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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

LUCIANO TOMAS CERETTA

ESTUDO DE UM SISTEMA DE AUTOMAÇÃO –


MÁQUINA CONSTRUTORA DE TIJOLOS

Panambi
2014
LUCIANO TOMAS CERETTA

ESTUDO DE UM SISTEMA DE AUTOMAÇÃO –


MÁQUINA CONSTRUTORA DE TIJOLOS

Trabalho de conclusão de curso submetido à


Universidade Regional do Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como parte
dos requisitos para a obtenção do grau de
Engenheiro Mecânico.

Orientador: Cristiano Rafael Lopes

Panambi
2014
Para Chana, Helena e Júlio.
Para Nelson e Lúcia.
AGRADECIMENTOS

O primeiro agradecimento é destinado à minha esposa Chana, minha filha Helena e


meu filho Júlio pela longa caminhada que desempenhamos juntos.
Dedico também aos meus pais Nelson e Lúcia, pelo apoio e constante incentivo na
carreira acadêmica, por sempre estarem ao meu lado me apoiando ao longo da jornada,
sempre me dando forças para prosseguir.
Gostaria de agradecer também aos meus irmãos Ricardo, Sandro, Cristiano e Graciele,
às minhas cunhadas Cristiane, Taciana e Fabiana e ao meu cunhado Tiago que sempre me
apoiaram com a perseverança necessária aos desafios que surgiam. Também agradeço aos
meus sobrinhos Anderson, Rafael e Bruno.
Gostaria de agradecer também aos meus colegas e professores do curso de engenharia
mecânica, pela amizade e convivência compartilhada. Estas pessoas estiveram presentes no
decorrer do curso, sempre auxiliando no desenvolvimento das atividades curricular.
Resumo do trabalho de conclusão de curso apresentada à UNIJUI como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

ESTUDO DE UM SISTEMA DE AUTOMAÇÃO –


MÁQUINA CONSTRUTORA DE TIJOLOS

Luciano Tomas Ceretta

Novembro 2014

Orientador: Cristiano Rafael Lopes

RESUMO
A construção civil é um importante setor da economia brasileira e atualmente está em ampla
expansão. O tijolo ou bloco de concreto é um dos materiais essenciais na construção civil
sendo este um elemento constituinte de residências, prédios, entre outros. Com o intuito de
automatizar o processo de confecção dos tijolos e em consequência garantir a uniformidade
destes, propõe-se o projeto de uma máquina construtora de tijolos. Este trabalho irá abordar a
concepção, o projeto e a especificação do sistema de acionamento pneumático de uma
máquina construtora de tijolos. A máquina é composta por pistões, a estrutura mecânica, um
depósito de massa e uma prensa na qual a mistura de concreto é compactada nos moldes. O
sistema de automação proposto propiciará o acionamento dos atuadores pneumáticos para as
ações de inserção, compactação e movimentação da mistura de concreto, enquanto que a
movimentação da carga com os blocos resultante será através de uma esteira acionada via
motor elétrico. Portanto, com a implementação do sistema de automação concebido, a
máquina operará em modo automático e caberá ao operador somente a reposição, quando
necessário de concreto no respectivo depósito, assim como, a supervisão de toda a operação,
sendo esta uma característica distinta aos equipamentos comerciais similares averiguados.

Palavras-chaves: Automação pneumática, acionamento pneumático, blocos de concreto.


Abstract of Monograph presented to UNIJUI as a partial fulfillment of the requirements for
the degree in Mechanical Engineering.

STUDY OF A AUTOMATION SYSTEM – BUILDING


BLOCKS MACHINE

Luciano Tomas Ceretta

November 2014

Advisor: Cristiano Rafael Lopes

ABSTRACT
The civil construction sector is a very important segment of Brazilian economy and currently
in wide expansion. The building blocks are essential in civil construction which one can be
used in residential, buildings and others. In the aim to automate the process to make the
building blocks, also ensure uniformity of them, a building blocks machine design is
proposed. Hence, this work proposes the conception, design and specification of pneumatics
automation system of a building blocks machine. This machine is composed by pistons,
mechanical structure, concrete tank and a press in which the mixture is compacted in the
molds. The proposed automation system to drive the pneumatics pistons in actions like
insertion, compression and movement of the concrete mixture, while the load transportation,
with building blocks, will be done by a treadmill driven by electric motor. Therefore, with the
implementation of the proposed automation system, the machine will operate in automatic
mode and hence the operator just to review all process and insert concrete mixture in the tank,
when necessary. This automatic operating mode is a distinct characteristics assured by the
proposed automation system when compared with similar commercial machines.

Key-words: Pneumatics Automation, Pneumatics Drives, Building Blocks.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de um sistema comercial para produção de blocos de concreto. ............. 18
Figura 2 – Exemplo de um sistema para produção de blocos de concreto. .............................. 19
Figura 3 – Diagrama de blocos com classificação geral dos compressores. ............................ 29
Figura 4 – Atuador pneumático linear – construção básica...................................................... 32
Figura 5 – Atuador pneumático linear de simples efeito com retorno por mola. (a)
normalmente retraído com retorno por mola. (b) normalmente distendido com retorno por
mola. ......................................................................................................................................... 33
Figura 6 – Representação simbólica do atuador pneumático linear de simples efeito. (a)
normalmente retraído com retorno por mola. (b) normalmente distendido com retorno por
mola. ......................................................................................................................................... 34
Figura 7 – Atuador pneumático linear de duplo efeito. ............................................................ 34
Figura 8 – Representação simbólica do atuador pneumático linear de duplo efeito. ............... 35
Figura 9 – Atuador pneumático oscilante de (-180o a + 180o), centrado por mola. ................. 35
Figura 10 – Atuador linear de haste passante e a sua respectiva simbologia. .......................... 36
Figura 11 – Atuadores duplex com hastes iguais, assim como, com hastes com cursos
distintos..................................................................................................................................... 37
Figura 12 – Representação da proposta da máquina de confecção de tijolos........................... 41
Figura 13 – Fluxograma contendo a sequência de eventos de acionamento dos atuadores
pneumáticos. ............................................................................................................................. 42
Figura 14 – Circuito pneumático para acionamento dos atuadores. ......................................... 43
Figura 15 – Circuito elétrico de comando e acionamento dos solenóides referentes às válvulas
pneumáticas. ............................................................................................................................. 43
Figura 16 – Circuito elétrico para acionamento do motor e do sistema de controle. ............... 44
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Modelos de tijolos cerâmicos utilizados na construção civil.................................. 17


Tabela 2 – Modelos de blocos de concreto utilizados na construção civil. .............................. 17
Tabela 3 – Descrição de alguns modelos de máquinas de fabricação de tijolos da empresa
PECMAQ -- PECFORMAS. .................................................................................................... 20
Tabela 4 – Descrição de alguns modelos de máquinas de fabricação de tijolos da empresa
ECO MAQUINAS.................................................................................................................... 21
Tabela 5 – Características dos sistemas de acionamento. ........................................................ 24
Tabela 6 – Características de relações dos sistemas de acionamento....................................... 24
Tabela 7 – Propriedades positivas do ar comprimido (AC). .................................................... 27
Tabela 8 – Propriedades negativas do ar comprimido (AC). ................................................... 27
Tabela 9 – Fatores de correção da força no dimensionamento do atuador............................... 45
Tabela 10 – Diâmetros do atuador 1......................................................................................... 46
Tabela 11 – Diâmetros do atuador 2......................................................................................... 46
Tabela 12 – Diâmetros do atuador 3......................................................................................... 47
Tabela 13 – Consumo de ar dos atuadores individualmente. ................................................... 48
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 16

1.1 Introdução .................................................................................................................. 16

1.2 Tipos de blocos e tijolos ............................................................................................ 16

1.3 Processos de fabricação de tijolos.............................................................................. 18

1.4 Revisão de máquinas comerciais de confecção de tijolos ......................................... 19

1.5 Sistemas automatizados ............................................................................................. 22

1.5.1 Acionamento Elétrico ................................................................................................ 23

1.5.2 Acionamento Hidráulico ............................................................................................ 23

1.5.3 Acionamento Pneumático .......................................................................................... 24

1.6 Síntese ........................................................................................................................ 24

2 SISTEMAS DE ACIONAMENTO PNEUMÁTICO ....................................................... 26

2.1 Introdução .................................................................................................................. 26

2.2 Sistemas de acionamento pneumático ....................................................................... 26

2.3 Compressor ................................................................................................................ 28

2.4 Atuadores pneumáticos .............................................................................................. 31

2.4.1 Atuadores pneumáticos lineares ................................................................................ 31

2.4.1.1 Atuadores Pneumáticos Lineares de simples efeito .................................... 33

2.4.1.2 Atuadores Pneumáticos Lineares de duplo efeito ....................................... 34

2.4.2 Atuadores pneumáticos rotativos ............................................................................... 35

2.4.3 Atuadores pneumáticos lineares de duplo efeito especiais ........................................ 36

2.4.3.1 Atuador linear de haste passante ................................................................. 36

2.4.3.2 Atuador linear duplex contínuo ................................................................... 37

2.4.3.3 Atuador duplex geminado ........................................................................... 37

2.4.3.4 Atuador de alto impacto .............................................................................. 37

2.5 Válvulas pneumáticas ................................................................................................ 38


2.5.1 Válvulas de controle direcional ................................................................................. 38

2.5.2 Válvulas de bloqueio ................................................................................................. 39

2.5.3 Válvulas de pressão ................................................................................................... 39

2.5.4 Válvulas de fluxo ....................................................................................................... 40

2.6 Síntese ........................................................................................................................ 40

3 PROJETO DO SISTEMA DE ACIONAMENTO PNEUMÁTICO ................................ 41

3.1 Introdução .................................................................................................................. 41

3.2 Sistema funcional da máquina de confecção de tijolos ............................................. 41

3.2.1 Acionamento do motor elétrico ................................................................................. 44

3.3 Dimensionamento dos atuadores pneumáticos .......................................................... 45

3.3.1 O atuador 1................................................................................................................. 46

3.3.2 O atuador 2................................................................................................................. 46

3.3.3 O atuador 3................................................................................................................. 46

3.4 Dimensionamento da linha de alimentação pneumática ............................................ 47

3.5 Síntese ........................................................................................................................ 48

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 50


13

INTRODUÇÃO

Um dos setores mais relevantes da economia brasileira é a construção civil, que


atualmente está passando por uma fase de grande crescimento no país, e por consequência,
intensificando a demanda por atividades neste setor.
O mercado da construção civil está diante de um problema: os atrasos na entrega de
empreendimentos imobiliários. As construtoras justificam que os principais motivos pelos
atrasos na conclusão das obras são: a falta de materiais e de equipamentos, além de escassez
de mão de obra especializada.
O custo nacional da construção por metro quadrado é de R$ 877,19 em abril de 2014,
sendo R$ 487,48 relativos aos materiais e R$ 389,71 à mão de obra (IBGE, 2014). Neste
sentido, pode-se destacar que 55,57% dos custos são destinados aos materiais necessários para
a construção. Na região Sul o preço é ainda mais elevado, chegando a R$ 886,85 por metro
quadrado.
No Brasil, a alvenaria se destaca como o procedimento construtivo mais empregado
para a elaboração de edificações. Neste contexto, um dos materiais essenciais na construção
civil é o tijolo, sendo este um elemento constituinte de residências, prédios, entre outros. Com
o intuito de automatizar o processo de confecção dos tijolos e em consequência garantir a
uniformidade destes, propõe-se o projeto de uma máquina construtora de tijolos. Esta
máquina deve atender a demanda de blocos ou tijolos a serem empregados na construção de
uma residência.
Constata-se que há uma série de produtos que realizam a tarefa de confeccionar tijolos
ou blocos de concreto, contudo geralmente, estas empregam o sistema de prensa manual, ou
então, possuem sistemas automatizados, mas, no entanto, a capacidade de produção é
incompatível com a demanda almejada, e não obstante, o custo de aquisição destes
equipamentos é muito elevado.
Em função disso, almeja-se averiguar a arquitetura e composição estrutural de uma
máquina de construção de tijolos que disponha de sistemas manuais de prensagem e
compactação. Uma vez que estes equipamentos possuem os menores preços de aquisição,
almeja-se averiguar a inserção de um sistema automatizado neste equipamento, e, portanto,
este passará a agregar uma capacidade de produção superior do que sua composição original.
Dessa forma, o sistema de confecção de tijolos que agregará automatismos em sua arquitetura
deverá possuir capacidade de produção compatível ao atendimento da demanda de construção
de uma residência de alvenaria.
14
Este trabalho irá abordar a concepção, o projeto e a especificação do sistema de
acionamento de uma máquina construtora de tijolos. A máquina é composta por pistões, a
estrutura mecânica, um depósito de massa e uma prensa na qual a mistura de concreto é
compactada nos moldes. O sistema de acionamento por pistões viabiliza a inserção,
compactação e movimentação da mistura de concreto, assim como, dos blocos de concretos
resultantes.
Destaca-se que sistemas automatizados, inicialmente, possuem custos elevados em
função da aquisição dos automatismos e, portanto, considerando essa premissa, o projeto e
seleção dos dispositivos visará a concepção de um sistema economicamente viável de
implementação. Será também considerada a robustez, para que ocorra a minimização dos
custos de manutenção. Outra característica importante é que a máquina seja de simples
manuseio, bem como, agregar ergonomia para o operador.
Os principais critérios almejados dos tijolos, resultantes da máquina proposta, são a
uniformidade do produto no que se refere à qualidade de produção e o baixo custo de
fabricação.
Desta forma, com o intuito de agregar facilidade ao manuseio, assim como, segurança
e ergonomia ao operador as concepções propostas para a máquina de tijolos irão agregar
sistemas automatizados. Aliado aos conceitos de segurança e ergonomia, propiciados por
estes sistemas, almeja-se também que a máquina de confecção de tijolos apresente um custo
reduzido de fabricação e manutenção, empregando para isso, equipamentos já disponíveis.
Na composição estrutural deste trabalho, inicia-se com a introdução geral deste
abrangendo os segmentos de contextualização, motivação e objetivos gerais.
No capítulo 1 é realizada uma revisão bibliográfica acerca dos tipos de sistemas que
podem ser empregados em uma máquina construtora de tijolos, averiguando equipamentos
comerciais que realizam a produção de blocos ou tijolos de concreto. Com a análise destes
equipamentos, identificam-se características preeminentes destes, as quais se almejam inserir
na máquina de confecção de tijolos averiguada neste trabalho. Aliado a isso, analisa-se os
principais tipos de acionamentos para sistemas automatizados e seleciona-se o mais viável
para o objetivo do trabalho.
O capítulo 2 apresenta uma revisão acerca dos sistemas de acionamento pneumático,
averiguando a sua composição, assim como, as suas características preeminentes, e com base
nisso identificando dispositivos potencialmente aplicáveis na máquina de confecção de tijolos.
O projeto do sistema de automação pneumática da máquina de confecção de tijolos é
apresentando no capítulo 3. Assim, dimensionam-se os atuadores e selecionam-se os
15
dispositivos comerciais para a execução do acionamento dos mecanismos. Ressalta-se ainda,
que neste capítulo é concebido o sistema de acionamento e controle elétrico/pneumático dos
automatismos.
As considerações finais são descritas na conclusão geral, assim como as sugestões de
trabalhos futuros.
16
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 Introdução
Como afirmando anteriormente, os tijolos apresentam diversas arquiteturas, as quais
apresentam peculiaridades pertinentes ao objetivo almejado. Neste sentido, destacam-se
características de robustez, densidade, peso, volume, custo e impactos ambientais como
fatores preponderantes no processo de dimensionamento e seleção dos tijolos. Este capítulo
visa descrever uma revisão bibliográfica acerca dos tipos de tijolos, assim como, dos métodos
de fabricação destes, e neste sentido, averiguar e propor um sistema automatizado que realize
a construção destes blocos de alvenaria.

1.2 Tipos de blocos e tijolos


Em essência, os tijolos ou blocos construtivos podem ser classificados segundo a
matéria prima constituinte, destacam-se:

¾ Blocos cerâmicos;
¾ Blocos de solo cimento.
¾ Blocos de concreto;

A matéria prima dos blocos cerâmicos, a argila, é utilizada na fabricação de uma série
de produtos cerâmicos por apresentar boa plasticidade e resistência mecânica após queima
para uma série de aplicações e, além disso, é disponível em grandes quantidades no território
brasileiro. Os tijolos cerâmicos são largamente empregados na construção civil, com distintas
especificações acerca da resistência à compressão, conforme NBR 6461 “Bloco Cerâmico
para Alvenaria – Verificação da Resistência à Compressão”.
No caso dos tijolos de solo cimento, estes são fabricados de uma mistura homogênea
entre solo e cimento. Esta mistura resulta num material fofo, que após processo de
compactação e cura, enrijece, adquire impermeabilização e estabiliza-se formando um
produto de massa específica superior a dos componentes dos solos puros, que lhe confere alta
resistência. Entretanto, como a terra não é padronizada, existem limitações ao uso de
determinados solos. Destaca-se que o tijolo de solo cimento é utilizado em construções
populares, o mesmo apresenta baixo custo, baixo impacto ambiental e aproveitamento
adequado de matéria prima, sendo uma interessante alternativa de material construtivo
(MAGALHÃES, 2010).
O bloco de concreto é a unidade mais utilizada no Brasil uma vez que o processo de
fabricação é muito simples e resultando em um produto final de excelente qualidade. Estes
17
elementos são confeccionados em diversas geometrias e resistências à compressão (NETO,
2006). Destaca-se, que este tipo de bloco construtivo também é alvo de intensa pesquisa
acadêmica, nas quais, em sua concepção, se alia o concreto com outros materiais, como por
exemplo, resíduos de borracha de pneus (FIORITI, et al., 2007), retalhos de garrafa PET, etc.
No Brasil, a alvenaria constitui como o procedimento construtivo mais empregado
para a elaboração de edificações. Em uso residencial, geralmente, os blocos cerâmicos são
utilizados, enquanto que na alvenaria autoportante (estrutural) opta-se pelo emprego de blocos
de concretos. A Tabela 1 ilustra alguns modelos de tijolos cerâmicos que são, usualmente,
empregados na construção civil, enquanto que alguns modelos de blocos de concreto são
apresentados na Tabela 2.
Tabela 1 – Modelos de tijolos cerâmicos utilizados na construção civil.

TIJOLO TIJOLO
MEIO TIJOLO PISOS
MODULAR LISO MODULAR

TIJOLO PASTILHAS
TIJOLO TIJOLO
MODULAR PARA
CONVENCIONAL CANALETA
MACIÇO REVESTIMENTO

Fonte: Grupo Aguilar. Disponível em: <http://www.sahara.com.br>.

Tabela 2 – Modelos de blocos de concreto utilizados na construção civil.

BLOCO 1
2 BLOCO CANALETA 1
2 CANALETA PILARES

Fonte: Grupo Aguilar. Disponível em: <http://www.sahara.com.br>.


18
Em síntese, os blocos de concreto possuem resistência superior, se comparado aos
blocos cerâmicos, e na maioria das vezes possuem função estrutural, ou seja, eliminam vigas e
pilares da obra. Estes tipos de blocos são resistentes ao fogo, leves e duráveis, além disso,
também possuem bom isolamento termoacústico. Destaca-se que os mesmos possuem maior
produtividade e economia, sendo estes requisitos importantes para a construção civil.

1.3 Processos de fabricação de tijolos


Os tijolos ou blocos construtivos de concreto apresentam um procedimento de
fabricação muito simples, sendo esta uma característica desejável no âmbito do objetivo
global deste trabalho. Em síntese, a mistura contendo o concreto é transportada e injetada nos
moldes com a geometria almejada, e na sequência ocorre a compactação da mistura nestes
recipientes. Com o encerramento desta etapa, o conjunto de tijolos é removido e
disponibilizado para o processo de cura, enquanto que se reinicia todo o processo com a
inserção de outro conjunto de moldes que serão preenchidos pela mistura de concreto.
Na Figura 1 ilustra-se um sistema que realiza a confecção de blocos de concreto,
produto este comercializado pela empresa PECMAQ – PECFORMAS Ind. Com LTDA. Esta
solução apresenta capacidade de produção de até 3600 tijolos/dia de 12 cm, com acionamento
pneumático para a prensa e também para o vibrador de concreto. Esta quantidade de produção
é interessante e pertinente para atendimento da demanda de construção de uma residência.

Figura 1 – Exemplo de um sistema comercial para produção de blocos de concreto.

Fonte: (PECMAQ, 2014)


19
Outro sistema de produção de blocos de concreto é ilustrado na Figura 2, a qual consta
em (FIORITI, et al., 2007). Neste caso, as especificações deste não foram disponibilizadas,
contudo observa-se que o princípio de funcionamento é similar ao descrito anteriormente.
Neste caso, a mistura de concreto é realizada externamente e esta matéria prima é
transportada, via esteira, até a unidade de armazenamento da mistura (silo de concreto). Com
a injeção e prensa da mistura nos moldes dos blocos, têm-se os blocos ou tijolos de concreto
que são encaminhados ao processo de cura.

Figura 2 – Exemplo de um sistema para produção de blocos de concreto.

Fonte: (FIORITI, et al., 2007).

1.4 Revisão de máquinas comerciais de confecção de tijolos


A empresa paulista PECMAQ – PECFORMAS Ind. Com LTDA possui uma linha de
produtos para fabricação de blocos de concreto (PECMAQ, 2014). No âmbito desta empresa
destacam-se máquinas com distintas capacidades de operação e sistemas de acionamento para
a fabricação dos tijolos. Neste contexto destacam-se as máquinas vibro-prensas com
acionamento hidráulico, assim como prensas com acionamento pneumático. Evidentemente
que o sistema de acionamento, ou seja, a presença de um sistema automatizado nestas
máquinas influencia diretamente na autonomia e capacidade de operação destas, assim como
no custo de aquisição.
20
Tabela 3 – Descrição de alguns modelos de máquinas de fabricação de tijolos da
empresa PECMAQ -- PECFORMAS.
TIPOS DE PRODUÇÃO
MODELO DESCRIÇÃO
TIJOLOS DIÁRIA
Máquina pneumática 9 Blocos de 9 Bloco de 9 –
acionada por controles concreto; 4800 tijolos/dia
pneumáticos 9 1/2 blocos; 9 Bloco de 14 –
individuais. Possui 9 Canaleta; 3600 tijolos/dia
sistema de vibração 9 1/2 canaleta 9 Bloco de 19 –
duplo por transmissão 2400 tijolos/dia
direta dos vibradores

Vibro-prensa
Pneumática

Máquina para blocos 9 Blocos de 9 Bloco de 9 –


pneumática. Acionada concreto; 7200 tijolos/dia
por controles 9 1/2 blocos; 9 Bloco de 14 –
pneumáticos 9 Canaleta; 4600 tijolos/dia
individuais. Possui 9 1/2 canaleta 9 Bloco de 19 –
sistema de vibração 3600 tijolos/dia
duplo por transmissão
direta dos vibradores.

Vibro-prensa
Pneumática

Máquina industrial 9 Blocos de 9 Bloco de 9 –


semi-automática. concreto; 3400 tijolos/dia
Para fabricação de 9 1/2 blocos; 9 Bloco de 14 –
blocos de concreto de 9 Canaleta; 2550 tijolos/dia
alta frequência de 9 1/2 canaleta 9 Bloco de 19 –
vibração acionada por 1700 tijolos/dia
motor trifásico ou
monofásico de 2 cv de
Semi-Automática alta rotação.

Vibro-prensa com 9 Blocos de 9 Bloco de 9 –


acionamento concreto; 7200 tijolos/dia
hidráulico com 9 1/2 blocos; 9 Bloco de 14 –
cilindros individuais. 9 Canaleta; 4600 tijolos/dia
Motores dos 9 1/2 canaleta 9 Bloco de 19 –
vibradores com 3600 tijolos/dia
sistema de
Vibro-prensa acionamento por
Hidráulica pedal. Possui sistema
de vibração duplo.
21
A empresa ECO MAQUINAS, localizada em Campo Grande – MS, por sua vez,
trabalha com máquinas para construção de blocos de concreto com acionamento hidráulico.
Neste caso, a linha de produtos abrange o segmento de pequenas unidades, uma vez que a
produção máxima é na ordem de 4000 tijolos/dia.
Tabela 4 – Descrição de alguns modelos de máquinas de fabricação de tijolos da
empresa ECO MAQUINAS.
TIPOS DE PRODUÇÃO
MODELO DESCRIÇÃO
TIJOLOS DIÁRIA
Acionamento por 9 Intermediário 9 Até 4000
comando hidráulico 9 1/2 tijolo; tijolos/dia.
realizado através de duas 9 Canaleta;
alavancas, sendo uma 9 Tijolo de
concebida para uma coluna.
operação de carregamento
hidráulico da caixa molde
e a outra para prensagem e
saque dos blocos ao nível
Eco Master 7000 das mãos para serem
Turbo II retirados.
Possui carregamento 9 Intermediário 9 Até 3500
hidráulico que possibilita 9 1/2 tijolo; tijolos/dia.
através da alavanca 9 Canaleta;
carregar o composto na 9 Tijolo de
caixa molde. Possui coluna.
matriz aquecida para
atender aspectos físicos
dos tijolos em regiões com
clima muito úmido.

Eco Premium 2600 e


2700 CH MA
Carregamento manual do 9 Blocos de 9 Até 1600
composto na caixa molde concreto tijolos/dia.
sobre guias inferiores em intermediário;
aço, fechamento e 9 Canaleta.
abertura do suporte
superior modelador
através do braço
articulando
automaticamente. Por uma
alavanca do comando
hidráulico faz-se a
prensagem hidráulica e na
Eco Brava mesma alavanca extrai-se
o tijolo da caixa molde
para a sua retirada.
22
A empresa ATLANTICA MAQ, apresenta uma extensa gama de produtos destinados
à fabricação de blocos de concreto e tijolos. Neste segmento, destacam-se produtos com
acionamento pneumático, hidráulico, elétrico, gasolina, assim como sistema de prensagem
manual (via alavanca).
Com base na linha de produtos averiguados, observa-se que a estrutura de uma
máquina de fabricação de blocos de concreto ou tijolos, emprega, essencialmente, um
reservatório com a mistura do concreto, uma plataforma com os moldes e uma prensa para
compactação do concreto. A presença de atuadores nestes equipamentos viabiliza o aumento
da capacidade de produção, uniformidade nos produtos e ergonomia ao operador.

1.5 Sistemas automatizados


A proposta do presente trabalho é que a máquina construtora de tijolos utilize em sua
concepção sistemas automatizados. Desta forma, almejam-se maiores índices de
produtividade, assim como, uniformidade dos blocos de concreto e não obstante viabilizar
ergonomia ao operador deste sistema.
Atualmente, o investimento em automação é uma das alternativas mais procuradas por
se tratar de um processo que leva à redução de perdas, à busca do custo baixo, menor tempo
de produção e alta qualidade. A automação industrial não serve apenas para empresas de
grande porte, pelo contrário, esse processo é importante para todas as empresas, pois a
automação garante diversas vantagens (RIBEIRO, 2001).
O conceito de automação inclui a idéia de usar a potência elétrica ou mecânica para
acionar algum tipo de máquina. Deve acrescentar à máquina algum tipo de inteligência para
que ela execute sua tarefa de modo mais eficiente e com vantagens econômicas e de
segurança (RIBEIRO, 2001).
A introdução das primeiras formas de automação deu-se nas indústrias de processo,
por meio do desenvolvimento de equipamentos de controle e de medição elétrica e
pneumática.
A automatização de um equipamento está ligada à realização de movimentos
automáticos, repetitivos e mecânicos. Com a automatização é possível aumentar a
produtividade, assim como, diminuir os custos de fabricação.
Destaca-se que um sistema de automação, geralmente, é constituído de três tipos de
elementos:

¾ Sensores
¾ Controladores (comando e regulação)
23
¾ Atuadores (acionamento)

A implementação de motores ou sensores elétricos é utilizada em várias aplicações na


indústria, porém a energia hidráulica e pneumática em algumas situações apresenta baixo
custo associado a uma melhor solução do problema.
Para os sistemas automatizados há uma série de tipos de sistemas de acionamento. No
presente trabalho serão destacados os seguintes tipos:

¾ Acionamento Elétrico;
¾ Acionamento Hidráulico;
¾ Acionamento Pneumático.

1.5.1 Acionamento Elétrico


O emprego de sensores e motores elétricos abrange uma extensa gama de aplicações
de sistemas automatizados. Contudo existem situações em que somente a energia hidráulica e
pneumática oferecem uma solução eficiente e de baixo custo. Alem disso, em determinadas
aplicações não é permitido a utilização de sistemas de acionamento elétrico, uma vez que
pode ocorrer a produção de faíscas elétricas, e, portanto, não sendo interessante o emprego de
motores elétricos.
Ressalta-se também, que o controle de velocidade e posição é mais complexo nos
motores elétricos de corrente alternada e para este fim empregam conversores estáticos de
potência (inversor de frequência), aos quais apresentam custo elevado de aquisição e
manutenção.

1.5.2 Acionamento Hidráulico


Para o sistema de acionamento hidráulico, destaca-se que estes podem ser empregados
quando as cargas são da ordem de até centenas de toneladas, como por exemplo, em tratores,
guindastes, ou em situações de alta precisão de posicionamento como, por exemplo, máquinas
de usinagem de precisão.
Uma das principais vantagens do emprego de sistemas de acionamento hidráulicos
consiste na facilidade de controle de velocidade e inversão do movimento, praticamente
instantâneo. Além disso, estes sistemas são auto lubrificados e compactos quando comparados
aos demais sistemas de acionamento. Com relação as desvantagens do acionamento
hidráulico, ressalta-se o baixo rendimento em função de que aproximadamente 40% são
perdas devido ao vazamento interno nos componentes.
24
1.5.3 Acionamento Pneumático
Os sistemas de acionamento pneumáticos, por sua vez, são utilizados quando se almeja
acionar cargas de até uma tonelada e com elevada rotação, como por exemplo, em fresadoras
pneumáticas ou sistemas de brocas odontológicas. Ressalta-se que este é o sistema de
acionamento de menor custo do que comparativamente aos sistemas elétricos ou hidráulicos
(RIBEIRO, 2001).
A Tabela 5 e a Tabela 6 apresentam uma análise comparativa dos sistemas de
acionamentos elétrico, hidráulico e pneumático (RIBEIRO, 2001). Em função de que os
atuadores da máquina de tijolos viabilizaram somente a prensagem e movimentação dos
moldes, não serão necessários elevados índices de precisão de posição e velocidade dos
atuadores, assim como, não se demanda elevada capacidade de carga. Com base nestas
informações, e averiguando as informações da Tabela 5 e Tabela 6, conclui-se que o sistema
pneumático é preeminente aos demais com base nos requisitos e especificações demandados
pela máquina de tijolos proposta neste trabalho. Evidentemente que em hipóteses nas quais as
especificações sejam distintas as aqui propostas, outras soluções podem ser mais interessantes
acerca do sistema de acionamento.
Tabela 5 – Características dos sistemas de acionamento.

Capacidade de Rigidez Tamanho Qualidade de


Tipo Inércia
carga (sem transmissão) (peso-volume) Movimento
Elétrico Pequena/Média Baixa Alta Alto Alto
Pneumático Média Baixa Baixa Médio Baixo
Hidráulico Alta Alta Baixa Baixo Médio

Tabela 6 – Características de relações dos sistemas de acionamento.

Características
Tipos Relação Relação Relação
carga/peso rigidez/peso inércia/carga
Baixa Baixíssima
Elétrico Alta
(sem transmissão) (sem transmissão)
Pneumático Alta Média Baixa
Hidráulico Altíssima Altíssima Baixíssima

1.6 Síntese
Este capítulo descreveu a revisão bibliográfica de equipamentos comerciais para
fabricação de tijolos e blocos de concreto. Neste sentido, ponderou-se as principais
características destes equipamentos no intuito de que estas informações auxiliassem na
concepção da máquina de tijolos que se almeja automatizar.
25
Ressalta-se também a descrição de uma revisão bibliográfica de conceitos
fundamentais de sistemas automatizados, sendo enaltecidas as principais características de
acionamento elétrico, hidráulico e pneumático. Em função das características dos sistemas de
acionamento pneumáticos em comparação aos demais, optou-se por este sistema para realizar
as atividades de movimentação de carga e prensagem dos blocos ou tijolos de concreto.
26
2 SISTEMAS DE ACIONAMENTO PNEUMÁTICO

2.1 Introdução
Este capítulo descreve uma revisão de sistemas de acionamento pneumáticos visando
averiguar as características destes, investigar e identificar os dispositivos pneumáticos
potencialmente aplicáveis para a máquina de confecção de tijolos.

2.2 Sistemas de acionamento pneumático


Em sistemas de acionamento pneumáticos é realizada a aplicação de ar comprimido
(AC), tanto para ações de acionamento quanto para o comando. Ressalta-se que além de ar
comprimido, também podem ser utilizados gases semelhantes, como por exemplo, o
Nitrogênio.
A pneumática passou a ser aplicada no século XX na automação industrial, ela estuda
a aplicação do ar comprimido. Assim, com a utilização do ar comprimido haverá a atuação de
dispositivos que irão gerar movimentos alternativos, movimentos de vai-e-vem, rotativos e
combinados. Um exemplo típico de aplicação de sistemas pneumáticos é no caso da abertura
de uma porta de ônibus, o mecanismo utilizado depende exclusivamente do operador, ou seja,
o operador, neste caso o motorista, aciona um botão para abrir ou fechar a porta. O botão de
acionamento é o mesmo para abrir ou fechar a porta e o movimento é invertido cada vez que o
botão é acionado, outra característica que apresenta este sistema é o ruído de escape de ar que
a porta libera cada vez que entra em funcionamento.
Os sistemas de acionamento pneumáticos são empregados em equipamentos que
necessitam de atuadores para pequenas cargas (até uma tonelada), onde se almeja movimentos
de início e fim e também no caso de altas rotações. Atualmente, existem várias aplicações
com base na pneumática, como por exemplo:

¾ Prensas pneumáticas;
¾ Dispositivos de fixação de peças em máquinas ferramenta e esteiras;
¾ Acionamento de portas de ônibus e de trens;
¾ Sistemas automatizados para alimentação de peças;
¾ Robôs industriais para aplicações que não exijam posicionamento preciso;
¾ Freios de caminhão;
¾ Parafusadeiras e lixadeiras;

Por suas propriedades, a aplicação do ar comprimido, difunde-se como elemento de


energia e de trabalho. Para a compreensão das principais características dos sistemas
27
pneumáticos tem-se a descrição de algumas propriedades positivas do ar comprimido, as quais
estão expostas na Tabela 7, (FIALHO, 2008). Por outro lado, o emprego do ar comprido
apresenta algumas limitações quanto à sua utilização. Um resumo das características
negativas do emprego do ar comprimido está enaltecido na Tabela 8.

Tabela 7 – Propriedades positivas do ar comprimido (AC).


Propriedade Descrição
O ar, para ser comprimido, é encontrado em quantidades ilimitadas,
Quantidade
praticamente em todos os lugares.
O AC é facilmente transportável por tubulações, mesmo para distâncias
Transporte
grandes. Não há necessidade de preocupação com o retorno de ar.
O AC pode ser armazenado em reservatórios para utilização posterior ou em
Armazenamento
emergências, quando os compressores se encontram desligados.
O trabalho realizado com AC é insensível às oscilações da temperatura. Isso
Temperatura
garante também, em situações térmicas extremas, um funcionamento seguro.
Não existe o perigo de explosão ou incêndio. Portanto, é seguro contra
Segurança
explosão e eletrocussão, sendo indicado para aplicações especiais.
O AC é limpo. O ar, que eventualmente escapa das tubulações e outros
Limpeza elementos inadequadamente vedados, não polui o ambiente. Esta é uma
exigência nas indústrias alimentícias, têxteis, química, eletrônicas.
Construção de Os elementos de trabalho são de construção simples e podem ser obtidos a
elementos custos vantajosos.
O AC é um meio de trabalho rápido, que permite alcançar altas velocidades
Velocidade
de trabalho.
As velocidades e forças de trabalho dos elementos a AC são reguláveis, sem
Regulagem escala. Para isso são exigidos elementos especiais denominados reguladoras
de pressão e fluxo.
Seguro contra Elementos e ferramentas a AC são carregáveis até a parada total e, portanto,
sobrecargas seguros contra sobrecargas.

Tabela 8 – Propriedades negativas do ar comprimido (AC).


Propriedade Descrição
O ar comprimido requer uma boa preparação. Impureza e umidade devem
Preparação ser evitadas, pois provocam desgastes nos elementos pneumáticos,
oxidação nas tubulações e projeção de óxidos.
Não é possível manter uniforme e constante as velocidades dos pistões
Compressibilidade mediante ar comprimido. Quando é exigível, recorre-se a dispositivos
especiais.
O ar comprimido é econômico somente até determinada força, limitado
Forças pela pressão normal de trabalho de 700 kPa (7 bar), e pelo curso e
velocidade (o limite está fixado entre 2000 e 3000 N (2000 a 3000 kPa)).
O escape de ar é ruidoso. Mas, com o desenvolvimento de silenciadores,
Escape de ar
esse problema pode ser atenuado ou mitigado.
O ar comprimido é uma fonte de energia relativamente cara. Porém, o alto
Custos custo de energia é compensado pelo custo baixo da instalação e pela
rentabilidade do ciclo de trabalho.

São necessários diversos elementos mecânicos para transformar a energia do ar


comprimido em trabalho, e para esta função empregam-se os atuadores pneumáticos. Não
28
obstante aos atuadores pneumáticos, destacam-se também outros dispositivos presentes em
um circuito pneumático, como por exemplo, o compressor, assim como, as válvulas
pneumáticas. Neste momento serão apresentados os principais elementos constituintes de um
circuito pneumático.

2.3 Compressor
Os compressores são máquinas destinadas a elevar a pressão de um determinado
volume de ar, admitido nas condições atmosféricas, até uma pressão exigida para a execução
de trabalho com o ar comprimido. Segundo (FIALHO, 2008), a classificação destes
equipamentos segue o seu princípio de funcionamento, sendo, portanto, classificados em:

¾ Compressores volumétricos ou de deslocamento positivo;


¾ Compressores dinâmicos ou turbocompressores.

Nos compressores volumétricos ou de deslocamento positivo a pressão elevada é


obtida com a redução do volume ocupado pelo gás. Na operação destas máquinas podem ser
identificadas diversas fases, que constituem o ciclo de funcionamento. Em síntese,
inicialmente certa quantidade de gás é admitida no interior de uma câmara de compressão,
que então é cerrada e sofre a redução do volume. Finalmente, esta câmara é aberta e o gás
então é liberado para o consumo. Portanto, este trata-se de um processo intermitente, no qual
a compressão é efetuada em sistema fechado, ou seja, sem contato com a sucção ou descarga.
No caso dos compressores dinâmicos ou turbocompressores, estes possuem dois
órgãos principais: impelidor e difusor. O impelidor é um dispositivo rotativo munido de pás
que transfere ao gás a energia recebida de um acionador. Essa transferência de energia se faz
em parte na forma cinética e em outra parte na forma de entalpia. Na sequência, o escoamento
estabelecido no impelidor é recebido por um órgão fixo denominado difusor, cuja função é
promover a transformação da energia cinética do gás em entalpia, com consequente ganho de
pressão. Este tipo de compressor efetua a compressão de maneira contínua, portanto
corresponde exatamente ao que se denomina, em termodinâmica, um volume de controle.
Os compressores de maior uso na indústria são os alternativos, de palhetas, de
parafusos, de lóbulos, centrífugos e axiais. Um diagrama de blocos, ilustrado na Figura 3,
demonstra as espécies de compressores e como estes são classificados, com base nos
conceitos supracitados.
29
Figura 3 – Diagrama de blocos com classificação geral dos compressores.

No processo de seleção e escolha de um compressor algumas características


importantes devem ser atendidas. Neste caso, deve-se considerar uma série de critérios, como
por exemplo:

¾ Volume de ar fornecido: É a quantidade total em m3 de ar que pode ser


disponibilizada pelo compressor quando em atividade máxima. Este conceito pode ser
classificado em:
o Volume teórico: Resultante de equacionamento matemático englobando
variáveis como dimensões volumétricas e número de rotações do compressor.
o Volume efetivo: Dado que efetivamente define o volume do compressor para
acionamento dos diversos automatismos pneumáticos. O seu valor é em função
da eficiência volumétrica do compressor.
¾ Pressão: Esta é uma característica crucial, pois define a força do Ar Comprimido
aplicada aos atuadores. Esta especificação é subdividida em:
o Pressão de regime: É a pressão efetiva fornecida pelo compressor e que será
disponibilizada para todos os pontos de utilização que pertencem à linha de
alimentação. Em síntese, significa a pressão interna do compressor, contudo
está não disponibilizada diretamente aos automatismos devido à flutuações.
o Pressão de trabalho: É a pressão necessária ao acionamento dos diversos
automatismos e por consequência é menor do que a pressão de regime. Essa
redução é possibilitada com a utilização de uma válvula redutora de pressão. O
valor usual adotado é de 6 kgf/cm2, enquanto que a pressão de regime é na
faixa de 7 a 8 kgf/cm2.
¾ Acionamento: O acionamento pode ser realizado por um motor elétrico ou a explosão
(gasolina ou diesel). Geralmente, a escolha do tipo é dada em função do ambiente,
assim como da disponibilidade do combustível ou energia.
o Motor elétrico: O acionamento elétrico é o mais empregado em ambientes
industriais, com potências nominais da faixa de 0,5 cv até 750 cv.
30
o Motor a explosão: O acionamento com motor a explosão é empregado
somente em regiões não abastecidas por rede elétrica, ou mesmo, por situações
econômicas de racionamento no fornecimento de energia elétrica. Com relação
a potência nominal, neste caso, também há uma ampla faixa de excursão desde
pequenos motores á gasolina até motores diesel de elevada potência.
¾ Sistema de regulagem: Em função de que a utilização de todos os automatismos não
ocorre simultaneamente dentro de uma linha de alimentação é necessário combinar o
volume fornecido pelo compresso com a real demanda. Assim, conforme o modelo do
compressor, diferentes formas de regulagem operam entre valores preestabelecidos, ou
seja, regulam a pressão do sistema entre limiares máximos e mínimos. Neste sentido,
destacam-se os sistemas de regulagem frequentemente empregados.
o Regulagem por descarga: Neste tipo de regulação, durante o funcionamento
do compressor, é atingida a pressão máxima preestabelecida, por exemplo, 9
kgf/cm2, uma válvula reguladora de pressão do tipo alívio é acionada,
descarregando para a atmosfera o ar comprimido produzido. Somente quando a
pressão da rede cair ao valor mínimo admissível, 6 kgf/cm2, é que a válvula é
totalmente fechada, permitindo o restabelecimento da pressão normal.
o Regulagem por fechamento: Este tipo de regulação é similar ao anterior,
porém no lugar da válvula reguladora de pressão, é utilizada uma válvula de
1/2 (uma via e duas posições com retorno por mola). A mola é ajustada para
que permita a comutação da válvula somente quando for atingido o limiar de
pressão máxima (pressão de fechamento). Deste modo, a alimentação do
compressor é interrompida, e assim permanece, até que a pressão do
compressor atinja o limiar mínimo admissível, e, portanto a mola comuta a
válvula abrindo-a. O aspecto positivo deste sistema em comparação ao anterior
é o maior rendimento.
o Regulagem por garras: Neste tipo de sistema de regulação, um mecanismo
(garra) é acionado sempre que a pressão do ar atinge um valor predeterminado,
mantendo a válvula de admissão aberta e com isso, durante a fase de
compressão, o ar retorna ao ambiente. Somente após ter a pressão do
reservatório retornado ao valor mínimo de desativação do mecanismo é que
reinicia-se o reabastecimento normal do reservatório, repetindo-se assim o
ciclo continuamente.
31
o Regulagem por rotação: Este tipo de regulação de pressão é empregada
quando o sistema de acionamento do compressor é a partir de motores de
combustão interna. Quando atinge-se o limiar de pressão máxima, ocorre a
desaceleração do motor, reduzindo significativamente a rotação deste e por
consequência a admissão do ar. Assim, o volume de ar a ser comprimido por
unidade de tempo torna-se reduzido, permitindo que o consumo da linha faça
com que o ar armazenado recaia até um nível mínimo predeterminado e o
motor retorne ao seu giro normal, reiniciando o ciclo.
o Regulagem por intermitente: Este sistema de regulação é empregado quando
o acionamento é a partir de motores elétricos. Um pressostato é conectado a
rede elétrica e na hipótese de atuação do limiar de pressão máxima admissível
deste dispositivo, ocorrerá o desligamento de uma chave contactora,
culminando na desernegização do motor elétrico. Após a pressão de a linha
retornar aos valores mínimos preestabelecidos o pressostato reativará o motor
elétrico.

2.4 Atuadores pneumáticos


Como afirmado anteriormente, os elementos mecânicos para transformar a energia do
ar comprimido em trabalho são os atuadores pneumáticos. Destaca-se que existe uma extensa
gama de fabricantes destes dispositivos, como por exemplo: pneumax, Festo, SMC, Janatics,
Parker, Camozzi, Bosch, Rexroth, Norgren, Bimba, Koganei, Schrader, Ckd, Airtac, Airtec,
Mindman etc. Em síntese, os atuadores pneumáticos são os elementos responsáveis pela
execução do trabalho realizado pelo ar comprimido, sendo classificados em lineares, rotativos
e especiais.

2.4.1 Atuadores pneumáticos lineares


São constituídos de componentes que convertem a energia pneumática em movimento
linear. Estes são representados pelos cilindros pneumáticos e dependendo da natureza dos
movimentos, velocidade, força, curso, haverá um mais adequado para a função.
A Figura 4 apresenta um desenho com a construção básica de um atuador pneumático
linear (NORGREN, 2014). Com base nesta ilustração é possível analisar a arquitetura interna
deste dispositivo, assim como, identificar os principais segmentos constituintes deste
automatismo pneumático.
32
Figura 4 – Atuador pneumático linear – construção básica.
1
2
14 3
4
5
6

13
12
11
10
9
8
7

Fonte: (NORGREN, 2014)


Onde:
1. Vedação do amortecedor
2. Cinta magnética
3. Luva do amortecedor
4. Camisa
5. Bucha guia
6. Vedação da haste
7. Cabeçote dianteiro
8. Entrada de ar
9. Sensor magnético
10. Haste
11. Guia do êmbolo
12. Vedação do êmbolo
13. Cabeçote traseiro
14. Parafuso do amortecedor

As normas internacionais que regem os atuadores pneumáticos são:

¾ ISO 6431 e 6432 (internacional)


¾ DIN ISO 6431 e VDMA 24562 (Alemanha)
¾ NF E 49003.1 (França)
¾ UNI 20.290 (Itália)
33
Os atuadores pneumáticos lineares, também possuem uma subdivisão, no intuito de
classificar estes quanto ao princípio de funcionamento, (i) Atuadores pneumáticos lineares de
simples efeito e (ii) Atuadores pneumáticos lineares de duplo efeito.

2.4.1.1 Atuadores Pneumáticos Lineares de simples efeito


Estes atuadores possuem o movimento de retração ou expansão realizada por uma
mola interna ao tubo cilíndrico (“camisa”), conforme ilustra a Figura 5. Ressalta-se também
que o retorno deste atuador pode ser por uma força externa. Estes dispositivos são geralmente,
aplicados em equipamentos que realizam fixação de componentes, gavetas de moldes de
injeção, expulsão, prensagem, elevação de mercadorias.

Figura 5 – Atuador pneumático linear de simples efeito com retorno por mola. (a)
normalmente retraído com retorno por mola. (b) normalmente distendido com retorno por
mola.

(a) Fonte: (NORGREN, 2014)

(b) Fonte: (NORGREN, 2014)

Com o acionamento de uma válvula controladora direcional o ar comprimido provindo


da linha de alimentação é injetado por meio de uma mangueira na base do atuador. Esta ação
proporciona a elevação da pressão na câmara posterior até o ponto de superar a força exercida
pela mola, provocando enfim o movimento de extensão da haste. Enquanto a referida válvula
controladora permanecer acionada, a pressão do ar continua exercendo pressão no interior do
cilindro pneumático e por consequência se mantém a haste distendida. Somente com o
desligamento da válvula é que o fluxo de ar para o interior da câmara é cessado, e esta mesma
conexão agora viabiliza a exaustão do ar, em função da força restauradora da mola.
A mola neste tipo de atuador é dimensionada para viabilizar um rápido retorno da
haste, sem permitir que a velocidade de retorno seja elevada ao ponto de absorver grande
34
energia cinética e dissipar esta com grande impacto no êmbolo localizado no fundo da
câmara, ação esta que poderia causar danos ao atuador. Conforme (FIALHO, 2008), por
questões funcionais este tipo de atuador é desaconselhável em aplicações que requeiram curso
superior a 100 mm.
A representação simbólica, e normalizada conforme DIN/ISO 1929, de agosto de 1978
para este tipo de atuador está apresentada na Figura 6.

Figura 6 – Representação simbólica do atuador pneumático linear de simples efeito. (a)


normalmente retraído com retorno por mola. (b) normalmente distendido com retorno por
mola.

2.4.1.2 Atuadores Pneumáticos Lineares de duplo efeito


Estes atuadores possuem tanto o terminal de alimentação, quanto da exaustão
efetivados por conexões localizadas em ambas as extremidades do dispositivo. Com base em
(FIALHO, 2008), dispositivos comerciais nesta família cobrem uma faixa de diâmetros de 6
até 320 mm.
Figura 7 – Atuador pneumático linear de duplo efeito.

Fonte: (NORGREN, 2014)

Em estado normalmente não acionado, o atuador é mantido recuado em função de o ar


manter preenchido a sua câmara frontal. Com o acionamento de uma válvula controladora
direcional, o ar proveniente da linha de alimentação é injetado, através de uma mangueira,
elevando assim, a pressão na câmara traseira até o ponto de superar as forças de atrito
juntamente com as que estiverem se opondo ao movimento da haste e provocando,
finalmente, sua extensão.
Enquanto a válvula controladora permanecer acionada, a pressão do ar continua
atuando no interior do cilindro pneumático, mantendo a haste distendida. Somente com a
comutação da válvula, o fornecimento de ar para interior da câmara traseira é cessado,
35
servindo esta mesma conexão para exaustão do ar, enquanto que o ar proveniente da válvula
passa a ser insuflado para a câmara frontal, culminando no retorno da haste.
A representação simbólica, e normalizada conforme DIN/ISO 1929, de agosto de 1978
para este tipo de atuador esta apresentada na Figura 8.

Figura 8 – Representação simbólica do atuador pneumático linear de duplo efeito.

2.4.2 Atuadores pneumáticos rotativos


O estudo da cinemática demonstra a impossibilidade no emprego de atuadores
pneumáticos lineares para a execução de movimento com ângulos superiores a 120°
(FIALHO, 2008). No intuito de solucionar esta limitação do ângulo de excursão,
desenvolveu-se o atuador pneumático giratório. Portanto, estes distintos dispositivos
convertem a energia pneumática em momento torsor contínuo ou limitado, possibilitando
deslocamento angulares escalonados em até 360°. Destaca-se também que estes dispositivos
são denominados como motores pneumáticos e oscilantes.

Figura 9 – Atuador pneumático oscilante de (-180o a + 180o), centrado por mola.

Fonte: NOGREN, (2014)

A concepção básica dos atuadores pneumáticos rotativos é muito simples. Em


essência, internamente este é constituído de dois atuadores lineares de simples efeito, os quais
são montados um contra o outro e fixados às extremidades de uma cremalheira que, ao se
36
movimentar lateralmente devido a ação de um dos atuadores, tem seu movimento linear
transmitido a um conjunto eixo e roda dentada, alojado ao centro do equipamento, e que
converte o movimento linear em movimento rotacional e momento de torção, e por
consequência, transmitindo-os para o equipamento que esteja montado sobre o eixo, conforme
demonstra a Figura 9.

2.4.3 Atuadores pneumáticos lineares de duplo efeito especiais


A busca de soluções para situações específicas, como a simultaneidade de
movimentos, o seu escalonamento, atuação com alto impacto, a necessidade de regulagem de
curso, velocidade altamente controlada e deslocamentos de precisão etc., levou a pneumática
a conceber variantes para os atuadores pneumáticos de duplo efeito, os quais passaram a ser
classificados como especiais.

2.4.3.1 Atuador linear de haste passante


Este tipo de atuador consiste em um atuador linear de duplo efeito, que possui duas
hastes contrapostas, ligadas por intermédio do êmbolo. Esse tipo de atuador permite executar
trabalhos alternadamente, em direções opostas, pois enquanto uma haste avança, a outra
recua. Uma importante característica deste tipo de atuador é que suas capacidades de força no
avanço e no retorno das hastes serem idênticas. Neste mesmo sentido, há também a igualdade
de velocidades, pois a vazão de alimentação é a mesma, embora essa característica possa ser
modificada com a conexão de válvulas controladoras de fluxo (redutoras da vazão). A Figura
10 apresenta o atuador linear de haste passante, juntamente com sua respectiva simbologia de
acordo com a norma DIN/ISO 1929.

Figura 10 – Atuador linear de haste passante e a sua respectiva simbologia.

Fonte: (NORGREN, 2014)


37
2.4.3.2 Atuador linear duplex contínuo
Este dispositivo resulta de dois atuadores lineares de duplo efeito, com mesmo
diâmetro, os quais foram montados em série. Essa arquitetura possibilita como característica
principal a elevação da força de avanço em 82 a 97%, e a duplicação da força de retorno
(FIALHO, 2008).
As principais aplicações deste tipo de atuador são nas operações de rebitagem, assim
como de estampagem.

2.4.3.3 Atuador duplex geminado


Este dispositivo é uma variante do atuador duplex, modificado para atender a grandes
deslocamentos sem a necessidade de aplicação de força elevada, podendo ter diâmetro da
camisa reduzido. A sua arquitetura consiste de dois atuadores pneumáticos de duplo efeito,
montados um de costas para o outro, não necessitando ter mesmo diâmetros ou sequer mesmo
comprimento de curso. Alguns exemplos deste tipo de atuador estão representados na Figura
11.

Figura 11 – Atuadores duplex com hastes iguais, assim como, com hastes com cursos
distintos.

Fonte: (NORGREN, 2014)

2.4.3.4 Atuador de alto impacto


Este dispositivo apresenta características externas similares ao atuador normal de
duplo efeito, porém a câmara traseira possui uma divisão interna. Assim há uma pré-câmara e
38
a própria câmara (agora com metade de seu volume), as quais são conectadas através de um
pequeno orifício que fica bloqueado pela ponta traseira da haste, enquanto esta estiver
recolhida.
Quando o atuador é disparado, o ar comprimido inicialmente acessa a pré-câmara e,
uma vez que a área do orifício de ligação é relativamente menor que a área da própria pré-
câmara, e ainda, inicialmente o orifício encontra-se bloqueado pela ponta traseira da haste, a
pressão do ar eleva-se na pré-câmara, até que a força desenvolvida possa vencer as forças
opostas, fazendo com que o conjunto haste + êmbolo inicie um rápido movimento,
distendendo-se e gerando grande quantidade de energia cinética.
A importância do orifício dessa concepção é a produção da elevada energia cinética
necessária a esse tipo de atuador, que tem como aplicação, basicamente, serviços de
prensagem, rebitagem, cortes etc.

2.5 Válvulas pneumáticas


As válvulas são elementos de comando para partida, parada e direção de regulagem,
além disso, possuem a função de orientar os fluxos de ar, impor bloqueio ou controlar a
intensidade de vazão e pressão, de acordo com suas especificações. Assim, as válvulas, ao
receberem um impulso pneumático, mecânico ou elétrico, permitiram que haja fluxo de ar
pressurizado para alimentar determinados elementos do automatismo.
De acordo com suas funções, as válvulas são divididas em:
¾ Válvulas direcionais;
¾ Válvulas de bloqueio;
¾ Válvulas de pressão;
¾ Válvulas de fluxo;
¾ Válvulas de fechamento.

2.5.1 Válvulas de controle direcional


As válvulas de controle direcional influenciam no trajeto do fluxo de ar, orientando a
direção de fluxo e também se utiliza este tipo de válvula nas partidas e paradas do
equipamento.
Neste tipo de válvula, é necessário o auxílio de um agente externo para o acionamento
da válvula de uma posição para outra, alternando assim as direções de fluxo, efetuando
bloqueios ou liberando para escape. Neste sentido destaca-se dois tipos de acionamento:
39
¾ Acionamento direto: Quando a força de acionamento atua diretamente sobre qualquer
mecanismo, causando a inversão da válvula.
¾ Acionamento indireto: Quando a força de acionamento atua sobre qualquer dispositivo
intermediário, liberando o comando principal responsável pela inversão da válvula.

2.5.2 Válvulas de bloqueio


Também conhecida como válvula de retenção, a válvula de bloqueio libera o fluxo,
preferencialmente, em um só sentido, permitindo assim fluxo reverso livre. Ocorrendo o fluxo
no sentido favorável, o obturador é deslocado permitindo a passagem do fluido. Invertendo-se
o fluxo, o obturador desloca-se contra a sede e impede a passagem do fluido. As válvulas de
retenção são utilizadas quando se deseja impedir o fluxo de ar em um sentido.
Este tipo de válvula pode ser classificada segundo seu princípio de funcionamento, e
neste sentido, destacam-se:

¾ Válvula de retenção com mola


¾ Válvula de retenção sem mola
¾ Válvula seletora
¾ Válvula de simultaneidade
¾ Válvula de escape rápido

2.5.3 Válvulas de pressão


Tem por função influenciar a intensidade de pressão de um sistema, e são
denominadas como válvula de alívio ou de segurança. Estas limitam a pressão de um
reservatório, compressor ou linha de pressão, evitando a sua elevação além de um ponto pré-
determinado, ajustada através de mola calibrada que é comprimida por parafuso, transmitindo
sua força sobre um êmbolo e mantendo-o contra a sede. Ocorrendo um aumento de pressão no
sistema, o êmbolo é deslocado de sua sede, sendo a mola comprimida e permitindo contato da
parte pressurizada com a atmosfera, através de uma série de orifícios por onde é expulso um
volume de ar, mantendo a pressão estável. Com a redução da pressão, alcançando o valor da
regulagem, a mola recoloca novamente o êmbolo na posição inicial, vedando os orifícios de
escape. Em síntese, as válvulas de pressão podem ser classificadas como:

¾ Válvula de alívio ou limitadora de pressão;


¾ Válvula de sequência;
¾ Válvula reguladora de pressão.
40
2.5.4 Válvulas de fluxo
São utilizadas quando é necessária a diminuição da quantidade de ar que passa por
uma tubulação (velocidade de cilindros ou condições de temporização). Ressalta-se que fluxo
C8 é o volume de fluido que flui num intervalo de tubulação em uma unidade de tempo.
Normalmente dado em litros por segundo, centímetros cúbicos por segundo ou metros cúbicos
por segundo. Assim, controlar o volume do fluido na unidade de tempo significa controlar a
velocidade, pois a velocidade de um atuador é diretamente proporcional ao fluxo, e quando
maior o fluxo de ar agindo sobre o atuador, maior a sua velocidade.
As válvulas controladoras de fluxo podem ser fixas ou variáveis, unidirecionais ou
bidirecionais (FIALHO, 2008).

2.6 Síntese
Em função das características dos sistemas de acionamento pneumático conclui-se que
estes são pertinentes para implementação do sistema de automatização da máquina de tijolos.
O processo de prensagem e compactação do concreto nos moldes empregará atuadores
pneumáticos. Observa-se que dentro da ampla gama de atuadores pneumáticos, os atuadores
pneumáticos lineares de duplo efeito são os mais adequados, para o sistema de acionamento
da máquina de confecção de tijolos, devido ao controle individual das ações de extensão e
retração.
41
3 PROJETO DO SISTEMA DE ACIONAMENTO PNEUMÁTICO

3.1 Introdução
Este capítulo descreve a metodologia de concepção, análise e projeto do sistema de
acionamento pneumático da máquina de construção de tijolos. Como afirmando
anteriormente, com base em um dispositivo comercial de confecção de tijolos, o qual
disponha de sistema de prensagem manual, almeja-se inserir dispositivos que viabilizem a
automação deste. Neste sentido, os principais elementos que serão reutilizados são: os moldes
(macho e fêmea), a estrutura mecânica e o sistema de inserção de concreto nos moldes
(carrinho com o concreto).

3.2 Sistema funcional da máquina de confecção de tijolos


A Figura 12 apresenta a proposta para a máquina de confecção de tijolos. Esta será
posicionada sob uma esteira, acionada por motor elétrico, a qual encaminhará os suportes até
o sistema de confecção de tijolos de concreto e posteriormente, dirigirá estes ao processo de
cura. A inserção de automatismos viabilizará que um sistema de confecção de tijolos,
originalmente manual, opere automaticamente.

Figura 12 – Representação da proposta da máquina de confecção de tijolos.


Molde
Macho
Depósito de
concreto Atuador 3
Trilho carrinho com
concreto

suportes Molde Fêmea tijolos


Atuador 2

Atuador 1 Carrinho com


concreto

Motor esteira Sensores 1 e 2


elétrico

Depósito de Trilho carrinho com


suportes concreto concreto tijolos
tijolos

O motor aciona a esteira até que o suporte seja posicionado integralmente abaixo do
molde fêmea. A atuação conjunta dos sensores 1 e 2 indica que um novo suporte para tijolos
42
encontra-se abaixo do molde fêmea, e portanto, este molde pode retornar a sua origem
(operação de retração do atuador 3).
O atuador 1 é atuado e desliza um carrinho contendo o concreto. Esta mistura, por
ação gravitacional é injetado no molde fêmea. O atuador 1 é recolhido, e por consequência o
carrinho com a mistura de concreto também retorna a sua posição original encerrando esta
etapa.
A próxima etapa é a prensagem do concreto nos moldes. Esta compactação é exercida
pela inserção do molde macho no interior do molde fêmea (extensão do atuador 2). Ressalta-
se que o molde já está preenchido por concreto, cuja ação é resultante da etapa antecessora à
esta. Com a prensagem e compactação do concreto no molde, remove-se o molde macho com
o recolhimento do atuador 2.
Na sequência aciona-se o atuador 3, o qual propiciará a elevação do molde fêmea.
Com o final da excursão deste atuador a esteira é acionada novamente e o suporte contendo os
blocos de concreto serão encaminhados ao processo de cura. Em função de que a esteira está
acionada, um novo suporte de tijolos será posicionado abaixo do molde fêmea, cuja ação irá
interromper a esteira assim como, propiciará o recolhimento do atuador 3.
A Figura 13 ilustra o fluxograma de acionamento dos atuadores pneumáticos. Com
base nestas informações, é possível a interpretação da sequência de eventos que deverão
ocorrer, e por consequência conceber os sistemas de controle e acionamento destes atuadores.
Figura 13 – Fluxograma contendo a sequência de eventos de acionamento dos atuadores
pneumáticos.
43
A Figura 14, por sua vez, demonstra o circuito pneumático de acionamento dos
atuadores. Neste projeto, optou-se pelo emprego de válvulas pneumáticas controladas por
solenóide, ou seja, é um comando elétrico que fará a ignição das válvulas e por consequência
a extensão ou retração dos atuadores pneumáticos. Ressalta-se também, que se fará uso de
uma chave de fim de curso, posicionada tanto na posição de retração quanto de extensão de
cada atuador, totalizando 6 destes dispositivos. Com base nas informações resultantes destas
chaves fim de curso será possível a gestão da sequência coerente de acionamento dos
atuadores.
Figura 14 – Circuito pneumático para acionamento dos atuadores.

Com base nas informações da Figura 13, bem como da Figura 14, elaborou-se o
circuito elétrico de comandos dos dispositivos acionadores dos automatismos. O circuito
elétrico que controla os atuadores pneumáticos, assim como os atuadores elétricos está
apresentado na Figura 15.
Figura 15 – Circuito elétrico de comando e acionamento dos solenóides referentes às válvulas
pneumáticas.
Fase A

B0 : Parada Emergência

B1 KM Sw6 sensor1 Sw5 Sw2 Kaux2 Sw1 Sw4 Kaux3 Sw3

sensor2 Sw2 Sw4 Sw6

Kaux1 Sw5 Kaux2 Sw1 Kaux3 Sw3

Motor elétrico
KM Sol6 Kaux1 Sol1 Sol2 Kaux2 Sol3 Sol4 Kaux3 Sol5
esteira
Neutro
44
O botão B0 é responsável por desligar toda a máquina, assim como bloquear a
execução de qualquer tarefa. Este também pode ser empregado em situações de emergência.
O início da operação da máquina de tijolos é através do botão B1. Com o acionamento
manual deste a máquina passa a operar automaticamente e iniciará a elaboração dos blocos ou
tijolos de concreto, sem a intervenção humana nas etapas de inserção de concreto nos moldes,
compactação do concreto nos moldes e remoção de blocos resultantes. Um operador será
necessário somente para o abastecimento de concreto no respectivo depósito, assim como para
a supervisão do sistema global. Esta importante característica é distinta das demais máquinas
de confecção de tijolos descritas na revisão bibliográfica.

3.2.1 Acionamento do motor elétrico


Esta seção aborda o circuito de acionamento do motor trifásico que propiciará o
acionamento da esteira que constitui a máquina de confecção de tijolos. O circuito elétrico de
suprimento de energia para o motor trifásico, assim como a alimentação dos circuitos de
comando está apresentado na Figura 16. O motor elétrico trifásico está conectado em uma
rede elétrica de 220/380V e 60Hz. O circuito de acionamento dos relés, circuitos auxiliares de
iluminação e sinalização, assim como de acionamento dos solenóides das válvulas
pneumáticas está conectado entre a fase R e o condutor Neutro, conforme em (KOSOW,
1985).
Figura 16 – Circuito elétrico para acionamento do motor e do sistema de controle.
45
3.3 Dimensionamento dos atuadores pneumáticos
Neste momento, será determinado o dimensionamento dos atuadores pneumáticos
constituintes da máquina de confecção de tijolos.
O procedimento de dimensionamento dos atuadores pneumáticos é dado em função da
força de projeto que estes elementos demandam para execução da operação requerida,
conforme (FIALHO, 2008). Assim, com base nesta informação determina-se o mínimo
diâmetro aceitável do pistão, conforme a expressão (1). Definido o diâmetro mínimo e
conhecidas as demais necessidades quanto ao tipo de fixação, curso etc, pode-se procurar nos
catálogos dos fabricantes um atuador que tenha diâmetro mínimo igual ou ligeiramente
superior ao calculado. Assim, deve-se respeitar a relação:
Diâmetro comercial t Diâmetro calculado.
Desta forma, dimensionam-se os atuadores através da expressão (1).
Fp ˜ M
Dp 2 . (1)
S ˜ Pt
Onde:
Dp é o mínimo diâmetro aceitável do pistão > cm @ ;

Fp é a força de projeto, ou seja, força necessária para a execução da operação, > kp @ ;

M é o fator de correção da força de projeto, conforme Tabela 9;

Pt é a pressão de trabalho ª¬kg/cm 2 º¼ , usualmente 6 kg/cm 2 ;

Tabela 9 – Fatores de correção da força no dimensionamento do atuador.


Velocidade de deslocamento da haste do Fator de
Exemplo
atuador correção
Operação de
Lenta e carga aplicada somente no fim do curso 1,25
rebitagem
Lenta e carga aplicada em todo o desenvolvimento
Talha pneumática 1,35
do curso
Rápida com carga aplicada somente no fim do Operação de
1,35
curso estampagem
Rápida com carga aplicada com todo o Deslocamento de
1,50
desenvolvimento do curso mesas
Situações gerais não descritas anteriormente 1,25

É importante ressaltar que para o dimensionamento dos atuadores é necessário o


conhecimento dos índices de força de projeto que cada um destes automatismos irá executar.
Para a máquina de confecção de tijolos estes valores de força de projeto são resultantes de
uma estimativa baseada no volume de mistura de concreto que é transportada e compactada.
46
3.3.1 O atuador 1
O dimensionamento deste atuador empregará as seguintes especificações:

¾ Força de projeto Fp1 150 kp ou Fp1 150 Kgf ;

¾ Fator de correção da força de projeto M1 1, 50 - deslocamento de mesas.

¾ Pressão de trabalho Pt 6 kg/cm 2

Assim, empregando a expressão (1) como base, tem-se:


Fp1 ˜ M1 150 ˜ 1, 5
Dp1 2 o Dp1 2 o Dp1 6, 911 cm (2)
S ˜ Pt S ˜6
O valor teórico do diâmetro, assim como, do elemento comercial selecionado constam
na Tabela 10.
Tabela 10 – Diâmetros do atuador 1.

Diâmetro calculado [mm] Diâmetro comercial [mm]


69,10 80,00

3.3.2 O atuador 2
O dimensionamento deste atuador empregará as seguintes especificações:

¾ Força de projeto Fp2 150 kp ou Fp2 150 Kgf ;

¾ Fator de correção da força de projeto M2 1, 35 - estampagem.

¾ Pressão de trabalho Pt 6 kg/cm 2

Assim, empregando a expressão (1) como base, tem-se:


Fp2 ˜ M 2 150 ˜ 1, 35
Dp2 2 o Dp2 2 o Dp2 6, 555 cm (3)
S ˜ Pt S ˜6
O valor teórico do diâmetro, assim como, do elemento comercial selecionado são
enaltecidos na Tabela 11.
Tabela 11 – Diâmetros do atuador 2.

Diâmetro calculado [mm] Diâmetro comercial [mm]


65,55 80,00

3.3.3 O atuador 3
O dimensionamento deste atuador empregará as seguintes especificações:

¾ Força de projeto Fp3 70 kp ou Fp3 70 Kgf ;

¾ Fator de correção da força de projeto M3 1, 35 - estampagem.


47
¾ Pressão de trabalho Pt 6 kg/cm 2

Assim, empregando a expressão (1) como base, tem-se:


Fp3 ˜ M 3 70 ˜ 1, 35
Dp3 2 o Dp3 2 o Dp3 4, 478 cm (4)
S ˜ Pt S ˜6
O valor teórico do diâmetro, assim como, do elemento comercial selecionado são
apresentados na Tabela 12.
Tabela 12 – Diâmetros do atuador 3.

Diâmetro calculado [mm] Diâmetro comercial [mm]


44,78 50,00

3.4 Dimensionamento da linha de alimentação pneumática


Com a seleção dos atuadores pneumáticos é possível dimensionar a rede de
distribuição de ar comprimido. Ressalta-se que também deve-se considerar a presença dos
demais automatismos pneumáticos no dimensionamento da rede. Assim, inicialmente,
dimensiona-se o consumo de ar dos atuadores individualmente, o qual pode ser determinado
por:
Ap ˜ L ˜ nc ˜ Pt  1, 013
C (5)
1, 013 ˜ 10 6
Onde:
C é o consumo de ar > l/seg @ ;
S ˜ D p2
Ap é a área efetiva do pistão ª¬mm 2 º¼ , determinada como Ap , cujo diâmetro
4
é o valor de catálogo do pistão selecionado;
L é o curso do pistão selecionado para a aplicação almejada > mm @ ;

nc é o número de ciclos por segundo;

Pt é a pressão de trabalho, neste caso também Pt 6 kg/cm 2 ;


Portanto, com base na expressão (5) e considerando também as informações contidas
do número de ciclos e a extensão de curso de cada atuador as quais estão enaltecidas na
Tabela 13, obtém-se o consumo de ar, em > l/seg @ , de cada atuador individualmente.
48
Tabela 13 – Consumo de ar dos atuadores individualmente.
Área efetiva Curso Número Consumo
Atuador
Ap [mm ] 2
L [mm ] de ciclos nc >l/seg @
Atuador 1 5026,55 500,00 1/30 C1 0,58
Atuador 2 5026,55 750,00 1/30 C2 0,87
Atuador 3 1963,50 750,00 1/30 C3 0,34

O número de ciclos nc é uma variável que influencia diretamente no consumo de ar,

assim como, o número de operações que o atuador executará por segundo. Neste caso definiu-
se que haverão, aproximadamente 2 operações de extensão e retração por minuto. Essa
quantidade é adequada para o número de tijolos que a máquina confeccionará por hora, e por
consequência atender a demanda de projeto, a qual é tijolos ou blocos de concreto para
construção de uma residência.
Com a determinação do consumo individual dos atuadores, determina-se o consumo
total destes e adiciona-se um coeficiente de 150% que prevê a possibilidade futuras
ampliações do sistema, assim como a presença de demais atuadores que possam ser
empregados na mesma instalação. Alem disso, os atuadores 2 e 3 são duplos, ou seja, para a
mesma tarefa são empregados 2 atuadores. Portanto, o consumo total é dado por (6).
CT 1, 5 C 1  2C 2  2C 3 (6)

Substituindo os dados que constam na Tabela 13, tem-se:


CT 1, 5 0, 58  2 ˜ 0, 87  2 ˜ 0, 34 o CT 4, 50 l seg (7)

Resulta em:
CT 4, 50 l/seg ou CT 3, 6 ˜ 4, 50 l/seg o CT 16, 20 m 3 /hora (8)

3.5 Síntese
Este capítulo propôs o sistema de automação de máquina de confecção de tijolos
através de acionadores pneumáticos. De acordo com o sistema de automação proposto, a
máquina irá operar automaticamente nos processos de inserção de concreto nos moldes,
compactação da mistura nos moldes e carregamento dos blocos ou tijolos resultantes. Ao
operador cabe a reposição, quando necessário de concreto no respectivo depósito, assim como
de supervisão de toda a operação.
49
CONCLUSÃO

Este trabalho descreveu a concepção, análise e dimensionamento de um sistema de


acionamento pneumático para uma máquina de confecção de tijolos ou blocos de concreto.
Com base em um sistema de confecção de tijolos que, originalmente apresentava os processos
manuais de prensagem e compactação do concreto nos moldes, concebeu-se a viabilidade de
inserção de sistemas automatizados neste. Assim, com a inserção destes automatismos almeja-
se elaborar uma máquina de confecção de tijolos que atenda a demanda de construção de uma
residência de alvenaria.
O acionamento pneumático apresentou-se como mais interessante para a aplicação
proposta do que em comparação ao acionamento exclusivamente elétrico ou hidráulico.
Assim, optou-se por automatismos pneumáticos para os processos de movimentação, inserção
e prensagem do concreto nos moldes. Para o acionamento e controle destes atuadores
pneumáticos empregaram-se válvulas pneumáticas com solenóide (com acionamento
elétrico).
Destaca-se que no sistema de automação proposto, a máquina irá operar
automaticamente nos processos de inserção de concreto nos moldes, compactação da mistura
nestes e carregamento dos blocos ou tijolos resultantes. Ao operador cabe a reposição de
concreto no respectivo depósito, assim como de supervisão de toda a operação. Desta forma,
agrega-se uniformidade na produção dos tijolos ou blocos de concreto, uma vez que estes
serões resultantes do processo automatizado proposto. Aliado a estas características, destaca-
se também a ergonomia propiciada ao operador, uma vez que a este caberá apenas as
atividades de supervisão do processo.
A principal sugestão como trabalho futuro é a implementação experimental deste
sistema de automação na máquina de confecção de tijolos e com base nisso, verificar
potenciais melhorias de nível estrutural da máquina, assim como, de ponderação do
desempenho dos automatismos.
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Circuitos. São Paulo : Editora Érica, 2008.
FIORITI, C. F., INO, A. e AKASAKI, J. L. 2007. Avaliação de blocos de concreto para
pavimentação intertravada com adição de resíduos de borracha proveninentes de
recauchutagem de pneus. Porto Alegre : Ambiente Construído, 2007. Vol. 7.
IBGE. 2014. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [Online] 2014. [Citado em: 05 de
Junho de 2014.] http://www.ibge.gov.br.
KOSOW, I. 1985. Máquinas Elétricas e Transformadores. Porto Alegre : Editora Globo,
1985.
MAGALHÃES, L. N. 2010. Análise comparativa dos blocos de solo-cimento, de concreto e
cerâmicos utilizados na construção civil do sudeste brasileiro. Belo Horizonte : Construindo,
2010. Vol. 2.
NETO, N. A. S. 2006. Caracterização do isolamento acústico de uma parede de alvenaria
estrutural de blocos cerâmicos. Santa Maria : Universidade Federal de Santa Maria, 2006.
NORGREN. 2014. [Online] Pneumatics systems, Outubro de 2014.
http://www.norgren.com/br/site/index.php.
PECMAQ, PECFORMAS -. 2014. [Online] Outubro de 2014.
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RIBEIRO, M. A. 2001. Automação Industrial. Salvador : Tek Treinamento & Consultoria
Ltda, 2001. Vol. 4ª Edição.

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