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Dissertação de Mestrado

REAVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DA
BARRAGEM DE TERRA DA USINA
HIDRELÉTRICA DO PIAU

AUTOR: JAMIL FERREIRA DA CRUZ

ORIENTADOR: Prof. Dr. Saulo Gutemberg Silva Ribeiro


(UFOP)

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA UFOP

OURO PRETO - MARÇO DE 2007


ii
C957r Cruz, Jamil Ferreira da.
Reavaliação da segurança da barragem de terra da Usina Hidrelétrica do Piau /
[manuscrito] / Jamil Ferreira da Cruz. - 2007.

xvi, 146f. : il., color. graf.; tabs.; mapas.

Orientador: Prof. Dr. Saulo Gutemberg Silva Ribeiro.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de


Minas. NUGEO.
Área de concentração: Geotecnia de barragens.

Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br
DEDICATÓRIA

A Sônia, Arthur e Erick que são a motivação da minha vida.

iii
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos aqueles que me ajudaram e me apoiaram para a conclusão


deste mestrado profissionalizante.

Agradeço ao Prof. Dr. Saulo Gutemberg S. Ribeiro, pela orientação deste trabalho.

Agradeço ao Prof. Dr. Romero César Gomes, pôr ter me concedido a oportunidade de
participar desta turma e pela brilhante coordenação do curso.

A todos os professores do curso, agradeço a disponibilidade e experiência


compartilhada.

Aos colegas do mestrado, obrigado pela convivência e pelo companheirismo.

A Companhia Energética de Minas Gerais, em especial ao Engenheiro Gilson de


Oliveira Furtado pela cessão das informações e apoio ao estudo realizado.

Aos profissionais exemplares cuja trajetória vitoriosa sempre deve ser seguida, Cássio
B. Viotti, Teresa C. Fusaro, Adelaide L. C. Carim pela atenção dispensada.

Aos meus pais, agradeço pelo exemplo, compreensão e carinho.

Aos meus filhos Arthur, Erick e minha esposa Sônia, pelo amor, compreensão e
carinho.

E agradeço a Deus, pela vida.

iv
RESUMO

Neste trabalho foi desenvolvida uma reavaliação da estabilidade do talude de


jusante da hidrelétrica de Piau. Um estudo da evolução dos métodos e procedimentos
construtivos foi realizado. Com base neste estudo foi possível destacar as peculiaridades
construtivas do sistema de drenagem interna de Piau, objeto de problemas sistêmicos
desde o início de operação da barragem. Nesta reavaliação da estabilidade, uma
checagem da eficiência dos instrumentos da barragem foi realizada, sendo feito o reparo
de alguns. Três seções da barragem, adequadamente instrumentadas, foram escolhidas
para o desenvolvimento deste estudo (ombreira esquerda, ombreira direita e central). A
rede de fluxo foi elaborada com o apoio do programa comercial de elementos finitos
SEEP. Dados da piezometria foram fundamentais para que o sistema fosse calibrado
alterando-se sistematicamente a permeabilidade da fundação, mantendo-se os demais
parâmetros constantes. Com a rede de fluxo calibrada procedeu-se o estudo de
estabilidade por equilíbrio limite com o apoio do programa SLOPE. Os resultados
demonstraram que o talude de jusante da barragem de Piau encontra-se em ótimas
condições de estabilidade.

v
ABSTRACT

On this work, a new assessment was conducted regarding the stability of a Piau
hydropower dam. An objective study concerning the evolution of building methods and
procedures was done. After reviewing all the building methods and procedures it was
then possible to understand the drainage problems surrounding Piau. Please keep in
mind that before this study was conducted, all field instruments were checked and
repaired if necessary. Three separate sections in the operational flux condition (steady
state) were analyzed. To performer these three analyses the well-known software SEEP
was used. A calibration of flux was preformed with previous parameter and
instrumentation data. The calibration results were very important to complete a stability
analysis of the down stream slope. The stability analyses were performed by SLOPE
software. In conclusion, the numerical results have shown very good conditions of
inside drainage, levels of water pressures and stabilization of down stream slope.

vi
Lista de Figuras

Figura 2.1 – Parque gerador da CEMIG.


Figura 2.2 – Aproveitamento energético da CEMIG .
Figura 2.3 – Arranjo geral e seção da barragem de Itutinga .
Figura 2.4 – Arranjo geral e seções de barragem de Cajuru .
Figura 2.5 – Arranjo geral da barragem de Camargos.
Figura 2.6 – Seção da barragem de Camargos.
Figura 2.7 – Arranjo geral da barragem de Três Marias.
Figura 2.8 – Barragem de Três Marias – seção SC-3 .
Figura 2.9 – Barragem de Três Marias – seção SC-4.
Figura 2.10 – Barragem de Três Marias – seção SC-5.
Figura 2.11 – Arranjo geral da barragem de São Simão.
Figura 2.12 – Barragem de São Simão – seção C-C.
Figura 2.13 – Barragem de São Simão – seção B-B.
Figura 2.14 – Barragem de São Simão – seção J-J.
Figura 2.15 – Arranjo geral da barragem de Bananal.
Figura 2.16 – Seção da barragem de Bananal.
Figura 2.17 – Vista de jusante da barragem Funil no período de construção.
Figura 2.18 – Arranjo geral da barragem de Funil.
Figura 2.19 – Seção da barragem de Funil.
Figura 2.20 – Arranjo geral da barragem de Irapé.
Figura 2.21 – Seção tipo da barragem de Irapé.
Figura 2.22 – Gráfico potência da usina versus tempo.
Figura 2.23 – Gráfico potência acumulada versus tempo.
Figura 2.24 – Gráfico altura máxima da barragem versus tempo.
Figura 2.25 – Gráfico área alagada versus potência gerada.
Figura 3.1 – Casa de força UHE Piau.
Figura 3.2 – Arranjo geral da barragem do Piau.

vii
Figura 3.3 – Seção 2 da barragem do Piau, estaca 3+0,00.
Figura 3.4 – Seção 1 da barragem do Piau, estaca 1+10,00.
Figura 3.5 – Seção 3 da barragem do Piau, estaca 4+10,00.
Figura 3.6 – Vista de montante do dreno vertical.
Figura 3.7 – Vista em planta do dreno vertical e dos drenos horizontais originais de
projeto .
Figura 3.8 – Tela de entrada no programa monitor.
Figura 3.9 – Saída gráfica dos dados da instrumentação – UHE Piau.
Figura 3.10 – Vista do talude de jusante da barragem do Piau.
Figura 3.11 – Injeções de cimento e argila na ombreira esquerda – 1956.
Figura 3.12 – Trecho onde foram executados drenos para controlar surgências – 1962.
Figura 3.13 – Indicação em planta da drenagem executada – 1979.
Figura 3.14 – Indicação de área muito úmida no pé da barragem.
Figura 3.15 – Desobstrução da tubulação de drenagem.
Figura 3.16 – Evolução dos níveis d’água no período de 1997 a 2002.
Figura 3.17 – Leituras do piezômetro PIBTPC 0024, instalado na região.
Figura 3.18 – Leituras no vertedouro de vazão.
Figura 3.19 – Imagens da situação de obstrução da manilha de drenagem
Figura 3.20 – Coleta de material para análise.
Figura 3.21 – Processo de desenvolvimento da biodeterioração.
Figura 3.22 – Local da intervenção no sistema auxiliar de drenagem.
Figura 3.23 – Corte e detalhamento das modificações no sistema de drenagem.
Figura 3.24 – Tubo de PVC para drenagem subterrânea.
Figura 3.25 – Gráfico de intensidade diária de chuva.
Figura 3.26 – Buraco causado por formigueiros e trinca na crista, próxima à estaca
3+0,00 .
Figura 3.27 – Regiões com elevada umidade.
Figura 3.28 – Planta com a localização das áreas úmidas
Figura 3.29 – Surgência abaixo da berma 3 – seção da estaca 2+0,00.
Figura 3.30 – Surgência abaixo da berma 3 – seção da estaca 3+0,00.

viii
Figura 4.1.- Planta de locação dos instrumentos.
Figura 4.2 – Seção 3, ombreira direita.
Figura 4.3 – Gráfico cota piezométrica dos instrumentos PC025, PC026, PC027 e
PC028 - Seção 3.
Figura 4.4 – Gráfico pressão neutra dos piezômetros PC025, PC026, PC027 e PC028,
Seção 3.
Figura 4.5 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC013, Seção 3.
Figura 4 6 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC013, na Seção 3.
Figura 4.7 – Gráfico medidor de nível d’água do instrumento MN007, seção 3.
Figura 4.8 – Seção 1, ombreira esquerda.
Figura 4.9 – Gráfico medidor de nível d’água dos instrumentos MN001, MN002,
MN003, MN004, seção 1.
Figura 4.10 – Gráfico medidor de nível d’água dos instrumentos MN005, MN025,
MN026, seção 1.
Figura 4.11 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC018, seção 1.
Figura 4.12 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC018, seção 1.
Figura 4.13 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC023, seção 1.
Figura 4.14 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC023, seção 1.
Figura 4.15 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC024, seção 1.
Figura 4.16 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC024, seção 1 .
Figura 4.17 – Seção 2, leito do rio.
Figura 4.18 – Gráfico medidor de nível d’água dos instrumentos MN009, MN010
MN011, seção 2.
Figura 4.19 – Gráfico cota piezométrica dos instrumentos PC016, PC017, PC020,
PC021 e PC022, seção 2.
Figura 4.20 – Gráfico pressão neutra dos instrumentos PC016, PC017, PC020, PC021 e
PC022, seção 2.
Figura 4.21 – Gráfico de variação da cota de nível d’água do reservatório.
Figura 4.22 – Gráfico de variação de vazão do vertedouro de vazão – VV001.
Figura 4.23 – Curva característica típica de um solo – (θ x u).
Figura 4.24 – Função condutividade de uma areia fina uniforme segundo Staple (1969,
citado em GeoSlope, 2001).

ix
Figura 4.25 – Avaliação comparativa da função condutividade.
Figura 4.26 – Seção 1, estaca 1+10,00 com malha de elementos finitos e condições de
Contorno.
Figura 4.27 – Seção 1– Análise com valor de 7x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para o
maciço.
Figura 4.28 – Seção 1– Análise com valor de 5x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para o
maciço.
Figura 4.29 – Seção 1– Análise com valor de 4x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para o
maciço.
Figura 4.30 – Seção 2, estaca 3+00 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.
Figura 4.31 – Seção 2 – Análise com valor de 1x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.
Figura 4.32 – Seção 2 – Análise com valor de 1x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (Função 1) para
o maciço.
Figura 4.33 – Seção 2 – Análise com valor de 4x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.
Figura 4.34 – Seção 2 – Análise com valor de 4x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de areia fina (função 7)
para o maciço.
Figura 4.35 – Seção 3, Estaca 4+10 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.
Figura 4.36 – Seção 3 – Análise com valor de 1x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.

x
Figura 4.37– Seção 3 – Análise com valor de 1x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.
Figura 4.38 – Seção 3 – Análise com valor de 2,4x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para o
maciço.
Figura 5.1 – Envoltória de resistência – A51Nat.
Figura 5.2 – Envoltória de resistência – A53Na.
Figura 5.3 – Envoltória de resistência – A55Nat.
Figura 5.4 – Envoltória de resistência – A51Sat.
Figura 5.5 – Envoltória de resistência – A53Sat.
Figura 5.6 – Envoltória de resistência – A55Sat.
Figura 5.7 – Análise 3 – solo saturado, comportamento drenado, seção 1.
Figura 5.8 – Superfície potencial de ruptura – análise probabilística, seção 1.
Figura 5.9 – Curva de Gauss, seção 1.
Figura 5.10 – Probabilidade de ruptura, seção 1.
Figura 5.11 – Análise 3 – solo saturado, comportamento drenado, seção 2.
Figura 5.12 – Superfície potencial de ruptura – análise probabilística, seção 2.
Figura 5.13 – Curva de Gauss, seção 2.
Figura 5.14 – Probabilidade de ruptura, seção 2.
Figura 5.15 – Análise 3 – solo saturado, comportamento drenado, seção 3.
Figura 5.16 – Superfície potencial de ruptura – Análise probabilística, seção 3.
Figura 5.17 – Curva de Gauss, seção 3
Figura 5.18 – Probabilidade de ruptura, seção 3.

xi
Lista de Tabelas

Tabela 2.1 – Relação de usinas em operação.


Tabela 2.2 – Resumo do histórico das barragens da CEMIG até o ano de 2002.
Tabela 4.1 – Localização dos medidores de nível d’água da barragem do Piau 30.
Tabela 4.2 – Localização dos piezômetros Casagrande (PC), vertedouro de vazão (VV)
e o medidor de cota de montante (CM).
Tabela 4.3 – Vazões prescritas dentro do filtro para cada seção analisada em m³/s por
metro de barragem.
Tabela 4.4 – Funções de condutividade hidráulica adotadas no modelo numérico-seção
3.
Tabela 4.5 – Funções de condutividade hidráulicas adotadas no modelo numérico-seção
1.
Tabela 4.6 – Funções de condutividade hidráulicas adotadas no modelo numérico-seção
2.
Tabela 5.1 – Parâmetros de resistência adotados na análise anterior.
Tabela 5.3 – Ensaios CU em amostras indeformadas.
Tabela 5.2 – Parâmetros médios e desvio padrão.
Tabela 5.3 – Modelagem para as análises de estabilidade.
Tabela 5.4 – Parâmetros adotados para os demais solos.
Tabela 5.5 – Fatores de segurança da seção 1.
Tabela 5.6 – Médias e desvios padrões dos ensaios realizados.
Tabela 5.7 – Fatores de segurança da seção 2.
Tabela 5.8 – Fatores de segurança da seção 3.

xii
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações

AHE - Aproveitamento hidroenergético


UHE - Usina hidrelétrica
NA - Nível d’água
PG - Peso gravidade
TE - Terra
CCR - Concreto compactado a rolo
ER - Enrocamento
VA - Arco continuo
CB - Contrafortes
MV - Arcos múltiplos
MW - Megawatts
KW - Kilowatts
KWh - Kilowatts por hora
MWh - Megawatts por hora
K - Condutividade hidráulica
Kv - Condutividade hidráulica vertical
Kh - Condutividade hidráulica horizontal
Vv - Vertedouro de vazão
Cm - Cota de montante
T - Tempo de resposta
λ - Fator de volume
E - Porcentagem de equalização
T - Tempo de retardo básico
PC - Piezômetro Casagrande
MN - Medidor de nível d’água
E - Módulo de elasticidade
µ - Coeficiente de Poisson

xiii
φ - Ângulo de atrito do solo
γ - Peso específico úmido do solo
K0 - Razão entre tensões vertical e horizontal em um ponto do solo.
S - Grau de saturação inicial
γs - Peso específico dos grãos
c' - Coesão efetiva
φ' - Ângulo de atrito efetivo
tan - Tangente
c - Coesão
φ - Ângulo de atrito

xiv
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVO DO TRABALHO 1
1.2 METODOLOGIA E FASES DO ESTUDO 2
1.3 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO 3

CAPÍTULO 2 - HISTÓRICO DAS BARRAGENS DE TERRA DA CEMIG


2.1 SURGIMENTO DA CEMIG 5
2.2 –LOCALIZAÇÃO DAS BARRAGENS 6
2.3 –HISTÓRICO COM FOCO NO ARRANJO GERAL E PERFIS DE
ALGUMAS BARRAGENS 11
2.3.1 UHE Itutinga (1952-1955) 11
2.3.2 UHE Cajuru (1952-1959) 15
2.3.3 UHE Camargos (1956-1960) 17
2.3.4 UHE Três Marias (1957-1962) 19
2.3.5 UHE São Simão (1973-1978) 25
2.3.6 AHE Bananal (1989-1990) 32
2.3.7 UHE Funil (2000-2003) 36
2.3.8 UHE Irapé (2002-2003) 40
2.4 –HISTÓRICO GERAL DO APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DA CEMIG
2.4.1 Evolução da potência instalada 48
2.4.2 Evolução da altura máxima da barragem 50
2.4.3 Evolução da área alagada em função da potência gerada 50
2.5 –COMENTÁRIOS GERAIS 51

xv
CAPÍTULO 3 - BARRAGEM DE TERRA DA UHE DO PIAU
3.1 HITÓRICO E DADOS BÁSICOS 53
3.2 ARRANJO GERAL 54
3.3 PERFIS DA BARRAGEM 56
3.4 DRENAGEM PRINCIPAL E TRATAMENTO DE FUNDAÇÃO 60
3.5 PROGRAMAS DE INSTRUMENTAÇÃO 63
3.6 ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO 65
3.7 HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS NA BARRAGEM 66
3.7.1 Primeira ocorrência 67
3.7.2 Segunda ocorrência 69
3.7.3 Terceira ocorrência 71
3.7.4 Quarta ocorrência 73
3.7.5 Quinta ocorrência 86
CAPÍTULO 4 - ESTUDO DE PERCOLAÇÃO DA BARRAGEM DO PIAU
4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA INSTRUMENTAÇÃO
EXISTENTE 92
4.2 FUNÇÕES CONDUTIVIDADE 106
4.3 ESTUDO NUMÉRICO DA PERCOLAÇÃO 108
4.4 ESTUDO DO FLUXO NAS TRÊS SEÇÕES 112
4.4.1 Seção 1-ombreira esquerda, estaca 1+10,00 112
4.4.2 Seção 2-leito do rio, estaca 3+0 114
4.4.3 Seção 3-leito do rio, estaca 4+10,00 116
4.5 COMENTÁRIOS GERAIS 118

CAPÍTULO 5 - ESTUDO DE ESTABILIDADE DA BARRAGEM DO PIAU4


5.1 RESULTADOS E DADOS DA ANÁLISE DE ESTABILIDADE ANTERIOR
120
5.2 REAVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DA BARRAGEM
122
5.2.1 Parâmetros e condições da simulação 122

5.3 PROGRAMA SLOP 127

xvi
5.4 ESTUDO DA ESTABILIDADE DA SEÇÃO 1 127
5.4.1 Estudo probabilístico da seção 1 129
5.5 ESTUDO DA ESTABILIDADE DA SEÇÃO 2 132
5.5.1 Estudo probabilístico da seção 2 133
5.6 ESTUDO DA ESTABILIDADE DA SEÇÃO 3 135
5.6.1 Estudo probabilístico da seção 3 136
5.7 COMENTÁRIOS GERAIS 137

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES FINAIS


6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 139
6.2 CONCLUSÕES 140
6.3 SUGESTÕES FINAIS 143

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 145

xvii
Capítulo 1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Objetivo do Trabalho

Desde a sua inauguração que a usina hidrelétrica do Piau vem sofrendo


intervenções objetivando a melhoria de suas condições estruturais. A barragem de terra
da usina hidrelétrica do Piau não está situada dentre as mais elevadas da CEMIG, mas
exige dentro do contexto de segurança de barragens a mesma atenção destinada as
grandes barragens. Este sentimento está agregado à missão de desenvolvimento,
crescimento social e a preservação ambiental. A localização geográfica da barragem na
zona da mata mineira e a montante da cidade do Piau, região de elevado índice
pluviométrico, que combinada ao histórico de ocorrências, nos despertou para
necessidade da reavaliação das condições de segurança dessa barragem.
Este trabalho teve por objetivo reanalisar as condições operacionais atuais da
Barragem do Piau, proceder à recuperação e confiabilidade do sistema de
instrumentação instalada e efetuar as correspondentes análises de percolação e de
estabilidade da barragem, definindo-se os fatores de segurança.
Numa abordagem específica, foram as seguintes as atividades desenvolvidas neste
trabalho:
 revisão bibliográfica dos relatórios emitidos durante as fases de
elaboração do projeto executivo, construção e operação da Usina do
Piau;
 identificação e correlação das características, formas e métodos
construtivos gerais de outras barragens;
 identificação das características construtivas gerais da barragem do Piau
e definição dos parâmetros geotécnicos adotados;

1
 apresentação dos dados de instrumentação da barragem;
 identificação e avaliação do estado atual da instrumentação existente;
 recuperação e manutenção da instrumentação existente;
 análise dos dados piezométricos existentes;
 formulação do modelo de percolação d’água na barragem através da
utilização do método de elementos finitos;
 comparação entre os resultados obtidos por elementos finitos e a
piezometria observada;
 verificação da eficácia dos sistemas de drenagem existentes;
 cálculo de estabilidade do talude de jusante da barragem;

1.2 Metodologia e Fases do Estudo

Como etapa preliminar dos estudos, procedeu-se a uma pesquisa bibliográfica


geral dos documentos técnicos existentes na CEMIG, necessários à compreensão do
projeto e construção da Barragem do Piau, e inspeções de campo para a avaliação
atualizada das condições de funcionamento da instrumentação instalada na barragem.
Com base neste diagnóstico geral da instrumentação montou-se um programa de
serviços de recuperação dos instrumentos danificados ou com leituras duvidosas.
A partir dos registros piezométricos dos instrumentos com desempenho
confiável, foram estabelecidas simulações de fluxo d’água pelo maciço e pela fundação
da barragem, utilizando-se o programa computacional SEEP, para as condições normais
e específicas de operação. As seções de análise adotadas corresponderam à Seção 2,
seção crítica da barragem, aqui considerada a de maior altura; à Seção 1, seção
transversal localizada na ombreira esquerda; e à Seção 3, seção transversal localizada na
ombreira direita. Os dados de geometria e natureza empregados na sua construção
foram obtidos dos relatórios técnicos de projeto e os parâmetros geotécnicos dos
materiais através de análises de laboratório.
Após análise da consistência e evolução ao longo do tempo foi possível analisar
a magnitude das poropressões atuantes e verificar o comportamento geotécnico do
aterro/fundação e do sistema de drenagem interna da barragem. Estes dados foram

2
confrontados com os resultados obtidos das simulações numéricas e serviram para
avaliar a coerência dos resultados e calibrar o modelo de fluxo adotado.
Para as análises de estabilidade do talude de jusante, utilizou-se o programa
computacional SLOPE, incorporando-se os dados de piezometria obtidos diretamente
do programa de percolação SEEP.

1.3 Estruturação da Dissertação

No Capítulo 1, apresenta-se uma exposição resumida do escopo e dos objetivos do


trabalho, sistematizando-se a metodologia e as fases dos estudos propostos, bem como o
plano de estruturação geral da dissertação.
No Capítulo 2, faz-se uma abordagem geral da história da CEMIG desde o seu
surgimento, os fatores que motivaram a sua criação, como está constituída e a
importância do seu parque gerador dentro do cenário nacional de geração de energia
elétrica. Através do histórico com foco no Arranjo Geral e perfis de algumas de suas
barragens, pôde-se observar os métodos construtivos de cada época e desta maneira
obter uma compreensão melhor das características do projeto da barragem do Piau.
O Capítulo 3 trata especificamente dos condicionantes e aspectos gerais da
Barragem do Piau, incluindo as características da geologia local, histórico, dados
hidrológicos, dados pluviométricos, metodologias construtivas, parâmetros geotécnicos
dos materiais de construção e de fundação, e programa de instrumentação da barragem.
O Capítulo 4 compreende a apresentação e análise dos dados da instrumentação
através de gráficos e comentários, e o estudo da percolação de água pelo maciço e
fundação da Barragem do Piau em três seções distintas, compatibilizando o modelo
matemático com os resultados das leituras piezométricas de campo.
No Capítulo 5 as pressões de água foram importadas dos arquivos gerados nos
estudos de percolação e realizadas as análises de estabilidade do talude de jusante,
desenvolvidas primeiramente através do método convencional onde os valores dos
parâmetros de resistência (ângulo de atrito e coesão) foram considerados constantes.
Um estudo complementar foi desenvolvido através de análises probabilísticas com base

3
nos parâmetros de resistência determinados através das diversas amostras ensaiadas em
laboratório, em condições diferenciais de drenagem.
No Capítulo 6, são apresentadas as principais conclusões deste trabalho em
relação à Barragem do Piau, em termos do diagnóstico atual de suas condições
operacionais, quanto aos registros da instrumentação e quanto às análises de percolação
e de sua estabilidade. Finalmente, são feitas algumas sugestões de pesquisas e obras.

4
Capítulo 2

2 HISTÓRICO DAS BARRAGENS DE TERRA DA CEMIG

2.1 Surgimento da CEMIG

Conforme Cachapus (2006) a empresa começou a ser planejada no Governo


Milton Campos (1945 a 1950), quando foram realizados estudos sobre a questão da
energia elétrica, com o objetivo de analisar as condições energéticas do Estado de Minas
Gerais. Neste sentido, propunha-se a criação de uma empresa que fosse responsável pela
execução desse projeto, dando suporte para a implantação de um parque industrial em
Minas.
Sua criação, no entanto, só ocorreu no dia 22 de maio de 1952, no Governo
Juscelino Kubitscheck. Sua primeira fonte de receitas veio com a transferência que lhe
foi feita pelo Estado, da Usina de Gafanhoto, construída em 1946, com capacidade
instalada de 12.880kW.
Na época da criação da CEMIG existiam empresas regionais de energia elétrica
sob o controle do Estado: Companhia de Eletrificação do Médio Rio Doce (CEARD);
Companhia de Eletrificação do Alto Rio Grande (CEARG); Central Elétrica do Piau
S/A; além do Sistema Elétrico da Usina de Gafanhoto. Todas elas foram incorporadas à
CEMIG.
A CEMIG foi criada para gerar, transmitir e distribuir energia elétrica para o
Estado de Minas Gerais, detendo atualmente o segundo mercado consumidor do país,
levando conforto às residências, movimentando as indústrias, ajudando a elevar o nível
de atividade e dinamizando o trabalho no campo.
Em seus primeiros dez anos de atividade a CEMIG se preocupou essencialmente
com a geração de energia elétrica para atender à demanda do parque industrial mineiro.
Essa fase culminou com a inauguração da grande usina de Três Marias, ainda hoje um
marco da engenharia nacional.

5
Para acelerar o processo de industrialização do Estado, a CEMIG e o Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) criaram o Instituto de Desenvolvimento
Industrial de Minas Gerais (INDI). Ao INDI coube foi criado para elaborar estudos
capazes de despertar o interesse de investidores nacionais e estrangeiros, estimulando-os
a implantar novas indústrias no Estado.
Após construir um moderno sistema de transmissão, capaz de permitir a
interligação de toda a energia gerada e a sua distribuição pôr praticamente todo o
Estado, a CEMIG teve condições de estender seus serviços às principais cidades de
Minas, que através de um serviço de fornecimento de energia elétrica seguro e
confiável, puderam implantar planos de crescimento e desenvolvimento.
Atualmente o sistema elétrico da CEMIG conta com 57 usinas de geração, sendo
21 grandes centrais e 36 pequenas centrais. Deste total, 38 hidrelétricas, 2 termoelétricas
e uma eólica são usinas 100% CEMIG, 7 usinas em consórcio, 7 hidrelétricas e 2
termoelétricas subsidiadas.
A primeira usina da CEMIG foi Gafanhoto, situada no rio Pará, próxima à
cidade de Divinópolis. Ela foi construída pelo Governo do Estado em 1946. e possui
grande importância histórica, pois possibilitou a implantação da Cidade Industrial de
Contagem.
Na primeira década, desde sua criação, a CEMIG construiu as usinas de
Tronqueiras (rio Tronqueiras); Itutinga (rio Grande), Piau (rios Pinho e Piau) e Três
Marias (rio São Francisco), sendo essa última uma das maiores barragens do país na
época de sua construção, em 1962. Mais tarde, vieram outras usinas como Jaguara (rio
Grande), São Simão (rio Paranaíba), Emborcação (rio Paranaíba), Nova Ponte (rio
Araguari) e Miranda (rio Araguari).

2.2 Localização das barragens

Conforme Cachapus (2006) a Figura 2.1 apresenta a localização geral dos


empreendimentos da CEMIG nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina e Espírito

6
Santo. Este parque gerador está composto de usinas hidroelétricas, termoelétricas e
eólicas. Algumas destas usinas foram construídas através da parceria com grandes
empresas do setor privado.
Na Tabela 2.1, tem-se a disposição das usinas conforme a capacidade de
geração.

7
Figura 2.1 – Parque gerador da CEMIG.

8
Tabela 2.1 - Relação de usinas em operação
Usina Rio Capacidade Atual (kWh)
São Simão (1ª etapa) Rio Paranaíba 1.710.000
Emborcação Rio Paranaíba 1.192.000
Nova Ponte Rio Araguari 510.000
Jaguara (1ª etapa) Rio Grande 424.000
Miranda Rio Araguari 397.500
Três Marias (1ª etapa) Rio São Francisco 396.000
Volta Grande Rio Grande 380.000
Irapé Rio Jequitinhonha 360.000
Aimorés Rio Doce 330.000
Capim Branco 1 Rio Araguari 240.000
Capim Branco 2 Rio Araguari 210.000
Igarapava Rio Grande 210.000
Funil Rio Grande 180.000
Térmica Igarapé Rio Paraopeba 132.000
Salto Grande Rio Santo Antônio 102.000
Rosal Rio Itabapoana 55.000
Itutinga Rio Grande 52.000
Camargos Rio Grande 48.000
Piau Rios Pinho e Piau 18.012
Gafanhoto Rio Pará 12.880
Peti Rio Santa Bárbara 9.400
Rio das Pedras Rio das Velhas 9.280

9
Tabela 2.1 - Relação de usinas em operação (continuação).
Usina Rio Capacidade Atual (kWh)
Poço Fundo Rio Machado 9.160
Joasal Rio Paraibuna 8.000
Tronqueiras Rio Tronqueiras 7.870
Martins Rio Uberabinha 7.720
Cajuru Rio Pará 7.200
São Bernardo Rio São Bernardo 6.825
Paraúna Rio Paraúna 4.280
Pandeiros Rio Pandeiros 4.200
Paciência Rio Paraibuna 4.080
Marmelos Rio Paraibuna 4.000
Dona Rita Rio Tanque 2.410
Salto de Morais Rio Tijuco 2.400
Sumidouro Rio Sacramento 2.120
Anil Rio Jacaré 2.080
Machado Mineiro Rio Pardo 1.840
Xicão Rio Santa Cruz 1.808
Outras usinas 3.440

10
Dos dados apresentados na Tabela 2.1, foi possível avaliar o potencial energético
por rios, utilizado pela CEMIG. Para uma melhor visualização apresenta-se na Figura
2.2 um gráfico ilustrativo deste aproveitamento.

3500

3000 2902,0

2500
Potência (MWh)

2000

1500
1114,0

1000 907,5

500 396,0

102,0132,0
1,8 1,8 2,1 2,1 2,4 2,4 4,2 4,3 6,8 7,7 7,9 9,2 9,3 9,4 16,1 18,0 20,1
0

i
ba
uz

ha

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na

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R
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R

Ri

io
R

Figura 2.2 – Aproveitamento energético da CEMIG.

2.3 Histórico com Foco no Arranjo Geral e Perfis de Algumas Barragens da


CEMIG

2.3.1 - UHE Itutinga

CEMIG (1986) relata que a “primitiva idéia” do aproveitamento hidrelétrico de


Itutinga nasceu no ano de 1921, quando foi levantado o problema de eletrificação na
antiga estrada de ferro Oeste de Minas. Entretanto, somente em 08/02/1952, com a
criação da CEMIG, foi iniciada a sua construção, sendo o primeiro aproveitamento na
bacia do rio grande.

11
A barragem foi construída ao lado da antiga ponte da estrada de ligação das
cidades de São João Del Rei e Lavras. A usina e seu reservatório encontram-se na
confluência dos municípios de Itutinga e Nazareno.
Como a usina de Camargos, a usina de Itutinga também está localizada na
vertente ocidental da serra da Mantiqueira. Nesta região ocorrem rochas do grupo São
João Del Rei e associação de granito gnaisses. As rochas desta região são basicamente
xistos, quartzitos, granitos e pegmatito. Nota-se grande variação na litologia local,
entretanto a barragem está situada em um tipo litológico bem definido.
A barragem de Itutinga está assentada sobre extenso afloramento de granito de
cor clara com predomínio de quartzo, feldspato e pouca biotita. Este maciço é cortado
por veios e bolsões de pegmatito, que formam regiões de aspecto mais homogêneo, de
cor mais clara.
O arranjo geral do aproveitamento hidrelétrico de Itutinga, apresentado na
Figura 2.3, consiste do aproveitamento de um desnível formado por duas cachoeiras que
se sucedem em uma curva do rio de raio aproximado de 200m.
A barragem é mista, situada no local mais estreito do rio. A barragem de terra da
ombreira esquerda, com a crista na elevação 832,00m, faz a ligação com a margem
direita através de uma barragem de concreto gravidade, assentada em rocha maciça,
perfazendo um comprimento total de 550,50m na crista.
O fluxo do rio é desviado para a margem esquerda, através de um canal, que vai
até a câmara de carga. Desta saem quatro condutos forçados, de 4,20m de diâmetro, os
quais alimentam as turbinas da casa de força. Esta é do tipo semi-abrigada, constituída
de uma estrutura de concreto, localizada junto à margem esquerda do rio.
A barragem de terra tem 253m de comprimento por 5m de largura na crista-
elevação 832,00m.
Seu maciço é formado por núcleo impermeável de argila, assentado em uma
trincheira aberta em terreno natural. As faces de montante e jusante são revestidas de
materiais permeáveis com os taludes respectivamente inclinados de 1:3,5 e 1:3. O talude
montante é revestido por uma camada de enrocamento e o de jusante por grama.
O filtro de fundação é formado por um tapete de pedras graduadas, a jusante do
núcleo, até o pé do talude.

12
A barragem de concreto é do tipo gravidade, com fundação sobre rocha maciça,
provida de tomada d’água e vertedouros, perfazendo um comprimento total de 297,50m.
A tomada d’água para o canal de adução tem 51m de largura, dividida em dez vãos
livres de 4,2m, providos de grades de proteção e guias de stop-logs. Possui também três
vertedouros, estando o primeiro do lado direito da tomada d’água, com a finalidade de
escoar o lixo carregado pelo rio. O segundo é o vertedouro principal, com a finalidade
de elevar em 6m a lâmina d’água do reservatório acima da soleira e dar vazão às
enchentes excepcionais. É provido de cinco comportas de setor. Finalmente, o terceiro é
um vertedouro auxiliar que se encontra à direita do vertedouro principal, também para
descarga de lixo e manter o reservatório no nível normal de operação durante as grandes
cheias.

13
Figura 2.3 – Arranjo geral e seção da barragem de Itutinga.

14
2.3.2 - UHE Cajuru

As obras de construção da UHE Cajuru foram realizadas pela CEMIG em duas


etapas, com intervalo de cinco anos entre a conclusão da barragem e entrada em
operação. Esse empreendimento teve como finalidade primordial à melhoria do
aproveitamento da potência instalada da usina de Gafanhoto, conforme Spec, (1991).
A usina Cajuru encontra-se em uma área de topografia suave, de contornos
ondulados, com espigões e colinas arredondadas em forma de meia laranja,
característica de paisagens gnáissicas. As rochas predominantes na área podem ser
classificadas como gnaisses migmatíticos, porem rochas básicas, intermediárias e ácidas
são também observadas. Os aluviões aparecem restritos ao leito do rio e são de natureza
quartzosa, algumas vezes mostrando a fração argilosa bastante desenvolvida.
A barragem de terra de encontro está localizada na ombreira esquerda, assentada
em solo residual suficientemente compacto, uma vez que a rocha sólida neste trecho
encontra-se profunda. O solo coluvionar, em geral fofo, permeável e inadequado como
fundação foi todo removido.
No leito do rio a rocha sã é sólida e acha-se continuamente exposta. Pela
margem direita aflora generalizadamente, conferindo à ombreira direita ótimas
condições de fundação.
De acordo com a Figura 2.4, o arranjo geral do aproveitamento hidrelétrico de
Cajuru consiste de uma barragem de terra de seção homogênea, protegida por rip-rap de
pedra arrumada com dreno de pé a jusante. Situa-se no final da ombreira esquerda,
ligando a barragem de concreto ao topo.
O barramento do rio é feito por uma estrutura de concreto, com seção vertedoura
no trecho central entre a casa de força e a ombreira direita. Na ombreira direita a
barragem é também de concreto e na esquerda, como já foi dito, o trecho final é de terra.
A seção não vertedoura encontra-se no leito do rio, entre as barragens de
concreto da ombreira direita e de terra da ombreira esquerda. Adjacente à casa de força,
entre esta e o vertedouro, situam-se as válvulas dispersoras e as respectivas tubulações,
cuja área de descarga está confinada por muros laterais que separam os fluxos do canal
de fuga, das válvulas dispersoras e do vertedouro.

15
Figura 2.4 – Arranjo geral e seções da barragem de Cajuru.

16
2.3.3 - UHE Camargos

CEMIG (1986).relata que a usina de Camargos fez parte do plano diretor de


obras que o Estado vinha executando desde 1951, na bacia do alto rio Grande. Faziam
parte deste plano os seguintes aproveitamentos: Itutinga, São Miguel, Funil, Inferno e
Aiuruoca.
No curso do rio Grande, cerca de 5km a montante da usina de Itutinga, a usina
de Camargos é o aproveitamento mais a montante, permitindo a acumulação de grande
volume de água e a regularização plurianual do alto rio Grande, com conseqüente
benefícios para as usinas de jusante.
A usina está localizada na vertente ocidental da serra da Mantiqueira. Nesta
região ocorrem rochas do grupo São João Del Rei e associação de granito-gnaisses. As
rochas desta região são basicamente xistos, quartzitos, granitos e pegmatito. Nota-se
grande variação na litologia local, entretanto a barragem está situada em um tipo
litológico bem definido.
A barragem de Camargos está assentada sobre micaxisto do grupo São João Del
Rei, com xistosidade crenulada e nódulos de quartzo. Ocorre rocha sã apenas no corte
junto à subestação, sendo as demais áreas cobertas com solo ou rocha decomposta.
Quanto ao arranjo geral (Figura 2.5), o aproveitamento hidrelétrico de Camargos
consiste de uma barragem mista de aterro compactado e blocos de concreto gravidade,
perfazendo um comprimento total de 598m, cuja crista está na elevação 857,00m.
A ala direita que pode ser observada na Figura 2.5 corresponde à barragem de
terra, com 220m na crista e ala esquerda corresponde à barragem de concreto, provida
de vertedouro e tomada d’ água. O vertedouro é provido de seis comportas e duas
válvulas de descarga de fundo. A tomada d’água para as unidades geradoras é provida
de três comportas por unidade e os condutos são de baixa pressão, moldados em
concreto. Ao longo do maciço da barragem de concreto encontra-se a galeria de
drenagem e injeção de fundação.
Na parte posterior da seção da tomada d’água fica localizada a casa de força, que
faz parte integrante do corpo da barragem. A casa de força é do tipo abrigado

17
convencional, onde estão duas unidades geradoras, com turbinas “Kaplan” de 30.000HP
e caixa espiral moldada em concreto.

Figura 2.5 - Arranjo geral da barragem de Camargos.

Figura 2.6 – Seção da barragem de Camargos.

18
2.3.4 - UHE Três Maria

Segundo CEMIG (1985), a viabilidade do projeto para construção da UHE Três


Maria se efetivou após muitos estudos, onde se garantiu a regularização dos cursos
d’água, a utilização do potencial hidrelétrico, o fomento da indústria, da agricultura, da
pecuária e o aproveitamento das riquezas naturais do vale do rio São Francisco e a
navegação permanente. Três Marias foi a primeira obra de grande porte da CEMIG e
também o primeiro grande empreendimento hidráulico de múltiplas finalidades
realizado no Brasil. Todo o processo executivo contou com a consultoria do professor
Arthur Casagrande, da Universidade de Harvard (EUA), renomado especialista em
mecânica dos solos.
Quanto às características geológicas desse empreendimento, a fundação da
barragem, na margem direita e no canal do rio, descansa inteiramente sobre formações
siluriana da série bambuí, constituídas de siltitos ou arenitos metamorfizados cinza
esverdeados e ocasionalmente quartzitos.
Na margem esquerda, a rocha matriz é coberta por uma camada de sedimentos
aluvionares de 300m de largura da era quaternária, com uma espessura média de 6m,
constituídas de siltes escuros.
Sob o ponto de vista estrutural e de acordo com tendência da região, a rocha
local tem aleitamento horizontal e apresenta dois sistemas de diáclases verticais, um dos
quais virtualmente paralelo ao eixo da barragem. Sob o aspecto mecânico, os siltitos e
arenitos podem ser considerados moderados duros e resistentes à decomposição. Sua
capacidade para atuar como fundação ou agregado grosso foi comprovada por
experiências intensivas.
O arranjo geral e algumas seções que podem ser observados da Figuras 2.7 a
Figura 2.10, que permitem a visualização das características básicas do projeto. O
aproveitamento hidrelétrico de Três Marias está localizado no local de mesmo nome,
próximo à foz do rio Indaiá, cerca de 66km da barra do Paraopeba.
A barragem é de terra do tipo homogênea e consiste de aterro compactado. As
inclinações dos taludes são de 2:1; 2,5:1 e 3,5:1. A barragem tem 2.600m de extensão,

19
75m de altura máxima, com sistema interno de drenagem constituído de filtro vertical
de areia ligado na parte inferior ao tapete horizontal de areia até o pé da barragem,
medindo ambos 0,80m de espessura.
A tomada d’água é uma estrutura em torre com 72m de comprimento, o
vertedouro é de descarga controlada localizado na margem direita, de forma trapezoidal,
construído em concreto armado e ancorado. A casa de força é do tipo semi-abrigada,
localizada na margem direita do rio ao pé da barragem de terra, com capacidade para
abrigar 8 unidades de 65MW.

20
Figura 2.7 – Arranjo geral da barragem de Três Marias.

21
Figura 2.8 – Barragem de Três Marias – Seção SC-3.

22
Figura 2.9 – Barragem de Três Marias – Seção SC-4.

23
Figura 2.10 – Barragem de Três Marias – Seção SC-5.

24
2.3.5 - UHE São Simão

Segundo Martinez (1997) o canal de São Simão, no rio Paranaíba, desde longa
data era conhecido como possível aproveitamento hidrelétrico de baixo custo. O projeto
final de São Simão, destinado à produção de energia elétrica, demonstrou ser o mais
econômico entre as alternativas estudadas em locais diferentes e denominados eixos de
A até H.
No projeto atualmente executado, foram instaladas seis unidades de 268MW,
ficando para uma segunda etapa a instalação de mais quatro unidades, que ainda não foi
concluída.
A barragem de São Simão está localizada no centro-sul do Brasil, no trecho
inferior do rio Paranaíba que forma a fronteira entre os estados de Minas Gerais e Goiás.
Quanto a geologia da área: A barragem está situada na porção nordeste do rio
Paraná, uma ampla bacia de subsidência que recebeu sedimentos e lavas desde o
período paleozóico até o final do mesozóico, constituindo a formação Serra Geral que é
composta por derrames basálticos, próximos a horizontal, intercalados por brechas
sedimentares e/ou basálticas.
A barragem situada no eixo denominado “H”, conforme a Figura 2.11, tem
aproximadamente 3.440m de comprimento na crista, sendo constituída por uma
estrutura de concreto (573m) e um maciço compactado de terra e enrocamento
(2.867m).
O arranjo físico geral do aproveitamento hidrelétrico compõe-se das seguintes
estruturas:

 Barragem de terra ombreira esquerda (Figura 2.12)


 Transição 1 (margem direita do rio)
 Vertedouro
 Tomada d’água
 Transição 2 (margem esquerda do rio)
 Barragem de enrocamento no leito do rio (Figura 2.14)
 Barragem de terra na ombreira esquerda (Figura 2.12)

25
 Condutos forçados
 Casa de força e área de montagem
 Edifício de controle
 Subestação de 500 KV

As estruturas da barragem de concreto são do tipo gravidade e constituídas de


um vertedouro com nove comportas de setor, uma tomada d’água para dez unidades e
duas transições, uma em cada extremidade, que servem de conexão com a ombreira
direita e leito do rio mais ombreira esquerda.
A barragem de terra é do tipo mista (cascalho de terraço – enrocamento) com
núcleo de argila nas ombreiras, sendo complementada na sua parte central pela
barragem de concreto.
O maciço compactado de diversos materiais, dispostos adequadamente, foi
projetado e construído conforme seção típica constituída basicamente dos seguintes
elementos:
 Um núcleo impermeável de areia argilosa com topo na elevação
401,00m, com talude de montante 0,8:1 e de jusante variável de 0,4:1 a 0,5:1, tendo sido
a argila substituída por cascalho terraço, durante a construção, acima da elevação
395,00m para atender aspectos construtivos.
 Um sistema de drenagem interno constituído por um filtro chaminé de
areia com topo na elevação 401,00m ligado ao nível do terreno natural através de um
tapete drenante “sanduíche” de areia e brita. É constituído também por um tapete
drenante de enrocamento em contato com a superfície de escavação e ligado a um filtro
chaminé no mesmo alinhamento que o anterior e separado deste por cascalho de terraço.
 Uma zona de transição de cascalho de terraço com taludes de montante e
jusante iguais a 1,9:1, protegida a montante por rip-rap com 1,3m de espessura acima da
elevação 380,00m e a jusante por “proteção de talude” com 1m de espessura, até o
terreno natural.
O maciço compactado que envolve a estrutura de concreto da transição 1 é
fundado inteiramente em rocha sã, sendo constituído de areia e uma transição de
cascalho de terraço e enrocamento. O sistema de drenagem interna compõe-se de um

26
filtro de areia no contato com a face de enrocamento no contato com a fundação até o
vertedouro.
As transições 1 e 2 são barragens de gravidade constituídas em “concreto
massa”, tendo armadura somente nas faces e crista. Como o próprio nome indica, são
barragens de transição entre a estrutura de concreto e as barragens de terra e
enrocamento das ombreiras direita e esquerda; ficam portanto situadas nas extremidades
da estrutura de concreto.
O conjunto de furos verticais no concreto massa e os furos de selagem sobre as
juntas de contração asseguram o sistema de drenagem do maciço de concreto; as águas
de infiltração são encaminhadas para a galeria de drenagem onde são esgotadas.

27
Figura 2.11 – Arranjo geral da barragem de São Simão.

28
Figura 2.12 – Barragem de São Simão – Seção C-C:

29
Figura 2.13 – Barragem de São Simão – Seção B-B.

30
Figura 2.14 – Barragem de São Simão - Seção J-J.

31
2.3.6 - AHE Bananal

O empreendimento de Bananal é composto de uma barragem de perenização


localizada no rio Bananal fazendo parte do programa de desenvolvimento regional do
governo de Minas Gerais, que implantou através da CEMIG, algumas barragens de uso
múltiplo, a saber, perenização de rios, irrigação e geração de energia no vale do
Jequitinhonha. Esta barragem foi construída num período muito curto, compreendido
entre maio do ano de 1989 até fevereiro de. 1990 (Engevix, 1991).
Na região do eixo da barragem de Bananal ocorre um maciço rochoso de
quartzo-micaxisto, do grupo Macaúbas, unidade Salinas, de granulação média, contendo
quartzo, feldspato, mica (biotita e muscovita) e eventualmente granada e sericita. O
principal sistema de fraturas é paralelo à foliação com fraturas de pequeno porte.
A fundação da barragem de terra na planície aluvionar do rio Bananal é
constituída por um aluvião, composto por sedimentos arenosos, areno-siltoso e,
eventualmente, areno-argiloso, com espessura de até 11m, sobrejacente ao saprolito de
quartzo-mecaxisto.
O aproveitamento hidrelétrico de Bananal consiste de uma barragem de terra de
seção homogênea (Figura 2.15), com 350m de comprimento e 24m de altura máxima,
um túnel de desvio conectado a montante ao vertedouro tulipa e à tomada d’água do
sistema de perenização do rio. O talude de montante da barragem possui inclinação
1,0V:2,0H, com rip-rap superficial executado com enrocamento de quartzo-mecaxisto
são. O talude de jusante tem inclinação também de 1,0V:2,0H, com duas bermas de 3m
de largura, sendo o talude de jusante protegido superficialmente por gramado.
O sistema de drenagem interna é constituído por um filtro vertical de areia com
1m de espessura, posicionado cerca de 3m a jusante do eixo da barragem, até a elevação
599,00m.
Ao final da construção, devido a ocorrência de várias fissuras na região da crista,
tomou-se a decisão de fazer o alteamento do filtro vertical até a elevação 600,50m, ao
longo de toda extensão da barragem, inclusive nas ombreiras, onde não existia filtro.
Neste caso o filtro penetrou cerca 0,50m na fundação.

32
O filtro horizontal estende-se entre o filtro vertical e o pé de jusante da barragem
(Figura 2.16, onde o acabamento se dá junto a uma camada de enrocamento de pé. O
filtro horizontal apresenta espessura da ordem de 1,20m na região do leito do rio, sendo
tipo “sanduíche”, com duas camadas de areia e uma camada central de brita de transição
(0,40m cada camada), entre estacas 1+4,00 e 7+00. Nas ombreiras o filtro horizontal de
areia apresenta 0,50m de espessura.

33
Figura 2.15 – Arranjo geral da barragem de Bananal.

34
Figura 2.16 – Seção da barragem de Bananal

35
2.3.7 - UHE Funil

Cachapus (2006) relata que a usina hidrelétrica de funil, denominada


oficialmente Usina Engenheiro José Mendes Jr., está situada no curso superior do rio
Grande, em área dos municípios de Lavras e Perdões, na região sul de Minas Gerais.
Terceira usina da cascata de aproveitamentos hidrelétricos do rio Grande, Funil está a
montante da usina de Furnas e a jusante da usina de Itutinga.
As primeiras investigações sobre Funil foram realizadas pela CEMIG entre 1954
e 1956 no âmbito de um estudo mais amplo sobre o potencial hidrelétrico do rio
Grande. Em outubro de 1964, o governo federal outorgou a CEMIG a concessão para o
aproveitamento de Funil. O primeiro estudo de viabilidade técnica e econômica da usina
foi elaborado logo a seguir por consultores do consórcio Canambra com a participação
de engenheiros da CEMIG. Em setembro de 2000 através de um consórcio com a
Companhia Vale do Rio Doce foram iniciadas as obras de construção da usina, que
entrou em operação em julho de 2003 (Figura 2.17).

Figura 2.17 – Vista de jusante da barragem Funil no período de construção.

Quanto aos aspectos geológico-geotécnicos, nos locais escavados foram


mapeados biotita-gnaisse, gnaisse-quartzo-feldspático e diques de rocha básica.

36
Segundo Spec (2003), a unidade litológica indicada no projeto básico como piroxênio
não foi encontrada nos mapeamentos executados.
Os gnaisses encontrados apresentam foliação pouco acentuada com coloração
cinza claro a escuro quando com composição biotítica; e com coloração cinza claro a
esbranquiçado quando com composição quartzo-feldspática.
Na calha do rio foi encontrado um aluvião arenoso que foi preservado como
fundação entre as estacas 11+15,00 (28,00m a montante e 50,00m a jusante do eixo),
17+3,00 (eixo) e 17+13,00 (50,00m a jusante do eixo). Com exceção de parte deste
aluvião a jusante, junto à ombreira direita, que apresentava granulometria fina.
O arranjo geral do aproveitamento compreende uma barragem de terra e
enrocamento com 420m de comprimento e altura máxima de 50m, um vertedouro do
tipo superfície controlada, medindo 64m de comprimento com 4 comportas do tipo
segmento, tomada d’água de gravidade, 3 galerias de adução, condutos forçados com
48m de comprimento, uma casa de força com 3 unidades geradoras com engolimento
por turbina de 194m³/s, conforme Figura 2.18.
Através da Figura 2.19 pode-se observar alguns detalhes de uma das seções da
barragem de funil.
.

37
Figura 2.18 – Arranjo geral da barragem Funil.

38
Figura 2.19 – Seção da barragem Funil.

39
2.3.8 - UHE Irapé

As primeiras investigações sobre a usina de Irapé foram realizadas entre 1963 e


1965 por consultores do consórcio Cananbra e técnicos da CEMIG.
O Aproveitamento Hidrelétrico de Irapé está localizado no rio Jequitinhonha na
divisa dos municípios de Berilo e Grão Mogol e explora uma queda de projeto de
162,00m e uma vazão de 252m3/s para gerar com uma potência instalada final de 360
MW. A energia assegurada (ao nível de garantia do sistema interligado S/SE/CO) do
Aproveitamento Hidrelétrico de Irapé é de 1.807.188MWh/ano.
O desvio do rio Jequitinhonha foi realizado através de dois túneis localizados na
margem esquerda, com comprimento aproximado para os túneis superior e inferior de,
respectivamente, 715m e 892m, e seção tipo “cogumelo” com 13m de diâmetro na
abóbada e seção retangular de 10,80m x 5,20m.
O Vertedouro está situado na ombreira esquerda sendo constituído pelo canal de
aproximação, uma estrutura de controle do tipo perfil Creager na EL 491,00m, com três
comportas tipo segmento com dimensões de 11,0m x 20,0m e capacidade máxima de
6000m³/s de vazão efluente. A calha está inserida em três túneis com comprimento
médio de 378,0m e seção inicial de 11,0m x 15,0m transicionando para uma seção de
10,0m x 11,40m, o trecho final correspondente ao salto de esqui disposto na EL.
395,00m.
Com pode ser observado na Figura 2.20, a tomada d’água posicionada na
ombreira esquerda, à direita da estrutura do vertedouro, é formada por três unidades
independentes, do tipo torre, com base na El. 455,70m e topo na El. 514,00m, com uma
altura total de 58,30m. Foram previstas grades e ranhuras para uma comporta
ensecadeira cuja movimentação será feita por um pórtico rolante. Estão previstas três
comportas, tipo vagão, hidraulicamente operadas, para o acionamento das grades da
comporta ensecadeira e para a manutenção das comportas tipo vagão haverá um pórtico
rolante na plataforma superior da tomada d’água, na El. 514,00m, com capacidade de
150,0kN.
Os três condutos forçados são subterrâneos, tendo um primeiro trecho, com
cerca de 193,0m e com diâmetro interno de 4,0m, revestido com concreto, e um

40
segundo trecho de aproximadamente 110,0m e diâmetro interno de 3,8m, blindado em
aço. O desemboque dos túneis está a 8,5m a montante da linha de centro das unidades.
A casa de força está localizada a jusante da barragem, na margem esquerda do
rio, imediatamente a jusante do desemboque dos túneis de desvio. Possui três unidades
geradoras de 120MW e capacidade total instalada de 360MW. É uma estrutura do tipo
convencional, encaixada em uma escavação na rocha. A área de montagem fica em uma
caverna, comunicando com a escavação principal da casa de força. O acesso principal à
casa de força se dá pela lateral esquerda da escavação ou pelo túnel de acesso à área de
montagem. O acesso e o pátio que circunda a casa de força estão situados na El.
346,00m.
A barragem é de enrocamento com núcleo em argila, que pode ser observado na
Figura 2.21. A altura máxima de cerca de 205,0m possibilitou a formação de um
reservatório de regularização com aproximadamente 142,95km2 de área inundada para o
N.A. máximo normal na El. 510,00m.

41
Figura 2.20– Arranjo geral da barragem de Irapé.

42
Figura 2.21 – Seção tipo da barragem de Irapé.

43
2.4.-.Histórico Geral do Aproveitamento Energético da CEMIG

Como citado anteriormente, a CEMIG iniciou suas atividades em 1952 sendo a


UHE Gafanhoto sua primeira fonte de receita, com um potencial instalado de
12,88MWh. A Tabela 2.2 apresenta o histórico completo das obras da CEMIG quanto
ao empreendimento construído, o potencial energético, o tipo de barramento, a altura
máxima, o tipo de vertedouro e volume acumulado.
Com base nestes parâmetros, apresenta-se a seguir, uma avaliação gráfica
comparativa, sendo possível avaliar o comportamento entre eles.

44
Tabela 2.2 – Resumo do histórico das barragens da CEMIG até o ano de 2002.
Usina Potência (MW) Potência Ano Tipo Fundação Altura Vertedouro Volume (hm3) Volume total
Acumulada (MW) acumulado (hm3)

Marmelos 3.996 3.996 1915 PG rocha 8 crista livre 0 0


Piçarrão 0.8 4.796 1924 PG rocha 2 crista livre 0 0
Rio de Pedras 9.28 14.076 1926 MV rocha 32 controlado 17.7 17.7
Paraúna 4.28 18.356 1927 PG rocha 11 crista livre 4 21.7
Paciência 4.08 22.436 1930 PG rocha 9 controlado 0 21.7
Bom Jesus do Galho 0.358 22.794 1931 PG rocha 6 crista livre 0 21.7
Santa Marta 1 23.794 1939 PG rocha 12 crista livre 4 25.7
Gafanhoto 12.88 36.674 1941 PG rocha 13.5 controlado 3.95 29.65
Martins 7.7 44.374 1941 PG rocha 9 controlado 0 29.65
Xicão 1.808 46.182 1941 MV rocha 20 controlado 0 29.65
Lajes (desativada) 1.2 47.382 1942 PG rocha 4 crista livre 0 29.65
Peti 9.4 56.782 1942 VA rocha 46 controlado 43.58 73.23
Joasal 8 64.782 1944 PG rocha 4 crista livre 0 73.23
Tronqueiras 7.87 72.652 1945 PG rocha 20 crista livre 0.55 73.78
com flash-
boards
Poquim 1.408 74.06 1946 TE rocha 5 crista livre 0.8 74.58
Salto do Paraopeba 2.366 76.426 1947 PG rocha controlado 0 74.58
Anil 2.08 78.506 1948 PG rocha 10 crista livre 0.7 75.28

45
Usina Potência (MW) Potência Ano Tipo Fundação Altura Vertedouro Volume (hm3) Volume total
Acumulada (MW) acumulado (hm3)

Jacutinga 0.72 79.226 1948 PG rocha 8 crista livre 0 75.28


Poço Fundo 9.16 88.386 1948 CB rocha 6 crista livre 3.07 78.35
São Bernardo 6.825 95.211 1948 PG rocha 6 crista livre 0.4 78.75
Sá Carvalho – Antônio 78 173.211 1951 PG rocha 18 controlado 0 78.75
Dias
Sá Carvalho – Severo 78 251.211 1951 PG rocha controlado 0 78.75
Santa Luzia 0.904 252.115 1952 PG rocha 2 crista livre 0 78.75
Sumidouro 2.12 254.235 1952 PG rocha 5 crista livre 0 78.75
Itutinga 52 306.235 1953 TE rocha 23 controlado 7 85.75
Piau 18.012 324.247 1953 TE rocha 24 tulipa 0.42 86.17
Salto Grande – Santo 102 426.247 1953 PG rocha 24 controlado 11 97.17
Antônio
Salto Grande – Guanhães 102 528.247 1953 PG rocha 31 controlado 58 155.17
Salto Morais 2.394 530.641 1953 PG rocha 8 crista livre 0 155.17
Dona Rita 2.408 533.049 1957 PG rocha 15 crista livre 0 155.17
Pandeiros 4.2 537.249 1957 PG rocha 9 crista livre 10 165.17
Cajuru 7.2 544.449 1958 TE rocha 22 controlado 132 297.17
Camargos 48.24 592.689 1958 TE rocha 36 controlado 672 969.17
Três Marias 396 988.689 1957 TE solo tratado 75 controlado 15278 16247.17

46
Usina Potência (MW) Potência Ano Tipo Fundação Altura Vertedouro Volume (hm3) Volume total
Acumulada (MW) acumulado (hm3)

Salto do Passo Velho 2.46 991.149 1960 PG rocha 5 crista livre 0 16247.17
Jaguara 431 1422.149 1970 ER rocha 71 controlado 90 16337.17
Salto do Voltão 6.76 1428.909 1972 PG rocha 4 crista livre 0 16337.17
Igarapé 131 1559.909 1974 TE rocha 15 crista livre 0 16337.17
Volta Grande 380 1939.909 1974 TE solo tratado 56 controlado 268 16605.17
São Simão 1710 3649.909 1978 ER Rocha 127 controlado 5540 22145.17
tratada
Emborcação 1192 4841.909 1981 ER rocha 158 controlado 12521 34666.17
Bananal 0 4841.909 1990 TE solo 24 tulipa 25 34691.17
Caraíbas 0 4841.909 1990 CCR Rocha 26 crista livre 9.5 34700.67
tratada
Samambaia 0 4841.909 1990 TE aluvião 24 tulipa 25.5 34726.17
Calhauzinho 0 4841.909 1991 TE rocha 36 tulipa 32 34758.17
Mosquito 0 4841.909 1991 TE solo tratado 29 crista livre 8.8 34766.97
Salinas 0 4841.909 1991 TE solo tratado 32 tulipa 92.3 34859.27
Machado Mineiro 1.84 4843.749 1992 ER solo 34 controlado 142.8 35002.07
Nova Ponte 510 5353.749 1993 ER rocha 142 controlado 10375 45377.07
Miranda 390 5743.749 1997 ER rocha 85 controlado 145.6 45522.67
Guilman Amorim 140 5883.749 1998 CCR rocha 33 crista livre 11.5 45534.17
Igarapava 210 6093.749 1998 TE solo tratado 32 controlado 234.5 45768.67

47
Legenda:
PG – Peso Gravidade
TE - Terra
CCR – Concreto Compactada Rolo
ER - Enrocamento
VA – Arco Continuo
CB - Contrafortes
MV – Arcos Múltiplos

Observação: Os valores constando como zero foram desconsiderados devido a pequena


representabilidade em relação a grandeza da unidade de medida utilizada para esta
tabela.

2.4.1 - Evolução da Potência Instalada

Como pode ser observado no gráfico apresentado na Figura 2.22, até o ano de
1948 as usinas eram construídas com potência instalada da ordem de 6MW. Em 1951
surgiram as primeiras usinas com potência acima da casa dos 70MW, apresentando um
pico extraordinário em 1978 com a construção da usina de São Simão, com potência
instalada de 1710MW. Por conseqüência a potência acumulada apresenta uma evolução
conforme pode ser visto no gráfico da Figura 2.23, coerente ao gráfico de potência
versus tempo.

48
1800

1600

1400

1200
Potência (MWh)

1000

800

600

400

200

0
15

27

39

41

44

47

48

51

53

53

57

58

72

78

90

91

93

98
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19
Figura 2.22– Gráfico potência da usina versus tempo.

7000

6000

5000
Potência (MWh)

4000

3000

2000

1000

0
15

27

39

41

44

47

48

51

53

53

57

58

72

78

90

91

93

98
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

Potência Acumulada (MWh) Potência (MWh)

Figura 2.23 – Gráfico potência acumulada versus tempo.

49
2.4.2 - Evolução da Altura Máxima da Barragem

Percebe-se através do gráfico da Figura 2.24 que a partir do final da década de


70 começa a se desenvolver um cenário construtivo que mantém uma altura média de
aproximadamente 50m para as barragens mesclado com algumas barragens mais
elevadas com altura média de aproximadamente 110m.

180

160

140

120
Altura (m)

100

80

60

40

20

0
19 5
19 6
19 0
19 9
19 1
19 2
19 4
19 6
19 8
19 8
19 1
19 2
53

19 3
19 3
57

19 8
19 0
19 2
19 4
19 1
19 0
19 1
19 1
19 3
98
1
2
3
3
4
4
4
4
4
4
5
5

5
5

5
6
7
7
8
9
9
9
9
19

19

19

Figura 2.24 – Gráfico altura máxima da barragem versus tempo.

2.4.3 - Evolução da Área Alagada em Função da Potência Gerada

De acordo com estudo realizado por Muller (1995), tem-se apresentado no


gráfico da Figura 2.29 a importante relação ambiental entre área alagada e potência
gerada, demonstrando o enorme acréscimo na razão destas duas grandezas com o passar
do tempo.

50
10
Área Inundada (km2)/Potência(MWh) 9,44
9
8 7,85
7
6
5
4 4,01
3
2
1,24 1,49
1 1,11
0,33 0,57
0 0,11

a
u

o
ira

as

a
er

in
es
ip

nh
rn
te

b
Ita

av

al
Fu

ad
l
So

im

da

B
br
Pr
a

ra

So
Ilh

r
Se
rt
Po

Figura 2.25 – Gráfico razão da área alagada por potência gerada versus usinas.

2.5 - Comentários Gerais

Neste estudo foi possível observar a evolução dos projetos de engenharia


relativos à construção de barragens voltadas à geração de energia elétrica e perenização
de rios, através de uma pequena mas representativa amostragem do parque gerador da
CEMIG.
Pode se observar também a evolução dos métodos construtivos com seus
respectivos impactos ambientais, enriquecida com um histórico técnico informativo, que
permite localizar e compreender melhor os possíveis fatores que motivaram e definiram
a forma construtiva da usina do Piau, objeto central deste estudo.
O projeto construtivo da barragem do Piau se difere de todos os projetos
analisados, principalmente aqueles executados no mesmo período de sua construção.
Em Piau foi adotada uma barragem de terra quando se predominavam as barragens de
concreto e um filtro vertical cujas as características se assemelham ao projeto da
barragem de Três Marias executado quatro anos depois. Os sistemas de drenagem

51
interna observados variam da simples inexistência passando pelo dreno de pé até o filtro
vertical com tapete drenate.
Piau não acompanhou os modelos construtivos de sua época. A questão
financeira talvez tenha sido a maior motivação para a busca de um projeto mais
diferenciado.

52
Capítulo 3

3 BARRAGEM DE TERRA DA UHE DO PIAU

3.1 Histórico e Dados Básicos

A UHE do Piau (Figura 3.1) foi incorporada da CEPIAU pela CEMIG em 1962.
A barragem está localizada no rio Piau e Pinho, município do Piau, a aproximadamente
240km de Belo Horizonte. A usina tem uma potência instalada de 18,012MW com duas
unidades geradoras. Na Figura 3.1 tem-se uma vista da Casa de Força.
Piau possui um reservatório com volume de 0,42x106m3.Sua operação foi
iniciada em Junho de 1955. A barragem possui dois vertedouros: o principal, tipo
descarga livre, na margem direita, com capacidade máxima de 300m³/s; e outro do tipo
tulipa, com capacidade máxima de 60m³/s (CEMIG ATX-E-RE-001-0, 1999)

Figura 3.1 - Casa de Força da UHE Piau.

53
3.2 – Arranjo Geral

O barramento para a formação do reservatório de 0,5km2 se constitui da


ombreira esquerda para a direita, de uma barragem de terra homogênea com cerca de
95,0m de comprimento, seguida de vertedouro principal de crista livre com 36,0m de
comprimento, totalizando um barramento com aproximadamente 131,0m de crista.
Logo a montante do vertedouro principal situa-se uma tulipa com comporta de
fundo no seu corpo, seguida de duas galerias sob a barragem principal.
Aproximadamente 450,0m a montante do barramento, pela margem direita do
reservatório, localiza-se o circuito hidráulico de geração com cerca de 2.650m de túnel e
860m de condutos forçados até atingir a casa de força, num desnível de 210m em
relação ao nível do reservatório, onde as águas são restituídas ao rio Piau. A Figura 3.2
mostra o arranjo geral da barragem.

54
Figura 3.2 – Arranjo Geral da barragem do Piau.

55
3.3 – Perfis da Barragem

A barragem de terra se desenvolve transversalmente ao rio do pinho, em eixo


reto, na elevação 637,50m, com crista de 6,0m de largura e altura máxima de 23,5m. O
perfil possui um pequeno filtro de areia vertical na parte de jusante do maciço. As
bermas situam-se nas elevações 631,764m, 626,615m e 621,706m, conforme pode-se
verificar através dos perfis ilustrados na Figura 3.3.
O talude de montante tem inclinação de 1V:2,5H, protegido com rip-rap, e o
talude jusante é gramado, com inclinação de 1V:2,5H.

56
Figura 3.3 – Seção 2 da barragem do Piau, estaca 3+0,00.

57
Figura 3.4 – Seção 1 da barragem do Piau, estaca 1+10,00.

58
Figura 3.5 – Seção 3 da barragem do Piau, estaca 4+10,00

59
3.4 – Drenagem principal e Tratamento de Fundação

A barragem do Piau foi projetada com filtro de areia vertical a jusante do eixo,
interligado a três drenos horizontais que conduzem a água percolada para um poço
coletor a jusante da estrutura. Este filtro fica posicionado mais a jusante do eixo
longitudinal, fugindo do convencional que seria construir o filtro vertical logo após o
eixo. Uma vista de montante do dreno vertical está ilustrada na Figura 3.6. A Figura 3.7
mostra, em planta, o filtro vertical e os drenos horizontais originais de projeto.

60
Figura 3.6 – Vista de montante do dreno vertical.

61
Figura 3.7 – Vista em planta do filtro vertical e dos drenos horizontais originais de projeto.

62
Para consolidar e diminuir a percolação através da fundação foram realizadas
injeções longitudinais de calda de cimento, no talude de montante do barramento. As
injeções foram realizadas em duas linhas a 18 e 13m a montante do eixo da barragem,
espaçados inicialmente de 6m, com profundidade de 15 metros na fundação da
barragem. As pressões de injeção na rocha foram de 10 a 20kg/cm² de acordo com a
profundidade. No contato aterro-fundação em solo a injeção indicada foi de 3kg/cm². A
dosagem de calda indicada inicialmente foi de 1:3 e depois 1:1.

3.5 – Programas de Instrumentação

Segundo Fusaro (2005), o programa de ascultação das barragens da CEMIG é


composto por inspeções periódicas de campo e de uma análise detalhada do
comportamento das suas estruturas por instrumentação. Essas análises são avaliadas
anualmente através da apresentação de um relatório técnico de inspeção civil com o
intuito de avaliar a segurança da barragem.
A UHE do Piau está inserida no programa anual de inspeções periódicas com o
objetivo de detectar deteriorações e/ou anomalias (fissuras superficiais, erosões,
abatimentos localizados, etc.) que possam, porventura, comprometer a segurança da
barragem. Estas inspeções mostram de forma qualitativa os potenciais problemas que
podem ocorrer na barragem. Esses indícios podem ser prontamente detectados nas
inspeções de campo e nem sempre são passíveis de caracterização por instrumentos.
O processo de auscultação por instrumentação de uma barragem tem início com
a coleta manual de dados realizada por equipes técnicas de campo. Essa coleta segue
uma seqüência pré-estabelecida através do preenchimento de um formulário
padronizado. Estes formulários contemplam campos para dados de identificação da
usina e dos instrumentos, número de página e código emitido pelo sistema, valores
medidos, datas das leituras, horário da leitura para alguns instrumentos, observação
quanto ao tipo de leitura feita, identificação do leiturista e data do preenchimento do
formulário.
Após preenchimento, esses formulários são encaminhados para o responsável
por introduzi-los no banco de dados do programa computacional inspetor dentro do

63
módulo MONITOR. Essa operação é realizada em ambiente de rede, de forma on-line,
sendo possível verificar quaisquer tipos de alteração de forma rápida e objetiva,
facilitando a aquisição, processamento e análise dos dados.
Basicamente, o programa MONITOR, segundo Balbi (2005), consiste de um
sistema que trata os dados através de recursos de processamento automático, facilitando
o gerenciamento e análise dos dados da instrumentação. Este programa desempenha,
entre outras funções, a geração de gráficos dos dados dos instrumentos, em especial das
séries históricas. A Figura 3.8 mostra a tela de entrada no programa MONITOR.

Figura 3.8 – Tela de entrada no programa MONITOR.

A partir dessa tela inicial é possível selecionar uma dada barragem específica e
assim visualizar as estruturas que constituem a barragem, bem como o conjunto de
instrumentos nela instalados.
Para a visualização dos gráficos, deve ser selecionado um dado tipo de
instrumento por vez e até 15 instrumentos simultaneamente. A visualização do gráfico é
obtida após a seleção das grandezas desejadas, formato do gráfico, escalas e legendas. A
Figura 3.9 mostra a saída gráfica dos dados da instrumentação de alguns piezômetros

64
instalados na UHE Piau. Nesta figura são mostradas as elevações piezométricas de 9
piezômetros de Casagrande em função do tempo (série histórica) e do NA do
reservatório.

Figura 3.9 - Saída gráfica dos dados da instrumentação - UHE Piau.

3.6 Aspectos Geológico-Geotécnicos

Os estudos realizados revelaram que a UHE Piau está inserida na vertente leste
da Serra da Mantiqueira, em região de topografia acidentada, formada por morros
elevados com encostas íngremes. O rio Piau, no local estudado, corre em vales
encaixados, retilíneos e profundos.
Nesta área ocorrem rochas de idade pré-cambrianas reportadas ao grupo
Barbacena indiviso, basicamente formadas por gnaisses e migmatitos cortados por
diques de pegmatito e rochas básicas escuras intrusivas.

65
A barragem está assentada em solo residual na ombreira esquerda, na região
central a montante assenta-se em gnaisse muito decomposto, saprolito, e a jusante em
aluvião. A ombreira direita da barragem tem como fundação solo residual e aluvião
(SPEC, 1991).

3.7 Histórico de Ocorrências na Barragem

Desde o primeiro ano de operação foram registradas algumas ocorrências de


maior gravidade na barragem, que levaram a intervenções no sentido de melhorar o seu
comportamento. Especificamente na barragem de terra foram feitos vários reparos com
o objetivo de melhorar e controlar a percolação pelo maciço, fundação e ombreira.
Numa visão externa, como apresentado na Figura 3.10, pode-se observar o bom
estado de conservação e proteção do talude de jusante.

Figura 3.10 – Vista do talude de jusante da barragem do Piau.

66
3.7.1 Primeira Ocorrência

Em 1956 ocorreram surgências d’água na ombreira esquerda junto ao pé do


talude. Para redução da permeabilidade da fundação, foram utilizadas injeções de
cimento-argila considerando-se faixa provável de percolação. Esta intervenção foi
realizada pela Geotécnica S.A e na Figura 3.11 está indicada a região onde ocorreram
estas injeções.

67
Figura 3.11 – Injeções de cimento e argila na ombreira esquerda - 1956.

68
3.7.2 Segunda Ocorrência

Foram observadas surgências na ombreira esquerda, com vazão de filtração de


0,58l/s, em maio de 1962. A CEMIG optou por executar drenos de brita no pé de
jusante, conforme detalhe mostrado na figura 3.12.

69
Figura 3.12 – Trecho onde foram executados drenos para controlar surgências - 1962.

70
3.7.3 Terceira Ocorrência

A terceira ocorrência aconteceu em abril de 1971. Pequenas surgências e áreas


empoçadas apareceram novamente na ombreira esquerda. Durante oito anos estas
surgências foram monitoradas visualmente e através da instrumentação instalada. Em
1979 a CEMIG projetou e executou um dreno profundo de pé para rebaixamento do
nível freático na região, objetivando solucionar definitivamente o problema.
O projeto consistia em três valas profundas, sendo a maior com 38m de
comprimento e profundidade média de 2,9m. A vala da margem esquerda com 13,9m de
comprimento e 5,5m de profundidade e a outra com 15m de comprimento e 5,1m de
profundidade. Como material drenante utilizou-se areia lavada com permeabilidade de
10-² cm/s. Foram usadas manilhas porosas de concreto de 25cm de diâmetro e 70cm de
comprimento argamassadas nas uniões de ponta e bolsa, no fundo da vala. Sob o tapete
de areia foram executados poços de alívio furados a trado e preenchidos com areia. As
profundidades e espaçamentos foram variáveis.
A compactação do selo de argila foi feita em camadas de 10 a 15cm, com
compactador manual tipo sapo, conseguindo um grau de compactação de 93,5% do
Proctor Normal. A compactação da areia foi feita com soquete e molhagem com água.
Foram instalados dois medidores de nível d’água, MN025 e MN026, no interior
das valas. Na junção das valas foi construída uma caixa de passagem em concreto de
45x45cm de onde saia verticalmente até a superfície um tubo de PVC de 10cm de
diâmetro, com a finalidade de inspecionar a drenagem. A Figura 3.13 mostra em planta
a drenagem executada.

71
Figura 3.13 – Indicação em planta da drenagem executada – 1979.

72
3.7.4 Quarta Ocorrência

Com a execução da drenagem profunda em 1979, na ombreira esquerda, a


barragem vinha apresentando um comportamento normal até que, em 1997, os
instrumentos instalados na mesma ombreira passaram a apresentar um comportamento
anômalo. Os piezômetros começaram a apresentar níveis d’água crescentes, ao mesmo
tempo em que o vertedor de vazão, instalado no final do sistema de drenagem,
registrava diminuição das vazões drenadas.
Na tentativa de solucionar o problema, foram feitas limpeza e dissipação de
carga em todos os instrumentos. Mas o resultado não foi satisfatório.
Mediante este fato, em 2000 a CEMIG contratou uma empresa de engenharia
para fazer analises de percolação e estabilidade ao escorregamento da barragem,
utilizando programas de computador.
Foram executadas sondagens à percussão no maciço, com ensaio de SPT e
instalação de piezômetros nos furos. Foram coletados blocos indeformados em dois
poços no aterro e executados ensaios de caracterização e triaxiais. Parâmetros de
resistência representativos do maciço foram utilizados na análise de estabilidade ao
escorregamento.
A partir das análises de percolação e de estabilidade realizadas, foram
estabelecidos limites de atenção de emergência para todos os instrumentos instalados na
barragem.
Segundo DAM (2000), o relatório sobre o comportamento da barragem concluiu
pela existência de níveis d’água elevados a jusante do filtro vertical, indicando um mau
funcionamento do sistema de drenagem interna, o que estaria ligado à baixa capacidade
de vazão do sistema de drenagem ou à elevada permeabilidade do solo de fundação.
Quanto á piezometria, foi recomendado o acompanhamento dos instrumentos e
que eventualmente poderia ser necessária à abertura de poços para verificação da
hipótese de colmatação dos drenos.

73
Como o processo de evolução dos níveis freáticos vinha agravando; em fevereiro
de 2002 iniciou-se um levantamento sobre os problemas já ocorridos na barragem do
Piau. Este estudo tinha o objetivo de esclarecer o funcionamento da drenagem interna da
barragem, para elaboração de um projeto de recuperação do sistema de drenagem ou sua
substituição. Antes da conclusão do estudo, em março de 2002 foi observada pelos
barrageiros, a presença de uma área muita úmida no pé da barragem. A Figura 3.14
detalha a área úmida no pé da barragem.

74
Figura 3.14 – Identificação de área muito úmida no pé da barragem.

75
Através das medidas dos instrumentos instalados na região e a informação do
barrageiro sobre a região umedecida, concluiu-se que a drenagem estava com algum
tipo de entupimento. As leituras nos instrumentos instalados no interior do dreno
chegaram a subir até 2,5m nos MNA 025 e 026. O piezômetro mais afetado, o PC 024,
chegou a ter a leitura aumentada em 1,2m.
Através da manilha coletora da drenagem do filtro profundo, foi introduzido um
desentupidor do tipo “sonda”. Logo nos primeiros metros de extensão começou a sair
um material gelatinoso e escuro, e à medida que a sonda ia sendo introduzida no
material este aumentava em quantidade. A aproximadamente 18m de extensão houve
resistência à introdução da sonda, quando de repente, começou a sair pela manilha, uma
grande quantidade desse material gelatinoso juntamente com a areia do sistema de
drenagem que envolvia a manilha. A Figura 3.15 ilustra o momento da desobstrução.

Figura 3.15 – Desobstrução da tubulação de drenagem.

76
Imediatamente os níveis dos instrumentos instalados no interior do dreno
voltaram aos valores normais, anteriores a janeiro de 1997. O piezômetro mais próximo
também teve seus níveis reduzidos.
Segundo Viotti (2002), a instrumentação foi o elemento determinante na
detecção da ocorrência na UHE Piau. Ficou evidente na ocasião a importância desta
ferramenta de monitoramento, tornando-se indispensável no diagnóstico de problemas
nas estruturas de barragens.
As estruturas civis da barragem do Piau apresentam ótimo estado de conservação
quando inspecionadas visualmente, estando o talude gramado sem falhas, depressões ou
áreas verdes descontinuadas. Os valores de nível d’água no pé da barragem ombreira
esquerda foram rebaixados com a desobstrução da drenagem. Após a intervenção as
subpressões voltaram aos patamares anteriores. Porém os níveis d’água próximos ao
filtro vertical continuam elevados.
O diagrama da Figura 3.16 mostra a evolução dos níveis d’água nos
instrumentos a partir de 1997 e o efeito da desobstrução em 2002. A Figura 3.17 mostra
o gráfico do piezômetro PIBTPC 0024 instalado na região onde também pode ser
observado o mesmo efeito. O diagrama do vertedouro de vazão, Figura 3.18, mostra no
mesmo período, a queda das vazões de drenagem do sistema interno, seguido de um
pico representando o momento da operação de desobstrução. Passadas algumas horas o
instrumento volta ao patamar de normalidade.

77
UHE Piau - Barragem de terra - Tubo medidor de nível d'água

621,000

620,500

620,000

619,500
Cota do nível d'água (m)

619,000

618,500

618,000

617,500

617,000

616,500

616,000
1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006

PIBTMN025 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN026 - Cota do nível d'água (m)

Figura 3.16 – Evolução dos níveis d’água no período de 1997 a 2002.

UHE Piau - Barragem de terra - Piezômetro Casagrande

621,000

620,500

620,000

619,500
Cota piezométrica (m)

619,000

618,500

618,000

617,500

617,000

616,500

616,000
1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002 2005

PIBTPC024 - Cota piezométrica (m)

Figura 3.17 – Leituras do piezômetro PIBTPC 0024, instalado na região.

78
UHE Piau - Barragem de terra - Vertedor para medir vazão

12,000

10,800

9,600

8,400

7,200
Vazão (l/s)

6,000

4,800

3,600

2,400

1,200

0,000
1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004

PIBTVV001 - Vazão (l/s)

Figura 3.18 – Leituras no vertedouro de vazão.

Através da sonda foi possível se inferir o local do entupimento. Prosseguiu-se


com a abertura de um poço onde se verificou que a manilha havia sido entupida pelo
material escuro, o qual também atacou a resistência do concreto, a ponto de se poder
cortá-lo com faca sem nenhum esforço. Posteriormente abriu-se outro poço mais a
montante onde se constatou que a manilha estava intacta, requerendo marreta para
quebrá-la.
As imagens apresentadas na Figura 3.19 ilustram as várias situações
encontradas. Na primeira foto nota-se o material escuro e a manilha sem resistência. A
foto 2 mostra a manilha completamente desagregada. A foto 3 mostra a vala aberta, e na
última uma colônia de bactérias ou precipitado destas que dividia a manilha ao meio.

79
(1) (2)

(3) (4)
Figura 3.19 – Imagens da situação de obstrução da manilha de drenagem.

Após a desobstrução do sistema de drenagem foram recolhidas amostras de


água, areia, manilha deteriorada e material escuro para análises laboratoriais físicas e
químicas conforme pode ser observado na Figura 3.20.

80
Figura 3.20 – Coleta de material para análise.

Conforme SANEAR (2002) as análises laboratoriais detectaram a presença de


Ferrobactérias (Gallionella e Leptothrix) na água do reservatório e na areia do dreno. No
material contido nas manilhas foram detectadas a presença de Sulfobactérias (Thiothrix)
e Ferrobactérias (Gallionella).
Diante dos resultados laboratoriais, iniciaram-se os estudos e propostas de
solução baseadas no combate a biocorrosão do concreto.
Segundo Shirakawa et al (1998), estes fenômenos podem ocorrer em qualquer
ambiente, dependendo apenas de uma interação de algumas variáveis: existência de
água; alimentos, temperatura, tempo e etc. O conceito básico de biodeterioração é que
acontece com a participação de microorganismos, bactérias e fungos, ou de
macroorganismos que contribuem para a deterioração de materiais de importância
econômica expostos a condições ambientais específicas.
Ainda Segundo Shirakawa et al (1998) a biodeterioração do concreto é o
fenômeno no qual a atividade metabólica e o crescimento de microorganismos em
regiões localizadas do concreto podem levar à produção de ácidos e, por conseguinte
propiciar a dissolução de compostos hidratados do cimento, especialmente o hidróxido
de cálcio além de silicatos hidratados (Figura 3.21).
Segundo Santos (2002) entre os microorganismos que podem contribuir
significativamente para a deterioração de materiais de natureza mineral como concreto,

81
pedras, aço ou mesmo cerâmica e vidro encontramos as bactérias redutoras de sulfato,
bactérias heterotróficas, fungos e liquens. Também os fungos de superfície são capazes
de crescer em condições de anaerobiose e em regiões de materiais com atividade de
água (absorvida) inferiores aos valores possíveis para crescimento bacteriano. Estes
microorganismos utilizam como substrato sais inorgânicos, óleo diesel ou
hidrocarbonetos voláteis como única fonte de carbono. Assumem formação de manchas
de coloração macromorfológica diferente (verde, rosa e cinza escuro) e produzem uma
variedade de ácidos orgânicos e inorgânicos que podem desmineralizar vários substratos
rochosos ou concretos, tal qual o aspergillus glaucus.

Degradação da parte superior do tubo

Deposição de material férrico no fundo do tubo

Figura 3.21 – Processo de desenvolvimento da Biodeterioração.


.
No caso do Piau, o desenvolvimento dessas bactérias muito provavelmente
ocorreu devido às condições favoráveis do local:
- Ambiente sem luminosidade.
- Mesmo volume de Ar e Água.
- Temperatura entre 15 e 20ºC.
- pH próximo da Neutralidade.
Após a fase final de estudos e levantamentos iniciou-se a execução de uma obra
de recuperação no dreno auxiliar de pé da barragem. A manilha em concreto foi trocada
por um tubo de PVC flexível, da marca KANANET com diâmetro de 6”, resistente ao
ataque de bactérias, apenas na vala principal do sistema. A saída do dreno foi ajustada
para que ele trabalhe desafogado evitando o desenvolvimento das bactérias. A figura

82
3.22 mostra em planta o sistema de drenagem realizado em 1979 e o local das alterações
atuais.
Nos primeiros metros da drenagem (parte mais a jusante), o dreno foi todo
refeito. Esta parte corresponde ao trecho onde a manilha tinha se deteriorado. Deste
ponto para cima o tubo foi introduzido no interior da manilha, trecho onde as manilhas
apresentavam resistência. Na união dos trechos foi construído em manilhas de 70cm de
diâmetro um poço de inspeção.
A Figura 3.23 mostra em corte, as alterações no projeto original do dreno.
Para seleção da areia, foram realizadas análises granulométricas em três amostras e o
critério adotado foi o seguinte:
-(D85)f/øfuro >1a 1,2
A areia onde foi instalados os tubos de drenagem em PVC (Figura 3.24) foi
compactada em camadas de 20cm com soquetes manuais utilizando-se água para
melhorar a compactação. A camada de solo foi compactada em camadas de 7cm
aproximadamente com soquetes manuais.

83
Figura 3.22 – Local da intervenção no sistema auxiliar de drenagem..

84
Figura 3.23 – Corte e detalhamento das modificações no sistema de drenagem.

Figura 3.24 – Tubo de PVC para drenagem subterrânea.

85
3.7.5 Quinta Ocorrência

Durante os meses novembro, dezembro de 2003 e janeiro de 2004 ocorreram


intensas chuvas na região do Piau, conforme o gráfico da Figura 3.25. Desta forma,
visando aferir/garantir a segurança da barragem, optou-se por realizar uma inspeção de
emergência, inclusive para avaliar as reais causas de algumas surgências reportadas
pelos barrageiros.

Totais Diários de Precipitação em Juiz de Fora

120

100

80
Chuva (mm)

60

40

20

0
01/10/03

08/10/03

15/10/03

22/10/03

29/10/03

05/11/03

12/11/03

19/11/03

26/11/03

03/12/03

10/12/03

17/12/03

24/12/03

31/12/03

07/01/04

14/01/04

21/01/04

Figura 3.25 – Gráfico de intensidade diária de chuva.

Durante a visita à barragem inspecionou-se os taludes de montante e jusante,


crista, pé da estrutura e o vertedouro de crista livre.
O talude de montante não apresentou anormalidades graves que gerassem
preocupação. Foi constatada apenas a presença de formigas e também de um buraco
(oriundo possivelmente de formigueiro) próximo à estaca 5, junto à crista. Foi
observado também um abatimento na crista da barragem, provavelmente entre as

86
estacas 2 e 3. Ainda na crista observa-se uma trinca que aparentemente não interfere na
percolação pela barragem. Esses detalhes podem observados na Figura 3.26.

Figura 3.26 – Buraco causado por formigueiros e trinca na crista, próxima à estaca
3+0,00.

No talude de jusante, conforme informações relatadas anteriormente pelo


barrageiro, havia várias regiões apresentando elevada umidade, onde se percebia
formação de poças d’água ao se pisar no solo com certa pressão, conforme Figura 3.27.
No entanto, não foram observados quaisquer sinais de carreamento de materiais. Esses
pontos estão mais concentrados nos taludes entre as bermas 1 e 2, próximo a canaleta da
berma 3, no talude inferior a berma 3 e na escada coletora da drenagem das canaletas,
situada na ombreira direita, no trecho abaixo da berma 2, conforme Figura 3.28.

Figura 3.27 – Regiões com elevada umidade.

87
3

009

010

PC 028
011
PC 027

PC 025
PC 026
3

Trincheira drenante ombreira esquerda


Região onde
Piezômetros recém-instalados
serão instalados
Regiões com umidade elevada

Figura 3.28 – Planta com a localização das áreas úmidas.

88
Foi também notado o afogamento da tubulação de drenagem interna que
desemboca no canal a jusante. Tal fato impede uma perfeita drenagem do maciço
contribuindo para uma saturação do aterro, principalmente no pé da barragem.
Sugeriu-se, ao fim da inspeção, o rebaixamento do nível reservatório (elevação
do dia: 635,72) visando reduzir as solicitações sobre o maciço, e gerar um volume de
espera como margem de segurança, enquanto buscava-se esclarecer a(s) causa(s) das
umidades elevadas nos taludes, tendo-se em vista que o dia da inspeção era o primeiro
com sol após um grande período de chuva intensa.
De posse destas informações, conclui-se, segundo Carvalho (2004) em uma
primeira análise, que as umidades registradas na inspeção foram originárias da forte
chuva que vinham ocorrendo, na medida em que o rebaixamento do nível do
reservatório não teria uma influência tão rápida no talude de jusante do maciço. Os
pontos que ainda se encontram molhados, por exemplo próximo ao PC 028, além do
agravante de serem provavelmente locais de compactação ruim, podiam estar ainda
sendo influenciados por fluxo d’ água proveniente de alguma junta/trinca da galeria, que
se encontrava em operação a mais de 6meses. A presença de água além do normal na
escada coletora de água pluvial da ombreira direita, deve-se a pequenas trincas em sua
parede lateral, permitindo a passagem de água proveniente do maciço.
Apesar da primeira impressão ser de água de chuva como a causadora das áreas
com umidade elevada, após uma análise mais detalhada da instrumentação, verificou-se
que uma das regiões afetadas (baixo da berma 3) podia estar relacionada aos níveis
elevados de percolação indicados pela piezometria e MNs (PC08, MN06 e PC17),
conforme ilustrado nas Figuras 3.29 e 3.30.

89
Região úmida

Figura 3.29 – Surgência abaixo da berma 3 – Seção da estaca 2+0,00.

90
Região úmida

Figura 3.30 – Surgência abaixo da berma 3 – Seção da estaca 3+0,00.

91
Capítulo 4

4 ESTUDO DE PERCOLAÇÃO DA BARRAGEM DO PIAU

4.1 Apresentação e Análise dos Dados da Instrumentação Existente

A instrumentação instalada na UHE Piau está composta de vinte piezômetros do


tipo Casagrande, treze medidores de nível d´água, dois medidores de vazão, dezessete
marcos de superfície e uma régua para medição do nível d’água do reservatório,
localizados conforme Figura 4.1. Na Tabela 4.1 são apresentados os medidores de nível
d’água (MN). Na Tabela 4.2 são apresentados os piezômetros Casagrande (PC), o
vertedor de vazão (VV) e o medidor de cota de montante (CM).
O comportamento da instrumentação está dentro da normalidade. Os
instrumentos, de forma geral, funcionam de forma satisfatória. Porém é possível
observar alguns casos de anormalidade em alguns instrumentos.

Tabela 4.1 – Localização dos medidores de nível d’água da barragem do Piau.


Tipo Número Características
MN 001 EST. 1+00,00/AF. 33,50J/COTA CEL.621,84/COTA TOPO624,14/INST. /ATERRO COMP.
MN 002 EST. 0+15,20/AF. 25,50J/COTA CEL.622,96/COTA TOPO627,56/INST. /ATERRO COMP.
MN 003 EST. 1+00,00/AF. 24,50J/COTA CEL.623,33/COTA TOPO627,87/INST. /ATERRO COMP.
MN 004 EST. 0+12,30/AF. 13,50J/COTA CEL.626,03/COTA TOPO632,45/INST. /ATERRO COMP.
MN 005 EST. 1+11,00/AF. 25,20J/COTA CEL.621,83/COTA TOPO627,46/INST. /ATERRO COMP.
MN 006 EST. 2+12,50/AF. 18,50J/COTA CEL.625,30/COTA TOPO631,57/INST. /ATERRO COMP.
MN 007 EST. 4+00,00/AF. 37,00J/COTA CEL.615,97/COTA TOPO622,84/INST. /ATERRO FUND.
MN 008 EST. 2+03,30/AF. 23,00J/COTA CEL.624,25/COTA TOPO628,41/INST.031178/ATERRO COMP.
MN 009 EST.03+00/AFAST.02,00J/COTA CEL.622,90/COTA TOPO637,70/INST.30-05-00/ATERRO COMP
MN 010 EST.03+00/AFAST.13,00J/COTA CEL.621,75/COTA TOPO631,90/INST.30-05-00/ATERRO COMP
MN 011 EST.03+00/AFAST.25,00J/COTA CEL.616,65/COTA TOPO626,80/INST.30-05-00/ATERRO COMP
MN 025 EST. 0+19,00/AF. 53,00J/COTA CEL.617,29/COTA TOPO623,19/INST.011079/ATERRO COMP.
MN 026 EST. 0+16,00/AF. 41,40J/COTA CEL.617,07/COTA TOPO622,27/INST.011079/ATERRO COMP.

92
Tabela 4.2 – Localização dos piezômetros Casagrande (PC), vertedor de vazão
(VV) e o medidor de cota de montante (CM).

Tipo Número Características


PC 008 EST. 2+03,30/AF. 23,00J/COTA CEL.624,25/COTA TOPO628,65/INST.261179/ATERRO COMP.
PC 009 EST. 2+17,00/AF. 55,50J/COTA CEL.615,23/COTA TOPO617,28/INST. /FUNDACAO
PC 010 EST. 3+02,80/AF. 52,50J/COTA CEL.615,63/COTA TOPO617,43/INST. /FUNDACAO
PC 011 EST. 3+07,00/AF. 51,00J/COTA CEL.615,09/COTA TOPO617,98/INST. /FUNDACAO
PC 012 EST. 3+10,00/AF. 50,00J/COTA CEL.615,44/COTA TOPO618,49/INST.011078/FUNDACAO
PC 013 EST. 4+08,00/AF. 42,50J/COTA CEL.616,53/COTA TOPO620,75/INST. /ATERRO FUND.
PC 014 EST. 4+13,00/AF. 39,00J/COTA CEL.616,56/COTA TOPO622,48/INST. /ATERRO FUND.
PC 015 EST. 4+17,00/AF. 37,80J/COTA CEL.617,16/COTA TOPO624,56/INST. /ATERRO COMP.
PC 016 EST. 2+14,00/AF. 21,50J/COTA CEL.619,71/COTA TOPO630,11/INST.011078/FILTRO
PC 017 EST. 2+14,00/AF. 36,00J/COTA CEL.616,45/COTA TOPO622,75/INST.011078/ATERRO FUND.
PC 018 EST. 1+06,90/AF. 25,50J/COTA CEL.620,70/COTA TOPO627,50/INST.011078/ATERRO COMP.
PC 019 EST. 2+00,50/AF. 25,50J/COTA CEL.619,17/COTA TOPO627,55/INST.011078/ATERRO COMP.
PC 020 EST. 2+14,00/AF. 25,50J/COTA CEL.618,62/COTA TOPO627,56/INST.011078/ATERRO COMP.
PC 022 EST. 2+14,00/AF. 11,80J/COTA CEL.614,78/COTA TOPO632,73/INST.011078/FUNDACAO
PC 023 EST. 1+02,00/AF. 36,20J/COTA CEL.619,03/COTA TOPO622,93/INST.010179/ATERRO COMP.
PC 024 EST. 0+18,00/AF. 41,80J/COTA CEL.615,53/COTA TOPO623,63/INST.011079/FUNDACAO
PC 025 EST. 4+14,00/AF. 40J/COTA CEL.613,54/Instalado no contato núcleo argiloso/fundação.
PC 026 EST. 4+16,00/AF. 42J/COTA CEL.615,91/FUNDACAO
PC 027 EST. 4+18,00/AF. 30J/COTA CEL.617,10/FUNDACAO
PC 028 EST. 4+08,00/AF. 24J/COTA CEL.620,10/Instalado núcleo argiloso.

VV 001 SITUA-SE AO LADO DO POÇO COLETOR DE DRENAGEM DA BARRAGEM

CM 001 REGUA COM O ZERO NA COTA 614,579/ SITUA-SE NA TOMADA D'AGUA - BOCA DO TUNEL

93
Figura 4.1.- Planta de locação dos instrumentos.
Legenda:
- Piezômetro Casa Grande - Medidor de Nível D’água - Marco de Superfície

94
Os piezômetros PC014 e PC015 instalados na ombreira direita encontram-se
obstruídos impedindo a leitura e prejudicando o monitoramento da percolação nessa
região. A reinstrumentação dessa seção ocorreu no ano de 2003, através da instalação
dos piezômetros PC025, PC026, PC027 e PC028, e da manutenção do piezômetro
PC013 e do medidor de nível d’água MN007 (Figuras 4.2 a 4.7).

Figura 4.2 – Seção 3, ombreira direita.

Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

628,000

626,700

625,400

624,100
Cota piezométrica (m)

622,800

621,500

620,200

618,900

617,600

616,300

615,000
2003 2005 2007

PIBTPC025 - Cota PIBTPC026 - Cota PIBTPC027 - Cota PIBTPC028 - Cota


piezométrica (m) piezométrica (m) piezométrica (m) piezométrica (m)

Figura 4.3 – Gráfico cota piezométrica dos instrumentos PC025, PC026, PC027
e PC028 - Seção 3.

95
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

0,900

0,800

0,700

0,600
Pressão neutra (kg/cm²)

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000

-0,100
2003 2005 2007

PIBTPC025 - Pressão PIBTPC026 - Pressão PIBTPC027 - Pressão PIBTPC028 - Pressão


neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²)

Figura 4.4 – Gráfico pressão neutra dos piezômetros PC025, PC026, PC027 e
PC028, Seção 3.

Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

628,000

626,700

625,400

624,100
Cota piezométrica (m)

622,800

621,500

620,200

618,900

617,600

616,300

615,000
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC013 - Cota piezométrica (m)

Figura 4.5 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC013, Seção 3.

96
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

0,900

0,800

0,700

0,600
Pressão neutra (kg/cm²)

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000

-0,100
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC013 - Pressão neutra (kg/cm²)

Figura 4 6 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC013, na Seção 3.

Usina Hidrelétrica de Piau - Tubo medidor de nível d'água

632,000

630,400

628,800

627,200
Cota do nível d'água (m)

625,600

624,000

622,400

620,800

619,200

617,600

616,000
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTMN007 - Cota do nível d'água (m)

Figura 4.7 – Gráfico medidor de nível d’água do instrumento MN007, Seção 3.

Na Seção 1 (Figuras 4.8 a 4.16) os medidores de nível d’água MN025,


MN026 e o piezômetro PC024 apresentaram um nível d’água elevado durante o
período compreendido entre os anos de 1997 a 2002, conforme pode ser
observado através dos gráficos. Contudo após as intervenções realizadas na
drenagem auxiliar de jusante da ombreira esquerda, a instrumentação retornou

97
aos níveis normais de comportamento sinalizando o bom funcionamento das
estruturas e a eficiência da manutenção.

Figura 4.8 – Seção 1, ombreira esquerda.

Usina Hidrelétrica de Piau - Tubo medidor de nível d'água

632,000

630,400

628,800

627,200
Cota do nível d'água (m)

625,600

624,000

622,400

620,800

619,200

617,600

616,000
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTMN001 - Cota do nível PIBTMN002 - Cota do nível PIBTMN003 - Cota do nível PIBTMN004 - Cota do nível
d'água (m) d'água (m) d'água (m) d'água (m)

Figura 4.9 – Gráfico medidor de nível d’água dos instrumentos MN001,


MN002, MN003, MN004, Seção 1.

98
Usina Hidrelétrica de Piau - Tubo medidor de nível d'água

632,000

630,400

628,800

627,200
Cota do nível d'água (m)

625,600

624,000

622,400

620,800

619,200

617,600

616,000
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTMN005 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN025 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN026 - Cota do nível d'água (m)

Figura 4.10 – Gráfico medidor de nível d’água dos instrumentos MN005,


MN025, MN026, Seção 1.

Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

628,000

626,700

625,400

624,100
Cota piezométrica (m)

622,800

621,500

620,200

618,900

617,600

616,300

615,000
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC018 - Cota piezométrica (m)

Figura 4.11 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC018, Seção 1.

99
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

0,900

0,800

0,700

0,600
Pressão neutra (kg/cm²)

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000

-0,100
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC018 - Pressão neutra (kg/cm²)

Figura 4.12 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC018, Seção 1.

Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

628,000

626,700

625,400

624,100
Cota piezométrica (m)

622,800

621,500

620,200

618,900

617,600

616,300

615,000
1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC023 - Cota piezométrica (m)

Figura 4.13 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC023, Seção 1.

100
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

0,900

0,800

0,700

0,600
Pressão neutra (kg/cm²)

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000

-0,100
1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC023 - Pressão neutra (kg/cm²)

Figura 4.14 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC023, Seção 1.

Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

628,000

626,700

625,400

624,100
Cota piezométrica (m)

622,800

621,500

620,200

618,900

617,600

616,300

615,000
1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC024 - Cota piezométrica (m)

Figura 4.15 – Gráfico cota piezométrica do instrumento PC024, Seção 1.

101
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

0,900

0,800

0,700

0,600
Pressão neutra (kg/cm²)

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000

-0,100
1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC024 - Pressão neutra (kg/cm²)

Figura 4.16 – Gráfico pressão neutra do piezômetro PC024, Seção 1.

Na Seção 2 (Figuras 4.17 a 4.20) pode-se observar um fluxo sem anomalias


através do corpo da barragem, com filtro vertical operando normalmente. Pressões
elevadas no pé da barragem foram detectadas, provavelmente devido o fluxo pela
fundação.
Há algumas dúvidas sobre o funcionamento do PC021, pois ele se apresenta seco
e está localizado à montante do filtro vertical. Outros instrumentos localizados
próximos ao PC021 tem leituras normais e estáveis.

102
Figura 4.17 – Seção 2, leito do rio.

Usina Hidrelétrica de Piau - Tubo medidor de nível d'água

632,000

630,400

628,800

627,200
Cota do nível d'água (m)

625,600

624,000

622,400

620,800

619,200

617,600

616,000
1999 2001 2003 2005 2007

PIBTMN009 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN010 - Cota do nível d'água (m) PIBTMN011 - Cota do nível d'água (m)

Figura 4.18 – Gráfico medidor de nível d’água dos instrumentos MN009,


MN010 MN011, Seção 2.

103
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

628,000

626,700

625,400

624,100
Cota piezométrica (m)

622,800

621,500

620,200

618,900

617,600

616,300

615,000
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC016 - Cota PIBTPC017 - Cota PIBTPC020 - Cota PIBTPC021 - Cota PIBTPC022 - Cota
piezométrica (m) piezométrica (m) piezométrica (m) piezométrica (m) piezométrica (m)

Figura 4.19 – Gráfico cota piezométrica dos instrumentos PC016, PC017,


PC020, PC021 e PC022, Seção 2.
Usina Hidrelétrica de Piau - Piezômetro Casagrande

0,900

0,800

0,700

0,600
Pressão neutra (kg/cm²)

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000

-0,100
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTPC016 - Pressão PIBTPC017 - Pressão PIBTPC020 - Pressão PIBTPC021 - Pressão PIBTPC022 - Pressão
neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²) neutra (kg/cm²)

Figura 4.20 – Gráfico pressão neutra dos instrumentos PC016, PC017, PC020,
PC021 e PC022, Seção 2.

De acordo com o gráfico ilustrado na Figura 4.21, o reservatório da barragem do


Piau tem-se mostrado com níveis relativamente constantes, desde 1961. O reservatório

104
tem apresentado uma oscilação de aproximadamente 1,40m, o que representa menos de
10% da altura da lâmina d’água observada na Seção 2 (de maior altura). As reduções
pontuais do nível do reservatório se devem ao rebaixamento do nível d’água para
realização de obras de manutenção civil ou eletromecânica.

Usina Hidrelétrica de Piau - Medidor de cota do N.A. montante

637,000

635,600

634,200

632,800
Cota do nível d'água (m)

631,400

630,000

628,600

627,200

625,800

624,400

623,000
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIRECM001 - Cota do nível d'água (m)

Figura 4.21 – Gráfico de variação da cota de nível d’água do reservatório.

Um fato também importante observado na barragem foi a minimização da vazão


de jusante iniciada em 1998, ilustrado na Figura 4.22. Essa redução da leitura coletada
no medidor de vazão VV001 coincide com a desobstrução do sistema de drenagem
auxiliar da ombreira esquerda. Como pode ser observado, após este procedimento a
vazão apresenta um pico no momento da desobstrução do sistema de drenagem,
retomando em seguida a àquela existente no período operacional compreendido entre
1986 e 1997.

105
Usina Hidrelétrica de Piau - Vertedor para medir vazão

11,000

9,900

8,800

7,700

6,600
Vazão (l/s)

5,500

4,400

3,300

2,200

1,100

0,000
1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

PIBTVV001 - Vazão (l/s)

Figura 4.22 – Gráfico de variação de vazão do vertedouro de vazão – VV001.

4.2 – Funções Condutividade

Estudo de percolação em meios saturados/não-saturados requer o


estabelecimento da relação “condutividade hidráulica versus poro-pressão”. Esta relação
é obtida de forma indireta através de ensaios de laboratório utilizados para determinação
da curva característica (Figura 4.23).
Segundo Brooks e Corey (1966) e Green e Corey (1971), citado em GeoSlope
(2001), as dificuldades são geralmente relacionadas a problemas com a difusão de ar e a
medição do fluxo, que é sensivelmente baixo.

106
Figura 4.23 – Curva característica típica de um solo – (θ x u).

De posse da curva característica, com base nos modelos propostos por


Fredlund et al. (1994), Green e Corey (1971) e van Genuchten (1980), citados em
GeoSlope (2001), torna-se possível estimar a relação entre a sucção e a condutividade
hidráulica de solos não saturados. Esta relação, será aqui denominada “Função
Condutividade”. Na Figura 4.24 ilustra-se a função condutividade para uma areia fina
uniforme, como apresentado por Staple (1969, citado em GeoSlope, 2001).

Figura 4.24 – Função condutividade de uma areia fina uniforme segundo Staple (1969,
citado em GeoSlope, 2001).

107
Apenas para uma ilustração inicial de comportamento, apresentam-se na Figura
4.25 duas funções condutividade, uma para um solo arenoso, outra para um solo
argiloso. Em termos comparativos, observa-se que a redução da condutividade
hidráulica do solo arenoso com o acréscimo da sucção é bem mais sensível,
proporcionando quedas elevadas da condutividade para pouca variação da sucção.

1,0E-06

1,0E-07
Condutividade Hidráulica (m/s)

1,0E-08

1,0E-09

1,0E-10

1,0E-11

1,0E-12

1,0E-13

1,0E-14

1,0E-15
-100 -90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0
Sucção (kPa)

Função Argila Função Areia

Figura 4.25 – Avaliação comparativa da função condutividade.

4.3 – Estudo Numérico da Percolação

O estudo da percolação do maciço da barragem do Piau foi desenvolvido através


da utilização do programa Seep contido no pacote comercial GeoSlope (2001). Este
programa resolve a equação de fluxo em meios porosos saturados e não–saturados, em
regime permanente e transiente, em estados bidimensionais e axi-simétricos, através da
técnica dos elementos finitos. Neste estudo, três seções foram avaliadas, sendo uma
próxima a cada ombreira e outra no centro da barragem.
Nesta abordagem, optou-se por uma análise de fluxo bidimensional em regime
permanente, em função das limitadas variações observadas do nível d’água do
reservatório.

108
Como apresentado, a barragem do Piau possui um sistema de drenagem interno
composto de filtro interno vertical longitudinal conectado ao exterior por manilhas
porosas de saída d’água, ou seja, nesta barragem não se tem o tradicional tapete
drenante. Estas manilhas se estendem desde o filtro vertical até a saída do canal
extravasor da tulipa.
A vazão medida no sistema de drenagem tem magnitude de 1,8l/s, sendo 1,0l/s
referente a drenagem principal (filtro) e 0,8l/s referente a drenagem auxiliar da ombreira
esquerda. Com base no valor obtido para drenagem principal, através de uma média
aritmética ponderada, foi possível estimar a vazão prescrita no filtro vertical modelado
em cada seção. Esta média ponderada foi desenvolvida com referência ao comprimento
de influência de cada seção e sua respectiva área média transversal ao fluxo.
Este procedimento de cálculo está apresentado na Tabela 4.3. Nesta tabela o
termo “Comprimento” refere-se a extensão longitudinal representada pela respectiva
seção; a “Altura” refere-se a altura média da seção na extensão considerada; o termo
“Área” representa a área longitudinal, transversal ao fluxo, referente a respectiva seção;
o termo “Razão” refere-se a proporção da área longitudinal de cada seção em relação a
área longitudinal total da barragem. Para atendimento ao modelo bidimensional, com
base na razão, foi possível estimar a vazão por metro linear em cada seção.

Tabela 4.3 – Vazões prescritas distribuídas dentro do filtro para cada Seção analisada
em m³/s por metro de barragem.
Seção Comprimento Altura Área Vazão/área Vazão/metro
2
(m) (m) (m ) Razão (m³/s/m²) (m3/s/m) 3 nós 5 nós
1 26 20 323,00 0,23 2,29x10-4 8,8x10-6 2,9x10-4 1,8x10-6
2 30 25 704,00 0,50 4,98x10-4 1,66x10-5 5,5x10-4 3,3x10-6
3 24 20 385,00 0,27 2,73x10-4 1,14x10-5 3,8x10-4 2,3x10-6
Total 80 1412,00 1,0x10-3

Uma característica do programa utilizado (Seep) é a de permitir a adoção de


funções de condutividade hidráulica para melhorar a representatividade das simulações
de fluxo d’água em meios não saturados. Estas funções estão disponibilizadas pelo
programa em função dos tipos de materiais. Elas foram selecionadas conforme a

109
identidade em relação aos materiais objetos de estudo. As mesmas podem ser editadas e
ajustadas pelo usuário. Assim, uma análise preliminar foi estabelecida no sentido de se
estabelecer a natureza e geometria destas funções para os vários tipos de materiais, de
forma a simular a redução da condutividade hidráulica ao longo de zonas com
poropressões negativas (sucções) consistentes com as leituras piezométricas de campo.
Em conformidade com o posicionamento da linha freática, fixando-se os valores
de condutividade do maciço em 1,0 x 10-6 m/s, filtro com 1,0 x 10-4 m/s e camada de
gnaisse medianamente decomposto com 1,0 x 10-7 m/s, determinou-se o valor da
condutividade hidráulica equivalente para o gnaisse muito descomposto presente na
fundação de cada seção. Para o aterro foi considerada anisotropia de condutividade,
sendo a condutividade vertical um décimo da condutividade horizontal de acordo com o
que é usualmente utilizado nos projetos de barragens. Os demais materiais foram
considerados isotrópicos em relação a condutividade.
Os ajustes das condutividades hidráulicas dos materiais da barragem,
principalmente a condutividade da fundação (gnaisse muito decomposto) se deram
através de tentativas, conforme apresentado nas Tabelas 4.4 a 4.6. Para o termo
“Função” tem-se caracterizado a forma da curva característica, sendo atribuída à
magnitude da condutividade, o valor da condutividade para o solo saturado. Para
“função constante” em “Tipo de Função”, entende-se que a condutividade hidráulica
não varia com a sucção, sendo considerada igual à condutividade saturada.

Tabela 4.4 – Funções de condutividade hidráulica adotadas no modelo numérico


– Seção 3.
material funções Condutividade (m/s) tipo de função
1 Aterro argiloso 1 1,0 x 10-6 (*) Variável
-4
2 Filtro vertical 2 1,0 x 10 constante
-6
3 Gnaisse muito dec. 3 1,0 x 10 constante
-5
3 Gnaisse muito dec. 3 1,0 x 10 constante
-5
3 Gnaisse muito dec. 3 2.3 x 10 constante
-7
4 Gnaisse media. dec 4 1,0 x 10 constante
*Obs.: kv/kh = 0,1

110
Tabela 4.5 – Funções de condutividade hidráulica adotadas no modelo numérico
– Seção 1.
material funções* condutividade (m/s) tipo de função
1 Aterro argiloso 7 1,0 x 10-6(*) variável
-4
2 Filtro vertical 2 1,0 x 10 constante
3 Gnaisse muito dec. 3 7,0 x 10-6 constante
-6
3 Gnaisse muito dec. 3 5,0 x 10 constante
3 Gnaisse muito dec. 3 4,0 x 10-6 constante
-7
4 Gnaisse media. dec 4 1,0 x 10 constante
*Obs.: kv/kh = 0,1

Tabela 4.6 – Funções de condutividade hidráulica adotadas no modelo numérico


– Seção 2.
material funções* condutividade (m/s) tipo de função
1 Aterro argiloso 7 1,0 x 10-6(*) variável
-6(*)
1 Aterro argiloso 5 1,0 x 10 constante
1 Aterro argiloso 1 1,0 x 10-6(*) variável
-6
3 Gnaisse muito dec 3 1,0 x 10 constante
4 Gnaisse media. dec 4 1,0 x 10-7 constante
-4
2 Filtro vertical 2 1,0 x 10 constante
3 Gnaisse muito dec. 3 1,0 x 10-5 constante
-5
3 Gnaisse muito dec. 3 4,0 x 10 constante
*Obs.: kv/kh = 0,1

Na modelagem numérica, foram consideradas as seguintes condições de


contorno:
• Topo rochoso como limite inferior; com Q = 0, sendo Q a vazão
específica em m3/s/m;
• A barragem possui uma altura de 25m, adotando-se uma extensão a
montante e jusante de 40m com Q = 0 para o perfil vertical;
• Para o talude de montante e a base do reservatório, H = 634,0m, sendo H
a carga hidráulica total (carga de posição + carga piezométrica) em m;
• Para jusante, H variável de acordo com a linha freática.

111
Para a execução das análises, procedeu-se a discretização da barragem em
elementos finitos, utilizando-se uma malha composta por elementos quadrilaterais e
triangulares.

4.4 – Estudo do Fluxo nas Três Seções

4.4.1 – Seção 1 – Ombreira Esquerda, Estaca 1+10,00

Esta foi à primeira seção estudada utilizando-se uma malha de elementos finitos
composta de 9678 nós incluindo primários e secundários (Figura 4.26). Neste estudo a
camada de gnaisse medianamente decomposto foi desconsiderada devido a sua baixa
condutividade hidráulica. Com este procedimento, tem-se ainda a otimização do
sistema, através da conseqüente redução do número de nós.
A vazão prescrita (Tabela 4.3) foi distribuída em cinco pontos relativos à altura
do filtro vertical com o objetivo de se obter um efeito de drenagem mais homogêneo.
Na análise de sensibilidade os valores de condutividade para a camada de
gnaisse muito decomposto foram alterados (Tabela 4.5) por ser razoável estabelecer
uma amplitude maior de possíveis valores de condutividade para um solo natural com as
respectivas características, mesmo num trecho não muito comprido (fundação para uma
barragem com 100 metros de crista). Os ajustes obtidos desta análise de sensibilidade
propiciaram estabelecer uma condutividade equivalente para fundação deste trecho.
A análise numérica desta Seção não convergiu com as leituras obtidas em
campo, isso devido ao fluxo transversal presente com maior intensidade nesta região,
fato que pode ser observado através da presença da drenagem auxiliar.
Contudo a proximidade da freática em relação à instrumentação mais a jusante
tornou possível a realização de uma análise satisfatória dessa seção. Os resultados
obtidos demonstraram uma certa coerência em relação a faixa de valores de
condutividade hidráulica apresentados na literatura (Cruz, 1996; e outros) e
principalmente quando comparados com as seções analisadas posteriormente.

112
NA

Figura 4.26 – Seção 1, estaca 1+10,00 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.

NA
MN004

MN002
PC024
PC025
630

626
634

Figura 4.27 – Seção 1– Análise com valor de 7x10-6m/s de condutividade hidráulica


para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para
o maciço.

NA
MN004

MN002
PC024
PC025
630

626
634

113
Figura 4.28 – Seção 1– Análise com valor de 5x10-6m/s de condutividade hidráulica
para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para
o maciço.

NA
MN004

MN002
PC024
630 PC025

626
634

Figura 4.29 – Seção 1– Análise com valor de 4x10-6m/s de condutividade hidráulica


para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 7) para
o maciço.

4.4.2 – Seção 2 Leito do Rio, Estaca 3+0

Esta foi a segunda seção estudada utilizando-se uma malha de elementos finitos
composta por 838 nós primários (Figura 4.30) e elementos relativamente maiores que
aqueles que compuseram a malha do estudo da Seção 1. Diferentemente do estudo
anterior, neste caso, a camada de gnaisse medianamente decomposto, mesmo com a sua
baixa condutividade hidráulica, foi incorporada. Os resultados obtidos apresentaram boa
coerência e maior rapidez das análises em relação à análise da Seção anterior.
A vazão prescrita no dreno (Tabela 4.3) também foi distribuída em cinco pontos
e com a variação dos dados de entrada conforme a Tabela 4.5.
A convergência obtida nesta seção confirma a sensibilidade do programa em
relação à variação da condutividade, aumentando de forma ainda mais relevante com a
mudança da forma da curva característica de argila para areia fina no maciço (Figuras
4.31 a 4.34).

114
Contudo, como pode ser detectado nos resultados apresentados na Figura 4.33, o
modelo numérico apresentou-se de forma mais coerente em relação aos dados da
instrumentação obtidos em campo.

P09
NA
P10

P16
P11 P20

P17
H=634,46

Figura 4.30 – Seção 2, estaca 3+0,00 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.

P09
NA
P10

P16
P11 P20

P17
630
620

Figura 4.31 – Seção 2 – Análise com valor de 1x10-6m/s de condutividade hidráulica


para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para
o maciço.
P09
NA
P10

P16
P11 P20

P17
0
63

620

115
Figura 4.32 – Seção 2 – Análise com valor de 1x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para
o maciço.

P09
NA
P10

P16
P11 P20

P17

0
62
630

Figura 4.33 – Seção 2 – Análise com valor de 4x10-5m/s de condutividade hidráulica


para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para
o maciço.
P09
NA
P10

P16
P11 P20

620 P17

630

Figura 4.34 – Seção 2 – Análise com valor de 4x10-5m/s de condutividade hidráulica


para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de areia fina (função 7)
para o maciço.

4.4.3 – Seção 3 Leito do Rio, Estaca 4+10,00

Para o desenvolvimento dos estudos referentes à Seção 3 (Figuras 4.35 a 4.38)


foi mantida a mesma metodologia utilizada na Seção 2 utilizando-se uma malha de
elementos finitos composta por 1102 nós primários. A modelagem utilizada para curva

116
característica de areia fina para o maciço não foi realizada, devido à convergência
obtida utilizando a curva característica referente ao maciço argiloso (Figura 4.38).
Tanto a seção 3 como as outras duas seções apresentaram um fluxo maior pela
fundação, ou seja, na camada de gnaisse muito decomposto.
O filtro vertical, com vazão prescrita de 1,14x10-5m3/s por metro (Tabela 4.3),
nesta Seção, assim como nas demais, demonstrou estar funcionando de forma eficiente,
compatibilizando o modelo numérico e as condições de campo.

NA

PC027
MN007
PC013
H = 634m

Figura 4.35 – Seção 3, estaca 4+10 com malha de elementos finitos e condições de
contorno.
NA

PC027
630 MN007
PC013
620

Figura 4.36 – Seção 3 – Análise com valor de 1x10-6m/s de condutividade hidráulica


para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para
o maciço.

NA

PC027
630 MN007
PC013
620

117
Figura 4.37– Seção 3 – Análise com valor de 1x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para
o maciço.

NA

PC027

630 MN007
PC013

620
Figura 4.38 – Seção 3 – Análise com valor de 2.4x10-5m/s de condutividade hidráulica
para o Gnaisse muito decomposto e curva característica típica de argila (função 1) para
o maciço.

4.5 – Comentários Gerais

Os estudos desenvolvidos foram ponderados em buscar um melhor ajuste da


linha freática com base nas leituras de campo. Neste estudo, devido a maior facilidade
para quantificação dos parâmetros do maciço e a grande dificuldade que existe na
quantificação da permeabilidade da fundação de campo, o ajuste da linha freática foi
desenvolvido com base num estudo de sensibilidade da permeabilidade da fundação
(gnaisse muito decomposto). Como seqüencialmente apresentado, este procedimento de
cálculo possibilitou uma rápida e razoável convergência.
A definição por uma malha composta de nós secundários deve ser uma escolha
bem avaliada, pois pode aumentar muito o tempo de resposta do programa quando se
tem que fazer uma série de análises, sem agregar valor significativo à qualidade dos
resultados.
Durante o estudo de convergência, outros parâmetros e condições de contorno
foram avaliados. Dentre estes, foi possível observar que a calibração por prescrição de
fluxo foi bem mais difícil, pois pequenas variações no fluxo prescrito proporcionaram
grandes variações no comportamento da linha freática.

118
Para a Seção 2, o estudo de sensibilidade adotado não proporcionou o forte
mergulho da linha freática no maciço argiloso, na proximidade do filtro. Notifica-se, no
entanto, que esta evidência apresentada pela instrumentação de campo, foi
razoavelmente modelada adotando-se a função condutividade hidráulica de um solo
arenoso.

119
Capítulo 5

5 ESTUDO DE ESTABILIDADE DA BARRAGEM DO PIAU

5.1 – RESULTADOS E DADOS DA ANÁLISE DE ESTABILIDADE ANTERIOR

Conforme DAM (2000), devido as ocorrências da barragem da Piau, já citadas, a


CEMIG contratou uma empresa de engenharia para desenvolver o estudo de
estabilidade da barragem.
Os trabalhos se iniciaram através da coleta de amostras indeformadas no maciço
compactado e o desenvolvimento posterior de ensaios de caracterização e ensaios
triaxiais do tipo adensado rápido saturado e não saturado com medida de poropressão.
Quanto a análise de percolação, foi utilizado o programa SEEP/W – versão 4.0
do pacote Geo-Slope. Os coeficientes de condutivibilidade hidráulica dos materiais da
fundação e do aterro compactado foram estimados com base na experiência com
materiais de características semelhantes e ajustados de forma a se obter os níveis d’água
medidos pela instrumentação. Os valores definidos para a condutividade hidráulica dos
materiais foram os seguintes:
 Aterro kh = 9kv = 2,25x10-8 m/s.
 Filtro vertical kh = kv = 3,0x10-6 m/s.
 Gnaisse muito decomposto kh = kv = 1,0x10-6 m/s.
 Gnaisse medianamente decomposto kh = kv = 1,0x10-7 m/s.

Foi analisada apenas a condição de percolação estável considerando o NA do


reservatório na elevação 636,00m, valor máximo observado no período de 1991 a 1992
e na elevação 634,50m que representa o NA normal do reservatório. Essas análises
ocorreram apenas para a seção da estaca 3+0,00, que é a Seção de maior altura.

120
A análise de estabilidade foi desenvolvida também para a seção da estaca 3+0,00
pelo método convencional e conduzida no sentido de se definir a condição de segurança
da barragem tendo em vista os níveis d’água elevados medidos pela instrumentação na
época. Foram realizadas análises de estabilidade em termos de tensões totais e efetivas
utilizando-se envoltórias de resistência obtidas a partir de ensaios de laboratório. Os
parâmetros de resistência adotados estão presentes na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Parâmetros de resitência adotados na análise anterior.


Material γnat γsat c’ φ’ c φ Ensaio
(kN/m3) (kN/m3) (kPa) (º) (kPa) (º)
Aterro Saturado 19,1 3,5 35,1 132,7 13,2 Rsat
Aterro não Saturado 19,2 - 56 28,7 76,5 23,8 R
Gnaisse Muito. Decomposto - 20 100 30 - - -
Gnaisse Med. Decomposto - 20 100 45 - - -

Através do programa SLOP/W – versão 4.0 também do pacote Geo-Slope pôde-se


importar da análise de percolação as poropressões geradas e necessárias à obtenção dos
seguintes fatores de segurança:
-NA máximo
 Tensões totais FS = 3,225
 Tensões efetivas FS = 1,745
-NA normal
 Tensões totais FS = 3,252
 Tensões efetivas FS = 1,816

Segundo DAM (2000), de acordo com os resultados das análises de estabilidade a


barragem do Piau se encontrava com um fator desegurança aceitável, mesmo
considerando os níveis d’água elevados medidos pela instrumentação. Assim não se
recomendava de imediato nenhuma intervenção.

121
5.2 – REAVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DA BARRAGEM

5.2.1 - Parâmetros e Condições da Simulação

O estudo de estabilidade do talude de jusante da barragem do Piau foi


desenvolvido tomando-se como base três seções transversais e os parâmetros de
resistência obtidos do programa recente de investigação do maciço (Relatório GR/EC-
LS-R012, 2000).

Nesse programa foram realizados 18 ensaios triaxiais consolidados não drenados


em amostras intactas saturadas (SAT) e não saturadas (NAT). A denominação dos
ensaios e os parâmetros de resistência estão apresentados na Tabela 5.2. De acordo com
o relatório de ensaios as amostras A51 (Silte Argilo Arenoso na cor marrom claro, com
alguns pedregulhos), A53 (Areia Silto Argilo Arenoso na cor marrom claro, com alguns
pedregulhos), e A55(Areia Argilo Siltosa na cor marrom claro, com alguns
pedregulhos) foram retiradas das profundidades, 3, 4 e 2 metros, respectivamente com
grau de saturação médio de 83%. Sendo as duas primeiras extraídas no mesmo poço.
Interessante observar que os resultados mostram elevados interceptos de coesão
para as amostras ensaiadas na umidade natural, independentemente da condição de
drenagem. Este comportamento pode estar associado à coesão aparente desenvolvida na
amostra devido à sucção matricial existente em solos não saturados. Quanto ao similar
comportamento friccional ocorrido em alguns ensaios, este pode estar associado ao fato
de haver uma certa quantidade de consolidação na fase de cisalhamento não drenado,
devido à drenagem interna dos excessos de pressão para os interstícios vazios (ar
ocluso).

122
Tabela 5.2 – Ensaios CU em amostras indeformadas.
Amostra c' (kPa) φ' (º) c (kPa) φ (º)
A51NAT 71,87 27,49 75,63 25,86
A53NAT 63,98 28,56 82,54 23,94
A55NAT 71,87 27,49 74,02 26,08
A51SAT 14,01 34,17 99,61 25,23
A53SAT 22,93 32,74 97,16 18,11
A55SAT 7,97 33,56 132,10 9,05

300

250 y' = 0,4616x + 63,756

y = 0,4361x + 68,062
200
q (kPa)

Efetiva
150
Total

100

50

0
0 100 200 300 400 500 600
p'; p (kPa)

Figura 5.1 – Envoltória de resistência – A51Nat.

350

300 y = 0,4781x + 56,194

250 y = 0,4057x + 75,44

200
q (kPa)

Efetiva
Total
150

100

50

0
0 100 200 300 400 500 600 700
p'; p (kPa)

Figura 5.2 – Envoltória de resistência – A53Nat.

123
300

y = 0.4616x + 63.756
250
y = 0.4396x + 66.482

200

q (kPa)
Efetiva
150
Total

100

50

0
0 100 200 300 400 500 600
p'; p (kPa)

Figura 5.3 – Envoltória de resistência – A55Nat.

350

300

y' = 0,4616x + 63,756


250
y = 0.4262x + 90.11

200
q (kPa)

Efetiva
Total
150

100

50

0
0 100 200 300 400 500 600
p'; p (kPa)

Figura 5.4 – Envoltória de resistência – A51Sat.

300

250 y = 0.5409x + 19.282

y = 0.3108x + 93.352
200
q (kPa)

Efetiva
150
Total

100

50

0
0 100 200 300 400 500 600
p'; p (kPa)

Figura 5.5 – Envoltória de resistência – A53Sat.

124
250

y = 0.5528x + 6.6386
200

y = 0.1573x + 130.46

150

q (kPa)
Efetiva
Total
100

50

0
0 100 200 300 400 500 600 700
p'; p (kPa)

Figura 5.6 – Envoltória de resistência – A55Sat.

Com base nestes resultados, o estudo de estabilidade do talude de jusante foi


desenvolvido com base nos parâmetros médios, como apresentados na Tabela 5.3.

Tabela 5.3 – Parâmetros médios e desvio padrão.


Amostra c' (kPa) φ' (º) tan(φ') c (kPa) φ (º) tan(φ)
A51NAT 71,87 27,49 0,52 75,63 25,86 0,48
A53NAT 63,98 28,56 0,54 82,54 23,94 0,44
A55NAT 71,87 27,49 0,52 74,02 26,08 0,49
Média 69,24 27,85 0,53 77,40 25,30 0,47
Desvio Padrão 4,56 0,79 0,01 4,53 1,43 0,03
A51SAT 14,01 34,17 0,68 99,61 25,23 0,47
A53SAT 22,93 32,74 0,64 97,16 18,11 0,33
A55SAT 7,97 33,56 0,66 132,10 9,05 0,16
Média 14,97 33,50 0,66 109,63 17,70 0,32
Desvio Padrão 7,53 1,03 0,02 19,51 8,87 0,16

Na Tabela 5.3 o ângulo de atrito médio foi obtido através da média dos
coeficientes de atrito. De acordo com os desvios padrões calculados é possível observar

125
que maiores discrepâncias de resultados foram detectadas para o parâmetro intercepto
de coesão. Com relação aos ensaios, os maiores desvios padrões foram encontrados para
o ensaio com amostra saturada, parâmetros totais. Notifica-se que este ensaio foi
realizado com material de baixa profundidade e de região diferente das amostras 51 e
53. No entanto, trata-se um material que compõem o maciço do talude de jusante da
barragem, sendo necessário considerá-lo nos estudos.
Tomando-se com base os parâmetros médios, os estudos de estabilidade foram
realizados através de quatro análises por seção, de acordo com as modelagens
resumidamente apresentadas na Tabela 5.4.

Tabela 5.4 – Modelagem para as análises de estabilidade.


Análise Solo Condição Parâmetros c (kPa) φ (º)
1 Úmido Drenada Efetivos 69,24 27,85
2 Úmido Não-drenada Totais 77,40 25,30
3 Saturado Drenada Efetivos 14,97 33,50
4 Saturada Não-drenada Totais 109,63 17,70

Para os demais solos, devido à inexistência de informação, foram adotados


valores aproximados para os parâmetros, com base em valores típicos. Estes valores
estão ordenados na Tabela 5.5.

Tabela 5.5 – Parâmetros adotados para os demais solos.


Material γnat (kN/m3) γsat (kN/m3) c (kPa) φ (º)
Filtro 18 20 0 35
Gnaisse Muito Decomposto 18 20 20 30
Gnaisse Med. Decomposto 18 20 20 35

126
5.3 – Programa Slope

As análises de estabilidade foram desenvolvidas com o apoio do programa de


computador SLOPE (GeoSlope, 2001).
Para as análises de estabilidade do talude de jusante da Barragem do Piau,
admitiu-se uma condição de fluxo em regime permanente, a exemplo das análises de
percolação descritas no capítulo anterior. Neste caso, as análises consideraram os
valores das poropressões calculadas pelo estabelecimento das redes de fluxo tratadas
previamente para o talude de jusante da barragem. As análises de estabilidade foram
implementadas considerando-se e a mesma geometria utilizada nas análises de
percolação.
O Programa SLOPE é um programa comumente utilizado na prática da
engenharia geotécnica, por oferecer uma ampla gama de recursos de análise e uma
interface bastante amigável com o usuário. O programa permite, por exemplo, a
consideração de diferentes materiais, geometrias complexas, definição de superfícies de
ruptura pelo próprio usuário, hipóteses de inclusão dos efeitos das poropressões nas
análises (incluindo a importação direta de dados gerados pelo programa SEEP, opção
utilizada no presente trabalho), simulação de carregamentos, etc.
Nos casos estudados, as análises de estabilidade contemplaram superfícies
potencialmente instáveis de geometria circular, definidas a partir da variação da malha
de centros e raios, com pesquisa automática e generalizada para obtenção do fator de
segurança mínimo, a partir da aplicação dos princípios de equilíbrio inseridos no
contexto do Método de Bishop. Para isso, deve-se buscar uma configuração de forma
que o menor fator de segurança esteja localizado no meio da malha de centros de
superfície de ruptura formando linhas concêntricas de isovalores de fator de segurança.

5.4 - Estudo da Estabilidade da Seção 1

Conforme relatado anteriormente, o pacote GeoSlope permite a comunicação


entre os programas SEEP e SLOPE. Assim, os estudos foram otimizados através da

127
utilização desta importante interface para o usuário. Neste sentido, as pressões de água
foram importadas dos arquivos gerados nos estudos de percolação por elementos finitos.
Como apresentado no Capítulo 4, por se tratar de uma seção muito próxima à
ombreira esquerda e que devido a observações de campo, provavelmente apresenta um
fluxo transversal a esta seção, não houve convergência do modelo numérico com
relação à piezometria de jusante.
No entanto, como o objetivo desta análise é a estabilidade do talude de jusante, a
opção de convergência do modelo numérico foi pela instrumentação existente no pé de
jusante.
Com base então nos dados apresentados na Tabela 5.4 os fatores de segurança
encontrados estão apresentado na Tabela 5.6.

Tabela 5.6 – Fatores de Segurança da Seção 1.


Análise Solo Condição Parâmetros c (kPa) φ (º) FS
1 Úmido Drenada Efetivos 69,24 27,85 2,75
2 Úmido Não-drenada Totais 77,40 25,30 2,78
3 Saturado Drenada Efetivos 14,97 33,50 2,41
4 Saturado Não-drenada Totais 109,63 17,70 2,98

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 5.6, o fator de segurança


mínimo encontrado foi de 2,41 (Análise 3). Este valor foi obtido para a condição
drenada, considerando o aterro saturado na zona de cisalhamento. Este resultado é
consistente com as ponderações de que os níveis de tensão em questão estão abaixo das
tensões de pré-adensamento do solo compactado. Assim, a condição mais conservadora
passa ser de análise de longo prazo (condições drenadas), já que a geração de poro-
pressão no cisalhamento (curto prazo) é negativa. Com relação ao solo úmido, face à
coesão aparente existente neste material, é de se esperar que as condições de segurança
sejam maximizadas.
Na Figura 5.7 tem-se ilustrado a superfície potencial de ruptura para esta
condição de modelagem.

128
2.412

Figura 5.7 – Análise 3 – Solo saturado, comportamento drenado, Seção 1.

Este resultado mostra a boa condição de estabilidade da Seção 1.

5.4.1 - Estudo Probabilístico da Seção 1

Como apresentado na Tabela 5.3, os parâmetros de resistência são sensíveis às


condições de drenagem e umidade dos solos (úmido/saturado). O programa Slope
permite avaliar a probabilidade de ruptura com base na variabilidade dos parâmetros de
resistência e peso específico. Este é um recurso normalmente utilizado quando o meio
apresenta heterogeneidade de resistência, como por exemplo, em rochas brandas com
diferentes graus de decomposição e intemperismo. Nestes casos, ensaios de
cisalhamento mostram comportamentos não lineares, às vezes oscilatórios ou
randômicos, com o aumento do nível de tensão (normal – cisalhamento direto;
confinante – triaxial). Assim o programa Slope permite a entrada de valores médios dos
parâmetros de resistência e seu provável desvio em relação esta média.
Para o caso em questão, uma análise probabilística pelo Método Monte-Carlo é
apresentada, pautada nas quatro análises apresentadas na Tabela 5.4, ou seja, far-se-á
uma análise única, considerando a possibilidade do aterro estar todo saturado ou todo
úmido; observando-se rupturas em condições drenadas e não-drenadas. Os parâmetros
médios foram calculados com base nos 12 resultados advindos de 18 ensaios realizados.
As médias e os respectivos desvios padrões, estão apresentadas na Tabela 5.7.

129
Tabela 5.7 – Médias e desvios padrões dos ensaios realizados.
Resultado Amostra c (kPa) φ (º) tan φ Condição Parâmetros Solo
1 A51NAT 71,87 27,49 0,520 Drenada Efetivos Úmido
2 A53NAT 63,98 28,56 0,544 Drenada Efetivos Úmido
3 A55NAT 71,87 27,49 0,520 Drenada Efetivos Úmido
4 A51SAT 14,01 34,17 0,679 Drenada Efetivos Saturado
5 A53SAT 22,93 32,74 0,643 Drenada Efetivos Saturado
6 A55SAT 7,97 33,56 0,663 Drenada Efetivos Saturado
7 A51NAT 75,63 25,86 0,485 Não-drenada Totais Úmido
8 A53NAT 82,54 23,94 0,444 Não-drenada Totais Úmido
9 A55NAT 74,02 26,08 0,489 Não-drenada Totais Úmido
10 A51SAT 99,61 25,23 0,471 Não-drenada Totais Saturado
11 A53SAT 97,16 18,11 0,327 Não-drenada Totais Saturado
12 A55SAT 132,10 9,05 0,159 Não-drenada Totais Saturado
Média 67,81 26,36 0,495
Desvio Padrão 36,76 8,26 0,145

Para realização do estudo probabilístico, envolvendo todas estas condições de


solicitação e umidade, a coesão média foi quantificada em 67,81kPa e o ângulo de atrito
em 26,36 graus. Como fator representativo da variação destes parâmetros, tem-se
adotados os respectivos desvios padrões. Assim, a variação da coesão está estimada em
36,76kPa e a variação do ângulo de atrito em 8,26 graus.
Com relação ao filtro considerou-se que a resistência do material é invariável.
Para a fundação (gnaisse muito decomposto), uma variação de 10kPa para coesão e 5
graus para o ângulo de atrito foi adotada.
Adotando esta implementação, o fator de segurança obtido foi de 2,79, como
ilustrado na Figura 5.8. A probabilidade de ruptura encontrada foi nula, como ilustrado
no gráfico da Figura 5.9, quando se tem apresentado que nenhum fator de segurança foi
menor que 1,3. Neste estudo, 1000 combinações paramétricas foram realizadas, sendo
que em nenhuma delas, o fator de segurança foi menor que 1,3.

130
2.785

Figura 5.8 – Superfície potencial de ruptura – Análise probabilística, Seção 1.

Função Probabilidade/Densidade
25

20
Frequência (%)

15

10

0
1.0 1.4 1.8 2.2 2.6 3.0 3.4 3.8 4.2 4.6

Fator de segurança

Figura 5.9 – Curva de Gauss, Seção 1.


Função Probabilidade/Distribuição
100

80
Probabilidade (%)

60

40

20

0
1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5

Fator de Segurança

Figura 5.10 – Probabilidade de ruptura, Seção 1.

131
5.5 - Estudo da Estabilidade da Seção 2

Similarmente ao caso anterior (Seção 1), as pressões de água foram importadas


dos arquivos gerados nos estudos de percolação por elementos finitos do Capítulo 4.
Na Seção 2, houve convergência do modelo numérico de percolação com
relação à piezometria de jusante, fator diferencial em relação à Seção 1.
Com base então nos dados apresentados na Tabela 5.4 os fatores de segurança
encontrados estão apresentados na Tabela 5.8.

Tabela 5.8 – Fatores de Segurança da Seção 2.


Análise Solo Condição Parâmetros c (kPa) φ (º) FS
1 Úmido Drenada Efetivos 69,24 27,85 2,56
2 Úmido Não-drenada Totais 77,40 25,30 2,57
3 Saturado Drenada Efetivos 14,97 33,50 2,12
4 Saturado Não-drenada Totais 109,63 17,70 2,68

O fator de segurança mínimo encontrado foi de 2,12 (Análise 3). Similarmente


ao caso anterior, o estabelecimento da condição mais conservadora ocorreu para a
condição drenada, considerando-se o aterro saturado na zona de cisalhamento, conforme
os resultados apresentados na Tabela 5.8.
A Figura 5.11 ilustra a superfície potencial de ruptura para esta condição de
modelagem.

2.117

1
2
3
4

Figura 5.11 – Análise 3 – Solo saturado, comportamento drenado, Seção 2.

132
Os fatores de segurança encontrados (Tabela 5.8), faces as condições avaliadas,
mostram também uma boa condição de estabilidade para a Seção 2.

5.5.1 - Estudo Probabilístico da Seção 2

Para realização do estudo probabilístico, adotaram-se as mesmas condições da


Seção 1 relativas a solicitação, umidade, coesão média (67,81kPa), ângulo de atrito
(26,36 graus) e as respectivas médias e desvios padrões apresentados na Tabela 5.7.
O fator de segurança obtido para essa condição foi de 2,5, estando ilustrado na
Figura 5.12. Através do gráfico da Figura 5.13, pode-se observar que existe a
probabilidade de ruptura para uma porcentagem aproximada de 1% dos valores
analisados, cujos fatores de segurança se encontram abaixo de 1,0.

2.501

1
2
3
4

Figura 5.12 – Superfície potencial de ruptura – Análise probabilística, Seção 2.

133
Função Probabilidade/Densidade
25

20

Frequência (%)
15

10

0
-0.25 0.35 0.95 1.55 2.15 2.75 3.35 3.95 4.55 5.15

Fator de Segurança

Figura 5.13 – Curva de Gauss, Seção 2

Função Probabilidade/Distribuição
100

80
Probabilidade(%)

60

40

20

0
0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0

Fator de Segurança

Figura 5.14 – Probabilidade de ruptura, Seção 2

A Figura 5.15 ilustra a superfície potencial de ruptura para esta condição de


modelagem.

134
5.6 - Estudo da Estabilidade da Seção 3

Para a análise da Seção 3, como já era esperado, foi utilizada a mesma


metodologia das duas seções anteriores, inclusive no que se refere à importação de
dados do programa Seep.
Os resultados obtidos para o fator de segurança estão apresentados na Tabela 5.9
e o fator de segurança mínimo encontrado foi de 2,27, novamente para a Análise 3. De
acordo com estes fatores de segurança observa-se a boa condição de estabilidade
também para esta seção. A Figura 5.15 ilustra a superfície potencial de ruptura para esta
condição de modelagem.

Tabela 5.9 – Fatores de Segurança da Seção 3.


Análise Solo Condição Parâmetros c (kPa) φ (º) FS
1 Úmido Drenada Efetivos 69,24 27,85 2,89
2 Úmido Não-drenada Totais 77,40 25,30 2,90
3 Saturado Drenada Efetivos 14,97 33,50 2,27
4 Saturado Não-drenada Totais 109,63 17,70 3,10

2.274

1 2
3
4

Figura 5.15 – Análise 3 – Solo saturado, comportamento drenado, Seção 3.

135
5.6.1 - Estudo Probabilístico da Seção 3

De forma indiferente às seções anteriores o estudo probabilístico desta seção


desenvolveu-se com dados de entrada obtidos também através da Tabela 5.7.
Apesar deste estudo ter apresentado um fator de segurança 2,8, valor elevado
como ilustrado na Figura 5.16, o gráfico da Figura 5.17 demonstra que existe a
probabilidade de ruptura para uma porcentagem aproximada de 1,88% do arranjo de
1000 grupos de parâmetros analisados, ou seja, superfícies potenciais de ruptura que
apresentaram fator de segurança menor que 1,0.

2.795

1 2
3
4

Figura 5.16 – Superfície potencial de ruptura – Análise probabilística, Seção 3.

Função Probabilidade/Densidade
30

25

20
Frequência (%)

15

10

0
-1.65 -0.65 0.35 1.35 2.35 3.35 4.35 5.35 6.35 7.35

Fator de Segurança

Figura 5.17 – Curva de Gauss, Seção 3

136
Função Probabilidade/Distribuição
100

80

Probabilidade(%)
60

40

20

0
0.0 0.8 1.6 2.4 3.2 4.0 4.8 5.6 6.4 7.2 8.0

Fator de Segurança

Figura 5.18 – Probabilidade de ruptura, Seção 3

5.7 – Comentários Gerais

A necessidade de se reavaliar as condições de segurança da barragem do Piau se


deu pelo fato dos fatores de segurança obtidos na análise de estabilidade anterior
estarem elevados e acima da expectativa, tendo em vista a tendência de afloramento da
linha freática devido a colmatação do sistema de drenagem. Outro fator determinante
para a realização de novos estudos foi a necessidade de se comparar as condições de
segurança da barragem antes e depois da desobstrução do sistema de drenagem.
As análises de estabilidade foram desenvolvidas primeiramente através do
método convencional, onde os valores dos parâmetros de resistência (ângulo de atrito e
coesão) são constantes.
Esses parâmetros efetivos e totais combinados propiciaram quatro valores
distintos de coeficiente de segurança para a análise de cada uma das três seções. Em
todos os casos analisados optou-se, de forma conservadora, pelo menor coeficiente de
segurança calculado.

137
Um ponto de destaque nessa análise convencional se refere à coerência em
relação aos resultados obtidos, pois todos os fatores de segurança de menor valor
ocorreram para os mesmos parâmetros e condições de campo (Análise 3), quando se
tem uma condição drenada e amostra saturada.
Como mencionado anteriormente, abaixo da tensão de pré-adensamento, os
solos compactados tendem a gerar poro-pressões negativas no cisalhamento,
proporcionando condições mais favoráveis de estabilidade em mobilizações não-
drenadas.
Como uma segunda opção, a análise de estabilidade probabilística das seções
conforme a Tabela 5.5, utilizando-se a média e o desvio padrão de todos os resultados
obtidos das amostras ensaiadas em laboratório, relativas ao maciço compactado da
barragem, resultou em fatores de segurança maiores que os obtidos na análise de
método convencional. Contudo os gráficos das Seções 2 e 3 demonstram que existem
coeficientes de segurança com valor abaixo da unidade, dentre as combinações
analisadas.

138
Capítulo 6

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES FINAIS

6.1 Considerações Finais

O sistema construtivo através de consórcio e parcerias financeiras para a


realização dos empreendimentos (fato que já ocorre a um certo tempo) e a escassez dos
recursos naturais influenciaram de forma definitiva no processo evolutivo dos métodos
construtivos de barragens, definindo a utilização de novas técnicas e materiais antes
descartados. Essas mudanças são percebidas quando se observa o barramento em
concreto gravidade e a fundação em rocha (muito resistentes ao galgamento)
predominantes na década de vinte até o início da década de cinqüenta. Em 1958 com a
usina de Três Marias iniciava-se um novo ciclo, o das grandes barragens, sendo a
primeira obra de grande porte da CEMIG e também o primeiro grande empreendimento
hidráulico de múltiplas finalidades realizado no Brasil. A consultoria do professor
Arthur Casagrande, da Universidade de Harvard (EUA), para todo o processo executivo,
marcava a importância desse projeto, na história da construção de barragens de terra e
enrocamento deste país.
As pequenas barragens não se tornaram menos importantes dentro deste novo
cenário, pois a preservação dos recursos ambientais requer a implementação de projetos
de baixo custo, rentáveis e de baixo impacto ao meio ambiente. Sendo assim, a
preservação dos empreendimentos já existentes, como é o caso de Piau, é de grande
importância para a sustentabilidade do setor elétrico.
A barragem do Piau apresenta-se em bom estado de conservação, fato que pôde
ser observado durante o período de pesquisa e coleta de dados deste trabalho.

139
6.2 Conclusões

• Quanto ao diagnóstico atual e condições operacionais da barragem do Piau

A barragem do Piau vem ao longo dos anos apresentando um histórico marcado por
ocorrências preocupantes, combinadas com medidas reparatórias imediatas e cirúrgicas
de muita eficiência. Alguns estudos relativos a análise de estabilidade da barragem
foram desenvolvidos, esclarecendo dúvidas, mas também levantando alguns
questionamentos. A busca por repostas mais conclusivas apontou para a necessidade de
uma reavaliação da segurança da barragem do Piau, através de uma metodologia um
pouco diferenciada das utilizadas anteriormente.
Considerando-se as excelentes condições operativas e de manutenção da
barragem e do seu banco de dados das leituras da instrumentação como ponto de
partida, o modelo matemático pôde ser formatado e desenvolvido.
O sistema de drenagem interna da barragem possui algumas características que
foram determinantes para definição dos dados de entrada da análise de percolação. A
barragem apresenta um filtro vertical deslocado para jusante, uma drenagem auxiliar na
ombreira esquerda, não possui tapete drenante e sim um sistema composto por manilhas
de concreto poroso com a finalidade de drenar toda a água coletada pelo filtro vertical.

• Quanto à instrumentação geotécnica da Barragem do Piau

A Barragem do Piau possui um adequado e abrangente sistema de


instrumentação geotécnica, composto basicamente por piezômetros Casagrande,
medidores de nível d’água e marcos superficiais. O controle e monitoramento do
desempenho geotécnico da barragem estão centralizados nos registros piezométricos
periódicos efetuados nos medidores instalados no aterro e fundação da mesma.
O monitoramento é representativo considerando-se o perfil longitudinal da
barragem, não apresentando áreas descobertas ou com deficiência de quantidade de
instrumentos. Contudo alguns instrumentos como é o caso do piezômetro PC021 e

140
outros que apresentam um comportamento anormal, situação que não comprometeu
analise de percolação, mas que deve ser regularizada.

• Quanto às análises de percolação e estabilidade da Barragem do Piau

Nestes estudos, foram utilizados os programas computacionais SEEP e SLOPE,


respectivamente, aplicados à Seção 2 de máxima altura da barragem, Seção 1 na a
ombreira esquerda e Seção 3 na ombreira direita utilizando-se os parâmetros
geotécnicos efetivos e totais obtidos a partir de séries de ensaios triaxiais adensados e
não drenados de amostras úmidas e saturadas, nas condições de ruptura drenada e não
drenada.
As análises de percolação se objetivaram na busca do melhor ajuste da linha
freática com base nas leituras de campo. A ausência de dados relativos a condutividade
hidráulica dos materiais nos levou após algumas tentativas a fixação do valor da
condutividade do maciço compactado, do filtro e do gnaisse medianamente
decomposto, alterando-se apenas a condutividade hidráulica do gnaisse muito
decomposto e em algumas das análises a curva característica do maciço compactado.
Nas três Seções utilizou-se a vazão prescrita no filtro, como dado de entrada, de
acordo com a área de influência de cada Seção por metro da barragem. Pôde-se observar
a grande sensibilidade do programa em relação a variação dessas vazões e das curvas
características (argila ou areia). Durante o estudo de convergência outros parâmetros e
condições de contorno foram avaliados.
Nesta abordagem, optou-se por uma análise de fluxo bidimensional em regime
permanente, devido a estabilidade do nível d’água do reservatório. Essa escolha atendeu
as expectativas quanto ao posicionamento da linha freática no caso das três Seções,
mesmo quando não se observa o forte mergulho da linha freática no maciço argiloso
próximo ao filtro vertical para a análise da Seção 2. Esta evidência apresentada pela
instrumentação de campo, foi razoavelmente modelada adotando-se a função
condutividade hidráulica de um solo arenoso.
Após a obtenção das linhas freáticas deu-se início as análises de estabilidade
através do método convencional, onde os valores dos parâmetros de resistência (ângulo
de atrito e coesão) utilizados são constantes. Através da combinação das condições de

141
drenagem no momento da ruptura com os parâmetros de resistência do solo, conforme
Tabelas 5.4, 5.6 e 5.7 propiciaram quatro valores distintos de coeficiente de segurança
para a análise de cada uma das três seções. Em todos os casos analisados se optou, de
forma conservadora, pelo menor coeficiente de segurança calculado. A credibilidade
dos resultados obtidos é notória quando se observa à coerência em relação aos
resultados obtidos, pois todos os fatores de segurança de menor valor ocorreram para os
mesmos parâmetros e condições de campo (Análise 3), ou seja, condições drenadas e
solo saturado. Nestas condições não há ganho de resistência proviniente da sucção
matricial ou geração de poro-pressão negativa.
A análise mais conservadora ocorreu para parâmetros efetivos, fato também
compreensível, pois os níveis de tensão verificados em campo apresentam valores
abaixo da tensão de pré-adensamento. Com o nível elevado de geração de poro pressão
negativa a envoltória de resistência efetiva se desloca com um ângulo acentuado em
relação à envoltória de resistência total, conforme o gráfico da Figura 5.5. Abaixo do
ponto de interseção das duas retas, que também identifica a tensão de pré-adensamento,
a resistência para parâmetros efetivos é menor em relação a resitência para parâmetros
totais.
Pode-se observar através da análise de estabilidade valores expressivos de
interceptos de coesão. Para as amostras de solo na umidade natural isso ocorre devido a
coesão aparente sendo que nas amostras saturadas a acorrência é devida a sucção gerada
por poro-preessão negativa.
Na análise de estabilidade probabilística das seções, conforme a Tabela 5.5,
utilizando-se a média e o desvio padrão de todos os resultados obtidos das amostras
ensaiadas em laboratório, relativos ao maciço compactado da barragem, por ter
incorporado os parâmetros não drenados, que incorporam sucção gerada no
cisalhamento e o estado não saturado, que incorpora coesão aparente (sucção matricial),
resultaram em fatores de segurança maiores que os obtidos na análise de método
convencional. Contudo, neste estudo particular, os gráficos das Seções 2 e 3
demonstram que existem coeficientes de segurança com valores abaixo da unidade,
dentre as combinações analisadas.
Esses dados indicam que de todas as combinações analisadas, algumas
apresentaram coeficientes abaixo do esperado e que no caso deste estudo específico

142
contribuíram com uma percentagem muito pequena. Os resultados gráficos apresentados
na análise de estabilidade probabilística, comparados com os resultados obtidos na
análise convencional, apontam para uma probabilidade de ruptura praticamente nula,
para todas as seções analisadas
Pode-se concluir que a análise de estabiliade realizada anteriormente, contratada
pela CEMIG, deveria apresentar fatores de segurança menores do que da análise
presente, devido a tendência de afloramento da linha freática durante o período em que
o sistema de drenagem auxiliar se encontrava colmatado. Observa-se também na análise
anterior a baixa condutivibilidade hidráulica do maciço compactado e do filtro vertical,
motivados talvez pela necessidade de elevar-se a linha freática para uma modelagem
compatilizada com os níveis d’água elevados apresentados pela instrumentação na
época. Através da Tabela 5.1 percebe-se uma certa variação nos valores dos dados de
entrada em relação a análise atual, principalmente em relação aos dados de coesão
efetiva. Contudo o fato comum e marcante na comparação entre as duas análises é que
ambas apresentaram a condição mais concervadora para parâmetros .

6.3 Sugestões Finais

- A implementação de alguns estudos e pequenas obras de médio prazo com o intuito de


garantir a estanqueidade das juntas construtivas da galeria da tulipa, impedindo a
saturação na região de contato com o maciço e a execução de uma obra de contenção
para coletar as leituras de vazão d’água do sistema de drenagem principal nos períodos
de chuva..
- Realização de ensaios de equalização e linpeza em todos os piezômetros e a
manutenção da periodicidade das leituras do sistema de drenagem principal, visto a
importância dessas leituras para a detecção de uma possível obstrução do sistema de
drenagem principal.
- Análise de estabilidade dos taludes de jusante considerando-se o efeito da
precipitação.

143
- Pesquisas futuras poderão ser desenvolvidas no sentido de se analisar a grandeza das
vazões coletadas do sistema de drenagem principal da barragem e a sua correlação com
o desenvolvimento de um possível processo de colmatação.

144
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