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CARGA HORÁRIA: 45 h.
Bibliografia:
ACI 318:2002. Building Code Requirements for Structural Concrete, American Concrete
Institute, Farmington Hills, Michigan, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739/94 – Ensaio de
compressão de corpos de prova cilíndricos de concreto. Rio de Janeiro, 1994-a.
BS 8110:1997. Structural Use of Concrete, Part 1, Code of Practice for Design and
Construction, British Standards Institution, London, 1997.
EUROCODE 2. Design of Concrete Structures, Part 1, General rules and rules for buildings,
DD ENV 1992-1-1, British Standards Institution, London, 1992.
1.1 INTRODUÇÃO
Existem basicamente dois tipos de análise para estruturas em Engenharia, a análise teórica e a
experimental. Entretanto, é comum a aplicação dos dois tipos na realização de um estudo mais
abrangente. A ordem e a intensidade da utilização de cada análise dependem da natureza do
tema abordado. É bastante comum a realização de análises teóricas antes e depois de uma
análise experimental. Os resultados experimentais podem fornecer dados para o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de modelos teóricos, computacionais ou não.
A análise experimental usa modelos físicos em escala natural, reduzida ou até mesmo
ampliada, em laboratório ou no campo (na construção), com sistemas de carregamento muitas
vezes personalizados, instrumentos de medição e equipe especializada. A tabela 1.1 apresenta
as principais vantagens e desvantagens das análises teórica e experimental.
A NBR 9607 define o termo prova de carga como o conjunto de atividades destinadas a
analisar o desempenho de estruturas através de medições e controle dos efeitos causados por
ações externas de natureza e intensidade previamente estabelecidas. A prova de carga deve
estar sempre associada a uma finalidade, decorrente de alguma das seguintes situações:
a) Aceitação da estrutura;
b) Mudança nas condições de utilização da estrutura;
c) Elevadas solicitações na estrutura em alguma de suas fases construtivas;
d) Acidentes ou anormalidades no comportamento observados durante a execução ou
utilização da estrutura;
e) Busca de informações ou, até mesmo, ausência de projetos;
f) Melhor entendimento do comportamento estrutural.
Para que uma investigação experimental atinja seus objetivos, é necessário que o programa
experimental seja minuciosamente planejado. Cada pesquisa tem suas particularidades e seus
Deve ser observado que para a definição do cronograma físico deve-se estabelecer até que
ponto as análises serão realizadas. Para isso deve-se definir os objetivos do programa
experimental e o número de espécimes a ser ensaiado. O objetivo da pesquisa influencia
significativamente na definição da quantidade de material, na escala dos modelos, na
sensibilidade dos equipamentos de medição e ensaio, na técnica de ensaio a ser adotada, etc.
Nesta etapa devem ser definidos os parâmetros mais importantes que serão analisados
(comportamento estrutural, resistência dos materiais, instabilidade, fadiga, etc.), as
características dos modelos, incluindo as condições de contorno, o tipo e a forma de aplicação
do carregamento, as grandezas a serem medidas, os equipamentos a utilizar, as condições de
segurança, etc. Deve-se estabelecer as medidas ou leituras que serão tomadas a partir do
sistema de ensaio. Os equipamentos devem ser adequados ao grau de acurácia exigido para o
estudo do problema. Muitas análises exigem certo grau de exatidão, fundamental para a
credibilidade ou confiabilidade da interpretação dos resultados do trabalho. Entretanto,
precisão demais pode significar desperdício de material, mão de obra e tempo. Como exemplo
da falta de precisão pode-se citar passos de carga elevados, impossibilitando o monitoramento
satisfatório do comportamento estrutural. Muitas vezes a transição de um regime para outro
não é detectada justamente por este motivo (inviabiliza a construção de curvas de
monitoramento).
A escala dos modelos pode ser estabelecida de forma que atenda aos objetivos da pesquisa e
ao sistema de ensaio existente. Caso haja a necessidade de confeccionar um sistema de ensaio,
a escala dos modelos influencia diretamente no custo dos materiais e equipamentos do
sistema, além do que, quanto maiores os modelos, maior área será ocupada para os serviços
de instrumentação e ensaio. A escala geométrica dos modelos é a relação entre uma
determinada dimensão linear do modelo e a respectiva dimensão correspondente no protótipo.
Um modelo reduzido não é uma simples maquete da estrutura. Para que o comportamento do
modelo represente satisfatoriamente o comportamento do protótipo devem ser atendidas
outras condições de semelhança, além da geométrica. No caso de modelos reduzidos de
concreto armado, a granulometria dos agregados pode influenciar no comportamento dos
modelos, interferindo na interpretação dos resultados. Os modelos reduzidos apresentam a
vantagem de baratear os ensaios. O manuseio, transporte e instalações necessárias podem ser
O método de análise indireto, quando o carregamento não apresenta semelhança direta com o
do protótipo, é bastante empregado em análises onde se emprega o método da superposição
dos efeitos. São exemplos os ensaios para determinação de linhas de influência, efeitos de
vibrações em estruturas, etc.
Um sistema de ensaio pode ser constituído por diversos subsistemas, dentre os quais estão os
sistemas de carregamento, instrumentação e aquisição de dados.
A aplicação do carregamento nos ensaios estruturais pode ser feita através de diversos
sistemas de aplicação de carga, dentre os quais: máquinas de ensaio tipo universal, que podem
trabalhar controlando os deslocamentos ou simplesmente o carregamento aplicado; cilindros
hidráulicos, pneumáticos e mecânicos, com comando manual ou servo-controlado; parafusos
de carga; materiais diversos (água, areia, etc.); sistemas de alavancas; túneis de vento;
experimental não é decisivo para executá-lo como planejado. Atrasos na entrega de materiais
e equipamentos, na liberação de recursos, greves e falta de pessoal de apoio prejudicam o
andamento do trabalho.
Toda pesquisa experimental deve ser realizada por pessoas devidamente treinadas, capazes de
operar os diversos equipamentos e instrumentos de medição utilizados nos ensaios, assim
como devem estar familiarizadas com os procedimentos de ensaio e demais aspectos do
trabalho. A equipe de trabalho é geralmente composta por um chefe de equipe ou
coordenador, responsável pela pesquisa, técnicos de laboratório, pessoal de apoio técnico e
administrativo. Os prestadores de serviços terceirizados também fazem parte da equipe de
trabalho, apesar de não serem permanentes.
De acordo com o local onde são realizados, existem basicamente dois tipos de ensaios: os
realizados em laboratórios e os realizados no campo, a céu aberto. No primeiro caso deve-se
considerar a infraestrutura disponível para acesso de materiais e equipamentos, instalação de
equipamentos, instrumentos de medição e sistemas de reação, deslocamento de pessoal, etc.
Outro ponto fundamental é a presença de oficinas de apoio bem equipadas no local de
trabalho ou nas imediações para a confecção de modelos, fabricação e manutenção de
equipamentos, serviços emergenciais. Estas oficinas são indispensáveis para a realização da
pesquisa.
No segundo caso, que considera pesquisas de campo, devem ser consideradas as condições
ambientais para a realização de medições e observações. Mesmo em laboratório alguns
ensaios exigem determinadas condições ambientais para sua realização (temperatura, umidade
do ar, etc.). Para que as condições ambientais não retardem o andamento da pesquisa, estas
devem ser também consideradas no planejamento.
A técnica de ensaio é a forma como o ensaio é desenvolvido. Esta técnica pode ser pré-
determinada antes mesmo da montagem do sistema de ensaio, desde que este sistema tenha
sido devidamente planejado ou anteriormente executado por outros pesquisadores.
A técnica de ensaios também pode ser um critério normativo ou pode ser estabelecida de
acordo com a experiência da equipe de trabalho. Na ausência do registro contínuo de leituras,
faz-se necessário um número satisfatório de passos de carga, com intervalos constantes de
preferência, para gerar mais pontos de leitura, de modo que as curvas e gráficos sejam
realmente representativos do comportamento estrutural. Muitos aspectos do comportamento
estrutural podem ser suprimidos por insuficiência de dados. Em ensaios de tração em barras
de aço o registro da transição entre o regime elástico e o plástico é fundamental para
determinação de algumas de suas propriedades. Contudo, deve ser observado que leituras em
excesso significam desperdício de mão-de-obra e desgaste desnecessários para os operadores
de determinados instrumentos (bomba hidráulica, indicadores de deformação de EER’s, etc.).
Também é durante a montagem do sistema de ensaio que se deve fazer a primeira verificação
dos equipamentos de medição. Nesta verificação os equipamentos devem estar posicionados
adequadamente para que deslocamentos excessivos, por exemplo, não venham a danifica-los.
Os equipamentos devem estar devidamente calibrados e não devem ser expostos a qualquer
risco de funcionamento incorreto durante os ensaios. O treinamento prévio dos operadores é
fundamental para que erros de leitura ou operação sejam evitados. Durante a tomada de
leituras e medições o responsável pela pesquisa deve estar atento e verificar regularmente a
coerência dos resultados.
Outro ponto importante na segurança do ensaio refere-se aos instrumentos de medição, que
devem estar protegidos antes e durante a realização dos ensaios, para que não sejam
danificados e as leituras prejudicadas. Alguns instrumentos de medição devem ser protegidos
da umidade, poeira, campos magnéticos, vibrações, temperaturas extremas, choques diversos,
etc. O correto funcionamento dos instrumentos de medição evita situações caóticas e
conseqüentes interrupções durante o ensaio. Em ensaios de campo deve-se ter a preocupação
de evitar o roubo e a depredação dos equipamentos, principalmente em ensaios de longa
duração.
A realização de um ensaio deve ser agradável, com o mínimo possível de interrupções, para
que não ocasione o desgaste da equipe. Para que os resultados sejam satisfatórios, é
necessário que todas as fases e seqüências do ensaio sejam cuidadosamente planejadas. A
montagem do ensaio deve ser realizada com o apoio de desenhos detalhados. Durante o ensaio
estes detalhes devem estar disponíveis, assim como informações referentes à capacidade
resistente dos materiais (dimensões dos modelos e outros componentes do sistema,
propriedades dos materiais e equipamentos, etc.). No caso dos modelos estruturais o
procedimento é semelhante, contudo recomenda-se uma análise teórica prévia para estimar a
capacidade resistente dos modelos e o passo de carga do ensaio, bem como as deformações
dos materiais, rotações e flechas dos modelos. Em ensaios envolvendo peças de concreto
armado procura-se aplicar passos de carga de mesma intensidade, com intervalos constantes
para realização das leituras, mas os passos de carga podem sofre variações, dependendo dos
objetivos da pesquisa. De qualquer forma, é importante que a carga máxima seja estimada e as
etapas de carregamento sejam previamente definidas.
A tomada manual de leituras exige tabelas destinadas à anotação das medições. Nas tabelas
devem constar: identificação do trabalho, do principal interessado, do modelo, do instrumento
de medição e do operador/anotador, data, local e hora, unidade de medida, passo de carga,
espaço para observações diversas e outros. Também se deve prever a possibilidade de leituras
repetidas – Zero. A prévia organização das tabelas agiliza o ensaio e facilita o trabalho de
digitação para a análise dos resultados. É recomendável a organização de tabelas
sobressalentes para o caso de substituição ou complementação das tabelas iniciais. No caso de
aquisição automática de dados, deve-se identificar corretamente as etapas de leitura e os
valores lidos, para evitar qualquer confusão no tratamento dos dados. Recomenda-se utilizar
programas que permitam a gravação contínua das leituras, e posterior backup. Em peças de
concreto armado tornam-se convenientes os intervalos de leitura, são nesses intervalos que o
pesquisador analisa o comportamento das fissuras, pontos com esmagamento do concreto,
enfim, faz a inspeção visual minuciosa e acompanha de forma mais ampla o comportamento
do modelo sob carga.
Após a análise dos resultados, o próximo passo é a elaboração do relatório ou redação final,
dependendo da finalidade da pesquisa. O texto final dever objetivo, ilustrado quando possível,
bastante detalhado, ou seja, completo. Como mencionado anteriormente, uma revisão
bibliográfica abrangente e a experiência do pesquisador facilitarão sobremaneira a redação
final. Normalmente o texto final também apresenta sugestões para melhorar as técnicas
anteriormente utilizadas e estudos complementares para trabalhos futuros.
O texto apresentado neste capítulo tenta passar aos novos pesquisadores uma visão geral das
etapas envolvidas na maioria dos ensaios em estruturas de concreto armado. Cada
planejamento dependerá da natureza do trabalho. Inicialmente um trabalho experimental pode
parecer extremamente cansativo, mas com a prática e a experiência adquiridas o pesquisador
passará a dominar diversas técnicas de ensaio e análise de resultados, passando a trabalhar
confortavelmente e a produzir trabalhos cada vez mais refinados e qualificados. Todo ensaio
deve ser cuidadosamente planejado, controlados e os resultados corretamente interpretados
para que sejam bem sucedidos. Dificuldades sempre existirão, mas ao final de cada etapa
realizada tem-se a satisfação, em maior ou menor grau.