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Horus GeoEngenharia
Itapecerica, MG
2019
Horus GeoEngenharia – Mineração, Topografia, Geologia e Meio Ambiente.
____________________________
Breno Campos
Engenheiro Geólogo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 1
2 CONSIDERAÇÕES E AVALIAÇÕES PRELIMINARES................................ 3
3 ÁREA DE ESTUDO ..................................................................................... 16
4 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA ..................................................... 21
4.1 Clima ..................................................................................................... 21
4.2 Hidrografia............................................................................................. 25
4.3 Geologia ................................................................................................ 27
4.4 Hidrogeologia ........................................................................................ 29
4.5 Geomorfologia, Solo e Cobertura vegetal ............................................ 31
5 AEROLEVANTAMENTO ............................................................................. 32
5.1 Altimetria e Perfil Topográfico ............................................................... 36
6 COMCLUSÃO.............................................................................................. 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 46
1 INTRODUÇÃO
1
A precipitação pluviométrica em Minas Gerais muda em função do relevo
e da posição geográfica, variando entre 650 mm no norte e 2.100 mm na região
sul/sudoeste do Estado. A média de duração do ciclo de chuva no Estado é de
160 dias, com início em outubro e final entre março e maio, sendo janeiro o
mês com maior precipitação pluviométrica.
Segundo a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, a
disponibilidade de água subterrânea é aproximadamente 100 vezes maior que
a de água superficial. Visto que, no estado de Minas Gerais o ciclo de chuvas
possui em média 160 dias e que, em média, mais da metade do ano está fora
do período chuvoso, o recurso hídrico subterrâneo se torna indispensável e
estratégico para o desenvolvimento social e econômico.
Figura 1.1 – Ciclo hidrológico. Fonte: USGS - United States Geological Survey, traduzido para
português.
2
2 CONSIDERAÇÕES E AVALIAÇÕES PRELIMINARES
3
campo e investigação bibliográfica e histórica da fisiografia da região de
interesse bem como o impacto causado pela mina na sua vizinhança.
Na figura 2.12 é possível observar que durante as atividades e após
encerrar a mineração sempre existiu um lago próximo à cava da mina. A série
histórica de fotografias de satélite mostram que o lago não sofreu alteração
significativa em seu nível de água. Este fato indica que o lago continua sendo
alimentado pelo fluxo de água subterrânea.
4
Figura 2.1 – A: local onde existia o lago na propriedade. B: simulação da área ocupada pelo
lago quando cheio.
5
Figura 2.2 – Fotografias mostrando a cerca que protege a vegetação e nascente contra
pisoteamento do gado.
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Figura 2.3 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 27/08/2013. A: possível observar as
delimitações do sítio, lago, nascente e mineração em atividade. B: possível observar o lago
ainda cheio e a delimitação da área protegida da nascente.
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Figura 2.4 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 08/01/2014. A: delimitações do sítio,
lago, nascente e mineração em atividade. B: possível observar o lago ainda cheio e a
delimitação da área protegida da nascente.
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Figura 2.5 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 08/04/2014. A: delimitações do sítio,
lago, nascente e mineração em atividade. B: possível observar o lago ainda cheio e a
delimitação da área protegida da nascente.
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Figura 2.6 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 30/03/2017. A: delimitações do sítio,
lago seco, nascente seca e mineração desativada. B: possível observar o lago seco.
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Figura 2.7 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 07/09/2018. A: delimitações do sítio,
lago seco, nascente seca e mineração desativada. B: possível observar o lago seco.
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Figura 2.8 – Comparação entre a mina desativada e a mina em atividade. A: imagem datada
em 30/03/2017 mostrando a mina desativada e o lago formado na parte mais baixa da cava. B:
imagem datada em 27/08/2013 mostrando mina em atividade e sem a formação de lago na
parte mais baixa.
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Figura 2.9 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 27/08/2013. Nessa data o lago está
cheio e a nascente encontra-se perene. A área circulada de cor verde mostra a área com
vegetação preservada e a localização da nascente que alimentava o lago.
Figura 2.10 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 07/09/2018. Nessa data o lago e a
nascente estão secos. A área circulada de cor verde mostra a área com vegetação preservada
e onde ficava a nascente do lago.
13
Figura 2.11 – Área da nascente, preservada e protegida.
14
Figura 2.12 – Comparação entre fotografias de satélite da mina desativada e a mina em
atividade. A: imagem datada em 27/08/2013 mostra a mina em atividade e a existência de um
lago próximo a cava da mina (alfinete em amarelo). B: imagem datada em 30/03/2017 mostra a
mina desativada e a permanência do lago próximo a cava da mina (alfinete em amarelo).
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3 ÁREA DE ESTUDO
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Figura 3.1 – Fotografia da residência no sítio.
Figura 3.2 – Fotografia mostrando parte da criação de gado. No lado esquerdo da foto (Norte)
está a nascente e no lado direto da foto (Sul) está a mina desativada.
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Figura 3.3 – Fotografias do tanque (A) utilizado para criação de peixes (B). Quando o lago
existia os peixes não ficavam nesse tanque e existiam em abundância.
18
Figura 3.4 – Mapa de localização da área de estudo.
19
Figura 3.5 – Fotografias da cava da mina desativada. A: é possível observar o lago artificial
formado na parte mais baixa da cava. B: mostra o talude final da cava da mina em 13/06/2019.
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4 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA
4.1 Clima
Para este subcapítulo foram identificadas três estações meteorológicas
que abrangem a área de estudo: Bom Despacho, Divinópolis e Oliveira.
A série histórica empregada neste subcapítulo pertence ao Instituto
Nacional de Meteorologia (INMET), com administração direta do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Criado em 1909, o instituto tem
a missão de prover informações meteorológicas através de monitoramento,
análise e previsão do tempo e clima. Os dados aqui expostos estão disponíveis
para download no sítio eletrônico do INMET, e as estações meteorológicas
selecionadas para este subcapítulo foram isoladas para melhor representar as
condições climáticas da área de interesse.
A partir de dados coletados em postos de monitoramento meteorológico
de referência determinam-se valores médios e extremos de elementos
meteorológicos que permitem classificar e avaliar o comportamento do clima
durante determinado período e em determinada região.
Elementos meteorológicos como radiação solar, temperatura e
precipitação pluviométrica (essa última relacionada com a umidade relativa do
ar), além do prévio conhecimento de sua dinâmica ao longo do tempo,
desempenham papel importante no planejamento de atividades não só do meio
rural, mas também do urbano, como expõem Pitton e Domingos (2004),
Roseiro (2002), Anjos, Nery e Martins (2002) e Nääs (1989).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o clima
da região onde está a área de estudo é classificado como Tropical Brasil
Central, com temperatura subquente e semi-úmido (com até 6 meses secos).
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De acordo com dados coletados nas estações meteorológicas Bom
Despacho, Divinópolis e Oliveira (Figura 4.1) pelo Instituto Nacional de
Meteorologia, a média de temperatura máxima (histórico 1981 – 2010) das três
estações é de 29,3 graus celsius e o mês mais quente é fevereiro, com média
de 30,9 graus celsius (Tabela 4.1).
Já a média de temperatura mínima das estações Bom Despacho,
Divinópolis e Oliveira (histórico 1981 – 2010) é de 15,7 graus celsius, sendo
julho o mês mais frio, com média de 10,87 graus celsius (Tabela 4.2).
Ainda segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia, a média de
precipitação acumulada (histórico 1981 – 2010) compreendida pelas estações
Bom Despacho, Divinópolis e Oliveira é de 1.362,6 mm no ano (Tabela 4.3). O
mês com maior precipitação acumulada é janeiro, com média de 286,5 mm, e o
mês mais seco é julho, com média de apenas 8,3 mm.
Assim sendo, é possível observar que, para a região onde estão
localizadas as estações meteorológicas, os meses com maior temperatura
média coincidem com os meses de maior precipitação acumulada. O mesmo
acontece ao inverso, os meses com menor temperatura média coincidem com
os meses de menor precipitação acumulada.
Também é possível observar que na série história entre 1981 e 2010
não houve nenhuma mudança drástica nas condições de temperatura e
precipitação acumulada para a região de estudo. Porém, há o registro de uma
crise hídrica para toda a região sudeste do Brasil em 2014. No município de
Itapecerica – MG a crise atingiu seu estado crítico entre agosto e novembro de
2014, se recuperando desde então e sem nenhuma outra crise hídrica.
Importante lembrar que durante a crise hídrica o lago e nascente
existentes na propriedade deste estudo não sofreram nenhuma interferência
pela falta de chuvas (Figura 2.5), e somente sendo extintos no ano de 2017.
Também não sofreu interferência o lago que existe próximo a cava da mina,
como mostrado na figura 2.12.
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Figura 4.1 – Área de influência das estações meteorológicas Divinópolis, Bom Despacho e
Oliveira. Raio de 50 Km a partir de cada estação meteorológica.
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Tabela 4.1 – Temperaturas máximas nas estações Bom Despacho, Divinópolis e Oliveira.
Normal Climatológica do Brasil 1981-2010
Temperatura Máxima (ºC)
Nome da Estação BOM DESPACHO DIVINOPOLIS OLIVEIRA Média das três estações
Janeiro 30,6 30,1 28,4 29,70
Fevereiro 31,1 30,7 30,9 30,90
Março 30,6 30,1 28,9 29,87
Abril 30 29,4 27,8 29,07
Maio 28 27,1 25 26,70
Junho 27,2 26,5 24,1 25,93
Julho 27,5 26,8 24,7 26,33
Agosto 29,1 28,5 26,9 28,17
Setembro 30,3 29,7 27,9 29,30
Outubro 31 30,4 28,3 29,90
Novembro 30,1 29,1 27,6 28,93
Dezembro 30 29,4 27,8 29,07
Ano 29,6 29 29,3 29,30
Tabela 4.2 – Temperaturas mínimas nas estações Bom Despacho, Divinópolis e Oliveira.
Normal Climatológica do Brasil 1981-2010
Temperatura Mínima (ºC)
Nome da estação BOM DESPACHO DIVINOPOLIS OLIVEIRA Média das três estações
Janeiro 19,3 19,1 19 19,13
Fevereiro 19 18,9 18,95 18,95
Março 18,5 18,5 18,3 18,43
Abril 16,7 16,4 16,8 16,63
Maio 13,4 12,7 13,7 13,27
Junho 10,9 10,7 12,1 11,23
Julho 10,5 10,4 11,7 10,87
Agosto 11,7 11,7 12,8 12,07
Setembro 14,3 15 15,2 14,83
Outubro 16,7 17,3 17 17,00
Novembro 18 18,2 17,9 18,03
Dezembro 18,8 19 18,6 18,80
Ano 15,7 15,7 15,7 15,70
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Tabela 4.3 – Normal climatológica do Brasil 1981-2010. Precipitação acumulada.
4.2 Hidrografia
Importantes bacias hidrográficas estão localizadas em Minas Gerais. A
mais importante, a Bacia do São Francisco drena as águas de uma área
equivalente à metade do Estado, compreendendo as regiões Norte, Nordeste,
Central, Oeste e Centro Oeste. As sub-bacias dos rios Grande e Paranaíba são
as formadoras iniciais da Bacia do Paraná, principal fonte de energia elétrica do
país.
Compreendida pela Bacia do São Francisco e pela sub-bacia Rio
Grande, a área de estudo está localizada exatamente em um dos divisores de
águas entre essas bacias. A propriedade particular (sítio), contratante deste
relatório, está na sub-bacia Rio Grande, já a área pertencente à Nacional de
Grafite Ltda está na subdivisão denominada Bacia do Alto São Francisco
(Figura 4.2).
Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
(CBHSF), a grande dimensão territorial da bacia do rio São Francisco,
estimada em 639.217 km², motivou a sua divisão por regiões, para fins de
planejamento e para facilitar a localização das suas muitas e diversas
populações e ambiências naturais. A divisão se fez de acordo com o sentido do
curso do rio e com a variação de altitudes. Assim, a sua parte inicial, tomando
como referência a área montanhosa onde o rio nasce, na Serra da Canastra, a
1.280 m de altitude, ganhou a denominação de Alto São Francisco.
25
Estendendo-se até a cidade de Pirapora, no centro-norte de Minas Gerais,
essa região perfaz uma área de 111.804 km².
Conforme o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande (CBH
GRANDE), a sub-bacia Rio Grande, em conjunto com as Regiões Hidrográficas
Paraguai e Uruguai, compõe a Bacia Prata. A sub-bacia Rio Grande ocupa
uma área com mais de 143.000 Km². Tal abrangência garante uma diversidade
de ambientes, desde os típicos da Região Centro-Oeste, como os cobertos por
vegetação de cerrado, até áreas montanhosas e típicas da costa Sudeste do
Brasil, com perímetros de Mata Atlântica.
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4.3 Geologia
A área de estudo está inserida na Folha Formiga (SF.23-V-B-III) em
escala 1:100.000. Essa folha cartográfica foi descrita, geologicamente, pelo
Projeto Fronteiras de Minas Gerais a partir do Programa Mapeamento
Geológico do Estado de Minas Gerais. Esse Programa foi o resultado de uma
parceria entre a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais –
CODEMIG, a Universidade Federal de Minas Gerais, o Centro de Pesquisa
Professor Manoel Teixeira da Costa – PCMTC e o Governo de Minas. Assim, o
relatório desse projeto será usado como referência bibliográfica para este
subcapítulo.
A região da Folha Formiga é compreendida pela unidade gnáissica do
Complexo Divinópolis e pelo Gnaisse Itapecerica. A região é constituída por
rochas gnáissicas com restos de anfibolitos e rochas metaultramáficas. O
conjunto de rochas da Folha Formiga encontra-se cortado por diques máficos
de várias gerações.
O Complexo Divinópolis é um conjunto de granitoides com estrutura
plástica (fluidal), distribuindo-se predominantemente na porção Oeste do
Cráton São Francisco, ocorrendo em algumas áreas restritas a leste. Tal
complexo foi posicionado no Arqueano, considerando que este foi parcialmente
afetado pelo Ciclo Transamazônico.
A área de estudo está localizada sob a unidade Gnaisse Itapecerica,
mais especificamente no contato da porção granítica com a sequência
paraderivada dessa unidade (Figura 4.3).
O Gnaisse Itapecerica é constituído por gnaisse cinza a rosado
apresentando composição granítica a granodiorítica, migmatítico a localmente
migmatítico, sendo dividido nas subunidades Gnaisse Peraluminoso e
Sequência Paraderivada.
A Sequência Paraderivada é constituída por sillimanita-cordierita-
granada-biotita gnaisse, grafita-xisto e quartzito a quartzitos localmente
ferruginosos.
27
Figura 4.3 – Mapa geológico da área de estudo. Adaptado do Projeto Fronteiras de Minas
Gerais.
28
4.4 Hidrogeologia
As descrições desse subcapítulo tiveram como base o Mapa
Hidrogeológico da Região Sudeste. Esse mapa foi produzido pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE em parceria com o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão e está disponível para consulta no sítio
eletrônico do IBGE.
A Região Sudeste do Brasil é composta por um arcabouço geológico
que encerra uma grande diversidade de unidades hidrogeológicas, com idades
que variam desde o Arqueano ao Cenozóico. As águas subterrâneas estão
espacialmente distribuídas segundo diferentes sistemas aquíferos e padrões de
potencialidade, o que permite o agrupamento das unidades hidrogeológicas.
As condições de ocorrência, acumulação e circulação das águas
subterrâneas estão diretamente associadas às características litológicas e
estruturais do arcabouço geológico. Dessa forma, o Mapa Hidrogeológico da
Região Sudeste teve como principal objetivo a compartimentação deste
território em unidades hidrogeológicas estruturadas de acordo com fatores
geológicos.
Pode-se distinguir na Região Sudeste quatro domínios hidrogeológicos:
fissural, poroso, poroso-fissural e cárstico, os quais possuem distintas
qualidades hidrogeológicas.
A área de estudo deste trabalho está sob domínio hidrogeológico fissural
do tipo cristalino. Aquífero fraturado ou fissural é aquele formado por rochas
ígneas, metamórficas ou cristalinas, duras e maciças, onde a circulação da
água se faz nas fraturas, fendas e falhas, abertas devido ao movimento
tectônico. A capacidade dessas rochas de acumularem água está relacionada
à quantidade de fraturas, suas aberturas e principalmente a intercomunicação,
que permite a infiltração e fluxo da água. Especificamente, a área de estudo
está entre duas unidades hidrogeológicas interligadas: a Unidade de Intrusivas
Graníticas e Tonalíticas e a Unidade Divinópolis (Figura 4.4).
Geologicamente, o aquífero está na Unidade Gnaisse Itapecerica (Figura
4.3), do tipo fissural/fraturado e está no divisor de águas entre as bacias do Alto
do São Francisco e Rio Grande (Figura 4.2).
Nessa região os poços de capitação de água subterrânea têm
produtividade baixa, com vazão entre 3 e 10 m³/h. Essa faixa de vazão ocorre,
29
possivelmente, influenciada pelos fatores tectono-estruturais, fisiográficos e
geológicos (litologia, faturamento e manto de intemperismo).
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4.5 Geomorfologia, Solo e Cobertura vegetal
O projeto utilizado como referência bibliográfica no subcapítulo 4.3
continuará sendo usado como orientação neste subcapítulo.
No contexto geomorfológico regional, a Folha Formiga está posicionada
dentro de dois grandes domínios da Bacia Alto São Francisco: o Planalto
Dissecado do Sul de Minas e a Depressão Sanfranciscana. No geral, há
predominância de um relevo dissecado com formas onduladas e colinas
subarredondadas.
As altitudes regionais da Folha Formiga variam entre 655 e 1186 metros,
sendo que o ponto mais alto da área de estudo está aproximadamente a 1080
metros.
Encontram-se na Folha Formiga grande diversidade de latossolos, cujas
características estão principalmente condicionadas aos litotipos. O solo
resultante da alteração das rochas gnáissicas-migmatíticas possui coloração
preferencialmente rosa, podendo também apresentar-se amarelado e branco.
Os solos derivados da alteração dos diques máficos e outras rochas básicas
apresentam cor vermelho escuro.
Utilizando como referência o trabalho desenvolvido pela UFLA
(SCOLFORO, CARVALHO & OLIVEIRA, 2008) e o Manual Técnico da
Vegetação do IBGE (1992), os biomas para o Estado de Minas Gerais podem
ser subdivididos nas seguintes categorias: Cerrado e Mata Atlântica. De acordo
com o estudo, a área da Folha Formiga envolve principalmente ambos os
biomas supracitados, sendo o Cerrado o mais abundante.
31
5 AEROLEVANTAMENTO
32
Figura 5.1 – Mapa da ortofoto gerada a partir do aerolevantamento com RPA.
33
Figura 5.2 – Mapa do modelo digital de superfície a partir do aerolevantamento com RPA.
34
Figura 5.3 – Mapa de escoamento superficial.
35
5.1 Altimetria e Perfil Topográfico
Para extrair valores altimétricos e obter perfis topográficos foi utilizado a
ferramenta Terrain Profile do software QGis. O modelo digital de superfície –
MDS produzido a partir da aerofotogrametria serviu como base para obter os
dados altimétricos e topográficos.
O MDS leva em consideração a superfície terrestre e não a elevação do
terreno, ou seja, considera a topo das árvores como superfície. Assim, a
ortofoto serviu como base para observar regiões em que era possível extrair
dados altimétricos diretamente no terreno e fora da copa de arvore.
Os dados altimétricos foram extraídos para mostrar e comparar as cotas
topográficas entre o lago seco e a cava da mina e entre a nascente do lago e a
cava da mina. Em última instância esses dados mostram a diferença
topográfica antes e depois da mineração.
Para melhorar a visualização da localização de cada dado altimétrico
coletado foi registrado imagens (do MDS e ortofoto) com o perfil topográfico
traçado no QGis. A figura 5.4 mostra como ler e interpretar o gráfico em forma
de perfil topográfico e como localizar cada cota altimétrica coletada no mapa.
Figura 5.4 – Exemplo com legenda de perfil topográfico gerado com a ferramenta Terrain
Profile no software QGis.
36
Considerando que a nascente está em área protegida e, assim, em local
com vegetação (figura 2.10), para extrair a altitude do terreno foi observado um
buraco entre a copa das arvores em que era possível obter o dado altimétrico.
A figura 5.5 mostra dois perfis topográficos e dois pontos altimétricos, onde o
perfil topográfico A mostra que a nascente (ponto de cor branca) está em uma
cota de 1.012 metros. O perfil B mostra que o terreno está em uma cota de
1.013 metros, demonstrando que o ponto de extração da altitude de terreno em
um buraco entra as arvores foi executado com êxito. Para demostrar a
diferença altimétrica entre a copa das árvores e o terreno foi obtido a altitude
de 1.027 metros na copa das árvores (Figura 5.6).
A figura 5.7 mostra o perfil topográfico utilizado para extrair a altitude do
lago seco. O resultado mostra que o lago estava em uma cota de 1.003 metros,
uma diferença vertical de 9 metros em relação à nascente. Já a figura 5.8
mostra a cota do lago que existe próximo a cava da mina, esse lago está em
uma cota aproximada de 988 metros.
Na mina desativada, as cotas topográficas foram extraídas no talude
mais baixo (que foi alagado) e no mais alto, na cota mais baixa da mina e na
estrada vicinal que passa ao lado do talude mais alto.
No talude mais baixo da mina desativada formou-se um lago artificial. A
altitude da superfície do lago é de 983 metros (Figura 5.9). Acima da superfície
do lago, a cota mais baixa da mina tem altitude de 989 metros (Figura 5.10).
A cota do talude mais alto da mina tem altitude de 1.022 metros (Figura
5.11), ou seja, antes da abertura da cava da mina o terreno estava a uma
diferença vertical de 10 metros em relação a nascente. Ao lado do talude mais
alto da mina, distância aproximada de 30 metros, existe uma estrada vicinal
que, segundo a série histórica obtida no Google Earth (capítulo 2) não sofreu
nenhuma mudança de realocação. A estrada está a uma altitude de 1.021
metros (Figura 5.12), demonstrando novamente que antes da abertura da mina
o terreno estava a uma diferença vertical de 9 metros em relação a nascente.
37
Figura 5.5 – Ortofo, perfil topográfico e cota altimétrica. A: o ponto de cor branca representa a
localização aproximada da nascente. O ponto de cor vermelha, em cima do ponto branco,
mostra o local de extração da altitude do terreno, ou seja, a altitude da nascente. B: o ponto de
cor vermelha mostra o local de extração altimétrica. Neste ponto é possível observar que não
existe vegetação.
38
Figura 5.6 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde obteve-se a altitude
da copa das arvores.
39
Figura 5.7 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
do lago. A: perfil topográfico desenhado sobre a ortofoto. B: perfil topográfico sobreposto ao
MDS.
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Figura 5.8 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da superfície do lago que existe próximo a cava da mina.
Figura 5.9 - Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da superfície do lago artificial que se formou dentro da cava da mina.
41
Figura 5.10 - Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da cota mais baixa e seca da mina.
Figura 5.11 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da cota do talude mais alto da mina.
42
Figura 5.12 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da estrada vicinal que passa ao lado da mina desativada.
43
6 COMCLUSÃO
44
Os resultados obtidos a partir no aerolevantamento com RPA mostram
que o afloramento do lençol freático (nascente) estava em uma cota de 1.012
metros e o lago estava em 1.003 metros. O talude mais alto da mina e a
estrada vicinal que passa ao seu lado mostram as cotas topográficas que
existiam antes da atividade mineradora, sendo de 1.022 e 1.021 metros
respectivamente.
Após encerrar a atividade mineradora, e consequente rebaixamento do
terreno original (com diferença vertical aproximada de 38,5 metros), formou-se
um lago artificial na porção mais baixa da mina, com cota de 983 metros. O
lago que existe próximo a cava da mina e que segundo a série histórica de
fotografias de satélite não sofreu alteração em sua recarga está em uma cota
de 988 metros.
Os dados altimétricos indicam que o lençol freático sofreu mudança na
cota topográfica de afloramento, deixando de ser 1.012 para 983 metros (um
rebaixamento de 29 metros). O lago que está próximo a cava da mina continua
cheio e em cota de 988 metros, indicando que o fluxo subterrâneo continua
escoando para a recarga desse lago. Tal fato pode estar relacionado com a
mudança de direção de fluxo subterrâneo, onde a água subterrânea deixou de
escoar para o norte (onde estava o lago e nascente) passando a escoar
preferencialmente para sul (onde está a mina desativada).
Portanto, a única e provável ação que afetou a disponibilidade de água
na área de estudo foi a mudança de cota topográfica aflorante do lençol freático
e consequente mudança de direção de fluxo.
Ressalta-se por ultimo que estudos mais detalhados podem ser feitos de
forma a comprovar efetivamente a mudança de direção preferencial de fluxo da
água subterrânea e rebaixamento do lençol freático ocasionando a seca da
nascente e por consequência do lago no sítio na área estudada. Entretanto a
contratante não dispõe de recursos financeiros, estimado na ordem de R$
100.000,00 (cem mil reais), para estudo que inclui perfuração de poços de
monitoramento de nível freático, acompanhamento de pelo menos 12 meses
para detalhar o fluxo subterrâneo e delimitação do aquífero.
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
46
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. Mapa
Hidrogeológico da Região Sudeste. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, 2015.
47