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UNIVERSIDADE LÚRIO

Faculdade de Ciências de Saúde


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Curso de Licenciatura em Psicologia Clínica
Cadeira: Metodologia de Investigação Científica I

(Lição 1)
Nível: 1º Ano Regime: Nocturno
Turma: Única Carga horária: 64h
Semestre: 2º Ano
académico: 2020
Docente: Marques A. Rafael, PhD
Contacto: (+258) 840270105
Objectivos:
• Desenvolver capacidade criativa e reflexiva na
construção de conhecimentos científicos;
• Utilizar metodologias científicas na elaboração
dum plano de investigação;
• Desenvolver habilidades cognitivas para orientar a
solução de problemas;
• Elaborar um protocolo de investigação científica;
• Interpretar e analisar os resultados e gráficos de
uma pesquisa.
1. Definição de termos
1.1. Metodologia
• Do grego: “meta” = ao largo;
“odos” = caminho;
“logos” = discurso, estudo.

• Metodologia: disciplina que estuda,


compreende e avalia os vários métodos
disponíveis para a realização de uma pesquisa
académica.
1.1. Metodologia
• Em um nível aplicado, a metodologia, examina,
descreve e avalia os métodos e técnicas de
pesquisa que possibilitam a colecta e o
processamento de informações, em vista à
resolução de problemas (ou questões de
investigação).

• A ser assim, a metodologia é um conjunto de


procedimentos e técnicas que devem ser
aplicados para a construção do conhecimento,
com o propósito de comprovar sua validade e
utilidade nos diversos âmbitos da sociedade.
1. Definição de termos
1.2. Ciência
• Do verbo latino: Scire = aprender, conhecer.

• Ciência: conjunto de atitudes e atividades


racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento
com objetivo limitado, capaz de ser submetido à
verificação (Trujillo Ferrari, 1974);

• é “um conjunto de proposições logicamente


correlacionadas sobre o comportamento de certos
fenómenos que se deseja estudar” (Lakatos e
Marconi, 2007, p. 80);
1.2. Ciência
• Segundo uma visão tradicional e objetivista,
ciência é um tipo de conhecimento adquirido por
métodos rigorosos, sistematizados e suscetíveis
de serem ensinados.

• Pode-se entender ainda como “conhecimentos


racionais, obtidos por meio de métodos,
verificáveis e sistematizados referentes a
objectos de igual natureza” (Nascimento; Sousa,
2015, p. 126).
Critérios de cientificidade
Segundo Demo (2000), para ser científico o
conhecimento tem de ter:
a. Objecto de estudo bem-definido e de natureza
empírica: delimitação e descrição objetiva e
eficiente daquilo que se pretende estudar,
analisar, interpretar ou verificar por meio de
métodos empíricos;
b. Objetivação: tentativa de conhecer a realidade tal
como é, evitando contaminá-la com ideologias,
valores, opiniões ou preconceitos do pesquisador;
Critérios de cientificidade
c. Discutibilidade: significa a propriedade da
coerência no questionamento, evitando, “a
contradição performativa, ou seja, desfazer-se
o discurso ao fazê-lo, como seria o caso de
pretender montar conhecimento crítico imune
à crítica” (Demo, 2000, p. 28). Trata-se de
conjugar a crítica e autocrítica, dentro do
princípio metodológico de que a coerência da
crítica está na autocrítica;
Critérios de cientificidade
d. Observação controlada dos fenômenos:
preocupação em controlar a qualidade do dado e
o processo utilizado para a sua obtenção;

e. originalidade: refere-se à expectativa de que


todo discurso científico corresponda a alguma
inovação, pelo menos, no sentido reconstrutivo;
“não é aceite discurso apenas reprodutivo,
copiado, já que faz parte da lógica do
conhecimento questionador desconstruir o que
existe para o reconstruir em outro nível” (Demo,
2000, p. 28).
Critérios de cientificidade
f. Coerência: argumentação lógica, bem-
estruturada, sem contradições; critério mais
propriamente lógico e formal, significando a
ausência de contradição no texto, fluência entre
premissas e conclusões, texto bem-tecido como
peça de pano sem rasgos, dobras, buracos, etc.;

g. Sistematicidade: parceira da coerência, significa o


esforço de dar conta do tema amplamente, sem
exigir que se esgote, porque nenhum tema é,
propriamente, esgotável;
Critérios de cientificidade
h. Consistência: base sólida, “refere-se à
capacidade do texto de resistir à
contraargumentação ou, pelo menos, merecer o
respeito de opiniões contrárias; em certa
medida, fazer ciência é saber argumentar, não só
como técnica de domínio lógico, mas sobretudo
como arte reconstrutiva” (Demo, 2000, p. 27);

i. linguagem precisa: sentido exato das palavras,


restringindo ao máximo o uso de adjetivos;
Critérios de cientificidade
j. autoridade por mérito: significa o
reconhecimento de quem conquistou posição
respeitada em determinado espaço científico e,
por isso, é considerado “argumento”; esse “corre
todos os riscos de vassalagem primária, mas, no
contexto social do conhecimento, é impossível
livrarmo-nos dele” (Demo, 2000, p. 43);
Critérios de cientificidade
k. Relevância social: os trabalhos académicos, em
qualquer nível, devem ser mais pertinentes e, por
isso, devem ser relevantes em termos sociais, ou seja,
devem estudar temas de interesse comum,
confrondo-se com os problemas sociais
preocupantes;
l. Visão ética: A visão ética permite que os trabalhos
estejam direccionados para o bem-comum da
sociedade, evitando que os meios se tornem fim,
fazendo com que não se discutam somente os meios
e assegurando que os fins não justifiquem os meios.
Critérios de cientificidade
m. Intersubjetividade: opinião dominante da
comunidade científica de determinada época e
lugar.
Resumindo:
• A ser assim, a ciência pode-se ser vista como uma
sistematização de conhecimentos, um conjunto de
proposições logicamente correlacionadas sobre o
comportamento de certos fenómenos que se
pretende estudar.
Referências bibliográficas
• MARKONI, Maria de Andrade & LAKATOS, Eva
Maria. (2017). Fundamentos de metodologia
científica. 8ª ed., S. Paulo: gen/Atlas.
• PRODANOV, Cleber Cristiano & FREITAS, Ernani.
(2013). Metodologia do trabalho científico:
métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho
acdémico. 2ª ed., Novo Hamburgo: FEEVALE.
• SILVA, António João Hocayen da. Metodologia de
pesquisa: conceitos gerais. Paraná: UNICENTRO.
Referências bibliográficas
DEMO, Pedro. 2012. Ciência rebelde: para continuar
aprendendo, cumpre desestruturar-se. S. Paulo: Atlas.
MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. 2017.
Fundamentos de metodologia científica. 8ª ed. S. Paulo:
Atlas.
NASCIMENTO, Francisco Paulo do; SOUSA, Flávio Luís Leite.
2015. Metodologia científica. Brasília: Thesaurus.
PRODANOV, Cleber; FREITAS, Ernani César de. 2013.
Metodologia do trabalho científico: Métodos e técnicas da
pesquisa e do trabalho académico. 2ª ed. Novo Hamburgo:
Feevale.
TRUJILLO FERRARI, Alfonso. 1974. Metodologia da ciência. 3ª
ED. Rio de Janeiro: Kennedy.

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