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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

FÁBIO HENRIQUE FERREIRA GOMES

INFLUÊNCIA DA AÇÃO DO VENTO NAS TAXAS DE ARMADURA


DE VIGAS EM EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO

MANAUS

2019
FÁBIO HENRIQUE FERREIRA GOMES

INFLUÊNCIA DA AÇÃO DO VENTO NAS TAXAS DE ARMADURA


DE VIGAS EM EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia
Civil da Universidade Federal do
Amazonas como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de
Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Winston Junior Zumaeta Moncayo

MANAUS

2019
Ficha Catalográfica

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Gomes, Fábio Henrique Ferreira


G633i Influência da ação do vento nas taxas de armadura de vigas em edifícios
de concreto armado / Fábio Henrique Ferreira Gomes. 2019
116 f.: il. color; 31 cm.

Orientador: Winston Junior Zumaeta Moncayo


TCC de Graduação (Engenharia Civil) - Universidade Federal do
Amazonas.

1. Vigas de concreto armado. 2. Taxas de armadura. 3. Múltiplos


pavimentos. 4. Software TQS 21.9. 5. Ações do vento. I. Zumaeta
Moncayo, Winston Junior II. Universidade Federal do Amazonas III. Título
AGRADECIMENTOS
Agradeço por este trabalho à Deus, pelo infinito suporte ao longo de toda a minha vida,
à minha família que sempre facilitou meus caminhos, por mais difíceis que fossem.
Especialmente, à minha mãe, que pela sua luta diária me permitiu chegar aonde cheguei, e ao
meu pai, que não deixou 2.200 quilômetros serem motivos para não me ajudar.

À minha namorada, por toda a ajuda e carinho durante todo o curso.

Ao Doutor Winston Zumaeta que, além de ser um profissional exemplar, aceitou me


orientar sem hesitação e garantiu que eu sempre aprendesse e não somente produzisse uma
monografia, mesmo nas altas horas da madrugada.

Ao excelente corpo de professores disponibilizados aos estudantes de Engenharia Civil,


sem os quais eu não teria adquirido tanta experiência.

Aos amigos criados no ambiente da universidade, e todos que nela conheci e


colaboraram para minha formação nesses 5 anos.

À TQS Informática por disponibilizar uma licença do software TQS, e pelo rápido
suporte.
RESUMO
GOMES, F. H. F. Influência da ação do vento nas taxas de armadura de vigas em edifícios
de concreto armado. 2019. 116 p. Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Civil –
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2019.

O costume de elaborar construções de edifícios mais altos, e principalmente esbeltos, traz uma
necessidade crescente de se projetar com maior rapidez e menor custo. Um fator que deve ser
estudado e se origina dessa demanda é o efeito da ação do vento, que age predominantemente
na horizontal do edifício, modificando a distribuição de esforços em todos os seus elementos
estruturais. O objetivo deste trabalho foi estudar as variações de taxas de armadura de vigas
considerando as ações do vento aplicadas a edifícios, onde se compararam as taxas de armadura
longitudinal e transversal das vigas de edificações com 5, 10, 15, 20, 25 e 30 pavimentos,
obtidas considerando a ação do vento e desconsiderando-a. O dimensionamento e obtenção das
taxas foi totalmente realizado no software TQS, e ao final da análise foram gerados tabelas e
gráficos para avaliar o comportamento das variações de taxas por pavimento e por edifício
estudado. Verificou-se que a ação do vento produziu maiores solicitações nos pavimentos mais
inferiores, e em razão disso, maiores taxas de armadura, para todos os edifícios estudados. As
mudanças mais visíveis ocorreram a partir do edifício de 20 pavimentos, onde o maior valor de
variação média de armadura longitudinal por edifício foi 48,555%, no edifício de 30
pavimentos. A maior variação média de armadura transversal por edifício ocorreu no edifício
de 25 pavimentos, com 8,241%. A análise individual de cada viga permitiu identificar que as
vigas com maior variação de taxa de armadura foram aquelas mais localizadas ao centro do
pavimento, com uma delas atingindo o valor máximo de 403,13% de variação no edifício de 30
pavimentos.

Palavras-chave: Vigas de concreto armado; Taxas de armadura; Armadura longitudinal;


Armadura transversal; Múltiplos pavimentos; Software TQS 21.9; Ações do vento.
ABSTRACT

GOMES, F. H. F. Wind Influence on beam reinforcement rates in reinforced concrete


buildings. 2019. 116 p. Course conclusion work in Civil Engineering – Universidade Federal
do Amazonas, Manaus, 2019.

The goal of constructing taller, and especially slender, buildings brings an increasing need to
design with fewer resources and in shorter periods. One factor that must be studied and
originates from this demand is the effect of wind load, which acts predominantly on the
horizontal of buildings, modifying the distribution of loads in all its structural elements. The
objective of this final paper was to study the variations of beam reinforcement rates considering
the wind loads applied to buildings, where the longitudinal and transverse reinforcement rates
of beams were compared between buildings with 5, 10, 15, 20, 25 and 30 floors, with the rates
obtained considering the wind influence and disregarding it. The sizing and obtaining of the
rates was fully performed in the TQS software, and at the end of the analysis tables and graphs
were generated to evaluate the behavior of the rate variations per floor and per studied building.
It was found that the wind action produced higher stresses on the lower floors, and therefore,
higher reinforcement rates for all buildings studied. The most noticeable changes occurred after
the 20-story building, where the highest average value of longitudinal variation per building
was 48.555% in the 30-story building. The largest average variation of transverse reinforcement
per building occurred in the 25-floor building, with 8.241%. The individual analysis of each
beam showed that the beams with the greatest variation in reinforcement rate were those most
located in the center of the floor, with one of them reaching a maximum value of 403.13% of
variation in the 30-floor building.

Keywords: Reinforced concrete beams; Reinforcement rates; Longitudinal reinforcement;


Transverse reinforcement; Multiple floors; TQS Software 21.9; Wind actions.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de isopletas de velocidade básica. Fonte: ABNT NBR 6123:1988. .............. 24
Figura 2 - Fator topográfico 𝑆1(𝑧). Fonte: ABNT NBR 6123:1988. ...................................... 26
Figura 3 - Coeficientes de arrasto para edificações paralelepipédicas em vento de baixa
turbulência. Fonte: ABNT NBR 6123:1988. ............................................................................ 32
Figura 4 - Coeficientes de arrasto para edificações paralelepipédicas em vento de alta
turbulência. Fonte: ABNT NBR 6123:1988. ............................................................................ 32
Figura 5 - Vão efetivo de uma viga. Fonte: ABNT NBR 6118:2014. ...................................... 40
Figura 6 - Distância dos apoios extremos ao nó considerado. Fonte: ABNT
NBR 6118:2014. ....................................................................................................................... 42
Figura 7 - Equilíbrio e deformações na seção de concreto. Fonte: Pinheiro (2003). ............... 43
Figura 8 - Domínios de estado limite último de uma seção transversal. Fonte:
ABNT NBR 6118:2014. ........................................................................................................... 45
Figura 9 - Modelo de cálculo de armadura dupla na seção de concreto. Fonte:
Pinheiro (1993). ........................................................................................................................ 47
Figura 10 - Seção genérica submetida à flexão composta normal. Fonte: Fernandes
(2006). ...................................................................................................................................... 48
Figura 11 – Esquema de excentricidades na seção submetida à flexão composta normal. Fonte:
Fernandes (2006). ..................................................................................................................... 50
Figura 12 - Tela de edição das ações do vento no TQS. Fonte: Autor. .................................... 55
Figura 13 - Fator do terreno no software TQS. Fonte: Autor. .................................................. 56
Figura 14 - Categoria de rugosidade no software TQS. Fonte: Autor. ..................................... 56
Figura 15 - Classe da edificação dentro do software TQS. Fonte: Autor. ................................ 57
Figura 16 - Fator estatístico no software TQS, Fonte: Autor. .................................................. 57
Figura 17 - Ângulos de ação do vento definidos no software TQS. Fonte: Autor. .................. 58
Figura 18 - Tela de cálculo do coeficiente de arrasto. Fonte: Autor. ....................................... 58
Figura 19 - Tela de edição dos parâmetros dos materiais no software TQS. Fonte: Autor. ..... 59
Figura 20 - Tela de edição de cobrimentos no software TQS. Fonte: Autor. ........................... 61
Figura 21 - Planta arquitetônica do pavimento tipo. Fonte: Pinheiro (2018). .......................... 62
Figura 22 - Planta arquitetônica do pavimento térreo. Fonte: Pinheiro (2018). ....................... 62
Figura 23 - Interface de edição de lances de escada no software TQS. Fonte: Autor. ............. 63
Figura 24 - Edifício de 15 pavimentos modelado no software TQS. Fonte: Autor. ................. 64
Figura 25 - Valores de taxa mínima de armadura de flexão de vigas. Fonte:
ABNT NBR 6118:2014. .......................................................................................................... 65
Figura 26 - identificação das cargas de parede admitidas no projeto. Fonte: Autor. ............... 66
Figura 27 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 5 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 67
Figura 28 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 10 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 68
Figura 29 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 15 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 69
Figura 30 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 20 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 70
Figura 31 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 25 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 71
Figura 32 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 30 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 72
Figura 33 - Localização do Resumo estrutural do edifício na interface do programa.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 75
Figura 34 - Relatório simplificado de armadura de vigas. Fonte: Autor. ................................ 76
Figura 35 - Corte longitudinal da viga V15 do pavimento 7 do edifício de 30 pavimentos. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 77
Figura 36 – Relatório simplificado de cisalhamento da viga V15. Fonte: Autor. ................... 78
Figura 37 - Tela de processamento global de edifícios no software TQS. Fonte: Autor. ........ 80
Figura 38 - Eixos principais adotados no edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor. ............... 82
Figura 39 - Comparativo entre deslocamentos horizontais absolutos e limites. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 83
Figura 40 - Variação das taxas médias por número de pavimentos. Fonte: Autor. ............... 104
Figura 41 - Taxas de armadura longitudinal com e sem o vento para cada edifício.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 105
Figura 42 - Taxas de armadura transversal com e sem o vento para cada edifício.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 106
Figura 43 - Comportamento das massas de aço de cada um dos edifícios com e sem o vento.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 107
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros meteorológicos de 𝑆2. Fonte: ABNT NBR 6123:1988. ....................... 29


Tabela 2 - Valores do fator S2. Fonte: ABNT NBR 6123:1988. ............................................. 29
Tabela 3 - Valores mínimos de fator 𝑆3. Fonte: ABNT NBR 6123:1988. .............................. 30
Tabela 4 - Resistências à compressão adotadas para cada edifício de estudo. Fonte:
Autor. ........................................................................................................................................ 60
Tabela 5 - Tempos de processamento dos edifícios em minutos. Fonte: Autor. ...................... 79
Tabela 6 - Valores de 𝛾𝑧 para edifícios de diferentes alturas. Fonte: Autor. ........................... 82
Tabela 7 - Deslocamentos horizontais absolutos por edifício. Fonte: Autor............................ 83
Tabela 8 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 5 pavimentos.
Fonte: Autor.............................................................................................................................. 84
Tabela 9 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 5 pavimentos. Fonte:
Autor. ........................................................................................................................................ 84
Tabela 10 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 5 pavimentos.
Fonte: Autor.............................................................................................................................. 84
Tabela 11 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 5 pavimentos.
Fonte: Autor.............................................................................................................................. 85
Tabela 12 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 10 pavimentos.
Fonte: Autor.............................................................................................................................. 86
Tabela 13 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 10 pavimentos.
Fonte: Autor.............................................................................................................................. 86
Tabela 14 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 10 pavimentos.
Fonte: Autor.............................................................................................................................. 87
Tabela 15 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 10 pavimentos.
Fonte: Autor.............................................................................................................................. 88
Tabela 16 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 15 pavimentos. Fonte:
Autor. ........................................................................................................................................ 89
Tabela 17 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 15 pavimentos.
Fonte: Autor.............................................................................................................................. 89
Tabela 18 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 15 pavimentos. Fonte:
Autor. ........................................................................................................................................ 90
Tabela 19 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 15 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 91
Tabela 20 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 20 pavimentos. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 92
Tabela 21 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 20 pavimentos. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 93
Tabela 22 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 20 pavimentos. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 94
Tabela 23 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 20
pavimentos. Fonte: Autor. ........................................................................................................ 95
Tabela 24 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 25 pavimentos. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 96
Tabela 25 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 25 pavimentos. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 97
Tabela 26 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 25 pavimentos. Fonte:
Autor. ....................................................................................................................................... 98
Tabela 27 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 25 pavimentos.
Fonte: Autor. ............................................................................................................................ 99
Tabela 28 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 30 pavimentos. Fonte:
Autor. ..................................................................................................................................... 100
Tabela 29 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 30 pavimentos.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 101
Tabela 30 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 30 pavimentos.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 102
Tabela 31 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 30 pavimentos.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 103
Tabela 32 - Médias dos valores médios de taxas de armadura para cada edifício.
Fonte: Autor. .......................................................................................................................... 104
Tabela 33 - Variação das massas de aço para cada edifício com e sem a ação do vento. Fonte:
Autor. ..................................................................................................................................... 106
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 21

1.1. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 21

1.2. OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 22

1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 22

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 22

2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 23

2.1. AÇÕES DEVIDAS AO VENTO EM EDIFICAÇÕES ............................................ 23

2.1.1. A velocidade do vento ............................................................................................ 23

2.1.2. Fator topográfico – 𝑺𝟏 ........................................................................................... 25

2.1.3. Fator de rugosidade do terreno e das dimensões da edificação – 𝑺𝟐 ..................... 26

2.1.4. Fator estatístico – 𝑺𝟑 .............................................................................................. 30

2.1.5. Força de arrasto e coeficiente de arrasto ................................................................ 30

2.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTABILIDADE ................................................... 33

2.2.1. Análises não-lineares.............................................................................................. 33

2.2.2. Instabilidade e os efeitos de 2ª ordem .................................................................... 34

2.2.3. Aproximação da não-linearidade física .................................................................. 34

2.2.4. Estruturas de nós fixos e nós móveis ..................................................................... 35

2.2.5. Parâmetros de estabilidade ..................................................................................... 36

2.2.5.1. Parâmetro Alfa (𝜶) ............................................................................................. 36

2.2.5.2. Coeficiente 𝜸𝒛 .................................................................................................... 37

2.2.5.3. Coeficiente 𝑭𝑨𝑽𝒕 ............................................................................................... 38

2.2.5.4. Deslocamentos horizontais ................................................................................. 38

2.3. CÁLCULO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO ......................................... 39

2.3.1. Cargas em vigas ..................................................................................................... 39


2.3.2. Vãos efetivos ......................................................................................................... 40

2.3.3. Análise estrutural e aproximações permitidas ....................................................... 40

2.3.4. Critérios de pré-dimensionamento ......................................................................... 42

2.3.5. Cálculo das armaduras quanto à flexão simples .................................................... 43

2.3.6. Cálculo das armaduras quanto à flexão composta normal..................................... 47

2.3.7. Cálculo das armaduras quanto aos esforços de cisalhamento ............................... 51

2.3.8. Cálculo das taxas de armaduras longitudinais e transversais ................................ 53

3. MÉTODO APLICADO .................................................................................................. 55

3.1. PARÂMETROS ADOTADOS NA ANÁLISE DA AÇÃO DO VENTO ................ 55

3.2. MATERIAIS E CLASSE DE AGRESSIVIDADE................................................... 59

3.3. ARQUITETURA ADOTADA .................................................................................. 62

3.4. PREMISSAS DE DIMENSIONAMENTO .............................................................. 65

3.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE VIGAS NO


SOFTWARE TQS................................................................................................................ 73

3.6. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO................................................................................. 74

3.7. ESPECIFICAÇÕES DE HARDWARE E PROCESSAMENTO ............................. 79

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................. 81

4.1. PARÂMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDIFÍCIOS ..................... 81

4.2. COMPORTAMENTO DAS TAXAS GEOMÉTRICAS DE ARMADURAS POR


PAVIMENTO ...................................................................................................................... 83

4.2.1. Edifício de 5 pavimentos ....................................................................................... 84

4.2.2. Edifício de 10 pavimentos ..................................................................................... 86

4.2.3. Edifício de 15 pavimentos ..................................................................................... 89

4.2.4. Edifício de 20 pavimentos ..................................................................................... 92

4.2.5. Edifício de 25 pavimentos ..................................................................................... 96

4.2.6. Edifício de 30 pavimentos ................................................................................... 100

4.3. COMPORTAMENTO DAS TAXAS GEOMÉTRICAS DE ARMADURAS POR


EDIFÍCIO........................................................................................................................... 104
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 109

5.1. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 111

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 113


1. INTRODUÇÃO
O aumento das construções de edifícios mais altos, e principalmente esbeltos, aliado
com uma necessidade crescente de se projetar com maior rapidez e menor custo, traz cada vez
mais desafios aos engenheiros e profissionais da construção civil. Um exemplo que decorre
dessa demanda é o efeito da ação do vento, que age predominantemente na horizontal do
edifício, sobre cada elemento estrutural deste.

Mesmo com a automatização dos projetos, com ferramentas computacionais e auxílios


ao projetista cada vez maiores, sempre se deve ter em mente que a primeira e última
responsabilidade é do engenheiro, e não da ferramenta. É por isso que considerações, como a
da ação do vento em edifícios, devem ser definidas com cautela pelo indivíduo, independente
se o cálculo é feito à mão ou com computador.

A consideração do vento, aliada a tantas outras, é o que garante que as estruturas que
passaram por uma concepção adequada possam chegar ao fim das suas vidas úteis com
segurança e conforto, permitindo uma continuidade da aplicação da engenharia atual, bem como
o bem-estar dos usuários.

Os capítulos que se seguem abordam justamente o efeito da consideração do vento em


edifícios, fazendo uso de uma ferramenta computacional de uso abrangente no mercado
nacional atual, o TQS, tendo como foco a sua aplicação na análise de vigas de edifícios de
concreto armado, com e sem as ações devidas ao vento.

1.1. JUSTIFICATIVA

O efeito da ação do vento sobre as estruturas de maior porte é conhecido, mas o presente
trabalho busca abranger um conhecimento mais quantitativo sobre o tema, com o foco da
análise voltado para o comportamento das vigas. De posse dos resultados destes elementos, este
trabalho pretende mostrar a parcela de relevância das forças devido à ação do vento nas
quantidades de aço presentes no concreto, considerando uma investigação comparativa de
edifícios de alturas variáveis.

21
1.2. OBJETIVO GERAL

Estudar a influência das ações do vento na taxa de armadura em vigas de concreto


armado em edificações de até 30 pavimentos.

1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Analisar e comparar edificações com quantidades de pavimentos diferentes quanto a


influência das ações do vento nas taxas de aço de vigas dimensionadas com o software
TQS;
 Criar curva com a variação da taxa de aço e a quantidade de pavimentos da edificação;

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho possui 4 capítulos, além do presente: o capítulo 2 abordará um referencial


teórico no qual se descreverão as considerações necessárias ao entendimento de todo o conteúdo
do presente trabalho, com considerações e conceitos acerca das forças devido à ação do vento
em edificações, além de comentários sobre as influências qualitativas dele, já conhecidas, nas
estruturas usuais. Também serão feitas ponderações sobre estabilidade, seguindo as
compreensões atuais sobre o assunto, e sobre o dimensionamento de vigas de concreto armado
e seção retangular, de acordo com a norma ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de Estruturas de
Concreto – Procedimento.

O capítulo 3 apresentará o software TQS, com os conceitos e parâmetros utilizados na


análise, com foco na ação do vento. Além disso, será introduzida a planta arquitetônica
escolhida e o número de pavimentos de cada edifício que será estudado.

O capítulo 4 trará a análise estrutural e dimensionamento de edifícios de 5, 10, 15, 20,


25 e 30 pavimentos, feitos com o auxílio do software TQS. Aqui, serão feitas simulações com
e sem a ação do vento, para todas as estruturas, e por meio da comparação delas serão descritos
os resultados.

Finalmente, ao capítulo 5, serão comentadas conclusões sobre os resultados obtidos,


sugestões para trabalhos futuros e outras considerações, buscando verificar se os objetivos do
início do trabalho foram atendidos com êxito.

22
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Para que possamos estudar as ações do vento em um edifício e trabalhar todos os
conceitos e cálculos necessários para o dimensionamento de vigas, devemos partir inicialmente
de algumas considerações previstas em normas e de acordo com as práticas usuais de
engenharia no Brasil, de forma a termos uma base para a análise dos capítulos posteriores.

2.1. AÇÕES DEVIDAS AO VENTO EM EDIFICAÇÕES

A ação horizontal estática e dinâmica do vento considerada nos cálculos de edificações


é normatizada pela ABNT NBR 6123:1988 – Forças devidas ao vento em edificações, cuja
aplicação se limita a obras de dimensões padronizadas, de acordo com as descritas nesta
publicação da ABNT. Casos excepcionais devem ser especialmente estudados, levando em
conta até resultados obtidos em ensaios simulatórios, como o de túnel de vento.

O vento sempre produzirá forças nas construções, a depender da sua forma, da região e
edificações em seu entorno, do tipo de terreno e de outros obstáculos. Porém, a sua altura em
relação ao solo possui boa parcela de influência na ordem de grandeza das forças horizontais
as quais o edifício está sujeito, de tal forma que, segundo recomendações mais atuais do
Instituto Brasileiro do Concreto – IBRACON, a consideração da ação do vento só pode ser
desconsiderada no cálculo para construções de no máximo 4 pavimentos.

Ainda, segundo Tapajós (2016), a desconsideração da ação do vento no cálculo pode


comprometer significativamente o comportamento e a segurança do usuário, podendo inclusive
ocasionar a ruína da estrutura em casos de edifícios com altura superior a 30 pavimentos.

2.1.1. A velocidade do vento

Os aspectos meteorológicos da região são responsáveis por definirem a velocidade do


vento, que naturalmente varia de região para região. Para efeito de cálculo, a ABNT NBR
6123:1988 prevê que inicialmente se escolha uma velocidade básica do vento 𝑉0, que
conceitualmente corresponde a velocidade de uma rajada de 3 segundos, excedida em média
uma vez em 50 anos, a 10 metros acima do nível de um terreno de campo aberto e plano. Essa
velocidade é extraída de um mapa de isopletas do Brasil presente na norma supracitada e
reproduzido na figura 1:

23
Figura 1 - Mapa de isopletas de velocidade básica. Fonte: ABNT NBR 6123:1988.

Com a velocidade básica do vento extraída do mapa de isopletas, pode-se determinar a


velocidade característica 𝑉𝑘 , que é a velocidade do vento incidente na edificação e que será
usada para cálculo. Ela é definida pela seguinte equação:

𝑉𝑘 = 𝑉0 ∙ 𝑆1 ∙ 𝑆2 ∙ 𝑆3 Equação 1

Onde:

𝑉0 → Velocidade básica do vento;

𝑆1 → Fator topográfico;

𝑆2 → Fator que depende da rugosidade do terreno e das dimensões da edificação;

𝑆3 → Fator estatístico.
24
2.1.2. Fator topográfico – 𝑺𝟏

O fator topográfico descrito na norma ABNT NBR 6123:1988 tem em vista considerar
as variações do relevo do terreno e em como isso influencia na velocidade do vento. Para tanto,
admitem-se três situações para sua aplicação: terrenos planos, terrenos com presença de taludes
e morros e terrenos com vales profundos. Os valores adotados para cada condição são descritos
a seguir:

 Terreno plano ou fracamente acidentado: 𝑆1 = 1,0;


 Taludes e morros (ver figura 2):
a) No ponto A de morros curtos e nos pontos A e C de taludes ou morros alongados:
𝑆1 = 1,0;
b) No ponto B temos que considerar três circunstâncias distintas, sabendo que o
fator 𝑆1 será função de z, que é a altura medida a partir da superfície do terreno
no ponto considerado. Temos:

i. 𝜃 ≤ 3°: 𝑆1 (𝑧) = 1,0; Equação 2


𝑧
ii. 6° ≤ 𝜃 ≤ 17°: 𝑆1 (𝑧) = 1,0 + (2,5 − 𝑑) 𝑡𝑔(𝜃 − 3°) ≥ 1,0 Equação 3

𝑧
iii. 𝜃 ≥ 45°: 𝑆1 (𝑧) = 1,0 + (2,5 − 𝑑) 0,31 ≥ 1,0 Equação 4

Sabendo que:

𝑑 → diferença de nível entre a base e o topo do talude ou morro

𝜃 → inclinação média do talude ou encosta do morro

Para outros valores de 𝜃, deve-se interpolar o valor de 𝑆1.

 Em vales profundos, protegidos de ventos de qualquer direção: 𝑆1. = 0,9.

25
Para casos em que seja necessária uma análise mais precisa da topografia e se esta for
muito complexa, recomenda-se se recorrer a ensaios de túnel de vento ou medidas
anemométricas colhidas in loco.

Figura 2 - Fator topográfico 𝑆1 (𝑧). Fonte: ABNT NBR 6123:1988.

2.1.3. Fator de rugosidade do terreno e das dimensões da edificação – 𝑺𝟐

Este fator combina os efeitos da rugosidade do terreno no entorno da edificação estudada


com a velocidade do vento com a altura acima do terreno e com as dimensões da edificação, ou
parte dela.

A norma supramencionada estabelece que os ventos fortes de estabilidade neutra


aumentam sua velocidade de acordo com a altura acima do terreno, sendo função também, além
dos efeitos já mencionados, do tempo considerado na determinação da velocidade. Isso ocorre
porque edificações mais altas não são tão afetadas por ventos de curta duração como as

26
construções menores. Para as de maior porte, portanto, se recomenda que se considere um vento
médio calculado para um intervalo de tempo maior.

Considera-se então 5 categorias de terreno, de acordo com a rugosidade que este


apresenta:

 Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de extensão,


medida na direção e sentido do vento incidente. Como exemplos, temos: mar calmo,
lagos, rios e pântanos sem vegetação.
 Categoria II: Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com poucos
obstáculos isolados, como árvores e edificações baixas, e onde a cota média do topo dos
obstáculos é considerada inferior ou igual a 1,0 m. Exemplos disso são zonas costeiras
planas, pântanos com vegetação rala, campos de aviação, pradarias, charnecas e
fazendas sem sebes ou muros.
 Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes e muros,
poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas. Neste caso, a cota
média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3,0 m. Exemplos: granjas e casas de
campo (com exceção das partes com matos), fazendas com sebes e/ou muros e subúrbios
a considerável distância do centro, com casas baixas e esparsas.
 Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona
florestal, industrial ou urbanizada. Exemplos de terrenos assim são: zonas de parques e
bosques com muitas árvores, cidades pequenas e seus arredores, subúrbios densamente
construídos de grandes cidades e áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas.
Esta categoria considera a cota média do topo dos obstáculos como igual a 10 m, além
de incluir zonas com obstáculos maiores e que ainda não possam ser consideradas na
categoria V.
 Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco
espaçados. Exemplos disso são: florestas com árvores altas, de copas isoladas, centros
de grandes cidades e complexos industriais bem desenvolvidos. A cota média do topo
dos obstáculos desta categoria é considerada igual ou superior a 25 m.

Quanto à influência das dimensões da edificação na ação do vento, a norma orienta a se


considerar características construtivas que levem a pouca ou nenhuma continuidade estrutural
ao longo da edificação, quando da definição das partes da edificação a se considerar na análise

27
de vento. Exemplos de considerações como esta são construções com juntas de dilatação ou
com pouca rigidez na direção perpendicular à do vento.

Procedendo desta maneira, se classificam as edificações, suas partes e elementos da


seguinte forma, com intervalos de tempo para cálculo da velocidade média de 3, 5 e 10
segundos, respectivamente:

 Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças individuais


de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou
vertical não exceda 20 m.
 Classe B: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 m e 50 m.
 Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m. Valores superiores devem ser
determinados de acordo com o Anexo A da ABNT NBR 6123:1988.

O cálculo do fator 𝑆2 já considera o papel da altura sobre o terreno (z) na velocidade do


vento através da seguinte expressão:

𝑧 𝑝
𝑆2 = 𝑏 ∙ 𝐹𝑟 ∙ ( ) Equação 5
10
Onde:
𝑏 → Parâmetro de correção da classe da edificação;

𝐹𝑟 → Fator de rajada, sempre correspondente à categoria II;

𝑧 → Altura sobre o terreno, menor ou igual a altura 𝑧𝑔 do contorno superior da


atmosfera;

𝑝 → Parâmetro meteorológico.

Quando se objetiva analisar os elementos de vedação na ação do vento, recomenda-se


usar o fator 𝑆2 referente ao topo da edificação. Além disso, rugosidades de categoria V possuem
o fator 𝑆2 constante até 10 metros de altura. Dito isto, pode-se consultar os parâmetros 𝐹𝑟 , 𝑏 e
p na tabela 1. A norma ainda mostra valores pré-calculados para o fator 𝑆2 , constantes na tabela
2, calculados de acordo com as diferentes condicionantes citadas anteriormente.

28
Tabela 1 - Parâmetros meteorológicos de 𝑆2 . Fonte: ABNT NBR 6123:1988.

Tabela 2 - Valores do fator S2. Fonte: ABNT NBR 6123:1988.

29
2.1.4. Fator estatístico – 𝑺𝟑

O fator 𝑆3 é um valor definido por conceitos estatísticos que leva em consideração a


finalidade, segurança e vida útil da edificação. Estima-se que a velocidade básica seja igualada
ou superada com probabilidade de 63%, em um período de 50 anos. Com este nível de
probabilidade e com a vida útil das estruturas usuais se encaixando neste mesmo período, pode-
se indicar os seguintes valores mínimos para o fator 𝑆3 :

Tabela 3 - Valores mínimos de fator 𝑆3 . Fonte: ABNT NBR 6123:1988.

2.1.5. Força de arrasto e coeficiente de arrasto

A ABNT NBR 6123:1988 permite calcular as forças devido ao vento em superfícies e


elementos planos da edificação por meio de coeficientes de pressão e de forma. Porém,
Gonçalves (2004) comenta que há situações em que tal análise não tem tanta importância, como
nos casos de edifícios esbeltos de múltiplos pavimentos e com várias hipóteses para se
determinar os coeficientes de pressão.

Desta maneira, se busca então a força global atuante sobre a edificação, que nada mais
é do que a soma vetorial das forças do vento que nela atuam. Para isso, deve-se fazer uso de um
coeficiente de arrasto, que definirá a força de arrasto 𝐹𝑎 :

𝐹𝑎 = 𝐶𝑎 ∙ 𝑞 ∙ 𝐴𝑒 Equação 6

30
Onde temos:

𝐶𝑎 → Coeficiente de arrasto

𝑞 → Pressão dinâmica devida ao vento

𝐴𝑒 → Área frontal efetiva da edificação

A área 𝐴𝑒 deve ser a área em metros quadrados da projeção ortogonal da edificação,


estrutura ou elemento estrutural sobre um plano perpendicular à direção do vento, definida pela
norma ABNT NBR 6123:1988 como “área de sombra”.

O valor de pressão dinâmica 𝑞 é determinado através da velocidade característica do


vento, através da seguinte equação, onde a unidade de pressão é dada em kilopascal (kPa) e a
de velocidade do vento em metros por segundo (m/s).:

𝑞 = 0,613 ∙ 𝑉𝑘 2 Equação 7

Já os valores de coeficiente de arrasto determinados no item 6.3 na norma ABNT


NBR 6123:1988 são aplicados somente em corpos de seção constante ou com poucas variações.
Considera-se então dois casos de ocorrência de vento: com baixa turbulência e alta turbulência.
Os casos de alta turbulência são descritos no item 6.5.3 da norma citada acima, sendo aqueles
nos quais a estrutura não excede duas vezes a altura média das edificações ao seu redor,
analisando estas na mesma direção do vento atuante e respeitando os seguintes limites:

 500 m, para uma edificação de até 40 m de altura;


 1000 m, para uma edificação de até 55 m de altura;
 2000 m, para uma edificação de até 70m de altura;
 3000 m, para uma edificação de até 80 m de altura.

Os casos de baixa turbulência são aqueles que não se encaixam nos critérios de distância
anteriores. Com isto verificado, cada caso de turbulência deve ser analisado de acordo com os
valores dos respectivos gráficos das figuras 3 e 4, cujos valores são colhidos em função das
ℎ 𝑙
razões e 𝑙1 , sendo 𝑙1 e 𝑙2 as dimensões em planta da edificação (que podem alternar seus
𝑙1 2

valores de acordo com qual direção do vento se está analisando) e ℎ a sua altura.

31
Figura 3 - Coeficientes de arrasto para edificações paralelepipédicas em vento de baixa turbulência. Fonte: ABNT NBR
6123:1988.

Figura 4 - Coeficientes de arrasto para edificações paralelepipédicas em vento de alta turbulência. Fonte: ABNT NBR
6123:1988.

32
Vale frisar que os valores obtidos no gráfico de vento de alta turbulência são
naturalmente menores que os do gráfico de baixa turbulência, devido o regime de escoamento
do ar neste último caso possuir uma menor perda de energia cinética por possuir “menos
obstáculos” à sua passagem.

2.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTABILIDADE

A particularidade de se considerar a não-linearidade e seus efeitos em edifícios é algo


cada vez mais comum, sobretudo em estruturas de concreto armado e com grandes alturas,
sendo uma consideração que vem sendo desenvolvida desde a década de 60. A sua importância
é justificada devido ao aparecimento de maiores ações verticais e horizontais a medida que a
construção atinge alturas mais elevadas e, consequentemente, maiores peso próprio e ações de
vento.

2.2.1. Análises não-lineares

Pinto e Ramalho (2002) ainda enfatizam que os acréscimos de esforços devidos aos
deslocamentos espaciais da estrutura chegam a ser tão elevados que podem levá-la ao colapso.
Na engenharia, o estudo levando em conta estas deformações é chamado de análise com não-
linearidade geométrica (NLG).

Outra consideração muito importante foca no comportamento do material concreto, uma


vez que ele não é elástico perfeito, ou seja, não possui um comportamento linear quando
submetido a tensões de tração e compressão. De forma simples, isto significa que o
comportamento do concreto, suas fissurações, fluências e escoamento da armadura, não
respondem com valores lineares para acréscimos de tensão lineares, em um mesmo intervalo
de tempo (PINTO, 2002). Isso se deve à não-linearidade física (NLF) do material, devendo-se
ter em mente que a norma exige que a não-linearidade física das estruturas de concreto armado
seja considerada.

É importante citar que a norma ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de


concreto — Procedimento, em seu item 14.7.5, estabelece que tais análises não lineares sejam
permitidas tanto para verificações de estados-limites últimos (ELU) como para verificações de
estados-limites de serviço (ELS).

33
2.2.2. Instabilidade e os efeitos de 2ª ordem

Com relação à instabilidade, a norma ABNT NBR 6118:2014 elenca três tipos:

 Em estruturas sem imperfeições geométricas iniciais, pode haver (para casos especiais
de carregamento) perda de estabilidade por bifurcação do equilíbrio (flambagem);
 Em situações particulares (estruturas abatidas), pode haver perda de estabilidade sem
bifurcação do equilíbrio por passagem brusca de uma configuração para outra reversa
da anterior (ponto limite com reversão);
 Nas estruturas de material de comportamento não linear, com imperfeições geométricas
iniciais, não há perda de estabilidade por bifurcação do equilíbrio, podendo, no entanto,
haver perda de estabilidade quando, ao crescer a intensidade do carregamento, o
aumento da capacidade resistente da estrutura passa a ser menor do que o aumento da
solicitação (ponto-limite sem reversão).

A ABNT NBR 6118:2014 discorre ainda sobre os efeitos de 2ª ordem, que são aqueles
calculados considerando a estrutura no seu estado deformado. Os acréscimos dessa
consideração são somados aos efeitos de 1ª ordem, que analisam a estrutura em sua forma
geométrica inicial.

Os efeitos de 2ª ordem, quando considerados na análise de estruturas de concreto


armado, pode resultar em rotinas de cálculo bastante difíceis, e mesmo com ferramentas
computacionais, demandam tempo e hardwares potentes (VASCONCELOS, 2004). Como
recomendação da norma ABNT NBR 6118:2014, item 15.2, estes efeitos podem ser
desprezados quando os acréscimos nas reações e solicitações não forem maiores que 10%, para
os valores de maior relevância para a estrutura.

2.2.3. Aproximação da não-linearidade física

A norma ABNT NBR 6118:2014 comenta sobre como se considerar o efeito da NLF,
através da construção de relações momento-curvatura para cada seção, o que resulta em
diagramas. Porém, a elaboração e aplicação desses diagramas se torna dificultosa em projetos
edifícios de concreto armado de grande porte (PINTO, 2002). Isto é facilitado pelo item 15.7.3
da norma citada, ao permitir que se façam análises minorando os valores de rigidez EI por meio
de um coeficiente redutor, que aproxima os efeitos da não-linearidade física com valores
específicos para lajes, vigas e pilares:

34
 Lajes: (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,3 ∙ 𝐸𝑐 𝐼𝑐 Equação 8

 Vigas: (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,4 ∙ 𝐸𝑐 𝐼𝑐 , para 𝐴′𝑠 ≠ 𝐴𝑠 e Equação 9

(𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,5 ∙ 𝐸𝑐 𝐼𝑐 , para 𝐴′𝑠 = 𝐴𝑠 Equação 10

 Pilares: (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 = 0,8 ∙ 𝐸𝑐 𝐼𝑐 Equação 11

Onde:

𝐸𝑐 → É o valor representativo do módulo de deformação do concreto;

𝐼𝑐 → É o momento de inércia da seção bruta de concreto, incluindo, quando for o caso,


as mesas colaborantes (seção T);

𝐴′𝑠 → Armadura de compressão, no caso de vigas com armadura dupla;

𝐴𝑠 → Armadura de tração.

Convém lembrar que a simplificação anterior só é válida para edifícios reticulados de 4


pavimentos ou mais, e não pode ser usada para avaliar esforços locais de 2ª ordem.

2.2.4. Estruturas de nós fixos e nós móveis

A ABNT NBR 6118:2014 estabelece que as estruturas de nós fixos sejam assim
denominadas quando os deslocamentos horizontais dos nós da estrutura são pequenos e os
efeitos de 2ª ordem oriundos dessas deformações são inferiores a 10% dos esforços de 1ª ordem
correspondentes. Aqui, se consideram apenas os efeitos locais e localizados de 2ª ordem.

Consequentemente, as estruturas de nós móveis produzem efeitos de 2ª ordem


maiores, com deslocamentos horizontais superiores ao caso anterior. Nesses casos, se
consideram tanto os efeitos globais como locais e localizados de 2ª ordem. Vale abrir uma
ressalva para os casos de estruturas leves nas quais as forças normais são tão pequenas que
mesmo deslocamentos horizontais grandes não produzem valores significativos de acréscimos
devidos aos efeitos de 2ª ordem. Nestes casos, os efeitos de 2ª ordem são dispensáveis.

35
2.2.5. Parâmetros de estabilidade

A ABNT NBR 6118:2014 prevê processos aproximados para identificar se uma


estrutura é de nós fixos ou de nós móveis, ou seja, se é necessário considerar os esforços globais
oriundos dos efeitos de 2ª ordem. Esses processos envolvem o parâmetro 𝛼 e o coeficiente 𝛾𝑧 ,
descritos nesta norma, mas também serão feitos comentários sobre o parâmetro 𝐹𝐴𝑉𝑡.

2.2.5.1. Parâmetro Alfa (𝜶)

O parâmetro 𝛼 é usado exclusivamente para avaliar se os nós de estruturas reticuladas


simétricas podem ser considerados como fixos ou móveis. Não se pode, portanto, estimar os
efeitos de 2ª ordem com este valor. Para seu cálculo, a ABNT NBR 6118:2014 mostra a seguinte
expressão:

𝑁𝑘
𝛼 = 𝐻𝑡𝑜𝑡 ∙ √ Equação 12
𝐸𝑐𝑠 𝐼𝑐

Onde:

𝐻𝑡𝑜𝑡 → Altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um nível


pouco deslocável do subsolo;

𝑁𝑘 → Somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível


considerado para o cálculo de 𝐻𝑡𝑜𝑡 ), com seu valor característico;

𝐸𝑐𝑠 𝐼𝑐 → Somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção considerada.

A norma recomenda que, no caso de estruturas de pórticos, de treliças ou mistas, ou com


pilares de rigidez variável ao longo da altura, pode ser considerado o valor de 𝐸𝑐𝑠 𝐼𝑐 como de
um pilar equivalente de seção constante.

O valor deste parâmetro é então comparado com o valor limite 𝛼1 . Se o valor de 𝛼 for
inferior a 𝛼1 , pode-se considerar a estrutura como de nós fixos e se dispensa, portanto, a
consideração dos efeitos de 2ª ordem globais. Definindo "𝑛" como o número de níveis de barras
horizontais (andares) acima da fundação ou de um nível pouco deslocável do subsolo, a norma
explicita as seguintes equações para o seu cálculo:

36
𝛼1 = 0,2 + 0,1𝑛, se 𝑛 ≤ 3 Equação 13

𝛼1 = 0,6, se 𝑛 ≥ 4 Equação 14

Porém, de acordo com Carmo (1995), esta definição de 𝛼 só é válida em um regime


elástico, considerando um sistema de contraventamento de pilares-parede e desprezando a
influência de vigas. Desta maneira, ele se aplica principalmente em estruturas pré-moldadas, de
alvenaria portante ou que possuam núcleos bastante rígidos, que não partilham do mesmo
aumento de rigidez oriundo dos nós monolíticos de estruturas reticuladas que, devido a isto,
possuem um menor valor de 𝛼.

2.2.5.2. Coeficiente 𝜸𝒛

O coeficiente 𝛾𝑧 permite tanto avaliar a estabilidade global de edifícios, quanto medir


os efeitos de 2ª ordem destes, de forma aproximada. Diferente do parâmetro 𝛼, ele só é válido
para estruturas reticuladas de 4 pavimentos ou mais, podendo ser calculado com os resultados
de uma análise linear de 1ªordem que use os valores de rigidez determinados com as equações
8 a 11, para cada caso de carregamento. Para cada combinação, faz-se:

1
𝛾𝑧 =
∆𝑀 Equação 15
1 − 𝑀 𝑡𝑜𝑡,𝑑
1,𝑡𝑜𝑡,𝑑

Onde:

∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑 → Soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na


combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais
de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos da análise de 1ª ordem.

𝑀1,𝑡𝑜𝑡,𝑑 → Soma dos momentos de todas as forças horizontais da combinação


considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura. Também
chamado de momento de tombamento.

Com o valor de 𝛾𝑧 calculado, define-se a estrutura como de nós fixos se este for inferior
a 1,1. Entretanto, o item 15.7.2 da ABNT NBR 6118:2014 considera o limite superior de 1,3
para usar o valor de 𝛾𝑧 na determinação aproximada dos esforços finais (considerando os
esforços de 1ª ordem e 2ª ordem globais), onde se usa o valor obtido na equação 15 para majorar
os esforços horizontais na combinação de carregamento considerada. Segundo este item da
norma, o valor do coeficiente majorador é de 0,95∙ 𝛾𝑧 .

37
É importante comentar que alguns autores, como Lima (1999), Pinto, Corrêa e Ramalho
(2005) e Marin (2009), consideram que a majoração dos esforços horizontais pelo próprio valor
de 𝛾𝑧 produz resultados mais satisfatórios. Ainda, o valor de 𝛾𝑧 é comumente mais usado que o
parâmetro 𝛼, principalmente por permitir a mensuração dos efeitos de 2ª ordem.

2.2.5.3. Coeficiente 𝑭𝑨𝑽𝒕

O coeficiente 𝐹𝐴𝑉𝑡 é um parâmetro similar ao 𝛾𝑧 , também sendo utilizado como


parâmetro de avaliação de estabilidade global e como estimador dos esforços de 2ª ordem. É
também um fator exclusivo do Sistema CAD/TQS, cujo cálculo é idêntico ao mostrado na
equação 15, com o diferencial que o valor de ∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑 do 𝐹𝐴𝑉𝑡 considera ainda os
deslocamentos horizontais provocados pelas cargas verticais, assim optou-se por reescrevê-lo
como ∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑 ∗. A sua equação será então:

1
𝐹𝐴𝑉𝑡 =
∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑 ∗ Equação 16
1− 𝑀
1,𝑡𝑜𝑡,𝑑

A majoração dos esforços neste caso é feita por 0,95 ∙ 𝐹𝐴𝑉𝑡. Comparativamente, o valor
de 𝐹𝐴𝑉𝑡 será maior que o de 𝛾𝑧 quando as deformações provocadas pelas ações verticais
estiverem no mesmo sentido das deformações devidas às ações horizontais. Conforme Zumaeta
Moncayo (2019), os casos nos quais o valor do 𝐹𝐴𝑉𝑡 é diferente do valor de 𝛾𝑧 geralmente
estão associados com estruturas não simétricas.

2.2.5.4. Deslocamentos horizontais

A seção 13.3 da ABNT NBR 6118:2014 trata dos deslocamentos limites avaliados nas
verificações de ELS de deformações excessivas, e em sua tabela 13.3, lista-se os limites de
deslocamentos a se considerar para cada tipo de efeito. Assim, para movimentos laterais de
edifícios provocados pela ação do vento, esta considera que o valor máximo de deslocamento
absoluto é de 𝐻/1700, sendo 𝐻 a altura da edificação.

38
2.3. CÁLCULO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO

Em estruturas, de acordo com as hipóteses básicas dadas pela ABNT NBR 6118:2014
em seu item 14.4.1.1, elementos lineares são aqueles nos quais o seu comprimento é ao menos
3 vezes superior à maior dimensão da sua seção transversal. Dentro desta categoria, as vigas
são elementos lineares em que a flexão é preponderante. São ainda distinguidas como as barras
horizontais que compõem o pórtico espacial que representa a maioria dos edifícios, de acordo
com Araújo (2010). É relevante mencionar que as considerações de cálculo de vigas, conforme
mostradas nesta seção, são simplificações comuns que buscam reduzir o trabalho nos cálculos
e ainda garantir a segurança da estrutura a ser dimensionada.

2.3.1. Cargas em vigas

As cargas consideradas como atuantes sobre as vigas são compostas pela associação dos
efeitos do peso próprio do elemento estrutural, o peso das alvenarias e as ações das lajes, vigas,
pilares e quaisquer outros elementos que por ventura nelas descarreguem (ARAÚJO, 2010, vol.
2).

O peso próprio 𝑝𝑝 é dado em kN/m, correspondendo ao valor do produto da massa


específica do concreto armado pela sua área transversal, onde a massa específica do concreto
armado é correntemente usada como 25 kN/m³. De forma análoga, obtém-se a carga oriunda de
alvenarias, 𝑝𝑎 , com valores comuns de massa específica entre 13 e 18 kN/m³, para alvenaria de
tijolos.

As ações devidas às lajes são analisadas de acordo com a teoria escolhida para o seu
cálculo. Para a teoria das grelhas, costuma-se considerar cargas uniformemente distribuídas
sobre as vigas. Já pela teoria de placas, este carregamento sobre as vigas já pode adquirir uma
forma triangular ou trapezoidal, ou até parcialmente distribuída. Pinheiro (2007) enfatiza,
porém, que estas distribuições de esforços dependem das condições de deslocabilidade das
vigas de apoio.

Nos casos em que vigas secundárias se apoiam em vigas primárias ou até pilares que
descarregam em vigas de transição, considera-se uma carga concentrada de valor igual à reação
do respectivo elemento sobre a viga de interesse.

39
2.3.2. Vãos efetivos

O vão efetivo é a distância entre apoios considerada nos cálculos de vigas. Na maioria
das vezes pode ser considerado como a distância entre os centros de apoios, mas nos casos em
que os apoios são largos, a ABNT NBR 6118:2014 considera que o vão teórico de vigas é dado
por:

𝑙𝑒𝑓 = 𝑙0 + 𝑎1 + 𝑎2 Equação 17

Onde:

𝑙0 → Distância entre as faces dos apoios;

𝑎1 → É o menor valor entre 𝑡1 /2 e 0,3ℎ, sendo h a altura da viga;

𝑎2 → É o menor valor entre 𝑡2 /2 e 0,3ℎ, sendo que 𝑡1 e 𝑡2 são as larguras de apoios


extremos e intermediários, respectivamente, paralelas à direção da viga.

Nas vigas em balanço, o valor do vão efetivo é igual à distância da extremidade livre da
viga até o centro do apoio. Um esquema de todas essas variáveis é mostrado na figura 5:

Figura 5 - Vão efetivo de uma viga. Fonte: ABNT NBR 6118:2014.

2.3.3. Análise estrutural e aproximações permitidas

Um modelo usual dos esforços de vigas considera o regime elástico, dentro do estádio
I, onde se considera a seção bruta do concreto para o cálculo das características geométricas.
40
Nas análises locais de deslocamentos, havendo fissuração, esta deve ser considerada (ABNT
NBR 6118:2014).

Este modelo é geralmente empregado para a verificação de Estados Limites de Serviço


(ELS), e servem também para dimensionamentos no Estado Limite Último, uma vez que se
garanta uma ductilidade mínima às peças.

Outra consideração da referida norma diz respeito à possibilidade de se considerar o


modelo clássico de vigas contínuas, com estas simplesmente apoiadas nos pilares, desde que se
respeitem os seguintes limites:

 Não podem ser considerados momentos positivos menores que os que se obteriam se
houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos;
 Quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio, medida na
direção do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do pilar, não pode ser
considerado o momento negativo de valor absoluto menor do que o de engastamento
perfeito nesse apoio;
 Quando não for realizado o cálculo exato da influência da solidariedade dos pilares com
a viga, deve ser considerado, nos apoios extremos, momento fletor igual ao momento
de engastamento perfeito multiplicado pelos coeficientes estabelecidos nas seguintes
relações:
▪ Vigas:

(𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝 )
Equação 18
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝

▪ No tramo superior do pilar:

𝑟𝑠𝑢𝑝
Equação 19
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝

▪ No tramo inferior do pilar:

𝑟𝑖𝑛𝑓
Equação 20
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝

Onde os valores de rigidez 𝑟 são dados pela razão entre as inércias dos elementos e o
comprimento  considerado, de acordo com a figura 6:

41
Figura 6 - Distância dos apoios extremos ao nó considerado. Fonte: ABNT NBR 6118:2014.

2.3.4. Critérios de pré-dimensionamento

A ABNT NBR 6118:2014 elenca uma série de critérios de pré-dimensionamento de


vigas. Entre eles, é determinado que a largura da seção transversal de vigas não pode ser inferior
a 12 cm, ou nos casos de vigas-parede, 15 cm. Permite-se ainda que se use 10 cm em casos
excepcionais, desde que se respeitem as seguintes condições:

 Alojamento das armaduras e suas interferências com as armaduras de outros


elementos estruturais, respeitando os espaçamentos e cobrimentos
estabelecidos nesta Norma;
 Lançamento e vibração do concreto de acordo com a ABNT NBR 14931.

Pinheiro (2007) mostra as seguintes formas para se estimar a altura das vigas:

 Tramos intermediários: ℎ𝑒𝑠𝑡 = 𝑙0 /12


 Tramos extremos ou vigas biapoiadas: ℎ𝑒𝑠𝑡 = 𝑙0 /10
 Balanços: ℎ𝑒𝑠𝑡 = 𝑙0 /5

Entretanto, é usual que se busque sempre embutir a largura das vigas nas paredes, além
de se limitar a altura destas de acordo com a altura das esquadrias. Além disso, costuma-se
adotar no máximo duas alturas diferentes para as vigas do edifício, de forma a facilitar a
execução.

42
2.3.5. Cálculo das armaduras quanto à flexão simples

Será mostrado nesta seção as etapas de dimensionamento de seções retangulares para


flexão normal simples, da forma mostrada por Araújo (2010, vol. 2) e Pinheiro (2007). Aqui,
considerando uma análise no Estado Limite Último, se desprezará a resistência à tração do
concreto, de tal maneira que o aço será o único responsável por resistir a tais esforços.

A armadura longitudinal é dimensionada para os valores máximos de momentos


positivos e negativos nos vãos. Sabendo disto, tal dimensionamento é feito considerando que
as barras estão agrupadas e são concentradas no centro de gravidade delas. Considerando o
esquema de forças da figura 7, temos:

Figura 7 - Equilíbrio e deformações na seção de concreto. Fonte: Pinheiro (2003).

𝑅𝑐 + 𝑅𝑠′ − 𝑅𝑠 = 0 Equação 21
𝑦
𝑀𝑑 = 𝛾𝑓 ∙ 𝑀𝑘 = 𝑅𝑐 ∙ (𝑑 − ) + 𝑅𝑠′ ∙ (𝑑 − 𝑑 ′ ) Equação 22
2

Nas quais:

𝑀𝑑 → É o momento de cálculo, sendo o valor do momento característico 𝑀𝑘 majorado


por 𝛾𝑓 ;

𝑅𝑐 → Força resistente do concreto;

𝑅𝑠′ → Parcela de força resistente do aço comprimido;

𝑅𝑠 → Força resistente do aço tracionado;

𝑑 → Altura útil de seção;

43
𝑦 → Altura do diagrama simplificado de tensões do concreto;

𝑑′ → Distância da face da viga até o centro de gravidade da armadura comprimida.

As resultantes das forças podem ser escritas da seguinte forma:

𝑅𝑐 = 𝑏 ∙ 𝑦 ∙ 𝜎𝑐𝑑 = 𝑏 ∙ 0,8 ∙ 𝑥 ∙ 0,85𝑓𝑐𝑑 = 0,68 ∙ 𝑏 ∙ 𝑑 ∙ 𝛽𝑥 ∙ 𝑓𝑐𝑑 Equação 23

𝑅𝑠 = 𝐴𝑠 ∙ 𝜎𝑠 Equação 24

𝑅𝑠′ = 𝐴′𝑠 ∙ 𝜎𝑠′ Equação 25

De onde temos que 𝜎𝑐𝑑 e 𝑓𝑐𝑑 são os respectivos valores de tensão de compressão
solicitante e resistente de cálculo do concreto. 𝐴𝑠 e 𝐴′𝑠 são as áreas de aço tracionadas e
comprimidas, nesta ordem, e 𝜎𝑠 e 𝜎𝑠′ são as tensões tracionadas e comprimidas na armadura. A
base da seção é representada por 𝑏 e o valor de 𝛽𝑥 é resultado de:

𝑥 𝜀𝑐 Equação 26
𝛽𝑥 = =
𝑑 𝜀𝑐 + 𝜀𝑠

Onde:
𝑥 → Distância da linha neutra até o bordo comprimido;

𝜀𝑐 → Deformação no concreto;

𝜀𝑠 → Deformação no aço.

O valor de 𝛽𝑥 representa em qual dos domínios de deformação se encontra a seção a ser


dimensionada, que caracterizam os tipos de ruína da peça e são classificados de 1 a 5, além das
retas 𝑎 e 𝑏, a depender de como se comportam as deformações do concreto e do aço na seção.
Os domínios são melhor explicados com a figura 8:

44
Figura 8 - Domínios de estado limite último de uma seção transversal. Fonte: ABNT NBR 6118:2014.

Onde temos de forma resumida e para uma ruptura convencional por deformação
plástica excessiva, os seguintes casos:

 Reta 𝑎: tração uniforme;


 Domínio 1: tração não uniforme, sem compressão;
 Domínio 2: flexão simples ou composta sem ruptura à compressão do concreto
(𝑒𝑐 < 𝑒𝑐𝑢 e com o máximo alongamento permitido).

Já a ruptura convencional por encurtamento-limite do concreto ocorre nas seguintes


situações:

 Domínio 3: flexão simples (seção subarmada) ou composta com ruptura à


compressão do concreto e com escoamento do aço (𝜀𝑠 ≥ 𝜀𝑦𝑑 );
 Domínio 4: flexão simples (seção superarmada) ou composta com ruptura à
compressão do concreto e aço tracionado sem escoamento (𝜀𝑠 < 𝜀𝑦𝑑 );
 Domínio 4a: flexão composta com armaduras comprimidas;
 Domínio 5: compressão não uniforme, sem tração;
 Reta 𝑏: compressão uniforme.

Do diagrama simplificado das tensões no concreto, ainda podemos definir que:

𝑦 0,8𝑥
𝑦 = 0,8 ∙ 𝑥 → 𝑑 − = 𝑑 ∙ (1 − ) = 𝑑 ∙ (1 − 0,4 ∙ 𝛽𝑥 ) Equação 27
2 2𝑑

45
Finalmente, substituindo as equações 23, 24, 25 e 27 nas equações de equilíbrio 21 e 22,
vemos que:

0,68 ∙ 𝑏 ∙ 𝑑 ∙ 𝛽𝑥 ∙ 𝑓𝑐𝑑 + 𝐴′𝑠 ∙ 𝜎𝑠′ − 𝐴𝑠 ∙ 𝜎𝑠 = 0 Equação 28

𝑀𝑑 = 0,68 ∙ 𝑏 ∙ 𝑑² ∙ 𝛽𝑥 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ (1 − 0,4 ∙ 𝛽𝑥 ) + 𝐴′𝑠 ∙ 𝜎𝑠′ ∙ (𝑑 − 𝑑 ′ ) Equação 29

Sendo as equações acima válidas para situações com armadura dupla. Nos casos de
armadura simples (𝐴′𝑠 = 0), as equações se tornam:

0,68 ∙ 𝑏 ∙ 𝑑 ∙ 𝛽𝑥 ∙ 𝑓𝑐𝑑 − 𝐴𝑠 ∙ 𝜎𝑠 = 0 Equação 30

𝑀𝑑 = 0,68 ∙ 𝑏 ∙ 𝑑² ∙ 𝛽𝑥 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ (1 − 0,4 ∙ 𝛽𝑥 ) Equação 31

Usa-se armadura dupla quando temos uma peça que deva ser dimensionada no domínio
de deformação 4, com disposições de armaduras tanto na zona tracionada quanto na zona
comprimida.

Nestes casos, de acordo com Pinheiro (2007), o equacionamento mostrado é calculado


com um valor fixo de 𝛽𝑥 no limite entre os domínios 3 e 4, calculando o valor de momento
máximo 𝑀1 que a peça suportaria com armadura simples e com este, o valor de área de aço
tracionado 𝐴𝑠1 .

Como nesta situação o momento 𝑀𝑑 é superior a 𝑀1 , o momento “restante” da diferença


entre eles, 𝑀2 , é usado para se calcular a área de aço tracionada ainda necessária 𝐴𝑠2 , e a área
de aço comprimida. A área de aço tracionada total é dada pela soma das áreas 𝐴𝑠1 e 𝐴𝑠2 . A
representação destas considerações pode ser vista na figura 9.

46
Figura 9 -Modelo de cálculo de armadura dupla na seção de concreto. Fonte: Pinheiro (1993).

Além do cálculo manual, pode-se proceder com o uso de tabelas que usam determinados
coeficientes, tanto para vigas com armadura simples quanto com armadura dupla. Tais
coeficientes são obtidos através da manipulação das equações já mostradas.

2.3.6. Cálculo das armaduras quanto à flexão composta normal

Esta seção traz um breve resumo acerca do dimensionamento de armaduras à flexão


composta normal, tendo como principais fontes a publicação de Carvalho e Pinheiro (2009), no
livro “Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado – Volume 2” e o texto
de Fernandes (2006).

A flexão normal ocorre quando um momento fletor em uma seção transversal tem a
direção de um dos eixos principais de inércia, onde estes eixos estão associados com o menor
e maior valor de inércia de tal seção. Quando a seção possui alguma simetria, caracteriza-se
esta como sujeita à flexão normal quando o plano de ação do momento fletor for perpendicular
ao eixo de simetria. Quando o momento solicita a seção em qualquer outra direção diferente
dos eixos principais, ocorre a flexão oblíqua.

Ao se observar um esforço normal sendo aplicado em uma seção já sujeita à flexão, diz-
se que esta possui uma flexão composta, seja ela normal ou oblíqua. Schäffer (2006) define
ainda que um elemento está sujeito à flexão composta quando neste há solicitações conjuntas
de esforços normais, fletores e cisalhantes. Nesta seção será abordado somente o tipo de flexão
dita composta normal, com foco em vigas de seções transversais retangulares.

47
Com os valores de deformações específicas do concreto e do aço, podem-se obter os
valores de esforços normais e fletores de cálculo. Na literatura, é comum encontrar gráficos que
relacionem os pares de esforços de 𝑁𝑑 , normais, e 𝑀𝑑 , fletores, formando curvas únicas que
variam entre si de acordo com a área de aço da seção e a forma desta.

A distribuição de armaduras na seção dos elementos estruturais lineares pode ser feita
majoritariamente de duas formas: Com distribuição de armadura não simétrica nas faces da
seção ou com a simetria de armadura entre as faces. Em casos de elementos onde o sentido do
momento é incerto, a depender da situação de carga à qual este elemento está submetido, é
natural que se adote o segundo caso para se considerar qualquer situação possível. Porém, em
elementos com forças normais associadas a momentos fletores de sentido definido, pode haver
uma necessidade de se distribuir as armaduras em organizações mais distintas.

De acordo com Fernandes (2006) e com o item 17.2.2 da ABNT NBR 6118:2014,
podem ocorrer 4 situações de flexão composta normal:

• Flexo-compressão com grande excentricidade


• Flexo-compressão com pequena excentricidade
• Compressão não uniforme
• Flexo-tração
• Tração não uniforme

Tendo em mente a hipótese de uma seção genérica de concreto armado com um eixo de
simetria, onde as solicitações normais atuam no plano de flexão que o cruza, admite-se duas
armaduras principais 𝐴𝑠 e 𝐴′𝑠 , que resistem à força normal 𝑁𝑢 e ao momento fletor 𝑀𝑢 ,
aplicados no centro de gravidade desta seção. Com isso, pode-se analisar a figura 10:

Figura 10 - Seção genérica submetida à flexão composta normal. Fonte: Fernandes (2006).

48
Onde:

𝑁𝑢 → Valor último da força normal N;

𝑀𝑢 → Valor último do momento fletor M;

𝐴𝑠 → Área da seção transversal da armadura mais tracionada ou menos comprimida;

𝐴′𝑠 → Área da seção transversal da armadura mais comprimida ou menos tracionada;

ℎ → Altura total da seção;

𝑑 → Altura útil da seção;

𝑑’ → Distância do centro de gravidade da armadura até a borda mais próxima da seção;

𝑥 → Distância da linha neutra até a borda mais comprimida ou menos tracionada da seção;

𝑦 → Ordenada contada a partir da borda mais comprimida;

𝑏𝑦 → Largura da seção na ordenada 𝑦;

𝜎𝑐 → Tensão de compressão no concreto;

𝑅𝑐 → Resultante das tensões de compressão no concreto;

𝑅𝑠 → Resultante das tensões na armadura 𝐴𝑠 ;

𝑅’𝑠 → Resultante das tensões na armadura 𝐴′𝑠 ;

𝑧𝑐 → Distância do ponto de aplicação da resultante de compressão no concreto ao centro de


gravidade da armadura 𝐴𝑠 .

Pode-se ter uma relação 𝑒 entre 𝑁𝑢 e 𝑀𝑢 , que é a excentricidade entre o ponto de


aplicação da força até o centro de gravidade da seção, em um sistema equivalente. Assim, a
excentricidade pode ser representada como:

𝑀𝑢
𝑒= Equação 32
𝑁𝑢
Já a excentricidade de 𝑁𝑢 em relação ao centro de gravidade de 𝐴𝑠 é:

(𝑑 − 𝑑 ′ )
𝑒𝑠 = 𝑒 + Equação 33
2
Ambas as excentricidades podem ser mais bem interpretadas com a figura 11:

49
Figura 11 – Esquema de excentricidades na seção submetida à flexão composta normal. Fonte: Fernandes (2006).

Com as grandezas mostradas nas figuras 10 e 11, pode-se obter as seguintes equações
de equilíbrio para o Estado Limite Último:

𝑁𝑢 = 𝑅𝑐 + 𝑅𝑠 ′ + 𝑅𝑠 Equação 34

𝑁𝑢 ∙ 𝑒𝑠 = 𝑅𝑐 ∙ 𝑧𝑐 + 𝑅𝑠′ ∙ (𝑑 − 𝑑 ′ ) Equação 35

Com os conceitos de Resistência dos Materiais, obtemos as seguintes equações:


𝑁𝑢 = ∫ 𝑏𝑦 ∙ 𝜎𝑐𝑦 ∙ 𝑑𝑦 + 𝐴′𝑠 ∙ 𝜎𝑠′ + 𝐴𝑠 ∙ 𝜎𝑠
0 Equação 36


𝑁𝑢 ∙ 𝑒𝑠 = ∫ 𝑏𝑦 ∙ 𝜎𝑐𝑦 ∙ 𝑑𝑦 ∙ (𝑑 − 𝑑 ′ ) + 𝐴′𝑠 ∙ 𝜎𝑠′ ∙ (𝑑 − 𝑑′ )
0 Equação 37

Onde:

𝜎𝑐𝑦 → Tensão de compressão no concreto na ordenada y;

𝜎𝑠 → Tensão na armadura 𝐴𝑠;

𝜎𝑠′ → Tensão na armadura 𝐴′ 𝑠.

As equações mostradas, associadas com as apresentadas no item anterior sobre flexão


simples, são as bases para todos os tipos de solicitação composta. Através dessas associações,
obtêm-se coeficientes adimensionais que permitem obter as taxas de aço para cada caso, através
de tabelas.

50
2.3.7. Cálculo das armaduras quanto aos esforços de cisalhamento

O cálculo dos estribos de vigas, responsáveis por resistirem aos esforços de


cisalhamento, é feito obedecendo as diretrizes da seção 17.4 da ABNT NBR 6118:2014, que
trata da análise de Estados Limites Últimos em elementos lineares sujeitos à força cortante.

Antes de todo o cálculo de armadura, a norma prevê que se verifique o que Pinheiro
(2007) chama de compressão nas bielas, onde deve ser satisfeita a seguinte condição:

𝑉𝑠𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑2 Equação 38

Onde 𝑉𝑠𝑑 é a força cortante solicitante de cálculo e 𝑉𝑅𝑑2 é a força cortante resistente de
cálculo, relativa à ruína da biela. A norma citada prevê dois modelos de cálculo, fazendo
“analogia com modelo de treliça de banzos paralelos, associado a mecanismos resistentes
complementares desenvolvidos no interior do elemento estrutural e traduzidos por uma
componente adicional 𝑉𝑐 ”. 𝑉𝑐 , neste caso, é a parcela do esforço cortante solicitante que é
suportado por esses mecanismos complementares.

O modelo I considera bielas com inclinação de 45º, com 𝑉𝑐 constante e independente de


𝑉𝑠𝑑 , sendo 𝑉𝑠𝑑 a força cortante solicitante na seção, em valores de cálculo. Já o modelo II
pressupõe bielas com inclinação variando de 30º a 45º, e o valor de 𝑉𝑐 é reduzido com o aumento
de 𝑉𝑠𝑑 . Adotando o modelo I, temos a seguinte forma de calcular 𝑉𝑅𝑑2:

𝑉𝑅𝑑2 = 0,27 ∙ 𝛼𝑣2 ∙ 𝑓𝑐𝑑 ∙ 𝑏𝑤 ∙ 𝑑 Equação 39

Onde:

𝑓𝑐𝑑 → Resistência à compressão de cálculo do concreto;

𝑏𝑤 → Largura da seção transversal da viga;

𝑑 → Altura útil da viga.

Já 𝛼𝑣2 é um coeficiente que depende do valor de resistência a compressão característica


do concreto, o 𝑓𝑐𝑘 , dado em megapascal (MPa), e é definido por:

𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑣2 = (1 − ) Equação 40
250

51
Pode-se então prosseguir com o cálculo da armadura transversal. Faz-se a seguinte
verificação:

𝑉𝑠𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑3 = 𝑉𝑐 + 𝑉𝑠𝑤 Equação 41

Aqui, temos:

𝑉𝑅𝑑3 → É a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;

𝑉𝑐 → É parcela de força resistida pela seção sem armadura transversal e

𝑉𝑠𝑤 → É a parcela de força absorvida pela armadura transversal.

Como se deseja calcular a armadura que resiste a esses esforços, reorganiza-se a equação
41 para:

𝑉𝑠𝑤 = 𝑉𝑠𝑑 − 𝑉𝑐 Equação 42

Com isso, temos as seguintes considerações, listadas na seção 17.4.2.2 da ABNT NBR
6118:2014:

𝐴𝑠𝑤
 𝑉𝑠𝑤 = ( ) ∙ 0,9 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑤𝑑 ∙ (𝑠𝑒𝑛 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 𝛼)
𝑠

 𝑉𝑐 = 0 nos elementos estruturais tracionados quando a linha neutra se situa fora


da seção;
 𝑉𝑐 = 𝑉𝑐0 na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra cortando a seção;
𝑀0
 𝑉𝑐 = 𝑉𝑐0 ∙ (1 + 𝑀 ) ≤ 2 ∙ 𝑉𝑐0 na flexo-compressão;
𝑆𝑑,𝑚á𝑥

 𝑉𝑐0 = 0,6 ∙ 𝑓𝑐𝑡𝑑 ∙ 𝑏𝑤 ∙ 𝑑


𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓
 𝑓𝑐𝑡𝑑 = 𝛾𝑐

Onde:

𝑠 → É o espaçamento entre elementos da armadura transversal 𝐴𝑠𝑤 , medido segundo o


eixo longitudinal do elemento estrutural;

𝑓𝑦𝑤𝑑 → É a tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor 𝑓𝑦𝑑 no caso de


estribos e a 70 % desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos,

52
valores superiores a 435 MPa; entretanto, no caso de armaduras transversais ativas, o acréscimo
de tensão devida à força cortante não pode ultrapassar a diferença entre 𝑓𝑝𝑦𝑑 e a tensão de
protensão, nem ser superior a 435 MPa;

𝛼 → É o ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal


do elemento estrutural, variando de 45º a 90°;

𝑀0 → É o valor do momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda


da seção (tracionada por 𝑀𝑑,𝑚á𝑥 ), provocada pelas forças normais de diversas origens
concomitantes com 𝑉𝑆𝑑 , sendo essa tensão calculada com valores de 𝛾𝑓 e 𝛾𝑝 iguais a 1,0 e 0,9,
respectivamente; os momentos correspondentes a essas forças normais não podem ser
considerados no cálculo dessa tensão, pois são considerados em 𝑀𝑆𝑑 ; devem ser considerados
apenas os momentos isostáticos de protensão;

𝑀𝑆𝑑,𝑚á𝑥 → É o momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise, que pode ser
tomado como o de maior valor no semitramo considerado (para esse cálculo não se consideram
os momentos isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos).

Encontrando o valor de 𝑉𝑠𝑤 , e adotando estribos verticais, com 𝛼 = 90º, a área dos
estribos por unidade de comprimento é dada por:

𝐴𝑠𝑤 𝑉𝑠𝑤
𝑎𝑠𝑤 = = Equação 43
𝑠 0,9 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑤𝑑

Com os valores de bitolas usuais, usa-se de simples regra de três para detalhar os estribos
a serem utilizados.

2.3.8. Cálculo das taxas de armaduras longitudinais e transversais

As taxas geométricas de armadura, segundo Schäffer (2006), são razões entre a área da
seção da armadura e a seção de concreto. De forma bem simples, as taxas referentes às
armaduras longitudinais de vigas são calculadas considerando as dimensões das barras de aço
e do concreto em uma seção transversal à viga. Assim, tem-se o seguinte cálculo:

𝐴𝑠
𝜌𝑠 = Equação 44
𝐴𝑐

No que diz respeito ao cálculo de taxas de armadura transversal, deve-se ter em mente
que o modelo de cálculo usado no dimensionamento das armaduras resistentes aos esforços de

53
cisalhamento considera que a tensão de cisalhamento se distribui em uma área de 𝑏𝑤 ∙ 𝑑, ou
seja, o produto da largura da viga pela altura útil da seção. Esta forma de cálculo é a mesma
seguida por Wight E MacGregor (2012) onde a taxa de armadura transversal, então, é calculada
pela razão entre a área de aço necessária, calculada conforme a seção 2.3.7, pelo valor de área
da seção considerada no cálculo da tensão na seção. Assim, o equacionamento fica:

𝐴𝑠𝑤
𝜌𝑠𝑤 = Equação 45
𝑏𝑤 ∙ 𝑑

54
3. MÉTODO APLICADO
Aqui serão apresentados o software TQS, os conceitos e parâmetros utilizados na
análise, com foco na ação do vento. Será introduzida também a planta arquitetônica escolhida
e o número de pavimentos de cada edifício que será estudado, e quaisquer considerações
pertinentes ao correto dimensionamento das vigas dos edifícios em estudo.

De forma mais clara, esta seção apresentará os parâmetros e considerações adotados nos
edifícios de estudo, para as alturas de 5, 10, 15, 20, 25 e 30 pavimentos. Todos os edifícios
tiveram seus pés-direitos fixados em 3 metros, em todos os pavimentos.

Destaca-se aqui que a escolha de iniciar a análise partindo de um edifício de 5


pavimentos advém da publicação “prática recomendada para estruturas de pequeno porte” do
Instituto Brasileiro do Concreto – IBRACON, que em seu item 8.4.1, informa que em geral
pode-se dispensar o cálculo do vento para edificações de até 4 pavimentos.

3.1. PARÂMETROS ADOTADOS NA ANÁLISE DA AÇÃO DO VENTO

A análise apresentada neste estudo deve adotar algumas considerações para a correta
simulação da ação do vento em uma edificação. No software TQS, observa-se a janela da figura
12, onde se podem inserir as informações pertinentes à ação do vento na estrutura:

Figura 12 - Tela de edição das ações do vento no TQS. Fonte: Autor.

55
Assim, considerando que os edifícios deste trabalho se localizam na cidade de Manaus,
determinou-se que, pelo mapa de isopletas (figura 1), a velocidade básica do vento (𝑉0 ) é de 31
m/s.

O fator topográfico, ou do terreno, (S1), foi fixado em 1,0 (figura 13), logo se considerou
uma região plana ou fracamente acidentada. Para a determinação do fator S2, relativo à
rugosidade do terreno e das dimensões da edificação, a categoria de rugosidade foi fixada no
tipo IV (figura 14), considerando terrenos com obstáculos numerosos e pouco espaçados,
característico das regiões mais urbanizadas da cidade de Manaus e com maior concentração de
edifícios de porte elevado.

Figura 13 - Fator do terreno no software TQS. Fonte: Autor.

Figura 14 - Categoria de rugosidade no software TQS. Fonte: Autor.

Já a classe da edificação irá variar de acordo com o edifício estudado. O edifício de 5


pavimentos, por exemplo, definiu-se como de classe A. Os edifícios de 10 e 15 pavimentos
foram definidos como de classe B, enquanto que os edifícios de 20, 25 e 30 pavimentos foram
incluídos na classe C (figura 15).
56
Figura 15 - Classe da edificação dentro do software TQS. Fonte: Autor.

Finalmente, o fator S3, relativo aos conceitos estatísticos relacionados com a finalidade,
segurança e vida útil da edificação, foi definido como 1,0, se referindo a edificações em geral,
como hotéis e residências (figura 16).

Figura 16 - Fator estatístico no software TQS, Fonte: Autor.

O coeficiente de arrasto é calculado pelo software, partindo da definição de ângulos


diferentes de direção do vento, que também podem ser alterados. Para este trabalho, adotaram-
se os ângulos mostrados na figura 17. Além disso, pode-se delimitar a altura na qual o software
deve considerar as ações do vento, alterando as informações nas colunas “Def Cot”, que define
se o software deve ou não considerar a ação do vento a partir de uma determinada cota, e “Cot
Ini”, que determina a cota a partir da qual esta ação deve ser avaliada. Para este trabalho, os
valores de “Cot Ini” foram mantidos em zero. A coluna “C.A” representa o coeficiente de
arrasto, cuja imagem já mostra um exemplo de valor calculado para o edifício de 30 pavimentos.

57
Figura 17 - Ângulos de ação do vento definidos no software TQS. Fonte: Autor.

Na tela de cálculo do coeficiente de arrasto (figura 18), foram inseridas as dimensões


em planta da edificação para cada direção do vento, e escolheu-se o ábaco de acordo com a
turbulência de cada edifício, seguindo as diretrizes da norma ABNT NBR 6123:1988. Inseriu-
se também a altura do edifício e então se calculou os valores do coeficiente de arrasto para as 4
direções de vento atribuídas. Cabe ressaltar que este cálculo de coeficiente de arrasto foi feito
𝐻 𝐿
para cada edifício, devido às suas diferentes classes de edificação e alturas. As variáveis 𝐿 e 𝐿1
1 2

do ábaco da figura 18, descritas no software com caracteres maiúsculos, foram explicadas na
seção 2.1.5 deste trabalho.

Figura 18 - Tela de cálculo do coeficiente de arrasto. Fonte: Autor.

58
Quanto ao ábaco escolhido para cada edificação, usaram-se como referência os dados
do estudo de Pinheiro (2018), com o qual este trabalho busca prosseguir. Então considerou-se
uma altura média de 36 metros para as construções vizinhas. Com isso, e sabendo que o pé-
esquerdo – a distância de piso a piso de uma edificação – adotado por pavimento foi de 3 metros,
os edifícios em zonas de baixa turbulência foram aqueles com altura superior a 72 metros, ou
seja, os prédios de 25 e 30 pavimentos. Os demais, cuja altura é inferior a 72 metros, foram
inseridos como em zonas de alta turbulência. Todas as premissas relativas à turbulência são
baseadas nos critérios comentados no item 2.1.5 deste trabalho.

3.2. MATERIAIS E CLASSE DE AGRESSIVIDADE

As definições envolvidas com os materiais empregados no projeto foram editadas no


software TQS através da tela mostrada na figura 19.

Figura 19 - Tela de edição dos parâmetros dos materiais no software TQS. Fonte: Autor.

59
O tipo de concreto estrutural utilizado foi o tradicionalmente armado. Já a classe de
agressividade ambiental escolhida foi a II – Moderada – Urbana, caracterizada na tabela 6.1 da
ABNT NBR 6118:2014 como de pequeno risco de deterioração da estrutura.

Quanto à resistência à compressão simples característica do concreto, o 𝑓𝑐𝑘 , optou-se


por utilizar a mesma metodologia observada no trabalho de Pinheiro (2018), que, como dito
anteriormente, serviu como base para este estudo. Com isto, sabe-se que o papel do valor do
𝑓𝑐𝑘 é muito importante para as distribuições de cargas, dimensões de armaduras, orçamentos e
outros fatores chave atrelados ao projeto estrutural do edifício.

De tal maneira, adotaram-se valores de 𝑓𝑐𝑘 tabelados, maiores à medida que o número
de pavimentos aumentava, de forma a compensar o aumento das cargas oriundo deste acréscimo
de pavimentos. De forma resumida, a tabela 5 traz os valores de 𝑓𝑐𝑘 adotados para cada situação
do trabalho.

Tabela 4 - Resistências à compressão adotadas para cada edifício de estudo. Fonte: Autor.

Número de pavimentos Classificação do concreto 𝑓𝑐𝑘 (Mpa)


5
10 C30 30
15
20 C35 35
25 C40 40
30 C45 45

Os valores de cobrimento são dados em função da classe de agressividade atribuída ao


edifício, que pela norma ABNT NBR 6118:2014, foram definidos em 3 centímetros para pilares
e vigas e em 2,5 centímetros para as lajes em geral. Estes valores são atribuídos ou
automaticamente preenchidos na tela de edição de cobrimentos, destacada na figura 20:

60
Figura 20 - Tela de edição de cobrimentos no software TQS. Fonte: Autor.

61
3.3. ARQUITETURA ADOTADA

A planta arquitetônica que serviu de base para elaborar o projeto estrutural foi a mesma
utilizada por Pinheiro (2018) e se encontra exposta na figura 21, sendo uma planta baixa de
formato “H” com 4 apartamentos, 2 elevadores, uma escada e um hall central. O térreo do
edifício foi considerado com apenas 3 apartamentos, com um hall de entrada substituindo o
apartamento omitido (figura 22).

PCF

APARTAMENTO 2 APARTAMENTO 1

HALL

APARTAMENTO 3 APARTAMENTO 4

Figura 21 - Planta arquitetônica do pavimento tipo. Fonte: Pinheiro (2018).


PCF

HALL

Figura 22 - Planta arquitetônica do pavimento térreo. Fonte: Pinheiro (2018).

62
A cobertura é o único pavimento que não possui cargas de parede, considerando-o
apenas como o fechamento dos espaços do último pavimento tipo, do shaft e do poço do
elevador. A área construída por pavimento tipo foi de aproximadamente 390 m², com um pé-
esquerdo de 3 metros.

Dessa forma, mantiveram-se constantes os pavimentos-tipo ao longo da altura de todos


os edifícios, com exceção dos térreos, que possuem um hall de acesso ao prédio, e das
coberturas.

Como o objetivo deste estudo é avaliar as variações nas taxas de armadura de vigas, os
outros parâmetros relativos a pilares e lajes foram mantidos constantes ou adaptados para
permanecerem os mais próximos possíveis dos usados pelo prévio trabalho de Pinheiro (2018),
cujo foco era a avaliação da taxa de armadura de pilares.

Os lances e patamares das escadas dos edifícios são idênticos. A espessura adotada para
todos os lances foi de 10 centímetros, sendo um valor usual para os vãos considerados. Todo o
cálculo envolvendo o dimensionamento dos espelhos, passos e número de degraus foi feito de
forma automática através da interface de calculadora de elementos inclinados presente no
programa (figura 23).

Deve-se ter em mente que a forma da escada foi escolhida e adequada de acordo com
Instrução Técnica Nº. 11/2018 do Corpo de Bombeiros da cidade de São Paulo, que trata de
saídas de emergência e também é referência para a região deste estudo.

Figura 23 - Interface de edição de lances de escada no software TQS. Fonte: Autor.

63
Os prédios dispõem de 2 elevadores, sendo um de serviço e um social. As dimensões
previstas para ambos são de 1,82 m x 1,75 m, as mesmas utilizadas por Pinheiro (2018) e acima
dos valores mínimos recomendados pelos fabricantes mais usuais, como a ATLAS
SCHINDLER S.A., que define as dimensões mínimas partindo de 1,6 m x 1,6 m.

Foram modelados no software 6 edifícios, sejam eles de 5, 10, 15, 20, 25 e 30


pavimentos. Cada um foi duplicado, e na sua réplica desconsiderou-se a ação do vento, de forma
que as taxas de armaduras pudessem ser geradas individualmente para a posterior comparação
que este estudo teve como objetivo. A figura 24 ilustra em 3 dimensões o resultado da
modelagem do edifício de 15 pavimentos.

Figura 24 - Edifício de 15 pavimentos modelado no software TQS. Fonte: Autor.

64
3.4. PREMISSAS DE DIMENSIONAMENTO

Para cada edifício, tentaram-se adequar as dimensões das seções transversais das vigas
para que os valores das taxas de armadura obtidas ao final do processamento do edifício
atendessem os limites superior e inferior que a norma ABNT NBR 6118:2014 estipula para
estes elementos lineares.

A tabela 17.3 da ABNT NBR 6118:2014, reproduzida na figura 25, limita a taxa mínima
de armadura de flexão de vigas com seção retangular, para diferentes valores 𝑓𝑐𝑘 :

Figura 25 - Valores de taxa mínima de armadura de flexão de vigas. Fonte: ABNT NBR 6118:2014.

Já o item 17.3.5.2.4 da mesma norma, que trata de armaduras de tração e de compressão,


estabelece o limite superior ao dizer que “a soma das armaduras de tração e de compressão (As
+ As’) não pode ter valor maior que 4 % Ac, calculada na região fora da zona de emendas,
devendo ser garantidas as condições de ductilidade requeridas em 14.6.4.3”.

Desta forma, cada edifício teve as dimensões das suas vigas reproduzidas igualmente ao
longo de todos os seus pavimentos, variando apenas os valores de carga atribuídos a estas no
pavimento da cobertura. As dimensões das vigas só variaram entre edifícios de alturas
diferentes, ao se perceber que edifícios mais altos requerem elementos estruturais mais
robustos. As dimensões de pilares e lajes foram os mesmos usados por Pinheiro (2018), com
as espessuras de lajes fixadas em 10 centímetros para todos os edifícios e com as dimensões da
seção transversal dos pilares sendo aumentadas à medida que se acrescia o número de
pavimentos. Assim, os edifícios mais altos tiveram os pilares com maior seção transversal, com
esta seção sendo mantida constante ao longo de toda a altura do edifício.

As cargas das vigas foram majoritariamente admitidas como advindas de alvenaria


composta de blocos de concreto de 19 cm de largura, sendo distribuídas ao longo de todas as
vigas dos projetos, bem como nas projeções lineares das paredes identificadas na arquitetura.
O tipo de bloco foi escolhido em uma lista do software TQS, não sendo necessário atribuir

65
valores de comprimento e altura do bloco especificado. Para o cálculo das cargas, deve-se
especificar ainda a altura da parede, parâmetro que se insere no TQS para que ele processe as
cargas automaticamente sobre uma determinada viga. Essas cargas de alvenaria são
consideradas lineares pelo software.

A altura das paredes foi inserida variando seu valor de acordo com a altura da viga
imediatamente superior à qual a parede está apoiada. Assim, se a viga imediatamente superior
tivesse altura de 60 centímetros, a altura de parede seria o valor do pé-esquerdo subtraído da
altura desta viga superior, ou seja, 2,4 metros.

Já a distribuição de cargas sobre as lajes obedeceu a posição das linhas vermelhas


identificadas na figura 26, sendo consideradas como atuantes apenas nos pavimentos tipo dos
edifícios. Dentro das variações das vigas, buscou-se atingir sempre um comportamento
aceitável dentro dos requisitos de flechas, taxas de armadura e outros, para cada edifício
processado com ou sem a ação do vento. As figuras 27, 28, 29, 30, 31 e 32 mostram a planta de
formas dos diferentes edifícios utilizados neste estudo.

V1 20/40 V2 20/40
CL BLOCO19 H2.9

CL BLOCO19 H2.9

L1 L2 L3 L4
h=10 h=10 h=10 h=10
V3 20/50

P1 P2 P3 P4 P5 P6
20/25 20/50 20/50 20/25
CL BLOCO19 H2.9

20/40 20/40
CL BLOCO19 H2.9

CL BLOCO19 H2.9

CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9

CL BLOCO19 H2.9

CL BLOCO19 H2.9
E1 E4 CL BLOCO19 H2.9

L5 L6 h=10
h=10 L7 L8
h=10 h=10 h=10 h=10
CL BLOCO19 H2.9 CL BLOCO19 H2.9

V4 20/40
CL BLOCO19 H2.9

CL BLOCO19 H2.9
Desce
V13

L18
20/40

h=10
V5 20/50

P7 P8 P9 P10 P11 P12


20/35 20/40 20/45 20/45 20/40 20/35

CL BLOCO19 H2.9 CL BLOCO19 H2.9

L9 L10 L11 L12


h=10
L13
h=10 h=10 h=10
h=10
CL BLOCO19 H2.9 CL BLOCO19 H2.9

V6 20/50

P13 P14 P15 P16


V14
20/40

20/45 20/35 20/35 20/45


CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9

CL BLOCO19 H2.9

CL BLOCO19 H2.9

V7
L14 L15 20/40 L16 L17
h=10
CL BLOCO19 H2.9
CL BLOCO19 H2.9

h=10 h=10 h=10


V10 20/50

V17 20/50
V11 20/50

V12 20/50

V16 20/50
20/50
V15

V8 20/50 V9 20/50

P17 P18 P19 P20


20/25 20/20 20/20 20/25

Figura 26 - identificação das cargas de parede admitidas no projeto. Fonte: Autor.

66
V1 20/40 V2 20/40
4.7 4.7 4.7 4.7
L1 L2 L3 L4

1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 h=10 VE 20/40 h=10 h=10

P1 P2 2.5 P5 P6
20/25 20/50 P3 L19 P4 20/50 20/25
20/40 20/40

Desce
h=10

1.31
4.7 4.7 4.7 4.7

1 E1 E2
h=10
L5 L6 h=10 L7 L8

5.8
5.8
5.8
5.8

h=10 h=10 h=10 h=10


V4 20/40

Desce
L18
h=10

20/40
1.72

V13
V5 20/50 2.5
P7 P8 P9 P10 P11 P12
20/35 20/40 20/45 20/45 20/40 20/35

67
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7

L9 L10 L11 L12


h=10
L13
h=10

4.65
4.65
4.65
4.65
4.65

h=10 h=10 h=10

V6 20/50

P13 P14 P15 P16


20/45 20/35 20/35 20/45
4.7 4.7 4.7 4.7
20/40
V14
1.82
1.82

1.75 1.75
V7
L14 L15 20/40 L16 L17
h=10 h=10 h=10 h=10

4.42
4.42
4.42
4.42

Figura 27 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 5 pavimentos. Fonte: Autor.


20/50

V10 20/50
V17 20/50

V11 20/50
V12 20/50
V15
V16 20/50

V8 20/50 V9 20/50

P17 P18 P19 P20


20/25 20/20 20/20 20/25
V1 20/40 V2 20/40
4.7 4.7 4.7 4.7
L1 L2 L3 L4

1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 h=10 VE 20/40 h=10 h=10

P1 2.5 P2
P3 25/80 L19 25/80 P4

Desce
P5 h=10 P6

1.31
20/60 20/60
20/85 20/85
4.7 4.7 4.7 4.7
1
E1
h=10 E2
L5 L6 h=10 L7 L8

5.8
5.8
5.8
5.8

h=10 h=10 h=10 h=10


V4 20/40

Desce
L18
h=10

20/40
1.72

V13
V5 20/50 2.5
P7 P8 P9 P10
20/110 20/120 20/120 20/110
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7

68
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10

4.65
4.65
4.65
4.65
4.65

h=10 h=10 h=10

V6 20/50

P11 P13 P12


25/80 20/75 25/80
P14

20/40
V14
4.7 4.7 20/75 4.7 4.7

1.82
1.82

1.75
V7 1.75
L14 L15 20/40 L16 L17
h=10 h=10 h=10 h=10

4.42
4.42
4.42
4.42

Figura 28 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 10 pavimentos. Fonte: Autor.


V10 20/50
V17 20/50

20/50

V11 20/50
V12 20/50
V15
V16 20/50

V8 20/50 V9 20/50

P15 P16 P17 P18


20/75 20/60 20/60 20/75
V1 20/40 V2 20/40
4.7 4.7 4.7 4.7
L1 L2 L3 L4

1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 h=10 VE 20/40 h=10 h=10

P1 2.5 P2
25/120 L19 25/120

Desce
P3 h=10 P4

1.31
20/85
P5 P6 20/85
25/95 25/95
4.7 4.7 4.7 4.7
1 E1 E2
h=10
L5 L6 h=10 L7 L8

5.8
5.8
5.8
5.8

h=10 h=10 h=10 h=10


V4 20/40

Desce
L18
h=10

20/40
1.72

V13
V5 20/60 2.5
P7 P8 P9 P10
25/120 25/140 25/140 25/120
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7

69
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10

4.65
4.65
4.65
4.65
4.65

h=10 h=10 h=10

V6 20/50

P11 P13 P12


25/120 25/95 25/120
20/40
V14
1.82 P14
1.82

4.7 4.7 1.75 25/95 4.7 4.7


V7 1.75
L14 L15 20/40 L16 L17
h=10 h=10 h=10 h=10

4.42
4.42
4.42
4.42

V10 20/50
V17 20/50

Figura 29 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 15 pavimentos. Fonte: Autor.


20/60

V12 20/60
V15

V11 20/50
V16 20/50

V8 20/50 V9 20/50

P15 P16 P17 P18


20/135 25/60 25/60 20/135
V1 20/40 V2 20/40
4.7 4.7 4.7 4.7
L1 L2 L3 L4
h=10

1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 VE 20/40 h=10 h=10

P1 2.5 P2
4.7 25/1604.7 L19 4.7 25/1604.7

Desce
h=10

1.31
P3 P4
20/110 P5 P6 20/110
25/140 25/140

1 E1
h=10 E2
L5 L6 h=10 L7 L8

5.8
5.8
5.8
5.8

h=10 h=10 h=10 h=10


V4 20/40

Desce
L18
h=10

20/40
1.72

V13
V5 20/60
2.5

P7 P8 P9 P10
25/140 30/120 30/120 25/140
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7

70
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10

4.65
4.65
4.65
4.65
4.65

h=10 h=10 h=10

V6 20/50

P11 P13 P12


25/160 25/180 25/160
4.7 4.7 4.7 4.7

20/40
V14
1.82
1.82

1.75
V7 1.75
L14 L15 P14 L16 L17
20/40 25/180
h=10 h=10 h=10 h=10

4.42
4.42
4.42
4.42

Figura 30 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 20 pavimentos. Fonte: Autor.


V10 20/50
V17 20/50

20/60

V11 20/50
V12 20/60
V15
V16 20/50

V8 20/50 V9 20/50

P15 P16 P17 P18


25/100 20/100 20/100 25/100
V1 20/40 V2 20/40
4.7 4.7 4.7 4.7
L1 L2 L3 L4
h=10

1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/50 h=10 VE 20/40 h=10 h=10

P1 2.5 P2
30/150 L19 30/150

Desce
4.7 4.7 h=10 4.7 4.7

1.31
P3 P4
25/130 25/130
P5 P6
30/180 30/180
E1
h=10 E2
L5 L6 1 h=10 L7 L8

5.8
5.8
5.8
5.8

h=10 h=10 h=10 h=10


V4 20/40

L18

Desce
h=10

20/40
1.72

V13
V520/60 2.5
P7 P8 P9 P10
25/180 30/150 30/150 25/180
4.7 4.7 3.7 4.7 4.7

71
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10

4.65
4.65
4.65
4.65
4.65

h=10 h=10
h=10

V6 20/50

P11 P13 P12


25/200 25/220 25/200

20/40
4.7 4.7 4.7 4.7
V14
1.82
1.82

1.75 1.75
V7
L14 L15 20/40 L16 L17
h=10 h=10 P14 h=10 h=10

4.42
4.42
4.42
4.42

25/220

V10 20/50
V17 20/50

Figura 31 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 25 pavimentos. Fonte: Autor.


20/60

20/60

V11 20/50
V12
V15
V16 20/50

V8 20/50 V9 20/50

P15 P16 P17 P18


25/130 20/130 20/130 25/130
V1 20/40 V2 20/40
4.7 4.65 4.65 4.7
L1 L2 L3 L4

1.14
1.14
1.14
1.14
V3 20/60 h=10 h=10 VE 20/40 h=10 h=10

P1 2.5 P2
25/220 L19 25/220

Desce
4.7 4.65 h=10 4.65 4.7

1.31
P3 P5 P6 P4
25/180 25/180
30/200h=10
E1 E2 30/200
L5 L6 h=10
L7 L8
h=10 1 h=10

5.78
5.78
5.78
5.78

h=10 h=10
V4 20/40

L18

Desce
h=10

1.7

20/40
V13
V525/60 2.5

P7 P8 P9 P10
25/180 30/160 30/160 25/180
4.7 4.65 3.7 4.65 4.7

72
L9 L10 L11 L12
h=10
L13
h=10

4.62
4.62
4.62
4.62

h=10
4.62

h=10 h=10

V6 20/60

P11 P13 P12


25/230 30/220 25/230
4.7 4.65 4.65 4.7

20/40
V14
1.82
1.82

1.75
V7 1.75
L14 L15 20/40 P14 L16 L17
h=10 h=10 h=10 h=10

4.42
4.42
4.42
4.42

V10 20/60
V17 20/60

30/220

Figura 32 - Planta de formas do pavimento tipo do edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.


25/60

25/60

V11 20/60
V12
V15
V16 20/60

V8 20/60 V9 20/60

P15 P16 P17 P18


25/160 20/170 20/170 25/160
3.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE VIGAS NO
SOFTWARE TQS

Esta seção foi baseada nas informações dadas pela TQS Informática Ltda. acerca do seu
programa de cálculo estrutural, o TQS. O sistema CAD/TQS realiza todo o dimensionamento,
detalhamento e desenho das vigas dentro do sub-sistema CAD/Vigas, localizado no painel do
gerenciador do programa. De acordo com a TQS Informática, os esforços calculados são
obtidos através de uma análise de modelo de pórtico espacial, considerando ações do vento,
peso próprio de lajes-grelha, vigas, pilares e sobrecargas.

Há dois modelos estruturais do edifício recomendados pela TQS Informática. O


primeiro é definido pelo software TQS como modelo IV, que considera um pórtico composto
apenas por barras que simulam pilares e vigas da estrutura. Nas lajes, somente os efeitos
oriundos das ações verticais são calculados. No outro modelo, o VI, as lajes também passam a
resistir parte dos esforços gerados pelo vento.

Os critérios relativos às ligações viga-pilar no software TQS preveem que a rigidez


efetiva destas ligações seja admitida no modelo por meio de uma representação de “molas”, ou
seja, com a flexibilização das ligações, também chamadas de ligações semirrígidas. Cada
“mola” representada possui então um valor de rigidez a ela associado, cujo cálculo aproximado
4𝐸𝐼
considera esta rigidez como o termo , sendo 𝐸 o módulo de elasticidade longitudinal do pilar,
𝐿

𝐼 é o momento de inércia de uma seção equivalente do pilar que será considerada na rigidez da
ligação e 𝐿 é o pé-direito do pilar.

“Os esforços são transferidos em forma de envoltórias de diversos carregamentos,


tornando a análise muito mais precisa e confiável” (TQS Informática, 2019). É com essas
envoltórias que o programa realiza o dimensionamento das armaduras longitudinais positivas e
negativas das vigas, além das transversais. Sendo feito de maneira automática, o
dimensionamento das vigas à flexão passa por um processo iterativo, considerando o centro de
gravidade real das armaduras, independentemente do número de camadas.

O dimensionamento das armaduras longitudinais de vigas pode ser feito considerando


flexão simples ou flexão composta normal, sendo esta última dependente da existência de
esforços normais que podem ser gerados pela análise estrutural do pórtico, principalmente
quando o vento é levado em consideração. O sistema CAD/TQS usa esta situação em suas
análises, calculando vão a vão e modificando as armaduras apenas onde for preciso.

73
O dimensionamento aos esforços de cisalhamento é feito independentemente para cada
vão. O programa ainda permite a escolha do modelo de cálculo, onde o escolhido para este
trabalho foi o modelo I, com bielas a 45º.

Quanto aos esforços de 2ª ordem, o sistema CAD/TQS automaticamente os considera


no dimensionamento dos elementos estruturais, por meio dos parâmetros 𝛾𝑧 e 𝐹𝐴𝑉𝑡. Além
destes, o software ainda permite ao usuário a consideração do processo P-Δ nas análises.

3.6. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

Os edifícios de mesma altura tiveram como única diferença a consideração ou


desconsideração da ação do vento. Dessa forma, modelou-se 6 prédios de diferentes alturas,
todos considerando a ação do vento. Após o correto processamento, replicaram-se todos os
edifícios e se retiraram as ações do vento, e cada um passou então por um novo processamento.
Nenhum dos prédios tiveram suas fundações dimensionadas, tendo em vista que este não era o
objetivo deste trabalho.

À medida que se reduziu o número de pavimentos, foram sendo feitas uma série de
adequações, acerca das dimensões dos elementos das vigas e pilares e parâmetros de
estabilidade, de materiais e de vento, como já comentado em seções anteriores.

Após o processamento dos edifícios, as taxas de armadura e outros parâmetros das vigas
puderam ser obtidos de forma resumida em um relatório do próprio software, sendo listadas as
taxas de armadura de cada uma das vigas, e para cada pavimento. A figura 33 ilustra onde se
encontra o resumo estrutural no software TQS, obtido para cada edifício.

74
Figura 33 - Localização do Resumo estrutural do edifício na interface do programa. Fonte: Autor.

Dentro do resumo estrutural, podem-se acessar as informações de dimensionamento de


armaduras de forma resumida para cada pavimento do edifício. A figura 34 mostra um desses
resumos, com várias informações sobre as vigas do pavimento tipo 7 do edifício de 30
pavimentos considerando a ação do vento.

Pode-se observar que uma das colunas deste relatório há um 𝜌𝑠 (%), que representa a
taxa entre a área de armadura longitudinal e a área de concreto presentes na seção transversal
do elemento estrutural, desconsiderando as áreas de aço relativas à armadura lateral. Os valores
de 𝜌𝑠 listados no relatório mostram o intervalo de taxas de uma mesma viga, do mínimo ao
máximo.

O TQS mostra um intervalo de valores porque, para diferentes seções de uma mesma
viga, podemos ter diferentes taxas de armadura a depender do dimensionamento de cada trecho.
Por exemplo, um vão de uma viga contínua pode necessitar de uma quantidade de aço maior
ou menor que outros vãos da mesma viga, o que gera uma diferença de taxas de armadura entre
as seções transversais desses vãos.

Uma outra coluna mostra a taxa de armadura transversal, identificada por 𝜌𝑠𝑤 (%).
Novamente, a taxa é exibida no resumo estrutural com intervalo, do menor ao maior valor para
cada viga. Novamente, essa diferença ocorre devido aos diferentes dimensionamentos da
75
armadura ao longo da viga, que dependem do quão solicitada é determinada seção, neste caso,
quanto aos esforços cortantes.

Exatamente com os resultados do resumo estrutural, tanto de 𝜌𝑠 quanto de 𝜌𝑠𝑤 , que este
trabalho analisará as variações de taxa nos capítulos posteriores, através da diferença percentual
entre as taxas calculadas com vento e sem vento.

Como exemplo de cálculo de taxa de armadura longitudinal, para a viga V15 da figura
34, temos uma taxa máxima de 3,22%. O corte longitudinal desta viga, identificado na figura
35, mostra que no seu segundo vão, entre os pilares P14 e P9, temos em uma determinada seção
transversal próxima do pilar 14 com 6 𝜙 20 mm e 6 𝜙 25 mm, sendo estas as armaduras
positivas e negativas respectivamente.

Figura 34 - Relatório simplificado de armadura de vigas. Fonte: Autor.

Para estes valores de armadura, a taxa é calculada da seguinte forma:

2,0 2 2,5 2
6×𝜋×( 2 ) +6×𝜋×( 2 )
𝜌𝑠 = = 0,0322 = 3,22%
25 × 60

O que coincide com o valor mostrado pelo software.


76
155 640
3 N1 Ø 12.5 3 N7 Ø 25

30
R=18.8
50

C=185 202 C=690


2 N2 Ø 25 C=835
3 N5 Ø 20 C=440
164 201 530 (2 Ø 2aCAM)
2 N3 Ø 25 C=560 2 N8 Ø 25
78 C=580 R=18.8
50

(1 Ø 2aCAM)
2 N6 Ø 20 C=215
(1 Ø 2aCAM) 141 470
106
2 N4 Ø 25 C=435 2 N9 Ø 25
R=18.7
50

(2 Ø 2aCAM) C=520
(1 Ø 2aCAM, 1 Ø 3aCAM)
61

1 N17 Ø 6.3 C=141 19

25/60 25/60 25/60 25/60

A
C

B
N19 C/20
4Ø8
N18 C/12 N19 C/18 N18 C/15 N19 C/25 N18 C/15 N18 C/15 N19 C/18 N18 C/15
11 Ø 6.3 7Ø8 11 Ø 6.3 7Ø8 11 Ø 6.3 10 Ø 6.3 10 Ø 8 9 Ø 6.3

3 Ø 12.5 + 4 Ø 25 6 Ø 25 6 Ø 25 2 Ø 25 5 Ø 20 3 Ø 20 + 3 Ø 25 5 Ø 25 7 Ø 25 7 Ø 25

1 Ø 6.3
2X3 Ø 8 2X3 Ø 8 2X3 Ø 8 2X3 Ø 8
4X1 Ø 10

3
V4 V2

77
5 Ø 20 6 Ø 20 4 Ø 16 2 Ø 6.3

P17 P14 P9 P6

A
C

B
24

(costela)
2x3 N22 Ø 8 C=443
6

20 (costela) 284 (costela) (costela)


2x3 N20 Ø 8 C=304 2x3 N21 Ø 8 C=508 2x3 N23 Ø 8 C=155

4x1 N16 Ø 10 C=106


20
43

52 (1 Ø 2aCAM)
2 N13 Ø 20 C=250

52

Figura 35 - Corte longitudinal da viga V15 do pavimento 7 do edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.
2 N12 Ø 20 C=480
177 148
12

R=8 41

30
310 52 2 N14 Ø 6.3
5 N10 Ø 20 C=340 2 N11 Ø 20 C=565 4 N15 Ø 16 C=480 C=160
Agora, exemplificando o cálculo da taxa de armadura transversal, para a mesma viga
V15 das figuras 34 e 35 temos um 𝜌𝑠𝑤 máximo de 0,39%. Essa taxa, como mostrado no capítulo
anterior, é calculada de forma diferente da armadura longitudinal, onde precisamos do valor da
área de armadura necessária, da largura e da altura útil da seção. O relatório de esforços
cisalhantes da viga V15, apresentado na figura 36, mostra que a taxa de 0,39% ocorreu na faixa
2 do 1º vão.

Figura 36 – Relatório simplificado de cisalhamento da viga V15. Fonte: Autor.

O relatório de cálculo é mostrado pelo software ao clicar no número da faixa, e foi


transcrito a seguir:

 L = 1,21 m (xi = 1,21 m; xf = 2,42 m)


 bw = 25,0 cm
 d = 55,4 cm
 Modelo I
 θ = 45º
 VSd = 276,1 kN
 VRd2 = 986,2 kN
 VRd3 = 276,1 kN
 Vc = 157,8 kN
 Vsw = 118 kN
 Asw = 5,5 cm²/m
 Asw,min = 3,8 cm²/m

78
Com estes valores, podemos calcular a taxa de armadura transversal da seguinte forma:

5,5
𝜌𝑠𝑤 = = 0,00397 = 0,397%
25 × 55,4

O que aproximadamente também coincide com o valor mostrado pelo software.

3.7. ESPECIFICAÇÕES DE HARDWARE E PROCESSAMENTO

O processamento dos edifícios no software TQS, versão 21.9, foi feito em um notebook
com processador Intel® Core™ i5-8265U de 8ª Geração e 6 MB de Cache, com frequência de
operação normal de 1,60 GHz a 3,90 Ghz com tecnologia Intel® Turbo Boost, memória RAM
de 8,00 GB e placa gráfica de 2,00 GB. Tendo isso em mente, o tempo de processamento de
cada um dos edifícios está representado na tabela 5:

Tabela 5 - Tempos de processamento dos edifícios em minutos. Fonte: Autor.

Tipo de 5 10 15 20 25 30
TOTAL
edifício pavimentos pavimentos pavimentos pavimentos pavimentos pavimentos
Com
06’07,59” 12’03,03” 18’25,30” 25’08,24” 30’32,86” 36’58,64” 129’15,66”
vento
Sem
05’08,39” 10’54,83” 16’32,19” 22’34,04” 27’54,64” 33’21,04” 116’26,69”
vento

É interessante observar que houve uma redução média de 2 minutos nos processamentos
sem a consideração das ações do vento, em comparação com os tempos de processamento dos
edifícios que consideraram o vento.

Os critérios adotados no processamento do edifício foram editados conforme a figura


37 no TQS, onde se pode observar que, em virtude do tema deste estudo e dos elementos
existentes nos edifícios, apenas as vigas foram dimensionadas, detalhadas e desenhadas, além
de não se alterarem as configurações padrão de planta de formas, grelha e pórtico espacial.

79
Figura 37 - Tela de processamento global de edifícios no software TQS. Fonte: Autor.

80
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados foram obtidos ao fim dos processamentos dos edifícios, para as suas
diferentes alturas e considerações da ação do vento, e passaram por tratamento no software
Excel pertencente ao Microsoft Office 2019.

Devido à dificuldade de se analisar individualmente cada viga, considerando que todos


os pavimentos tipo possuem 17 vigas, optou-se por proceder a análise considerando a média
das taxas de armadura de cada pavimento, para todos os edifícios, assim como o valor máximo
e mínimo de cada pavimento. Assim, para o edifício de 5 pavimentos, por exemplo, houveram
6 valores médios, 6 valores máximos e 6 valores mínimos, para 1 térreo e 5 pavimentos tipo.

Essa análise foi feita tanto para as armaduras longitudinais de flexão quanto para as
armaduras transversais, tendo em vista que o software gera automaticamente as taxas destas.
Ainda foi feita uma média de cada edifício, de forma a acompanhar de forma mais geral como
se comporta cada edifício processado.

Porém, antes de toda a análise sobre as armaduras, a seção a seguir mostrará resultados
de estabilidade dos edifícios, de forma a mostrar um dos parâmetros norteadores na definição
das dimensões de vigas e pilares adotados.

A última seção de resultados abordará uma média das armaduras de todas as vigas por
edifício, além de fazer uma análise do total de massa de aço obtida no detalhamento das vigas
por edifício.

4.1. PARÂMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDIFÍCIOS

Um dos critérios utilizados na adoção das dimensões de vigas e principalmente, dos


pilares foi o parâmetro de estabilidade 𝛾𝑧 , de forma que após o correto processamento dos
edifícios, estes possuíssem uma garantia de estabilidade, tal qual um projeto real. O fato de ser
um parâmetro citado tanto pela ABNT NBR 6118:2014 quanto pelo próprio software TQS
também foi definitivo em sua escolha. Com todas essas considerações, a tabela 6 compila os
valores de 𝛾𝑧 para cada direção de vento, em função do número de pavimentos.

81
Tabela 6 - Valores de 𝛾𝑧 para edifícios de diferentes alturas. Fonte: Autor.

Ângulo do Parâmetro de estabilidade γz


eixo
5 10 15 20 25 30
90.0 1.231 1.299 1.299 1.286 1.294 1.268
270.0 1.231 1.299 1.299 1.286 1.294 1.268
0.0 1.154 1.139 1.156 1.190 1.188 1.154
180.0 1.154 1.139 1.156 1.190 1.188 1.154

Vê-se que os valores de 𝛾𝑧 foram maiores na direção de 90º e 270º, ou seja, na direção
perpendicular à maior dimensão do edifício, todos os valores figuraram entre 1,1 e 1,3, com os
edifícios sendo então classificados como de nós móveis. As direções adotadas são vistas de
forma mais clara na figura 38, que mostra os eixos principais adotados para o edifício 30
pavimentos, com o maior valor de 𝛾𝑧 para este caso identificado.

Figura 38 - Eixos principais adotados no edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.

Os deslocamentos horizontais absolutos máximos foram obtidos para os mesmos


ângulos de eixo, de 90º e 270º, no relatório gerado pelo software TQS. Os valores de
deslocamento horizontal máximo podem ser vistos de forma detalhada na tabela 7, ou de forma
gráfica na figura 39, onde os valores de deslocamento de todos os edifícios permaneceram
abaixo dos valores limitados por norma.

82
Tabela 7 - Deslocamentos horizontais absolutos por edifício. Fonte: Autor.

Nº de DeslH DeslH
Pavimentos (cm) limite (cm)

5 0,26 0,88
10 0,58 1,76
15 0,97 2,65
20 1,29 3,53
25 2,39 4,41
30 2,81 5,29

5,5

4,5
Delocamento horizontal (cm)

3,5

2,5

1,5

0,5

-0,5 0 5 10 15 20 25 30 35
Número de pavimentos

DeslH DeslH limite

Figura 39 - Comparativo entre deslocamentos horizontais absolutos e limites. Fonte: Autor.

4.2. COMPORTAMENTO DAS TAXAS GEOMÉTRICAS DE ARMADURAS


POR PAVIMENTO

Nesta seção, serão mostrados os resultados obtidos para as taxas geométricas de


armadura longitudinal e transversal das vigas, de cada um dos edifícios. O 𝜌𝑠 e 𝜌𝑠𝑤 , como já
mostrados, são as taxas de armadura longitudinal e transversal. Já Δ𝜌𝑠 e Δ𝜌𝑠𝑤 são suas
respectivas variações, que comparam os valores com vento e sem vento, ou seja, indicam o
aumento de taxa em relação ao edifício sem vento.

Os resultados de taxas de armadura longitudinais de cada um dos edifícios são


mostrados a seguir, na ordem de taxas médias, taxas máximas e taxas mínimas. Deve-se
observar que os valores máximos e mínimos foram os obtidos para cada pavimento, mesmo que
para vigas diferentes, logo não foram feitas comparações de variação entre estes valores.

83
Já as considerações sobre a variação de taxas por viga individual priorizaram os
resultados referentes a taxas de armadura longitudinal, por terem um maior impacto na
quantidade de aço do edifício e refletirem as vigas mais carregadas.

4.2.1. Edifício de 5 pavimentos

Tabela 8 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 5 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs médio (%) ρsw médio (%)


Pavimento Δρs (%) Δρsw (%)
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,788 0,788 0,000 0,299 0,299 0,000
1 1,373 1,299 5,643 0,347 0,341 1,958
2 1,367 1,304 4,770 0,345 0,338 1,970
3 1,364 1,304 4,557 0,343 0,339 1,146
4 1,297 1,279 1,389 0,332 0,330 0,505
5 0,773 0,773 0,000 0,265 0,265 0,000

Tabela 9 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 5 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs máximo (%) ρsw máximo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 1,360 1,360 0,460 0,460
1 2,720 2,720 0,580 0,580
2 2,610 2,530 0,580 0,570
3 2,610 2,530 0,580 0,570
4 2,610 2,610 0,580 0,580
5 1,010 1,010 0,320 0,320

Tabela 10 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 5 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs mínimo (%) ρsw mínimo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,390 0,390 0,250 0,250
1 0,390 0,390 0,250 0,250
2 0,390 0,390 0,250 0,250
3 0,390 0,390 0,250 0,250
4 0,390 0,390 0,250 0,250
5 0,490 0,490 0,250 0,250

Os resultados referentes à média das taxas de armadura do edifício de 5 pavimentos


mostraram um maior valor de taxa geométrica longitudinal e transversal nas vigas do pavimento
tipo 1, com uma posterior redução gradativa até o último pavimento tipo.

Na tabela de máximos, observa-se o mesmo comportamento anterior, com os valores


máximos no pavimento tipo 1. Porém, ao longo de todos os pavimentos tipo, os valores

84
máximos foram semelhantes. Os valores mínimos se mantiveram constantes ao longo de toda
a edificação, com exceção da taxa longitudinal da cobertura, que aumentou.

As vigas que possuíram maior variação de taxa de armadura longitudinal neste edifício
foram a V3, V5, V10, V12 e V17, com variações entre 10% e 20%. O maior valor de variação
foi na viga V3, com uma diferença de 20,69% nos três primeiros pavimentos tipo. Assim, em
uma vista superior do edifício, a maior influência foi tanto em vigas periféricas quanto em
centrais. A tabela 11 mostra o relatório das vigas do pavimento tipo 3, sendo L os tamanhos dos
vãos e H/L a razão entre a altura da viga, variando para cada vão:

Tabela 11 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 5 pavimentos. Fonte: Autor.

Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,59 0,59 0,00
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,59 0,59 0,00
V3 3,9 a 4,8 5 20 x 50 0,10 a 0,13 1,05 0,87 20,69
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,0 a 4,8 5 20 x 50 0,10 a 0,12 0,88 1,01 -12,87
V6 3,9 a 4,8 5 20 x 50 0,10 a 0,13 2,13 1,97 8,12
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,57 0,57 0,00
V8 9,8 a 9,8 1 20 x 50 0,05 a 0,05 1,85 1,85 0,00
V9 9,8 a 9,8 1 20 x 50 0,05 a 0,05 1,85 1,85 0,00
V10 1,5 a 9,4 3 20 x 50 0,05 a 0,34 2,36 2,04 15,69
V11 1,4 a 6,0 4 20 x 50 0,08 a 0,35 2,61 2,53 3,16
V12 1,6 a 5,9 4 20 x 50 0,09 a 0,31 0,87 0,81 7,41
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 1,28 1,28 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 1,6 a 5,9 4 20 x 50 0,09 a 0,31 1,5 1,5 0,00
V16 1,4 a 6,0 4 20 x 50 0,08 a 0,35 2,61 2,53 3,16
V17 1,5 a 9,4 3 20 x 50 0,05 a 0,34 2,36 2,04 15,69
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,47 0,47 0,00

Para este prédio, então, observou-se uma maior influência do vento nos pavimentos tipo
inferiores. Estes resultados surpreendem porque, com apenas 15 metros de altura, já se pode ter
uma dimensão da importância da ação do vento em projetos estruturais de edifícios.

85
4.2.2. Edifício de 10 pavimentos

Tabela 12 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 10 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs médio (%) ρsw médio (%)


Pavimento Δρs (%) Δρsw (%)
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,784 0,794 -1,186 0,301 0,302 -0,390
1 1,619 1,599 1,286 0,412 0,412 0,000
2 1,707 1,594 7,076 0,420 0,412 2,024
3 1,707 1,591 7,263 0,421 0,411 2,436
4 1,691 1,591 6,250 0,419 0,411 1,892
5 1,653 1,591 3,876 0,416 0,412 0,945
6 1,631 1,591 2,479 0,412 0,412 0,135
7 1,583 1,590 -0,419 0,410 0,411 -0,270
8 1,549 1,578 -1,796 0,408 0,412 -0,945
9 1,507 1,558 -3,280 0,397 0,403 -1,515
10 0,869 0,861 0,913 0,269 0,270 -0,265

Tabela 13 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 10 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs máximo (%) ρsw máximo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 1,190 1,190 0,470 0,480
1 3,820 3,870 1,180 1,190
2 3,870 3,870 1,190 1,190
3 3,870 3,870 1,200 1,190
4 3,870 3,870 1,200 1,190
5 3,870 3,870 1,190 1,200
6 3,870 3,870 1,190 1,200
7 3,870 3,870 1,190 1,200
8 3,870 3,870 1,180 1,200
9 3,870 3,870 1,180 1,210
10 1,610 1,660 0,320 0,320

86
Tabela 14 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 10 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs mínimo (%) ρsw mínimo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,390 0,390 0,250 0,250
1 0,390 0,390 0,250 0,250
2 0,390 0,390 0,250 0,250
3 0,390 0,390 0,250 0,250
4 0,390 0,390 0,250 0,250
5 0,390 0,390 0,250 0,250
6 0,390 0,390 0,250 0,250
7 0,390 0,390 0,250 0,250
8 0,390 0,390 0,250 0,250
9 0,390 0,390 0,250 0,250
10 0,570 0,490 0,250 0,250

Neste edifício, pôde-se observar que houve um comportamento semelhante nas


variações de taxas de armadura longitudinal e transversal médias. Enquanto que as variações
de taxas foram superiores nos pavimentos tipo de 1 a 6, nos demais majoritariamente houve
uma redução quando se considerou o vento como ação atuante. As taxas observadas para este
edifício também tiveram uma maior variação que o edifício anterior, atingindo nos seus maiores
valores positivos um Δ𝜌𝑠 de 7,263% e um Δ𝜌𝑠𝑤 de 2,436%. As respectivas maiores variações
negativas foram obtidas para o último pavimento tipo, mostrando que para estes pavimentos
mais superiores pode-se imaginar uma certa economia de aço.

Puderam-se justificar as reduções de taxa nos pavimentos superiores ao se analisar os


resultados de esforços normais nas vigas deste edifício. No caso com vento, houve esforços de
compressão nos pavimentos mais altos com valores próximos de -1 kN, sobretudo a partir do
pavimento tipo 5, enquanto que os pavimentos inferiores mostraram esforços de tração. No
edifício sem vento não houve quase nenhuma presença de esforços normais ao longo dos
pavimentos, a não ser nos dois últimos pavimentos, onde foram visualizados esforços de tração,
da ordem de 0,3 a 1 kN.

Assim, o esforço normal de compressão no caso com o vento acabou gerando um


pequeno alívio na região de tração das vigas observadas no edifício sem o vento, ocasionando
uma redução de armadura nos pavimentos superiores. Inclusive, as maiores variações positivas
nos pavimentos inferiores podem ser justificadas pela presença desses esforços de tração devido
à ação do vento.

87
Cabe destacar que os esforços normais presentes nas vigas são decorrentes dos esforços
cortantes aos quais os pilares do edifício estão resistindo, uma vez que o modelo estrutural
considerado no dimensionamento é o de pórtico espacial, que considera as ligações de pilares
e vigas e não somente estes como elementos isolados.

Quanto às taxas máximas e mínimas, foram obtidos valores bem próximos para todos
os pavimentos tipo, não havendo uma diferença quanto a consideração ou não da ação do vento.
Pode-se observar disto que as maiores variações de armadura devido a esta ação podem ter
ocorrido principalmente para a vigas com taxas mais intermediárias. Ainda, os valores mínimos
obtidos para o edifício de 10 pavimentos foram idênticos aos do edifício de 5 pavimentos.

A maior taxa observada neste edifício foi na viga V12 do terceiro pavimento, uma viga
central, com uma variação de taxa de 102,38% na sua armadura longitudinal. As maiores
variações individuais foram nas vigas mais centrais, dentre elas a V3, V6, V8, V9, V12 e V15.
O relatório que traz a taxa máxima da viga V12 pode ser visto na tabela 15.

Tabela 15 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 10 pavimentos. Fonte: Autor.

Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,66 3,03
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,66 3,03
V3 3,9 a 4,7 5 20 x 50 0,11 a 0,13 1,31 0,96 36,46
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,0 a 8,0 3 20 x 50 0,06 a 0,12 3,87 3,87 0,00
V6 3,9 a 4,7 5 20 x 50 0,11 a 0,13 2,13 1,72 23,84
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,57 0,57 0,00
V8 9,5 a 9,5 1 20 x 50 0,05 a 0,05 2,51 2,2 14,09
V9 9,5 a 9,5 1 20 x 50 0,05 a 0,05 2,51 3,15 -20,32
V10 1,8 a 9,0 3 20 x 50 0,06 a 0,28 1,97 1,88 4,79
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 3 3,08 -2,60
V12 2,0 a 5,4 4 20 x 50 0,09 a 0,25 1,7 0,84 102,38
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 1,28 1,28 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,0 a 5,4 4 20 x 50 0,09 a 0,25 2,17 1,36 59,56
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 3 3,08 -2,60
V17 1,8 a 9,0 3 20 x 50 0,06 a 0,28 1,97 1,88 4,79
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,39 0,47 -17,02

Então, para este edifício, notou-se novamente uma maior influência do vento nos
pavimentos tipo mais baixos, sobretudo nos pavimentos tipo 2 a 5.

88
4.2.3. Edifício de 15 pavimentos

Tabela 16 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 15 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs médio (%) ρsw médio (%)


Pavimento Δρs (%) Δρsw (%)
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,721 0,723 -0,244 0,292 0,294 -0,600
1 1,428 1,400 2,024 0,364 0,362 0,768
2 1,491 1,414 5,381 0,374 0,361 3,538
3 1,517 1,432 5,896 0,380 0,361 5,393
4 1,527 1,422 7,344 0,381 0,361 5,701
5 1,527 1,418 7,638 0,379 0,361 5,239
6 1,511 1,397 8,194 0,376 0,361 4,314
7 1,481 1,397 6,046 0,372 0,361 3,077
8 1,456 1,397 4,256 0,371 0,361 2,615
9 1,431 1,400 2,183 0,367 0,361 1,692
10 1,411 1,400 0,794 0,365 0,361 1,233
11 1,411 1,400 0,754 0,362 0,360 0,463
12 1,366 1,400 -2,421 0,359 0,361 -0,308
13 1,342 1,406 -4,544 0,357 0,361 -0,924
14 1,313 1,400 -6,230 0,353 0,356 -0,781
15 0,829 0,770 7,699 0,289 0,291 -0,491

Tabela 17 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 15 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs máximo (%) ρsw máximo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 1,190 1,190 0,460 0,480
1 2,700 3,150 0,710 0,700
2 2,700 3,150 0,730 0,690
3 2,980 3,150 0,740 0,690
4 2,980 3,150 0,740 0,690
5 2,980 3,150 0,740 0,690
6 2,920 3,150 0,740 0,690
7 2,700 3,150 0,730 0,700
8 2,700 3,150 0,730 0,700
9 2,700 3,150 0,720 0,700
10 2,700 3,150 0,720 0,700
11 2,630 3,150 0,710 0,700
12 2,630 3,150 0,710 0,700
13 2,630 3,150 0,700 0,700
14 2,630 3,150 0,700 0,710
15 1,210 1,210 0,480 0,490

89
Tabela 18 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 15 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs mínimo (%) ρsw mínimo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,390 0,390 0,210 0,210
1 0,390 0,390 0,210 0,210
2 0,390 0,390 0,210 0,210
3 0,390 0,390 0,230 0,210
4 0,390 0,390 0,240 0,210
5 0,390 0,390 0,220 0,210
6 0,390 0,390 0,210 0,210
7 0,390 0,390 0,210 0,210
8 0,390 0,390 0,210 0,210
9 0,390 0,390 0,210 0,210
10 0,390 0,390 0,210 0,210
11 0,390 0,390 0,210 0,210
12 0,390 0,390 0,210 0,210
13 0,390 0,390 0,210 0,210
14 0,390 0,390 0,210 0,210
15 0,570 0,570 0,210 0,210

O edifício de 15 pavimentos mostrou um comportamento semelhante ao prédio de 10


pavimentos no que diz respeito ao comportamento das suas variações de taxa médias, com
maiores valores positivos nos pavimentos mais baixos.

Houve um maior número de pavimentos com variação de taxa positiva, entre os


pavimentos tipo 1 e tipo 11, tanto para a Δ𝜌𝑠 quanto a Δ𝜌𝑠𝑤 . O maior valor de variação média
positiva foi de Δ𝜌𝑠 = 8,194% no pavimento tipo 6 e de a Δ𝜌𝑠𝑤 = 5,701% no pavimento tipo 4.
Já a variação negativa média atingiu o valor de 6,230% no pavimento tipo 14, quase na mesma
ordem de grandeza dos valores positivos.

A partir dos resultados de taxas máximas, pode-se perceber um pequeno aumento das
taxas dos pavimentos mais inferiores, quando se vê os resultados com a ação do vento.
Entretanto, há taxas de armadura longitudinal maiores no edifício sem o vento, onde o valor
máximo de 𝜌𝑠 chegou a 3,15%. De maneira geral, houve um aumento das taxas máximas em
relação ao edifício de 10 pavimentos.

Os resultados de taxas mínimas mostraram valores próximos dos vistos no edifício de


10 pavimentos, mas iguais por todos os pavimentos.

A maior taxa de armadura longitudinal observada neste edifício foi novamente na viga
V12, mas do quinto pavimento, com uma variação de taxa de 150,75%. As maiores variações

90
individuais foram nas vigas mais centrais, dentre elas, V3, V5, V6, V8, V9, V12 e V15. A tabela
19 ilustra esse resultado.

Tabela 19 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 15 pavimentos. Fonte: Autor.

Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,59 15,25
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,59 15,25
V3 4,0 a 4,5 5 20 x 50 0,11 a 0,13 1,27 0,81 56,79
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,1 a 7,8 3 20 x 60 0,08 a 0,15 2,98 2,29 30,13
V6 4,0 a 4,5 5 20 x 50 0,11 a 0,13 1,62 1,5 8,00
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,57 0,57 0,00
V8 9,5 a 9,5 1 20 x 50 0,05 a 0,05 2,51 3,08 -18,51
V9 9,5 a 9,5 1 20 x 50 0,05 a 0,05 2,51 3,15 -20,32
V10 2,0 a 8,4 3 20 x 50 0,06 a 0,25 1,97 1,66 18,67
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,29 2,68 -14,55
V12 2,1 a 5,3 4 20 x 60 0,11 a 0,28 1,68 0,67 150,75
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 1,28 1,28 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,1 a 5,3 4 20 x 60 0,11 a 0,28 1,81 0,87 108,05
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,29 2,68 -14,55
V17 2,0 a 8,4 3 20 x 50 0,06 a 0,25 1,97 1,66 18,67
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,39 0,47 -17,02

Este edifício apresentou, de forma similar aos mostrados anteriormente, uma maior
influência do vento nos pavimentos tipo inferiores, para as variações positivas de taxas médias
de armadura.

91
4.2.4. Edifício de 20 pavimentos

Tabela 20 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 20 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs médio (%) ρsw médio (%)


Pavimento Δρs (%) Δρsw (%)
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,734 0,748 -1,888 0,311 0,316 -1,490
1 1,326 1,245 6,470 0,359 0,361 -0,462
2 1,453 1,270 14,436 0,374 0,361 3,538
3 1,540 1,278 20,522 0,386 0,361 6,934
4 1,558 1,278 21,957 0,391 0,361 8,308
5 1,574 1,278 23,217 0,392 0,361 8,615
6 1,560 1,282 21,717 0,391 0,361 8,308
7 1,559 1,282 21,673 0,388 0,362 7,220
8 1,554 1,278 21,652 0,383 0,362 5,991
9 1,517 1,271 19,370 0,379 0,362 4,916
10 1,505 1,263 19,129 0,373 0,362 3,226
11 1,475 1,263 16,755 0,368 0,362 1,843
12 1,451 1,263 14,820 0,365 0,362 0,922
13 1,418 1,262 12,373 0,362 0,362 0,000
14 1,371 1,269 8,056 0,359 0,362 -0,614
15 1,326 1,269 4,466 0,359 0,362 -0,920
16 1,302 1,281 1,648 0,359 0,362 -0,920
17 1,278 1,276 0,174 0,357 0,362 -1,229
18 1,267 1,276 -0,740 0,356 0,362 -1,690
19 1,257 1,252 0,399 0,356 0,362 -1,690
20 0,880 0,827 6,390 0,284 0,286 -0,748

Os valores de Δ𝜌𝑠 médio para este edifício foram em grande parte positivas, atingindo
um pico de 23,217% no pavimento 5. Quanto à Δ𝜌𝑠𝑤 , há um comportamento semelhante das
grandezas de variações de taxa, com um pico de 8,615% no pavimento 5 também. Observou-se
então, para este edifício, um aumento significante das taxas em relação ao edifício de 15
pavimentos.

92
Tabela 21 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 20 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs máximo (%) ρsw máximo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 1,210 1,210 0,410 0,420
1 2,500 2,430 0,630 0,610
2 2,980 2,700 0,660 0,610
3 3,050 2,700 0,670 0,600
4 3,050 2,700 0,680 0,600
5 3,050 2,700 0,680 0,600
6 3,050 2,700 0,680 0,600
7 3,050 2,700 0,680 0,600
8 3,050 2,700 0,670 0,600
9 2,980 2,700 0,670 0,600
10 2,980 2,570 0,660 0,600
11 2,920 2,570 0,650 0,600
12 2,910 2,570 0,640 0,600
13 2,720 2,570 0,640 0,600
14 2,500 2,570 0,630 0,600
15 2,500 2,570 0,620 0,610
16 2,500 2,570 0,620 0,610
17 2,300 2,570 0,620 0,610
18 2,300 2,570 0,610 0,610
19 2,300 2,430 0,610 0,610
20 1,120 1,120 0,350 0,360

93
Tabela 22 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 20 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs mínimo (%) ρsw mínimo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,390 0,390 0,230 0,230
1 0,390 0,390 0,230 0,230
2 0,390 0,390 0,280 0,230
3 0,390 0,390 0,280 0,230
4 0,390 0,390 0,280 0,230
5 0,390 0,390 0,280 0,230
6 0,390 0,390 0,280 0,230
7 0,390 0,390 0,280 0,230
8 0,390 0,390 0,280 0,230
9 0,390 0,390 0,280 0,230
10 0,390 0,390 0,270 0,230
11 0,390 0,390 0,240 0,230
12 0,390 0,390 0,230 0,230
13 0,390 0,390 0,230 0,230
14 0,390 0,390 0,230 0,230
15 0,390 0,390 0,230 0,230
16 0,390 0,390 0,230 0,230
17 0,390 0,390 0,230 0,230
18 0,390 0,390 0,230 0,230
19 0,390 0,390 0,230 0,230
20 0,670 0,630 0,230 0,230

Os valores de taxa máximos obedeceram a uma distribuição gráfica semelhante aos


vistos no edifício de 15 pavimentos, porém com o maior valor de taxa máxima presente no
edifício que considerou a ação do vento. Os valores mínimos seguiram com quase nenhuma
variação ao longo dos pavimentos, tanto nas armaduras longitudinais quanto nas armaduras
transversais.

A maior taxa individual de armadura longitudinal foi novamente na viga V12, nos
pavimentos 6, 7 e 8, com uma variação de taxa de 214,29%. As maiores variações individuais
foram nas vigas mais centrais, dentre elas, V3, V6, V8, V9, V12 e V15. Em valores, todas as
vigas tiveram altas taxas de variação ao longo dos pavimentos do edifício, menos as vigas V4,
V7, V13 e V14. A tabela 23 exemplifica os resultados do pavimento tipo 6, com o máximo
referente à viga V12.

94
Tabela 23 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 20 pavimentos. Fonte: Autor.

Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,59 15,25
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,68 0,59 15,25
V3 4,0 a 4,3 5 20 x 50 0,12 a 0,13 1,27 0,88 44,32
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,49 0,49 0,00
V5 4,1 a 7,8 3 20 x 60 0,08 a 0,15 3,05 2,7 12,96
V6 4,0 a 4,3 5 20 x 50 0,12 a 0,13 1,97 1,5 31,33
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,57 0,57 0,00
V8 9,0 a 9,0 1 20 x 50 0,06 a 0,06 2,29 2,43 -5,76
V9 9,0 a 9,0 1 20 x 50 0,06 a 0,06 2,29 2,43 -5,76
V10 2,3 a 8,7 3 20 x 50 0,06 a 0,22 1,97 1,72 14,53
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,49 2,08 19,71
V12 2,6 a 4,9 4 20 x 60 0,12 a 0,23 1,98 0,63 214,29
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 0,83 0,83 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,6 a 4,9 4 20 x 60 0,12 a 0,23 1,98 1,19 66,39
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,49 2,08 19,71
V17 2,3 a 8,7 3 20 x 50 0,06 a 0,22 1,97 1,5 31,33
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,69 0,47 46,81

O edifício modelado com 20 pavimentos, semelhantemente aos anteriores, continuou


mostrando uma maior influência do vento nas taxas de armadura dos pavimentos inferiores.

95
4.2.5. Edifício de 25 pavimentos

Tabela 24 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 25 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs médio (%) ρsw médio (%)


Pavimento Δρs (%) Δρsw (%)
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,708 0,708 0,000 0,338 0,338 0,000
1 1,373 1,123 22,206 0,373 0,362 2,914
2 1,620 1,130 43,363 0,386 0,363 6,269
3 1,802 1,143 57,580 0,411 0,364 12,977
4 1,919 1,142 68,127 0,426 0,365 16,591
5 2,068 1,142 81,168 0,434 0,365 18,874
6 2,104 1,147 83,479 0,435 0,365 19,178
7 2,085 1,156 80,433 0,433 0,365 18,569
8 2,097 1,151 82,191 0,428 0,365 17,352
9 2,054 1,155 77,826 0,422 0,365 15,525
10 1,981 1,155 71,525 0,415 0,366 13,526
11 1,866 1,164 60,286 0,408 0,366 11,533
12 1,819 1,159 56,951 0,402 0,366 9,712
13 1,762 1,155 52,573 0,398 0,367 8,485
14 1,717 1,157 48,344 0,392 0,367 6,970
15 1,616 1,157 39,606 0,390 0,366 6,525
16 1,588 1,157 37,206 0,386 0,366 5,463
17 1,547 1,179 31,244 0,383 0,366 4,711
18 1,554 1,180 31,685 0,379 0,366 3,799
19 1,516 1,180 28,437 0,377 0,365 3,196
20 1,467 1,180 24,294 0,374 0,365 2,588
21 1,414 1,180 19,821 0,372 0,366 1,824
22 1,386 1,182 17,246 0,371 0,366 1,368
23 1,360 1,182 15,038 0,371 0,366 1,368
24 1,298 1,170 10,921 0,370 0,366 1,216
25 1,064 0,980 8,528 0,314 0,314 0,000

As Δ𝜌𝑠 médias deste edifício apresentaram um salto, atingindo valores 4 vezes maiores
que as variações de taxas de armadura longitudinal observadas no edifício de 20 pavimentos.
Aqui, não houve nenhum valor de variação negativa, com o pico de Δ𝜌𝑠 em 83,479% no
pavimento 6. Os valores de Δ𝜌𝑠𝑤 também foram superiores, com o pico sendo apresentado
também no pavimento 6, com a variação de 19,178%.

Esta impressão também é retratada nos valores de variação de taxa máxima da tabela
25, com valores de Δ𝜌𝑠 ainda maiores que os vistos no edifício de 20 pavimentos. As taxas
máximas de armadura longitudinal e transversal do prédio considerando a ação do vento
continuaram mostrando um aumento de taxa nos pavimentos inferiores, em contrapartida com
os valores praticamente constantes do edifício sem vento. Os valores mínimos de armadura
longitudinal da tabela 26 continuaram com nenhuma variação perceptível ao longo dos

96
pavimentos, mas os valores mínimos do edifício sem o vento foram menores que os valores do
edifício que considerou esta ação.

A ordem de grandeza dos valores de taxa observados neste edifício já mostra a


importância da consideração do vento no dimensionamento dos edifícios, mesmo esta análise
se restringindo as taxas de armadura de vigas.

Tabela 25 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 25 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs máximo (%) ρsw máximo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,000 1,210 0,400 0,400
1 2,770 2,240 0,560 0,490
2 2,980 2,240 0,630 0,500
3 3,500 2,240 0,680 0,510
4 3,910 2,240 0,700 0,510
5 3,910 2,240 0,720 0,510
6 3,910 2,240 0,720 0,510
7 3,910 2,240 0,720 0,510
8 3,910 2,240 0,720 0,510
9 3,910 2,240 0,710 0,510
10 3,910 2,240 0,700 0,520
11 3,480 2,240 0,690 0,520
12 3,460 2,240 0,680 0,520
13 3,290 2,240 0,670 0,520
14 2,960 2,240 0,650 0,520
15 2,880 2,240 0,640 0,520
16 2,880 2,240 0,620 0,520
17 2,880 2,430 0,610 0,510
18 2,880 2,430 0,590 0,510
19 2,880 2,430 0,580 0,510
20 2,880 2,430 0,570 0,510
21 2,880 2,430 0,550 0,510
22 2,560 2,430 0,540 0,510
23 2,560 2,430 0,540 0,510
24 2,430 2,430 0,530 0,510
25 1,750 1,750 0,390 0,390

A maior taxa individual de armadura longitudinal continuou na viga V12, no pavimento


5, com uma variação de taxa de 388,06%. As maiores variações individuais foram nas vigas
V3, V5, V6, V7, V8, V9, V12 e V15 e V17, ou seja, quase todas as vigas mostraram grandes
variações de taxa de armadura ao longo dos pavimentos. O resultado da viga V12 encontra-se
exemplificado na tabela 27.

97
O maior volume de aumento de armadura ficou compreendido entre os pavimentos 3 a
11, para todas as análises. Assim, mais uma vez, se confirma um maior aumento das taxas nos
pavimentos inferiores.

Tabela 26 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 25 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs mínimo (%) ρsw mínimo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,250 0,250 0,250 0,250
1 0,390 0,390 0,250 0,250
2 0,390 0,390 0,250 0,250
3 0,390 0,390 0,310 0,250
4 0,390 0,390 0,310 0,250
5 0,390 0,390 0,310 0,250
6 0,390 0,390 0,310 0,250
7 0,390 0,390 0,310 0,250
8 0,390 0,390 0,310 0,250
9 0,390 0,390 0,310 0,250
10 0,390 0,390 0,310 0,250
11 0,390 0,390 0,310 0,250
12 0,390 0,390 0,270 0,250
13 0,390 0,390 0,250 0,250
14 0,390 0,390 0,250 0,250
15 0,390 0,390 0,250 0,250
16 0,390 0,390 0,250 0,250
17 0,390 0,390 0,250 0,250
18 0,390 0,390 0,250 0,250
19 0,390 0,390 0,250 0,250
20 0,390 0,390 0,250 0,250
21 0,390 0,390 0,250 0,250
22 0,390 0,390 0,250 0,250
23 0,390 0,390 0,250 0,250
24 0,390 0,390 0,250 0,250
25 0,590 0,590 0,250 0,250

98
Tabela 27 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 25 pavimentos. Fonte: Autor.

Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,8 0,59 35,59
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,99 0,59 67,80
V3 4,0 a 4,3 5 20 x 50 0,12 a 0,12 1,62 0,85 90,59
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,1 a 7,1 3 20 x 60 0,08 a 0,15 3,91 2,24 74,55
V6 4,0 a 4,1 5 20 x 50 0,12 a 0,13 2,01 1,41 42,55
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,85 0,39 117,95
V8 8,7 a 8,7 1 20 x 50 0,06 a 0,06 3,26 2,04 59,80
V9 8,7 a 8,7 1 20 x 50 0,06 a 0,06 3,26 2,04 59,80
V10 2,5 a 8,4 3 20 x 50 0,06 a 0,20 2,57 1,21 112,40
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 2,77 2,08 33,17
V12 2,7 a 4,9 4 20 x 60 0,12 a 0,22 3,27 0,67 388,06
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 0,83 0,83 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,7 a 4,9 4 20 x 60 0,12 a 0,22 3,27 0,87 275,86
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 50 0,05 a 0,35 3,46 2,08 66,35
V17 2,5 a 8,4 3 20 x 50 0,06 a 0,20 2,59 1,21 114,05
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,79 0,47 68,09

99
4.2.6. Edifício de 30 pavimentos

Tabela 28 - Valores médios de taxas de armadura – edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs médio (%) ρsw médio (%)


Pavimento Δρs (%) Δρsw (%)
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,540 0,540 0,000 0,323 0,323 0,000
1 1,068 0,887 20,426 0,334 0,331 1,008
2 1,290 0,898 43,599 0,337 0,331 2,017
3 1,388 0,898 54,484 0,340 0,331 2,857
4 1,544 0,898 71,861 0,349 0,331 5,714
5 1,603 0,913 75,654 0,356 0,331 7,563
6 1,635 0,906 80,552 0,358 0,330 8,418
7 1,674 0,884 89,378 0,357 0,330 8,081
8 1,667 0,889 87,563 0,356 0,330 7,912
9 1,671 0,888 88,235 0,355 0,330 7,576
10 1,656 0,888 86,483 0,352 0,330 6,734
11 1,604 0,884 81,344 0,350 0,330 6,061
12 1,559 0,887 75,815 0,347 0,330 5,219
13 1,494 0,905 65,132 0,346 0,330 4,882
14 1,489 0,905 64,518 0,344 0,330 4,209
15 1,449 0,908 59,670 0,343 0,331 3,697
16 1,428 0,922 54,880 0,341 0,331 3,193
17 1,363 0,922 47,771 0,339 0,331 2,689
18 1,315 0,922 42,590 0,338 0,331 2,353
19 1,288 0,919 40,060 0,337 0,331 1,849
20 1,287 0,919 40,000 0,336 0,331 1,681
21 1,219 0,919 32,628 0,336 0,331 1,513
22 1,219 0,922 32,169 0,334 0,331 1,176
23 1,167 0,922 26,506 0,334 0,331 1,176
24 1,152 0,922 24,880 0,333 0,331 0,840
25 1,133 0,922 22,831 0,333 0,331 0,672
26 1,101 0,922 19,337 0,332 0,331 0,504
27 1,067 0,922 15,723 0,332 0,331 0,504
28 1,056 0,925 14,114 0,332 0,331 0,336
29 1,041 0,917 13,446 0,332 0,331 0,336
30 0,890 0,817 8,916 0,306 0,306 0,000

O edifício de 30 pavimentos mostrou um comportamento semelhante ao de 25


pavimentos, com maiores variações entre os pavimentos 3 a 11. O pico de variação média de
armadura longitudinal foi de 89,378% no pavimento 7, e de 8,418% no pavimento 6, para a
armadura transversal.

Os valores de 𝜌𝑠 máximos chegaram a 3,22% nos pavimentos de 6 a 10, porém os


valores de 𝜌𝑠𝑤 máximos foram inferiores aos obtidos em todos outros edifícios, demonstrando
que para o edifício de 30 pavimentos, dentre as solicitações estudadas, as variações de taxas de
armadura devidas à flexão são as mais influenciadas pela ação do vento. Os valores mínimos

100
não apresentaram nenhuma variação ao longo dos pavimentos tipo, e apresentaram valores bem
próximos aos dos outros edifícios.

Tabela 29 - Valores máximos de taxas de armadura – edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs máximo (%) ρsw máximo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 1,080 1,080 0,420 0,420
1 1,680 1,570 0,420 0,420
2 1,880 1,570 0,420 0,420
3 2,500 1,570 0,440 0,420
4 3,010 1,570 0,460 0,420
5 3,010 1,570 0,470 0,420
6 3,220 1,570 0,470 0,420
7 3,220 1,570 0,470 0,420
8 3,220 1,570 0,470 0,420
9 3,220 1,570 0,470 0,420
10 3,220 1,570 0,460 0,420
11 2,830 1,570 0,460 0,420
12 2,830 1,570 0,450 0,420
13 2,510 1,570 0,450 0,420
14 2,510 1,570 0,440 0,420
15 2,370 1,570 0,430 0,420
16 2,370 1,570 0,430 0,420
17 2,370 1,570 0,420 0,420
18 2,170 1,570 0,420 0,420
19 2,040 1,570 0,420 0,420
20 2,140 1,570 0,420 0,420
21 1,870 1,570 0,420 0,420
22 1,980 1,570 0,420 0,420
23 1,810 1,570 0,420 0,420
24 1,660 1,570 0,420 0,420
25 1,660 1,570 0,420 0,420
26 1,660 1,570 0,420 0,420
27 1,660 1,570 0,420 0,420
28 1,660 1,570 0,420 0,420
29 1,660 1,570 0,420 0,420
30 1,210 1,210 0,420 0,420

101
Tabela 30 - Valores mínimos de taxas de armadura – edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.

ρs mínimo (%) ρsw mínimo (%)


Pavimento
com vento sem vento com vento sem vento
Térreo 0,250 0,250 0,270 0,270
1 0,390 0,390 0,270 0,270
2 0,390 0,390 0,270 0,270
3 0,390 0,390 0,270 0,270
4 0,390 0,390 0,270 0,270
5 0,390 0,390 0,270 0,270
6 0,390 0,390 0,270 0,270
7 0,390 0,390 0,270 0,270
8 0,390 0,390 0,270 0,270
9 0,390 0,390 0,270 0,270
10 0,390 0,390 0,270 0,270
11 0,390 0,390 0,270 0,270
12 0,390 0,390 0,270 0,270
13 0,390 0,390 0,270 0,270
14 0,390 0,390 0,270 0,270
15 0,390 0,390 0,270 0,270
16 0,390 0,390 0,270 0,270
17 0,390 0,390 0,270 0,270
18 0,390 0,390 0,270 0,270
19 0,390 0,390 0,270 0,270
20 0,390 0,390 0,270 0,270
21 0,390 0,390 0,270 0,270
22 0,390 0,390 0,270 0,270
23 0,390 0,390 0,270 0,270
24 0,390 0,390 0,270 0,270
25 0,390 0,390 0,270 0,270
26 0,390 0,390 0,270 0,270
27 0,390 0,390 0,270 0,270
28 0,390 0,390 0,270 0,270
29 0,390 0,390 0,270 0,270
30 0,600 0,620 0,270 0,270

A maior taxa individual de armadura longitudinal ainda foi na viga V12, nos pavimentos
7, 8 e 9, com uma variação de taxa de 403,13%. Semelhante ao edifício de 25 pavimentos, as
maiores variações individuais foram nas vigas V3, V5, V6, V7, V8, V9, V12 e V15 e V17, ou
seja, quase todas as vigas mostraram grandes variações de taxa de armadura ao longo dos
pavimentos. A tabela 31 ilustra os resultados do pavimento tipo 7 deste edifício, com o valor
máximo referente à viga V12.

102
Tabela 31 - Relatório de vigas com a maior variação por viga do edifício de 30 pavimentos. Fonte: Autor.

Viga L (m ) Vãos Seção (c m ) H/L ρs (%) com vento ρs (%) sem vento Δρs (%)
V1 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,9 0,59 52,54
V2 4,9 a 4,9 2 20 x 40 0,08 a 0,08 0,9 0,59 52,54
V3 3,9 a 4,0 5 20 x 60 0,15 a 0,15 1,34 0,77 74,03
V4 2,7 a 2,7 1 20 x 40 0,15 a 0,15 0,59 0,59 0,00
V5 4,1 a 7,0 3 25 x 60 0,09 a 0,15 2,63 1,47 78,91
V6 3,9 a 4,0 5 20 x 60 0,15 a 0,15 1,55 0,87 78,16
V7 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,66 0,39 69,23
V8 8,4 a 8,4 1 20 x 60 0,07 a 0,07 2,09 1,34 55,97
V9 8,4 a 8,4 1 20 x 60 0,07 a 0,07 2,09 1,34 55,97
V10 3,0 a 8,2 3 20 x 60 0,07 a 0,20 2,36 0,87 171,26
V11 1,4 a 10,9 3 20 x 60 0,06 a 0,42 1,98 1,57 26,11
V12 2,7 a 4,9 4 25 x 60 0,12 a 0,22 3,22 0,64 403,13
V13 6,0 a 6,0 1 20 x 40 0,07 a 0,07 0,94 0,94 0,00
V14 2,0 a 2,0 1 20 x 40 0,20 a 0,20 0,39 0,39 0,00
V15 2,7 a 4,9 4 25 x 60 0,12 a 0,22 3,22 0,9 257,78
V16 1,4 a 10,9 3 20 x 60 0,06 a 0,42 1,98 1,29 53,49
V17 3,0 a 8,2 3 20 x 60 0,07 a 0,20 2,5 0,84 197,62
VE 3,9 a 3,9 1 20 x 40 0,10 a 0,10 0,79 0,52 51,92

Pode-se observar que as vigas cujas taxas foram mais influenciadas pela ação do vento
estiveram compreendidas na região mais central dos edifícios, ao analisarmos uma vista
superior deste. Isso pôde ser observado principalmente nas vigas V12 e V15 dos edifícios de
10 a 30 pavimentos, tendo em vista que o edifício de 5 pavimentos mostrou valores máximos
locais de variação de taxa em vigas periféricas.

É importante mencionar que, como o edifício é dimensionado considerando um modelo


de pórtico espacial, conforme comentado na seção 3.5 deste trabalho, pode-se justificar os
maiores valores de taxas na região mais central dos edifícios pela maior rigidez dos pilares
compreendidos nas regiões da escada e dos elevadores, ou seja, estes pilares foram os que mais
absorveram os esforços horizontais decorrentes da ação do vento, o que foi refletido nas vigas
do edifício de acordo com o modelo de pórtico espacial utilizado.

O edifício de 30 pavimentos, principalmente, mostra como a ação do vento influencia


as taxas de armadura dos seus andares mais baixos, igualmente ao comportamento verificado
nos edifícios anteriores.

103
4.3. COMPORTAMENTO DAS TAXAS GEOMÉTRICAS DE ARMADURAS
POR EDIFÍCIO

A tabela 32 mostra os valores médios das vigas de cada edifício, com as variações das
taxas de armadura calculadas em relação ao valor dos edifícios sem a consideração da ação do
vento:

Tabela 32 – Médias dos valores médios de taxas de armadura para cada edifício. Fonte: Autor.

Nº de ρs médio por edifício (%) Variação ρsw médio por edifício (%) Variação
pavimentos com vento sem vento (%) com vento sem vento (%)
5 1,179 1,142 3,257 0,324 0,321 1,028
10 1,498 1,464 2,296 0,392 0,391 0,424
15 1,370 1,333 2,727 0,360 0,353 2,032
20 1,383 1,230 12,496 0,365 0,357 2,473
25 1,653 1,137 45,289 0,393 0,363 8,241
30 1,329 0,895 48,555 0,340 0,330 3,287

Os resultados de variação de taxas de armadura da tabela 32 refletem os resultados da


análise das variações de taxas de armadura dos pavimentos, com um crescimento das variações
à medida que se aumentou o número de pavimentos. Isso pode ser melhor interpretado na figura
40, onde se pode ver mais claramente que as taxas médias de armadura longitudinal
aumentaram consideravelmente em relação aos valores dos edifícios mais baixos. As taxas de
armadura transversal também tiveram um aumento, mas estes não foram tão expressivos quanto
os do caso anterior. O edifício de 30 andares mostrou o maior valor médio de Δ𝜌𝑠 , porém foi o
edifício de 25 pavimentos que respondeu pelo maior valor de Δ𝜌𝑠𝑤 .

60,000

50,000
Variação das taxas

40,000

30,000

20,000

10,000

0,000
0 5 10 15 20 25 30 35
Número de pavimentos
Longitudinal Transversal

Figura 40 - Variação das taxas médias por número de pavimentos. Fonte: Autor.

104
A figura 41 ilustra a o comportamento das taxas de armadura longitudinal com o
aumento do número de pavimentos, usando os dados da tabela 32. Nesta figura, vê-se que os
edifícios de 5, 10 e 15 pavimentos tiveram valores de taxas semelhantes, enquanto que os 3
edifícios mais altos possuíram uma maior discrepância. Os edifícios sem o vento apresentaram
uma contínua redução das taxas a partir do edifício de 10 pavimentos, enquanto que os valores
entre os edifícios de 15 e 25 pavimentos, que consideraram o vento, exibiram um aumento de
taxa.

1,8
Taxas de armadura longitudinal

1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Número de pavimentos
Com vento Sem vento

Figura 41 - Taxas de armadura longitudinal com e sem o vento para cada edifício. Fonte: Autor.

Já a figura 42 evidencia o comportamento das taxas de armadura transversal com o


aumento do número de pavimentos, novamente usando os dados da tabela 32. Os valores, por
serem menores em relação às taxas de armadura longitudinal, mostraram um comportamento
semelhante para os edifícios com e sem a ação do vento.

105
0,45

Taxas de armadura transversal


0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Número de pavimentos
Com vento Sem vento

Figura 42 - Taxas de armadura transversal com e sem o vento para cada edifício. Fonte: Autor.

Para avaliar como os edifícios se comportam em termos de quantitativo de armaduras,


elaborou-se um levantamento do total de massa de aço utilizada nas vigas de cada um dos
edifícios, considerando e desconsiderando a ação do vento. Estes resultados foram colhidos nos
relatórios de resumo estrutural no software TQS para cada um dos edifícios e estão expressos
na tabela 33, com a unidade de massa em quilogramas (kg), e de forma gráfica na figura 43,
com a unidade de massa em toneladas (t). A tabela 33 ainda mostra a variação da massa de aço
em relação aos valores do edifício sem o vento.

Tabela 33 - Variação das massas de aço para cada edifício com e sem a ação do vento. Fonte: Autor.

Nº de Massa de aço de vigas (kg) Variação


pavimentos com vento sem vento (%)
5 11.033,80 10.638,50 3,716
10 26.179,50 25.004,10 4,701
15 39.456,80 35.472,70 11,231
20 53.481,90 45.684,90 17,067
25 78.142,00 52.659,10 48,392
30 99.261,40 70.339,90 41,117

106
120

100

80
Massa de aço (t)

60

40

20

0
0 5 10 15 20 25 30 35
Número de pavimentos
Com vento Sem vento

Figura 43 - Comportamento das massas de aço de cada um dos edifícios com e sem o vento. Fonte: Autor.

Da tabela 33, vê-se que ocorreu uma maior variação da quantidade de aço à medida que
se aumentou a quantidade de pavimentos, com a maior variação de massa de armadura
ocorrendo no edifício de 25 pavimentos e atingindo 48,392% de variação. A exceção foi o
edifício de 30 pavimentos, que mostrou uma variação inferior da massa de armadura em relação
ao edifício de 25 pavimentos. Já na figura 43, observa-se que houve um aumento da diferença
entre os valores de massa com e sem a ação do vento a partir do edifício de 20 pavimentos.

107
108
5. CONCLUSÕES
Foi observado que a ação do vento produziu maiores solicitações nos pavimentos mais
inferiores, e em razão disso, maiores taxas de armadura, para todos os edifícios estudados.
Como esperado, a maior altura do edifício aliada às considerações de ação do vento também foi
um fator fundamental no aumento das variações dessas taxas, tanto para as longitudinais quanto
as transversais.

Considerando a análise das variações por edifício, os edifícios de 5, 10 e 15 pavimentos


foram os que apresentaram valores mais baixos de variação das taxas médias, variando na
análise por edifício entre 2,2% e 3,3% para armadura longitudinal e entre 0,4% e 2% para a
transversal, visto na tabela 32. Porém, valores menores de variação de taxa não isentam
engenheiros de considerar a ação do vento em edifícios mais baixos, devendo este sempre se
atentar aos requisitos normativos vigentes.

Uma mudança mais significante foi percebida a partir do edifício de 25 pavimentos,


chegando a 48,555% na variação das taxas médias de armadura longitudinal com o edifício de
30 pavimentos e 8,241% na variação das taxas médias de armadura transversal, no edifício de
25 pavimentos.

Os edifícios de 10, 15, e 20 pavimentos mostraram comportamentos bem semelhantes


de taxa de armadura, com valores de Δ𝜌𝑠 e Δ𝜌𝑠𝑤 aumentando com a altura dos pavimentos até
um valor de pico localizado na maioria das vezes no terço inferior dos edifícios, de onde houve
uma queda até um ponto onde já se iniciava uma redução das armaduras com a consideração
do vento, com casos de valores negativos de variação de taxa. Essa redução ocorreu
principalmente nos andares mais altos destes edifícios.

Mesmo assim, é considerável a diferença entre as variações de taxa geométrica


longitudinal e transversal. O edifício de 25 pavimentos, na análise por edifício, mostrou um
valor médio de 45,289% na variação de taxa média de armadura longitudinal, enquanto que a
variação de taxa de armadura transversal alcançou 8,241%.

A análise individual de cada viga permitiu identificar que as vigas com maior variação
de taxa de armadura foram aquelas mais localizadas ao centro do pavimento, em especial a viga
V12. Esta se mostrou a viga com maior variação em todos os edifícios com mais de 5
pavimentos, atingindo o valor máximo de 403,13% de variação no edifício de 30 pavimentos.

109
A análise da massa de aço empregada em cada um dos edifícios mostrou que houve uma
maior variação da quantidade de aço com o aumento da quantidade de pavimentos. O valor
máximo ocorreu no edifício de 25 pavimentos e atingiu 48,392% de variação. O edifício de 30
pavimentos apresentou uma variação inferior da massa de armadura em relação ao edifício de
25 pavimentos.

Comparando com os resultados de Souza (2019), viu-se que nas conclusões desta, o
vento não é tão influente nas taxas de armadura de sapatas nos edifícios estudados este tipo de
fundação – 5 e 10 pavimentos – enquanto que observou-se valores máximos de até 39,15% para
o edifício de 20 pavimentos, usando estacas. Já os resultados de Pinheiro (2018) mostraram que
a influência do vento é de fato maior nas taxas de armadura nos pilares, onde se alcançou
variações de taxas de até 693%. Assim, pode-se dizer que as vigas figuram como o segundo
elemento estrutural que é mais influenciado pela ação do vento.

Assim, após os resultados obtidos só se confirma novamente a percepção do quão


importante é a consideração do vento nos cálculos de edifícios de concreto armado, neste
presente caso se referindo principalmente ao volume de armadura em vigas. Este trabalho entra
então para o rol de pesquisas que tentam medir esta influência, este com análises cada vez mais
sofisticadas com o avanço de métodos de simulação das estruturas.

110
5.1. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Este estudo, assim como os prévios trabalhos de PINHEIRO, Vitor (2018) e SOUZA,
Rúbia (2019), aos quais este buscou dar seguimento, mostrou resultados bastante interessantes
e alguns inesperados inclusive. Mesmo assim, sabe-se como é ampla a gama de assuntos e
setores dentro da Engenharia Civil e isto leva a mais questionamentos sobre como o vento atua
em estruturas. Deixa-se como sugestões de trabalho, então:

 Avaliação de estruturas com formas e plantas variadas;


 Influência de variações no 𝑓𝑐𝑘 em estruturas com ação do vento;
 Influência da consideração de abalos sísmicos nas taxas de armadura em
estruturas de concreto armado;
 Influência da consideração da ação do vento nas dimensões de elementos em
estruturas de aço;
 Influência da consideração da ação do vento nas dimensões de elementos em
estruturas de madeira.

111
112
6. REFERÊNCIAS

ARAÚJO, J. M. Curso de Concreto Armado - Vol. 1. 3ª edição. Rio Grande: Dunas, 2010.

ARAÚJO, J. M. Curso de Concreto Armado - Vol. 2. 3ª edição. Rio Grande: Dunas, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014. Projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123:1988. Forças devidas ao


vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.

CARMO, Regina M. S. Efeitos de segunda ordem em edifícios usuais de concreto armado.


Dissertação de mestrado – Universidade de São Paulo, São Carlos, 1995.

CARVALHO, R. C. FILHO, J. R. de F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: segundo a NBR 6118:2003. São Carlos, EdUFSCar, 2007.

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Concreto Armado I. Notas de Aula. Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual
de Campinas, fevereiro de 2006.

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Estruturas de Pequeno Porte (Edifícios nível 1). São Carlos, SP, 2003.

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Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.
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INSTRUÇÃO TÉCNICA Nº. 11/2014 - Saídas de emergência. São Paulo, SP, 2015.

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Concreto Armado. Manaus, AM, 2019.

115
116

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