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Relatório Técnico

Horus GeoEngenharia

Avaliação de Regime Hidrogeológico

ANÁLISE DE IMPACTO DE UM EMPREENDIMENTO MINERÁRIO EM


SISTEMA HIDROGEOLÓGICO CIRCUNVIZINHO

Itapecerica, MG
2019
Horus GeoEngenharia – Mineração, Topografia, Geologia e Meio Ambiente.

ANÁLISE DE IMPACTO DE UM EMPREENDIMENTO MINERÁRIO EM


SISTEMA HIDROGEOLÓGICO CIRCUNVIZINHO

Itapecerica, 25 de junho de 2019

____________________________
Breno Campos
Engenheiro Geólogo
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 1
2 CONSIDERAÇÕES E AVALIAÇÕES PRELIMINARES................................ 3
3 ÁREA DE ESTUDO ..................................................................................... 16
4 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA ..................................................... 21
4.1 Clima ..................................................................................................... 21
4.2 Hidrografia............................................................................................. 25
4.3 Geologia ................................................................................................ 27
4.4 Hidrogeologia ........................................................................................ 29
4.5 Geomorfologia, Solo e Cobertura vegetal ............................................ 31
5 AEROLEVANTAMENTO ............................................................................. 32
5.1 Altimetria e Perfil Topográfico ............................................................... 36
6 COMCLUSÃO.............................................................................................. 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 46
1 INTRODUÇÃO

As informações ora apresentadas têm como referência o Boletim de


Pesquisa e Desenvolvimento 30 – Índices Pluviométricos em Minas Gerais,
publicado em 2010. O boletim foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA em parceria com o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Centro Nacional de Pesquisa de
Milho e Sorgo.
A água, bem de uso múltiplo, é usada com função de geração de
energia elétrica, saneamento básico, produção de alimentos, recreação, lazer,
suprimento humano, animal e industrial.
Embora a quantidade de água existente no planeta se mantenha
constante, sua disponibilidade de uso pela humanidade é afetada por ações
que perturbem qualquer uma das etapas do ciclo hidrológico ou hidrogeológico
(Figura 1.1). O ciclo hidrológico compreende o movimento e as mudanças de
estado físico da água. Envolve também a transferência de água da superfície
terrestre para a atmosfera, o retorno da água através da precipitação e os
movimentos de infiltração, percolação e escoamento superficial e subterrâneo.
A precipitação é o mecanismo de maior impacto no meio ambiente, fator
preponderante para a determinação do clima e disponibilidade de água para
seus múltiplos usos. Em Minas Gerais, o regime pluviométrico apresenta-se
com alta variabilidade espaço-temporal e constitui importantes bacias
hidrográficas, como as dos rios São Francisco e Grande/Parnaíba.
No processo de infiltração da água precipitada, o solo funciona como
uma esponja através de processos de adsorção e capilaridade. Quando o solo
atinge sua capacidade máxima de retenção, a água excedente passa a
percolar para camadas mais profundas e/ou escoar pela superfície.
O escoamento superficial da água pelo excedente hídrico e o
afloramento de lençóis freáticos dão origem às nascentes dos cursos d’água. O
escoamento superficial e subterrâneo é afetado pelas condições climáticas e
características de tipo de solo, tipo de rocha, porosidade, permeabilidade,
cobertura vegetal, teor de umidade, profundidade do lençol freático e
capacidade de retenção de água.

1
A precipitação pluviométrica em Minas Gerais muda em função do relevo
e da posição geográfica, variando entre 650 mm no norte e 2.100 mm na região
sul/sudoeste do Estado. A média de duração do ciclo de chuva no Estado é de
160 dias, com início em outubro e final entre março e maio, sendo janeiro o
mês com maior precipitação pluviométrica.
Segundo a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, a
disponibilidade de água subterrânea é aproximadamente 100 vezes maior que
a de água superficial. Visto que, no estado de Minas Gerais o ciclo de chuvas
possui em média 160 dias e que, em média, mais da metade do ano está fora
do período chuvoso, o recurso hídrico subterrâneo se torna indispensável e
estratégico para o desenvolvimento social e econômico.

Figura 1.1 – Ciclo hidrológico. Fonte: USGS - United States Geological Survey, traduzido para
português.

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2 CONSIDERAÇÕES E AVALIAÇÕES PRELIMINARES

A área de estudo está situada na zona rural de Itapecerica – MG e é


composta por um sítio e uma cava de mina desativada. O lago e a nascente
estão localizados no sítio, já a cava de mina está em área pertencente à
Nacional de Grafite Ltda.
O proprietário do sítio procurou a Horus GeoEngenharia com objetivo de
responder questões sobre a extinção de seu lago e nascente em sua
propriedade (Figura 2.1). Imagens de satélite mostram que o lago e nascente
secaram no ano de 2017, ano que coincide com o fim das operações na mina e
formação de um lago artificial na cava da mina desativada. Neste período não
ocorreram mudanças significativas no entrono da área da nascente (Figura
2.2), a vegetação permaneceu preservada (Figuras 2.9, 2.10 e 2.11). Série
histórica de fotografias de satélite do Google Earth Pro mostram as mudanças
ocorridas durante e após as atividades da mina.
A imagem de satélite na figura 2.3-A de 27/08/2013 mostra as
delimitações do sítio (polígono com linha na cor verde), a mineração em
operação (alfinete de cor amarelo no canto inferior da imagem) e o lago cheio
(alfinete no canto superior). As figuras 2.4, de 08/01/2014, e 2.5, de
08/04/2014, também mostram o lago cheio e a mina em operação.
Já a imagem de satélite, figura 2.6 de 30/03/2017 mostra que o lago do
sítio já estava completamente seco. Fato este que coincide com a formação de
um lago na cava desativada, possivelmente causado devido ao rebaixamento
do lençol freático e/ou inversão de fluxo de água subterrânea. O rebaixamento
do lençol e inversão de fluxo subterrâneo é comum em mineração a céu aberto,
e o surgimento de um lago na cava acontece devido a interrupção do
bombeamento de água para fora da cava.
Na figura 2.7 temos a imagem de satélite de 07/09/2018 mostrando o
lago do sítio totalmente seco e o lago formado na cava da mina. Na figura 2.8
temos as imagens de satélite datadas em 30/03/2017 (A) e em 27/08/2013 (B)
comparando a diferença da mineração em atividade e desativada.
Baseado nas observações no Google Earth Pro, o proprietário do sítio
solicitou a elaboração de um relatório técnico a partir de coleta de dados em

3
campo e investigação bibliográfica e histórica da fisiografia da região de
interesse bem como o impacto causado pela mina na sua vizinhança.
Na figura 2.12 é possível observar que durante as atividades e após
encerrar a mineração sempre existiu um lago próximo à cava da mina. A série
histórica de fotografias de satélite mostram que o lago não sofreu alteração
significativa em seu nível de água. Este fato indica que o lago continua sendo
alimentado pelo fluxo de água subterrânea.

4
Figura 2.1 – A: local onde existia o lago na propriedade. B: simulação da área ocupada pelo
lago quando cheio.

5
Figura 2.2 – Fotografias mostrando a cerca que protege a vegetação e nascente contra
pisoteamento do gado.

6
Figura 2.3 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 27/08/2013. A: possível observar as
delimitações do sítio, lago, nascente e mineração em atividade. B: possível observar o lago
ainda cheio e a delimitação da área protegida da nascente.

7
Figura 2.4 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 08/01/2014. A: delimitações do sítio,
lago, nascente e mineração em atividade. B: possível observar o lago ainda cheio e a
delimitação da área protegida da nascente.

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Figura 2.5 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 08/04/2014. A: delimitações do sítio,
lago, nascente e mineração em atividade. B: possível observar o lago ainda cheio e a
delimitação da área protegida da nascente.

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Figura 2.6 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 30/03/2017. A: delimitações do sítio,
lago seco, nascente seca e mineração desativada. B: possível observar o lago seco.

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Figura 2.7 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 07/09/2018. A: delimitações do sítio,
lago seco, nascente seca e mineração desativada. B: possível observar o lago seco.

11
Figura 2.8 – Comparação entre a mina desativada e a mina em atividade. A: imagem datada
em 30/03/2017 mostrando a mina desativada e o lago formado na parte mais baixa da cava. B:
imagem datada em 27/08/2013 mostrando mina em atividade e sem a formação de lago na
parte mais baixa.

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Figura 2.9 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 27/08/2013. Nessa data o lago está
cheio e a nascente encontra-se perene. A área circulada de cor verde mostra a área com
vegetação preservada e a localização da nascente que alimentava o lago.

Figura 2.10 – Imagem de satélite do Google Earth Pro de 07/09/2018. Nessa data o lago e a
nascente estão secos. A área circulada de cor verde mostra a área com vegetação preservada
e onde ficava a nascente do lago.

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Figura 2.11 – Área da nascente, preservada e protegida.

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Figura 2.12 – Comparação entre fotografias de satélite da mina desativada e a mina em
atividade. A: imagem datada em 27/08/2013 mostra a mina em atividade e a existência de um
lago próximo a cava da mina (alfinete em amarelo). B: imagem datada em 30/03/2017 mostra a
mina desativada e a permanência do lago próximo a cava da mina (alfinete em amarelo).

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3 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo é compreendida por uma propriedade particular (sítio)


e uma área de mineração ambos localizados na zona rural do município de
Itapecerica – MG. A região onde se encontra a área do sítio é chamada de
Aguada e está aproximadamente a 8,5 Km de distância do centro do município,
a área da mina é conhecida como Capoeirão.
Situado no centro-oeste mineiro, o sítio tem aproximadamente 20
hectares dedicados a moradia (Figura 3.1), lazer, plantio e criação de gado
(Figura 3.2), aves e peixes quando o lago existia (Figura 3.3). Para manter o
abastecimento de água na residência e a dessedentação animal foi necessário
que a proprietária do sítio contratasse uma empresa para a perfuração de um
poço para captação de água subterrânea, sendo esta a única forma de
obtenção de água na propriedade.
Saindo do centro de Itapecerica e em direção oeste, é possível acessar
a área a partir do final da avenida Severo Augusto e percorrer 8,5 Km por
estrada vicinal (Figura 3.4).
O sítio faz divisa com área mineradora pertencente à Nacional de Grafite
Ltda. Nessa área existe uma cava desativada (Figura 3.5), mas que, de acordo
com as imagens históricas do Google Earth Pro, esteve em operação entre
2012 e 2014, aproximadamente. O número do processo minerário dessa área
na Agencia Nacional de Mineração – ANM é 830479/1984 e está em fase de
concessão de lavra.
O sítio e a cava desativada estão compreendidos pela folha topográfica
SF-23-C-II-4, de Itapecerica – MG, em escala 1:50.000. As coordenadas da
porteira de entrada do sítio são 7735421.00 S e 481129.00 E, já as
coordenadas na cava desativada são 7734493.00 S e 481418.00 E. Ambas as
coordenadas estão em projeção Universal Transversa de Mercator, DATUM
WGS 84 e na zona UTM 23 K.

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Figura 3.1 – Fotografia da residência no sítio.

Figura 3.2 – Fotografia mostrando parte da criação de gado. No lado esquerdo da foto (Norte)
está a nascente e no lado direto da foto (Sul) está a mina desativada.

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Figura 3.3 – Fotografias do tanque (A) utilizado para criação de peixes (B). Quando o lago
existia os peixes não ficavam nesse tanque e existiam em abundância.

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Figura 3.4 – Mapa de localização da área de estudo.

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Figura 3.5 – Fotografias da cava da mina desativada. A: é possível observar o lago artificial
formado na parte mais baixa da cava. B: mostra o talude final da cava da mina em 13/06/2019.

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4 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA

As informações contidas neste capítulo tiveram como referência o


Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 30 – Índices Pluviométricos em Minas
Gerais publicado em 2010, dados meteorológicos do Instituto Nacional de
Meteorologia, informações do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande, o Programa
Mapeamento Geológico do Estado de Minas Gerais e o Mapa Hidrogeológico
da Região Sudeste.

4.1 Clima
Para este subcapítulo foram identificadas três estações meteorológicas
que abrangem a área de estudo: Bom Despacho, Divinópolis e Oliveira.
A série histórica empregada neste subcapítulo pertence ao Instituto
Nacional de Meteorologia (INMET), com administração direta do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Criado em 1909, o instituto tem
a missão de prover informações meteorológicas através de monitoramento,
análise e previsão do tempo e clima. Os dados aqui expostos estão disponíveis
para download no sítio eletrônico do INMET, e as estações meteorológicas
selecionadas para este subcapítulo foram isoladas para melhor representar as
condições climáticas da área de interesse.
A partir de dados coletados em postos de monitoramento meteorológico
de referência determinam-se valores médios e extremos de elementos
meteorológicos que permitem classificar e avaliar o comportamento do clima
durante determinado período e em determinada região.
Elementos meteorológicos como radiação solar, temperatura e
precipitação pluviométrica (essa última relacionada com a umidade relativa do
ar), além do prévio conhecimento de sua dinâmica ao longo do tempo,
desempenham papel importante no planejamento de atividades não só do meio
rural, mas também do urbano, como expõem Pitton e Domingos (2004),
Roseiro (2002), Anjos, Nery e Martins (2002) e Nääs (1989).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o clima
da região onde está a área de estudo é classificado como Tropical Brasil
Central, com temperatura subquente e semi-úmido (com até 6 meses secos).
21
De acordo com dados coletados nas estações meteorológicas Bom
Despacho, Divinópolis e Oliveira (Figura 4.1) pelo Instituto Nacional de
Meteorologia, a média de temperatura máxima (histórico 1981 – 2010) das três
estações é de 29,3 graus celsius e o mês mais quente é fevereiro, com média
de 30,9 graus celsius (Tabela 4.1).
Já a média de temperatura mínima das estações Bom Despacho,
Divinópolis e Oliveira (histórico 1981 – 2010) é de 15,7 graus celsius, sendo
julho o mês mais frio, com média de 10,87 graus celsius (Tabela 4.2).
Ainda segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia, a média de
precipitação acumulada (histórico 1981 – 2010) compreendida pelas estações
Bom Despacho, Divinópolis e Oliveira é de 1.362,6 mm no ano (Tabela 4.3). O
mês com maior precipitação acumulada é janeiro, com média de 286,5 mm, e o
mês mais seco é julho, com média de apenas 8,3 mm.
Assim sendo, é possível observar que, para a região onde estão
localizadas as estações meteorológicas, os meses com maior temperatura
média coincidem com os meses de maior precipitação acumulada. O mesmo
acontece ao inverso, os meses com menor temperatura média coincidem com
os meses de menor precipitação acumulada.
Também é possível observar que na série história entre 1981 e 2010
não houve nenhuma mudança drástica nas condições de temperatura e
precipitação acumulada para a região de estudo. Porém, há o registro de uma
crise hídrica para toda a região sudeste do Brasil em 2014. No município de
Itapecerica – MG a crise atingiu seu estado crítico entre agosto e novembro de
2014, se recuperando desde então e sem nenhuma outra crise hídrica.
Importante lembrar que durante a crise hídrica o lago e nascente
existentes na propriedade deste estudo não sofreram nenhuma interferência
pela falta de chuvas (Figura 2.5), e somente sendo extintos no ano de 2017.
Também não sofreu interferência o lago que existe próximo a cava da mina,
como mostrado na figura 2.12.

22
Figura 4.1 – Área de influência das estações meteorológicas Divinópolis, Bom Despacho e
Oliveira. Raio de 50 Km a partir de cada estação meteorológica.

23
Tabela 4.1 – Temperaturas máximas nas estações Bom Despacho, Divinópolis e Oliveira.
Normal Climatológica do Brasil 1981-2010
Temperatura Máxima (ºC)
Nome da Estação BOM DESPACHO DIVINOPOLIS OLIVEIRA Média das três estações
Janeiro 30,6 30,1 28,4 29,70
Fevereiro 31,1 30,7 30,9 30,90
Março 30,6 30,1 28,9 29,87
Abril 30 29,4 27,8 29,07
Maio 28 27,1 25 26,70
Junho 27,2 26,5 24,1 25,93
Julho 27,5 26,8 24,7 26,33
Agosto 29,1 28,5 26,9 28,17
Setembro 30,3 29,7 27,9 29,30
Outubro 31 30,4 28,3 29,90
Novembro 30,1 29,1 27,6 28,93
Dezembro 30 29,4 27,8 29,07
Ano 29,6 29 29,3 29,30

Tabela 4.2 – Temperaturas mínimas nas estações Bom Despacho, Divinópolis e Oliveira.
Normal Climatológica do Brasil 1981-2010
Temperatura Mínima (ºC)
Nome da estação BOM DESPACHO DIVINOPOLIS OLIVEIRA Média das três estações
Janeiro 19,3 19,1 19 19,13
Fevereiro 19 18,9 18,95 18,95
Março 18,5 18,5 18,3 18,43
Abril 16,7 16,4 16,8 16,63
Maio 13,4 12,7 13,7 13,27
Junho 10,9 10,7 12,1 11,23
Julho 10,5 10,4 11,7 10,87
Agosto 11,7 11,7 12,8 12,07
Setembro 14,3 15 15,2 14,83
Outubro 16,7 17,3 17 17,00
Novembro 18 18,2 17,9 18,03
Dezembro 18,8 19 18,6 18,80
Ano 15,7 15,7 15,7 15,70

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Tabela 4.3 – Normal climatológica do Brasil 1981-2010. Precipitação acumulada.

Normal Climatológica do Brasil 1981-2010


Precipitação Acumulada (mm)
Nome da Estação BOM DESPACHO DIVINÓPOLIS OLIVEIRA Média das três estações
Janeiro 280,1 300,2 279,2 286,5
Fevereiro 170,1 167,3 103,0 146,8
Março 142,3 157,0 164,9 154,7
Abril 48,7 51,2 55,3 51,7
Maio 36,5 27,3 37,5 33,8
Junho 8,9 13,6 15,4 12,6
Julho 7,6 7,9 9,4 8,3
Agosto 13,2 17,3 14,0 14,8
Setembro 52,0 52,0 52,6 52,2
Outubro 115,3 109,7 124,2 116,4
Novembro 196,1 208,4 182,3 195,6
Dezembro 314,0 296,2 257,2 289,1
Total ano 1384,8 1408,1 1295,0 1362,6

4.2 Hidrografia
Importantes bacias hidrográficas estão localizadas em Minas Gerais. A
mais importante, a Bacia do São Francisco drena as águas de uma área
equivalente à metade do Estado, compreendendo as regiões Norte, Nordeste,
Central, Oeste e Centro Oeste. As sub-bacias dos rios Grande e Paranaíba são
as formadoras iniciais da Bacia do Paraná, principal fonte de energia elétrica do
país.
Compreendida pela Bacia do São Francisco e pela sub-bacia Rio
Grande, a área de estudo está localizada exatamente em um dos divisores de
águas entre essas bacias. A propriedade particular (sítio), contratante deste
relatório, está na sub-bacia Rio Grande, já a área pertencente à Nacional de
Grafite Ltda está na subdivisão denominada Bacia do Alto São Francisco
(Figura 4.2).
Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
(CBHSF), a grande dimensão territorial da bacia do rio São Francisco,
estimada em 639.217 km², motivou a sua divisão por regiões, para fins de
planejamento e para facilitar a localização das suas muitas e diversas
populações e ambiências naturais. A divisão se fez de acordo com o sentido do
curso do rio e com a variação de altitudes. Assim, a sua parte inicial, tomando
como referência a área montanhosa onde o rio nasce, na Serra da Canastra, a
1.280 m de altitude, ganhou a denominação de Alto São Francisco.

25
Estendendo-se até a cidade de Pirapora, no centro-norte de Minas Gerais,
essa região perfaz uma área de 111.804 km².
Conforme o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande (CBH
GRANDE), a sub-bacia Rio Grande, em conjunto com as Regiões Hidrográficas
Paraguai e Uruguai, compõe a Bacia Prata. A sub-bacia Rio Grande ocupa
uma área com mais de 143.000 Km². Tal abrangência garante uma diversidade
de ambientes, desde os típicos da Região Centro-Oeste, como os cobertos por
vegetação de cerrado, até áreas montanhosas e típicas da costa Sudeste do
Brasil, com perímetros de Mata Atlântica.

Figura 4.2 – Bacias hidrográficas compreendidas pela área de estudo.

26
4.3 Geologia
A área de estudo está inserida na Folha Formiga (SF.23-V-B-III) em
escala 1:100.000. Essa folha cartográfica foi descrita, geologicamente, pelo
Projeto Fronteiras de Minas Gerais a partir do Programa Mapeamento
Geológico do Estado de Minas Gerais. Esse Programa foi o resultado de uma
parceria entre a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais –
CODEMIG, a Universidade Federal de Minas Gerais, o Centro de Pesquisa
Professor Manoel Teixeira da Costa – PCMTC e o Governo de Minas. Assim, o
relatório desse projeto será usado como referência bibliográfica para este
subcapítulo.
A região da Folha Formiga é compreendida pela unidade gnáissica do
Complexo Divinópolis e pelo Gnaisse Itapecerica. A região é constituída por
rochas gnáissicas com restos de anfibolitos e rochas metaultramáficas. O
conjunto de rochas da Folha Formiga encontra-se cortado por diques máficos
de várias gerações.
O Complexo Divinópolis é um conjunto de granitoides com estrutura
plástica (fluidal), distribuindo-se predominantemente na porção Oeste do
Cráton São Francisco, ocorrendo em algumas áreas restritas a leste. Tal
complexo foi posicionado no Arqueano, considerando que este foi parcialmente
afetado pelo Ciclo Transamazônico.
A área de estudo está localizada sob a unidade Gnaisse Itapecerica,
mais especificamente no contato da porção granítica com a sequência
paraderivada dessa unidade (Figura 4.3).
O Gnaisse Itapecerica é constituído por gnaisse cinza a rosado
apresentando composição granítica a granodiorítica, migmatítico a localmente
migmatítico, sendo dividido nas subunidades Gnaisse Peraluminoso e
Sequência Paraderivada.
A Sequência Paraderivada é constituída por sillimanita-cordierita-
granada-biotita gnaisse, grafita-xisto e quartzito a quartzitos localmente
ferruginosos.

27
Figura 4.3 – Mapa geológico da área de estudo. Adaptado do Projeto Fronteiras de Minas
Gerais.

28
4.4 Hidrogeologia
As descrições desse subcapítulo tiveram como base o Mapa
Hidrogeológico da Região Sudeste. Esse mapa foi produzido pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE em parceria com o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão e está disponível para consulta no sítio
eletrônico do IBGE.
A Região Sudeste do Brasil é composta por um arcabouço geológico
que encerra uma grande diversidade de unidades hidrogeológicas, com idades
que variam desde o Arqueano ao Cenozóico. As águas subterrâneas estão
espacialmente distribuídas segundo diferentes sistemas aquíferos e padrões de
potencialidade, o que permite o agrupamento das unidades hidrogeológicas.
As condições de ocorrência, acumulação e circulação das águas
subterrâneas estão diretamente associadas às características litológicas e
estruturais do arcabouço geológico. Dessa forma, o Mapa Hidrogeológico da
Região Sudeste teve como principal objetivo a compartimentação deste
território em unidades hidrogeológicas estruturadas de acordo com fatores
geológicos.
Pode-se distinguir na Região Sudeste quatro domínios hidrogeológicos:
fissural, poroso, poroso-fissural e cárstico, os quais possuem distintas
qualidades hidrogeológicas.
A área de estudo deste trabalho está sob domínio hidrogeológico fissural
do tipo cristalino. Aquífero fraturado ou fissural é aquele formado por rochas
ígneas, metamórficas ou cristalinas, duras e maciças, onde a circulação da
água se faz nas fraturas, fendas e falhas, abertas devido ao movimento
tectônico. A capacidade dessas rochas de acumularem água está relacionada
à quantidade de fraturas, suas aberturas e principalmente a intercomunicação,
que permite a infiltração e fluxo da água. Especificamente, a área de estudo
está entre duas unidades hidrogeológicas interligadas: a Unidade de Intrusivas
Graníticas e Tonalíticas e a Unidade Divinópolis (Figura 4.4).
Geologicamente, o aquífero está na Unidade Gnaisse Itapecerica (Figura
4.3), do tipo fissural/fraturado e está no divisor de águas entre as bacias do Alto
do São Francisco e Rio Grande (Figura 4.2).
Nessa região os poços de capitação de água subterrânea têm
produtividade baixa, com vazão entre 3 e 10 m³/h. Essa faixa de vazão ocorre,

29
possivelmente, influenciada pelos fatores tectono-estruturais, fisiográficos e
geológicos (litologia, faturamento e manto de intemperismo).

Figura 4.4 – Mapa de domínios hidrogeológicos segundo dados da CPRM.

30
4.5 Geomorfologia, Solo e Cobertura vegetal
O projeto utilizado como referência bibliográfica no subcapítulo 4.3
continuará sendo usado como orientação neste subcapítulo.
No contexto geomorfológico regional, a Folha Formiga está posicionada
dentro de dois grandes domínios da Bacia Alto São Francisco: o Planalto
Dissecado do Sul de Minas e a Depressão Sanfranciscana. No geral, há
predominância de um relevo dissecado com formas onduladas e colinas
subarredondadas.
As altitudes regionais da Folha Formiga variam entre 655 e 1186 metros,
sendo que o ponto mais alto da área de estudo está aproximadamente a 1080
metros.
Encontram-se na Folha Formiga grande diversidade de latossolos, cujas
características estão principalmente condicionadas aos litotipos. O solo
resultante da alteração das rochas gnáissicas-migmatíticas possui coloração
preferencialmente rosa, podendo também apresentar-se amarelado e branco.
Os solos derivados da alteração dos diques máficos e outras rochas básicas
apresentam cor vermelho escuro.
Utilizando como referência o trabalho desenvolvido pela UFLA
(SCOLFORO, CARVALHO & OLIVEIRA, 2008) e o Manual Técnico da
Vegetação do IBGE (1992), os biomas para o Estado de Minas Gerais podem
ser subdivididos nas seguintes categorias: Cerrado e Mata Atlântica. De acordo
com o estudo, a área da Folha Formiga envolve principalmente ambos os
biomas supracitados, sendo o Cerrado o mais abundante.

31
5 AEROLEVANTAMENTO

Neste capítulo será apresentado resultados aerofotogramétricos obtidos


a partir de um voo com um RPA (aeronave remotamente pilotada). Também
será apresentado mapa de escoamento superficial, que foi elaborado a partir
do software Surfer 15 e utilizando dados altimétricos do Google Earth Pro, e
resultados altimétricos obtidos a partir de modelo digital de superfície.
O RPA utilizado foi o Matrice 600 Pro, da SZ DJI Technology Co.,
equipado com uma câmera Zenmuse X5 de 15 milímetros de distância focal. O
voo foi realizado a uma altura de 80 metros em relação ao ponto de
decolagem. As fotografias foram tomadas automaticamente e com
sobreposição lateral e longitudinal de 75%.
A partir do voo foi gerado uma ortofoto (Figura 5.1) e um MDS - modelo
digital de superfície (Figura 5.2). A ortofoto e o MDS possuem pixel com 3
centímetros e serviram de base para obter dados de altimetria, relevo e
inclinação do terreno.
Nesses produtos é possível observar que a área está em um divisor de
águas superficiais. Na figura 5.3 é possível observar as linhas de direção de
fluxo superficial, o que está de acordo com os dados apresentados no
subcapítulo 4.1 (hidrografia). É possível observar, no mapa de escoamento
superficial, o fato de que na cota mais alta do terreno o escoamento superficial
é dividido em uma parte para o norte (onde está o lago que secou) e uma parte
para o sul (onde está a mina desativada).
Esse fato revela que a recarga do lago que secou não está diretamente
dependente do escoamento superficial. Essa observação corrobora o que foi
descrito no subcapítulo 4.1, ou seja, o lago da propriedade continuou cheio
mesmo durante a crise hídrica em 2014.

32
Figura 5.1 – Mapa da ortofoto gerada a partir do aerolevantamento com RPA.

33
Figura 5.2 – Mapa do modelo digital de superfície a partir do aerolevantamento com RPA.

34
Figura 5.3 – Mapa de escoamento superficial.

35
5.1 Altimetria e Perfil Topográfico
Para extrair valores altimétricos e obter perfis topográficos foi utilizado a
ferramenta Terrain Profile do software QGis. O modelo digital de superfície –
MDS produzido a partir da aerofotogrametria serviu como base para obter os
dados altimétricos e topográficos.
O MDS leva em consideração a superfície terrestre e não a elevação do
terreno, ou seja, considera a topo das árvores como superfície. Assim, a
ortofoto serviu como base para observar regiões em que era possível extrair
dados altimétricos diretamente no terreno e fora da copa de arvore.
Os dados altimétricos foram extraídos para mostrar e comparar as cotas
topográficas entre o lago seco e a cava da mina e entre a nascente do lago e a
cava da mina. Em última instância esses dados mostram a diferença
topográfica antes e depois da mineração.
Para melhorar a visualização da localização de cada dado altimétrico
coletado foi registrado imagens (do MDS e ortofoto) com o perfil topográfico
traçado no QGis. A figura 5.4 mostra como ler e interpretar o gráfico em forma
de perfil topográfico e como localizar cada cota altimétrica coletada no mapa.

Figura 5.4 – Exemplo com legenda de perfil topográfico gerado com a ferramenta Terrain
Profile no software QGis.

36
Considerando que a nascente está em área protegida e, assim, em local
com vegetação (figura 2.10), para extrair a altitude do terreno foi observado um
buraco entre a copa das arvores em que era possível obter o dado altimétrico.
A figura 5.5 mostra dois perfis topográficos e dois pontos altimétricos, onde o
perfil topográfico A mostra que a nascente (ponto de cor branca) está em uma
cota de 1.012 metros. O perfil B mostra que o terreno está em uma cota de
1.013 metros, demonstrando que o ponto de extração da altitude de terreno em
um buraco entra as arvores foi executado com êxito. Para demostrar a
diferença altimétrica entre a copa das árvores e o terreno foi obtido a altitude
de 1.027 metros na copa das árvores (Figura 5.6).
A figura 5.7 mostra o perfil topográfico utilizado para extrair a altitude do
lago seco. O resultado mostra que o lago estava em uma cota de 1.003 metros,
uma diferença vertical de 9 metros em relação à nascente. Já a figura 5.8
mostra a cota do lago que existe próximo a cava da mina, esse lago está em
uma cota aproximada de 988 metros.
Na mina desativada, as cotas topográficas foram extraídas no talude
mais baixo (que foi alagado) e no mais alto, na cota mais baixa da mina e na
estrada vicinal que passa ao lado do talude mais alto.
No talude mais baixo da mina desativada formou-se um lago artificial. A
altitude da superfície do lago é de 983 metros (Figura 5.9). Acima da superfície
do lago, a cota mais baixa da mina tem altitude de 989 metros (Figura 5.10).
A cota do talude mais alto da mina tem altitude de 1.022 metros (Figura
5.11), ou seja, antes da abertura da cava da mina o terreno estava a uma
diferença vertical de 10 metros em relação a nascente. Ao lado do talude mais
alto da mina, distância aproximada de 30 metros, existe uma estrada vicinal
que, segundo a série histórica obtida no Google Earth (capítulo 2) não sofreu
nenhuma mudança de realocação. A estrada está a uma altitude de 1.021
metros (Figura 5.12), demonstrando novamente que antes da abertura da mina
o terreno estava a uma diferença vertical de 9 metros em relação a nascente.

37
Figura 5.5 – Ortofo, perfil topográfico e cota altimétrica. A: o ponto de cor branca representa a
localização aproximada da nascente. O ponto de cor vermelha, em cima do ponto branco,
mostra o local de extração da altitude do terreno, ou seja, a altitude da nascente. B: o ponto de
cor vermelha mostra o local de extração altimétrica. Neste ponto é possível observar que não
existe vegetação.

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Figura 5.6 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde obteve-se a altitude
da copa das arvores.

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Figura 5.7 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
do lago. A: perfil topográfico desenhado sobre a ortofoto. B: perfil topográfico sobreposto ao
MDS.

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Figura 5.8 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da superfície do lago que existe próximo a cava da mina.

Figura 5.9 - Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da superfície do lago artificial que se formou dentro da cava da mina.

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Figura 5.10 - Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da cota mais baixa e seca da mina.

Figura 5.11 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da cota do talude mais alto da mina.

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Figura 5.12 – Perfil topográfico mostrando o ponto, de cor vermelha, onde foi extraída a altitude
da estrada vicinal que passa ao lado da mina desativada.

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6 COMCLUSÃO

A disponibilidade de água é afetada por ações que perturbem qualquer


uma das etapas do ciclo hidrológico ou hidrogeológico. Dentre os fenômenos
meteorológicos, a chuva é o que causa maior impacto sobre o meio ambiente,
sendo o mecanismo natural mantenedor do ciclo hidrológico e hidrogeológico
(Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 30 – Índices Pluviométricos em Minas
Gerais, 2010).
Na área estudada o mês com maior precipitação acumulada é janeiro,
com média de 286,5 mm, e o mês mais seco é julho, com média de apenas 8,3
mm. Na série histórica entre 1981 e 2010 não há registro de período de seca
nas estações (INMET) que compreendem a área de estudo. Porém, em 2014 o
sudeste brasileiro sofreu uma das piores estiagens desde 1964.
Apesar da seca de 2014 na região de Itapecerica – MG, o lago e a
nascente objetos de não sofreram consequências ou apresentaram mudanças
no seu regime. Não ocorreram estiagens após 2015 e o lago e sua nascente
somente secaram em 2017, ano em que não houve seca. Este fato indica não
dependência primária ou direta de precipitação para a recarga do lago e
nascente tenham diminuído. Portanto, o principal mecanismo a ser avaliado
deve ser fluxo de água, neste caso, é o escoamento de água subterrânea
(lençol freático).
Ainda de acordo com o boletim da EMBRAPA, o escoamento superficial
e subterrâneo é afetado pelas condições climáticas, teor de umidade e
características de tipo de solo, tipo de rocha, porosidade, permeabilidade,
cobertura vegetal, profundidade do lençol freático e capacidade de retenção de
água.
Segundo a série histórica de imagens de satélite do Google Earth Pro,
não houveram mudanças na cobertura vegetal e do solo na área de estudo, ou
nenhuma atividade que alterasse o escoamento superficial na área do sítio.
Porém a atividade mineradora alterou as características do tipo de solo e
rocha expostos na superfície e consequentemente sua porosidade,
permeabilidade, profundidade do lençol freático, capacidade de retenção de
água e podendo ter alterado a direção preferencial de fluxo subterrâneo de
água.

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Os resultados obtidos a partir no aerolevantamento com RPA mostram
que o afloramento do lençol freático (nascente) estava em uma cota de 1.012
metros e o lago estava em 1.003 metros. O talude mais alto da mina e a
estrada vicinal que passa ao seu lado mostram as cotas topográficas que
existiam antes da atividade mineradora, sendo de 1.022 e 1.021 metros
respectivamente.
Após encerrar a atividade mineradora, e consequente rebaixamento do
terreno original (com diferença vertical aproximada de 38,5 metros), formou-se
um lago artificial na porção mais baixa da mina, com cota de 983 metros. O
lago que existe próximo a cava da mina e que segundo a série histórica de
fotografias de satélite não sofreu alteração em sua recarga está em uma cota
de 988 metros.
Os dados altimétricos indicam que o lençol freático sofreu mudança na
cota topográfica de afloramento, deixando de ser 1.012 para 983 metros (um
rebaixamento de 29 metros). O lago que está próximo a cava da mina continua
cheio e em cota de 988 metros, indicando que o fluxo subterrâneo continua
escoando para a recarga desse lago. Tal fato pode estar relacionado com a
mudança de direção de fluxo subterrâneo, onde a água subterrânea deixou de
escoar para o norte (onde estava o lago e nascente) passando a escoar
preferencialmente para sul (onde está a mina desativada).
Portanto, a única e provável ação que afetou a disponibilidade de água
na área de estudo foi a mudança de cota topográfica aflorante do lençol freático
e consequente mudança de direção de fluxo.
Ressalta-se por ultimo que estudos mais detalhados podem ser feitos de
forma a comprovar efetivamente a mudança de direção preferencial de fluxo da
água subterrânea e rebaixamento do lençol freático ocasionando a seca da
nascente e por consequência do lago no sítio na área estudada. Entretanto a
contratante não dispõe de recursos financeiros, estimado na ordem de R$
100.000,00 (cem mil reais), para estudo que inclui perfuração de poços de
monitoramento de nível freático, acompanhamento de pelo menos 12 meses
para detalhar o fluxo subterrâneo e delimitação do aquífero.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, F. Z. Caracterização climática do Estado de Minas Gerais.


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CAMPELLO, M. S.; VAZ, B. B.; OLIVEIRA, M. A. S.; ÁVILA, M. A. B. Projeto


Fronteiras de Minas Gerais, Folha Formiga SF.23-V-B-III. Programa de
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em:
http://cbhsaofrancisco.org.br/2017/a-bacia/. Acessado em 10 fev. 2019.

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http://cbhgrande.org.br/bacia. Acessado em 10 fev. 2019.

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PITTON, S. E. C.; DOMINGOS, A. É. Tempo e doenças: efeitos dos


parâmetros climáticos nas crises hipertensivas nos moradores de Santa
Gertrudes – SP. Estudos Geográficos, Rio Claro, v. 1, n. 2, 2004.

GUIMÃES, D. P.; dos REIS, R. J.; LANDAU, E. C. Índices Pluviométricos em


Minas Gerais. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 30 – Índices
Pluviométricos em Minas Gerais, 2010.

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MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. Mapa
Hidrogeológico da Região Sudeste. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, 2015.

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