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11º Seminário Internacional de Transporte e Desenvolvimento Hidroviário Interior

Brasília/DF, 22-24 de outubro de 2019.

Análise da capacidade e eficiência do arco norte como alternativa para


exportação de soja e milho: problemáticas e perspectivas futuras.

André Felipe M. do Rosário, UFPA/FENAV, Belém/Brasil, felipe21monterosario@gmail.com

André Luís Rodrigues Martins, UFPA/FENAV, Belém/Brasil, Labmart@hotmail.com

Paulo Lucas Silva Sales, UFPA/FENAV, Belém/Brasil, Paulosales2001@hotmail.com

Resumo

O objetivo deste estudo é analisar a atual capacidade de escoamento da produção de soja e milho
pelo arco norte, buscando identificar os gargalos que impedem a consolidação dessa região como
principal rota de exportação de grãos do Brasil. Ademais, busca levantar medidas para atender,
satisfatoriamente, a pujante demanda de exportação desses grãos na próxima década. Para tanto, é
importante conhecer corredores logísticos consolidados internacionalmente, como os corredores
estadunidenses. O artigo foi elaborado após consultas: a base de dados da Antaq; aos relatórios dos
Ministérios da Agricultura e da Infraestrutura, Câmara dos Deputados e governo do Mato Grosso.
Utilizando-se do conceito de corredores logísticos, este inicia com o levantamento das principais
regiões produtoras de soja e milho e as suas perspectivas nos próximos anos. Em seguida, verificou-se
a atual da logística de exportação e o papel do arco norte nesse contexto. Partindo de corredores já
consolidados, identificou-se quais obras são relevantes para eficiência logística do arco norte. Por
resultado, temos que o a infraestrutura e operação dos corredores é principal responsável pela sua
subutilização. Além disso, a região necessita de projetos de expansão da capacidade pra se tonará
economicamente viável. Logo, é inquestionável que o crescimento da produção de grãos forçará o
arco norte a se reestruturar. Nesse contexto, o governo federal e os estados tem papel indispensável.

1-Introdução Assim, as condições climáticas, solo favorável e


Desde o fim do século XX, a demanda mundial de grande oferta de áreas cultiváveis consolidaram o
soja e milho vem crescendo sensivelmente, Brasil entres os maiores produtores e exportadores
movimentando um mercado bilionário todos os de soja e milho do planeta, nos últimos anos. Logo,
anos. A valorização desses grãos não é por acaso, o país será o principal responsável por atender as
sua versatilidade faz com que sejam elementos futuras demandas desses grãos.
indispensáveis da economia contemporânea, Contudo, a produção nacional é interiorana e
sendo utilizados desde matéria prima para rações movimenta-la até os portos e, consequentemente,
até em produtos com tecnologia de ponta. Além aos mercados consumidores tem-se mostrado um
disso, segundo o Departamento de Agricultura dos desafio. Isso se deve a utilização de uma
Estados Unidos à demanda mundial de soja e infraestrutura de transportes baseada no modal
milho continuará crescendo nas próximas décadas, rodoviário e pontos de exportação distantes da
principalmente em países asiáticos. origem e destino das cargas, elevando custos.
Assim, o arco norte se mostrou a alternativa ideal estudos direcionados colocaram o país entre os
para contornar essas problemáticas. Logo, em maiores produtores de soja e milho no século 21.
2010 iniciaram os primeiros investimentos na Tabela 1-Evolução da área plantada de soja,
região, com planos de até em 2025 se tornar o maiores produtores mundiais.
principal corredor de exportação de grãos do país.
Contudo, nove anos depois, a realidade é bem
diferente. A região que produz 52% da produção
nacional de grãos exporta apenas 28%. Isso se
deve a estruturação desse corredor, feita em
malhas rodoferroviárias ou hidroviárias em
precárias condições, muitas vezes sem adequação Fonte:USDA(2018).
alguma. Assim, criou-se o mito do arco norte, Consequentemente, na safra 2019/2020, O Brasil
aquele que todos sabem que é a solução, mais não poderá colher uma safra recorde de soja, estimada
sabem por que não funciona efetivamente. em mais de 123 milhões de toneladas. Além disso,
Diante disso, este trabalho se preocupa em as expectativas para a safra do milho também são
verificar de forma racional e detalhada quais os promissoras, com valores que rodam 101 milhões
principais gargalos em cada corredor e que obras de toneladas. Portanto, o país se tornará o maior
são mais importantes pra potencialização de cada produtor de soja do mundo, superando os Estados
eixo do arco norte em estudo. Diante da grande Unidos e tendo participação ativa na produção de
diversidade de projetos para cada eixo, conhecer milho no planeta.
corredores logísticos já consolidados é
indispensável pra mensurar soluções.
Portanto, este artigo tem por objetivo ofertar ao
leitor informações consistes da atual condição do
arco norte quanto ao escoamento de grãos e que
desafios ele terá que superar pra se consolidar
como principal rota de exportação de grãos.

2-Caracterização da atual produção de soja e


milho e perspectivas futuras.
Na segunda metade do século 20, o alto teor de Figura 2: Evolução da produção dos principais
óleo e proteína da soja começou a atrair a atenção países produtores de soja em grão (mi t.). Fonte:
das indústrias alimentícias mundialmente. Com o USDA(2018).
passar dos anos, tais características levaram a soja
a ser utilizada como matéria prima para produção
de rações, adubos, combustíveis, entre outros.
Desde então, a soja passou a ser um produto
muito cobiçado no mercado internacional. Logo,
esse tipo de cultivo revolucionou as terras
cultiváveis mundo a fora, inclusive no Brasil que se
tornou um dos maiores produtores.
Com o milho não foi diferente, grão típico das
Américas teve seu potencial “descoberto” no início
do século 20. Assim, a importância econômica do
milho se consolidou pelas diversas formas de sua
utilização, que vai desde a alimentação animal até Figura 2: Projeção da demanda de soja e sub
a indústria de alta tecnologia. Na realidade, o uso produtos , em milhões de toneladas. Fonte:
de milho como alimentação de animais responde USDA(2016).
por grande parte do consumo desse cereal Dada a grande importância da soja no mercado,
mundialmente, cerca de 70%. grande parte da produção mundial, e
Diante da grande relevância da soja e milho para o principalmente brasileira, tem como destino o
mercado internacional, desde a década 1960 o mercado Chinês, que segundo perspectivas, nos
governo e os produtores brasileiros vêm próximos anos, necessitará de ainda mais soja,
aumentando a área cultivada e significativamente valorizando ainda mais a essa indústria. Em valores,
a produção desses grãos. As temperaturas a demanda vai saltar de aproximadamente 55
estáveis, chuvas regulares, alta incidência solar, milhões de toneladas, em 2010, para mais de 80
topografia plana, equipamentos modernos e milhões em 2025. Nesse cenário, o Brasil ganha
destaque, pois sua grande área cultivável e estado do Mato Grosso, maior produtor de soja e
produtividade média superior a 3000 ton./hectare milho do país.
e áreas para expansão, o direcionam como Além disso, a produção de soja e milho está
principalmente responsável por atender a migrando também para novas áreas no Maranhão,
demanda chinesa. Tocantins, Pará, Rondônia, Piauí e Bahia, que em
Quanto ao milho, à demanda mundial está 2017 responderam por 13,2% da produção
diretamente relaciona a sua importância Brasileira (Conab, 2017).
econômica, e as perspectivas da demanda e Acompanhando o crescimento nacional, os estados
produção são de crescimento nos próximos anos. que hoje que são os maiores produtores de grãos
Tem com principais produtores: Estados Unidos, do país, aumentaram sua produção também.
China e Brasil. Quando ao mercado de Segundo José Garcia Gasques, coordenador-geral
importações tem uma diversificação de países de avaliação das políticas e informação do
consumidores. Ministério da Agricultura, nas projeções do
O Brasil, desde 2000, deixou de ser um agronegócio(2018/19-2028/29), o aumento virá,
importador, para se tornar o terceiro maior principalmente, nos estados do Mato Grosso e do
exportador de milho do mundo. E a produção Paraná. Segundo Gasques, o crescimento da
continua crescendo, para safra2019/2020 estima produção agrícola no Brasil deverá continuar
se uma colheita de 101 milhões de toneladas . ocorrendo com base na produtividade, que está
Além disso, a Conab estima que a produção de prevista crescer 27% e a área plantada, 15,3%.
milho do país vá chegar em 118,2 milhões de Quanto às regiões, merece destaque a maior
toneladas, em 2026/27, mas podendo chegar até expansão de produção que se dará no Centro-
ate 177,7 milhões. Assim, As exportações devem Oeste, passando de 107,4 milhões de toneladas
passar de 25,5 milhões de toneladas em 2017 para (safra 2018/19), para 143 milhões de toneladas
35,1 milhões de toneladas em 2026/27, podendo (safra 2028/29), um aumento de produção de 33%.
chegar a 51,3 milhões de toneladas. Isso deve a Nesse contexto, o Mato Grosso continuará
utilização das mesmas áreas de cultivo que a soja, liderando a expansão da produção de milho e soja
o chamado milho de segunda safra. Ademais, as no país, com aumentos previstos de 35,4% e 43,1%,
exportações já respondem por 40% da produção respectivamente. Segundo o Instituto Mato
de Milho do país (Conab, 2017). Grossense de Economia Agropecuária-Imea,
significativa porção do aumento da produção de
Portanto, é inquestionável o aumento da demanda grãos no estado, ocorrerá nas regiões do meio
de soja e milho nas próximas décadas. Nesse norte e nordeste, regiões próximas ao estado do
cenário o Brasil que já possui participação ativa na Pará.
produção desses grãos ganha ainda mais destaque
internacional, porque possui grandes áreas para
expansão dessas culturas, diferentemente de
países como Estados Unidos e China. Logo, em
poucos anos o país se consolidará como o maior
produtor de soja do mundo e nas mais pessimistas
expectativas o segundo maior produtor de milho
do mundo.
Outrossim, a produção brasileira de soja e milho
não está distribuída homogeneamente pelos
estados e regiões. Segundo a Conab, na safra
2016/2017 a produção de soja foi lidera pelos
estados do Mato grosso, com 27% da produção
nacional, Paraná, com 17,3%, Rio grande do sul Figura 4: Produção de soja por macrorregião
com 16,1%, Goiás 9,6% e Mato Grosso do Sul, com 2013/14 e 2024/25(milhões de toneladas).
7,6%. Já a produção nacional de milho, no mesmo Fonte:IBGE.
período, está distribuída nos estados de Mato
Grosso, 26,9%, Paraná 19, 2%, Goiás, 10,6% e
Mato Grosso do Sul, com 10%. Certamente, a
produção desses grãos tem destaque nos estados
localizados acima do paralelo 16º S, a região
chamada de Arco Norte, que em 2018 foi
responsável por 52% da produção nacional de soja
e milho. Nesse contexto, merece destaque o
escoaram por portos do sudeste e sul do país que
aproveitam as estruturas existem da exportação de
café do início do século XX. A partir de então, os
investimentos para exportação desses grãos foi
baseado na modernização e ampliação da
infraestrutura existente. Ainda hoje, o maior
exemplo dessas políticas são os terminais que
movimentam soja e milho no porto de Santos.
Assim, só em 2018 o porto movimentou 27,9
milhões de toneladas de soja e milho, o que
equivale a 14% da produção nacional. Além disso,
Figura 5: Produção de milho por macrorregião grande parte dessa produção oriunda de estados
2013/14 e 2024/25(milhões de toneladas). pertencentes ao arco norte.
Fonte:IBGE. Todavia, essa rota de exportação está sendo
Além disso, a produção na região norte crescerá criticamente questionada pelos agentes
30% no período. Assim, A soja carro-chefe do setor pertencentes à cadeia econômica da soja e do
deve ter forte expansão em estados da região milho. Nesse contexto, destacam-se duas
Norte (Tocantins, Rondônia e Pará). No Pará, a problemáticas, são elas:
produção deve aumentar 51,3%; em Rondônia, O frete: grande parte da carga de grãos oriunda do
55,9%; e em Tocantins, 57,78%(Projeções do centro-oeste para a exportação é transportada até
agronegócio, 2018). Além disso, outros estados do os portos do sul e sudeste do país pelo modal
arco norte experimentarão o aumento da rodoviário. Assim, as peculiaridades desse modal,
produção de soja e milho também na próxima como a limitação da capacidade de carga por
década, como Amapá, Piauí e Acre que já caminhão e a demanda por caminhões, que pode
começaram os primeiros plantios. levar no máximo 50 toneladas por viajem (bi trem),
Consequentemente, a produção de milho associado à política nacional de pisos mínimos do
aumentará nesses estados, pois podem ser transporte rodoviário de carga (lei 13.703, de 2018)
cultivados nos meias terras que a soja, o chamado elevaram significativamente o preço do frete das
milho de segunda safra, homogeneizando a regiões produtoras até os portos. Assim, segundo a
produção de grãos durante o ano. Confederação Nacional de Agricultura (CNA), de
Portanto, a produção de grãos nacional aumentará Sorriso/MT a Santos/SP, são percorridos 2.064
exponencialmente na próxima década, quilômetros ao frete valor de mercado de R$
consolidando o Brasil como maior produtor de 290,00 por tonelada, antes da lei. Aplicando a
grãos do planeta. Da porteira para dentro, o tabela, o preço sobe para R$ 437,55 por tonelada
trabalho dos produtores vem sendo feito, com (51%), e se não houver frete retorno o acréscimo
investimentos em tecnologia, o país bate recorde em relação ao valor praticado no mercado é de
de produtividade no que tange a grãos. Contudo, a 120%, ou frete de R$ 748,00, por tonelada. Por
pujante produção de grãos brasileira está em risco exemplo, Em um caminhão que transporta 38
se os agentes da cadeia produtiva da soja e do toneladas, isso significa a diferença é de R$
milho não começarem a contribui para o bom 5.606,82 (com frete retorno) e R$ 13.189,90 (sem
funcionamento dela. Como grande parte da frete retorno). O valor total praticado anterior à
produção é destinada ao mercado externo, parte tabela ANTT era de R$ 11.020,00, da origem ao
das problemáticas está envolvida com a atual destino;
infraestrutura de transportes para o escoamento Proximidade com o mercado consumidor:
da produção. Fator preocupante diante das geograficamente a posição dos terminais do sul e
projeções do agronegócio brasileiro nos próximos sudeste do Brasil não são ideias para a exportação
anos. de grãos, visto que mais de 52% da produção de
soja e milho ocorre nos estados do arco norte e os
3-estrutura de escoamento de grãos e suas principais destinos são países asiáticos e europeus.
problemáticas Escoar a produção pelos portos mais ao sul da
Escoar produção nacional de soja e milho até os costa brasileira representa um acréscimo no tempo
portos e, por conseguinte, até o destino final tem de viajem significativo para os navios graneleiros e
se mostrado um desafio histórico para o Brasil, os caminhões. Por exemplo, em uma viajem de ida
visto que o principal consumidor dessa produção é e volta de Sinop-MT até Santos-SP equivale em
o mercado internacional, com destaque para tempo a seis viagens completas até Sinop e
China. Desde a década de 1960, as primeiras Itaituba-PA. Além disso, Utilizando-se do site “sea-
exportações significativas de soja e milho distances”, pode-se verificar que a distância entre
o porto de Santos e o de Xangai é de 20.476 km a operação, principal(s) eixo(s) de movimentação,
(pelo cabo da boa esperança) e de 10.056 km para volumes movimentados, projeções de
o porto de Roterdã. Bem maior que a distância movimentação, projetos e perspectivas futuras.
entre o porto de vila do conde e Xangai, de 20.235 Portanto:
km, e de vila do conde até Roterdã, de 7.741 km.
Assim, a região costeira do Arco Norte e seus 3.1-Corredor logístico estratégico Norte-eixo
portos, que desde a última década já recebem Madeira.
atenção dos principais tradings envolvidas na Também chamado de corredor leste, o corredor
exportação da soja e do milho, ganharam ainda norte-eixo Madeira é o trajeto pioneiro de
mais relevância. A existência de grandes vias exportação de grãos oriundos do estado do Mato
interiores navegáveis, proximidade das regiões Grosso pelo Arco Norte. Tal corredor logístico está
produtoras e dos consumidores finais, em estruturado nos modais rodoviário e hidroviário,
comparação a outros eixos de escoamento, foram em grande parte. Os principais operados
determinantes para o estabelecimento de multimodais nessa região são a Cargill agrícola e
empreendimentos relacionados ao escoamento de Amaggi, que foram responsáveis pela viabilização
grãos na região. Desde 2010, empresas como a desse corredor para movimentação de grãos.
Bunge, Cargill, luis Dreyfus, Hidrovias do Brasil e Atualmente, além da produção do noroeste do
Amaggi, começaram a movimentar cargas Mato grosso, esse corredor escoa a produção dos
expressivas de grãos pela região. Com Estados de Rondônia e Acre. No entanto, os
investimentos em terminais hidroviários, estações principais rotas de escoamento da produção são:
de transbordo de carga e comboios de empurra, se Cuiabá-MT /Itacoatiara-AM; Cuiabá-MT/Santarém-
iniciou uma estrutura para movimentação de PA e Cuiabá-MT/Barcarena-PA. Sendo assim, a
grãos, oriundos principalmente do estado do Mato produção de grãos, oriunda das cidades próximas a
Grosso. Assim, investidores e o próprio governo Cuiabá é embarcada em carretas que percorrem
estimavam que as exportações pelo Arco Norte mais de 1500 km de estradas federais, as BR’s 364
crescessem exponencialmente, podendo superar E 174 em péssimo estado de conservação (CNT,
os portos do sul e sudeste do país já em 2025. 2015) para descarregar no complexo portuário de
Contudo, nove anos depois, a movimentação de porto velho, para mudança de modal. Por
grãos pela região não cresceu como se esperava. conseguinte, a carga de grãos é armazenada em
Em 2018, das 103,7 milhões de toneladas de soja e silos horizontais (com baixa capacidade estática)
milho produzidas na região do arco norte, apenas para serem embarcados em comboios de empurra
28% escoaram pelos portos dessa região. Como com destino aos terminais de exportação em
um eixo de escoamento da produção, em Itacoatiara, Santarém e Barcarena, onde são
comparação a outros, tão próximo entre enviados para o exterior. Vale citar, que o destino
produtores e mercados consumidores não dos comboios depende da disponibilidade de
acompanhou o crescimento das exportações de infraestrutura de cada tranding.
soja e milho? Os fatores que levaram ao Quanto à infraestrutura portuária e seus
descompasso entre as perspectivas e a realidade operadores, tem-se: a Hermasa navegação da
são, segundo o próprio governo e empresas do Amazônia, subsidiária do grupo Amaggi, que conta
setor, a nível infraestrutural. A eficiência do com área arrendada dentro do porto organizado,
escoamento pela região está intimamente ligada à utilizando-se de cais flutuante, localizado na
eficiência entre os modais que integram a logística extremidade mais a montante do porto, mas
de transportes na região. especificamente os berços 403 e 404 na lateral
Portanto, se faz necessário analisar a atual externa, especializados em grãos; Já a Cargill
infraestrutura instalada buscando compreender os agrícola, possui um terminal de uso privativo (TUP)
principais gargalos existentes na operação pelo nas proximidades do porto púbico, destinado sua
arco norte e as perspectivas futuras. Partindo da carga para Santarém; O grupo Amaggi, que possui
definição de corredores logísticos estratégicos do um TUP na região de Portochuelo, cerca de 24 Km
ministério do antigo Ministério dos Transportes e à jusante do porto público, e envia os grãos para o
Aviação Civil, serão analisados os quatro principais porto de Itacoatiara-AM; a Bertolini LTDA, que
corredores do arco norte para movimentação de possui uma ETC na região de cajunbizinho, cerca de
granéis sólidos vegetais, baseado nos volumes 33km à jusante do centro do complexo portuário,
movimentados entre 2014 e 2019. São eles os atua como terceirizada, e envia soja e milho para o
corredores logísticos estratégicos: Norte-eixo porto de Santarém-PA.
Madeira; norte-eixo Tapajós; norte eixo-Leste; Depois de carregados os comboios navegam pelo
Nordeste eixo-São Luís. Para cada corredor rio Madeira e Amazonas até portos para
logístico será analisado a infraestrutura instalada e exportação. Nesse trajeto, vale ressaltar as
dificuldades de navegação pelo rio Madeira que Os grãos exportados pelo terminal tem como
necessita de balizamento e dragagem frequente. destino o mercado internacional, principalmente o
Tais fatores provocam considerável insegurança na mercado europeu (Holanda, Portugal e Espanha),
navegação o que impede uma otimização dos pelo Oceano Atlântico e o asiático (China) pelo
comboios, ou seja, em períodos de estiagem os canal do panamá.
comboios não são carregados na sua totalidade.
Além disso, é frequente a presença de bancos de
área, troncos soltos e pedras no fundo do rio que
causam avarias nas chatas e atrasam a operação,
comprometendo prezados de entrega.
Já nos terminais de exportação os grãos são
armazenados e em seguida são enviados em
navios graneleiros para os mercados
consumidores internacionais. Como já citado, esse
corredor logístico possui três principais terminais Figura 6:Evolução de granéis sólidos vegetais em
de exportação. Porém, 3)Barcarena ton.(2014-2019), Itacoatiara. Fonte: Antaq.
Pelo fato do complexo portuário de Barcarena ser Quanto à movimentação de soja e milho pelo
o principal ponto de exportação do corredor terminal, entre 2010 e 2014 manteve uma média
central, seus dados serão apresentados no de movimentação em torno de três milhões de
respectivo corredor. Ademais, a carga do eixo toneladas ano. No entanto, a partir de 2014(3
madeira com destino a Barcarena é quase que .278.577 toneladas)o terminal experimenta
exclusivamente da Hermasa o que limita o crescimento sensível, ao ponto de em 2018 esse
terminal para esse corredor. Assim, dois portos movimentar 5.459.544 toneladas de grãos,
serão apresentados individualmente quanto sua crescimento de 66,6% em relação a 2014. Esse
estrutura de armazenagem e movimentação de aumento na movimentação do terminal da
grãos (no período 2014-2019), além de Hermasa no período está intimamente ligado ao
indicadores portuários e informações relevantes aumento da produção e exportação de soja e milho
Logo: oriundos, principalmente, da região centro oeste
do mato grosso e Rondônia. Além disso, vale
3.1.1-Itacoatiara ressaltar que do total desembarcado no terminal
O porto de Itacoatiara está localizado na cidade em 2018(2.748.979 ton.), 12.304 ton. são oriundas
que leva o mesmo nome, na margem esquerda do do estado de Roraima, carregada pelo modal
Rio Amazonas e pertence ao complexo portuário rodoviário, com acesso pela AM-010.
de Manaus, o qual é administrado pela Quanto aos indicadores portuários, o terminal
superintendência Estadual de Navegação, Portos e possui poucas informações. Os equipamentos de
Hidrovias do Estado do Amazonas (SNPH). descarregamento de barcaças tem uma capacidade
Em relação à movimentação de granéis sólidos os 1500 t/h e de carregamento de navios de 3.000 t/h.
destaques são a soja e o milho, realizados no Mas em 2019, tem-se uma consignação média de
terminal graneleiro da Hermasa desde 1997, 4.787 toneladas e uma estadia de 6,2 horas por
dentro do complexo. O terminal opera com o navio.
embarque e desembarque de soja, milho, farelo, Portanto, observa-se que o terminal possui
óleo e fertilizantes. Ademais, o TUP conta com um limitações a nível operacionais relevantes. Entre
píer flutuante que possui dois berços para elas podemos citar a capacidade estática que não
recebimento de chatas mediantes a navegação ultrapassa 330 mil toneladas. Além disso, a
interior e para o embarque de navios graneleiros( movimentação pelo terminal certamente
tipo panamax),que pode receber esse tipo de aumentará nos próximos anos, em virtude do
navio durante ano todo. aumento da produção e exportação de soja do
Quanto a capacidade estática, o terminal possui centro oeste e do estado de Roraima. Fato
três armazéns com capacidade total de preocupante, uma vez que já movimentou mais de
aproximadamente 327.000 toneladas. 5,5 milhões de toneladas em 2018. Num futuro
No que concerne ao desembarque, os grãos de breve, A baixa capacidade de armazenagem põe
soja e milho advém principalmente de complexo em risco o cumprimento de cronograma de navios,
portuário de porto velho, exclusivamente pelo pois havendo um descompasso entre a descarga e
modal hidroviário, de um terminal e um TUP da carga de grãos no terminal, os navios podem ser
empresa Amaggi em sistema de parceria. Além obrigados a esperar a chegada de novos comboios,
disso, o terminal recebe os fertilizantes de países elevado custos. Isso se torna ainda mais grave em
como a Holanda, Israel, Rússia e Marrocos. virtude da insegurança de navegação nos rios
amazonas e madeira. No entanto, atualmente, os
cronogramas não estão ameaçados, pois a
consignação média não ultrapassa 5 mil toneladas.
No dia 13 de agosto de 2018, a Antaq confirmou o
contrato de adesão para a implantação do
Terminal de Uso Privado (TUP) do Novo Porto
Terminais Multicargas e Logística Ltda. em
Itacoatiara –AM, aumentando a movimentação de
soja e milho em 3 milhões de toneladas ano, a
partir de 2021. Portanto, a partir de desse ano a
capacidade de movimentação de Itacoatiara Figura 7: Evolução de granéis sólidos vegetais em
rondará em torno de 9 milhões de toneladas, ton.(2014-2019), Santarém. Fonte: Antaq.
podendo ser ampliada se a antaq renovar o Quanto à movimentação de granéis sólidos
arrendamento do terminal da Hermasa, que já vegetais, o porto de Santarém, no período
teve seu EVTA enviado para o ministério de analisado, teve o crescimento da sua
infraestrutura. movimentação acompanhando as exportações de
soja e milho. Em 2018, foram desembarcadas cerca
3.1.2-Santarém de 4.119.030 toneladas sendo que desse total
O complexo portuário de Santarém esta localizado aproximadamente 53,74% vieram da região de
na cidade de Santarém, no estado do Pará, Miritituba-PA e 46,18% do complexo portuário de
distante cerca de 700 km da capital, Belém. É um porto velho. Uma evolução para as ETC’s de
porto fluvial situado na margem direita do rio Miritituba desde o ano de 2016 quando o
Tapajós, na região de ponta caieira, a 3 km da percentual de grãos advindos da região para
confluência desses com o rio amazonas. Santarém era de 20% e de porto velho 80%.
O porto de Santarém possui uma boa Outrossim, uma porção dos grãos que chega ao
infraestrutura, movimentando todo tipo de carga, terminal da Cargill via rodovia, principalmente de
desde carga geral até os contêineres. Tem por regiões próximas e do Mato Grosso.
autoridade portuária a Companhia Docas do Em 2019, até meados de junho, o porto já
estado do Pará (CDP), desde 1974. Além do porto movimentou 4.881.931 ton., um recorde histórico
organizado, possui um TUP, destinado a do porto, em virtude da safra recorde. Assim, o
movimentação de combustíveis. Porém os grandes volume movimentado está bem próximo da
destaques são os granéis sólidos vegetais, em capacidade de movimentação, estimada em 5
especial soja e milho. milhões de toneladas ano.
Em relação à movimentação desses granéis, o A consignação média em 2019 é de 5.150
transporte ocorre dentro da área do porto toneladas, Já a prancha média geral está em 211
organizado, tanto pelo cais público quanto pelo ton./h. assim, os navios tem uma estadia média de
terminal arrendado pela multinacional Cargill. A 25,5 horas. No entanto, baixa prancha média geral
operação ocorre nos berços 401 e 402. O terminal pode evidenciar a limitação dos equipamentos
conta com uma boa infraestrutura para a portuários ou a eficiência da operação, assim para
operação, apresentando armazéns e silos com movimentações maiores atrasos podem ocorrer.
capacidade de 114.000t. Além de uma capacidade
de operação de embarque de 5 milhões de 3.1.3-Problemáticas e perspectivas futuras.
toneladas por ano. Conclui-se que a movimentação de grãos pelo eixo
A soja tem como destino principal países como Madeira já mostra sinais de sobrecarregamento em
china, Reino Unido, Holanda, França, Espanha e função da grande produção e exportação de grãos
Itália e, em menores volumes, Arábia saudita, do centro-oeste. Fato preocupante, uma vez que as
Alemanha, Egito e Argélia. O milho, porém, é projeções do governo para 2042, caso não haja
exportado para diversos destinos, com destaque investimentos é déficit de 11,2 milhões de
para: Argélia, Egito e Republica Dominicana. toneladas, levando em conta o porto de Itacoatiara
e Santarém.
Portanto, três pontos são determinantes para
potencialização de movimentação de grãos pelo
corredor:
Em curto prazo, melhoria na condição de
trafegabilidade da BR-364, o que permitirá o
barateamento do frete e segurança no
cumprimento de prazos. Além disso, balizamento de Miritituba, situado na margem direita do rio
e dragagens frequentes da hidrovia Rio Madeira. Tapajós.
Em médio e longo prazo, o aumento da Nesse distrito estão instaladas estações de
capacidade de movimentação de soja e milho pelo transbordo de cargas e conta com a atuação de
corredor, através de obras de infraestrutura, tanto quatro grandes operadores logísticos: as
em terminais quanto na hidrovia do rio Madeira. multinacionais Cargill e Bunge, e as empresas de
Ademais, o governo do Mato Grosso estuda a soluções logísticas Hidrovias do Brasil e Companhia
construção de uma ferrovia que ligue Cuiabá a Norte e Navegação e Portos (Cianport).
Porto Velho, paralela a BR-364. Esse Objetivo desses terminais é facilitar o escoamento
empreendimento alavancaria a escoamento da de grãos da região centro-oeste, principal
produção agrícola pelo corredor, pois substitui o produtora do país, mediante a utilização de um
modal rodoviário pelo ferroviário, barateando menor trecho rodoviário e um trecho hidroviário,
substancialmente o frete. que é mais eficiente em relação aos corredores do
sul e sudeste. Nesse sentido, as estações de
transbordos em Miritituba são mais vantajosas do
3.2-Corredor logístico Norte eixo-Tapajós. ponto de vista econômico, pois reduzem a
Também chamado de corredor central é, distância rodoviária percorridas de 2300 km para
atualmente, o corredor logístico do arco norte em aproximadamente 1100 km além da utilização do
evidência. É composto pelo modal rodoviário e rio Tapajós. Assim, pretende-se contribuir com a
hidroviário, sendo responsável por escoar a melhoria do sistema de escoamento da produção
produção de soja e milho do meio norte do estado agrícola da região centro-norte do estado do Mato
do Mato Grosso. Grosso, a partir da consolidação de um meio de
Portanto, os grãos são carregados em carretas que transporte seguro, barato e eficiente na região
percorrem estradas estaduais até chegar a BR-163, amazônica, se utilizando das vantagens do modal
conhecida como Cuiabá-Santarém, e, por hidroviário.
conseguinte, percorrem no mínimo 730 km da Os terminais operam de maneira bem similar.
divisa do Pará com o Mato Grosso até Itaituba, Inicialmente, ocorre a chegada dos caminhões
onde mudam para o modal hidroviário e seguem transportando grãos e farelo via BR-163. Eles são
aos pontos de exportação. Contudo, uma parcela encaminhados para um pátio de triagem, com
dessas carretas continua na BR-163 para capacidade de até 500 caminhões, em média a 10
descarregar em Santarém. No período de km de distancia das Estações de Transbordo de
intensificação do escoamento mais de 1500 Carga.
caminhões trafegam pela rodovia diariamente, tal Os caminhões vindos do estacionamento de apoio
quantidade de veículos aliado a trechos sem passam pela portaria, em seguida por balanças
pavimentação e infraestrutura adequada causam para pesagem, sendo depois encaminhados ao
fechamentos da rodovia, acarretando em atrasos calador hidráulico para retirada de amostras das
de entrega e custos elevados com a manutenção cargas pra análise. Em seguida os caminhões
dos caminhões. Segundo o ministério da seguem para o descarregamento nos tombadores
infraestrutura os trechos mais graves são aqueles hidráulicos. Depois de descarregados o caminhão é
sem pavimentação e com pontes de madeira que encaminhado novamente para balanças localizadas
no período das chuvas virá um lamaçal, impedindo juntos a saída da estação.
que os caminhoneiros continuem a viagem. Entres A capacidade de descarregamento nos tombadores
eles é importante citar 82 km sem pavimentação de caminhões, em media é de 600 t/hora e a
entre Miritituba e Rurópolis; 108km na divisa capacidade de carregamento das barcaças será
entre Mato grosso e o Pará. Todavia, o governo feito por transportador de correia a 1500 t/hora
está trabalhando em parceria com o exército e (variando entre as ETC’s). Sistema de recebimento
empresas pra o asfaltamento dos trechos sem é estruturado para receber caminhão dos tipos bi
pavimentação, embora ainda não tenham trem (Romeu e Julieta) com capacidade de 37 e 51
concluído. Além disso, em função do grande fluxo toneladas. Esse sistema é o mais utilizado em todo
de carretas alguns trechos da rodovia já o país para descarregamento de carretas de grãos.
pavimentados estão desgastados em função da Em relação à movimentação, os terminais privados
falta de manutenção. operam da seguinte maneira: a Bunge envia sua
Nesse contexto, o complexo portuário de Itaituba carga para o Terminal Portuário Fronteira Norte
merece destaque, localizado na cidade de Itaituba, (TERFRON), localizado no Complexo Portuário de
no Pará, sua relevância está relacionada a Vila do Conde; a Cargill Agrícola transporta seus
movimentação de grãos(soja e milho), no distrito grãos para seu terminal Graneleiro, no Porto de
Santarém; a Hidrovias do Brasil Miritituba leva sua
carga para o seu Terminal em vila do conde e, por a carga de soja e milho movimentada em cada
fim, a estação Cianport Miritituba envia seus grãos terminal rondou três milhões de toneladas.
para o porto de Santarém. A capacidade estática dos três terminais é de
Em comboios de empurra com capacidade em aproximadamente 380 mil toneladas, sendo 240
torno de 40mil toneladas, a soja e milho seguem mil do terminal das Hidrovias do Brasil. Quanto os
230 km até Santarém e principalmente para os equipamentos portuários destaque para os
terminais de grãos em Barcarena. Vale ressaltar shipalader do TERFRON,com capacidade de
que os dois portos integram a ponta dos movimentar até 7500 tonelada/hora.
corredores norte eixo Madeira e eixo Tapajós. Em Já a capacidade de movimentação do terminal de
virtude do porto de Santarém ter sido detalhado vila do conde(Hidrovias) tem uma capacidade de
anteriormente, o foco será no principal ponto do movimentação de cerca de 4 milhões de toneladas
corredor do eixo central, Barcarena, no Pará. ano e os outros dois com 3,5 milhões de toneladas
ano, cada.
12.000.000
3.2.1-Barcarena
O complexo portuário de vila do Conde, localizado

Quantidade de tonelada
10.000.000

no município de Barcarena, no estado do Pará,


apresenta uma grande variedade de mercadorias 8.000.000

movimentadas anualmente. No entanto,


6.000.000
destaque-se a movimentação de granéis sólidos de
origem vegetal (soja e milho), o foco deste 4.000.000
trabalho. Assim, esses são movimentados
significativamente por três TUP’S: Terminal da 2.000.000

Fronteira Norte, Terminal de Vila do Conde e


Terminal de grãos de Ponta da Montanha. Aquele 0
2014 2015 2016 2017 2018 2019*

sendo administrados pela uni Tapajós (uma join total 1.381.752 3.970.037 3.570.824 7.414.952 9.712.983 5.591.727
Embarcado 985.278 2.566.560 2.316.277 4.522.539 5.878.890 3.195.255
venture dos grupos Amaggi e Bunge), esse pela Desembarcado 396.474 1.403.477 1.254.577 2.893.798 3.835.642 2.396.900
Hidrovias do Brasil e este pela empresa Archer
Daniels Midland(ADM). Figura 8: sentido da carga movimenta em
Do total de cargas que chega aos terminais de Barcarena, Entre 2014 e 2015. Fonte: Antaq.
Barcarena, 85% é por meio de hidrovias e 15% de Analisando o selecionado período de estudo (2014-
caminhão. A principal origem da carga transporta 2019), observa-se um aumento significativo da
em comboios de empurra sãos as ETC’s de movimentação total de granéis sólidos de origem
Miritituba. Já os destinos são o mercado asiático, vegetal em 4 anos. Saltando de 1.381.752
geralmente China, e a Europa. toneladas, em 2014, para 9.712.983 toneladas em
Geograficamente, Vila do Conde esta localizada 2018. Isso se deve ao direcionamento da produção
próxima as principais rotas de navegação do norte do Mato Grosso, principalmente da
internacional. Ademais, oferece aos navios abrigo cidade de Sorriso, pelo corredor central. Para
de ondas, ventos e calados que podem chegar a região de Sorriso, o frete por esse corredor é a
16m. No entanto, a operação de navios ali se mais barato que o corredor Paranaguá/Santos.
reduz aqueles de calado de 13,5m(panamáx) em Além disso, a capacidade de movimentação
função do canal do Quiriri, na foz do rio Pará. Com instalada, segundo o EIA, RIMA, dos terminais
a tendência mundial do aumento no tamanho dos garante uma margem para movimentação ainda
navios, as operações em Vila do Conde correm o em 2019.
risco de se limitarem à embarcações menores, Quanto aos indicadores, em 2018, o terminal das
estagnado a movimentação desse corredor nas hidrovias se destaca tanto na consignação média,
próximos décadas se medidas não forem tomadas. acima de 30.000 toneladas e a prancha média geral
Quanto à infraestrutura, os terminais possuem de 719 t/hora. Assim, o terminal é o que mais
boa infraestrutura interna. Basicamente possuem movimenta grãos em Barcarena nos últimos anos.
armazéns, berços para descarregamento de chatas
e um berço para carregamento de navios, cada.
Além disso, possui pátios de caminhões e 3.2.2-Problemáticas e perspectivas futuras.
tombadores hidráulicos. Tais fatores fazem com Diante do que foi apresentado, o corredor logístico
que as operações das tradings sejam muito central que foi instalado na última década se
semelhantes, refletindo na quantidade aproveitou da infraestrutura rodoviária existe.
movimentada por cada terminal. Assim, em 2018, Embora utilizar essa rota trás vantagens para
escoamento de grãos do meio norte do estado de
Mato Grosso em relação aos corredores do sul e de granéis internacionalmente, os panamax, não
sudeste, principalmente o frente, existem diversos podem operar em sua totalidade, sob o risco de
gargalos, que aliado ao crescimento da produção encalhar na foz do rio. Além disso, a tendência de
de soja e milho nos próximos anos, se não forem aumento nas dimensões das embarcações nos
mitigados, põem em risco a viabilidade do próximos anos põe em risco a integração do porto
corredor. Assim, temos: com o mercado mundial de grãos. Por isso, o
Conclusão do asfaltamento e manutenção da BR- aprofundamento do canal é indispensável para a
163, no Pará: em curto prazo a conclusão da obra manutenção da participação complexo portuário
é indispensável à melhoria da lucratividade do nesse mercado. No dia 25 de julho de 2019, o
corredor, pois permite a consistência de governo do está do Pará solicitou à união o direito
movimentação de carretas durante o ano todo. de explorar o canal, se aprovado o governo do Pará
Assim, haverá um barateamento dos fretes e o iniciará os estudos de viabilidade técnica e
cumprimento de prazos de entrega; economia ampliando a capacidade do complexo
Balizamento e sinalização da hidrovia Tapajós: portuário de Vila do Conde em receber navios;
trará mais segura na navegação dos comboios Por fim, a viabilização da hidrovia tapajós teles-
oriundos de Maritituba, permitindo a otimização pires: essa tem posição geográfica estratégica,
na montagem de comboios e, consequentemente, interligando os grandes centros de produção
a movimentação segura de mais mercadorias; agrícola brasileiros ao rio Amazonas e,
Ampliação da infraestrutura de armazenagem: consequentemente, ao Oceano Atlântico. O trecho
permite um segurança no cumprimento de prazos da hidrovia corresponde ao segmento entre sua
de entrega de grãos, funcionando amortizador confluência com o rio Juruena e a cidade de Sorriso
entre oferta e demanda nos terminais de (MT), com uma extensão de cerca de 1.000 km.
exportação e transbordo de carga; Além de suportar o transporte de carga, a hidrovia
Ampliação da capacidade de movimentação: com tem capacidade de oferecer rotas alternativas para
o aumento exponencial da produção e exportação o escoamento da produção pelo Centro-Sul do País
de soja e milho, os terminais estão operando e, assim, descongestionar os outros modais de
próximo da sua capacidade instalada. Caso não transporte e a infraestrutura portuária. O acesso à
haja tal expansão, o corredor não atenderá a hidrovia ocorre pela BR-230, a Transamazônica, e,
pujante demanda nos próximos anos. também, pela BR-163, a Cuiabá-Santarém. Segundo
Eficiência na operação: a melhora nas operações o DNIT, está em fase de estudo. Entre suas
de descarregamento e carregamento de principais características está o fato de ser um
caminhões e embarcações é um ponto relevante, importante corredor de transporte entre o Centro-
pois no transporte intermodal são eventos Oeste e o Norte do País. Combinada com outros
frequentes. Assim, a agilidade nesse processo trás modais no Corredor Logístico Norte-Eixo Tapajós
ganho de tempo considerável na prancha média terá capacidade de potencializar as atividades
geral, no caso dos navios. ligadas ao agronegócio e a produção de grãos no
Além das medidas em curto prazo existem Norte e Centro-Leste do Mato Grosso e Sudoeste
medidas a médio e longo prazo que podem do Estado do Pará.
aumentar o escoamento exponencialmente do
corredor em função das suas vantagens 3.3-Corredor logístico norte eixo-Leste
econômicas. São elas: É o corredor mais ao leste do estado do Pará,
Cada modal possui suas peculiaridades, assim sendo responsável pelo escoamento da produção
movimentação de mercadorias de baixo valor de soja e milho do meio-sudeste do está de Mato
agregado e grande volumes, como a soja e milho Grosso, noroeste de Goiás e sudeste do Pará. É
em natura, deve ser feita somente em últimos composta exclusivamente pelo modal rodoviário e
caso pelas rodovias. Assim, os agentes do quase toda produção tem como destino o
complexo da soja e milho buscam viabilizar a complexo portuário de Vila do Conde, no Pará.
Ferrogrão, ferrovia entre Miritituba e Sinop, com As carretas carregadas com os grãos chegam aos
1.142 KM, que como o próprio nome sugere tem BR 158 e 155, ondem liga-se a PA-150 com destino
por função a movimentação de grãos, ao custo de ao porto. Atualmente esse corredor é subutilizado
14,2 bilhões de reais. Segundo o governo federal o sendo responsável por somente 15% dos
projeto está em estudo, e prevê a movimentação carregamentos de grãos que chegam a Barcarena.
de até 42 milhões de toneladas por ano; Quanto, a infraestrutura portuária, complementa o
Aprofundamento do canal do Quiriri na foz do rio corredor central em seu terminal em vila do conde.
Pará: hodiernamente, o fluxo de navios em Vila do
Conde se limita a navios de calado máximo de 3.3.1-Problemáticas e perspectivas futuras.
13,5m. Logo, os navios típicos na movimentação
A principal problemática desse corredor é o modal milho. Além de escoar parte da pujante produção
rodoviário que além de limitar a capacidade de de grãos do Mato Grosso, e parte de Goiás, esse
carga apresenta patogenias a nível estrutural, corredor escoa grande parte da produção do
entre elas destaca-se: 109 km sem pavimentação e MATOPIBA, formado pelos estados do maranhão,
pontes de madeira (BR158); necessidade de Piauí, Tocantins e Bahia. Essa região concentra 45%
restauração no trecho Xinguara e eldorado dos da produção agrícola do país (106,2 milhões de
Carajás, no Pará (BR-155). toneladas). Possui mais de 7,7 milhões de hectares
No início de 2019, o choque entre uma balsa e de produção de soja e milho.
uma ponte da PA-150, inviabilizado a ligação Assim, as safras de grãos saem das fazendas em
rodovia com o complexo portuário. Assim, na carretas e segue pelas estradas estaduais até
capital do estado, longas filas são formadas para chegar às BR’s 010, 230 e 316 que as levam até o
que as carretas sigam de balsa até Barcarena. Tal porto de Itaqui ou até terminais de transbordo de
fato gerou aumento significativo do frete e carga para o modal ferroviário. Diferentemente dos
insegurança no cumprimento de prazos, fazendo outros corredores logísticos do arco norte, o
com que as tradings evitem esse trajeto. Segundo corredor nordeste-eixo são Luís possui uma malha
o governo do estado, a reconstrução da ponte ferroviária, ainda que subutilizada para
deve levar no mínimo 6 meses, período movimentação de grãos. Isso se deve a
concomitante ao pico da safra. Portanto, em curto ambiguidade nos contratos de concessão das
prazo resolver essa pendência é fundamental para, ferrovias que não valorizam a movimentação
no mínimo, restabelecer a movimentação diversificada de carga sobre os trilhos, muitas vezes
anteriormente existe. as cargas movimentadas são apenas de interesse
Contudo, o potencial desse corredor é gigantesco. da concessionária, que eleva custos de frete,
Tal corredor dialoga com uma hinterlândia equivalendo aos preços do modal rodoviário,
antropizada e com grande capacidade de inviabilizando o escoamento de produtos, como
produção de mercadorias. Assim, com a realização grãos, pelos trilhos.
de projetos estruturantes a movimentação de soja No entanto, o futuro se mostra diferente para
e milho é inquestionável. Entres os projetos essas ferrovias. Com o fim das primeiras
destacam-se: concessões, os novos contratos de arredamentos
Ferrovia paraense: ferrovia com 1.312km de estão mais estruturados e preocupados com uma
extensão entre Santana do Araguaia e Barcarena, logística de transporte integrada. Nesse contexto, a
ambas no Pará. Segundo a união está em fase de ferroviária norte-sul vem ganhando importância
estudo. Promete movimentar cerca de 161 nos planejamentos dos integrantes do complexo da
milhões de toneladas por ano, diferentemente da soja e milho, devido a íntima relação entre a zona
Ferrogrão, terá grande variedade de cargas. produtora e o porto de Itaqui. Além disso, o porto
já dialoga com duas outras malhas ferroviárias: a
Derrocamento do Pedral do Lourenço: o Transnordestina, administrado pela Companhia
derrocamento é indispensável para a navegação Ferroviária do Nordeste e a estrada de ferro
no rio Tocantins, com o início da operação da Carajás. Assim, com a conclusão da ferrovia norte-
segunda fase da hidrelétrica de Tucuruí, o nível do sul haverá a capitação de grande parte da
rio diminuiu tornado perigoso à navegação por um produção de soja e milho dos estados do Goiás,
trecho de 43 km. Sendo assim, o DNIT vai investir Tocantins, maranhão e Piauí, além de outros
mais de 500 milhões de reais no derrocamento. estados indiretamente. A aplicação do modal
Em 2017, o coordenador de Obras Hidroviárias, ferroviário nesse cenário barateia
André Cardoso Bernardes, salientou as vantagens significativamente o custo do frete, tornando a
do transporte hidroviário para a economia da exportação por Itaqui ideal para a região do
região: “A projeção de carga para a hidrovia em MATOPIBA e centro-leste do Mato Grosso. Vale
2025 é de 20 milhões de toneladas. O município ressaltar que vários trechos da ferrovia norte sul já
de Marabá vai arrecadar ISS diretamente, pela operam e possuem estruturas de armazenagem e
geração de movimento, e Itupiranga arrecadará transbordo de carga, como em Porto Nacional,
diretamente, com a execução da obra”, explicou. Tocantins.
Nesse corredor, a exportações de soja e milho são
feitas exclusivamente pelo complexo portuário de
3.4-Corredor logístico nordeste eixo-São Luíz Itaqui, esse se localiza na costa do estado do
Também conhecido como corredores lestes, na Maranhão. Movimenta umas grandes variedades
última década, vêm ganhando destaque em de produtos minerais e agrícolas. É administrado
função de sua hiterlândia com grande capacidade pela Empresa Maranhense de Administração
de produção de produtos agrícolas, como soja e Portuária (EMAP).
Geograficamente, possui grande vantagem, tanto Por isso, possui grande quantidade de carga
pela proximidade com os principais mercados movimentada.
internacionais, quanto pela profundidade que Outro fator é a agilidade nas operações que se
varia entre 9 m e 19 m de calado. Dentro do refletem nos indicadores portuários, como tempo
complexo, a exportação de soja e milho ocorre de estadia portuária (indicativo que soma todo o
pelo Terminal de Grãos (TEGRAM), com dois tempo desde atracação até a desatracação). Com
berços. Esse possui uma capacidade atual de uma prancha média geral de 1.019
movimentação por ano de mais de 10 milhões de toneladas/horas, consegue prestas as embarcações
toneladas, já existem planos para aumentar essa um tempo de estadia de 304,7 horas.
capacidade de movimentação pra 14 milhões com
a o terminal da VLI logística. 3.4.1-Problemáticas e conclusões
Quanto a armazenagem, possui uma capacidade Portanto, o corredor nordeste-eixo São Luís, possui
estática de 200.000 toneladas, divididas em 12 uma estrutura de transporte relevante em
silos verticais e 1 silo horizontal. Ademais, comparação aos outros corredores do arco norte,
possuem quatro pátios com 42 mil metros baseada preferencialmente no modal ferroviário,
quadrados. em teoria baratearia custos de frete, em função
das peculiaridades desse modal. No entanto, deve
haver uma definição quanto aos novos
arrendamentos, no intuito de agilizar novos
investimentos nesse corredor. Contudo, sem
dúvidas a competitividade desse corredor per
passa pela otimização da utilização da malha
ferroviária nele instalada. Já a estrutura portuária,
segundo a o EMAP, está atendendo
Figura 9: Evolução de granéis sólidos vegetais em satisfatoriamente a demanda, ao ponto de está
ton.(2014-2019),Itaqui. Fonte: Antaq. capacitado pra acompanhar as demandas futuras.
Com um crescente aumento de movimentação o Atualmente a operação da ferrovia norte sul, no
terminal de grãos em Itaqui, bateu a marca de corredor, é complexa, a última concessão
8.473.537 toneladas movimentadas em 2018. aconteceu em 2007, quando a VLI venceu a
Dentro da capacidade de 10 milhões instalados concessão do trecho da ferrovia que liga Porto
(EMAP,2016). Esse aumento da movimentação Nacional(TO) a Açailândia(MA). Desde então, o
evidencia o porto de Itaqui como rota preferencial grupo VLI está investindo em estrutura para
para o escoamento da safra da região do movimentação de cargas (Armazéns e terminais)
MATOPIBA. Além disso, Segundo a EMAP, o com destino a Itaqui, principalmente grãos. No
aumento da capacidade de movimentação do entanto, no dia 28 de julho de 2019, a Rumo
porto irá acompanhar o crescimento da produção venceu o leilão de um trecho de 1,5 mil
de grãos, evitando gargalos futuros. quilômetros da ferrovia, entre Porto Nacional e
Estrela d’Oeste. A ferrovia é tida como um dois
principais projetos para o escoamento de grãos do
centro-oeste. Assim, a Rumo tem dois anos para
fazer a via operar. “Queremos fazer com que a
ferrovia opera o mais rápido possível para gerar
caixa”, afirmou o presidente da Rumo Logística,
Júlio Noronha. Tal fato da animo para
investimentos na região. Contudo, o fato das
concessões serem feitas por trecho deve ser
analisado com cuidado, pois pode dificultar a
movimentação de composições, tanto com destino
Figura 10: Evolução de prancha média granéis a Itaqui, como no sentido contrário.
sólidos em ton/hora(2014-2019),Itaqui. Fonte:
Antaq. 4-Análise da perspectiva global
Vale ressaltar a grande capacidade de Após concluir-se o estudo acerca do processo
movimentação em relação a outros terminais, logístico dos grãos; de maneira geral no Brasil,
como o de Vila do Conde. Em 2018, teve uma como um todo, e mais especificamente no Arco
consignação média de 62.825 toneladas. Isso se Norte; parte-se, agora, para a análise da
deve ao porto receber navios até o porte Capesize. movimentação de grãos em outros países do
mundo com o intuito de observar o uso dos
sistemas hidroviários a fim de reduzir os custos de intermediárias. Existem cerca de 500 locais
transporte. operacionais e eficientes em todo o cinturão do
China, Rússia, Estados-Unidos, Alemanha e milho (Farm to Market Study,2016). Estas
Holanda são exemplos de países que possuem em instalações permitem o carregamento rápido de
seus sistemas de transporte a grande utilização de trens com 90 a 110 vagões em menos de 12 horas.
hidrovias. Dentre estes, o sistema Norte- Ademais, os trilhos são mais pesados, permitindo
Americano é um dos mais bem desenvolvidos no que as locomotivas e vagões transportem mais
que está relacionado ao transporte comercial de cargas, ganhando economia de escala. As barcaças,
grãos em larga escala uma vez que o país é um dos por sua vez, obtiveram um aumento de 15% a 20%
maiores produtores de soja do mundo; ficando nos tamanhos que permitiram levar mais carga
logo atrás do Brasil, com uma safra 2018/2019 desde 2012 e, assim, possibilitaram uma redução
estimada em 116,48 milhões de toneladas de 40 centavos por bushel. A USDA e a Coalizão de
(USDA,2018). Transporte de Soja esperam um aumento na frota
Por essa razão o sistema americano será analisado de barcaças para mais de 21 mil, além de um
a fim de observar suas principais características e aumento das cargas em todo o país de 32%, que
possibilitar, assim, a construção de novas possíveis transportam em média cerca de 1500 toneladas.
melhorias para serem implantadas no Arco Norte. Grande parte desses terminais estão localizados ao
redor do rio Mississippi e seus afluentes que
respondem por cerca de 55% dos primeiros
4.1-Sistema Estado-Unidense movimentos. Nos terminais de barcaças, os grãos
A produção de grãos dos Estados Unidos ocorre descem pelo rio Mississippi, em uma viagem de
principalmente nas regiões centro-oeste, nas cerca de duas semanas, até a sua foz no golfo do
grandes planícies do norte e ao longo da extensão México. Nos terminais de trens, a soja e o milho
do Rio Mississipi. O grande destaque são as podem seguir até um dos portos ou eles seguem
culturas de soja e milho que continuam a se para um terminal de barcaças. Cada vez mais os
expandir para áreas ao norte e oeste, em alguns trens de transporte estão fornecendo soja para St.
casos, em detrimento de outros grãos como o Louis, às margens do Rio Mississippi, para serem
sorgo e a aveia. transportados por barcaça, principalmente à
O sistema norte americano possui um aspecto jusante da cidade.
muito importante: a multimodalidade. Ele se 3°. Por fim, os grãos seguem para a exportação.
caracteriza pela integração de mais de um modal Mediante as barcaças, os grãos chegam em um
na cadeia de transporte. Nos Estados Unidos essa terminal de exportação, são carregados em um
integração é muito forte e é baseada no uso das navio oceânico e enviados pela Lousiana (Nova
ferrovias, que possuem uma extensão utilizável Orleans) e pelo Texas para a China, União Europeia
cerca de oito vezes maior que as do Brasil e o Norte da África. Para a China, por exemplo, a
(SALIN,2009), e hidrovias, principalmente as do rio viagem dura em média 30 dias. Seguindo as linhas
Ohio Missouri e Mississippi. férreas, a soja e o milho são enviados para os
O movimento dos grãos ocorre da seguinte portos da costa leste, oeste (PNW), além do
maneira: Canadá e do México, onde 61% das exportações de
1°. A soja e o milho partem das fazendas soja ocorrem via ferroviária.
percorrendo uma pequena distância rodoviária,
cerca de 20 s 50 milhas, até um terminal de
barcaças, pátio de contêineres, elevador de
transporte para trens ou uma instalação de
esmagamento. Caso a distância entre as fazendas
e um desses centros de distribuição não seja
competitiva muitos produtores optam por enviar a
soja e o milho para grandes elevadores rurais, que
armazenam os grãos. Essa maior disponibilidade
de tempo permite que o produtor transporte a
soja a uma distancia maior que durante a colheita.
Além disso, os movimentos são programados, o
que reduz o tempo de espera para descarregar e
permite que a soja seja transportada mais
rapidamente. Figura 11: Ilustração básica dos fluxos de grãos dos
2°. Os elevadores de unidades, trens de EUA para a Exportação.Fonte: Farm to Market
transporte, e terminais de barcaças são as etapas Study, 2016.
5-Discussões e conclusão o transporte de grãos do Norte do Mato Grosso até
A infraestrutura de transporte tem um grande Santarém, por exemplo, será possível uma
impacto na economia de um país, determinando economia de cerca de 50 a 70 reais em
decisões de produção, comércio, fluxos e quem comparação ao trajeto feito pelo modal rodoviário
pode ou não operar dentro dos mercados. até as estações de transbordo em Miritituba e
Tal ponto de vista é crucial na atual conjuntura do posterior embarque até Santarém (EPL
mercado, pois diferenças nos custos de SIMULADOR,2019).
transportes fazem com que o comércio seja
desviado do Brasil para os Estados Unidos. Embora
brasil tenha atingido o posto de maior produtor de 6-Referências bibliográficas.
soja do mundo, ainda enfrenta uma forte
Dias, Marco Aurélio P.Logística, transporte e
concorrência norte-americana. Isso se deve em
infraestrutura: armazenagem, operador logístico,
razão dos altos custos com o transporte. De
gestão via TI, multimodal / Marco Aurélio P. Dias.
acordo com a Soy Transportation Coalition, Brasil
São Paulo: Atlas, 2012.
e Argentina conseguem produzir soja e milho a um
preço menor que o dos Estados Unidos, porém o
custo final para o cliente no exterior é menor para
Macedo, J. Produção de alimentos. O potencial dos
a soja norte-americana porque há uma vantagem
cerrados, planaltina:Embrapa-CPAC.1996
competitiva no transporte. Isso se deve por que há
um maior desenvolvimento e utilização de meios
de transportes bem equipados e projetados para
CONAB-boletim logístico-anexo II. Março 2018.
transportar mercadorias de grande volume por
longas distâncias, como ferrovias e barcaças. Projeç~eos do agronegócio em Mato Grosso para
Esse modo de operação é o mais coerente, pois a 2025.IMEA. Cuiabá.2015.31p.
soja e o milho são produtos de baixo valor
agregado, portanto ferrovias e hidrovias são mais IBGE. Produção agrícola municipal: culturas
adequadas para o transporte de produtos temporárias e permanentes. PAM, volume 44,
agrícolas devido às características da carga e seus informativo. Rio de janeiro, 2017.8p
respectivos movimentos no Brasil, ou seja,
IBGE, Coordenação de Agropecuária. Pesquisas
grandes volumes com concentração em poucos e
agropecuárias . – 3. ed. - Rio de Janeiro : IBGE,
curtos períodos do ano além de permitirem a
2018. p. - (Relatórios metodológicos, ISSN 0101-
maior economia de escala(PLÁ E SALIB,2003)
Por essa razão são necessarios investimentos na 2843 ; v. 6)
matriz de transporte brasileira, qual apresenta um USDA,United Station Departamentof Agriculture.
grande potencial. De acordo com a Informa
Advances in Agricultural Infrastructure in the North
Economics, melhorias na infraestrutura de
of Brazil. Brasilia,2014.20p
transporte (adoção de sistemas multimodais)
podem reduzir os custos do frete em cerca de 20% Salin, Victoria. 2014 IARW Global Cold Storage
a 30% dependendo da origem. Capacity Report. International Association of
Tamanha é a importância dessa redução que,de Refrigerated Warehouses, Alexandria, VA, 2014.
acordo com a USDA, pode colocar o Brasil a um
patamar bem próximo do norte americano. Salin, Delmy. Travel to Brazil Report. September 20,
Nesse sentido as principais alternativas de 2017. U.S. Department of Agriculture, Agricultural
investimentos devem ser analisadas para Marketing Service. Summary findings of research
potencializar o uso dos corredores logísticos do trip to examine Brazil’s Northern Arc agricultural
arco norte. transportation infrastructure in support of the
As escolhas dos investimentos devem ser Brazil at 2040 project.
baseadas nas especificidades de cada corredor
logísticos e nas características de cada modal. De Miranda, Evaristo E.1, Carvalho, Carlos Alberto
O sistema Tapajós-Teles Pires, por exemplo, de. NA AGRICULTURA, A PRESERVAÇÃO DOS
dentro do corredor logístico do eixo Tapajós se CERRADOS .Revista AgroDBO.2015
configura como uma boa alternativa assim como a
Ferrogrão. Isso se deve em virtude da posição
estratégica que interliga os grandes centros Texto para discussão / Instituto de Pesquisa
agrícolas do país como Sinop e Sorriso até os Econômica Aplicada.- Brasília : Rio de Janeiro : Ipea
portos de Santarém, Vila do Conde e Santana. , 1990-
Usando os modais ferroviários e hidroviários para
Arco norte [recurso eletrônico] : o desafio logístico
/ Câmara dos Deputados,Centro de Estudos e
Debates Estratégicos, Consultoria Legislativa;
relatores Lúcio Vale, Remídio Monai ; Tarcísio
Gomes de Freitas, Alberto Pinheiro. – Brasília :
Câmara dos Deputados, Edições
Câmara, 2016.392 p. – (Série estudos estratégicos
; n. 6 PDF)

Corredores Logísticos Estratégicos: Complexo de


Soja e Milho /Ministério dos Transportes, Portos e
Aviação Civil. Brasília: MTPA, 2017.
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do arco norte. Piracicaba.2015.

SAMPAIO, Luciano Menezes Bezerra; SAMPAIO,


Yony; BERTRAND, Jean-Pierre. ANÁLISE DE
DEMANDA PARA EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE
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Brasileira de Economia, Administração e Sociologia
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Andrade Filho, Hibernon Marinho Alves de,


Cutrim, Sergio Sampaio, Robles, Leo Tadeu,
PEREIRA, NEWTON NARCISO.POTENCIAL E
LIMITAÇÕES PARA O ESCOAMENTO DE SOJA
PELOS PORTOS DA REGIÃO NORTE. Paraíba
.2016.sp

Dall’Agnol, Amélio. A Embrapa Soja no contexto do


desenvolvimento da soja no Brasil: histórico e
contribuições/Amélio Dall’Agnol-
Brasilia,DF:Embrapa,2016.72p. publicação
digitalizada(2016).

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