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REAVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DA
BARRAGEM DE TERRA DA USINA
HIDRELÉTRICA DO PIAU
Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br
DEDICATÓRIA
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Dr. Saulo Gutemberg S. Ribeiro, pela orientação deste trabalho.
Agradeço ao Prof. Dr. Romero César Gomes, pôr ter me concedido a oportunidade de
participar desta turma e pela brilhante coordenação do curso.
Aos profissionais exemplares cuja trajetória vitoriosa sempre deve ser seguida, Cássio
B. Viotti, Teresa C. Fusaro, Adelaide L. C. Carim pela atenção dispensada.
Aos meus filhos Arthur, Erick e minha esposa Sônia, pelo amor, compreensão e
carinho.
iv
RESUMO
v
ABSTRACT
On this work, a new assessment was conducted regarding the stability of a Piau
hydropower dam. An objective study concerning the evolution of building methods and
procedures was done. After reviewing all the building methods and procedures it was
then possible to understand the drainage problems surrounding Piau. Please keep in
mind that before this study was conducted, all field instruments were checked and
repaired if necessary. Three separate sections in the operational flux condition (steady
state) were analyzed. To performer these three analyses the well-known software SEEP
was used. A calibration of flux was preformed with previous parameter and
instrumentation data. The calibration results were very important to complete a stability
analysis of the down stream slope. The stability analyses were performed by SLOPE
software. In conclusion, the numerical results have shown very good conditions of
inside drainage, levels of water pressures and stabilization of down stream slope.
vi
Lista de Figuras
vii
Figura 3.3 – Seção 2 da barragem do Piau, estaca 3+0,00.
Figura 3.4 – Seção 1 da barragem do Piau, estaca 1+10,00.
Figura 3.5 – Seção 3 da barragem do Piau, estaca 4+10,00.
Figura 3.6 – Vista de montante do dreno vertical.
Figura 3.7 – Vista em planta do dreno vertical e dos drenos horizontais originais de
projeto .
Figura 3.8 – Tela de entrada no programa monitor.
Figura 3.9 – Saída gráfica dos dados da instrumentação – UHE Piau.
Figura 3.10 – Vista do talude de jusante da barragem do Piau.
Figura 3.11 – Injeções de cimento e argila na ombreira esquerda – 1956.
Figura 3.12 – Trecho onde foram executados drenos para controlar surgências – 1962.
Figura 3.13 – Indicação em planta da drenagem executada – 1979.
Figura 3.14 – Indicação de área muito úmida no pé da barragem.
Figura 3.15 – Desobstrução da tubulação de drenagem.
Figura 3.16 – Evolução dos níveis d’água no período de 1997 a 2002.
Figura 3.17 – Leituras do piezômetro PIBTPC 0024, instalado na região.
Figura 3.18 – Leituras no vertedouro de vazão.
Figura 3.19 – Imagens da situação de obstrução da manilha de drenagem
Figura 3.20 – Coleta de material para análise.
Figura 3.21 – Processo de desenvolvimento da biodeterioração.
Figura 3.22 – Local da intervenção no sistema auxiliar de drenagem.
Figura 3.23 – Corte e detalhamento das modificações no sistema de drenagem.
Figura 3.24 – Tubo de PVC para drenagem subterrânea.
Figura 3.25 – Gráfico de intensidade diária de chuva.
Figura 3.26 – Buraco causado por formigueiros e trinca na crista, próxima à estaca
3+0,00 .
Figura 3.27 – Regiões com elevada umidade.
Figura 3.28 – Planta com a localização das áreas úmidas
Figura 3.29 – Surgência abaixo da berma 3 – seção da estaca 2+0,00.
Figura 3.30 – Surgência abaixo da berma 3 – seção da estaca 3+0,00.
viii
Figura 4.1.- Planta de locação dos instrumentos.
Figura 4.2 – Seção 3, ombreira direita.
Figura 4.3 – Gráfico cota piezométrica dos instrumentos PC025, PC026, PC027 e
PC028 - Seção 3.
Figura 4.4 – Gráfico pressão neutra dos piezômetros PC025, PC026, PC027 e PC028,
Seção 3.
Figura 4.5 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC013, Seção 3.
Figura 4 6 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC013, na Seção 3.
Figura 4.7 – Gráfico medidor de nível d’água do instrumento MN007, seção 3.
Figura 4.8 – Seção 1, ombreira esquerda.
Figura 4.9 – Gráfico medidor de nível d’água dos instrumentos MN001, MN002,
MN003, MN004, seção 1.
Figura 4.10 – Gráfico medidor de nível d’água dos instrumentos MN005, MN025,
MN026, seção 1.
Figura 4.11 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC018, seção 1.
Figura 4.12 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC018, seção 1.
Figura 4.13 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC023, seção 1.
Figura 4.14 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC023, seção 1.
Figura 4.15 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC024, seção 1.
Figura 4.16 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC024, seção 1 .
Figura 4.17 – Seção 2, leito do rio.
Figura 4.18 – Gráfico medidor de nível d’água dos instrumentos MN009, MN010
MN011, seção 2.
Figura 4.19 – Gráfico cota piezométrica dos instrumentos PC016, PC017, PC020,
PC021 e PC022, seção 2.
Figura 4.20 – Gráfico pressão neutra dos instrumentos PC016, PC017, PC020, PC021 e
PC022, seção 2.
Figura 4.21 – Gráfico de variação da cota de nível d’água do reservatório.
Figura 4.22 – Gráfico de variação de vazão do vertedouro de vazão – VV001.
Figura 4.23 – Curva característica típica de um solo – (θ x u).
Figura 4.24 – Função condutividade de uma areia fina uniforme segundo Staple (1969,
citado em GeoSlope, 2001).
ix
Figura 4.25 – Avaliação comparativa da função condutividade.
Figura 4.26 – Seção 1, estaca 1+10,00 com malha de elementos finitos e condições de
Contorno.
Figura 4.27 – Seção 1– Análise com valor de 7x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para o
maciço.
Figura 4.28 – Seção 1– Análise com valor de 5x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para o
maciço.
Figura 4.29 – Seção 1– Análise com valor de 4x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para o
maciço.
Figura 4.30 – Seção 2, estaca 3+00 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.
Figura 4.31 – Seção 2 – Análise com valor de 1x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.
Figura 4.32 – Seção 2 – Análise com valor de 1x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (Função 1) para
o maciço.
Figura 4.33 – Seção 2 – Análise com valor de 4x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.
Figura 4.34 – Seção 2 – Análise com valor de 4x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de areia fina (função 7)
para o maciço.
Figura 4.35 – Seção 3, Estaca 4+10 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.
Figura 4.36 – Seção 3 – Análise com valor de 1x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.
x
Figura 4.37– Seção 3 – Análise com valor de 1x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.
Figura 4.38 – Seção 3 – Análise com valor de 2,4x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.
Figura 5.1 – Envoltória de resistência – A51Nat.
Figura 5.2 – Envoltória de resistência – A53Na.
Figura 5.3 – Envoltória de resistência – A55Nat.
Figura 5.4 – Envoltória de resistência – A51Sat.
Figura 5.5 – Envoltória de resistência – A53Sat.
Figura 5.6 – Envoltória de resistência – A55Sat.
Figura 5.7 – Análise 3 – solo saturado, comportamento drenado, seção 1.
Figura 5.8 – Superfície potencial de ruptura – análise probabilística, seção 1.
Figura 5.9 – Curva de Gauss, seção 1.
Figura 5.10 – Probabilidade de ruptura, seção 1.
Figura 5.11 – Análise 3 – solo saturado, comportamento drenado, seção 2.
Figura 5.12 – Superfície potencial de ruptura – análise probabilística, seção 2.
Figura 5.13 – Curva de Gauss, seção 2.
Figura 5.14 – Probabilidade de ruptura, seção 2.
Figura 5.15 – Análise 3 – solo saturado, comportamento drenado, seção 3.
Figura 5.16 – Superfície potencial de ruptura – Análise probabilística, seção 3.
Figura 5.17 – Curva de Gauss, seção 3
Figura 5.18 – Probabilidade de ruptura, seção 3.
xi
Lista de Tabelas
xii
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações
xiii
φ - Ângulo de atrito do solo
γ - Peso específico úmido do solo
K0 - Razão entre tensões vertical e horizontal em um ponto do solo.
S - Grau de saturação inicial
γs - Peso específico dos grãos
c' - Coesão efetiva
φ' - Ângulo de atrito efetivo
tan - Tangente
c - Coesão
φ - Ângulo de atrito
xiv
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVO DO TRABALHO 1
1.2 METODOLOGIA E FASES DO ESTUDO 2
1.3 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO 3
xv
CAPÍTULO 3 - BARRAGEM DE TERRA DA UHE DO PIAU
3.1 HITÓRICO E DADOS BÁSICOS 53
3.2 ARRANJO GERAL 54
3.3 PERFIS DA BARRAGEM 56
3.4 DRENAGEM PRINCIPAL E TRATAMENTO DE FUNDAÇÃO 60
3.5 PROGRAMAS DE INSTRUMENTAÇÃO 63
3.6 ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO 65
3.7 HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS NA BARRAGEM 66
3.7.1 Primeira ocorrência 67
3.7.2 Segunda ocorrência 69
3.7.3 Terceira ocorrência 71
3.7.4 Quarta ocorrência 73
3.7.5 Quinta ocorrência 86
CAPÍTULO 4 - ESTUDO DE PERCOLAÇÃO DA BARRAGEM DO PIAU
4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA INSTRUMENTAÇÃO
EXISTENTE 92
4.2 FUNÇÕES CONDUTIVIDADE 106
4.3 ESTUDO NUMÉRICO DA PERCOLAÇÃO 108
4.4 ESTUDO DO FLUXO NAS TRÊS SEÇÕES 112
4.4.1 Seção 1-ombreira esquerda, estaca 1+10,00 112
4.4.2 Seção 2-leito do rio, estaca 3+0 114
4.4.3 Seção 3-leito do rio, estaca 4+10,00 116
4.5 COMENTÁRIOS GERAIS 118
xvi
5.4 ESTUDO DA ESTABILIDADE DA SEÇÃO 1 127
5.4.1 Estudo probabilístico da seção 1 129
5.5 ESTUDO DA ESTABILIDADE DA SEÇÃO 2 132
5.5.1 Estudo probabilístico da seção 2 133
5.6 ESTUDO DA ESTABILIDADE DA SEÇÃO 3 135
5.6.1 Estudo probabilístico da seção 3 136
5.7 COMENTÁRIOS GERAIS 137
xvii
Capítulo 1
1 INTRODUÇÃO
1
apresentação dos dados de instrumentação da barragem;
identificação e avaliação do estado atual da instrumentação existente;
recuperação e manutenção da instrumentação existente;
análise dos dados piezométricos existentes;
formulação do modelo de percolação d’água na barragem através da
utilização do método de elementos finitos;
comparação entre os resultados obtidos por elementos finitos e a
piezometria observada;
verificação da eficácia dos sistemas de drenagem existentes;
cálculo de estabilidade do talude de jusante da barragem;
2
confrontados com os resultados obtidos das simulações numéricas e serviram para
avaliar a coerência dos resultados e calibrar o modelo de fluxo adotado.
Para as análises de estabilidade do talude de jusante, utilizou-se o programa
computacional SLOPE, incorporando-se os dados de piezometria obtidos diretamente
do programa de percolação SEEP.
3
nos parâmetros de resistência determinados através das diversas amostras ensaiadas em
laboratório, em condições diferenciais de drenagem.
No Capítulo 6, são apresentadas as principais conclusões deste trabalho em
relação à Barragem do Piau, em termos do diagnóstico atual de suas condições
operacionais, quanto aos registros da instrumentação e quanto às análises de percolação
e de sua estabilidade. Finalmente, são feitas algumas sugestões de pesquisas e obras.
4
Capítulo 2
5
Para acelerar o processo de industrialização do Estado, a CEMIG e o Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) criaram o Instituto de Desenvolvimento
Industrial de Minas Gerais (INDI). Ao INDI coube foi criado para elaborar estudos
capazes de despertar o interesse de investidores nacionais e estrangeiros, estimulando-os
a implantar novas indústrias no Estado.
Após construir um moderno sistema de transmissão, capaz de permitir a
interligação de toda a energia gerada e a sua distribuição pôr praticamente todo o
Estado, a CEMIG teve condições de estender seus serviços às principais cidades de
Minas, que através de um serviço de fornecimento de energia elétrica seguro e
confiável, puderam implantar planos de crescimento e desenvolvimento.
Atualmente o sistema elétrico da CEMIG conta com 57 usinas de geração, sendo
21 grandes centrais e 36 pequenas centrais. Deste total, 38 hidrelétricas, 2 termoelétricas
e uma eólica são usinas 100% CEMIG, 7 usinas em consórcio, 7 hidrelétricas e 2
termoelétricas subsidiadas.
A primeira usina da CEMIG foi Gafanhoto, situada no rio Pará, próxima à
cidade de Divinópolis. Ela foi construída pelo Governo do Estado em 1946. e possui
grande importância histórica, pois possibilitou a implantação da Cidade Industrial de
Contagem.
Na primeira década, desde sua criação, a CEMIG construiu as usinas de
Tronqueiras (rio Tronqueiras); Itutinga (rio Grande), Piau (rios Pinho e Piau) e Três
Marias (rio São Francisco), sendo essa última uma das maiores barragens do país na
época de sua construção, em 1962. Mais tarde, vieram outras usinas como Jaguara (rio
Grande), São Simão (rio Paranaíba), Emborcação (rio Paranaíba), Nova Ponte (rio
Araguari) e Miranda (rio Araguari).
6
Santo. Este parque gerador está composto de usinas hidroelétricas, termoelétricas e
eólicas. Algumas destas usinas foram construídas através da parceria com grandes
empresas do setor privado.
Na Tabela 2.1, tem-se a disposição das usinas conforme a capacidade de
geração.
7
Figura 2.1 – Parque gerador da CEMIG.
8
Tabela 2.1 - Relação de usinas em operação
Usina Rio Capacidade Atual (kWh)
São Simão (1ª etapa) Rio Paranaíba 1.710.000
Emborcação Rio Paranaíba 1.192.000
Nova Ponte Rio Araguari 510.000
Jaguara (1ª etapa) Rio Grande 424.000
Miranda Rio Araguari 397.500
Três Marias (1ª etapa) Rio São Francisco 396.000
Volta Grande Rio Grande 380.000
Irapé Rio Jequitinhonha 360.000
Aimorés Rio Doce 330.000
Capim Branco 1 Rio Araguari 240.000
Capim Branco 2 Rio Araguari 210.000
Igarapava Rio Grande 210.000
Funil Rio Grande 180.000
Térmica Igarapé Rio Paraopeba 132.000
Salto Grande Rio Santo Antônio 102.000
Rosal Rio Itabapoana 55.000
Itutinga Rio Grande 52.000
Camargos Rio Grande 48.000
Piau Rios Pinho e Piau 18.012
Gafanhoto Rio Pará 12.880
Peti Rio Santa Bárbara 9.400
Rio das Pedras Rio das Velhas 9.280
9
Tabela 2.1 - Relação de usinas em operação (continuação).
Usina Rio Capacidade Atual (kWh)
Poço Fundo Rio Machado 9.160
Joasal Rio Paraibuna 8.000
Tronqueiras Rio Tronqueiras 7.870
Martins Rio Uberabinha 7.720
Cajuru Rio Pará 7.200
São Bernardo Rio São Bernardo 6.825
Paraúna Rio Paraúna 4.280
Pandeiros Rio Pandeiros 4.200
Paciência Rio Paraibuna 4.080
Marmelos Rio Paraibuna 4.000
Dona Rita Rio Tanque 2.410
Salto de Morais Rio Tijuco 2.400
Sumidouro Rio Sacramento 2.120
Anil Rio Jacaré 2.080
Machado Mineiro Rio Pardo 1.840
Xicão Rio Santa Cruz 1.808
Outras usinas 3.440
10
Dos dados apresentados na Tabela 2.1, foi possível avaliar o potencial energético
por rios, utilizado pela CEMIG. Para uma melhor visualização apresenta-se na Figura
2.2 um gráfico ilustrativo deste aproveitamento.
3500
3000 2902,0
2500
Potência (MWh)
2000
1500
1114,0
1000 907,5
500 396,0
102,0132,0
1,8 1,8 2,1 2,1 2,4 2,4 4,2 4,3 6,8 7,7 7,9 9,2 9,3 9,4 16,1 18,0 20,1
0
i
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Ri
Pi
io
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io
o
R
Ri
o
R
o
io
Ri
R
Ri
R
Ri
io
R
11
A barragem foi construída ao lado da antiga ponte da estrada de ligação das
cidades de São João Del Rei e Lavras. A usina e seu reservatório encontram-se na
confluência dos municípios de Itutinga e Nazareno.
Como a usina de Camargos, a usina de Itutinga também está localizada na
vertente ocidental da serra da Mantiqueira. Nesta região ocorrem rochas do grupo São
João Del Rei e associação de granito gnaisses. As rochas desta região são basicamente
xistos, quartzitos, granitos e pegmatito. Nota-se grande variação na litologia local,
entretanto a barragem está situada em um tipo litológico bem definido.
A barragem de Itutinga está assentada sobre extenso afloramento de granito de
cor clara com predomínio de quartzo, feldspato e pouca biotita. Este maciço é cortado
por veios e bolsões de pegmatito, que formam regiões de aspecto mais homogêneo, de
cor mais clara.
O arranjo geral do aproveitamento hidrelétrico de Itutinga, apresentado na
Figura 2.3, consiste do aproveitamento de um desnível formado por duas cachoeiras que
se sucedem em uma curva do rio de raio aproximado de 200m.
A barragem é mista, situada no local mais estreito do rio. A barragem de terra da
ombreira esquerda, com a crista na elevação 832,00m, faz a ligação com a margem
direita através de uma barragem de concreto gravidade, assentada em rocha maciça,
perfazendo um comprimento total de 550,50m na crista.
O fluxo do rio é desviado para a margem esquerda, através de um canal, que vai
até a câmara de carga. Desta saem quatro condutos forçados, de 4,20m de diâmetro, os
quais alimentam as turbinas da casa de força. Esta é do tipo semi-abrigada, constituída
de uma estrutura de concreto, localizada junto à margem esquerda do rio.
A barragem de terra tem 253m de comprimento por 5m de largura na crista-
elevação 832,00m.
Seu maciço é formado por núcleo impermeável de argila, assentado em uma
trincheira aberta em terreno natural. As faces de montante e jusante são revestidas de
materiais permeáveis com os taludes respectivamente inclinados de 1:3,5 e 1:3. O talude
montante é revestido por uma camada de enrocamento e o de jusante por grama.
O filtro de fundação é formado por um tapete de pedras graduadas, a jusante do
núcleo, até o pé do talude.
12
A barragem de concreto é do tipo gravidade, com fundação sobre rocha maciça,
provida de tomada d’água e vertedouros, perfazendo um comprimento total de 297,50m.
A tomada d’água para o canal de adução tem 51m de largura, dividida em dez vãos
livres de 4,2m, providos de grades de proteção e guias de stop-logs. Possui também três
vertedouros, estando o primeiro do lado direito da tomada d’água, com a finalidade de
escoar o lixo carregado pelo rio. O segundo é o vertedouro principal, com a finalidade
de elevar em 6m a lâmina d’água do reservatório acima da soleira e dar vazão às
enchentes excepcionais. É provido de cinco comportas de setor. Finalmente, o terceiro é
um vertedouro auxiliar que se encontra à direita do vertedouro principal, também para
descarga de lixo e manter o reservatório no nível normal de operação durante as grandes
cheias.
13
Figura 2.3 – Arranjo geral e seção da barragem de Itutinga.
14
2.3.2 - UHE Cajuru
15
Figura 2.4 – Arranjo geral e seções da barragem de Cajuru.
16
2.3.3 - UHE Camargos
17
convencional, onde estão duas unidades geradoras, com turbinas “Kaplan” de 30.000HP
e caixa espiral moldada em concreto.
18
2.3.4 - UHE Três Maria
19
75m de altura máxima, com sistema interno de drenagem constituído de filtro vertical
de areia ligado na parte inferior ao tapete horizontal de areia até o pé da barragem,
medindo ambos 0,80m de espessura.
A tomada d’água é uma estrutura em torre com 72m de comprimento, o
vertedouro é de descarga controlada localizado na margem direita, de forma trapezoidal,
construído em concreto armado e ancorado. A casa de força é do tipo semi-abrigada,
localizada na margem direita do rio ao pé da barragem de terra, com capacidade para
abrigar 8 unidades de 65MW.
20
Figura 2.7 – Arranjo geral da barragem de Três Marias.
21
Figura 2.8 – Barragem de Três Marias – Seção SC-3.
22
Figura 2.9 – Barragem de Três Marias – Seção SC-4.
23
Figura 2.10 – Barragem de Três Marias – Seção SC-5.
24
2.3.5 - UHE São Simão
Segundo Martinez (1997) o canal de São Simão, no rio Paranaíba, desde longa
data era conhecido como possível aproveitamento hidrelétrico de baixo custo. O projeto
final de São Simão, destinado à produção de energia elétrica, demonstrou ser o mais
econômico entre as alternativas estudadas em locais diferentes e denominados eixos de
A até H.
No projeto atualmente executado, foram instaladas seis unidades de 268MW,
ficando para uma segunda etapa a instalação de mais quatro unidades, que ainda não foi
concluída.
A barragem de São Simão está localizada no centro-sul do Brasil, no trecho
inferior do rio Paranaíba que forma a fronteira entre os estados de Minas Gerais e Goiás.
Quanto a geologia da área: A barragem está situada na porção nordeste do rio
Paraná, uma ampla bacia de subsidência que recebeu sedimentos e lavas desde o
período paleozóico até o final do mesozóico, constituindo a formação Serra Geral que é
composta por derrames basálticos, próximos a horizontal, intercalados por brechas
sedimentares e/ou basálticas.
A barragem situada no eixo denominado “H”, conforme a Figura 2.11, tem
aproximadamente 3.440m de comprimento na crista, sendo constituída por uma
estrutura de concreto (573m) e um maciço compactado de terra e enrocamento
(2.867m).
O arranjo físico geral do aproveitamento hidrelétrico compõe-se das seguintes
estruturas:
25
Condutos forçados
Casa de força e área de montagem
Edifício de controle
Subestação de 500 KV
26
filtro de areia no contato com a face de enrocamento no contato com a fundação até o
vertedouro.
As transições 1 e 2 são barragens de gravidade constituídas em “concreto
massa”, tendo armadura somente nas faces e crista. Como o próprio nome indica, são
barragens de transição entre a estrutura de concreto e as barragens de terra e
enrocamento das ombreiras direita e esquerda; ficam portanto situadas nas extremidades
da estrutura de concreto.
O conjunto de furos verticais no concreto massa e os furos de selagem sobre as
juntas de contração asseguram o sistema de drenagem do maciço de concreto; as águas
de infiltração são encaminhadas para a galeria de drenagem onde são esgotadas.
27
Figura 2.11 – Arranjo geral da barragem de São Simão.
28
Figura 2.12 – Barragem de São Simão – Seção C-C:
29
Figura 2.13 – Barragem de São Simão – Seção B-B.
30
Figura 2.14 – Barragem de São Simão - Seção J-J.
31
2.3.6 - AHE Bananal
32
O filtro horizontal estende-se entre o filtro vertical e o pé de jusante da barragem
(Figura 2.16, onde o acabamento se dá junto a uma camada de enrocamento de pé. O
filtro horizontal apresenta espessura da ordem de 1,20m na região do leito do rio, sendo
tipo “sanduíche”, com duas camadas de areia e uma camada central de brita de transição
(0,40m cada camada), entre estacas 1+4,00 e 7+00. Nas ombreiras o filtro horizontal de
areia apresenta 0,50m de espessura.
33
Figura 2.15 – Arranjo geral da barragem de Bananal.
34
Figura 2.16 – Seção da barragem de Bananal
35
2.3.7 - UHE Funil
36
Segundo Spec (2003), a unidade litológica indicada no projeto básico como piroxênio
não foi encontrada nos mapeamentos executados.
Os gnaisses encontrados apresentam foliação pouco acentuada com coloração
cinza claro a escuro quando com composição biotítica; e com coloração cinza claro a
esbranquiçado quando com composição quartzo-feldspática.
Na calha do rio foi encontrado um aluvião arenoso que foi preservado como
fundação entre as estacas 11+15,00 (28,00m a montante e 50,00m a jusante do eixo),
17+3,00 (eixo) e 17+13,00 (50,00m a jusante do eixo). Com exceção de parte deste
aluvião a jusante, junto à ombreira direita, que apresentava granulometria fina.
O arranjo geral do aproveitamento compreende uma barragem de terra e
enrocamento com 420m de comprimento e altura máxima de 50m, um vertedouro do
tipo superfície controlada, medindo 64m de comprimento com 4 comportas do tipo
segmento, tomada d’água de gravidade, 3 galerias de adução, condutos forçados com
48m de comprimento, uma casa de força com 3 unidades geradoras com engolimento
por turbina de 194m³/s, conforme Figura 2.18.
Através da Figura 2.19 pode-se observar alguns detalhes de uma das seções da
barragem de funil.
.
37
Figura 2.18 – Arranjo geral da barragem Funil.
38
Figura 2.19 – Seção da barragem Funil.
39
2.3.8 - UHE Irapé
40
segundo trecho de aproximadamente 110,0m e diâmetro interno de 3,8m, blindado em
aço. O desemboque dos túneis está a 8,5m a montante da linha de centro das unidades.
A casa de força está localizada a jusante da barragem, na margem esquerda do
rio, imediatamente a jusante do desemboque dos túneis de desvio. Possui três unidades
geradoras de 120MW e capacidade total instalada de 360MW. É uma estrutura do tipo
convencional, encaixada em uma escavação na rocha. A área de montagem fica em uma
caverna, comunicando com a escavação principal da casa de força. O acesso principal à
casa de força se dá pela lateral esquerda da escavação ou pelo túnel de acesso à área de
montagem. O acesso e o pátio que circunda a casa de força estão situados na El.
346,00m.
A barragem é de enrocamento com núcleo em argila, que pode ser observado na
Figura 2.21. A altura máxima de cerca de 205,0m possibilitou a formação de um
reservatório de regularização com aproximadamente 142,95km2 de área inundada para o
N.A. máximo normal na El. 510,00m.
41
Figura 2.20– Arranjo geral da barragem de Irapé.
42
Figura 2.21 – Seção tipo da barragem de Irapé.
43
2.4.-.Histórico Geral do Aproveitamento Energético da CEMIG
44
Tabela 2.2 – Resumo do histórico das barragens da CEMIG até o ano de 2002.
Usina Potência (MW) Potência Ano Tipo Fundação Altura Vertedouro Volume (hm3) Volume total
Acumulada (MW) acumulado (hm3)
45
Usina Potência (MW) Potência Ano Tipo Fundação Altura Vertedouro Volume (hm3) Volume total
Acumulada (MW) acumulado (hm3)
46
Usina Potência (MW) Potência Ano Tipo Fundação Altura Vertedouro Volume (hm3) Volume total
Acumulada (MW) acumulado (hm3)
Salto do Passo Velho 2.46 991.149 1960 PG rocha 5 crista livre 0 16247.17
Jaguara 431 1422.149 1970 ER rocha 71 controlado 90 16337.17
Salto do Voltão 6.76 1428.909 1972 PG rocha 4 crista livre 0 16337.17
Igarapé 131 1559.909 1974 TE rocha 15 crista livre 0 16337.17
Volta Grande 380 1939.909 1974 TE solo tratado 56 controlado 268 16605.17
São Simão 1710 3649.909 1978 ER Rocha 127 controlado 5540 22145.17
tratada
Emborcação 1192 4841.909 1981 ER rocha 158 controlado 12521 34666.17
Bananal 0 4841.909 1990 TE solo 24 tulipa 25 34691.17
Caraíbas 0 4841.909 1990 CCR Rocha 26 crista livre 9.5 34700.67
tratada
Samambaia 0 4841.909 1990 TE aluvião 24 tulipa 25.5 34726.17
Calhauzinho 0 4841.909 1991 TE rocha 36 tulipa 32 34758.17
Mosquito 0 4841.909 1991 TE solo tratado 29 crista livre 8.8 34766.97
Salinas 0 4841.909 1991 TE solo tratado 32 tulipa 92.3 34859.27
Machado Mineiro 1.84 4843.749 1992 ER solo 34 controlado 142.8 35002.07
Nova Ponte 510 5353.749 1993 ER rocha 142 controlado 10375 45377.07
Miranda 390 5743.749 1997 ER rocha 85 controlado 145.6 45522.67
Guilman Amorim 140 5883.749 1998 CCR rocha 33 crista livre 11.5 45534.17
Igarapava 210 6093.749 1998 TE solo tratado 32 controlado 234.5 45768.67
47
Legenda:
PG – Peso Gravidade
TE - Terra
CCR – Concreto Compactada Rolo
ER - Enrocamento
VA – Arco Continuo
CB - Contrafortes
MV – Arcos Múltiplos
Como pode ser observado no gráfico apresentado na Figura 2.22, até o ano de
1948 as usinas eram construídas com potência instalada da ordem de 6MW. Em 1951
surgiram as primeiras usinas com potência acima da casa dos 70MW, apresentando um
pico extraordinário em 1978 com a construção da usina de São Simão, com potência
instalada de 1710MW. Por conseqüência a potência acumulada apresenta uma evolução
conforme pode ser visto no gráfico da Figura 2.23, coerente ao gráfico de potência
versus tempo.
48
1800
1600
1400
1200
Potência (MWh)
1000
800
600
400
200
0
15
27
39
41
44
47
48
51
53
53
57
58
72
78
90
91
93
98
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
Figura 2.22– Gráfico potência da usina versus tempo.
7000
6000
5000
Potência (MWh)
4000
3000
2000
1000
0
15
27
39
41
44
47
48
51
53
53
57
58
72
78
90
91
93
98
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
49
2.4.2 - Evolução da Altura Máxima da Barragem
180
160
140
120
Altura (m)
100
80
60
40
20
0
19 5
19 6
19 0
19 9
19 1
19 2
19 4
19 6
19 8
19 8
19 1
19 2
53
19 3
19 3
57
19 8
19 0
19 2
19 4
19 1
19 0
19 1
19 1
19 3
98
1
2
3
3
4
4
4
4
4
4
5
5
5
5
5
6
7
7
8
9
9
9
9
19
19
19
50
10
Área Inundada (km2)/Potência(MWh) 9,44
9
8 7,85
7
6
5
4 4,01
3
2
1,24 1,49
1 1,11
0,33 0,57
0 0,11
a
u
o
ira
as
a
er
in
es
ip
nh
rn
te
b
Ita
av
al
Fu
ad
l
So
im
da
B
br
Pr
a
ra
So
Ilh
r
Se
rt
Po
Figura 2.25 – Gráfico razão da área alagada por potência gerada versus usinas.
51
interna observados variam da simples inexistência passando pelo dreno de pé até o filtro
vertical com tapete drenate.
Piau não acompanhou os modelos construtivos de sua época. A questão
financeira talvez tenha sido a maior motivação para a busca de um projeto mais
diferenciado.
52
Capítulo 3
A UHE do Piau (Figura 3.1) foi incorporada da CEPIAU pela CEMIG em 1962.
A barragem está localizada no rio Piau e Pinho, município do Piau, a aproximadamente
240km de Belo Horizonte. A usina tem uma potência instalada de 18,012MW com duas
unidades geradoras. Na Figura 3.1 tem-se uma vista da Casa de Força.
Piau possui um reservatório com volume de 0,42x106m3.Sua operação foi
iniciada em Junho de 1955. A barragem possui dois vertedouros: o principal, tipo
descarga livre, na margem direita, com capacidade máxima de 300m³/s; e outro do tipo
tulipa, com capacidade máxima de 60m³/s (CEMIG ATX-E-RE-001-0, 1999)
53
3.2 – Arranjo Geral
54
Figura 3.2 – Arranjo Geral da barragem do Piau.
55
3.3 – Perfis da Barragem
56
Figura 3.3 – Seção 2 da barragem do Piau, estaca 3+0,00.
57
Figura 3.4 – Seção 1 da barragem do Piau, estaca 1+10,00.
58
Figura 3.5 – Seção 3 da barragem do Piau, estaca 4+10,00
59
3.4 – Drenagem principal e Tratamento de Fundação
A barragem do Piau foi projetada com filtro de areia vertical a jusante do eixo,
interligado a três drenos horizontais que conduzem a água percolada para um poço
coletor a jusante da estrutura. Este filtro fica posicionado mais a jusante do eixo
longitudinal, fugindo do convencional que seria construir o filtro vertical logo após o
eixo. Uma vista de montante do dreno vertical está ilustrada na Figura 3.6. A Figura 3.7
mostra, em planta, o filtro vertical e os drenos horizontais originais de projeto.
60
Figura 3.6 – Vista de montante do dreno vertical.
61
Figura 3.7 – Vista em planta do filtro vertical e dos drenos horizontais originais de projeto.
62
Para consolidar e diminuir a percolação através da fundação foram realizadas
injeções longitudinais de calda de cimento, no talude de montante do barramento. As
injeções foram realizadas em duas linhas a 18 e 13m a montante do eixo da barragem,
espaçados inicialmente de 6m, com profundidade de 15 metros na fundação da
barragem. As pressões de injeção na rocha foram de 10 a 20kg/cm² de acordo com a
profundidade. No contato aterro-fundação em solo a injeção indicada foi de 3kg/cm². A
dosagem de calda indicada inicialmente foi de 1:3 e depois 1:1.
63
módulo MONITOR. Essa operação é realizada em ambiente de rede, de forma on-line,
sendo possível verificar quaisquer tipos de alteração de forma rápida e objetiva,
facilitando a aquisição, processamento e análise dos dados.
Basicamente, o programa MONITOR, segundo Balbi (2005), consiste de um
sistema que trata os dados através de recursos de processamento automático, facilitando
o gerenciamento e análise dos dados da instrumentação. Este programa desempenha,
entre outras funções, a geração de gráficos dos dados dos instrumentos, em especial das
séries históricas. A Figura 3.8 mostra a tela de entrada no programa MONITOR.
A partir dessa tela inicial é possível selecionar uma dada barragem específica e
assim visualizar as estruturas que constituem a barragem, bem como o conjunto de
instrumentos nela instalados.
Para a visualização dos gráficos, deve ser selecionado um dado tipo de
instrumento por vez e até 15 instrumentos simultaneamente. A visualização do gráfico é
obtida após a seleção das grandezas desejadas, formato do gráfico, escalas e legendas. A
Figura 3.9 mostra a saída gráfica dos dados da instrumentação de alguns piezômetros
64
instalados na UHE Piau. Nesta figura são mostradas as elevações piezométricas de 9
piezômetros de Casagrande em função do tempo (série histórica) e do NA do
reservatório.
Os estudos realizados revelaram que a UHE Piau está inserida na vertente leste
da Serra da Mantiqueira, em região de topografia acidentada, formada por morros
elevados com encostas íngremes. O rio Piau, no local estudado, corre em vales
encaixados, retilíneos e profundos.
Nesta área ocorrem rochas de idade pré-cambrianas reportadas ao grupo
Barbacena indiviso, basicamente formadas por gnaisses e migmatitos cortados por
diques de pegmatito e rochas básicas escuras intrusivas.
65
A barragem está assentada em solo residual na ombreira esquerda, na região
central a montante assenta-se em gnaisse muito decomposto, saprolito, e a jusante em
aluvião. A ombreira direita da barragem tem como fundação solo residual e aluvião
(SPEC, 1991).
66
3.7.1 Primeira Ocorrência
67
Figura 3.11 – Injeções de cimento e argila na ombreira esquerda - 1956.
68
3.7.2 Segunda Ocorrência
69
Figura 3.12 – Trecho onde foram executados drenos para controlar surgências - 1962.
70
3.7.3 Terceira Ocorrência
71
Figura 3.13 – Indicação em planta da drenagem executada – 1979.
72
3.7.4 Quarta Ocorrência
73
Como o processo de evolução dos níveis freáticos vinha agravando; em fevereiro
de 2002 iniciou-se um levantamento sobre os problemas já ocorridos na barragem do
Piau. Este estudo tinha o objetivo de esclarecer o funcionamento da drenagem interna da
barragem, para elaboração de um projeto de recuperação do sistema de drenagem ou sua
substituição. Antes da conclusão do estudo, em março de 2002 foi observada pelos
barrageiros, a presença de uma área muita úmida no pé da barragem. A Figura 3.14
detalha a área úmida no pé da barragem.
74
Figura 3.14 – Identificação de área muito úmida no pé da barragem.
75
Através das medidas dos instrumentos instalados na região e a informação do
barrageiro sobre a região umedecida, concluiu-se que a drenagem estava com algum
tipo de entupimento. As leituras nos instrumentos instalados no interior do dreno
chegaram a subir até 2,5m nos MNA 025 e 026. O piezômetro mais afetado, o PC 024,
chegou a ter a leitura aumentada em 1,2m.
Através da manilha coletora da drenagem do filtro profundo, foi introduzido um
desentupidor do tipo “sonda”. Logo nos primeiros metros de extensão começou a sair
um material gelatinoso e escuro, e à medida que a sonda ia sendo introduzida no
material este aumentava em quantidade. A aproximadamente 18m de extensão houve
resistência à introdução da sonda, quando de repente, começou a sair pela manilha, uma
grande quantidade desse material gelatinoso juntamente com a areia do sistema de
drenagem que envolvia a manilha. A Figura 3.15 ilustra o momento da desobstrução.
76
Imediatamente os níveis dos instrumentos instalados no interior do dreno
voltaram aos valores normais, anteriores a janeiro de 1997. O piezômetro mais próximo
também teve seus níveis reduzidos.
Segundo Viotti (2002), a instrumentação foi o elemento determinante na
detecção da ocorrência na UHE Piau. Ficou evidente na ocasião a importância desta
ferramenta de monitoramento, tornando-se indispensável no diagnóstico de problemas
nas estruturas de barragens.
As estruturas civis da barragem do Piau apresentam ótimo estado de conservação
quando inspecionadas visualmente, estando o talude gramado sem falhas, depressões ou
áreas verdes descontinuadas. Os valores de nível d’água no pé da barragem ombreira
esquerda foram rebaixados com a desobstrução da drenagem. Após a intervenção as
subpressões voltaram aos patamares anteriores. Porém os níveis d’água próximos ao
filtro vertical continuam elevados.
O diagrama da Figura 3.16 mostra a evolução dos níveis d’água nos
instrumentos a partir de 1997 e o efeito da desobstrução em 2002. A Figura 3.17 mostra
o gráfico do piezômetro PIBTPC 0024 instalado na região onde também pode ser
observado o mesmo efeito. O diagrama do vertedouro de vazão, Figura 3.18, mostra no
mesmo período, a queda das vazões de drenagem do sistema interno, seguido de um
pico representando o momento da operação de desobstrução. Passadas algumas horas o
instrumento volta ao patamar de normalidade.
77
UHE Piau - Barragem de terra - Tubo medidor de nível d'água
621,000
620,500
620,000
619,500
Cota do nível d'água (m)
619,000
618,500
618,000
617,500
617,000
616,500
616,000
1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006
PIBTMN025 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN026 - Cota do nível d'água (m)
621,000
620,500
620,000
619,500
Cota piezométrica (m)
619,000
618,500
618,000
617,500
617,000
616,500
616,000
1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002 2005
78
UHE Piau - Barragem de terra - Vertedor para medir vazão
12,000
10,800
9,600
8,400
7,200
Vazão (l/s)
6,000
4,800
3,600
2,400
1,200
0,000
1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
79
(1) (2)
(3) (4)
Figura 3.19 – Imagens da situação de obstrução da manilha de drenagem.
80
Figura 3.20 – Coleta de material para análise.
81
pedras, aço ou mesmo cerâmica e vidro encontramos as bactérias redutoras de sulfato,
bactérias heterotróficas, fungos e liquens. Também os fungos de superfície são capazes
de crescer em condições de anaerobiose e em regiões de materiais com atividade de
água (absorvida) inferiores aos valores possíveis para crescimento bacteriano. Estes
microorganismos utilizam como substrato sais inorgânicos, óleo diesel ou
hidrocarbonetos voláteis como única fonte de carbono. Assumem formação de manchas
de coloração macromorfológica diferente (verde, rosa e cinza escuro) e produzem uma
variedade de ácidos orgânicos e inorgânicos que podem desmineralizar vários substratos
rochosos ou concretos, tal qual o aspergillus glaucus.
82
3.22 mostra em planta o sistema de drenagem realizado em 1979 e o local das alterações
atuais.
Nos primeiros metros da drenagem (parte mais a jusante), o dreno foi todo
refeito. Esta parte corresponde ao trecho onde a manilha tinha se deteriorado. Deste
ponto para cima o tubo foi introduzido no interior da manilha, trecho onde as manilhas
apresentavam resistência. Na união dos trechos foi construído em manilhas de 70cm de
diâmetro um poço de inspeção.
A Figura 3.23 mostra em corte, as alterações no projeto original do dreno.
Para seleção da areia, foram realizadas análises granulométricas em três amostras e o
critério adotado foi o seguinte:
-(D85)f/øfuro >1a 1,2
A areia onde foi instalados os tubos de drenagem em PVC (Figura 3.24) foi
compactada em camadas de 20cm com soquetes manuais utilizando-se água para
melhorar a compactação. A camada de solo foi compactada em camadas de 7cm
aproximadamente com soquetes manuais.
83
Figura 3.22 – Local da intervenção no sistema auxiliar de drenagem..
84
Figura 3.23 – Corte e detalhamento das modificações no sistema de drenagem.
85
3.7.5 Quinta Ocorrência
120
100
80
Chuva (mm)
60
40
20
0
01/10/03
08/10/03
15/10/03
22/10/03
29/10/03
05/11/03
12/11/03
19/11/03
26/11/03
03/12/03
10/12/03
17/12/03
24/12/03
31/12/03
07/01/04
14/01/04
21/01/04
86
estacas 2 e 3. Ainda na crista observa-se uma trinca que aparentemente não interfere na
percolação pela barragem. Esses detalhes podem observados na Figura 3.26.
Figura 3.26 – Buraco causado por formigueiros e trinca na crista, próxima à estaca
3+0,00.
87
3
009
010
PC 028
011
PC 027
PC 025
PC 026
3
88
Foi também notado o afogamento da tubulação de drenagem interna que
desemboca no canal a jusante. Tal fato impede uma perfeita drenagem do maciço
contribuindo para uma saturação do aterro, principalmente no pé da barragem.
Sugeriu-se, ao fim da inspeção, o rebaixamento do nível reservatório (elevação
do dia: 635,72) visando reduzir as solicitações sobre o maciço, e gerar um volume de
espera como margem de segurança, enquanto buscava-se esclarecer a(s) causa(s) das
umidades elevadas nos taludes, tendo-se em vista que o dia da inspeção era o primeiro
com sol após um grande período de chuva intensa.
De posse destas informações, conclui-se, segundo Carvalho (2004) em uma
primeira análise, que as umidades registradas na inspeção foram originárias da forte
chuva que vinham ocorrendo, na medida em que o rebaixamento do nível do
reservatório não teria uma influência tão rápida no talude de jusante do maciço. Os
pontos que ainda se encontram molhados, por exemplo próximo ao PC 028, além do
agravante de serem provavelmente locais de compactação ruim, podiam estar ainda
sendo influenciados por fluxo d’ água proveniente de alguma junta/trinca da galeria, que
se encontrava em operação a mais de 6meses. A presença de água além do normal na
escada coletora de água pluvial da ombreira direita, deve-se a pequenas trincas em sua
parede lateral, permitindo a passagem de água proveniente do maciço.
Apesar da primeira impressão ser de água de chuva como a causadora das áreas
com umidade elevada, após uma análise mais detalhada da instrumentação, verificou-se
que uma das regiões afetadas (baixo da berma 3) podia estar relacionada aos níveis
elevados de percolação indicados pela piezometria e MNs (PC08, MN06 e PC17),
conforme ilustrado nas Figuras 3.29 e 3.30.
89
Região úmida
90
Região úmida
91
Capítulo 4
92
Tabela 4.2 – Localização dos piezômetros Casagrande (PC), vertedor de vazão
(VV) e o medidor de cota de montante (CM).
CM 001 REGUA COM O ZERO NA COTA 614,579/ SITUA-SE NA TOMADA D'AGUA - BOCA DO TUNEL
93
Figura 4.1.- Planta de locação dos instrumentos.
Legenda:
- Piezômetro Casa Grande - Medidor de Nível D’água - Marco de Superfície
94
Os piezômetros PC014 e PC015 instalados na ombreira direita encontram-se
obstruídos impedindo a leitura e prejudicando o monitoramento da percolação nessa
região. A reinstrumentação dessa seção ocorreu no ano de 2003, através da instalação
dos piezômetros PC025, PC026, PC027 e PC028, e da manutenção do piezômetro
PC013 e do medidor de nível d’água MN007 (Figuras 4.2 a 4.7).
628,000
626,700
625,400
624,100
Cota piezométrica (m)
622,800
621,500
620,200
618,900
617,600
616,300
615,000
2003 2005 2007
Figura 4.3 – Gráfico cota piezométrica dos instrumentos PC025, PC026, PC027
e PC028 - Seção 3.
95
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande
0,900
0,800
0,700
0,600
Pressão neutra (kg/cm²)
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
-0,100
2003 2005 2007
Figura 4.4 – Gráfico pressão neutra dos piezômetros PC025, PC026, PC027 e
PC028, Seção 3.
628,000
626,700
625,400
624,100
Cota piezométrica (m)
622,800
621,500
620,200
618,900
617,600
616,300
615,000
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
96
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande
0,900
0,800
0,700
0,600
Pressão neutra (kg/cm²)
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
-0,100
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
632,000
630,400
628,800
627,200
Cota do nível d'água (m)
625,600
624,000
622,400
620,800
619,200
617,600
616,000
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
97
aos níveis normais de comportamento sinalizando o bom funcionamento das
estruturas e a eficiência da manutenção.
632,000
630,400
628,800
627,200
Cota do nível d'água (m)
625,600
624,000
622,400
620,800
619,200
617,600
616,000
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
PIBTMN001 - Cota do nível PIBTMN002 - Cota do nível PIBTMN003 - Cota do nível PIBTMN004 - Cota do nível
d'água (m) d'água (m) d'água (m) d'água (m)
98
Usina Hidrelétrica de Piau - Tubo medidor de nível d'água
632,000
630,400
628,800
627,200
Cota do nível d'água (m)
625,600
624,000
622,400
620,800
619,200
617,600
616,000
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
PIBTMN005 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN025 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN026 - Cota do nível d'água (m)
628,000
626,700
625,400
624,100
Cota piezométrica (m)
622,800
621,500
620,200
618,900
617,600
616,300
615,000
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
99
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande
0,900
0,800
0,700
0,600
Pressão neutra (kg/cm²)
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
-0,100
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
628,000
626,700
625,400
624,100
Cota piezométrica (m)
622,800
621,500
620,200
618,900
617,600
616,300
615,000
1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
100
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande
0,900
0,800
0,700
0,600
Pressão neutra (kg/cm²)
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
-0,100
1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
628,000
626,700
625,400
624,100
Cota piezométrica (m)
622,800
621,500
620,200
618,900
617,600
616,300
615,000
1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
101
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande
0,900
0,800
0,700
0,600
Pressão neutra (kg/cm²)
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
-0,100
1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
102
Figura 4.17 – Seção 2, leito do rio.
632,000
630,400
628,800
627,200
Cota do nível d'água (m)
625,600
624,000
622,400
620,800
619,200
617,600
616,000
1999 2001 2003 2005 2007
PIBTMN009 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN010 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN011 - Cota do nível d'água (m)
103
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande
628,000
626,700
625,400
624,100
Cota piezométrica (m)
622,800
621,500
620,200
618,900
617,600
616,300
615,000
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
PIBTPC016 - Cota PIBTPC017 - Cota PIBTPC020 - Cota PIBTPC021 - Cota PIBTPC022 - Cota
piezométrica (m) piezométrica (m) piezométrica (m) piezométrica (m) piezométrica (m)
0,900
0,800
0,700
0,600
Pressão neutra (kg/cm²)
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
-0,100
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
PIBTPC016 - Pressão PIBTPC017 - Pressão PIBTPC020 - Pressão PIBTPC021 - Pressão PIBTPC022 - Pressão
neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²)
Figura 4.20 – Gráfico pressão neutra dos instrumentos PC016, PC017, PC020,
PC021 e PC022, Seção 2.
104
tem apresentado uma oscilação de aproximadamente 1,40m, o que representa menos de
10% da altura da lâmina d’água observada na Seção 2 (de maior altura). As reduções
pontuais do nível do reservatório se devem ao rebaixamento do nível d’água para
realização de obras de manutenção civil ou eletromecânica.
637,000
635,600
634,200
632,800
Cota do nível d'água (m)
631,400
630,000
628,600
627,200
625,800
624,400
623,000
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
105
Usina Hidrelétrica de Piau - Vertedor para medir vazão
11,000
9,900
8,800
7,700
6,600
Vazão (l/s)
5,500
4,400
3,300
2,200
1,100
0,000
1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
106
Figura 4.23 – Curva característica típica de um solo – (θ x u).
Figura 4.24 – Função condutividade de uma areia fina uniforme segundo Staple (1969,
citado em GeoSlope, 2001).
107
Apenas para uma ilustração inicial de comportamento, apresentam-se na Figura
4.25 duas funções condutividade, uma para um solo arenoso, outra para um solo
argiloso. Em termos comparativos, observa-se que a redução da condutividade
hidráulica do solo arenoso com o acréscimo da sucção é bem mais sensível,
proporcionando quedas elevadas da condutividade para pouca variação da sucção.
1,0E-06
1,0E-07
Condutividade Hidráulica (m/s)
1,0E-08
1,0E-09
1,0E-10
1,0E-11
1,0E-12
1,0E-13
1,0E-14
1,0E-15
-100 -90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0
Sucção (kPa)
108
Como apresentado, a barragem do Piau possui um sistema de drenagem interno
composto de filtro interno vertical longitudinal conectado ao exterior por manilhas
porosas de saída d’água, ou seja, nesta barragem não se tem o tradicional tapete
drenante. Estas manilhas se estendem desde o filtro vertical até a saída do canal
extravasor da tulipa.
A vazão medida no sistema de drenagem tem magnitude de 1,8l/s, sendo 1,0l/s
referente a drenagem principal (filtro) e 0,8l/s referente a drenagem auxiliar da ombreira
esquerda. Com base no valor obtido para drenagem principal, através de uma média
aritmética ponderada, foi possível estimar a vazão prescrita no filtro vertical modelado
em cada seção. Esta média ponderada foi desenvolvida com referência ao comprimento
de influência de cada seção e sua respectiva área média transversal ao fluxo.
Este procedimento de cálculo está apresentado na Tabela 4.3. Nesta tabela o
termo “Comprimento” refere-se a extensão longitudinal representada pela respectiva
seção; a “Altura” refere-se a altura média da seção na extensão considerada; o termo
“Área” representa a área longitudinal, transversal ao fluxo, referente a respectiva seção;
o termo “Razão” refere-se a proporção da área longitudinal de cada seção em relação a
área longitudinal total da barragem. Para atendimento ao modelo bidimensional, com
base na razão, foi possível estimar a vazão por metro linear em cada seção.
Tabela 4.3 – Vazões prescritas distribuídas dentro do filtro para cada Seção analisada
em m³/s por metro de barragem.
Seção Comprimento Altura Área Vazão/área Vazão/metro
2
(m) (m) (m ) Razão (m³/s/m²) (m3/s/m) 3 nós 5 nós
1 26 20 323,00 0,23 2,29x10-4 8,8x10-6 2,9x10-4 1,8x10-6
2 30 25 704,00 0,50 4,98x10-4 1,66x10-5 5,5x10-4 3,3x10-6
3 24 20 385,00 0,27 2,73x10-4 1,14x10-5 3,8x10-4 2,3x10-6
Total 80 1412,00 1,0x10-3
109
identidade em relação aos materiais objetos de estudo. As mesmas podem ser editadas e
ajustadas pelo usuário. Assim, uma análise preliminar foi estabelecida no sentido de se
estabelecer a natureza e geometria destas funções para os vários tipos de materiais, de
forma a simular a redução da condutividade hidráulica ao longo de zonas com
poropressões negativas (sucções) consistentes com as leituras piezométricas de campo.
Em conformidade com o posicionamento da linha freática, fixando-se os valores
de condutividade do maciço em 1,0 x 10-6 m/s, filtro com 1,0 x 10-4 m/s e camada de
gnaisse medianamente decomposto com 1,0 x 10-7 m/s, determinou-se o valor da
condutividade hidráulica equivalente para o gnaisse muito descomposto presente na
fundação de cada seção. Para o aterro foi considerada anisotropia de condutividade,
sendo a condutividade vertical um décimo da condutividade horizontal de acordo com o
que é usualmente utilizado nos projetos de barragens. Os demais materiais foram
considerados isotrópicos em relação a condutividade.
Os ajustes das condutividades hidráulicas dos materiais da barragem,
principalmente a condutividade da fundação (gnaisse muito decomposto) se deram
através de tentativas, conforme apresentado nas Tabelas 4.4 a 4.6. Para o termo
“Função” tem-se caracterizado a forma da curva característica, sendo atribuída à
magnitude da condutividade, o valor da condutividade para o solo saturado. Para
“função constante” em “Tipo de Função”, entende-se que a condutividade hidráulica
não varia com a sucção, sendo considerada igual à condutividade saturada.
110
Tabela 4.5 – Funções de condutividade hidráulica adotadas no modelo numérico
– Seção 1.
material funções* condutividade (m/s) tipo de função
1 Aterro argiloso 7 1,0 x 10-6(*) variável
-4
2 Filtro vertical 2 1,0 x 10 constante
3 Gnaisse muito dec. 3 7,0 x 10-6 constante
-6
3 Gnaisse muito dec. 3 5,0 x 10 constante
3 Gnaisse muito dec. 3 4,0 x 10-6 constante
-7
4 Gnaisse media. dec 4 1,0 x 10 constante
*Obs.: kv/kh = 0,1
111
Para a execução das análises, procedeu-se a discretização da barragem em
elementos finitos, utilizando-se uma malha composta por elementos quadrilaterais e
triangulares.
Esta foi à primeira seção estudada utilizando-se uma malha de elementos finitos
composta de 9678 nós incluindo primários e secundários (Figura 4.26). Neste estudo a
camada de gnaisse medianamente decomposto foi desconsiderada devido a sua baixa
condutividade hidráulica. Com este procedimento, tem-se ainda a otimização do
sistema, através da conseqüente redução do número de nós.
A vazão prescrita (Tabela 4.3) foi distribuída em cinco pontos relativos à altura
do filtro vertical com o objetivo de se obter um efeito de drenagem mais homogêneo.
Na análise de sensibilidade os valores de condutividade para a camada de
gnaisse muito decomposto foram alterados (Tabela 4.5) por ser razoável estabelecer
uma amplitude maior de possíveis valores de condutividade para um solo natural com as
respectivas características, mesmo num trecho não muito comprido (fundação para uma
barragem com 100 metros de crista). Os ajustes obtidos desta análise de sensibilidade
propiciaram estabelecer uma condutividade equivalente para fundação deste trecho.
A análise numérica desta Seção não convergiu com as leituras obtidas em
campo, isso devido ao fluxo transversal presente com maior intensidade nesta região,
fato que pode ser observado através da presença da drenagem auxiliar.
Contudo a proximidade da freática em relação à instrumentação mais a jusante
tornou possível a realização de uma análise satisfatória dessa seção. Os resultados
obtidos demonstraram uma certa coerência em relação a faixa de valores de
condutividade hidráulica apresentados na literatura (Cruz, 1996; e outros) e
principalmente quando comparados com as seções analisadas posteriormente.
112
NA
Figura 4.26 – Seção 1, estaca 1+10,00 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.
NA
MN004
MN002
PC024
PC025
630
626
634
NA
MN004
MN002
PC024
PC025
630
626
634
113
Figura 4.28 – Seção 1– Análise com valor de 5x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para
o maciço.
NA
MN004
MN002
PC024
630 PC025
626
634
Esta foi a segunda seção estudada utilizando-se uma malha de elementos finitos
composta por 838 nós primários (Figura 4.30) e elementos relativamente maiores que
aqueles que compuseram a malha do estudo da Seção 1. Diferentemente do estudo
anterior, neste caso, a camada de gnaisse medianamente decomposto, mesmo com a sua
baixa condutividade hidráulica, foi incorporada. Os resultados obtidos apresentaram boa
coerência e maior rapidez das análises em relação à análise da Seção anterior.
A vazão prescrita no dreno (Tabela 4.3) também foi distribuída em cinco pontos
e com a variação dos dados de entrada conforme a Tabela 4.5.
A convergência obtida nesta seção confirma a sensibilidade do programa em
relação à variação da condutividade, aumentando de forma ainda mais relevante com a
mudança da forma da curva característica de argila para areia fina no maciço (Figuras
4.31 a 4.34).
114
Contudo, como pode ser detectado nos resultados apresentados na Figura 4.33, o
modelo numérico apresentou-se de forma mais coerente em relação aos dados da
instrumentação obtidos em campo.
P09
NA
P10
P16
P11 P20
P17
H=634,46
Figura 4.30 – Seção 2, estaca 3+0,00 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.
P09
NA
P10
P16
P11 P20
P17
630
620
P16
P11 P20
P17
0
63
620
115
Figura 4.32 – Seção 2 – Análise com valor de 1x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para
o maciço.
P09
NA
P10
P16
P11 P20
P17
0
62
630
P16
P11 P20
620 P17
630
116
característica de areia fina para o maciço não foi realizada, devido à convergência
obtida utilizando a curva característica referente ao maciço argiloso (Figura 4.38).
Tanto a seção 3 como as outras duas seções apresentaram um fluxo maior pela
fundação, ou seja, na camada de gnaisse muito decomposto.
O filtro vertical, com vazão prescrita de 1,14x10-5m3/s por metro (Tabela 4.3),
nesta Seção, assim como nas demais, demonstrou estar funcionando de forma eficiente,
compatibilizando o modelo numérico e as condições de campo.
NA
PC027
MN007
PC013
H = 634m
Figura 4.35 – Seção 3, estaca 4+10 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.
NA
PC027
630 MN007
PC013
620
NA
PC027
630 MN007
PC013
620
117
Figura 4.37– Seção 3 – Análise com valor de 1x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para
o maciço.
NA
PC027
630 MN007
PC013
620
Figura 4.38 – Seção 3 – Análise com valor de 2.4x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para
o maciço.
118
Para a Seção 2, o estudo de sensibilidade adotado não proporcionou o forte
mergulho da linha freática no maciço argiloso, na proximidade do filtro. Notifica-se, no
entanto, que esta evidência apresentada pela instrumentação de campo, foi
razoavelmente modelada adotando-se a função condutividade hidráulica de um solo
arenoso.
119
Capítulo 5
120
A análise de estabilidade foi desenvolvida também para a seção da estaca 3+0,00
pelo método convencional e conduzida no sentido de se definir a condição de segurança
da barragem tendo em vista os níveis d’água elevados medidos pela instrumentação na
época. Foram realizadas análises de estabilidade em termos de tensões totais e efetivas
utilizando-se envoltórias de resistência obtidas a partir de ensaios de laboratório. Os
parâmetros de resistência adotados estão presentes na Tabela 5.1.
121
5.2 – REAVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DA BARRAGEM
122
Tabela 5.2 – Ensaios CU em amostras indeformadas.
Amostra c' (kPa) φ' (º) c (kPa) φ (º)
A51NAT 71,87 27,49 75,63 25,86
A53NAT 63,98 28,56 82,54 23,94
A55NAT 71,87 27,49 74,02 26,08
A51SAT 14,01 34,17 99,61 25,23
A53SAT 22,93 32,74 97,16 18,11
A55SAT 7,97 33,56 132,10 9,05
300
y = 0,4361x + 68,062
200
q (kPa)
Efetiva
150
Total
100
50
0
0 100 200 300 400 500 600
p'; p (kPa)
350
200
q (kPa)
Efetiva
Total
150
100
50
0
0 100 200 300 400 500 600 700
p'; p (kPa)
123
300
y = 0.4616x + 63.756
250
y = 0.4396x + 66.482
200
q (kPa)
Efetiva
150
Total
100
50
0
0 100 200 300 400 500 600
p'; p (kPa)
350
300
200
q (kPa)
Efetiva
Total
150
100
50
0
0 100 200 300 400 500 600
p'; p (kPa)
300
y = 0.3108x + 93.352
200
q (kPa)
Efetiva
150
Total
100
50
0
0 100 200 300 400 500 600
p'; p (kPa)
124
250
y = 0.5528x + 6.6386
200
y = 0.1573x + 130.46
150
q (kPa)
Efetiva
Total
100
50
0
0 100 200 300 400 500 600 700
p'; p (kPa)
Na Tabela 5.3 o ângulo de atrito médio foi obtido através da média dos
coeficientes de atrito. De acordo com os desvios padrões calculados é possível observar
125
que maiores discrepâncias de resultados foram detectadas para o parâmetro intercepto
de coesão. Com relação aos ensaios, os maiores desvios padrões foram encontrados para
o ensaio com amostra saturada, parâmetros totais. Notifica-se que este ensaio foi
realizado com material de baixa profundidade e de região diferente das amostras 51 e
53. No entanto, trata-se um material que compõem o maciço do talude de jusante da
barragem, sendo necessário considerá-lo nos estudos.
Tomando-se com base os parâmetros médios, os estudos de estabilidade foram
realizados através de quatro análises por seção, de acordo com as modelagens
resumidamente apresentadas na Tabela 5.4.
126
5.3 – Programa Slope
127
utilização desta importante interface para o usuário. Neste sentido, as pressões de água
foram importadas dos arquivos gerados nos estudos de percolação por elementos finitos.
Como apresentado no Capítulo 4, por se tratar de uma seção muito próxima à
ombreira esquerda e que devido a observações de campo, provavelmente apresenta um
fluxo transversal a esta seção, não houve convergência do modelo numérico com
relação à piezometria de jusante.
No entanto, como o objetivo desta análise é a estabilidade do talude de jusante, a
opção de convergência do modelo numérico foi pela instrumentação existente no pé de
jusante.
Com base então nos dados apresentados na Tabela 5.4 os fatores de segurança
encontrados estão apresentado na Tabela 5.6.
128
2.412
129
Tabela 5.7 – Médias e desvios padrões dos ensaios realizados.
Resultado Amostra c (kPa) φ (º) tan φ Condição Parâmetros Solo
1 A51NAT 71,87 27,49 0,520 Drenada Efetivos Úmido
2 A53NAT 63,98 28,56 0,544 Drenada Efetivos Úmido
3 A55NAT 71,87 27,49 0,520 Drenada Efetivos Úmido
4 A51SAT 14,01 34,17 0,679 Drenada Efetivos Saturado
5 A53SAT 22,93 32,74 0,643 Drenada Efetivos Saturado
6 A55SAT 7,97 33,56 0,663 Drenada Efetivos Saturado
7 A51NAT 75,63 25,86 0,485 Não-drenada Totais Úmido
8 A53NAT 82,54 23,94 0,444 Não-drenada Totais Úmido
9 A55NAT 74,02 26,08 0,489 Não-drenada Totais Úmido
10 A51SAT 99,61 25,23 0,471 Não-drenada Totais Saturado
11 A53SAT 97,16 18,11 0,327 Não-drenada Totais Saturado
12 A55SAT 132,10 9,05 0,159 Não-drenada Totais Saturado
Média 67,81 26,36 0,495
Desvio Padrão 36,76 8,26 0,145
130
2.785
Função Probabilidade/Densidade
25
20
Frequência (%)
15
10
0
1.0 1.4 1.8 2.2 2.6 3.0 3.4 3.8 4.2 4.6
Fator de segurança
80
Probabilidade (%)
60
40
20
0
1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5
Fator de Segurança
131
5.5 - Estudo da Estabilidade da Seção 2
2.117
1
2
3
4
132
Os fatores de segurança encontrados (Tabela 5.8), faces as condições avaliadas,
mostram também uma boa condição de estabilidade para a Seção 2.
2.501
1
2
3
4
133
Função Probabilidade/Densidade
25
20
Frequência (%)
15
10
0
-0.25 0.35 0.95 1.55 2.15 2.75 3.35 3.95 4.55 5.15
Fator de Segurança
Função Probabilidade/Distribuição
100
80
Probabilidade(%)
60
40
20
0
0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0
Fator de Segurança
134
5.6 - Estudo da Estabilidade da Seção 3
2.274
1 2
3
4
135
5.6.1 - Estudo Probabilístico da Seção 3
2.795
1 2
3
4
Função Probabilidade/Densidade
30
25
20
Frequência (%)
15
10
0
-1.65 -0.65 0.35 1.35 2.35 3.35 4.35 5.35 6.35 7.35
Fator de Segurança
136
Função Probabilidade/Distribuição
100
80
Probabilidade(%)
60
40
20
0
0.0 0.8 1.6 2.4 3.2 4.0 4.8 5.6 6.4 7.2 8.0
Fator de Segurança
137
Um ponto de destaque nessa análise convencional se refere à coerência em
relação aos resultados obtidos, pois todos os fatores de segurança de menor valor
ocorreram para os mesmos parâmetros e condições de campo (Análise 3), quando se
tem uma condição drenada e amostra saturada.
Como mencionado anteriormente, abaixo da tensão de pré-adensamento, os
solos compactados tendem a gerar poro-pressões negativas no cisalhamento,
proporcionando condições mais favoráveis de estabilidade em mobilizações não-
drenadas.
Como uma segunda opção, a análise de estabilidade probabilística das seções
conforme a Tabela 5.5, utilizando-se a média e o desvio padrão de todos os resultados
obtidos das amostras ensaiadas em laboratório, relativas ao maciço compactado da
barragem, resultou em fatores de segurança maiores que os obtidos na análise de
método convencional. Contudo os gráficos das Seções 2 e 3 demonstram que existem
coeficientes de segurança com valor abaixo da unidade, dentre as combinações
analisadas.
138
Capítulo 6
139
6.2 Conclusões
A barragem do Piau vem ao longo dos anos apresentando um histórico marcado por
ocorrências preocupantes, combinadas com medidas reparatórias imediatas e cirúrgicas
de muita eficiência. Alguns estudos relativos a análise de estabilidade da barragem
foram desenvolvidos, esclarecendo dúvidas, mas também levantando alguns
questionamentos. A busca por repostas mais conclusivas apontou para a necessidade de
uma reavaliação da segurança da barragem do Piau, através de uma metodologia um
pouco diferenciada das utilizadas anteriormente.
Considerando-se as excelentes condições operativas e de manutenção da
barragem e do seu banco de dados das leituras da instrumentação como ponto de
partida, o modelo matemático pôde ser formatado e desenvolvido.
O sistema de drenagem interna da barragem possui algumas características que
foram determinantes para definição dos dados de entrada da análise de percolação. A
barragem apresenta um filtro vertical deslocado para jusante, uma drenagem auxiliar na
ombreira esquerda, não possui tapete drenante e sim um sistema composto por manilhas
de concreto poroso com a finalidade de drenar toda a água coletada pelo filtro vertical.
140
outros que apresentam um comportamento anormal, situação que não comprometeu
analise de percolação, mas que deve ser regularizada.
141
drenagem no momento da ruptura com os parâmetros de resistência do solo, conforme
Tabelas 5.4, 5.6 e 5.7 propiciaram quatro valores distintos de coeficiente de segurança
para a análise de cada uma das três seções. Em todos os casos analisados se optou, de
forma conservadora, pelo menor coeficiente de segurança calculado. A credibilidade
dos resultados obtidos é notória quando se observa à coerência em relação aos
resultados obtidos, pois todos os fatores de segurança de menor valor ocorreram para os
mesmos parâmetros e condições de campo (Análise 3), ou seja, condições drenadas e
solo saturado. Nestas condições não há ganho de resistência proviniente da sucção
matricial ou geração de poro-pressão negativa.
A análise mais conservadora ocorreu para parâmetros efetivos, fato também
compreensível, pois os níveis de tensão verificados em campo apresentam valores
abaixo da tensão de pré-adensamento. Com o nível elevado de geração de poro pressão
negativa a envoltória de resistência efetiva se desloca com um ângulo acentuado em
relação à envoltória de resistência total, conforme o gráfico da Figura 5.5. Abaixo do
ponto de interseção das duas retas, que também identifica a tensão de pré-adensamento,
a resistência para parâmetros efetivos é menor em relação a resitência para parâmetros
totais.
Pode-se observar através da análise de estabilidade valores expressivos de
interceptos de coesão. Para as amostras de solo na umidade natural isso ocorre devido a
coesão aparente sendo que nas amostras saturadas a acorrência é devida a sucção gerada
por poro-preessão negativa.
Na análise de estabilidade probabilística das seções, conforme a Tabela 5.5,
utilizando-se a média e o desvio padrão de todos os resultados obtidos das amostras
ensaiadas em laboratório, relativos ao maciço compactado da barragem, por ter
incorporado os parâmetros não drenados, que incorporam sucção gerada no
cisalhamento e o estado não saturado, que incorpora coesão aparente (sucção matricial),
resultaram em fatores de segurança maiores que os obtidos na análise de método
convencional. Contudo, neste estudo particular, os gráficos das Seções 2 e 3
demonstram que existem coeficientes de segurança com valores abaixo da unidade,
dentre as combinações analisadas.
Esses dados indicam que de todas as combinações analisadas, algumas
apresentaram coeficientes abaixo do esperado e que no caso deste estudo específico
142
contribuíram com uma percentagem muito pequena. Os resultados gráficos apresentados
na análise de estabilidade probabilística, comparados com os resultados obtidos na
análise convencional, apontam para uma probabilidade de ruptura praticamente nula,
para todas as seções analisadas
Pode-se concluir que a análise de estabiliade realizada anteriormente, contratada
pela CEMIG, deveria apresentar fatores de segurança menores do que da análise
presente, devido a tendência de afloramento da linha freática durante o período em que
o sistema de drenagem auxiliar se encontrava colmatado. Observa-se também na análise
anterior a baixa condutivibilidade hidráulica do maciço compactado e do filtro vertical,
motivados talvez pela necessidade de elevar-se a linha freática para uma modelagem
compatilizada com os níveis d’água elevados apresentados pela instrumentação na
época. Através da Tabela 5.1 percebe-se uma certa variação nos valores dos dados de
entrada em relação a análise atual, principalmente em relação aos dados de coesão
efetiva. Contudo o fato comum e marcante na comparação entre as duas análises é que
ambas apresentaram a condição mais concervadora para parâmetros .
143
- Pesquisas futuras poderão ser desenvolvidas no sentido de se analisar a grandeza das
vazões coletadas do sistema de drenagem principal da barragem e a sua correlação com
o desenvolvimento de um possível processo de colmatação.
144
Referências Bibliográficas
BALBI, D.A.F.; Fusaro, T.C e Magalhães, R.A (2005). Inspetor - Sistema Inteligente de
Controle e Segurança de Barragens. XXV Seminário Nacional de Grandes Barragens, p.
230-248, Salvador, BA.
CEMIG (1985). Relatório Final 1º Fase. Inventário das obras civis da UHE Três Marias,
volume 1.
145
CPRH (2000). Norma Técnica: Medição de Vazão de Efluentes Líquidos – Escoamento
Livre. CPRH N 2.004. Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
146
SLOPE versão 4.24, 2001 – Geoslop International Ltd. Serial Number 93239N
Universidade Federal de Ouro Preto
147