Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

Resenha critica apresentado à disciplina de


Estágio III do Curso de História da Universidade
Federal de São João del-Rei (UFSJ).

Docente: Flaviana Ribeiro.

Discente: José Cássio Marques Passos.

Resenha do filme: Escritores da Liberdade.

São João Del-Rei


22/06/2022
O filme baseado em fatos reais, conta a história da professora Erin Gruwell que
inspirada no pai que participou do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos, foi
lecionar em uma escola na Califórnia que possuía um programa de integração ao qual
matriculava alunos de outras comunidades e de demais classes sociais, no entanto esses
tendiam a serem separados em uma turma percebida como “inferior” pela própria escola mas
a professora novata estava interessada justamente nessa turma e foi carregada de esperança e
compromisso para ensinar gramática e literatura a esses jovens.
Os desafios se apresentam no inicio pois seus alunos são marcados por históricos de
violência, dificuldades econômicas e racismo, suas ligações com gangues dificultam uma
interação coletiva no ambiente da sala de aula que parece ficar divida nas primeiras partes do
filme a “panelinhas” relacionadas a suas identidades étnico- raciais, as divergências e
violências vividas no cotidiano desses estudantes são levadas também a sala de aula e
ocasionalmente gerando conflitos um dos quais a professora intervém ao perceber um
caricatura ofensiva de um aluno negro, ela utiliza da situação para ensinar os alunos os
perigos dessa prática utilizando o exemplo da propaganda anti semita produzida pelos nazistas
e suas consequências que geraram o holocausto.
Essa temática é muito utilizada pela professora por abordar a questão da violência que
é algo entendido e vivido por esses jovens, eles são apresentados ao diário de Anne Frank que
lhes despertam interesse e através dos esforços da professora conseguem visitar museus e
aprenderem mais do tema, além disso são incentivados a escrever seus próprios diários onde
eles expõe seus relatos de vida e as dificuldades e traumas que enfrentam no dia a dia, esse
projeto é nomeado pela professora como: escritores da liberdade.
A obra é muito interessante não apenas por representar uma história real que realmente
criou um projeto educacional inspirador, mas também porque ela permite muitas reflexões
sobre o papel do educador/educadora bem como os desafios da profissão e as realidades
plurais dos estudantes e como isso interfere em suas experiências escolar. A professora possui
muito entusiasmo para ensinar acreditando no potencial de seus estudantes e diante dos
desafios ela busca entender seus alunos/as lhes garantindo o lugar de fala tendo suas historias
e experiências espaço nas atividades da sala de aula, essa prática de ensino nos permite
lembrar dos ideais defendidos por Paulo Freire como por exemplo a sua denuncia a educação
bancaria que desvaloriza as experiências dos alunos, e sua defesa de uma educação libertadora
e problematizadora que estimula os alunos, ensina a questionar, estabelece diálogos com os
mesmos lhes tornando sujeitos ativos na relação de ensino/aprensizagem.
O filme também retrata as dificuldades que enfrentam os educadores no âmbito das
próprias exigências e limitações do sistema de ensino, ou em suas vidas privada, pois mesmo
que o entusiasmo e o desejo de inovar e trabalhar com novas metologias que possam
contribuir melhor para o aprendizagem, é comum que se frustrem pois muitas vezes não
conseguem aplicar suas ideias pela exigência dos modelos conteudista ainda muito presente
nos currículos escolares, e também por limitações financeiras sendo esse um reflexo do pouco
investimento ofertados a educação e se na ficção a professora se torna a responsável por
conseguir mais verbas para seus projetos, a realidade implica mais desafio sobretudo se
pensarmos na cargo horária de um professor/professora do ensino publico brasileiro que é
onde podemos falar com mais propriedade, está submetido a trabalhar em cargos muitas vezes
em diferentes turnos as vezes em diferentes escolas para além de conciliar tudo isso a vida
particular e lidar com mau remuneração, essas adversidades contribuem para um esgotamento
mental que por sua vez prejudica a saúde da pessoa, e quanto mais tempo de profissão mais
tente ser a frustração exemplo percebido no próprio filme com a senhora Margaret Campbell
em que todo seu tempo de experiência como educadora a fez se enquadrar nos métodos
tradicionais vigentes do ensino e representando características comuns em muitos educadores.
Apesar das dificuldades que muitas vezes fogem do alcance dos educadores e até
mesmo das escolas resolverem até porque penso que são vitimas do descaso e da
desvalorização, existem profissionais que acreditam no papel transformador da educação e se
desdobram para ajudarem os alunos/as a atingirem seu potencial e certamente o filme serve de
boa inspiração e embora devemos ter senso critico e evitar romantizar todo esforço e luta que
realiza esses profissionais da educação, são oportunas as obras que nos inspire, dê reflexões e
esperança de cumprir nossa função social e como bem nos lembra Freire temos a função de
intervir no mundo incentivando a curiosidade e a inteligência esperançosa que se desdobra na
compreensão comunicante do mundo.

Referências:
Escritores da Liberdade. Direção: Richard LaGravenese. Produção de MTV Films.
Estados Unidos: Paramount Pictures, 2007. https://www.netflix.com/br/
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1974. FREIRE,
Paulo.
FREIRE, Ana Maria Araújo (Org.). Pedagogia do Compromisso: América Latina e
Educação Popular. 1. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Paz e Terra, 2018.

Você também pode gostar