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INTRODUÇÃO:
No dia 07 de outubro de 2022 foi realizada a aula de campo da disciplina de
Hidrografia (CAA310), tendo como mediador o professor Francisco de Paula. O
estudo em campo teve como foco de análise a Bacia Hidrográfica do Rio Iguape
(BHRI), que está localizada na cidade de Ilhéus-BA. O Rio Iguape é responsável por
abastecer aproximadamente 60% da cidade, colocando-o como um dos mais
importantes corpos hídricos que percorrem a localidade.
A aula de campo teve no total sete paradas em diferentes pontos ao longo
desta Bacia Hidrográfica. Esses pontos de visitação foram dos mais diversos, onde
através desta aula prática foi possível observar as dinâmicas do rio principal em
seus diferentes estágios (desde as nascentes até o seu estuário) e também ter o
entendimento de alguns conceitos aprendidos em sala, a exemplo do conceito de
divisor de águas, nascente, estuário, o próprio conceito de bacia hidrográfica, entre
outros.
Com o auxílio de um GPS (Sistema de Posicionamento Global) e de um
recorte da carta topográfica denominada “Itabuna”, de escala 1:100000, foi possível
localizar e coletar as coordenadas UTM, de latitude e longitude dos pontos visitados
ao longo do percurso realizado. Vale ressaltar que quando coletamos as
coordenadas com o GPS, ele estava apontando uma margem de erro de 3 metros;
portanto, a localização dos pontos de parada que serão descritos ao longo do
relatório pode ter uma margem de erro de 3 metros na realidade, o que na verdade
não é nada muito gritante e não compromete o entendimento e o estudo dos pontos
visitados.
Nesse sentido, a aula prática teve por objetivo observar alguns pontos
referentes à BHRI, bem como entender as suas características e interações
ambientais, visto que ela possui diversos usos da terra. Desta forma, fazendo a
conexão entre teoria e prática, este relatório visa fazer a análise de uma bacia
hidrográfica, em específico a Bacia do Rio Iguape, no que se refere aos pontos
visitados, descrevendo-os e destacando as suas características, bem como refletir
acerca do lançamento do efluente do Aterro Sanitário de Ilhéus, o qual compromete
a qualidade da água, visto que o Rio Iguape abastece grande parte da cidade.
Conforme discorrido, a aula de campo nesta região contou com sete paradas
distintas (Mapa 1), sendo elas:
1. Parada do divisor de águas, na qual observamos a configuração de um
divisor de águas, estrutura presente em diversas bacias hidrográficas;
2. Parada da nascente que delimita a bacia do Rio Iguape e a bacia do Rio
Almada, na qual presenciamos a formação de uma nascente e suas
características;
3. Parada da junção de nascentes, onde observamos um corpo d’água formado
pela junção de diversas nascentes;
4. Parada do trecho de rio mais formado, no qual pudemos analisar uma parte
mais definida de um rio antes de um povoado, consequente da configuração
do ponto da 3ª parada;
5. Parada do trecho do rio em frente a pedreira, onde o rio se apresenta mais
“formado” dos pontos 3 e 4, porém após um povoado;
6. Parada da Barragem do Iguape, a qual é abastecida pelo Rio Iguape e de
outros afluentes;
7. Parada do Estuário/Foz do Rio Iguape, onde analisamos as dinâmicas
existentes na porção final da bacia hidrográfica.
Cabe ressaltar que além das sete paradas, destaca-se também a existência
do aterro de Itariri, destacado também na figura 2, de coordenadas UTM 0484150 e
8373500, que está em uma área incluída na bacia do Rio Iguape. O uso do solo
com essa finalidade nesta localidade, pode representar um risco para os corpos
hídricos que estão mais próximos, pois, a matéria depositada no solo desta região
pode mudar a composição físico-química da água, como é citado o estudo feito pelo
Biólogo Rubens Tomio Honda no Amazonas no artigo de Angela Trabbold¹:
No que diz respeito à vertente leste, referente ao Rio Almada, se essa área
sofrer algum impacto devido ao desmatamento para alguma finalidade antrópica, as
consequências irão se manifestar na bacia do Rio Almada, sem influenciar a do Rio
Iguape. Em suma, o mesmo acontece com a vertente oeste, referente ao Rio
Iguape; se essa área sofrer algum impacto ambiental, como o desmatamento,
somente irá influenciar a bacia do Rio Iguape, e não a do Rio Almada. Isso reforça o
conceito de divisor de águas, o qual é a porção mais alta do relevo, que separa
essas duas porções (bacias hidrográficas).
Nesse contexto, foi possível fazer a conexão do que foi discutido em sala de
aula com um exemplo na realidade, e foi possível visualizar como esse elemento
delimita a margem entre bacias hidrográficas, sendo percebidos como elementos de
relevo com altitude que se destacam das áreas vizinhas, como morro montanhas e
planaltos. Desse modo, em relação à Bacia hidrográfica do Rio Iguape a qual
estudamos, o divisor de águas é delimitado por sequências de morros de altura
média de 100m do nível do mar, a separando ao leste da Bacia Hidrográfica do Rio
Almada.
Dessa forma, o processo de divisão se dá através da precipitação que
quando se manifesta na feição leste do divisor flui em direção a Bacia do Almada,
enquanto que na feição oeste flui para Bacia do Iguape. Foi discutido também
relações sobre o uso do solo da região e a influência das ações antrópicas na região
do divisor e como estas poderiam influenciar cada uma das bacias de modo que se
alterações transformações como desmatamento, compactação do solo,
asfaltamento ou outras ações de impacto ocorressem em apenas um lado do divisor
estes não afetariam o lado oposto de maneira direta.
Tratando de alterações antrópicas pode-se perceber que o modo de
utilização do solo na região do divisor se principalmente pela construção de
habitações, áreas onde se encontra parte da mata nativa preservada relacionada a
cultura do cacau em modelo cabruca, e áreas desmatadas utilizadas para plantio,
ou não utilizadas, percebe-se também a utilização do todo dos morros para a
passagem da estrada, visto que estes oferecem um terreno mais plano que a
encostas dos morros.
Esse ponto é um dos últimos antes do Rio Iguape entrar na Barragem, que
será a próxima parada. Nesse trecho foi possível notar a cor da água mais turva
como resultado de vários processos (Figura 13), principalmente relacionados às
atividades antrópicas, sendo alguns deles a erosão devido aos diferentes usos da
terra e uma possível contaminação de esgoto doméstico, pois ali perto existe uma
comunidade, a Vila São José. Ao redor desse trecho, em alguns pontos a vegetação
natural foi removida, o que favorece a erosão e o comprometimento da qualidade da
água, mas ainda há uma parte de vegetação natural, observado na figura XX.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A aula ministrada e o relatório em questão teve como foco a Bacia
Hidrográfica do Rio Iguape e a análise acerca dos seus afluentes e efluentes, uso e
ocupação do solo, morfologia e vegetação. Observamos as dinâmicas do rio das
nascentes até o seu estuário, ratificamos conceitos vistos em sala como o divisor de
águas, nascente, estuário, e o próprio conceito de bacia hidrográfica que é
composta por um rio principal com abastecimento advindo de água da chuva e dos
lençóis subterrâneos.
Além da bacia hidrográfica, fez parte da análise o Aterro Sanitário de Itariri,
que está situado dentro dos limites da bacia hidrográfica, apresentando risco para o
corpo hídrico e nos traz interrogações acerca da preservação de áreas de APPs,
quem vem sido constantemente desrespeitadas, como aponta Oliveira (2006, apud.
OLIVEIRA, 2004) pesquisador que também estudou a Bacia Hidrográfica do Rio
Iguape, ele diz: “O uso da terra na bacia hidrográfica de Rio Iguape [...] de 1964
para 2002, houve uma redução das florestas e expansão das áreas de mata
secundária avançada (que incluem as plantações de cacau no sistema “cabruca”)
[...]” (p. 17).
Nesse processo, as APPs também não foram respeitadas, sendo isto um
aspecto padrão nas ocupações humanas. Hoje, novas problemáticas se somam a
essas, como a construção de barragens privadas, que alteram a captação de água
na Bacia e consequentemente na Barragem.
Diante disto, a partir dos conhecimentos adquiridos na disciplina, concluímos
que as ações antrópicas podem ter afetado o curso dos rios, mas nada ao ponto
que pudesse ter sido observado. O mesmo acontece com o aterro sanitário, pois
sabemos que o local onde ele está inserido influencia na qualidade da água, porém
seriam necessários testes mais específicos a fim de medir os níveis de poluentes
advindos do aterro. Este projeto é de suma importância para o tema, e serve como
aporte para futuras pesquisas na Bacia Hidrográfica do Rio Iguape.
Referências bibliográficas:
MIRANDA, Luiz Bruner de; CASTRO, Belmiro Mendes de; KJERFVE, Björn. Princípios de
Oceanografia Física de Estuários. São Paulo: EdUSP, 2002.
OLIVEIRA, J. T. de. Evolução do uso da terra e dos solos na bacia de captação da barragem
Água Fria I e II em Barra do Choça/BA. Ilhéus: UESC/PRODEMA, 2006.
PENA, Rodolfo F. Alves. O que é bacia hidrográfica?. Brasil Escola. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-bacia-hidrografica.htm>. Acesso em: 27 de
out. de 2022.