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FACULDADE DE TECNOLOGIA
MANAUS
2019
FÁBIO HENRIQUE FERREIRA GOMES
MANAUS
2019
Ficha Catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
À TQS Informática por disponibilizar uma licença do software TQS, e pelo rápido
suporte.
RESUMO
GOMES, F. H. F. Influência da ação do vento nas taxas de armadura de vigas em edifícios
de concreto armado. 2019. 116 p. Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Civil –
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2019.
O costume de elaborar construções de edifícios mais altos, e principalmente esbeltos, traz uma
necessidade crescente de se projetar com maior rapidez e menor custo. Um fator que deve ser
estudado e se origina dessa demanda é o efeito da ação do vento, que age predominantemente
na horizontal do edifício, modificando a distribuição de esforços em todos os seus elementos
estruturais. O objetivo deste trabalho foi estudar as variações de taxas de armadura de vigas
considerando as ações do vento aplicadas a edifícios, onde se compararam as taxas de armadura
longitudinal e transversal das vigas de edificações com 5, 10, 15, 20, 25 e 30 pavimentos,
obtidas considerando a ação do vento e desconsiderando-a. O dimensionamento e obtenção das
taxas foi totalmente realizado no software TQS, e ao final da análise foram gerados tabelas e
gráficos para avaliar o comportamento das variações de taxas por pavimento e por edifício
estudado. Verificou-se que a ação do vento produziu maiores solicitações nos pavimentos mais
inferiores, e em razão disso, maiores taxas de armadura, para todos os edifícios estudados. As
mudanças mais visíveis ocorreram a partir do edifício de 20 pavimentos, onde o maior valor de
variação média de armadura longitudinal por edifício foi 48,555%, no edifício de 30
pavimentos. A maior variação média de armadura transversal por edifício ocorreu no edifício
de 25 pavimentos, com 8,241%. A análise individual de cada viga permitiu identificar que as
vigas com maior variação de taxa de armadura foram aquelas mais localizadas ao centro do
pavimento, com uma delas atingindo o valor máximo de 403,13% de variação no edifício de 30
pavimentos.
The goal of constructing taller, and especially slender, buildings brings an increasing need to
design with fewer resources and in shorter periods. One factor that must be studied and
originates from this demand is the effect of wind load, which acts predominantly on the
horizontal of buildings, modifying the distribution of loads in all its structural elements. The
objective of this final paper was to study the variations of beam reinforcement rates considering
the wind loads applied to buildings, where the longitudinal and transverse reinforcement rates
of beams were compared between buildings with 5, 10, 15, 20, 25 and 30 floors, with the rates
obtained considering the wind influence and disregarding it. The sizing and obtaining of the
rates was fully performed in the TQS software, and at the end of the analysis tables and graphs
were generated to evaluate the behavior of the rate variations per floor and per studied building.
It was found that the wind action produced higher stresses on the lower floors, and therefore,
higher reinforcement rates for all buildings studied. The most noticeable changes occurred after
the 20-story building, where the highest average value of longitudinal variation per building
was 48.555% in the 30-story building. The largest average variation of transverse reinforcement
per building occurred in the 25-floor building, with 8.241%. The individual analysis of each
beam showed that the beams with the greatest variation in reinforcement rate were those most
located in the center of the floor, with one of them reaching a maximum value of 403.13% of
variation in the 30-floor building.
Figura 1 - Mapa de isopletas de velocidade básica. Fonte: ABNT NBR 6123:1988. .............. 24
Figura 2 - Fator topográfico 𝑆1(𝑧). Fonte: ABNT NBR 6123:1988. ...................................... 26
Figura 3 - Coeficientes de arrasto para edificações paralelepipédicas em vento de baixa
turbulência. Fonte: ABNT NBR 6123:1988. ............................................................................ 32
Figura 4 - Coeficientes de arrasto para edificações paralelepipédicas em vento de alta
turbulência. Fonte: ABNT NBR 6123:1988. ............................................................................ 32
Figura 5 - Vão efetivo de uma viga. Fonte: ABNT NBR 6118:2014. ...................................... 40
Figura 6 - Distância dos apoios extremos ao nó considerado. Fonte: ABNT
NBR 6118:2014. ....................................................................................................................... 42
Figura 7 - Equilíbrio e deformações na seção de concreto. Fonte: Pinheiro (2003). ............... 43
Figura 8 - Domínios de estado limite último de uma seção transversal. Fonte:
ABNT NBR 6118:2014. ........................................................................................................... 45
Figura 9 - Modelo de cálculo de armadura dupla na seção de concreto. Fonte:
Pinheiro (1993). ........................................................................................................................ 47
Figura 10 - Seção genérica submetida à flexão composta normal. Fonte: Fernandes
(2006). ...................................................................................................................................... 48
Figura 11 – Esquema de excentricidades na seção submetida à flexão composta normal. Fonte:
Fernandes (2006). ..................................................................................................................... 50
Figura 12 - Tela de edição das ações do vento no TQS. Fonte: Autor. .................................... 55
Figura 13 - Fator do terreno no software TQS. Fonte: Autor. .................................................. 56
Figura 14 - Categoria de rugosidade no software TQS. Fonte: Autor. ..................................... 56
Figura 15 - Classe da edificação dentro do software TQS. Fonte: Autor. ................................ 57
Figura 16 - Fator estatístico no software TQS, Fonte: Autor. .................................................. 57
Figura 17 - Ângulos de ação do vento definidos no software TQS. Fonte: Autor. .................. 58
Figura 18 - Tela de cálculo do coeficiente de arrasto. Fonte: Autor. ....................................... 58
Figura 19 - Tela de edição dos parâmetros dos materiais no software TQS. Fonte: Autor. ..... 59
Figura 20 - Tela de edição de cobrimentos no software TQS. Fonte: Autor. ........................... 61
Figura 21 - Planta arquitetônica do pavimento tipo. Fonte: Pinheiro (2018). .......................... 62
Figura 22 - Planta arquitetônica do pavimento térreo. Fonte: Pinheiro (2018). ....................... 62
Figura 23 - Interface de edição de lances de escada no software TQS. Fonte: Autor. ............. 63
Figura 24 - Edifício de 15 pavimentos modelado no software TQS. Fonte: Autor. ................. 64
Figura 25 - Valores de taxa mínima de armadura de flexão de vigas. Fonte:
ABNT NBR 6118:2014. .......................................................................................................... 65
Figura 26 - identificação das cargas de parede admitidas no projeto. Fonte: Autor. ............... 66
Figura 27 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 5 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 67
Figura 28 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 10 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 68
Figura 29 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 15 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 69
Figura 30 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 20 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 70
Figura 31 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 25 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 71
Figura 32 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 30 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 72
Figura 33 - Localização do Resumo estrutural do edifício na interface do programa.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 75
Figura 34 - Relatório simplificado de armadura de vigas. Fonte: Autor. ................................ 76
Figura 35 - Corte longitudinal da viga V15 do pavimento 7 do edifício de 30 pavimentos. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 77
Figura 36 – Relatório simplificado de cisalhamento da viga V15. Fonte: Autor. ................... 78
Figura 37 - Tela de processamento global de edifícios no software TQS. Fonte: Autor. ........ 80
Figura 38 - Eixos principais adotados no edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor. ............... 82
Figura 39 - Comparativo entre deslocamentos horizontais absolutos e limites. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 83
Figura 40 - Variação das taxas médias por número de pavimentos. Fonte: Autor. ............... 104
Figura 41 - Taxas de armadura longitudinal com e sem o vento para cada edifício.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 105
Figura 42 - Taxas de armadura transversal com e sem o vento para cada edifício.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 106
Figura 43 - Comportamento das massas de aço de cada um dos edifícios com e sem o vento.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 107
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 21
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................. 81
A consideração do vento, aliada a tantas outras, é o que garante que as estruturas que
passaram por uma concepção adequada possam chegar ao fim das suas vidas úteis com
segurança e conforto, permitindo uma continuidade da aplicação da engenharia atual, bem como
o bem-estar dos usuários.
1.1. JUSTIFICATIVA
O efeito da ação do vento sobre as estruturas de maior porte é conhecido, mas o presente
trabalho busca abranger um conhecimento mais quantitativo sobre o tema, com o foco da
análise voltado para o comportamento das vigas. De posse dos resultados destes elementos, este
trabalho pretende mostrar a parcela de relevância das forças devido à ação do vento nas
quantidades de aço presentes no concreto, considerando uma investigação comparativa de
edifícios de alturas variáveis.
21
1.2. OBJETIVO GERAL
22
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Para que possamos estudar as ações do vento em um edifício e trabalhar todos os
conceitos e cálculos necessários para o dimensionamento de vigas, devemos partir inicialmente
de algumas considerações previstas em normas e de acordo com as práticas usuais de
engenharia no Brasil, de forma a termos uma base para a análise dos capítulos posteriores.
O vento sempre produzirá forças nas construções, a depender da sua forma, da região e
edificações em seu entorno, do tipo de terreno e de outros obstáculos. Porém, a sua altura em
relação ao solo possui boa parcela de influência na ordem de grandeza das forças horizontais
as quais o edifício está sujeito, de tal forma que, segundo recomendações mais atuais do
Instituto Brasileiro do Concreto – IBRACON, a consideração da ação do vento só pode ser
desconsiderada no cálculo para construções de no máximo 4 pavimentos.
23
Figura 1 - Mapa de isopletas de velocidade básica. Fonte: ABNT NBR 6123:1988.
𝑉𝑘 = 𝑉0 ∙ 𝑆1 ∙ 𝑆2 ∙ 𝑆3 Equação 1
Onde:
𝑆1 → Fator topográfico;
𝑆3 → Fator estatístico.
24
2.1.2. Fator topográfico – 𝑺𝟏
O fator topográfico descrito na norma ABNT NBR 6123:1988 tem em vista considerar
as variações do relevo do terreno e em como isso influencia na velocidade do vento. Para tanto,
admitem-se três situações para sua aplicação: terrenos planos, terrenos com presença de taludes
e morros e terrenos com vales profundos. Os valores adotados para cada condição são descritos
a seguir:
𝑧
iii. 𝜃 ≥ 45°: 𝑆1 (𝑧) = 1,0 + (2,5 − 𝑑) 0,31 ≥ 1,0 Equação 4
Sabendo que:
25
Para casos em que seja necessária uma análise mais precisa da topografia e se esta for
muito complexa, recomenda-se se recorrer a ensaios de túnel de vento ou medidas
anemométricas colhidas in loco.
26
construções menores. Para as de maior porte, portanto, se recomenda que se considere um vento
médio calculado para um intervalo de tempo maior.
27
de vento. Exemplos de considerações como esta são construções com juntas de dilatação ou
com pouca rigidez na direção perpendicular à do vento.
𝑧 𝑝
𝑆2 = 𝑏 ∙ 𝐹𝑟 ∙ ( ) Equação 5
10
Onde:
𝑏 → Parâmetro de correção da classe da edificação;
𝑝 → Parâmetro meteorológico.
28
Tabela 1 - Parâmetros meteorológicos de 𝑆2 . Fonte: ABNT NBR 6123:1988.
29
2.1.4. Fator estatístico – 𝑺𝟑
Desta maneira, se busca então a força global atuante sobre a edificação, que nada mais
é do que a soma vetorial das forças do vento que nela atuam. Para isso, deve-se fazer uso de um
coeficiente de arrasto, que definirá a força de arrasto 𝐹𝑎 :
𝐹𝑎 = 𝐶𝑎 ∙ 𝑞 ∙ 𝐴𝑒 Equação 6
30
Onde temos:
𝐶𝑎 → Coeficiente de arrasto
𝑞 = 0,613 ∙ 𝑉𝑘 2 Equação 7
Os casos de baixa turbulência são aqueles que não se encaixam nos critérios de distância
anteriores. Com isto verificado, cada caso de turbulência deve ser analisado de acordo com os
valores dos respectivos gráficos das figuras 3 e 4, cujos valores são colhidos em função das
ℎ 𝑙
razões e 𝑙1 , sendo 𝑙1 e 𝑙2 as dimensões em planta da edificação (que podem alternar seus
𝑙1 2
valores de acordo com qual direção do vento se está analisando) e ℎ a sua altura.
31
Figura 3 - Coeficientes de arrasto para edificações paralelepipédicas em vento de baixa turbulência. Fonte: ABNT NBR
6123:1988.
Figura 4 - Coeficientes de arrasto para edificações paralelepipédicas em vento de alta turbulência. Fonte: ABNT NBR
6123:1988.
32
Vale frisar que os valores obtidos no gráfico de vento de alta turbulência são
naturalmente menores que os do gráfico de baixa turbulência, devido o regime de escoamento
do ar neste último caso possuir uma menor perda de energia cinética por possuir “menos
obstáculos” à sua passagem.
Pinto e Ramalho (2002) ainda enfatizam que os acréscimos de esforços devidos aos
deslocamentos espaciais da estrutura chegam a ser tão elevados que podem levá-la ao colapso.
Na engenharia, o estudo levando em conta estas deformações é chamado de análise com não-
linearidade geométrica (NLG).
33
2.2.2. Instabilidade e os efeitos de 2ª ordem
Com relação à instabilidade, a norma ABNT NBR 6118:2014 elenca três tipos:
Em estruturas sem imperfeições geométricas iniciais, pode haver (para casos especiais
de carregamento) perda de estabilidade por bifurcação do equilíbrio (flambagem);
Em situações particulares (estruturas abatidas), pode haver perda de estabilidade sem
bifurcação do equilíbrio por passagem brusca de uma configuração para outra reversa
da anterior (ponto limite com reversão);
Nas estruturas de material de comportamento não linear, com imperfeições geométricas
iniciais, não há perda de estabilidade por bifurcação do equilíbrio, podendo, no entanto,
haver perda de estabilidade quando, ao crescer a intensidade do carregamento, o
aumento da capacidade resistente da estrutura passa a ser menor do que o aumento da
solicitação (ponto-limite sem reversão).
A ABNT NBR 6118:2014 discorre ainda sobre os efeitos de 2ª ordem, que são aqueles
calculados considerando a estrutura no seu estado deformado. Os acréscimos dessa
consideração são somados aos efeitos de 1ª ordem, que analisam a estrutura em sua forma
geométrica inicial.
A norma ABNT NBR 6118:2014 comenta sobre como se considerar o efeito da NLF,
através da construção de relações momento-curvatura para cada seção, o que resulta em
diagramas. Porém, a elaboração e aplicação desses diagramas se torna dificultosa em projetos
edifícios de concreto armado de grande porte (PINTO, 2002). Isto é facilitado pelo item 15.7.3
da norma citada, ao permitir que se façam análises minorando os valores de rigidez EI por meio
de um coeficiente redutor, que aproxima os efeitos da não-linearidade física com valores
específicos para lajes, vigas e pilares:
34
Lajes: (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,3 ∙ 𝐸𝑐 𝐼𝑐 Equação 8
Onde:
𝐴𝑠 → Armadura de tração.
A ABNT NBR 6118:2014 estabelece que as estruturas de nós fixos sejam assim
denominadas quando os deslocamentos horizontais dos nós da estrutura são pequenos e os
efeitos de 2ª ordem oriundos dessas deformações são inferiores a 10% dos esforços de 1ª ordem
correspondentes. Aqui, se consideram apenas os efeitos locais e localizados de 2ª ordem.
35
2.2.5. Parâmetros de estabilidade
𝑁𝑘
𝛼 = 𝐻𝑡𝑜𝑡 ∙ √ Equação 12
𝐸𝑐𝑠 𝐼𝑐
Onde:
O valor deste parâmetro é então comparado com o valor limite 𝛼1 . Se o valor de 𝛼 for
inferior a 𝛼1 , pode-se considerar a estrutura como de nós fixos e se dispensa, portanto, a
consideração dos efeitos de 2ª ordem globais. Definindo "𝑛" como o número de níveis de barras
horizontais (andares) acima da fundação ou de um nível pouco deslocável do subsolo, a norma
explicita as seguintes equações para o seu cálculo:
36
𝛼1 = 0,2 + 0,1𝑛, se 𝑛 ≤ 3 Equação 13
𝛼1 = 0,6, se 𝑛 ≥ 4 Equação 14
2.2.5.2. Coeficiente 𝜸𝒛
1
𝛾𝑧 =
∆𝑀 Equação 15
1 − 𝑀 𝑡𝑜𝑡,𝑑
1,𝑡𝑜𝑡,𝑑
Onde:
Com o valor de 𝛾𝑧 calculado, define-se a estrutura como de nós fixos se este for inferior
a 1,1. Entretanto, o item 15.7.2 da ABNT NBR 6118:2014 considera o limite superior de 1,3
para usar o valor de 𝛾𝑧 na determinação aproximada dos esforços finais (considerando os
esforços de 1ª ordem e 2ª ordem globais), onde se usa o valor obtido na equação 15 para majorar
os esforços horizontais na combinação de carregamento considerada. Segundo este item da
norma, o valor do coeficiente majorador é de 0,95∙ 𝛾𝑧 .
37
É importante comentar que alguns autores, como Lima (1999), Pinto, Corrêa e Ramalho
(2005) e Marin (2009), consideram que a majoração dos esforços horizontais pelo próprio valor
de 𝛾𝑧 produz resultados mais satisfatórios. Ainda, o valor de 𝛾𝑧 é comumente mais usado que o
parâmetro 𝛼, principalmente por permitir a mensuração dos efeitos de 2ª ordem.
1
𝐹𝐴𝑉𝑡 =
∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑 ∗ Equação 16
1− 𝑀
1,𝑡𝑜𝑡,𝑑
A majoração dos esforços neste caso é feita por 0,95 ∙ 𝐹𝐴𝑉𝑡. Comparativamente, o valor
de 𝐹𝐴𝑉𝑡 será maior que o de 𝛾𝑧 quando as deformações provocadas pelas ações verticais
estiverem no mesmo sentido das deformações devidas às ações horizontais. Conforme Zumaeta
Moncayo (2019), os casos nos quais o valor do 𝐹𝐴𝑉𝑡 é diferente do valor de 𝛾𝑧 geralmente
estão associados com estruturas não simétricas.
A seção 13.3 da ABNT NBR 6118:2014 trata dos deslocamentos limites avaliados nas
verificações de ELS de deformações excessivas, e em sua tabela 13.3, lista-se os limites de
deslocamentos a se considerar para cada tipo de efeito. Assim, para movimentos laterais de
edifícios provocados pela ação do vento, esta considera que o valor máximo de deslocamento
absoluto é de 𝐻/1700, sendo 𝐻 a altura da edificação.
38
2.3. CÁLCULO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO
Em estruturas, de acordo com as hipóteses básicas dadas pela ABNT NBR 6118:2014
em seu item 14.4.1.1, elementos lineares são aqueles nos quais o seu comprimento é ao menos
3 vezes superior à maior dimensão da sua seção transversal. Dentro desta categoria, as vigas
são elementos lineares em que a flexão é preponderante. São ainda distinguidas como as barras
horizontais que compõem o pórtico espacial que representa a maioria dos edifícios, de acordo
com Araújo (2010). É relevante mencionar que as considerações de cálculo de vigas, conforme
mostradas nesta seção, são simplificações comuns que buscam reduzir o trabalho nos cálculos
e ainda garantir a segurança da estrutura a ser dimensionada.
As cargas consideradas como atuantes sobre as vigas são compostas pela associação dos
efeitos do peso próprio do elemento estrutural, o peso das alvenarias e as ações das lajes, vigas,
pilares e quaisquer outros elementos que por ventura nelas descarreguem (ARAÚJO, 2010, vol.
2).
As ações devidas às lajes são analisadas de acordo com a teoria escolhida para o seu
cálculo. Para a teoria das grelhas, costuma-se considerar cargas uniformemente distribuídas
sobre as vigas. Já pela teoria de placas, este carregamento sobre as vigas já pode adquirir uma
forma triangular ou trapezoidal, ou até parcialmente distribuída. Pinheiro (2007) enfatiza,
porém, que estas distribuições de esforços dependem das condições de deslocabilidade das
vigas de apoio.
Nos casos em que vigas secundárias se apoiam em vigas primárias ou até pilares que
descarregam em vigas de transição, considera-se uma carga concentrada de valor igual à reação
do respectivo elemento sobre a viga de interesse.
39
2.3.2. Vãos efetivos
O vão efetivo é a distância entre apoios considerada nos cálculos de vigas. Na maioria
das vezes pode ser considerado como a distância entre os centros de apoios, mas nos casos em
que os apoios são largos, a ABNT NBR 6118:2014 considera que o vão teórico de vigas é dado
por:
𝑙𝑒𝑓 = 𝑙0 + 𝑎1 + 𝑎2 Equação 17
Onde:
Nas vigas em balanço, o valor do vão efetivo é igual à distância da extremidade livre da
viga até o centro do apoio. Um esquema de todas essas variáveis é mostrado na figura 5:
Um modelo usual dos esforços de vigas considera o regime elástico, dentro do estádio
I, onde se considera a seção bruta do concreto para o cálculo das características geométricas.
40
Nas análises locais de deslocamentos, havendo fissuração, esta deve ser considerada (ABNT
NBR 6118:2014).
Não podem ser considerados momentos positivos menores que os que se obteriam se
houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos;
Quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio, medida na
direção do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do pilar, não pode ser
considerado o momento negativo de valor absoluto menor do que o de engastamento
perfeito nesse apoio;
Quando não for realizado o cálculo exato da influência da solidariedade dos pilares com
a viga, deve ser considerado, nos apoios extremos, momento fletor igual ao momento
de engastamento perfeito multiplicado pelos coeficientes estabelecidos nas seguintes
relações:
▪ Vigas:
(𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝 )
Equação 18
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝
𝑟𝑠𝑢𝑝
Equação 19
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝
𝑟𝑖𝑛𝑓
Equação 20
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝
Onde os valores de rigidez 𝑟 são dados pela razão entre as inércias dos elementos e o
comprimento considerado, de acordo com a figura 6:
41
Figura 6 - Distância dos apoios extremos ao nó considerado. Fonte: ABNT NBR 6118:2014.
Pinheiro (2007) mostra as seguintes formas para se estimar a altura das vigas:
Entretanto, é usual que se busque sempre embutir a largura das vigas nas paredes, além
de se limitar a altura destas de acordo com a altura das esquadrias. Além disso, costuma-se
adotar no máximo duas alturas diferentes para as vigas do edifício, de forma a facilitar a
execução.
42
2.3.5. Cálculo das armaduras quanto à flexão simples
𝑅𝑐 + 𝑅𝑠′ − 𝑅𝑠 = 0 Equação 21
𝑦
𝑀𝑑 = 𝛾𝑓 ∙ 𝑀𝑘 = 𝑅𝑐 ∙ (𝑑 − ) + 𝑅𝑠′ ∙ (𝑑 − 𝑑 ′ ) Equação 22
2
Nas quais:
43
𝑦 → Altura do diagrama simplificado de tensões do concreto;
𝑅𝑠 = 𝐴𝑠 ∙ 𝜎𝑠 Equação 24
De onde temos que 𝜎𝑐𝑑 e 𝑓𝑐𝑑 são os respectivos valores de tensão de compressão
solicitante e resistente de cálculo do concreto. 𝐴𝑠 e 𝐴′𝑠 são as áreas de aço tracionadas e
comprimidas, nesta ordem, e 𝜎𝑠 e 𝜎𝑠′ são as tensões tracionadas e comprimidas na armadura. A
base da seção é representada por 𝑏 e o valor de 𝛽𝑥 é resultado de:
𝑥 𝜀𝑐 Equação 26
𝛽𝑥 = =
𝑑 𝜀𝑐 + 𝜀𝑠
Onde:
𝑥 → Distância da linha neutra até o bordo comprimido;
𝜀𝑐 → Deformação no concreto;
𝜀𝑠 → Deformação no aço.
44
Figura 8 - Domínios de estado limite último de uma seção transversal. Fonte: ABNT NBR 6118:2014.
Onde temos de forma resumida e para uma ruptura convencional por deformação
plástica excessiva, os seguintes casos:
𝑦 0,8𝑥
𝑦 = 0,8 ∙ 𝑥 → 𝑑 − = 𝑑 ∙ (1 − ) = 𝑑 ∙ (1 − 0,4 ∙ 𝛽𝑥 ) Equação 27
2 2𝑑
45
Finalmente, substituindo as equações 23, 24, 25 e 27 nas equações de equilíbrio 21 e 22,
vemos que:
Sendo as equações acima válidas para situações com armadura dupla. Nos casos de
armadura simples (𝐴′𝑠 = 0), as equações se tornam:
Usa-se armadura dupla quando temos uma peça que deva ser dimensionada no domínio
de deformação 4, com disposições de armaduras tanto na zona tracionada quanto na zona
comprimida.
46
Figura 9 -Modelo de cálculo de armadura dupla na seção de concreto. Fonte: Pinheiro (1993).
Além do cálculo manual, pode-se proceder com o uso de tabelas que usam determinados
coeficientes, tanto para vigas com armadura simples quanto com armadura dupla. Tais
coeficientes são obtidos através da manipulação das equações já mostradas.
A flexão normal ocorre quando um momento fletor em uma seção transversal tem a
direção de um dos eixos principais de inércia, onde estes eixos estão associados com o menor
e maior valor de inércia de tal seção. Quando a seção possui alguma simetria, caracteriza-se
esta como sujeita à flexão normal quando o plano de ação do momento fletor for perpendicular
ao eixo de simetria. Quando o momento solicita a seção em qualquer outra direção diferente
dos eixos principais, ocorre a flexão oblíqua.
Ao se observar um esforço normal sendo aplicado em uma seção já sujeita à flexão, diz-
se que esta possui uma flexão composta, seja ela normal ou oblíqua. Schäffer (2006) define
ainda que um elemento está sujeito à flexão composta quando neste há solicitações conjuntas
de esforços normais, fletores e cisalhantes. Nesta seção será abordado somente o tipo de flexão
dita composta normal, com foco em vigas de seções transversais retangulares.
47
Com os valores de deformações específicas do concreto e do aço, podem-se obter os
valores de esforços normais e fletores de cálculo. Na literatura, é comum encontrar gráficos que
relacionem os pares de esforços de 𝑁𝑑 , normais, e 𝑀𝑑 , fletores, formando curvas únicas que
variam entre si de acordo com a área de aço da seção e a forma desta.
A distribuição de armaduras na seção dos elementos estruturais lineares pode ser feita
majoritariamente de duas formas: Com distribuição de armadura não simétrica nas faces da
seção ou com a simetria de armadura entre as faces. Em casos de elementos onde o sentido do
momento é incerto, a depender da situação de carga à qual este elemento está submetido, é
natural que se adote o segundo caso para se considerar qualquer situação possível. Porém, em
elementos com forças normais associadas a momentos fletores de sentido definido, pode haver
uma necessidade de se distribuir as armaduras em organizações mais distintas.
De acordo com Fernandes (2006) e com o item 17.2.2 da ABNT NBR 6118:2014,
podem ocorrer 4 situações de flexão composta normal:
Tendo em mente a hipótese de uma seção genérica de concreto armado com um eixo de
simetria, onde as solicitações normais atuam no plano de flexão que o cruza, admite-se duas
armaduras principais 𝐴𝑠 e 𝐴′𝑠 , que resistem à força normal 𝑁𝑢 e ao momento fletor 𝑀𝑢 ,
aplicados no centro de gravidade desta seção. Com isso, pode-se analisar a figura 10:
Figura 10 - Seção genérica submetida à flexão composta normal. Fonte: Fernandes (2006).
48
Onde:
𝑥 → Distância da linha neutra até a borda mais comprimida ou menos tracionada da seção;
𝑀𝑢
𝑒= Equação 32
𝑁𝑢
Já a excentricidade de 𝑁𝑢 em relação ao centro de gravidade de 𝐴𝑠 é:
(𝑑 − 𝑑 ′ )
𝑒𝑠 = 𝑒 + Equação 33
2
Ambas as excentricidades podem ser mais bem interpretadas com a figura 11:
49
Figura 11 – Esquema de excentricidades na seção submetida à flexão composta normal. Fonte: Fernandes (2006).
Com as grandezas mostradas nas figuras 10 e 11, pode-se obter as seguintes equações
de equilíbrio para o Estado Limite Último:
𝑁𝑢 = 𝑅𝑐 + 𝑅𝑠 ′ + 𝑅𝑠 Equação 34
𝑁𝑢 ∙ 𝑒𝑠 = 𝑅𝑐 ∙ 𝑧𝑐 + 𝑅𝑠′ ∙ (𝑑 − 𝑑 ′ ) Equação 35
ℎ
𝑁𝑢 = ∫ 𝑏𝑦 ∙ 𝜎𝑐𝑦 ∙ 𝑑𝑦 + 𝐴′𝑠 ∙ 𝜎𝑠′ + 𝐴𝑠 ∙ 𝜎𝑠
0 Equação 36
ℎ
𝑁𝑢 ∙ 𝑒𝑠 = ∫ 𝑏𝑦 ∙ 𝜎𝑐𝑦 ∙ 𝑑𝑦 ∙ (𝑑 − 𝑑 ′ ) + 𝐴′𝑠 ∙ 𝜎𝑠′ ∙ (𝑑 − 𝑑′ )
0 Equação 37
Onde:
50
2.3.7. Cálculo das armaduras quanto aos esforços de cisalhamento
Antes de todo o cálculo de armadura, a norma prevê que se verifique o que Pinheiro
(2007) chama de compressão nas bielas, onde deve ser satisfeita a seguinte condição:
Onde 𝑉𝑠𝑑 é a força cortante solicitante de cálculo e 𝑉𝑅𝑑2 é a força cortante resistente de
cálculo, relativa à ruína da biela. A norma citada prevê dois modelos de cálculo, fazendo
“analogia com modelo de treliça de banzos paralelos, associado a mecanismos resistentes
complementares desenvolvidos no interior do elemento estrutural e traduzidos por uma
componente adicional 𝑉𝑐 ”. 𝑉𝑐 , neste caso, é a parcela do esforço cortante solicitante que é
suportado por esses mecanismos complementares.
Onde:
𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑣2 = (1 − ) Equação 40
250
51
Pode-se então prosseguir com o cálculo da armadura transversal. Faz-se a seguinte
verificação:
Aqui, temos:
𝑉𝑅𝑑3 → É a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;
Como se deseja calcular a armadura que resiste a esses esforços, reorganiza-se a equação
41 para:
Com isso, temos as seguintes considerações, listadas na seção 17.4.2.2 da ABNT NBR
6118:2014:
𝐴𝑠𝑤
𝑉𝑠𝑤 = ( ) ∙ 0,9 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑤𝑑 ∙ (𝑠𝑒𝑛 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 𝛼)
𝑠
Onde:
52
valores superiores a 435 MPa; entretanto, no caso de armaduras transversais ativas, o acréscimo
de tensão devida à força cortante não pode ultrapassar a diferença entre 𝑓𝑝𝑦𝑑 e a tensão de
protensão, nem ser superior a 435 MPa;
𝑀𝑆𝑑,𝑚á𝑥 → É o momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise, que pode ser
tomado como o de maior valor no semitramo considerado (para esse cálculo não se consideram
os momentos isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos).
Encontrando o valor de 𝑉𝑠𝑤 , e adotando estribos verticais, com 𝛼 = 90º, a área dos
estribos por unidade de comprimento é dada por:
𝐴𝑠𝑤 𝑉𝑠𝑤
𝑎𝑠𝑤 = = Equação 43
𝑠 0,9 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑤𝑑
Com os valores de bitolas usuais, usa-se de simples regra de três para detalhar os estribos
a serem utilizados.
As taxas geométricas de armadura, segundo Schäffer (2006), são razões entre a área da
seção da armadura e a seção de concreto. De forma bem simples, as taxas referentes às
armaduras longitudinais de vigas são calculadas considerando as dimensões das barras de aço
e do concreto em uma seção transversal à viga. Assim, tem-se o seguinte cálculo:
𝐴𝑠
𝜌𝑠 = Equação 44
𝐴𝑐
No que diz respeito ao cálculo de taxas de armadura transversal, deve-se ter em mente
que o modelo de cálculo usado no dimensionamento das armaduras resistentes aos esforços de
53
cisalhamento considera que a tensão de cisalhamento se distribui em uma área de 𝑏𝑤 ∙ 𝑑, ou
seja, o produto da largura da viga pela altura útil da seção. Esta forma de cálculo é a mesma
seguida por Wight E MacGregor (2012) onde a taxa de armadura transversal, então, é calculada
pela razão entre a área de aço necessária, calculada conforme a seção 2.3.7, pelo valor de área
da seção considerada no cálculo da tensão na seção. Assim, o equacionamento fica:
𝐴𝑠𝑤
𝜌𝑠𝑤 = Equação 45
𝑏𝑤 ∙ 𝑑
54
3. MÉTODO APLICADO
Aqui serão apresentados o software TQS, os conceitos e parâmetros utilizados na
análise, com foco na ação do vento. Será introduzida também a planta arquitetônica escolhida
e o número de pavimentos de cada edifício que será estudado, e quaisquer considerações
pertinentes ao correto dimensionamento das vigas dos edifícios em estudo.
De forma mais clara, esta seção apresentará os parâmetros e considerações adotados nos
edifícios de estudo, para as alturas de 5, 10, 15, 20, 25 e 30 pavimentos. Todos os edifícios
tiveram seus pés-direitos fixados em 3 metros, em todos os pavimentos.
A análise apresentada neste estudo deve adotar algumas considerações para a correta
simulação da ação do vento em uma edificação. No software TQS, observa-se a janela da figura
12, onde se podem inserir as informações pertinentes à ação do vento na estrutura:
55
Assim, considerando que os edifícios deste trabalho se localizam na cidade de Manaus,
determinou-se que, pelo mapa de isopletas (figura 1), a velocidade básica do vento (𝑉0 ) é de 31
m/s.
O fator topográfico, ou do terreno, (S1), foi fixado em 1,0 (figura 13), logo se considerou
uma região plana ou fracamente acidentada. Para a determinação do fator S2, relativo à
rugosidade do terreno e das dimensões da edificação, a categoria de rugosidade foi fixada no
tipo IV (figura 14), considerando terrenos com obstáculos numerosos e pouco espaçados,
característico das regiões mais urbanizadas da cidade de Manaus e com maior concentração de
edifícios de porte elevado.
Finalmente, o fator S3, relativo aos conceitos estatísticos relacionados com a finalidade,
segurança e vida útil da edificação, foi definido como 1,0, se referindo a edificações em geral,
como hotéis e residências (figura 16).
57
Figura 17 - Ângulos de ação do vento definidos no software TQS. Fonte: Autor.
do ábaco da figura 18, descritas no software com caracteres maiúsculos, foram explicadas na
seção 2.1.5 deste trabalho.
58
Quanto ao ábaco escolhido para cada edificação, usaram-se como referência os dados
do estudo de Pinheiro (2018), com o qual este trabalho busca prosseguir. Então considerou-se
uma altura média de 36 metros para as construções vizinhas. Com isso, e sabendo que o pé-
esquerdo – a distância de piso a piso de uma edificação – adotado por pavimento foi de 3 metros,
os edifícios em zonas de baixa turbulência foram aqueles com altura superior a 72 metros, ou
seja, os prédios de 25 e 30 pavimentos. Os demais, cuja altura é inferior a 72 metros, foram
inseridos como em zonas de alta turbulência. Todas as premissas relativas à turbulência são
baseadas nos critérios comentados no item 2.1.5 deste trabalho.
Figura 19 - Tela de edição dos parâmetros dos materiais no software TQS. Fonte: Autor.
59
O tipo de concreto estrutural utilizado foi o tradicionalmente armado. Já a classe de
agressividade ambiental escolhida foi a II – Moderada – Urbana, caracterizada na tabela 6.1 da
ABNT NBR 6118:2014 como de pequeno risco de deterioração da estrutura.
De tal maneira, adotaram-se valores de 𝑓𝑐𝑘 tabelados, maiores à medida que o número
de pavimentos aumentava, de forma a compensar o aumento das cargas oriundo deste acréscimo
de pavimentos. De forma resumida, a tabela 5 traz os valores de 𝑓𝑐𝑘 adotados para cada situação
do trabalho.
Tabela 4 - Resistências à compressão adotadas para cada edifício de estudo. Fonte: Autor.
60
Figura 20 - Tela de edição de cobrimentos no software TQS. Fonte: Autor.
61
3.3. ARQUITETURA ADOTADA
A planta arquitetônica que serviu de base para elaborar o projeto estrutural foi a mesma
utilizada por Pinheiro (2018) e se encontra exposta na figura 21, sendo uma planta baixa de
formato “H” com 4 apartamentos, 2 elevadores, uma escada e um hall central. O térreo do
edifício foi considerado com apenas 3 apartamentos, com um hall de entrada substituindo o
apartamento omitido (figura 22).
PCF
APARTAMENTO 2 APARTAMENTO 1
HALL
APARTAMENTO 3 APARTAMENTO 4
HALL
62
A cobertura é o único pavimento que não possui cargas de parede, considerando-o
apenas como o fechamento dos espaços do último pavimento tipo, do shaft e do poço do
elevador. A área construída por pavimento tipo foi de aproximadamente 390 m², com um pé-
esquerdo de 3 metros.
Como o objetivo deste estudo é avaliar as variações nas taxas de armadura de vigas, os
outros parâmetros relativos a pilares e lajes foram mantidos constantes ou adaptados para
permanecerem os mais próximos possíveis dos usados pelo prévio trabalho de Pinheiro (2018),
cujo foco era a avaliação da taxa de armadura de pilares.
Os lances e patamares das escadas dos edifícios são idênticos. A espessura adotada para
todos os lances foi de 10 centímetros, sendo um valor usual para os vãos considerados. Todo o
cálculo envolvendo o dimensionamento dos espelhos, passos e número de degraus foi feito de
forma automática através da interface de calculadora de elementos inclinados presente no
programa (figura 23).
Deve-se ter em mente que a forma da escada foi escolhida e adequada de acordo com
Instrução Técnica Nº. 11/2018 do Corpo de Bombeiros da cidade de São Paulo, que trata de
saídas de emergência e também é referência para a região deste estudo.
63
Os prédios dispõem de 2 elevadores, sendo um de serviço e um social. As dimensões
previstas para ambos são de 1,82 m x 1,75 m, as mesmas utilizadas por Pinheiro (2018) e acima
dos valores mínimos recomendados pelos fabricantes mais usuais, como a ATLAS
SCHINDLER S.A., que define as dimensões mínimas partindo de 1,6 m x 1,6 m.
64
3.4. PREMISSAS DE DIMENSIONAMENTO
Para cada edifício, tentaram-se adequar as dimensões das seções transversais das vigas
para que os valores das taxas de armadura obtidas ao final do processamento do edifício
atendessem os limites superior e inferior que a norma ABNT NBR 6118:2014 estipula para
estes elementos lineares.
A tabela 17.3 da ABNT NBR 6118:2014, reproduzida na figura 25, limita a taxa mínima
de armadura de flexão de vigas com seção retangular, para diferentes valores 𝑓𝑐𝑘 :
Figura 25 - Valores de taxa mínima de armadura de flexão de vigas. Fonte: ABNT NBR 6118:2014.
Desta forma, cada edifício teve as dimensões das suas vigas reproduzidas igualmente ao
longo de todos os seus pavimentos, variando apenas os valores de carga atribuídos a estas no
pavimento da cobertura. As dimensões das vigas só variaram entre edifícios de alturas
diferentes, ao se perceber que edifícios mais altos requerem elementos estruturais mais
robustos. As dimensões de pilares e lajes foram os mesmos usados por Pinheiro (2018), com
as espessuras de lajes fixadas em 10 centímetros para todos os edifícios e com as dimensões da
seção transversal dos pilares sendo aumentadas à medida que se acrescia o número de
pavimentos. Assim, os edifícios mais altos tiveram os pilares com maior seção transversal, com
esta seção sendo mantida constante ao longo de toda a altura do edifício.
65
valores de comprimento e altura do bloco especificado. Para o cálculo das cargas, deve-se
especificar ainda a altura da parede, parâmetro que se insere no TQS para que ele processe as
cargas automaticamente sobre uma determinada viga. Essas cargas de alvenaria são
consideradas lineares pelo software.
A altura das paredes foi inserida variando seu valor de acordo com a altura da viga
imediatamente superior à qual a parede está apoiada. Assim, se a viga imediatamente superior
tivesse altura de 60 centímetros, a altura de parede seria o valor do pé-esquerdo subtraído da
altura desta viga superior, ou seja, 2,4 metros.
V1 20/40 V2 20/40
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9
L1 L2 L3 L4
h=10 h=10 h=10 h=10
V3 20/50
P1 P2 P3 P4 P5 P6
20/25 20/50 20/50 20/25
CL BLOCO19 H2.9
20/40 20/40
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9
E1 E4 CL BLOCO19 H2.9
L5 L6 h=10
h=10 L7 L8
h=10 h=10 h=10 h=10
CL BLOCO19 H2.9 CL BLOCO19 H2.9
V4 20/40
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9
Desce
V13
L18
20/40
h=10
V5 20/50
V6 20/50
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9
V7
L14 L15 20/40 L16 L17
h=10
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9
V17 20/50
V11 20/50
V12 20/50
V16 20/50
20/50
V15
V8 20/50 V9 20/50
66
V1 20/40 V2 20/40
4.7 4.7 4.7 4.7
L1 L2 L3 L4
1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 h=10 VE 20/40 h=10 h=10
P1 P2 2.5 P5 P6
20/25 20/50 P3 L19 P4 20/50 20/25
20/40 20/40
Desce
h=10
1.31
4.7 4.7 4.7 4.7
1 E1 E2
h=10
L5 L6 h=10 L7 L8
5.8
5.8
5.8
5.8
Desce
L18
h=10
20/40
1.72
V13
V5 20/50 2.5
P7 P8 P9 P10 P11 P12
20/35 20/40 20/45 20/45 20/40 20/35
67
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7
4.65
4.65
4.65
4.65
4.65
V6 20/50
1.75 1.75
V7
L14 L15 20/40 L16 L17
h=10 h=10 h=10 h=10
4.42
4.42
4.42
4.42
V10 20/50
V17 20/50
V11 20/50
V12 20/50
V15
V16 20/50
V8 20/50 V9 20/50
1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 h=10 VE 20/40 h=10 h=10
P1 2.5 P2
P3 25/80 L19 25/80 P4
Desce
P5 h=10 P6
1.31
20/60 20/60
20/85 20/85
4.7 4.7 4.7 4.7
1
E1
h=10 E2
L5 L6 h=10 L7 L8
5.8
5.8
5.8
5.8
Desce
L18
h=10
20/40
1.72
V13
V5 20/50 2.5
P7 P8 P9 P10
20/110 20/120 20/120 20/110
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7
68
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10
4.65
4.65
4.65
4.65
4.65
V6 20/50
20/40
V14
4.7 4.7 20/75 4.7 4.7
1.82
1.82
1.75
V7 1.75
L14 L15 20/40 L16 L17
h=10 h=10 h=10 h=10
4.42
4.42
4.42
4.42
20/50
V11 20/50
V12 20/50
V15
V16 20/50
V8 20/50 V9 20/50
1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 h=10 VE 20/40 h=10 h=10
P1 2.5 P2
25/120 L19 25/120
Desce
P3 h=10 P4
1.31
20/85
P5 P6 20/85
25/95 25/95
4.7 4.7 4.7 4.7
1 E1 E2
h=10
L5 L6 h=10 L7 L8
5.8
5.8
5.8
5.8
Desce
L18
h=10
20/40
1.72
V13
V5 20/60 2.5
P7 P8 P9 P10
25/120 25/140 25/140 25/120
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7
69
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10
4.65
4.65
4.65
4.65
4.65
V6 20/50
4.42
4.42
4.42
4.42
V10 20/50
V17 20/50
V12 20/60
V15
V11 20/50
V16 20/50
V8 20/50 V9 20/50
1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 VE 20/40 h=10 h=10
P1 2.5 P2
4.7 25/1604.7 L19 4.7 25/1604.7
Desce
h=10
1.31
P3 P4
20/110 P5 P6 20/110
25/140 25/140
1 E1
h=10 E2
L5 L6 h=10 L7 L8
5.8
5.8
5.8
5.8
Desce
L18
h=10
20/40
1.72
V13
V5 20/60
2.5
P7 P8 P9 P10
25/140 30/120 30/120 25/140
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7
70
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10
4.65
4.65
4.65
4.65
4.65
V6 20/50
20/40
V14
1.82
1.82
1.75
V7 1.75
L14 L15 P14 L16 L17
20/40 25/180
h=10 h=10 h=10 h=10
4.42
4.42
4.42
4.42
20/60
V11 20/50
V12 20/60
V15
V16 20/50
V8 20/50 V9 20/50
1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 VE 20/40 h=10 h=10
P1 2.5 P2
30/150 L19 30/150
Desce
4.7 4.7 h=10 4.7 4.7
1.31
P3 P4
25/130 25/130
P5 P6
30/180 30/180
E1
h=10 E2
L5 L6 1 h=10 L7 L8
5.8
5.8
5.8
5.8
L18
Desce
h=10
20/40
1.72
V13
V520/60 2.5
P7 P8 P9 P10
25/180 30/150 30/150 25/180
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7
71
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10
4.65
4.65
4.65
4.65
4.65
h=10 h=10
h=10
V6 20/50
20/40
4.7 4.7 4.7 4.7
V14
1.82
1.82
1.75 1.75
V7
L14 L15 20/40 L16 L17
h=10 h=10 P14 h=10 h=10
4.42
4.42
4.42
4.42
25/220
V10 20/50
V17 20/50
20/60
V11 20/50
V12
V15
V16 20/50
V8 20/50 V9 20/50
1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/60 h=10 h=10 VE 20/40 h=10 h=10
P1 2.5 P2
25/220 L19 25/220
Desce
4.7 4.65 h=10 4.65 4.7
1.31
P3 P5 P6 P4
25/180 25/180
30/200h=10
E1 E2 30/200
L5 L6 h=10
L7 L8
h=10 1 h=10
5.78
5.78
5.78
5.78
h=10 h=10
V4 20/40
L18
Desce
h=10
1.7
20/40
V13
V525/60 2.5
P7 P8 P9 P10
25/180 30/160 30/160 25/180
4.7 4.65 3.7 4.65 4.7
72
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10
4.62
4.62
4.62
4.62
h=10
4.62
h=10 h=10
V6 20/60
20/40
V14
1.82
1.82
1.75
V7 1.75
L14 L15 20/40 P14 L16 L17
h=10 h=10 h=10 h=10
4.42
4.42
4.42
4.42
V10 20/60
V17 20/60
30/220
25/60
V11 20/60
V12
V15
V16 20/60
V8 20/60 V9 20/60
Esta seção foi baseada nas informações dadas pela TQS Informática Ltda. acerca do seu
programa de cálculo estrutural, o TQS. O sistema CAD/TQS realiza todo o dimensionamento,
detalhamento e desenho das vigas dentro do sub-sistema CAD/Vigas, localizado no painel do
gerenciador do programa. De acordo com a TQS Informática, os esforços calculados são
obtidos através de uma análise de modelo de pórtico espacial, considerando ações do vento,
peso próprio de lajes-grelha, vigas, pilares e sobrecargas.
𝐼 é o momento de inércia de uma seção equivalente do pilar que será considerada na rigidez da
ligação e 𝐿 é o pé-direito do pilar.
73
O dimensionamento aos esforços de cisalhamento é feito independentemente para cada
vão. O programa ainda permite a escolha do modelo de cálculo, onde o escolhido para este
trabalho foi o modelo I, com bielas a 45º.
À medida que se reduziu o número de pavimentos, foram sendo feitas uma série de
adequações, acerca das dimensões dos elementos das vigas e pilares e parâmetros de
estabilidade, de materiais e de vento, como já comentado em seções anteriores.
Após o processamento dos edifícios, as taxas de armadura e outros parâmetros das vigas
puderam ser obtidos de forma resumida em um relatório do próprio software, sendo listadas as
taxas de armadura de cada uma das vigas, e para cada pavimento. A figura 33 ilustra onde se
encontra o resumo estrutural no software TQS, obtido para cada edifício.
74
Figura 33 - Localização do Resumo estrutural do edifício na interface do programa. Fonte: Autor.
Pode-se observar que uma das colunas deste relatório há um 𝜌𝑠 (%), que representa a
taxa entre a área de armadura longitudinal e a área de concreto presentes na seção transversal
do elemento estrutural, desconsiderando as áreas de aço relativas à armadura lateral. Os valores
de 𝜌𝑠 listados no relatório mostram o intervalo de taxas de uma mesma viga, do mínimo ao
máximo.
O TQS mostra um intervalo de valores porque, para diferentes seções de uma mesma
viga, podemos ter diferentes taxas de armadura a depender do dimensionamento de cada trecho.
Por exemplo, um vão de uma viga contínua pode necessitar de uma quantidade de aço maior
ou menor que outros vãos da mesma viga, o que gera uma diferença de taxas de armadura entre
as seções transversais desses vãos.
Uma outra coluna mostra a taxa de armadura transversal, identificada por 𝜌𝑠𝑤 (%).
Novamente, a taxa é exibida no resumo estrutural com intervalo, do menor ao maior valor para
cada viga. Novamente, essa diferença ocorre devido aos diferentes dimensionamentos da
75
armadura ao longo da viga, que dependem do quão solicitada é determinada seção, neste caso,
quanto aos esforços cortantes.
Exatamente com os resultados do resumo estrutural, tanto de 𝜌𝑠 quanto de 𝜌𝑠𝑤 , que este
trabalho analisará as variações de taxa nos capítulos posteriores, através da diferença percentual
entre as taxas calculadas com vento e sem vento.
Como exemplo de cálculo de taxa de armadura longitudinal, para a viga V15 da figura
34, temos uma taxa máxima de 3,22%. O corte longitudinal desta viga, identificado na figura
35, mostra que no seu segundo vão, entre os pilares P14 e P9, temos em uma determinada seção
transversal próxima do pilar 14 com 6 𝜙 20 mm e 6 𝜙 25 mm, sendo estas as armaduras
positivas e negativas respectivamente.
2,0 2 2,5 2
6×𝜋×( 2 ) +6×𝜋×( 2 )
𝜌𝑠 = = 0,0322 = 3,22%
25 × 60
30
R=18.8
50
(1 Ø 2aCAM)
2 N6 Ø 20 C=215
(1 Ø 2aCAM) 141 470
106
2 N4 Ø 25 C=435 2 N9 Ø 25
R=18.7
50
(2 Ø 2aCAM) C=520
(1 Ø 2aCAM, 1 Ø 3aCAM)
61
A
C
B
N19 C/20
4Ø8
N18 C/12 N19 C/18 N18 C/15 N19 C/25 N18 C/15 N18 C/15 N19 C/18 N18 C/15
11 Ø 6.3 7Ø8 11 Ø 6.3 7Ø8 11 Ø 6.3 10 Ø 6.3 10 Ø 8 9 Ø 6.3
3 Ø 12.5 + 4 Ø 25 6 Ø 25 6 Ø 25 2 Ø 25 5 Ø 20 3 Ø 20 + 3 Ø 25 5 Ø 25 7 Ø 25 7 Ø 25
1 Ø 6.3
2X3 Ø 8 2X3 Ø 8 2X3 Ø 8 2X3 Ø 8
4X1 Ø 10
3
V4 V2
77
5 Ø 20 6 Ø 20 4 Ø 16 2 Ø 6.3
P17 P14 P9 P6
A
C
B
24
(costela)
2x3 N22 Ø 8 C=443
6
52 (1 Ø 2aCAM)
2 N13 Ø 20 C=250
52
Figura 35 - Corte longitudinal da viga V15 do pavimento 7 do edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.
2 N12 Ø 20 C=480
177 148
12
R=8 41
30
310 52 2 N14 Ø 6.3
5 N10 Ø 20 C=340 2 N11 Ø 20 C=565 4 N15 Ø 16 C=480 C=160
Agora, exemplificando o cálculo da taxa de armadura transversal, para a mesma viga
V15 das figuras 34 e 35 temos um 𝜌𝑠𝑤 máximo de 0,39%. Essa taxa, como mostrado no capítulo
anterior, é calculada de forma diferente da armadura longitudinal, onde precisamos do valor da
área de armadura necessária, da largura e da altura útil da seção. O relatório de esforços
cisalhantes da viga V15, apresentado na figura 36, mostra que a taxa de 0,39% ocorreu na faixa
2 do 1º vão.
78
Com estes valores, podemos calcular a taxa de armadura transversal da seguinte forma:
5,5
𝜌𝑠𝑤 = = 0,00397 = 0,397%
25 × 55,4
O processamento dos edifícios no software TQS, versão 21.9, foi feito em um notebook
com processador Intel® Core™ i5-8265U de 8ª Geração e 6 MB de Cache, com frequência de
operação normal de 1,60 GHz a 3,90 Ghz com tecnologia Intel® Turbo Boost, memória RAM
de 8,00 GB e placa gráfica de 2,00 GB. Tendo isso em mente, o tempo de processamento de
cada um dos edifícios está representado na tabela 5:
Tipo de 5 10 15 20 25 30
TOTAL
edifício pavimentos pavimentos pavimentos pavimentos pavimentos pavimentos
Com
06’07,59” 12’03,03” 18’25,30” 25’08,24” 30’32,86” 36’58,64” 129’15,66”
vento
Sem
05’08,39” 10’54,83” 16’32,19” 22’34,04” 27’54,64” 33’21,04” 116’26,69”
vento
É interessante observar que houve uma redução média de 2 minutos nos processamentos
sem a consideração das ações do vento, em comparação com os tempos de processamento dos
edifícios que consideraram o vento.
79
Figura 37 - Tela de processamento global de edifícios no software TQS. Fonte: Autor.
80
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados foram obtidos ao fim dos processamentos dos edifícios, para as suas
diferentes alturas e considerações da ação do vento, e passaram por tratamento no software
Excel pertencente ao Microsoft Office 2019.
Essa análise foi feita tanto para as armaduras longitudinais de flexão quanto para as
armaduras transversais, tendo em vista que o software gera automaticamente as taxas destas.
Ainda foi feita uma média de cada edifício, de forma a acompanhar de forma mais geral como
se comporta cada edifício processado.
Porém, antes de toda a análise sobre as armaduras, a seção a seguir mostrará resultados
de estabilidade dos edifícios, de forma a mostrar um dos parâmetros norteadores na definição
das dimensões de vigas e pilares adotados.
A última seção de resultados abordará uma média das armaduras de todas as vigas por
edifício, além de fazer uma análise do total de massa de aço obtida no detalhamento das vigas
por edifício.
81
Tabela 6 - Valores de 𝛾𝑧 para edifícios de diferentes alturas. Fonte: Autor.
Vê-se que os valores de 𝛾𝑧 foram maiores na direção de 90º e 270º, ou seja, na direção
perpendicular à maior dimensão do edifício, todos os valores figuraram entre 1,1 e 1,3, com os
edifícios sendo então classificados como de nós móveis. As direções adotadas são vistas de
forma mais clara na figura 38, que mostra os eixos principais adotados para o edifício 30
pavimentos, com o maior valor de 𝛾𝑧 para este caso identificado.
82
Tabela 7 - Deslocamentos horizontais absolutos por edifício. Fonte: Autor.
Nº de DeslH DeslH
Pavimentos (cm) limite (cm)
5 0,26 0,88
10 0,58 1,76
15 0,97 2,65
20 1,29 3,53
25 2,39 4,41
30 2,81 5,29
5,5
4,5
Delocamento horizontal (cm)
3,5
2,5
1,5
0,5
-0,5 0 5 10 15 20 25 30 35
Número de pavimentos
83
Já as considerações sobre a variação de taxas por viga individual priorizaram os
resultados referentes a taxas de armadura longitudinal, por terem um maior impacto na
quantidade de aço do edifício e refletirem as vigas mais carregadas.
84
máximos foram semelhantes. Os valores mínimos se mantiveram constantes ao longo de toda
a edificação, com exceção da taxa longitudinal da cobertura, que aumentou.
As vigas que possuíram maior variação de taxa de armadura longitudinal neste edifício
foram a V3, V5, V10, V12 e V17, com variações entre 10% e 20%. O maior valor de variação
foi na viga V3, com uma diferença de 20,69% nos três primeiros pavimentos tipo. Assim, em
uma vista superior do edifício, a maior influência foi tanto em vigas periféricas quanto em
centrais. A tabela 11 mostra o relatório das vigas do pavimento tipo 3, sendo L os tamanhos dos
vãos e H/L a razão entre a altura da viga, variando para cada vão:
Tabela 11 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 5 pavimentos. Fonte: Autor.
Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,59 0,59 0,00
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,59 0,59 0,00
V3 3,9 a 4,8 5 20 x 50 0,10 a 0,13 1,05 0,87 20,69
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,0 a 4,8 5 20 x 50 0,10 a 0,12 0,88 1,01 -12,87
V6 3,9 a 4,8 5 20 x 50 0,10 a 0,13 2,13 1,97 8,12
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,57 0,57 0,00
V8 9,8 a 9,8 1 20 x 50 0,05 a 0,05 1,85 1,85 0,00
V9 9,8 a 9,8 1 20 x 50 0,05 a 0,05 1,85 1,85 0,00
V10 1,5 a 9,4 3 20 x 50 0,05 a 0,34 2,36 2,04 15,69
V11 1,4 a 6,0 4 20 x 50 0,08 a 0,35 2,61 2,53 3,16
V12 1,6 a 5,9 4 20 x 50 0,09 a 0,31 0,87 0,81 7,41
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 1,28 1,28 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 1,6 a 5,9 4 20 x 50 0,09 a 0,31 1,5 1,5 0,00
V16 1,4 a 6,0 4 20 x 50 0,08 a 0,35 2,61 2,53 3,16
V17 1,5 a 9,4 3 20 x 50 0,05 a 0,34 2,36 2,04 15,69
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,47 0,47 0,00
Para este prédio, então, observou-se uma maior influência do vento nos pavimentos tipo
inferiores. Estes resultados surpreendem porque, com apenas 15 metros de altura, já se pode ter
uma dimensão da importância da ação do vento em projetos estruturais de edifícios.
85
4.2.2. Edifício de 10 pavimentos
86
Tabela 14 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 10 pavimentos. Fonte: Autor.
87
Cabe destacar que os esforços normais presentes nas vigas são decorrentes dos esforços
cortantes aos quais os pilares do edifício estão resistindo, uma vez que o modelo estrutural
considerado no dimensionamento é o de pórtico espacial, que considera as ligações de pilares
e vigas e não somente estes como elementos isolados.
Quanto às taxas máximas e mínimas, foram obtidos valores bem próximos para todos
os pavimentos tipo, não havendo uma diferença quanto a consideração ou não da ação do vento.
Pode-se observar disto que as maiores variações de armadura devido a esta ação podem ter
ocorrido principalmente para a vigas com taxas mais intermediárias. Ainda, os valores mínimos
obtidos para o edifício de 10 pavimentos foram idênticos aos do edifício de 5 pavimentos.
A maior taxa observada neste edifício foi na viga V12 do terceiro pavimento, uma viga
central, com uma variação de taxa de 102,38% na sua armadura longitudinal. As maiores
variações individuais foram nas vigas mais centrais, dentre elas a V3, V6, V8, V9, V12 e V15.
O relatório que traz a taxa máxima da viga V12 pode ser visto na tabela 15.
Tabela 15 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 10 pavimentos. Fonte: Autor.
Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,66 3,03
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,66 3,03
V3 3,9 a 4,7 5 20 x 50 0,11 a 0,13 1,31 0,96 36,46
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,0 a 8,0 3 20 x 50 0,06 a 0,12 3,87 3,87 0,00
V6 3,9 a 4,7 5 20 x 50 0,11 a 0,13 2,13 1,72 23,84
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,57 0,57 0,00
V8 9,5 a 9,5 1 20 x 50 0,05 a 0,05 2,51 2,2 14,09
V9 9,5 a 9,5 1 20 x 50 0,05 a 0,05 2,51 3,15 -20,32
V10 1,8 a 9,0 3 20 x 50 0,06 a 0,28 1,97 1,88 4,79
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 3 3,08 -2,60
V12 2,0 a 5,4 4 20 x 50 0,09 a 0,25 1,7 0,84 102,38
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 1,28 1,28 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,0 a 5,4 4 20 x 50 0,09 a 0,25 2,17 1,36 59,56
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 3 3,08 -2,60
V17 1,8 a 9,0 3 20 x 50 0,06 a 0,28 1,97 1,88 4,79
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,39 0,47 -17,02
Então, para este edifício, notou-se novamente uma maior influência do vento nos
pavimentos tipo mais baixos, sobretudo nos pavimentos tipo 2 a 5.
88
4.2.3. Edifício de 15 pavimentos
89
Tabela 18 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 15 pavimentos. Fonte: Autor.
A partir dos resultados de taxas máximas, pode-se perceber um pequeno aumento das
taxas dos pavimentos mais inferiores, quando se vê os resultados com a ação do vento.
Entretanto, há taxas de armadura longitudinal maiores no edifício sem o vento, onde o valor
máximo de 𝜌𝑠 chegou a 3,15%. De maneira geral, houve um aumento das taxas máximas em
relação ao edifício de 10 pavimentos.
A maior taxa de armadura longitudinal observada neste edifício foi novamente na viga
V12, mas do quinto pavimento, com uma variação de taxa de 150,75%. As maiores variações
90
individuais foram nas vigas mais centrais, dentre elas, V3, V5, V6, V8, V9, V12 e V15. A tabela
19 ilustra esse resultado.
Tabela 19 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 15 pavimentos. Fonte: Autor.
Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,59 15,25
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,59 15,25
V3 4,0 a 4,5 5 20 x 50 0,11 a 0,13 1,27 0,81 56,79
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,1 a 7,8 3 20 x 60 0,08 a 0,15 2,98 2,29 30,13
V6 4,0 a 4,5 5 20 x 50 0,11 a 0,13 1,62 1,5 8,00
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,57 0,57 0,00
V8 9,5 a 9,5 1 20 x 50 0,05 a 0,05 2,51 3,08 -18,51
V9 9,5 a 9,5 1 20 x 50 0,05 a 0,05 2,51 3,15 -20,32
V10 2,0 a 8,4 3 20 x 50 0,06 a 0,25 1,97 1,66 18,67
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,29 2,68 -14,55
V12 2,1 a 5,3 4 20 x 60 0,11 a 0,28 1,68 0,67 150,75
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 1,28 1,28 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,1 a 5,3 4 20 x 60 0,11 a 0,28 1,81 0,87 108,05
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,29 2,68 -14,55
V17 2,0 a 8,4 3 20 x 50 0,06 a 0,25 1,97 1,66 18,67
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,39 0,47 -17,02
Este edifício apresentou, de forma similar aos mostrados anteriormente, uma maior
influência do vento nos pavimentos tipo inferiores, para as variações positivas de taxas médias
de armadura.
91
4.2.4. Edifício de 20 pavimentos
Os valores de Δ𝜌𝑠 médio para este edifício foram em grande parte positivas, atingindo
um pico de 23,217% no pavimento 5. Quanto à Δ𝜌𝑠𝑤 , há um comportamento semelhante das
grandezas de variações de taxa, com um pico de 8,615% no pavimento 5 também. Observou-se
então, para este edifício, um aumento significante das taxas em relação ao edifício de 15
pavimentos.
92
Tabela 21 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 20 pavimentos. Fonte: Autor.
93
Tabela 22 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 20 pavimentos. Fonte: Autor.
A maior taxa individual de armadura longitudinal foi novamente na viga V12, nos
pavimentos 6, 7 e 8, com uma variação de taxa de 214,29%. As maiores variações individuais
foram nas vigas mais centrais, dentre elas, V3, V6, V8, V9, V12 e V15. Em valores, todas as
vigas tiveram altas taxas de variação ao longo dos pavimentos do edifício, menos as vigas V4,
V7, V13 e V14. A tabela 23 exemplifica os resultados do pavimento tipo 6, com o máximo
referente à viga V12.
94
Tabela 23 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 20 pavimentos. Fonte: Autor.
Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,59 15,25
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,59 15,25
V3 4,0 a 4,3 5 20 x 50 0,12 a 0,13 1,27 0,88 44,32
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,49 0,49 0,00
V5 4,1 a 7,8 3 20 x 60 0,08 a 0,15 3,05 2,7 12,96
V6 4,0 a 4,3 5 20 x 50 0,12 a 0,13 1,97 1,5 31,33
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,57 0,57 0,00
V8 9,0 a 9,0 1 20 x 50 0,06 a 0,06 2,29 2,43 -5,76
V9 9,0 a 9,0 1 20 x 50 0,06 a 0,06 2,29 2,43 -5,76
V10 2,3 a 8,7 3 20 x 50 0,06 a 0,22 1,97 1,72 14,53
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,49 2,08 19,71
V12 2,6 a 4,9 4 20 x 60 0,12 a 0,23 1,98 0,63 214,29
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 0,83 0,83 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,6 a 4,9 4 20 x 60 0,12 a 0,23 1,98 1,19 66,39
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,49 2,08 19,71
V17 2,3 a 8,7 3 20 x 50 0,06 a 0,22 1,97 1,5 31,33
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,69 0,47 46,81
95
4.2.5. Edifício de 25 pavimentos
As Δ𝜌𝑠 médias deste edifício apresentaram um salto, atingindo valores 4 vezes maiores
que as variações de taxas de armadura longitudinal observadas no edifício de 20 pavimentos.
Aqui, não houve nenhum valor de variação negativa, com o pico de Δ𝜌𝑠 em 83,479% no
pavimento 6. Os valores de Δ𝜌𝑠𝑤 também foram superiores, com o pico sendo apresentado
também no pavimento 6, com a variação de 19,178%.
Esta impressão também é retratada nos valores de variação de taxa máxima da tabela
25, com valores de Δ𝜌𝑠 ainda maiores que os vistos no edifício de 20 pavimentos. As taxas
máximas de armadura longitudinal e transversal do prédio considerando a ação do vento
continuaram mostrando um aumento de taxa nos pavimentos inferiores, em contrapartida com
os valores praticamente constantes do edifício sem vento. Os valores mínimos de armadura
longitudinal da tabela 26 continuaram com nenhuma variação perceptível ao longo dos
96
pavimentos, mas os valores mínimos do edifício sem o vento foram menores que os valores do
edifício que considerou esta ação.
97
O maior volume de aumento de armadura ficou compreendido entre os pavimentos 3 a
11, para todas as análises. Assim, mais uma vez, se confirma um maior aumento das taxas nos
pavimentos inferiores.
98
Tabela 27 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 25 pavimentos. Fonte: Autor.
Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,8 0,59 35,59
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,99 0,59 67,80
V3 4,0 a 4,3 5 20 x 50 0,12 a 0,12 1,62 0,85 90,59
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,1 a 7,1 3 20 x 60 0,08 a 0,15 3,91 2,24 74,55
V6 4,0 a 4,1 5 20 x 50 0,12 a 0,13 2,01 1,41 42,55
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,85 0,39 117,95
V8 8,7 a 8,7 1 20 x 50 0,06 a 0,06 3,26 2,04 59,80
V9 8,7 a 8,7 1 20 x 50 0,06 a 0,06 3,26 2,04 59,80
V10 2,5 a 8,4 3 20 x 50 0,06 a 0,20 2,57 1,21 112,40
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,77 2,08 33,17
V12 2,7 a 4,9 4 20 x 60 0,12 a 0,22 3,27 0,67 388,06
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 0,83 0,83 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,7 a 4,9 4 20 x 60 0,12 a 0,22 3,27 0,87 275,86
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 3,46 2,08 66,35
V17 2,5 a 8,4 3 20 x 50 0,06 a 0,20 2,59 1,21 114,05
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,79 0,47 68,09
99
4.2.6. Edifício de 30 pavimentos
100
não apresentaram nenhuma variação ao longo dos pavimentos tipo, e apresentaram valores bem
próximos aos dos outros edifícios.
101
Tabela 30 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.
A maior taxa individual de armadura longitudinal ainda foi na viga V12, nos pavimentos
7, 8 e 9, com uma variação de taxa de 403,13%. Semelhante ao edifício de 25 pavimentos, as
maiores variações individuais foram nas vigas V3, V5, V6, V7, V8, V9, V12 e V15 e V17, ou
seja, quase todas as vigas mostraram grandes variações de taxa de armadura ao longo dos
pavimentos. A tabela 31 ilustra os resultados do pavimento tipo 7 deste edifício, com o valor
máximo referente à viga V12.
102
Tabela 31 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.
Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,9 0,59 52,54
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,9 0,59 52,54
V3 3,9 a 4,0 5 20 x 60 0,15 a 0,15 1,34 0,77 74,03
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,1 a 7,0 3 25 x 60 0,09 a 0,15 2,63 1,47 78,91
V6 3,9 a 4,0 5 20 x 60 0,15 a 0,15 1,55 0,87 78,16
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,66 0,39 69,23
V8 8,4 a 8,4 1 20 x 60 0,07 a 0,07 2,09 1,34 55,97
V9 8,4 a 8,4 1 20 x 60 0,07 a 0,07 2,09 1,34 55,97
V10 3,0 a 8,2 3 20 x 60 0,07 a 0,20 2,36 0,87 171,26
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 60 0,06 a 0,42 1,98 1,57 26,11
V12 2,7 a 4,9 4 25 x 60 0,12 a 0,22 3,22 0,64 403,13
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 0,94 0,94 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,7 a 4,9 4 25 x 60 0,12 a 0,22 3,22 0,9 257,78
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 60 0,06 a 0,42 1,98 1,29 53,49
V17 3,0 a 8,2 3 20 x 60 0,07 a 0,20 2,5 0,84 197,62
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,79 0,52 51,92
Pode-se observar que as vigas cujas taxas foram mais influenciadas pela ação do vento
estiveram compreendidas na região mais central dos edifícios, ao analisarmos uma vista
superior deste. Isso pôde ser observado principalmente nas vigas V12 e V15 dos edifícios de
10 a 30 pavimentos, tendo em vista que o edifício de 5 pavimentos mostrou valores máximos
locais de variação de taxa em vigas periféricas.
103
4.3. COMPORTAMENTO DAS TAXAS GEOMÉTRICAS DE ARMADURAS
POR EDIFÍCIO
A tabela 32 mostra os valores médios das vigas de cada edifício, com as variações das
taxas de armadura calculadas em relação ao valor dos edifícios sem a consideração da ação do
vento:
Tabela 32 – Médias dos valores médios de taxas de armadura para cada edifício. Fonte: Autor.
Nº de ρs médio por edifício (%) Variação ρsw médio por edifício (%) Variação
pavimentos com vento sem vento (%) com vento sem vento (%)
5 1,179 1,142 3,257 0,324 0,321 1,028
10 1,498 1,464 2,296 0,392 0,391 0,424
15 1,370 1,333 2,727 0,360 0,353 2,032
20 1,383 1,230 12,496 0,365 0,357 2,473
25 1,653 1,137 45,289 0,393 0,363 8,241
30 1,329 0,895 48,555 0,340 0,330 3,287
60,000
50,000
Variação das taxas
40,000
30,000
20,000
10,000
0,000
0 5 10 15 20 25 30 35
Número de pavimentos
Longitudinal Transversal
Figura 40 - Variação das taxas médias por número de pavimentos. Fonte: Autor.
104
A figura 41 ilustra a o comportamento das taxas de armadura longitudinal com o
aumento do número de pavimentos, usando os dados da tabela 32. Nesta figura, vê-se que os
edifícios de 5, 10 e 15 pavimentos tiveram valores de taxas semelhantes, enquanto que os 3
edifícios mais altos possuíram uma maior discrepância. Os edifícios sem o vento apresentaram
uma contínua redução das taxas a partir do edifício de 10 pavimentos, enquanto que os valores
entre os edifícios de 15 e 25 pavimentos, que consideraram o vento, exibiram um aumento de
taxa.
1,8
Taxas de armadura longitudinal
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Número de pavimentos
Com vento Sem vento
Figura 41 - Taxas de armadura longitudinal com e sem o vento para cada edifício. Fonte: Autor.
105
0,45
Figura 42 - Taxas de armadura transversal com e sem o vento para cada edifício. Fonte: Autor.
Tabela 33 - Variação das massas de aço para cada edifício com e sem a ação do vento. Fonte: Autor.
106
120
100
80
Massa de aço (t)
60
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Número de pavimentos
Com vento Sem vento
Figura 43 - Comportamento das massas de aço de cada um dos edifícios com e sem o vento. Fonte: Autor.
Da tabela 33, vê-se que ocorreu uma maior variação da quantidade de aço à medida que
se aumentou a quantidade de pavimentos, com a maior variação de massa de armadura
ocorrendo no edifício de 25 pavimentos e atingindo 48,392% de variação. A exceção foi o
edifício de 30 pavimentos, que mostrou uma variação inferior da massa de armadura em relação
ao edifício de 25 pavimentos. Já na figura 43, observa-se que houve um aumento da diferença
entre os valores de massa com e sem a ação do vento a partir do edifício de 20 pavimentos.
107
108
5. CONCLUSÕES
Foi observado que a ação do vento produziu maiores solicitações nos pavimentos mais
inferiores, e em razão disso, maiores taxas de armadura, para todos os edifícios estudados.
Como esperado, a maior altura do edifício aliada às considerações de ação do vento também foi
um fator fundamental no aumento das variações dessas taxas, tanto para as longitudinais quanto
as transversais.
A análise individual de cada viga permitiu identificar que as vigas com maior variação
de taxa de armadura foram aquelas mais localizadas ao centro do pavimento, em especial a viga
V12. Esta se mostrou a viga com maior variação em todos os edifícios com mais de 5
pavimentos, atingindo o valor máximo de 403,13% de variação no edifício de 30 pavimentos.
109
A análise da massa de aço empregada em cada um dos edifícios mostrou que houve uma
maior variação da quantidade de aço com o aumento da quantidade de pavimentos. O valor
máximo ocorreu no edifício de 25 pavimentos e atingiu 48,392% de variação. O edifício de 30
pavimentos apresentou uma variação inferior da massa de armadura em relação ao edifício de
25 pavimentos.
Comparando com os resultados de Souza (2019), viu-se que nas conclusões desta, o
vento não é tão influente nas taxas de armadura de sapatas nos edifícios estudados este tipo de
fundação – 5 e 10 pavimentos – enquanto que observou-se valores máximos de até 39,15% para
o edifício de 20 pavimentos, usando estacas. Já os resultados de Pinheiro (2018) mostraram que
a influência do vento é de fato maior nas taxas de armadura nos pilares, onde se alcançou
variações de taxas de até 693%. Assim, pode-se dizer que as vigas figuram como o segundo
elemento estrutural que é mais influenciado pela ação do vento.
110
5.1. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS
Este estudo, assim como os prévios trabalhos de PINHEIRO, Vitor (2018) e SOUZA,
Rúbia (2019), aos quais este buscou dar seguimento, mostrou resultados bastante interessantes
e alguns inesperados inclusive. Mesmo assim, sabe-se como é ampla a gama de assuntos e
setores dentro da Engenharia Civil e isto leva a mais questionamentos sobre como o vento atua
em estruturas. Deixa-se como sugestões de trabalho, então:
111
112
6. REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J. M. Curso de Concreto Armado - Vol. 1. 3ª edição. Rio Grande: Dunas, 2010.
ARAÚJO, J. M. Curso de Concreto Armado - Vol. 2. 3ª edição. Rio Grande: Dunas, 2010.
113
PINHEIRO, V. C. A. INFLUÊNCIA DA AÇÃO DO VENTO NAS TAXAS DE
ARMADURA DE PILARES EM EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO. Trabalho de
conclusão de curso em Engenharia Civil. Manaus: – Universidade Federal do Amazonas, 2018.
SCHÄFFER, Almir. Flexão composta. Curso de Concreto Armado II. Notas de Aula.
Faculdade de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, maio de
2006.
TAPAJÓS, L.S. et al. Effect of wind in the design of reinforced concrete buildings. Rev.
IBRACON Estrut. Mater., São Paulo, v. 9, n. 6, p. 883-910, Dec. 2016. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198341952016000600883&lng=en
&nrm=iso . Acesso em 21 nov. 2019.
114
WIGHT, James K. MacGREGOR, James G. Reinforced concrete: mechanics and design. –
6th ed. Upper Saddle River, NJ. Pearson Education, Inc., 2012.
115
116