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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS PRÁTICA - TP1:

COLETA, ANÁLISE E PROSPECÇÃO DE POÇOS NA REGIÃO ZONA DA MATA


EM MINAS GERAIS

Discentes - Turma 01:

Gabriela Cadete de Souza - 2019009238

Lucas Andrade Sousa - 2019000930

Luiz Gustavo Sabará - 2019005444

Prof. Dr. Ivan Felipe Silva dos Santos

RTE/2021.1
1. INTRODUÇÃO
A água subterrânea é toda aquela água presente abaixo da superfície
terrestre, compondo os lençóis freáticos e os aquíferos. Partindo do ciclo hidrológico, é
a água que evapora dos rios superficiais para a atmosfera e retorna em forma de
precipitação, se infiltrando no solo. Essa água que infiltra no solo se acomoda nos
poros (rochas sedimentares) e fissuras (rochas cristalinas) das rochas, dependendo do
tipo de rocha do local. Após a infiltração e acomodação nos poros ou fissuras, essa
água forma um grande e importante recurso natural, que atualmente, em muitos casos,
tem abastecido cidades inteiras em maior quantidade que os rios superficiais. Além
disso, os aquíferos são responsáveis por alimentar os rios superficiais, lagos, poços e
nascentes.

Alguns fatores são importantes e influenciam no ciclo de um aquífero, sendo eles:

● Porosidade das rochas do aquífero: um aquífero pode conter rochas


sedimentares ou rochas cristalinas em seu interior e, por isso, a água infiltra e
se acumula de diferentes formas para cada tipo de rocha;

● Cobertura vegetal: durante a precipitação, um solo coberto por vegetação é


mais permeável e consegue infiltrar maiores quantidades de água. Já um
solo desmatado ou com cobertura urbana (ruas, calçadas, casas), tem baixa
taxa de permeabilidade, e por isso, a quantidade de água infiltrada é menor;

● Inclinação do terreno: em terrenos planos, a água da precipitação tende a


ficar acumulada na superfície, com pouco escoamento, e consegue se infiltrar
no solo em grandes quantidades. Já em terrenos com grande declividade, a
água tende a escoar rapidamente, não se acumula, e isso dificulta a
infiltração;

● Tipo de chuva: as chuvas fortes e intensas tendem a saturar o solo


rapidamente e o solo não consegue infiltrar grandes quantidades,
proporcionando um escoamento superficial maior após a saturação. Já nas
chuvas finas e duradouras, o solo satura lentamente e consegue infiltrar
maiores quantidades de água.

2. OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo salientar a importância do estudo


fundamentado e caracterização dos poços, do uso da água subterrânea, realizar
uma análise qualitativa e quantitativa dos poços, assim como, apresentar cálculos,
planilhas e demonstrar graficamente suas propriedades, métodos de perfuração,
destinação da água, vazão, profundidade e demais aspectos construtivos e
hidrodinâmicos.
3. METODOLOGIA

Para a construção deste trabalho, a região Zona da Mata foi escolhida no estado de
Minas Gerais. Em virtude da vasta quantidade de poços distribuídos na região, o grupo
optou pela análise e estudo dessa zona, e além disso, levou-se em consideração
também a cobertura vegetal da região, predominantemente de Mata Atlântica, floresta
tropical, densa. Atualmente, a cobertura vegetal está reduzida, resultado do processo
de urbanização e agricultura da cultura local.
Para realização da coleta dos dados de poços foi utilizado como base o Sistema de
Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS), para análise dos dados foram
utilizados o programa Excel e o software SciDAVis.

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ZONA DA MATA

A Zona da Mata é uma região geográfica do estado de Minas Gerais, na região


sudeste do Brasil. A região abrange uma área de 35,7 mil km² aproximadamente e
mais de 2 milhões de habitantes e faz divisa com os estados de Rio de Janeiro e
Espírito Santo. A região era originalmente coberta pela Mata Atlântica, no entanto, foi
bruscamente devastada e hoje compreende apenas alguns pontos de mata. Seu
relevo é rugoso e acidentado, com morros, serras e picos altos. Seu solo é constituído
por rochas cristalinas. Sua hidrografia é rica e compreende 3 bacias hidrográficas com
afluentes do Rio Paraíba do Sul: Rio Paraibuna, Rio Pomba, Rio Muriaé, Rio
Carangola, e ainda, afluentes do Rio Doce: Rio Piranga, Rio Xopotó, Rio Casca e Rio
Manhuaçu. Além da Bacia do Rio Itabapoana. Nessa região se destaca o aquífero de
rochas cristalinas.

Figura 1 - Caracterização dos tipos de aquífero em Minas Gerais

Fonte: Researchgate
Figuras 2 e 3 - Localização da área de estudo (Zona da Mata)

Fonte: SIAGAS Fonte: Wikimedia Commons

Foi selecionado o maior número possível de poços da região, totalizando 909


poços. Os dados foram baixados em arquivo xls. e conduzidos para o Software de
análise de dados, o Excel. Feito a análise de cada poço, foram descartados 263
poços por falta de dados.

Partindo dos dados coletados do (SIAGAS), foram gerados gráficos,


elaborados através do Excel, das principais informações obtidas. As correlações
entre vazão e profundidade, rebaixamento e vazão, rebaixamento por unidade de
vazão e vazão, foram obtidas através do coeficiente de Pearson, por meio do Excel.

O cálculo das médias, desvio padrão,histogramas com frequência e


frequência acumulada da vazão e da profundidade foram obtidos com o auxílio do
Software SciDAVis.

Foram considerados quatro cenários de tempo, visando uma melhor


compreensão dos dados,e de dois tipos bombas para a estimativa do consumo
energético mensal e as emissões de CO 2, com um rendimento médio das bombas
de 88%;

Tempo: t1=2h/dia, t2=4h/dia, t3=6h/dia, t4=8h/dia;


Tabela 1 – Fatores de Emissão de CO2

Fonte: Professor Ivan F. S. dos Santos

Bombas: B1: Bombas a diesel e B2: Bombas com motores elétricos utilizando
energia da rede. E as fórmulas:

Pot [ kW ]=9,8 HQ /n

E [kW /dia ]=Pot∗t

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com os dados fornecidos pelo SIAGAS, listou-se aspectos obtidos através


dos resultados presente na planilha encaminhada junto ao projeto.

4.1. Aspectos construtivos dos poços

Com a pesquisa dos poços presentes na Zona da Mata, torna-se possível a


obtenção de dados construtivos dos mesmos, bem como o tipo de poço presente, a
perfuração e o uso de suas águas. Os métodos de perfuração dos poços
encontrados foram rotopneumático, percussão e rotativo, porém apenas 309 poços
continham essas informações, conforme podemos analisar pelo gráfico 1.

Gráfico 1 - Métodos de perfuração

Fonte: Excel
A perfuração por percussão executa movimentos contínuos de subida e
descida de pesos em uma ferramenta, trépano, esmagando a rocha, girando sobre
seu próprio eixo, criando um buraco circular. Uma das vantagens deste método é
que ele possui uma broca simples, porém ele não é indicado para perfurações com
profundidades superiores a 200 metros.

A perfuração rotopneumática resume-se na associação de uma percussão


em alta frequência com uma pequena rotação, utilizando um fluido de perfuração,
através de compressores de ar de alta potência. Uma desvantagem é que esse
método exige muitas etapas para que a perfuração seja feita, o que eleva seu custo,
mas seu rendimento em perfurações de rochas compactadas apresenta um ótimo
resultado, podendo aumentar o diâmetro efetivo do poço.

O tipo de perfuração rotativa utiliza-se de uma broca para perfurar o solo ou a


rocha, enquanto um fluido é injetado por dentro da haste e a coluna de perfuração,
sai pelo orifício da broca e retorna a superfície levando fragmentos de rochas ou
solo.

A classificação dos poços da zona da mata apresentaram dois tipos, poço tubular e
escavado ( cacimba/cisterna), presentes no gráfico 2.

Gráfico 2- Tipos de Poços da Zona da Mata

Fonte : Excel

Poços escavados apresentam diâmetro superior a 0,5 metros, abertos por


ferramentas manuais, como pás e picaretas. Costumeiramente feito pela população
rural, apresentando diversos nomes, como cacimba; cisterna; cacimbão; entre
outros.
Os poços tubulares apresentam diâmetro maior, entre duas a dezoito
polegadas, podendo ser perfurado por máquinas perfuratrizes rotativas,
rotopneumática ou percussão. Eles também podem ser classificados como
artesiano, artesiano não jorrante, artesiano jorrante e freático.

Figura 4 - Tipos de poços

Fonte: Panorama da Aquicultura

Todo projeto de perfuração de um poço, seja qual for seu tipo ou qual método
utilizado, é feito por uma determinada razão, seja para dessedentação animal ou
humana, abastecimento urbano,industrial, entre outros. Dentre os 646 poços do
projeto, apenas 124 apresentam quais seus respectivos usos, apresentados no
gráfico 3.

Gráfico 3 - Uso das Águas

Fonte: Excel
4.2. Características Hidrodinâmicas

Foi feito o cálculo do rebaixamento dos poços da região, cujo é a diferença


entre o nível estático e o nível dinâmico. Em outras palavras, representa o quanto a
água rebaixou no poço no decorrer do bombeamento. A média encontrada foi de
aproximadamente 43,48 metros, apresentando um valor elevado durante seu
período transitório até alcançar seu regime permanente.

A média da vazão de estabilização foi encontrada através da vazão fornecida


pelo SIAGAS dividida pelo tempo em segundos, nos dando o valor de 0,004 m³/s e
um desvio padrão de 13,80.

Por meio desses dados, determinou-se a média de Sq, que foi de 34533,24.

4.3. Estatísticas e Correlações

Conforme dito anteriormente, os histogramas foram elaborados através do software


SciDAVis.

Gráfico 4 - Histograma das profundidades

Fonte: SciDAVis

Na área em estudo, os poços apresentaram uma média de 103,2 metros de


profundidade, com um desvio padrão de 34,9.
Gráfico 5 - Histograma de vazão de Estabilização (m³/h)

Fonte: SciDAVis

Gráfico 6 - Correlação das vazões x profundidade

Fonte: Excel

As correlações da vazão com a profundidade apresentados pelo gráfico 6,


apresentou uma reta como a equação de melhor ajuste e a correlação encontrada,
através do coeficiente de Pearson, foi de -0,06. O valor obtido foi negativo, mas
muito próximo de zero, indicando que as variáveis, vazão e profundidade, são
inversamente proporcionais.
Gráfico 7 - Correlação das vazões x rebaixamento

Fonte: Excel

A correlação encontrada para a vazão e o rebaixamento apresentou um valor


de -0,45. Assim como a correlação anterior, o valor encontrado foi negativo, mas
muito próximo de zero, indicando que ambos possuem variáveis inversamente
correlacionadas. Podemos relacionar essas correlações ao tipo de aquífero
presente, o fissural, pois o mesmo apresenta profundidade maior e pequenas
vazões.

4.4. Consumo de Energia e Potência

Os resultados de energia e potência foram obtidos através da fórmula 1, para


a determinação da potência;

Pot =9,8 HQ/n (1)

Onde:

Pot = potência em kW;

H = profundidade final em metros;

Q= vazão de estabilização em m³/s;

n = rendimento médio da bomba valor adotado foi de 88%.

Já o consumo de energia foi calculado através da fórmula 2, para tempos


diferentes, sendo t1=2h/dia, t2=4h/dia, t3=6h/dia e t4=8 h/dia.
E=Pot∗t (2)

Onde:

E = energia em kWh/dia;

Pot = potência em kW;

t = tempo em horas por dia.

A potência média encontrada foi de cerca de 1,56 kW.

A estimativa de emissão de CO2 para diferentes tipos de bombas, uma


elétrica e a outra a diesel, foram feitas a partir dos dados encontrados anteriormente
e estão explícitos na tabela 2.

Tabela 2 - Valores médios de Emissão de CO2 e Energia

Fonte: Os Autores

Como já era de se esperar, as bombas a diesel emitem valores maiores de


CO2 ao longo do tempo, quando comparados com as bombas elétricas.

4.5 Custos da Implementação

O valor para a implementação de um poço leva em consideração diversos


fatores, como a localidade, o tipo de solo a ser perfurado, profundidade, tipo de
aquífero entre outros. Foi pressuposto o custo para implementar um poço na região
de estudo.

O preço encontrado para o custo de perfuração do poço varia entre R$250,00


a R$500,00 o metro perfurado, sendo assim, adotamos o valor de R$375,00 por
metro. O valor de manutenção adotado foi de 2% do custo de perfuração, para
calcularmos quanto uma bomba elétrica gastaria, o preço da energia foi fornecido
pelo professor, que foi de R$ 0,75 o kW/h, assim como o preço do diesel, que foi de
R$ 3,00 o litro, para que seja calculado também o valor que seria gasto para uma
bomba a diesel.

Com os valores descritos anteriormente e com os dados presentes na tabela


3, foi feito o cálculo que resultou na tabela 4.
Tabela 3 - Média dos valores tratados

Fonte: Os autores

Tabela 4 - Custos da construção e manutenção do poço

Fonte: Os autores

5. CONCLUSÃO

Diante do exposto, compreende-se a importância e dimensão dos aspectos


envolvidos no processo de poços, aquíferos e águas subterrâneas. Este tipo de
estudo detalhado apresenta relevância para o entendimento do tipo de aquífero,
poços e local que são objetos do estudo. Partindo da coleta das características dos
poços na região, foi possível realizar cálculos e esses dados poderiam ser usados,
por exemplo, para um estudo ou projeto com o objetivo de ser implantado nesta
área.Como explanado anteriormente, as águas subterrâneas são de imensa
importância não só na Zona da Mata, mas em todo o mundo. E, partindo deste
princípio, o trabalho comprova não só a complexidade e pluralidade de um poço,
mas também suas características únicas destacadas no local em que se encontra.
6. REFERÊNCIAS

TODÁGUA POÇOS ARTESIANOS. Saiba quanto custa para perfurar um poço


artesiano. Disponível em: https://www.todagua.com.br/saiba-quanto-custa-para-perfurar-
um-poco-artesiano. Acesso em: jul/2021.

MB GEOLOGIA E MEIO AMBIENTE. Você conhece os principais métodos de


Perfuração para captação de água subterrânea?. Disponível em:
https://mbgeologia.com.br/index.php/novidades/detalhe/24/voc-conhece-os-principais-
metodos-de-perfuracao-para-captacao-de-agua-subterr-nea. . Acesso em: jul/2021.

PANORAMA DA AQUICULTURA. Águas subterrâneas: uma opção para a aquicultura.


Disponível em: https://panoramadaaquicultura.com.br/aguas-subterraneas-uma-opcao-para-
a-aquicultura/. Acesso em: jul/2021.

GONÇALVES,J.A.C;SCUDINO,P.C.B;SOBREIRA, Frederico Garcia. DOMÍNIOS


HIDROGEOLÓGICOS NO MEIO FISSURAL DO LESTE DA ZONA DA MATA-MG E
EXTREMO NOROESTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Ouro Preto, mai./2003.

CARVALHO,V.E.D.C. Modelagem Hidrogeológica de uma Sub-Bacia Hidrográfica da


Zona da Mata de Minas Gerais. Viçosa-MG, mar./2013. Disponível em:
https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/3800/1/texto%20completo.pdf. Acesso em:
jul/2021.

ABAS. Águas Subterrâneas: O que são?. Disponível em: https://www.abas.org/aguas-


subterraneas-o-que-sao/ Acesso em: jul/2021.

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