conformação, o punção exerce
uma força de conformação sobre o material; na etapa de conformação o valor do avanço
deve ser adequado para que a peça não entre completamente em contacto com o fundo da
matriz.
Estado final ou de descarga. Esta etapa começa desde que a carga aplicada pela prensa, deixa de
exercer pressão sobre a peça. É durante a fase de descarga que ocorre o fenómeno da
recuperação elástica, causando um fenómeno de alteração dimensional na geometria da peça
final.
35
Simulação do processo de hidroformagem
À parte dos objectivos e das vantagens que podem retirar-se do processo de simulação, é
importante referenciar a ampla possibilidade de análises que permitem utilizar diferentes
ferramentas, diferentes processos, diferentes variáveis.
36
Simulação do processo de hidroformagem
análise mais segura, mais económica e inócua que posteriormente se realizará sobre um
modelo real. Na maioria das vezes esses modelos convertem-se em núcleos de determinados
sistemas ou ferramentas, maioritariamente informáticos, que se podem englobar entre a
denominação geral de sistemas de ferramentas CAE (Computer Aided Engineering ou
Engenharia Assistida por Computador) utilizadas para optimizar a fabricação e a
produtividade.
Os sistemas CAE desenvolveram-se até níveis profundamente específicos, de maneira que se
tornou habitual encontrar na literatura a terminologia CA-X, traduzindo-se por Assistência
por Computador sobre uma determinada variável X, e portanto X pode obter diferentes
valores, por exemplo Manutenção, Montagem e Produtividade, entre outros. Outro exemplo
de sistema CAE (fora da denominação CA-X) a considerar e com relevante implantação no
sector académico são os sistemas com formulação puramente matemática conhecidos como
sistemas FEM (Finite Elemenet Methods ou Método dos Elementos Finitos) ou também FEA
(Finite Element Analysis ou Análise de Elementos Finitos).
37
Simulação do processo de hidroformagem
Segundo Pepelnjak [20], a maioria das simulações que se realizam procuram especialmente
responder às seguintes questões:
− Determinação da geometria da ferramenta;
− Determinação da geometria final da peça e das dimensões iniciais da peça;
− Determinação das forças de deformação e de suporte;
− Verificação das operações de processo (análise correcta dos passos de deformação,
problemas de desgaste e enrugamento);
− Verificação da geometria do produto final (distribuição da espessura, análise do
comportamento sob efeitos de recuperação elástica e das tensões residuais).
38
Simulação do processo de hidroformagem
produto óptimo desejado. Outras vantagens a obter por recurso à simulação (tipo FEM) no
ciclo de desenvolvimento do produto é a redução do número de peças protótipo. As
ferramentas de simulação, inicialmente, foram bastante utilizadas em ambientes
particularmente académicos. A indústria está também interessada no uso de ferramentas de
simulação.
Pepelnjak [20] considera que os sistemas modernos para o desenvolvimento e fabrico de
novos produtos, para estarem bastante unidos às necessidades do mercado, só darão
respostas eficientes recorrendo a estas técnicas. Nas últimas décadas, como se observa em
exemplos anteriores, a simulação saltou do âmbito académico (onde se realizaram as
primeiras simulações) para aplicações industriais (em fabricantes e desenhadores de
processo). O salto destas ferramentas para o sector industrial, implica considerar um novo
perfil de utilizadores vocacionados para esta nova realidade de ferramentas. Neste ambiente,
estas ferramentas deixarão de ser utilizadas só por especialistas (de FEM, por exemplo), e
passarão também a ser utilizadas por especialistas do processo.
39
Simulação do processo de hidroformagem
40
Simulação do processo de hidroformagem
Dentro destas directrizes de trabalho, realizaram-se estudos para ser estabelecida uma relação
entre o raio mínimo R/t e uma propriedade mecânica do material. Uma destas análises
baseia-se nas seguintes hipóteses, Kalpakjian [1]:
1. A deformação real (ε 0 ) em consequência da qual ocorre uma fissura sob a face
exterior, proveniente do processo de conformação, é igual á deformação real da
fractura (ε f ) , tendo como base de análise um ensaio de tracção simples;
ε 0 = ln(1 + e0 ) (3.2)
41
Simulação do processo de hidroformagem
Para dobragem de uma chapa em deformação plana, onde se verifique momento puro, a
deformação real da superfície exterior iguala-se à deformação de fractura real em tracção
simples. Assim, a deformação máxima admissível do material pode ser relacionada com o
raio mínimo de dobragem admissível para a peça conformada, quando é assumido que a linha
neutra coincide com a linha média,
⎛ ⎞
⎜ R +t ⎟
ε f = ε 0 = ln⎜ min ⎟ (3.3)
⎜R + t ⎟
⎜ min ⎟
⎝ 2⎠
⎛ 1 ⎞
Rmin = t ⎜⎜ − 1⎟⎟ (3.4)
⎝ 2 Ar ⎠
onde se observa que o raio mínimo depende da espessura da peça t e da área de redução no
ensaio de tracção Ar . Segundo esta expressão o raio mínimo aproxima-se a zero, sendo um
indicador da capacidade de conformação completa, isto é, o material consegue dobrar-se
sobre si mesmo, quando a redução da área sob esforços de tracção é de 50%.
A principal hipótese por detrás da equação (3.4) é que a linha neutra não se desloca
relativamente às superfícies durante a operação de conformação, o que é justificável para
materiais com reduções de área inferiores a 20% ( Ar < 0,2 ) . Quando a linha neutra se
desloca do centro para a parede da peça, pode-se rescrever a expressão melhorada, para
materiais dúcteis,
(1 − Ar ) 2
Rmin = t 2
−1 (3.5)
2 Ar − Ar
A relação entre o raio mínimo possível de dobragem é a deformação no raio exterior ( ε 0,b )
42
Simulação do processo de hidroformagem
t ⎛⎜ 1 ⎞
Rmin = ⎜ − 1⎟⎟ = c ⋅ t (3.6)
2 ⎝ ε 0 ,b ⎠
Como podemos observar estas equações estabelecem o raio mínimo como sendo uma
função da espessura do material. Dada a estreita ligação entre o raio mínimo para
conformação e a espessura da parede da peça, podemos redefinir este parâmetro
característico como a relação entre o raio mínimo e, por outro lado, determinar a capacidade
de conformação de uma peça.
⎛ R⎞ 1
⎜ ⎟ = −1 (3.7)
⎝ t ⎠ min 2 Ar
⎛ R⎞ (1 − Ar ) 2
⎜ ⎟ = 2
−1 (3.8)
⎝ t ⎠ min 2 Ar − Ar
recuperação, é menor que o inicial (β i ) , assim como, o raio final de dobragem (R f ) é maior
43
Simulação do processo de hidroformagem
Carga
2. Pré-conformar a região com ângulos mais agudos, para que os esforços de compressão
sejam minimizados. Contudo, as matrizes já deverão ser produzidas prevendo este
tipo de situações;
44
Simulação do processo de hidroformagem
6. Por vezes, a recuperação de uma dobragem pode ser usada para compensar uma
dobragem posterior. Este princípio é usado maioritariamente para dobragens em U.
Recuperação Negativa
Sob determinadas condições é possível produzir-se sob um conceito designado de
recuperação negativa, internacionalmente conhecido como springforward ou negative springback.
Na ausência de informação relativa, quando abordamos o conceito de retorno elástico,
consideramos a recuperação como positiva, já definida anteriormente. A recuperação
negativa ocorre quando o ângulo final de dobragem é maior no acto de descarregamento da
força. Este fenómeno pode explicar-se por observação da sequência de deformação, inerente
ao processo de conformação.
45
Simulação do processo de hidroformagem
lt 2 S ut
F =k (3.9)
wd
46
Simulação do processo de hidroformagem
1998).
recuperação elástica está interrelacionada com uma iteração completa das tensões elásticas
internas residuais, sujeitas às restrições da geometria da peça.
48
Simulação do processo de hidroformagem
Referências
[1] LUNA Maria, Tesis doctoral en contribución al estudio del proceso de deblado al aire de
chapa modelo de predicción el ángulo de recuperación y el radio de doblado final, pág.
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Girona, GIRONA, 2005.
[2] JERNBERG Andres, A method for modifying the forming tool geometry in order
compensate for springback effects, Enginering Research Nordic AB, Linkoping, Sweden,
2004.
[3] LINGBEEK R.A., Aspects of a designtool for springback compensation.
[4] PRASK H. and GNAUPEL-HEROLD T., Automobile shet-metal “springback”: residual
stress measurements and modeling ,NIST Center for Neutron Reserch, National
Institute of Standards and Technology Gaithersburg.
[5] CAO Jian and KINSEY Brand, Consistent and minimal springback using a stepped binder
force trajectory and neural network control, Department of Mechanical Engeneering,
Northwestern University, Evansion, 2000.
[6] VISWANATHAN Vikrama and KINSEY Brad, Experimental implementation of neural
network springback control for sheet metal forming, Department of Mechanical
Engeneering, Northwestern University, Evansion, 2003.
[7] KULKARNI Pravin and PRABHAKAR Shashikiran, Influence of the effect of strain
rates onf springback in aluminum 2024 (ISO AlCu4Mg1), Cessna Aircraft Company,
Kansas, USA.
[8] SARAVANAN P. and R&D division, Prediction of spring back in material through FEM
simulation of sheet metal stamping process, Tata steel, Jamshedpur, India.
[9] FOECKE T. and GNAEPEL-HEROLD T., Robustness of the sheet metal springback cup
test, Metallurgical and materials transactions A, U.S. Government work, volume 37A-
3503, December 2006.
[10] GNAUPEL-HEROLD Thomas, Springback formability and stress in niobium SRF
cavities, University of Maryland and NIST Center for Neutron Research.
[11] ESI Group, Pam-stamp 2G – Automatic springback compensation module.
[12] BRUSHWELLMAN, Elastic springbak, Technical tidbits, vol.2 – No.5, May 2000.
[13] DUTTON Trevor and EDWARDS Richards, Tool design for a high strength steel side
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Users Conference, 6ª-10.
[14] KOOP, R, Some current development trends in metal-forming technology, Journal of
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Simulação do processo de hidroformagem
[15] LANGE, K., Modern metal forming technology for industrial production, Journal of
Materials Processing Technology, 1997.
[16] LANGE, K., co, & Pohlandt, K, Handbook of metal forming, New York: McGraw-Hill,
1985.
[17] MARCINIAK, Z., The mechanics of sheet metal forming, London: Edward Arnold,
1992.
[18] NARASIMHAN, N., & LOVELL, M., Predicting springback in sheet metal forming: An
explicit to implicit sequencial soluction procedure, Finite Elements in Analysis and
Design, 1999.
[19] TEKKAYA, A. E., State-of-the-art of simulation of sheet metal forming, Journal of
Materials Processing Technology, 2000.
[20] PEPELNJAK, T., GANTAR, G., & KUZMAN, K., Numerical simulations in
optimisation of product and forming process, Journal of materials processing
technology, 2001.
50
Simulação do processo de hidroformagem
4.1 Introdução
Neste estudo que incide sobre os problemas cuja análise é a três dimensões, a modelação
de um domínio Ω – neste caso representando um volume - é feita através de elementos
hexaédricos (tridimensionais) trilineares de oito nós, vulgarmente referidos na literatura
como “brick elements”, Figura 4.1 [1].
Considerando um ponto de um elemento isoparamétrico padrão, representado num
sistema local de coordenadas (ξ,η,ζ), o vector posição de qualquer ponto pertencente ao
domínio do elemento, pode ser obtido através de uma interpolação a partir das
coordenadas nodais elementares xi ,
nenos
(xe )i = ∑ N i (ξ ,η , ζ )(xi ) j (4.1)
i =1
por via de funções de forma N i (ξ,η,ζ) para elementos isoparamétricos [2]. Estas podem ser
definidas, para um elemento trilinear, na forma,
1
N i (ξ ,η , ζ ) = (1 + ξξi )(1 + ηηi )(1 + ζζ i ) (4.2)
8
u ≈ ueh = N e d e (4.3)
onde N e representa a matriz das funções de forma, sendo neste caso assim definida,
51
Simulação do processo de hidroformagem
⎡ N i (ξ ,η , ζ ) 0 0 ⎤
⎢
Ne = ⎢ 0 N i (ξ ,η , ζ ) 0 ⎥, i = 1, n nos (4.4)
⎥ e
⎢⎣ 0 0 N i (ξ ,η , ζ )⎥⎦
Por sua vez, as componentes do tensor das extensões lineares (agrupadas para maior
facilidade de interpretação sob a forma de um vector), representam o estado de deformação
num ponto do elemento finito, podendo ser obtidas por meio da expressão [2], [4],
⎡ ∂N i ⎤
⎡ ∂u ⎤ ⎢∂ 0 0 ⎥
⎢ ∂x ⎥ ⎢ x ⎥
⎢ ∂v ⎥ ⎢ 0 ∂N i
⎧ε xx ⎫ ⎢ ⎥ 0 ⎥
⎢ ∂y ⎥
⎪ε ⎪ ⎢ ∂y ⎥ ⎢
⎪ yy ⎪ ⎢ ∂w ⎥ ⎢ 0 ∂N i ⎥⎥
0 ⎧ ui ⎫
⎪⎪ε zz ⎪⎪ ⎢ ∂z ⎥ ⎢ ∂ z ⎥⎪ ⎪
ε = ⎨ ⎬ = ⎢ ∂v ∂u ⎥ = Be d e = ⎢ ⎥ ⎨ vi ⎬, i = 1,n e
nos
(4.5)
∂N i ∂N i
⎪γ xy ⎪ ⎢ + ⎥ ⎢ 0 ⎥ ⎪w ⎪
⎪γ xz ⎪ ⎢ ∂x ∂y ⎥ ⎢ ∂y ∂x ⎥⎩ ⎭
i
⎪ ⎪ ∂w ∂u ⎢ ⎥ ⎢ ∂N i ∂N i ⎥
⎪⎩γ yz ⎪⎭ ⎢ + ⎥ ⎢∂ 0
⎢ ∂x ∂z ⎥ ⎢ z ∂ x ⎥⎥
⎢ ∂w + ∂v ⎥ ⎢ 0 ∂N i ∂N i ⎥
⎣⎢ ∂y ∂z ⎥⎦ ⎢ ∂z ∂ y ⎥⎦
⎣
Uma lei constitutiva linear elástica, relacionando o estado de deformação com o estado de
tensão num dado ponto, pode então ser representada através da expressão,
σ = C 2ε (4.6)
σ = {σ xx σ yy σ zz τ xy τ xz τ yz }T (4.7)
52
Simulação do processo de hidroformagem
⎡ υ υ ⎤
⎢ 1 1−υ 1−υ
0 0 0 ⎥
⎢ υ υ ⎥
⎢ 1 0 0 0 ⎥
⎢1 − υ 1−υ ⎥
⎢ υ υ
1 0 0 0 ⎥
E (1 − υ ) ⎢1 − υ 1−υ ⎥
C2 = ⎢ 1 − 2υ ⎥ (4.8)
(1 + υ )(1 − 2υ ) ⎢ 0 0 0 0 0 ⎥
⎢ 2(1 − υ ) ⎥
⎢ 1 − 2υ ⎥
⎢ 0 0 0 0
2(1 − υ )
0 ⎥
⎢ ⎥
⎢ 0 1 − 2υ ⎥
0 0 0 0
⎣⎢ 2(1 − υ ) ⎦⎥
k e d e = f eext (4.9)
ke = ∫B C 2 Be dΩ e (4.11)
T
e
Ωe
Num domínio modelado por um dado número de elementos (nelm ) , a matriz de rigidez
global do problema deve ser devidamente agrupada [2], assim como o vector de forças
exteriores,
nelm
K = A ke (4.12)
e =1
nelm
Fext = A f eext (4.13)
e =1
53
Simulação do processo de hidroformagem
Kd = Fext (4.14)
∂N ∂N ∂ξ ∂N ∂η ∂N ∂ζ
= + +
∂x ∂ξ ∂x ∂η ∂x ∂ζ ∂x
∂N ∂N ∂ξ ∂N ∂η ∂N ∂ζ
= + + (4.15)
∂y ∂ξ ∂y ∂η ∂y ∂ζ ∂y
∂N ∂N ∂ξ ∂N ∂η ∂N ∂ζ
= + +
∂z ∂ξ ∂z ∂η ∂z ∂ζ ∂z
ou em termos matriciais,
⎧ ∂N i ⎫ ⎧ ∂N i ⎫
⎪ ∂x ⎪ ⎪ ∂ξ ⎪
⎪ ∂N ⎪ ⎪ ⎪
⎪ i⎪ −1 ⎪ ∂N i ⎪
⎨ ⎬=J ⎨ ⎬ (4.16)
⎪ ∂y ⎪ ⎪ ∂η ⎪
⎪ ∂N i ⎪ ⎪ ∂N i ⎪
⎪⎩ ∂z ⎪⎭ ⎪⎩ ∂ζ ⎪⎭
⎡ ∂ξ ∂η ∂ζ ⎤
⎢ ∂x ∂x ∂x ⎥⎥
⎢ ∂ξ ∂η ∂ζ ⎥
J −1 = ⎢ (4.17)
⎢ ∂y ∂y ∂y ⎥
⎢ ∂ξ ∂η ∂ζ ⎥
⎢ ⎥
⎣ ∂z ∂z ∂z ⎦
54
Simulação do processo de hidroformagem
⎡ nelm ∂N i nelm
∂N i nelm
∂N i ⎤
⎢∑ xi ∑ ∂ξ yi ∑ ∂ξ zi ⎥
=1 ∂ξ
⎢ nielm i =1 i =1 ⎥
∂N nelm
∂N i nelm
∂N i
J = ⎢⎢∑ i xi ∑ yi ∑ ∂η z i ⎥⎥ (4.18)
=1 ∂η i =1 ∂η i =1
⎢ nielm ⎥
⎢∑ ∂N i xi ∂N i ∂N i
nelm nelm
⎢⎣ i =1 ∂ζ ∑
i =1 ∂ζ
yi ∑ ∂ζ
i =1
zi ⎥
⎥⎦
55
Simulação do processo de hidroformagem
n +1
n u(ξ ) (i ) = n+1x (ξ ) (i ) − n x (ξ ) (4.20)
para uma iteração (i) dentro desse intervalo. Também através do vector posição para um
ponto qualquer dentro do elemento é possível definir os vectores de base covariantes
através das derivadas parciais,
∂ n+1 x (ξ )
n +1
g k (ξ ) =
∂ξ k
(4.21)
∂ n x (ξ )
n
g k (ξ ) =
∂ξ k
onde os índices relacionados com a iteração (i) foram omitidos. A qualquer um dos
n +1
vectores de base covariantes está relacionado o seu respectivo contravariante gk e n gk ,
respectivamente, conforme detalhado por Basar [11].
n +1 ∂ n+1 x n+1
F = n = gk ⊗n g k (4.22)
∂ x
n
u
É então possível definir o tensor de deformações de Green-Lagrange E (bem como as suas
componentes) entre as configurações (n) e (n+1) na forma,
n +1
n
2
nF (
1 n+1 T n+1
Eu = n F − I 2 = E kl g ⊗ g
u n k n l
)
(4.23)
1 ⎛ n ∂ nn+1u ∂ nn+1u n ∂ nn+1u ∂ nn+1u ⎞
n +1 u
E = ⎜ gk + . gl ⎟
2 ⎜⎝ ∂ξ l ∂ξ k ∂ξ k ∂ξ l ⎟⎠
n kl
56
Simulação do processo de hidroformagem
S = S kl n g k ⊗ n g l (4.24)
⎡1
( ) ⎤
Π HMV (u , E , S ) = ∫ Ws ( E )dV + ∫ S :⎢ F T F − I 2 − E ⎥ dV − Π ext
⎣2 ⎦
V V
(4.25)
Π ext = ∫ u.b ρdV + ∫ u.t dS
V Sρ
57
Simulação do processo de hidroformagem
E = E u + Eα (4.26)
∫S:E
α
dV = 0 (4.27)
V
( )
∂Π u, E α = δΠ int − δΠ ext
δΠ int = ∫ (δE u
)
+ δE α :
(
∂Ws E u + E α
∂V
) (4.28)
V
(
∂ E u + Eα )
∂∏ ext
= ∫ δu.b ρdV + ∫ δu.t dS
V Sσ
58
Simulação do processo de hidroformagem
A forma fraca pode ser expandida através de uma série de Taylor truncada numa solução
no estado k (u k +1 ,E α k +1 ) [13],
onde, no contexto presente, o operador (∆) refere-se a uma variação finita entre os estados
(k) e (k+1). A interpolação do elemento finito para os campos dos deslocamentos e
deformações acrescentadas é descrita em seguida, juntamente com a expressão explicita
para o operador D[δΠ ] e a principal vantagem de incluir a técnica aditiva como em (4.26).
( )
onde M u representa a matriz de deformações-deslocamentos convencional, para o caso
presente com 6x26 componentes, e o arranjo específico das componentes do tensor das
deformações convectivo apresenta-se de acordo com,
{
E u = Eξu1ξ 1 Eξu2ξ 2 Eξu3ξ 3 Eξu1ξ 2 Eξu1ξ 3 Eξu2ξ 3 }
T
(4.32)
59
Simulação do processo de hidroformagem
Uma vez que o maior campo de aplicação da formulação presente assenta nas estruturas do
tipo casca, onde em cada um (2x2x2) dos pontos de Gauss em cada elemento, são
construídas estruturas locais, baseadas na direcção da espessura intrínseca e seguindo as
orientações geralmente consideradas para elementos de casca [22].
( )
Juntamente com o tensor de extensões E u , é necessário definir a sua parte homóloga
acrescentada, responsável pela atenuação da retenção volumétrica e ao corte transverso,
inerentes a uma formulação de deslocamentos convencional. Em termos formais, o campo
de deformações acrescentadas é análogo ao baseado nos deslocamentos, sendo possível
definir as relações,
⎢ 0 0 0 0 0 0 0
∂ξ 2 ∂ξ 1∂ξ 2 ∂ξ 1∂ξ 3 ∂ξ 2 ∂ξ 3 ⎥
⎢ ⎥
⎢ 0 ∂N α ∂2Nα ∂2Nα ∂2N α ⎥
0 0 0 0 0 0 0
⎢ ∂ξ 3 ∂ξ 1∂ξ 2 ∂ξ 1∂ξ 3 ∂ξ 2 ∂ξ 3 ⎥
Mα HCil 2 =⎢ ⎥
∂N α ∂N α
⎢ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ⎥
⎢ ∂ξ 1 ∂ξ 2 ⎥
⎢ ∂N α ∂N α ⎥
⎢ 0 0 0 0 0
∂ξ 1 ∂ξ 3
0 0 0 0 0 ⎥
⎢ ⎥
⎢ 0 ∂N α ∂N α
0 0 0 0 0 0 0 0 0 ⎥
⎢⎣ ∂ξ 2 ∂ξ 3 ⎥⎦
(4.34)
60
Simulação do processo de hidroformagem
⎧ 4⎫
int
4f d 48
647
⎪ ⎪
(
⎡ K uulg + K uun lg ) ⎪
K uα ⎤ ⎧∆d ⎫ ⎪V ∫
T T
( )
N b ρdV + ∫ N tdSC − ∫ M SdV ⎪
u T
⎪
⎥⎨ ⎬ = ⎨
Sσ
⎢
V
⎬ (4.35)
⎣ K αu K αα ⎦ ⎩∆α ⎭ ⎪ −∫ M α
( T
)
SdV ⎪
⎪ 144244
V
3 ⎪
⎪⎩ fαint ⎪⎭
Ainda na equação (4.35) surge a parcela de rigidez não linear k n lg que, para a formulação
61
Simulação do processo de hidroformagem
Referências
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62
Simulação do processo de hidroformagem
63
Simulação do processo de hidroformagem
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of Hydroformed Tailor-Welded Tubular Parts with Dissimilar Thickness”, submetido para
publicação no Journal of Materials Processing Technology.
64
Simulação do processo de hidroformagem
5. Exemplos de aplicação
No presente capítulo apresentam-se alguns exemplos aplicativos da simulação do processo
de hidroformagem tubular, conjugadas ao recurso de espessuras dissimilares,
internacionalmente conhecidas como tailor welded blanks. Para estudo do modelo, recorreu-se
à simulação numérica computacional, através do MEF – Método dos Elementos Finitos.
A simulação dos processos tem como base o programa comercial – ABAQUS/Standard,
baseado no Método dos Elementos Finitos (MEF), sendo utilizados elementos do programa
descrito anteriormente por recurso a uma usersubroutine.
À semelhança de outros estudos anteriores neste domínio, Roque [4], as simulações
efectuaram-se seguindo uma metodologia do tipo estático.
O objectivo da simulação numérica, tem por objectivo, analisar a influência dos parâmetros
característicos na conformação por hidroformagem do tubo inicial, considerando a sua
geometria e as propriedades do cordão de soldadura no formato inicial do tubo. Foram
consideradas algumas variantes aos modelos iniciais (anteriores ao processo de
conformação), nomeadamente: (i) a utilização de diferentes espessuras para os tubos e (ii) o
diferente posicionamento para a união dos dois tubos.
O objectivo das simulações numéricas reside, então, na análise da influência desses dois
parâmetros, na conformação por processo de hidroformagem do tubo inicial, considerando a
geometria e as propriedades do cordão de soldadura. Outra avaliação relevante consiste na
análise do efeito de retorno elástico, após processo de conformação.
65
Simulação do processo de hidroformagem
Para o caso particular apresentado na figura 5.1, o processo prático de hidroformagem inicia-se
colocando o tubo inicial no interior da matriz. Segue-se a pressurização interna do tubo a
conformar, por recurso a um fluído, auxiliada pela imposição de deslocamentos axiais no
sentido descendente.
Para a simulação do processo recorre-se a três componentes fundamentais: o fluído, o tubo
e a matriz.
Cada uma destas componentes foi discretizada por recurso a elementos finitos, para analisar
directamente a sua interferência nos valores da conformação plástica.
No processo de simulação utilizam-se elementos sólidos. Através do recurso a estes
elementos, pretende-se obter uma correcta caracterização da zona afectada pelo calor,
quer em termos geométricos quer ao nível das características mecânicas.
Numa primeira abordagem, consideram-se diferentes tipos de elementos sólidos, com
diferentes configurações, para a zona afectada pelo calor. Seguidamente, procede-se à
análise das configurações deformadas, curvas de deformação, após conformação e após
retorno elástico.
66
Simulação do processo de hidroformagem
Nesta análise serão considerados elementos sólidos de 8 nós, presentes nas bibliotecas do
ABAQUS, do tipo C3D8. Adicionalmente, serão também considerados os elementos
descritos anteriormente, com a denominação HCi12. Conforme já referido, estes elementos
possuem a mesma topologia dos elementos C3D8 (oito nós, baseados em deslocamentos),
assentando no método das extensões acrescentadas.
67
Simulação do processo de hidroformagem
Segundo Reis et al. [5] e posteriormente utilizado por Roque [4], as propriedades
mecânicas do cordão de soldadura podem ser obtidas indirectamente através da seguinte
relação (empírica) entre a tensão de cedência do material de base e o material do cordão
de soldadura,
HV sold
σ ysold = σ ytubo (5.1)
HV tubo
Com base na distribuição de tensões, indirectamente obtida a partir dos valores de micro
durezas, torna-se necessário ajustar as respectivas propriedades mecânicas para os
elementos existentes na malha. Uma análise inicial das diferentes configurações para
diferentes distribuições de elementos, na malha do cordão de soldadura, será então
efectuada conforme se apresenta seguidamente.
68
Simulação do processo de hidroformagem
Através da relação apresentada na equação 5.1 e dos valores medidos das microdurezas
(figura 5.3) são obtidas as curvas características para diferentes zonas do cordão de
soldadura. Na figura 5.5 encontram-se as curvas características correspondentes às três
zonas distintas apresentadas na figura 5.4.
O modelo considerado na figura 5.1 consiste numa estrutura tubular, em que serão
analisadas relações da espessura do tubo de 1.2mm, 1.8mm e 2.4mm, correspondendo às
partes finas e espessas do tubo, respectivamente. Além de modelos com duas espessuras,
69
Simulação do processo de hidroformagem
70
Simulação do processo de hidroformagem
Para facilitar a interpretação dos resultados apresentados mais à frente, na figura 5.7,
apresenta-se uma sequência do processo de hidroformagem. O modelo mostra o conjunto de
passos seguidos até à conformação final, sendo os dois últimos, aqueles que potenciam o
efeito do retorno elástico.
A figura apresenta, para cada passo, o perfil de tensões na peça, resultante do esforço
provocado pelo processo de conformação. As cores mais frias (azul) caracterizam zonas de
menor tensão, as cores mais quentes (vermelho) caracterizam zonas de maior tensão.
71
Simulação do processo de hidroformagem
0,01
0
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
t=1.2mm
-0,04 t=1.8mm
t=2.4mm
t=1.2X1.8
-0,05
t=1.2X2.4
-0,06
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
Pela análise da variação de posição da parede do tubo, após retorno elástico, verificamos
que os modelos tubulares com maior espessura, tem tendência a apresenta maiores valores
de deslocamento, confirmando a fundamentação teórica referida no capitulo 3. Verifica-se
que a variação de posição, provocada pelo retorno elástico, incide mais na zona central da
peça e menos na zonas superior e inferior, por ser aquela onde o material exerce maior
deslocamento radial, provocado pelo efeito da conformação.
72
Simulação do processo de hidroformagem
100
t=1.2mm
t=1.8mm
80 t=2.4mm
Variação de posição radial (%)
t=1.2X1.8
t=1.2X2.4
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
73
Simulação do processo de hidroformagem
-2.0
Deslocamento axial (mm), após conformação
-2.5 t=1.2mm
t=1.8mm
-3.0 t=2.4mm
t=1.2X1.8
-3.5
t=1.2X2.4
-4.0
-4.5
-5.0
-5.5
-6.0
-6.5
0 20 40 60 80 100 120 140 160
0,035
t=1.2mm
Deslocamento axial (mm), após retorno elástico
0,023 t=1.8mm
0,025
0,020 t=2.4mm
t=1.2X1.8
0,016
t=1.2X2.4
0,015
0,005
0,002
-0,005
-0,015
-0,018
-0,025
74
Simulação do processo de hidroformagem
0,01
0,00
Variação da posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
t=1.2mm
t=1.8mm
-0,05
t=2.4mm
t=1.2X1.8
-0,06
t=1.2X2.4
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
Pela análise das soluções obtidas pelo elemento HCi12, verifica-se que as maiores
amplitudes dos valores de variação de posição, estão concentradas na região da peça sujeita
a maior deslocamento radial, consequência da conformação. Contudo, é visível que junto
ao cordão de soldadura, a variação da posição radial é um pouco menor, por efeito das
características específicas de rigidez impostas ao cordão.
75
Simulação do processo de hidroformagem
100
t=1.2mm
t=1.8mm
t=2.4mm
80
t=1.2X1.8
Variação de posição radial (%)
t=1.2X2.4
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coodenada Y original (mm)
76
Simulação do processo de hidroformagem
-2,0
t=1.2mm
Deslocamento axial (mm), após retorno elástico
-2,5
t=1.8mm
t=2.4mm
-3,0
t=1.2X1.8
t=1.2X2.4
-3,5
-4,0
-4,5
-5,0
-5,5
-6,0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
0,025
0,019 0,019 t=1.2mm
0,020 0,018
Deslocamento axial (mm), após retorno elástico
t=1.8mm
0,015 t=2.4mm
t=1.2X1.8
0,010
t=1.2X2.4
0,005
0,000
-0,005
-0,010
-0,015
-0,025
77
Simulação do processo de hidroformagem
0,01
0
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,05
C3H8 - 1.2X1.2mm
HCi12 - 1.2X1.2mm
-0,06
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
Por comparação entre os dois elementos, podemos verificar que o perfil de variação de
posição radial é aproximado. Analisando o retorno elástico junto ao cordão de soldadura,
verifica-se que ambos apresentam um valor bastante próximo.
78
Simulação do processo de hidroformagem
0,01
0
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,05
C3H8 - 1.8X1.8mm
-0,06 HCi12 - 1.8X1.8mm
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
Pela análise da figura 5.17, verifica-se que até aos 105mm, os valores da variação de posição
são bastante aproximados. Na zona do cordão de soldadura, observa-se que os valores de
variação de posição divergem unicamente 0.01mm.
0,01
0
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,05
C3H8 - 2.4X2.4mm
-0,06 HCi12 - 2.4X2.4mm
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
79
Simulação do processo de hidroformagem
0,01
0
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,05
C3H8 - 1.2X1.8mm
-0,06 HCi12 - 1.2X1.8mm
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (m m )
0,01
0
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,05
C3H8 - 1.2X2.4mm
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
80
Simulação do processo de hidroformagem
81
Simulação do processo de hidroformagem
0,02
0,01
0
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04 t=1.2mm
t=1.8mm
-0,05 t=2.4mm
t=1.2X1.8
-0,06 t=1.2X2.4
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
Pela análise da figura 5.21, verificamos que a variação de posição radial deslocou-se do
centro da peça, para uma zona posterior. Existem alguns factores que podem influenciar
este resultado, como sendo, o deslocamento do cordão de soldadura para uma região onde
a conformação, também sofre as influências do ângulo geométrico do molde, por este ser
bastante agudo.
82
Simulação do processo de hidroformagem
100
t=1.2mm
t=1.8mm
t=2.4mm
80
t=1.2X1.8
Variação de posição radial (%)
t=1.2X2.4
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
83
Simulação do processo de hidroformagem
-2.0
Deslocamento axial (mm), após retorno elástico
t=1.2mm
-2.5 t=1.8mm
t=2.4mm
t=1.2X1.8
-3.0 t=1.2X2.4
-3.5
-4.0
-4.5
-5.0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
0.065
0.056 0.057
Deslocamento axial (mm), após retorno elástico
0.035
0.025
0.015
0.005
t=1.2mm
-0.005 t=1.8mm
t=2.4mm
-0.015
t=1.2X1.8
-0.025 t=1.2X2.4
84
Simulação do processo de hidroformagem
0,01
0,00
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
t=1.2mm
-0,04 t=1.8mm
t=2.4mm
-0,05 t=1.2X1.8
t=1.2X2.4
-0,06
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
85
Simulação do processo de hidroformagem
100
t=1.2mm
t=1.8mm
t=2.4mm
80
Variação de posição radial (%)
t=1.2X1.8
t=1.2X2.4
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenda Y original (mm))
86
Simulação do processo de hidroformagem
-3,5
-4,0
-4,5
-5,0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
0.025
0.021
Deslocamento axial (mm), após retorno elástico
0.020
0.016
0.015
0.010
0.005
0.001 0.000
0.000
-0.001
-0.005
-0.010 t=1.2mm
t=1.8mm
-0.015 t=2.4mm
t=1.2X1.8
-0.020
t=1.2X2.4
-0.025
87
Simulação do processo de hidroformagem
deslocamento axial, após retorno elástico, os maiores valores estão nos modelos de
espessuras diferentes.
0.02
0.01
Variação de posição radial (mm)
-0.01
-0.02
-0.03
-0.04
-0.07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
0,02
0,01
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
88
Simulação do processo de hidroformagem
Assim como, na análise anterior, figura 5.29, também neste caso, 1.8x1.8mm, verificamos
tendências aproximadas das curvas de variação, mas valores de amplitudes diferentes.
0,02
0,01
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
Também nesta situação se apura a orientação apresentada atrás, contudo este modelo
revela maior rigidez, efeito provocado pela espessura. A maior amplitude verifica-se na
posição do cordão de soldadura, região com características mecânicas especiais.
0,02
0,01
Variação de posição radial (mm)
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
89
Simulação do processo de hidroformagem
0.02
0.01
Variação de posição radial (mm)
-0.01
-0.02
-0.03
-0.04
-0.07
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Coordenada Y original (mm)
90
Simulação do processo de hidroformagem
Relativamente ao efeito do retorno elástico, podemos verificar que, existe maior incidência
deste efeito, em modelos com maior espessura. Podemos concluir que, existe maior
retorno elástico em modelos com espessura mais elevada.
Verificou-se que em todos os modelos, as propriedades que foram caracterizadas para o
cordão de soldadura, influenciam os resultados para efeitos de processo.
Analisando a variação de posição do cordão de soldadura, podemos concluir que para esta
geometria, quando o cordão de soldadura está ao centro da peça, o retorno elástico é maior,
que no modelo onde o cordão de soldadura está descentrado.
Depois desta análise, podemos considerar que os elementos HCi12 apresentam-se como
uma alternativa credível, relativamente aos elementos sujeitos a comparação do software
comercial ABAQUS.
91
Simulação do processo de hidroformagem
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Technology, 2001.
92
Simulação do processo de hidroformagem
93
Simulação do processo de hidroformagem
O trabalho realizado teve por base o recurso, exclusivo, a elementos numéricos, permitindo
desenvolver as competências e aprofundar o conhecimento sobre o comportamento de
diferentes elementos finitos, nas mesmas condições de parâmetros do processo, para a
modelação e simulação do processo de hidroformagem, particularmente tubular. Possibilitou
também, uma análise comparativa com outros estudos numéricos e experimentais, já
publicados.
A fundamentação teórica apresentada ao longo do capítulo 3, no referente aos efeitos do
retorno elástico, fazendo variar a espessura da parede de material, comprovam-se na
apresentação de resultados do capítulo 5, tanto pela análise do ABAQUS com os
elementos C3D8, como pela análise dos resultados provenientes da usersubroutine com os
elementos HCi12.
Pela análise das soluções, podemos concluir que ambos os modelos de elementos finitos
em análise (C3D8 e HCi12) apresentam soluções bastante similares. Contudo, na parte
superior da peça, após o cordão de soldadura, aumenta a diferenciação de valores entre os
dois modelos de elementos. No referente aos efeitos do retorno elástico, verifica-se que as
zonas de maior descontinuidade estão presentes no centro da peça. Este fenómeno poderá
dever-se ao facto de ser, no centro da peça, o local onde o material sofre maiores
deformações. Uma razão, também, bastante influente é o efeito da rigidez provocada pelas
características do cordão de soldadura e pelos efeitos da geometria tubular.
94
Simulação do processo de hidroformagem
95