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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO - FACED

ABRIL
2007
CLAUDIO EDUARDO DA HORA PINHO CABRAL

ABRIL
2007
Primeira impressão

Apesar da há tempos viver a universidade ontem estava me sentindo


com 15 anos. Na expectativa do primeiro dia de aula para o nível médio. O que
e quem encontraria? Como seria? Irei gostar? Adaptação á disciplina?
Dificuldades? Bom, além de outras questões pelos menos duas destas, já se
têm esboço. Creio que a disciplina tornou-se leve pela forma como foi
apresentada e pela simpatia irradiada pelo professor. Não estou aqui bajulando
quem quer que seja nada pessoal, mas porque trato ou procuro tratar as
pessoas como iguais que são. Imaginei uma aula chata, com conteúdo denso e
de difícil compreensão. Mas o responsável pela ”guia” na construção do
conhecimento foi claro e objetivo nas suas colocações e exposições. Agora
estou mais tranqüilo e parece-me que, pelo menos nesta disciplina, será de um
semestre agradável e proveitoso.

O que eu considero como minha identidade docente hoje?

Apesar da pouca experiência, como professor – um ano e meio em sala


de aula – percebi, que o modelo de professor tradicional, encontra varias
dificuldades de relacionamento dicente-docente, como para transmitir a
informação a qual se propôs a executar. Quando mais jovem tremia ao saber
que a “nota” seria dada através de seminário. Nunca imaginei que fosse
interessar-me pela docência, até o momento que fui convidado a dar uma
palestra para alunos da 4ª série de uma escola pública estadual, sobre a
Independência do Brasil. Momentos antes, cerca de uma hora, no primeiro
contato com os alunos de toda escola, notei a agitação e também pequenas
manifestações de ausência de afeto, o que confirmei anos depois em sala, ai
assumindo um classe de nível médio – na verdade cinco turmas – e sete
turmas de ensino fundamental. O professor tradicional, na minha carreira, no
meu proceder, está fora de questão. È um profissional que não se envolve no
processo de construção do conhecimento dos estudantes. Distante dos seus
questionamentos pessoais, da desestrutura da família daqueles seres carentes,
as dificuldades são imensas. Os alunos não tem uma amizade e respeito pelo
professor. Apesar de não ser um professor “Caxias”, ser meio “louco”, “bolo
doido” como alguns me chamavam, ainda não consegui aprender a avaliá-los
direito, que não através de provas. Preciso trabalhar isso. Não sei se e valido o
desabafo, posso lecionar em escolas publicas de graça, se tiver outra fonte de
renda que possa me manter dignamente. Mas desestimulantes são os valores
dados a educação, que em contra partida não existe sensação melhor do que o
reconhecimento pelo aluno, para com o seu professor e a satisfação de dever
cumprido.

Didática: uma retrospectiva histórica.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Texto apresentado ao grupo


Metodologia Didática, na X Reunião Anual da Anped, Salvador, maio de 1987 –
Revisado e ampliado em janeiro de 2003.

O texto trata do desenvolvimento da didática desde a chegada dos


“primeiros educadores – os jesuítas” até o período Vargas e deste aos dias
atuais. Contextualiza, o que se observava de propostas pedagógicas, com os
acontecimentos socioeconômicos e político-educacionais, ou seja, trazendo
uma lição da importância do atrelamento entre educação e a vida real. Da
aplicação dos conteúdos no cotidiano, indicando ao aluno os “dois lados da
moeda”, não impondo-lhes um dos lados, mas incutir-lhes a consciência critica
para que ele faça a escolha de acordo com suas experiências e convicções.
Com chegada dos jesuítas, que tinham objetivo de “educar” os índios
“ensinando” a fé cristã e a língua portuguesa, a educação colonial era resumida
à imposição de uma cultura sobre a outra e restrita a elite colonial. O que era
antes, continua hoje mascarado de forma diferente. Naquela época o cotidiano
dos lugares não era relacionado com o conteúdo, como atualmente, de forma a
conduzir-se o individuo ao pensamento critico e atuante na sociedade. A
pedagogia tradicional sustentava-se ou pelo menos tinha apoio na religião. A
metodologia compunha-se de regras e normas prescritas, engessando o
ensino.
A partir da mudança de modelo econômico agrário-exportador para
urbano-comercial exportador a igreja, que inicialmente conduzia os rumos da
educação, tem seu papel, sua função, substituída pelo Estado, que assume as
“rédeas” e claramente passa a preparar o aluno para a classe social de origem,
ou seja, cada uma preparado segundo sua posição social utilizando-se par isto
a pedagogia tradicional que ao longo dos tempos teria conceitos diversificados
e modificado gradualmente – ai já nota-se uma “vontade” de discussões sobre
educação – a consolidação da didática nos cursos superiores e transformação
em curso independente. Depois do Estado Novo a educação geria-se
proposições políticas e servia à classe dominante. Não que antes fosse
diferente, mas existiam sensíveis mudanças nas discussões de problemas
educacionais internos das escolas, ainda ignorando relações com a sociedade
fora da escola. Com o golpe militar a escola tecnicista e difundiu-se, visando
preparar mão-de-obra para pó período de “desenvolvimento” planejado pelos
militares – escolas técnico-profissionalizantes - ainda desvinculando, na
didática, o contexto social. Muito se tentou modificar a função da metodologia
de ensino, qual seu papel junto à sociedade, mesmo assim, reproduzia-se a
condição social vigente. A organização da escola, nos pressupostos da
pedagogia critica, começou a organizar-se a partir da década de 80. Tornava-
se mais clara a situação em que a sociedade estava inserida, qual o papel da
escola, da educação na construção do saber crítico. Nos anos 90, as
perplexidades giram em torno de três processos: “(...) globalização econômica
e modos de produzir, mundialização social e de modos de dominar” (Dreifuss).
É com esse ambiente inter-relacionado que se passa a necessidade de rever
praticas e sistemas da educação, adequando-as a nova realidade, num “mix”
de fatores que devem ser analisados, estudados, buscando interpretar os
problemas e criar soluções existentes na educação, vinculados ao quadro
socioeconômico.
A idéia da didática modernizadora “recheada” de enfoques teórico-
metodológicos – neobehavorismo, construtivismo etc – ainda separa a didática
do contexto social. Transmite conteúdos, métodos, formas, técnicas mas não
analisa a situação de cada realidade de aluno – exemplo, aplicação de técnicas
pedagógicas com crianças da escola publica do estado da Bahia com o
brinquedo chamado lego – com crianças que nem brinquedos comuns tem
contato, deficiência na alimentação, desestrutura familiar etc . As deformidades
são tão alarmantes, gerando conflitos entre professores que vivenciam a escola
e os problemas refletidos do lugar dentro dela e os tecnólogos, pedagogos etc.
Alguns docentes, de algumas disciplinas, e universidades e faculdades,
ignoram estes entraves e passam o conteúdo da pedagogia com formulas
mágicas que irão: fazer o aluno compreender a construção do saber, ser critico
e analítico com a realidade a sua volta – com métodos engessados – impostos
a estudantes com problemas sociais do mais diversos níveis e tipos.
De fato, “(...) a didática engloba um conjunto de conhecimentos que
entrelaça contribuições de diferentes esferas cientificas – teoria da educação,
do conhecimento, psicologia etc – junto com requisitos de operacionalização”
(Libaneo 1997). Deveria ser desse modo. Alem da teoria, a operacionalidade é
fundamental para tornar viável a função, inter-relação escola-sociedade, aluno-
aluno, aluno-professor. Inserir no processo de educação, didática adequada à
realidade brasileira, explicitando, em sala de aula, as condições oriundas da
luta de classes e da educação como meio de mudanças da situação atual.
Memória aprendiz

Ano de 1979, aproximadamente 15h30min, surge quem? Eu... rs, quase


seria puxado a ferro, nascia no interior, num município desprovido de hospital e
outros também importantes e básicos, instrumentos e instituições do poder
público, que podem proporcionar vida digna ao ser humano.
Comecei minha vida escolar com um ano e onze meses – segundo
meus pais – e comecei a ter noção do que seriam, as primeiras experiências da
vida em sociedade. Lembro que dos “jardins até a 4ª série, uma das coisas que
me incomodam, e creio a algumas pessoas também, o fato de fazer algo por
obrigação, coagido. Por duas vezes estive nesta situação e reagi... rs: uma no
desfile de sete de setembro, eu todo feliz achando que iria vestir farda do
exército e me aparecem, sem antes um explicação do por que, com cartolina
enfeitada de verde amarelo, simulando um fardamento. Ao ser “adereçado”
com chapéu de papel, imediatamente o devolvi, de forma sincera que toda
criança tem à querida professora. Logo após senti a mão da minha genitora no
meu braço pedindo respeito ao mestre... rs. Outra, na festa de dia das crianças,
mais uma vez o trouxa aqui passou por situação similar.
Da 5ª ao 3º ano, amizades, paqueras, historias e a própria vivencia da
escola foram ótimas, do meu ponto de vista e claro. Tenho dois mestres que
sempre lembro pelas pessoas que são e pelos exemplos que transmitiram.
Angélica Duarte – matemática, severidade alegria – conflitante não?, e Jorge
France – história, “seja como a águia, mas sempre que puder venha ter com os
seus, para que não esqueça suas origens e nem quem você é”, a família e
amigos estão sempre ali quando precisar ou não – acreditar que somos o que
construímos e plantamos moralmente e não o que temos. Este ultimo professor
e amigo que ensina outras coisas além do âmbito educacional e social, mas
valores como dignidade, humildade, honestidade e fraternidade sem desistir de
objetivos que busco.

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