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Obtenção de propriedades do enrocamento para


análise de barragens de enrocamento com face
de concreto
D. D. Loriggio, UFSC; M. Maccarini, UFSC; P. R. Senem, Leme Engenharia; D. Pacheco, Leme Engenharia; M.
W. Moura, UFSC; A. Watzko, Leme Engenharia.

Resumo - Este trabalho aborda os aspectos da pesquisa “Otimiza- Atualmente as barragens de enrocamento têm sido instru-
ção de Barragens de Enrocamento com Face de Concreto”, do mentadas com a finalidade de se observar, principalmente,
programa P&D da Tractebel Energia, referentes à obtenção de os deslocamentos e infiltrações ao longo da vida útil da bar-
parâmetros do enrocamento para serem usados em análises numéri- ragem. O controle dos deslocamentos permite verificar hipó-
cas de barragens de enrocamento com face de concreto. Inicialmen-
teses adotadas durante a fase de projeto, bem como obter
te são apresentados aspectos ligados à construção de equipamentos
para ensaios de compressão uniaxial e triaxial, o desenvolvimento características dos materiais utilizados na construção mais
da metodologia para a realização desse tipo de ensaio e a obtenção próximas da realidade. O mesmo controle permite acompa-
de parâmetros necessários à análise numérica à partir de amostras nhar o desempenho da estrutura durante a sua utilização.
de grandes dimensões. Mostra-se, também, a utilização da grande O acompanhamento dos resultados da auscultação pode
quantidade de dados de auscultação da barragem de Itá para a ob- aumentar a segurança da barragem, com a definição de ní-
tenção de módulos de deformabilidade adequados para a aplicação veis de alerta, a partir dos quais a barragem deixaria de fun-
em análises numéricas. cionar em níveis considerados normais. A definição desses
níveis pode ser feita a partir de previsões teóricas e do estu-
Palavras-chave – Análise numérica, auscultação, barragem
do de obras similares.
de enrocamento, ensaios de enrocamento, módulo de
deformabilidade. Apesar dos benefícios citados da instrumentação, ela ain-
da pode fornecer resultados valiosos na retroanálise do com-
portamento estrutural e para pesquisa, que podem melhorar a
I. INTRODUÇÃO qualidade do projeto de obras futuras. Essa área ainda é
pouco explorada, de uma maneira geral, e este trabalho vai
tratar de discutir assuntos importantes para um maior apro-
As barragens de enrocamento com face de concreto são, veitamento dos resultados de instrumentação.
ainda hoje, projetadas com critérios praticamente empíricos. A análise numérica pode ser uma ferramenta poderosa
A utilização da análise numérica, que é uma realidade nas nesses estudos. E estudos nessa área da modelagem da bar-
mais diversas áreas da engenharia, ainda não é uma ferra- ragem podem contribuir para uma otimização em várias á-
menta usual para o desenvolvimento do projeto deste tipo e reas, tal como no zoneamento do corpo da barragem.
barragem.
Um dos problemas a ser resolvido para uma utilização
mais efetiva das análises numéricas nesse tipo de projeto é a II. CONSTRUÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
extrema sensibilidade das análises a aos parâmetros dos ma-
teriais. Portanto, um cuidado especial deve ser dado à de-
terminação desses parâmetros. Uma proposta da presente pesquisa, na área de ensaios,
Este trabalho vai enfocar duas frentes para a aquisição de foi de desenvolver estudos sobre a “Mecânica dos Enroca-
parâmetros de materiais de enrocamento: a área de ensaios mentos” na UFSC com o objetivo de caracterizar e buscar o
de laboratório e a análise dos resultados da auscultação. entendimento do comportamento geomecânico dos mesmos,
Na área de ensaios existe a necessidade do desenvolvi- desenvolvendo uma metodologia de testes para a obteção de
mento de ensaios capazes de determinar de maneira repre- parâmetros destes materiais que servirão de parâmetros para
sentativa os parâmetros dos materiais de enrocamento. Para as análises numéricas e para o projeto de barragens de enro-
tanto, é necessário utilizar equipamentos compatíveis e de- camento com face de concreto.
senvolver uma metodologia adequada. Neste sentido, foram desenvolvidas duas metodologias:
uma para ensaio de compressão unidimensional e outro para
ensaios triaxiais, ambos utilizando amostras de grandes di-
Os autores agradecem à Tractebel Energia pelo apoio e o financiamento da mensões, necessárias para representar adequadamente a dis-
pesquisa “Otimização do Projeto de Barragens de Enrocamento com Face tribuição granulométrica de enrocamentos dos protótipos.
de Concreto”, cujos resultados são apresentados parcialmente neste artigo. Prioritariamente, desenvolveu-se o equipamento para a
D.D.Loriggio, Doutor, Professor Titular do Departamento de Engenha-
ria Civil da UFSC (e-mail: d.loriggio@gmail.com).
condução de testes de compressão unidimensional, tendo em
M. Maccarini, PhD, Professor Titular do Departamento de Engenharia vista que boa parte deste equipamento já havia sido doada ao
Civil da UFSC (e-mail: ecv1mac@ecv.ufsc.br). Laboratório de Mecânica dos Solos da UFSC pela empresa
P.R.Senem, Msc, Engenheiro da Leme Engenharia Ltda e aluno do Tractebel Energia. Através do projeto de pesquisa foram
Doutorado em Engenharia Civil da UFSC (e-mail: senem@leme.com.br)
projetados, desenvolvidos e adquiridos componentes com-
D. Pacheco, engenheira da Leme Engenharia Ltda Ltda e aluna do
mestrado em engenharia civil UFSC (e-mail: debora@leme.com.br) plementares, tais como o sistema hidráulico de aplicação de
M.W.Moura, Msc, aluno do Doutorado em Engenharia Civil da UFSC. cargas, o sistema de aquisição de dados, sensores de medi-
A. Watzko, engenheiro da Leme Engenharia Ltda e aluno do mestrado ção de força, de deslocamento, de deformações (“strain ga-
em engenharia civil UFSC (e-mail: aires@leme.com.br).
2

ges”), entre outros. A prensa já havia sofrido anteriormente Em pesquisas realizadas anteriormente por outros autores,
uma alteração, de modo a permitir também a realização de observou-se que os testes de compressão unidimensional em
testes triaxiais em amostras de grande diâmetro. células cilíndricas de aço, com materiais rochosos, apresen-
A célula de compressão unidimensional consta basica- tavam uma fração considerável de perda da carga vertical
mente de um tubo de aço com altura de 50 cm, diâmetro aplicada, em função do atrito lateral desenvolvido entre as
interno de 100 cm e espessura de parede de 9,52 mm. partículas de enrocamento e a parede interna da célula de
Para as medidas das deformações laterais foram instalados aço. Mesmo as células de compressão unidimensional de
8 extensômetros elétricos (“strain-gages”), dispostos circufe- paredes deformáveis verticalmente, desenvolvidas por Fu-
rencialmente a meia altura do tubo e igualmente espaçados magalli [1] e Pinto [2] e destinadas a minimizar o atrito late-
entre si. Para a deformação vertical foram utilizados 3 ral, apresentam uma deformação lateral não representando,
LVDTs, espaçados circunfrencialmente de 120°. A aplica- desta maneira, um confinamento lateral que simule a condi-
ção da carga na amostra é aplicada por meio de um atuador ção Kο, ou seja, deformação lateral zero. A condição Kο
hidráulico, controlado automaticamente, com capacidade de ocorre em pontos da linha vertical que passa pelo centro da
2200 kN. O pistão permite um deslocamento de 21 cm. As seção das barragens. (condição de simetria de carregamento
fotos 1 e 2 mostram o arranjo do equipamento. devido ao peso próprio).
Em virtude disso, optou-se por desenvolver um sistema de
medição contínua do atrito lateral durante a aplicação de
pressão na amostra de enrocamento, através da técnica do
anel fixo ou da célula de compressão fixa. Em outras pala-
vras, a célula de compressão é apoiada sobre três células de
carga, distribuídas uniformemente na circunferência, de tal
maneira que todo o atrito desenvolvido pela amostra e a pa-
rede interna da célula, durante o teste, é transferida para es-
tas células de carga e monitoradas continuamente. Esta força
de atrito é posteriormente deduzida da carga aplicada, de tal
modo que a curva tensão-deformação obtida, da qual são
obtidos os parâmetros de compressibilidade, representa mais
fielmente as deformações causadas pela tensão “efetiva” ou
‘líquida’ atuante na amostra, ou seja, a carga aplicada dedu-
zida da parcela de atrito.
O desenvolvimento e a aplicação do sistema de medição
da força de atrito lateral representa um passo importante
para a obtenção de relações tensão-deformação mais repre-
sentativas dos enrocamentos e é, sem dúvida, um aprimora-
mento da metodologia deste teste. Em função disso, amos-
tras com alturas maior que 50 cm poderão ser ensaiadas e
Foto 1– Detalhe do anel de compressão unidimensional, mostrando o
pedestal de concreto de alta resistência no fundo do mesmo.
isto permitirá que o tamanho máximo de partícula aumente
e, desta maneira, represente de forma ainda mais fiel os en-
rocamentos.
A forma de carregamento utilizada teve como objetivo re-
presentar o processo construtivo facilitando desta maneira a
comparação entre os dados obtidos em campo e das amos-
tras de laboratório. Neste sentido, o grau de compactação da
amostra de enrocamento, e a quantidade de água utilizada
para este processo também foram proporcionais às verifica-
das em campo. O grau de compactação obtido nas amostras
foi da ordem de 95%, enquanto que cerca de 10% do volume
de enrocamento foi adicionado de água para a compactação
do mesmo.
O restante da metodologia adotada foi desenvolvida e a-
daptada baseada em pesquisas anteriores realizadas em ou-
tros laboratórios no exterior e no Brasil.
As propriedades físicas dos enrocamentos, consideradas
nesta pesquisa, compreendem: a litologia do material, a for-
ma de partícula, o tamanho máximo de partícula, a distribui-
ção granulométrica e a densidade seca. Além destas proprie-
dades foram ainda levadas em consideração a espessura das
camadas, o peso do rolo compactador, o número de passadas
e a quantidade de água adicionada, estas com relação ao
protótipo.
Foto 2 – Amostra montada e na posição de teste. As amostras de enrocamento de basalto foram preparadas
para se obter curvas paralelas à do enrocamento em campo.
3

Esta técnica permite preservar a porcentagem de finos na forma obtidos confirmam a angulosidade nas partículas de
amostra e, conseqüentemente, sua influência no comporta- basalto.
mento mecânico dos enrocamentos. A relação dimensão Nos ensaios de abrasão Los-Angeles, realizados tanto pa-
mínima do corpo de prova/diâmetro máximo da partícula de ra a brecha basáltica quanto para o riodacito foram obtidos
laboratório utilizada foi de 5. Este valor foi escolhido por valores dentro do limite estipulado para este tipo de material
estar na média entre os valores obtidos por Fumagalli [1] e para a Barragem de Machadinho (abrasão ≤ 25 %). Com
Pinto [2], atualmente os mais utilizados. este ensaio constata-se a menor resistência à abrasão da bre-
O enrocamento ensaiado foi doado à UFSC e é provenien- cha basáltica comparada com o riodacito.
te do estoque de material selecionado da Barragem de Ma- Para cada ensaio de compressão unidimensional foram
chadinho – SC (Barragem de enrocamento com face de con- obtidas as seguintes relações gráficas: a) tensão vertical efe-
creto com 126 m de altura). As fotos abaixo mostram o rio- tiva líquida versus deformação vertical específica, b) força
dacito e a brecha basáltica doados antes da britagem para a vertical efetiva líquida versus deformação vertical, c) índice
obtenção da granulometria a ser ensaiada. de vazios versus tensão vertical efetiva líquida, d) tensão
radial total versus tensão vertical efetiva líquida e f) módulo
secante versus tensão vertical efetiva líquida, g) curvas gra-
nulométricas anterior e posterior a cada ensaio e h) força de
atrito lateral versus força vertical total aplicada.
Os ensaios realizados foram denominados:
Md10/1S – ensaio 1 em basalto com compactação a seco
apresentando um dimensão média característica de 10 mm.
Md10/2I - ensaio 2 em basalto com compactação a seco
apresentando um dimensão média característica de 10 mm
com submersão do material durante a aplicação da carga.
Md10/3U - ensaio 1 em basalto com adição de água na
compactação apresentando um dimensão média característi-
Foto 3- Partículas de Riodacito. ca de 10 mm.
As curvas tensão-deformação correspondentes podem ser
vistas na Figura 1.

Foto 4- Partículas de Brecha Basáltica.

III. RESULTADOS DOS ENSAIOS


O produto principal resultante desta parte da pesquisa, é
sem dúvida o desenvolvimento da prensa de testes e a sua
disponibilização para a realização de ensaios que possibilita-
rão o aprimoramento do conhecimento das propriedades
físicas e mecânicas de materiais grosseiros, tipo enrocamen-
tos.
Inicialmente foram caracterizadas as propriedades das
partículas e da rocha de origem do enrocamento e, posteri-
ormente, foram analisadas as características do enrocamento
como meio granular através do ensaio de compressão unidi-
mensional.
Verifica-se que a absorção na brecha basáltica é maior Figura 1 – Curvas tensão-deformação dos testes de compressão unidi-
mensional.
que no riodacito e que, para menores diâmetros nominais a
absorção é também maior. Os valores de laboratório estão
Durante os ensaios 1 e 2 houve a necessidade de se provi-
próximos aos valores estipulados para a Barragem de Ma-
denciar um descarregamento rápido por problemas ocorridos
chadinho (absorção ≤ 3 %).
na prensa. No primeiro ensaio isto ocorreu no início do últi-
Para a determinação do Cf (coeficiente de forma) proce-
mo estágio de carregamento, a mais ou menos 1300 kN.
deu-se a pesagem e a determinação da dimensão média das
Procedeu-se a seguir o recarregamento em uma etapa de 0 a
partículas. Na pesagem utilizou-se uma balança eletrônica
1400 kN aproximadamente, esperando a estabilização das
com precisão de 0,01 g. Os baixos valores do coeficiente de
4

deformações neste estágio para então prosseguir o ensaio.


No segundo ensaio este descarregamento rápido ocorreu em
uma carga baixa, aproximadamente 130 kN. Em ambos os
testes, o descarregamento foi providenciado em decorrência
de defeitos verificados no manômetro que indica a pressão
no óleo. Estes manômetros tinham capacidade de apenas
28000kPa (280kg/cm2). Ambos foram substituídos por um
com capacidade de 40000kPa. A máxima pressão aplicada
foi de 25000kPa.
O ensaio 2 foi realizado com amostra inundada sob carre-
gamento vertical constante. A adição de água durante o en-
saio de compressão unidimensional deveria provocar um
colapso significativo do enrocamento. Entretanto foi obser-
vado um pequeno aumento da deformação quando adiciona-
da a água. Provavelmente este aspecto está relacionado com
o baixo nível de tensões adotado durante a inundação (400
kN/m). Obviamente, outros fatores influenciaram, tais como,
a granulometria graduada da amostra, a quantidade de finos
e a densidade do material. É importante salientar que o
índice de absorção é relativamente baixo, principalmente o
índice do riodacito cerca de 2,3 % de absorção da rocha que
compõem 70 % da mistura deste enrocamento ensaiado. Figura 2 – Valores percentuais da força de atrito lateral em relação à
No ensaio 3 onde foi realizada a compactação do material força vertical total aplicada na amostra para o teste 1.
com molhagem notou-se uma maior dificuldade em se atin-
gir a densidade especificada, comparada com os dois ensaios
anteriores. Esta dificuldade pode estar ligada a um possível
carreamento dos finos durante o lançamento da água da mo-
lhagem da amostra. Isto faz com que os contatos entre as
partículas mobilizem grandes tensões de resistência, dificul- IV. .INSTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS DE ENROCAMENTO
tando a compactação. Vale ressaltar que a água foi lançada
após a colocação da camada dentro da célula de compressão A instrumentação usual de uma barragem fornece os des-
unidimensional. Neste ensaio, o material apresentou-se me- locamentos horizontais e verticais de vários pontos no inte-
nos deformável comparado com os dois anteriores. rior do enrocamento, através de medições periódicas reali-
O sistema de medida da força de atrito lateral entre as par- zadas nas células de recalque. Essas células de recalque são
tículas e a parede da célula de compressão unidimensional monitoradas desde a sua instalação, compreendendo tanto o
utilizado nesta pesquisa apresentou-se eficiente alcançando o período construtivo como o período de enchimento.
objetivo da pesquisa. Abaixo é apresentada a relação entre a A Figura 3 apresenta a disposição das células de recalque,
força de atrito lateral e a força vertical efetiva total aplicada instaladas na barragem de enrocamento de Itá, na seção que
relativamente ao teste 1. A porcentagem da força de atrito foi analisada neste trabalho. As outras seções instrumentadas
lateral em relação a força vertical efetiva aplicada foi em possuem uma disposição similar.
torno de 23 % em todos os ensaios.
Esta medida é muito importante neste tipo de ensaio, pois EIXO DA BARRAGEM

somente desta forma consegue-se realmente conhecer e cor- 375,50

relacionar os valores de tensão e deformação para cada ma-


terial. CR-15 CR-16 352,00

CR-12 CR-13 CR-14 326,50

CR-07 CR-08 CR-09 CR-10 CR-11 300,00

272,00
CR-01 CR-02 CR-03 CR-04 CR-05 CR-06

Figura 3. Disposição das células de recalque de Itá.

V. TRATAMENTO DOS DADOS DA AUSCULTAÇÃO

Os deslocamentos obtidos pela auscultação devem ser


trabalhados para que possam ser encontrados parâmetros de
interesse relativos aos materiais que serão usados em análi-
ses numéricas posteriores.
5

Utilizando dados provenientes da barragem de Itá, refe- Para o período de enchimento, o valor das tensões verti-
rentes às etapas de construção e de enchimento, foram reali- cais atuantes em cada camada foi calculado a partir de uma
zadas várias análises. A partir das tensões e deformações análise pelo Método dos Elementos Finitos, utilizando o
verticais, foram traçados gráficos de tensão × deformação de programa SAP2000, pois procedimentos simplificados não
várias camadas compressíveis de enrocamento compreendi- conseguem representar com precisão adequada essas ten-
das entre duas células subseqüentes, localizadas no mesmo sões. Como as tensões, dentro do modelo numérico, depen-
eixo vertical. O objetivo desse estudo foi a determinação dos dem dos módulos de deformabilidade do material, a deter-
módulos de deformabilidade das diversas camadas de enro- minação das tensões foi feito por um processo iterativo.
camento nas fases construtiva e de enchimento. Na modelagem da barragem, foram considerados vários
níveis de carregamento correspondentes ao enchimento do
reservatório, sendo extraídos os valores das tensões verticais
A. Procedimento para a determinação das deformações
em todos os pontos correspondentes às células de recalque,
para cada nível de carregamento. Também foram considera-
A seguir será mostrada a metodologia adotada na deter- dos pontos intermediários entre as células, para melhor re-
minação das deformações das várias camadas compressíveis presentar a distribuição de tensões ao longo da camada com-
de enrocamento. pressível.
O deslocamento vertical relativo entre as duas células de
recalque que delimitam uma camada em análise, pode ser
calculado pela Equação (1), para um determinado instante de C. Determinação dos módulos de deformabilidade
tempo:
Para cada leitura realizada foi calculada uma deformação
∆L = d sup − d inf , (1) específica e uma tensão correspondente, no trecho da seção
transversal em questão. Assim, com os conjuntos de valores
de tensão e deformação, traçaram-se os gráfico σ × ε para as
onde:
diversas regiões do corpo da barragem.
dsup = recalque medido pela célula superior em determinado
Os módulos de deformabilidade das diversas camadas
instante de tempo;
foram calculados diretamente a partir da análise desses grá-
dinf = recalque medido pela célula inferior para o mesmo
ficos. Para melhor representar os módulos tangentes, neces-
instante de tempo.
sários na análise da fase de enchimento, foram definidos
trechos aproximadamente lineares ao longo das curvas, cal-
Obviamente todos os recalques se referem a valores acu-
culando-se os módulos pela Equação (4):
mulados no mesmo intervalo de tempo.
A deformação específica ε de cada camada, em cada
instante de tempo, foi calculada pela relação entre o recalque ∆σ
E= , (4)
desta camada (∆L) e a sua espessura (L), conforme mostra a ∆ε
Equação (2):
onde:
∆L ∆σ = variação da tensão no trecho considerado;
ε= . (2) ∆ε = variação da deformação no trecho considerado.
L
São apresentados, a seguir, os resultados da análise de
B. Procedimento para a determinação das tensões tensão e deformação de algumas regiões de enrocamento,
para os períodos de construção e de enchimento. Nos gráfi-
Para o período construtivo, o valor das tensões verticais, cos são indicados, também, os valores dos módulos de de-
correspondentes às deformações definidas no item anterior, formabilidade para os trechos aproximadamente lineares.
deve-se à altura (H) de enrocamento sobre a camada com-
pressível no instante de tempo em questão, conforme Equa-
D. Resultados da análise para o período construtivo
ção (3):

σ = γ .H . (3) Na região entre as células CR-16 e CR-14, observa-se um


comportamento aproximadamente linear ao longo de grande
parte do carregamento, até atingir uma tensão em torno de
Foi necessário, portanto, ter acesso à altura de construção
300 kN/m, conforme Figura 4. Neste trecho, o módulo cal-
da barragem ao longo do tempo. No caso de Itá, foram
culado foi de 45 MPa.
computadas alturas em cada linha vertical de células de
recalque.
Na determinação das tensões do período construtivo foi
utilizada a hipótese usual de que as mesmas são função do
peso de enrocamento que atua verticalmente sobre a camada
em questão. Embora estes valores de tensão não sejam reais,
eles representam uma boa aproximação e, do ponto de vista
qualitativo, representam muito bem o comportamento físico
do enrocamento durante a construção.
6

CR16-CR14 CR10-CR05

500 1800
450 1600
400
1400
350
1200

Tensão (kN/m²)
Tensão (kN/m²)

300 49 MPa
1000
250
800
200
600
150
45 MPa
400
100 29 MPa
200
50
0
0 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00%
0,00% 0,21% 0,42% 0,63% 0,84% 1,05%
Deformação
Deformação

Figura 6. Tensão-deformação da camada entre CR-10 e CR-05.


Figura 4. Tensão-deformação da camada entre CR-16 e CR-14

Na região entre as células CR-13 e CR-09, houve dois Na região entre a célula CR-02 e a fundação, houve um
comportamentos distintos durante o carregamento, conforme comportamento bem definido durante o carregamento, apre-
mostra a Figura 5. O enrocamento apresentou um módulo de sentando um módulo de 42 MPa, apresentado na Figura 7.
68 MPa em um pequeno trecho, diminuindo para 34 MPa no
segundo trecho. Apesar do aumento no confinamento do CR02-FUND.

enrocamento, o módulo diminuiu.


800
Existe, ainda, um trecho final com deformações acentua-
das sem acréscimo de carregamento. Este fato deve-se, pro- 700

vavelmente, ao critério adotado para a determinação das 600

variações de tensões. A partir do momento que a barragem


Tensão (kN/m²)

500

atingiu a cota 352 m, segundo o critério adotado, não existe 400

mais acréscimo de altura sobre as células CR 13 e CR 9, mas 300

a continuação da construção da barragem continua causando 42 MPa


200
um acréscimo de tensões naquela região. 100

0
CR13-CR09 0,00% 1,00% 2,00% 3,00% 4,00% 5,00% 6,00%
Deformação
700
Figura 7. Tensão-deformação da camada entre CR-02 e fundação.
600

500 Na região entre a célula CR-04 e a fundação houve dois


34 MPa comportamentos distintos, apresentando um aumento no
Tensão (kN/m²)

400
módulo de elasticidade de 29 MPa para 51 MPa durante o
300 carregamento, conforme Figura 8.
200

100
68 MPa CR04-FUND.

0 2000
0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00% 2,50% 3,00% 1800
Deformação 1600

1400
Figura 5. Tensão-deformação da camada entre CR-13 e CR-09
Tensão (kN/m²)

1200

1000
A região entre as células CR-10 e CR-05 apresenta dois 800
51 MPa
trechos de comportamentos distintos, separados por períodos 600
de pausa, onde não houve carregamento sobre a vertical das 400
células de recalque. Esses trechos não apresentam interesse 200
29 MPa
na determinação dos módulos tangentes. 0

Nessa região houve um aumento no módulo de 29 MPa 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00%
Deformação
para 49 MPa, conforme mostra a Figura 6.
Figura 8. Tensão-deformação da camada entre CR-04 e fundação.

A Figura 9 apresenta o mapeamento dos módulos de de-


formabilidade teóricos do enrocamento para o período cons-
trutivo, adotado na elaboração do projeto de Itá.
7

25 MPa

40 MPa 20 MPa

70 MPa 25 MPa

15 MPa 15 MPa

50 MPa

Figura 9. Mapeamento dos módulos de deformabilidade teóricos.

Em função dos estudos realizados com os dados da aus- Alguns trechos possuem dois valores para os módulos, indi-
cultação, que definiram as curvas tensão × deformação, a- cando uma variação dos mesmos durante o acréscimo de
presentadas anteriormente, e os valores dos módulos de de- tensões.
formabilidade para algumas camadas, um mapeamento des-
ses valores é apresentado na Figura 10, onde se poderá fazer
uma primeira comparação com os valores teóricos adotados.

EIXO DA BARRAGEM

375,50

CR-15 CR-16 352,00

45 MPa
CR-12 CR-13 CR-14 326,50

68-34 MPa 55-32 MPa

CR-07 CR-08 CR-09 CR-10 CR-11 300,00

71-31 MPa 29-49 MPa 22-53 MPa


272,00
CR-01 CR-02 CR-03 CR-04 CR-05 CR-06

42 MPa 37 MPa 20-51 MPa 15-34 MPa 21 MPa

Figura 10. Mapeamento dos módulos de deformabilidade calculados.

Nos trechos cujos módulos de deformabilidade foram cal- Na região entre as células CR-12 e CR-08 houve um
culados, observam-se as diferenças entre esses valores e os comportamento normal da camada de enrocamento, confor-
valores teóricos adotados. Percebe-se que os valores adota- me Figura 11. O acréscimo das tensões foi acompanhado do
dos, de uma forma geral, estão bem abaixo dos valores cal- acréscimo das deformações, de forma não linear. Os valores
culados, o que poderá acarretar diferenças em uma análise dos módulos de deformabilidade variaram de 576 MPa a 50
numérica do período construtivo. MPa durante o carregamento.

E. Resultados da análise para o período de enchimento


8

CR 12 - CR 08
Na região entre as células CR-07 e CR-02 os módulos de
deformabilidade variaram entre 865 e 14 MPa, conforme
-450
Figura 14, não obedecendo rigorosamente um comportamen-
-400 to normal, mas apresentando uma tendência de diminuição
50 MPa
-350 dos módulos ao longo do carregamento.
-300
109 MPa
Tensão (kN/m²)

-250
CR 07 - CR 02
-200
223 MPa -600
-150
14 MPa
-100
-500
-50
576 MPa
0
-400

Tensão (kN/m²)
50
0,10% 0,05% 0,00% -0,05% -0,10% -0,15% -0,20% -0,25% -0,30% -0,35%
31 MPa
-300
Deformação
368 MPa
Figura 11. Tensão-deformação da camada entre CR-12 e CR-08. -200

163MPa
Na região entre as células CR-13 e CR-09 também houve -100

um comportamento normal da camada de enrocamento, con- 865MPa


forme Figura 12. Os valores dos módulos de deformabilida- 0

de variaram de 124 MPa a 25 MPa durante o carregamento. 0,20% 0,00% -0,20% -0,40% -0,60% -0,80% -1,00%
Deformação

CR 13 - CR 09 Figura 14. Tensão-deformação da camada entre CR-07 e CR-02

-180
Na região entre a célula CR-02 e a fundação, apesar da si-
-160 nuosidade em determinado trecho, houve um comportamen-
-140 to normal durante o carregamento, conforme mostra a Figura
-120
25 MPa 15. Os módulos de deformabilidade variaram de 142 a 26
Tensão (kN/m²)

-100
MPa.
-80
56 MPa CR 02 - FUND.
-60

-40 -600

-20
26 MPa
-500
0
0,10% 0,00% -0,10% -0,20% -0,30% -0,40% -0,50% 19 MPa
Deformação -400
Tensão (kN/m²)

Figura 12. Tensão-deformação da camada entre CR-13 e CR-09.


-300

Na região entre as células CR-14 e CR-10 os valores dos 32 MPa


-200
módulos de deformabilidade variaram de 38 MPa a 11 MPa
durante o carregamento, conforme Figura 13. 47 MPa
-100

142 MPa
CR 14 - CR 10 0
0,50% 0,00% -0,50% -1,00% -1,50% -2,00% -2,50%
-90 Deformação

-80
Figura 15. Tensão-deformação da camada entre CR-02 e fundação.
-70

-60 Para a região entre a célula CR-03 e a fundação, o com-


Tensão (kN/m²)

-50
11 MPa portamento se mostrou bem definido durante o carregamen-
-40
to, com uma tendência linear, conforme Figura 16. Os módu-
los de deformabilidade variaram de 78 a 29 MPa.
-30
17 MPa
-20

-10
38 MPa
0
0,10% 0,00% -0,10% -0,20% -0,30% -0,40% -0,50% -0,60%
Deformação

Figura 13. Tensão-deformação da camada entre CR-14 e CR-10


9

CR 03 - FUND. CR 05 - FUND.

-200 -35

-180
-30
-160

-140 -25
11 MPa
Tensão (kN/m²)

Tensão (kN/m²)
-120
29 MPa -20
-100

-80 -15

-60
-10
43 MPa
-40 10 MPa
-20 -5
78 MPa 14 MPa
0
0
0,10% 0,00% -0,10% -0,20% -0,30% -0,40% -0,50%
0,00% -0,05% -0,10% -0,15% -0,20% -0,25% -0,30% -0,35%
Deformação
Deformação

Figura 16. Tensão-deformação da camada entre CR-03 e fundação Figura 18. Tensão-deformação da camada entre CR-05 e fundação

Para a região entre a célula CR-04 e a fundação, o com- Finalmente, para a região entre a célula CR-06 e a funda-
portamento também se mostrou bem definido durante o car- ção, o comportamento também se mostrou linear, e os módu-
regamento, com uma certa semelhança com o anterior, con- los de deformabilidade variaram entre 4 e 5 MPa, conforme
forme Figura 17. Os módulos de deformabilidade variaram Figura 19.
de 33 a 18 MPa.
CR 06 - FUND.
CR 04 - FUND.
-16
-80
-14
-70
-12
-60
Tensão (kN/m²)

-10
18 MPa
5 MPa
Tensão (kN/m²)

-50
-8
-40
-6

-30
-4
25 MPa
-20
-2
4 MPa
-10
0
33 MPa 0,00% -0,05% -0,10% -0,15% -0,20% -0,25% -0,30% -0,35%
0
0,05% 0,00% -0,05% -0,10% -0,15% -0,20% -0,25% -0,30% -0,35% -0,40% Deformação

Deformação
Figura 19. Tensão-deformação da camada entre CR-06 e fundação
Figura 17. Tensão-deformação da camada entre CR-04 e fundação
A Figura 20 apresenta o mapeamento dos módulos de de-
Para a região entre a célula CR-05 e a fundação, o com- formabilidade teóricos do enrocamento para o período de
portamento também se mostrou bem aproximadamente line- enchimento, adotado na elaboração do projeto de Itá
ar, com os módulos de deformabilidade variando de 14 a 11 Um mapeamento dos valores obtidos pelos gráficos é a-
MPa, conforme Figura 18. presentado na Figura 21, onde se poderá fazer uma primeira
comparação com os valores teóricos adotados. Da mesma
forma que o período construtivo, alguns trechos possuem
dois valores para os módulos, indicando uma variação dos
mesmos durante o acréscimo de tensões.
10

50 MPa

80 MPa 40 MPa

140 MPa 50 MPa

30 MPa 30 MPa

100 MPa

Figura 20. Mapeamento dos módulos de deformabilidade teóricos

EIXO DA BARRAGEM

375,50

CR-15 CR-16 352,00

CR-12 CR-13 CR-14

576-50 MPa 124-25 MPa 38-11 MPa

CR-07 CR-08 CR-09 CR-10 CR-11 300,00

272,00
CR-01 CR-02 CR-03 CR-04 CR-05 CR-06

142-26 MPa 78-29 MPa 33-18 MPa 14-11 MPa 4-5 MPa

Figura 21. Mapeamento dos módulos de deformabilidade calculados.

VI. PROCESSO ITERATIVO NO PERÍODO DE ENCHIMENTO


foram colocados novamente no modelo numérico para a
Diferentemente do que acontece no período construti- obtenção de novas tensões e assim sucessivamente.
vo, as tensões na fase de enchimento não podem ser de- Este processo continuou até atingir a convergência, ou
terminadas facilmente. Elas devem ser determinadas por seja, até que em dois cálculos consecutivos os módulos
uma análise numérica. Como a análise numérica depende de deformabilidade não apresentaram variações significa-
dos módulos de deformabilidade, o processo deve ser tivas. Foram realizados seis processamentos, mas a partir
iterativo. do terceiro não ocorreram mais alterações significativas
Inicialmente os módulos de deformabilidade teóricos nos valores de tensão e, conseqüentemente, nos módulos
foram substituídos pelo dobro dos módulos finais do pe- de deformabilidade.
ríodo construtivo (calculados anteriormente, com o auxí- Esse processo iterativo foi realizado apenas com o car-
lio dos dados fornecidos pela instrumentação), fornecen- regamento total de enchimento e, dessa forma, foram cal-
do valores de tensões para início das iterações. Com esses culados módulos de deformabilidade secantes finais do
valores de tensões, e as correspondentes deformações enrocamento.
obtidas da instrumentação, novos valores de módulos de
deformabilidade foram calculados. Esses novos módulos
11

VII. CONCLUSÕES Rockfill Dams, Design, Construction and Performance, ASCE,


Detroit.

A instrumentação de barragens fornece muitos dados


que podem ser utilizados na retroanálise das barragens.
Para tanto é necessário obter módulos de deformabilidade
dos materiais compatíveis com os modelos numéricos que
serão realizados.
De uma maneira geral é interessante obter módulos
tangentes para a análise da fase construtiva da barragem,
e não módulos secantes como alguns autores costumam
apresentar. Além disso, é importante determinar módulos
correspondentes a pequenas regiões do enrocamento, para
uma melhor modelagem numérica.
Já para a fase de enchimento, foi determinado o módu-
lo secante correspondente ao carregamento total. Entre-
tanto a metodologia adotada também permite a determi-
nação de módulos tangentes na fase construtiva, mas às
custas de um esforço computacional bem maior.
A construção de gráficos com um grande número de
resultados de instrumentação e a posterior análise desses
gráficos para a determinação dos módulos de deformabi-
lidade mostrou ser uma metodologia adequada.
A utilização de análises numéricas para melhorar a
precisão dos resultados obtidos, durante a fase construti-
va, é indicada como uma opção para trabalhos futuros.
O conhecimento do comportamento dos módulos de
deformabilidade durante as diversas fases tem grande
importância na análise de barragens, permitindo estudos
de retroanálise, otimização no zoneamento do enroca-
mento e uma análise mais precisa dos esforços atuantes
na laje de montante.
Verificou-se que a distribuição de células de recalque
ao longo do corpo da barragem é deficiente. Grandes
regiões a jusante da barragem não possuem células de
recalque, e parte dos instrumentos existentes a montante
está danificada. Dessa forma, o mapeamento dos módu-
los ficou prejudicado. Sugere-se, portanto, uma instru-
mentação mais detalhada em barragens futuras, com o
monitoramento também da parte de jusante da seção
transversal.

VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

[1] FUMAGALLI, E. Test on cohesionless materials for rockfill


dams. ASCE, Journal of the soil mechanics and foundation divi-
sion, SM1, p.313-330. Janeiro de 1969.
[2] PINTO, A. A. V. Previsão do Comportamento Estrutural de bar-
ragens de enrocamento. Proc. 53-11-7384. Lisboa, julho 1983.
[3] SILVEIRA, J.F.; SARDINHA, A. (1999) – “Comportamento da
BEFC da UHE Itá ao final do período construtivo” in Anais do II
Simpósio sobre Barragens de Enrocamento com Face de Concre-
to, Florianópolis.
[4] HUMES, C. (1999) – “A deformabilidade do enrocamento de
gnaisse da barragem Pedra do Cavalo” in Anais do II Simpósio
sobre Barragens de Enrocamento com Face de Concreto, Floria-
nópolis.
[5] Marques Filho, P.L., Machado, B.P., Toniatti,N.B., Kamel, K.F.
(1989) – “Alguns conceitos recentes de projeto e suas aplicações
em barragens de enrocamento com face de concreto” in Anais do
XVIII Sem. Nac. de Grandes Barragens, Foz do Iguaçu.
[6] Fitzpatrick, M. D.; Cole, B. A.; Kinstler, F. L.; Knoop, B. P.
(1985) – “. Design of concrete-faced rockfill dams” Concrete face

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