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Conflitos Etnicos Geografia I unidade

Conflito na Caxemira
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Zonas em disputa na Caxemira.

O conflito na Caxemira se refere à disputa territorial entre a Índia e o Paquistão (e entre a


Índia e a China), pela Caxemira, a região localizada ao extremo noroeste do subcontinente
indiano.
A Índia reivindica a totalidade do antigo estado principesco Dogra de Jammu e Caxemira e
atualmente administra cerca de 43% da região, incluindo a maior parte
de Jammu, Caxemira, Ladakh e o Glaciar de Siachen. A alegação da Índia é contestada
pelo Paquistão, que controla cerca de 37% da Caxemira, principalmente Caxemira Livre e
as regiões setentrionais de Gilgit e Baltistão. Além disso, a China controla 20% da
Caxemira, incluindo Aksai Chin que ocupou na sequência da breveguerra sino-
indiana de 1962 e da área de Trans-Karakoram, também conhecida como o Vale de
Shaksgam, que foi cedida pelo Paquistão em 1963.
A posição oficial da Índia é que Caxemira é uma "parte integrante" da Índia, enquanto a
posição oficial do Paquistão é que a Caxemira é um território disputado cujo estatuto
definitivo só pode ser determinado pelo povo da Caxemira. Alguns
gruposcaxemires acreditam que a Caxemira deve ser independente da Índia e do
Paquistão.
Índia e Paquistão se enfrentaram em três guerras pelo território da Caxemira
em 1947, 1965 e 1999. Índia e China se enfretaram uma vez em 1962, pelo controle de
Aksai Chin, bem como pelo nordeste do estado indiano de Arunachal Pradesh. A Índia e o
Paquistão também se envolveram em diversas escaramuças no Glaciar de Siachen.
Desde a década de 1990, o estado indiano de Jammu e Caxemira tem sido afetado por
confrontos entre caxemires separatistas, incluindo militantes que a Índia alega serem
apoiadas pelo Paquistão e as Forças Armadas do Paquistão, o que causaram milhares de
mortos.1
Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Um mapa da região de Cachemira, que mostra em vermelho os limites do antigo estado


principesco de Jammu e Caxemira.

Em 1935, os governantes britânicos obrigaram o rei Dogra de Jammu e Caxemira a


arrendar partes de seu reino que integravam a nova Província da Fronteira Noroeste, por
60 anos. Esta etapa foi concebida para reforçar as fronteiras do norte da Índia Britânica,
especialmente a partir da Rússia.

Em 1947, o domínio britânico na Índia terminou com a criação de duas nações: a Índia e o
Paquistão. Cada um dos 562 Estados principescos indianos aderiram a um dos dois novos
países: a União da Índia ou o Domínio do Paquistão. Jammu e Caxemira tinha uma
população predominantemente muçulmana, mas um governante hindu, era o maior destes
estados autônomos e limitava com ambos os países modernos. Seu governante era o rei
dogra (ou marajá), Hari Singh, que preferiu manter-se independente, pretendo evitar a
pressão sobre ele a partir da Índia e do Paquistão, jogando um contra o outro.

Em outubro de 1947, os revolucionários muçulmanos no oeste da Caxemira 2 e as tribos


paquistanesas de Dir invadiram a Caxemira na esperança de liberta-la do domínio dogra.
As forças estatais não foram capazes de resistir à invasão e o marajá assinou um
instrumento de adesão 3 que foi aceito pelo Governo da Índia em 27 de outubro de 1947.4 5

Cronologia dos conflitos[editar | editar código-fonte]


Guerra indo-paquistanesa de 1947[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Guerra Indo-Paquistanesa de 1947

Após rumores de que o marajá apoiaria a anexação da Caxemira pela Índia, tropas
irregulares formadas de militantes revolucionários muçulmanos da Caxemira ocidental 2 e
membros de tribos paquistanesas fizeram rápidos avanços na Caxemira (no setor de
Baramaulla). Neste contexto, o marajá Hari Singh da Caxemira pediu ao Governo da Índia
para intervir, no entanto, a Índia e o Paquistão tinham assinado um acordo de não-
intervenção (status quo), e embora combatentes tribais do Paquistão que entraram em
determinado território até então não havia uma clara evidência jurídica para provar
inequivocamente que o Governo do Paquistão estava oficialmente envolvido. Teria sido
ilegal para a Índia fazer uma intervenção unilateral (de uma forma aberta e oficial), a
menos que Jammu e Caxemira aderisse à Índia formalmente, caso em que teria sido
possível enviar forças que ocupam as partes restantes.

O marajá desesperadamente necessitava da ajuda militar quando tribos patanes invasoras


chegaram nos arredores de Srinagar. Antes de chegar em Srinagar, a Índia alegou que se
o marajá Hari Singh conduzisse as negociações para anexação de Jammu e Caxemira à
Índia em troca de receber ajuda militar. O acordo que cedeu Jammu e Caxemira à Índia foi
assinado pelo marajá e Louis Mountbatten.[2] Em Jammu e Caxemira, os voluntários da
Conferência Nacional trabalharam com o exército indiano para expulsar os paquistaneses. 6

O Instrumento de Adessão da Caxemira a Índia foi aceita pelo vice-reiLouis Mountbatten

A guerra resultante pela Caxemira, a Primeira Guerra da Caxemira, durou até 1948,


quando a Índia propôs a questão ao Conselho de Segurança da ONU. Anteriormente,
a ONU já tinha passado resoluções para estabelecer o monitoramento do conflito na
Caxemira. A comissão criada para este propósito foi denominada Comité das Nações
Unidas para a Índia e o Paquistão. Então, em 21 de abril de1948, o Conselho de
Segurança da ONU aprovou a Resolução 47, que impôs um cessar-fogo imediato,
alegando que o Paquistão deveria retirar toda a sua presença e não teria qualquer
interferência na política de Jammu e Caxemira. Além disso, a Índia deveria manter uma
presença militar mínima e a disposição final do Estado de Jammu e Caxemira seria
realizado em conformidade com a vontade popular expressa através do método
democrático de um plebiscito livre e imparcial conduzido sob a auspícios das Nações
Unidas. O cessar-fogo ocorreu no dia 31 de dezembro de 1948.
Até então, os governos indianos e paquistaneses concordaram em realizar o plebiscito,
mas o Paquistão não retirou as suas tropas da Caxemira, o que violava a condição para a
realização do plebiscito.7 Além disso, o governo indiano se distanciou de seu compromisso
de realizar um plebiscito.7 Durante os anos seguintes, o Conselho de Segurança aprovou
quatro novas resoluções da ONU revendo os termos da Resolução 47 incluindo uma
retirada sincronizada de ambas as tropas (indianas e paquistanesas) na região, graças às
recomendações do general Andrew McNaughton. Para este fim, os árbitros da
Organização das Nações Unidas apresentaram 11 propostas diferentes para
a desmilitarização da região - cada uma das quais foi aceita pelo Paquistão, mas rejeitada
pelo governo da Índia.8 As resoluções foram aprovadas pelo Conselho de Segurança das
Nações Unidas ao abrigo do Capítulo VI da Carta das Nações Unidas. 9 As resoluções
aprovadas ao abrigo do Capítulo VI da Carta da ONU são consideradas não vinculativas e
não têm qualquer aplicabilidade obrigatória, ao contrário das resoluções aprovadas ao
abrigo do Capítulo VII.10

Guerra sino-indiana[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Guerra sino-indiana

Em 1962, tropas da República Popular da China e da Índia se enfrentaram em território


reivindicado por ambos. A China obteve uma rápida vitória na guerra, resultando na
administração chinesa da região denominada Aksai Chin, que continua até hoje. Para além
destas áreas, uma outra área menor, o Trans-Karakoram, foi demarcada como Linha de
Controle entre a China e o Paquistão, apesar de parte do território do lado chinês estar
sendo reclamado pela Índia como parte da Caxemira. A linha que separa a Índia da China
nessa região é conhecida como a "Linha de Controlo Real".11

Guerras de 1965 e 1971[editar | editar código-fonte]


Ver artigos principais: Guerra Indo-Paquistanesa de 1965 e Guerra Indo-
Paquistanesa de 1971

Em 1965 e 1971, novamente eclodiram pesados combates entre a Índia e o Paquistão. A


guerra indo-paquistanesa de 1971 resultou na derrota do Paquistão e da rendição militar
do Paquistão no Paquistão Oriental (atual Bangladesh). O Acordo de Simla foi assinado
em 1972 entre a Índia e o Paquistão. Por esse tratado, ambos os países concordaram em
resolver todas as questões por meios pacíficos e debates mútuos no âmbito da Carta das
Nações Unidas.

Ascensão da revolta em Jammu e Caxemira desde


1989[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Insurgência em Jammu e Caxemira

Em 1989, inicia-se uma ampla insurreição armada na Caxemira, que continua até o
presente. A Índia afirma que esta foi iniciada em grande parte pelo grande número
deMujahideen afegãos que entraram na Caxemira após o final da guerra soviético-afegã,
embora os nacionalistas do Paquistão e Caxemira argumentam que os mujahideens não
deixaram o Afeganistão em grandes números até 1992, três anos após a insurreição
começar. Yasin Malik, líder de uma facção, a Frente de Libertação de Jammu e Caxemira,
foi um dos caxemires que organizaram a militância na Caxemira. No entanto, desde 1995,
Malik renunciou ao uso da violência e apela para métodos estritamente pacíficos para
resolver as diferenças. O Paquistão alega que os insurgentes são cidadãos de Jammu e
Caxemira, e estão lutando até contra o exército indiano em um movimento independência.
Também afirma que o Exército indiano está cometendo graves violações dos direitos
humanos para os cidadãos de Jammu e Caxemira, e nega que esteja dando armamentos
para ajudar os insurgentes.

A Índia reivindica que estes grupos insurgentes são terroristas islâmicos da Caxemira


administrada pelo Paquistão e do Afeganistão, lutando para Jammu e Caxemira fazer
parte do Paquistão. Acredita que o Paquistão dá armas para ajudar os terroristas, e os
está treinando no Paquistão. Igualmente também afirma que os terroristas tem
assassinado muitos cidadãos na Caxemira, e cometendo violações dos direitos humanos,
negando ao mesmo tempo que as suas próprias forças armadas são responsáveis pelas
violações dos direitos humanos. Em uma visita ao Paquistão em 2006, o atual primeiro-
ministro da Caxemira Omar Abdullah ressaltou que militantes estrangeiros, que não tinham
nada a ver com a Caxemira, estavam envolvidos em assassinatos e desordens em nome
da religião. Igualmente as agências de inteligência dos Estados Unidos acreditam que
a Al-Qaeda e os talibãs estão ajudando a organizar uma campanha de terror na Caxemira
para fomentar o conflito entre a Índia e o Paquistão.

O governo paquistanês considera estes insurgentes como "combatentes pela liberdade


caxemire", e afirma que dá apenas apoio moral e diplomático para estes insurgentes,
embora a Índia considera que o Paquistão apoia os terroristas da Caxemira Administrada
pelo Paquistão.

Conflito de Kargil[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Guerra de Kargil

Localização de Kargil, região do conflito.

Em meados de 1999, insurgentes e soldados paquistaneses da Caxemira paquistanesa


infiltraram-se em Jammu e Caxemira. Durante a época de inverno, forças indianas
regularmente descem para altitudes mais baixas, como as condições climáticas são
severas torna-se quase impossível patrulhar os altos picos perto da Linha de Controle. Os
rebeldes aproveitaram-se disto e tomaram vantagem ocupando os vagos picos da
montanha da faixa de Kargil, com vista a estrada na Caxemira indiana que
liga Srinagar a Leh. Ao bloquear a rodovia, pretendiam cortar a única ligação entre o Vale
da Caxemira e Ladakh. Isto resultou em um conflito de alta escala entre o exército indiano
e o Exército do Paquistão.

Ao mesmo tempo, os temores da Guerra de Kargil transformar-se em uma guerra


nuclear provocou nos Estados Unidos, então sob governo do presidente Bill Clinton, a
pressionar o Paquistão a recuar. Confrontados com a crescente perda de pessoal e de
postos, o Exército do Paquistão retirou as tropas restantes da região e acabou com o
conflito. A Índia recuperou o controle dos picos que atualmente patrulha e monitora
durante todo o ano.

Causas do conflito[editar | editar código-fonte]


A partir da Partilha da Índia, em 1947, tanto a Índia como o Paquistão têm mantido a sua
reivindicação sobre a Caxemira. Estas reivindicações focam sobre eventos históricos e
religiosos e em filiações religiosas da população da Caxemira. Todo o problema da
Caxemira tem causado uma longa inimizade entre a Índia pós-colonial e o recém-criado
Paquistão muçulmano. Surgiu como uma consequência direta da partição e da
independência do subcontinente indiano, em agosto de 1947. O estado de Jammu e
Caxemira, que está estrategicamente localizado na região noroeste do subcontinente, na
fronteira com a China e a antiga União Soviética, era um estado principesco governado
pelo marajá Hari Singh. Em termos geográficos, o marajá poderia aderir a um dos dois
novos domínios. Embora instalado pelo Vice-Rei Louis Mountbatten para determinar o
futuro do seu estado antes da transferência ocorrer, Hari Singh se opôs.

A Caxemira permaneceu amargamente dividida sobre o território, dois terços dela


(conhecido como o estado indiano de Jammu e Caxemira), que inclui Jammu, o vale da
Caxemira e a área escassamente povoada por budistas de Ladakh sob controle da Índia;
terceira parte é administrada pelo Paquistão. Esta área compreende uma estreita faixa de
terra (a Caxemira Livre e zonas setentrionais), incluindo Gilgit, Baltistão e os antigos reinos
de Hunza e Nagar.

As tentativas de resolver a "questão principal" através de debate político foram infrutíferas.


Em setembro de 1965, uma guerra eclodiu novamente entre Islamabad e Nova Deli. As
Nações Unidas apelaram para outro cessar-fogo e a paz foi restabelecida, uma vez mais,
na sequência da Declaração de Tashkent, em 1966, pelo quais ambas as nações
regressaram às suas posições originais ao longo da linha demarcada. Após a Guerra
de 1971 e a criação do Estado independente de Bangladesh no âmbito do Acordo de
Simla de 1972, a Primeira-Ministra da Índia Indira Gandhi e Zulfiqar Ali Bhutto do
Paquistão concordaram que nenhuma das partes pretendiria alterar a linha de cessar-fogo
na Caxemira, que passou a ser denominada a "Linha de Controle", de maneira unilateral
independentemente das diferenças mútuas e interpretações jurídicas."

Desde então, tem havido numerosas violações da Linha de Controle, incluindo as famosas
incursões por insurgentes e as forças armadas do Paquistão em Kargil que levaram à
Guerra de Kargil, bem como os confrontos esporádicos no Glaciar de Siachen, onde
ambos os países mantêm forças em altitudes atingindo a 6100 metros. Todas essas
violações têm causado preocupação com a estabilidade da região hostil.

Ponto de vista da Índia[editar | editar código-fonte]


A reivindicação indiana NA Caxemira incide sobre o acordo entre o marajá Hari Singh, o
primeiro-ministro Sri Pandit Jawaharlal Nehru e Lord Mountbatten, segundo a qual o antigo
Principado de Jammu e Caxemira tornou-se parte integrante da União da Índia através do
instrumento de adesão. Também enfoca as alegações da sociedade secular da Índia, uma
ideologia que não significa que a religião é um fator importante na governação da política
e, portanto, considera que é irrelevante, uma disputa de fronteira.

Outro argumento apresentado pela Índia é que na Índia as minorias estão bem integradas,
com alguns membros de comunidades minoritárias, ocupando posições de poder e
influência. Embora mais de 80% da população da Índia prática o hinduísmo, um ex-
presidente da Índia, Abdul Kalam, é muçulmano, enquanto Sonia Gandhi, a líder
parlamentar do Partido do Congresso, é católica romana. O atual primeiro-ministro da
Índia, Manmohan Singh, é um sikh e o líder da oposição, Lal Krishna Advani, um hindu.

Em suma, a Índia sustenta que:

 A Assembléia Constituinte de Jammu e Caxemira tinha ratificado por unanimidade o


instrumento de adesão da Índia ao marajá e aprovou uma Constituição que exige uma
união perpétua do Estado com a União Indiana. A Índia defende que este órgão é
representativo e que suas opiniões eram as da população caxemire da época. 6 12
 A Índia não aceita a teoria de duas nações que formam a base do Paquistão e
considera que a Caxemira, apesar de ser um Estado de maioria muçulmana, é em
muitos aspectos, uma "parte integrante" da Índia secular. 13

 A Caxemira é uma região com a diversidade religiosa de um grande número de hindus


e budistas. Portanto, se estivessem sob o controle de uma nação islâmica não-secular
como é o Paquistão, estariam contra as credenciais seculares da Caxemira, assim, as
numerosas minorias étnicas na Caxemira seriam tratadas como cidadãos de segunda
classe no Paquistão. A Índia aponta para as depurações das minorias religiosas no
Paquistão após a independência.

 O estado de Jammu e Caxemira foi convertido em autônomo pelo artigo 370


da Constituição da Índia14 , embora a sua autonomia foi reduzida desde então.
 A Índia também destaca uma sondagem realizada em Jammu e Caxemira, que sugere
que a maioria dos muçulmanos que vivem no vale da Caxemira não querem que a
Caxemira faça parte do Paquistão. 15

 A Índia reivindica e apresentou provas de que a maioria das violações dos direitos
humanos na região foram realizadas pelos insurgentes e outros não-indianos. Além
disso, a Índia cita o fato de que foram levados à justiça os poucos agentes filiados à
Índia que tinham cometido violações dos direitos humanos, ao contrário do referido
pessoal não-indiano e insurgentes que não foram punidos por seus crimes. 16

 A Índia alega que a maioria dos terroristas que operam na região da Caxemira provém
da Caxemira administrada pelo Paquistão e que o Paquistão tem estado envolvido no
terrorismo patrocinado pelo Estado. Aponta também para artigos e relatórios
dos Estados Unidos que sugerem que os terroristas são financiados principalmente
pelo Paquistão, bem como através de meios ilícitos, como a venda ilegal de armas e
narcóticos ou a circulação de moeda falsa na Índia. 17 Portanto, a insurgência e
o terrorismona Caxemira é deliberadamente alimentada pelo Paquistão para criar
instabilidade na região.18 O governo da Índia acusou repetidamente o Paquistão de
travar uma guerra por procuração na Caxemira, fornecendo armas e apoio financeiro a
grupos terroristas na região.19 20 21 22
 O Paquistão está tentando levantar um sentimento anti-Índia entre os caxemires por
espalhar propaganda falsa contra a Índia.23 De acordo com o governo do estado de
Jammu e Caxemira, rádios e canais de televisão paquistaneses deliberadamente
espalham "ódio e veneno" contra a Índia para alterar opinião na Caxemira. 24

 A Índia assinala relatórios de organizações de direitos humanos que condenam o


Paquistão pela falta de liberdades cívicas na Caxemira sob administração
paquistanesa.2325 De acordo com a Índia, a maioria das regiões da Caxemira
paquistanesa, especialmente as áreas do Norte, continuam a sofrer de falta de
reconhecimento político, desenvolvimento econômico e direitos fundamentais. 26

 A Resolução 1172 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, tacitamente aceita


pela Índia, afirma que todas as questões pendentes entre a Índia e o Paquistão têm de
ser resolvidos por mútuo diálogo (e não exige um plebiscito). 27

 Em um país diverso como a Índia, o descontentamento e a insatisfação não são


incomuns. A democracia indiana que possui flexibilidade necessária para acomodar as
verdadeiras queixas no âmbito da sua soberania, unidade e integridade. O governo da
Índia manifestou a sua disponibilidade para acolher as legítimas reivindicações
políticas do povo do estado de Jammu e Caxemira.28
Ponto de vista do Paquistão[editar | editar código-fonte]
As reivindicações paquistanesas sobre a região disputada baseiam-se na rejeição das
reivindicações indianas para a Caxemira, especialmente o Instrumento de Adesão. O
Paquistão insiste que o marajá não era um líder popular e era considerado como um tirano
pela maioria dos caxemires; afirma também que o maarajá usou a força bruta para reprimir
a população.29 O Paquistão acusa também a Índia de hipocrisia, porque se recusou a
reconhecer a adesão de Junagadh ao Paquistão e a independência de Hyderabadcom
base em que os dois estados tinham maiorias hindus (na realidade, a Índia ocupou e
integrou a força estes dois territórios). Além disso, depois de ter fugido da Caxemira,
devido à invasão paquistanesa, o Paquistão afirma que o marajá não tinha nenhuma
autoridade para determinar o futuro da Caxemira. O Paquistão argumenta que mesmo se o
marajá tivesse alguma autoridade para determinar o estatuto da Caxemira, assinou o
instrumento de adesão sob coação, assim, invalidava a legitimidade de suas ações.

O Paquistão alega também que as forças indianas estavam na Caxemira antes mesmo da
assinatura do instrumento de adesão com a Índia e, portanto, em violação ao acordo de
Standstill, que foi concebido para manter o status quo da Caxemira (embora a Índia não
fosse signatária do acordo assinado entre o Paquistão e o governante hindu de Jammu e
Caxemira).30 31

Entre 1990 e 1999, algumas organizações relataram que as forças armadas indianas,


grupos paramilitares e os suas milícias contra-insurgentes foram responsáveis pela morte
de 4.501 civis na Caxemira.32 33 Também entre 1990 e 1999, houve indícios de estupros de
4.242 mulheres com idade entre 7 e 70 anos. Alegações similares foram feitas também por
algumas organizações de direitos humanos.34

Em suma, o Paquistão sustenta que:

 A insurreição popular dos caxemires demonstra que o povo da Caxemira não quer
mais permanecer como parte da Índia. O Paquistão sugere que isto significa que ou a
Caxemira quer ser parte do Paquistão ou quer ser independente.
 As táticas de contra-insurgência da Índia têm merecido um acompanhamento
internacional do conflito da Caxemira e o exército indiano tem realizado violações dos
direitos humanos, incluindo tortura, estupros e assassinatos extrajudiciais, contra o
povo cachemire.
 Segundo a teoria das duas nações é uma das teorias citadas para a partição que criou
a Índia e o Paquistão, a Caxemira deveria ter permanecido com o Paquistão, porque
tem uma maioria muçulmana.
 A Índia tem mostrado desprezo às resoluções do Conselho de Segurança da ONU e
da Comissão das Nações Unidas na Índia e Paquistão ao não realizar um plebiscito
para determinar a adesão futura do Estado. 35
 O povo da Caxemira foi forçado pelas circunstâncias a defender seu direito
à autodeterminação através da militância. O Paquistão afirma que dá seu apoio moral,
ético e militar aos revoltosos na Caxemira.
 Os recentes protestos na Caxemira administrada pela Índia atraiu um grande número
de pessoas com um crescente ressentimento contra o domínio indiano, dadas as
manifestações que ocorrem em oposição ao controle indiano do estado. 36
 Recentes relatórios da ONU sobre a situação dos direitos humanos em Jammu e
Caxemira têm criticado a Índia pelo uso da força durante protestos na Caxemira
administrada pela Índia.
 O Paquistão registra igualmente os atos de violência que acompanharam as eleições
na Caxemira indiana 37 e sentimentos anti-indianos expressos por algumas pessoas no
estado.38
 O Paquistão destaca o uso generalizado de execuções extrajudiciais na Caxemira
administrada pela Índia, realizadas pelas forças de segurança da Índia que sustentam
que foram surpreendidas em enfrentamentos com militantes. Os paquistaneses
acusam as forças de segurança indianas de estarem envolvidas em confrontos falsos
que são comuns nos setores da Caxemira administrada pela Índia e evitar a ação
penal dos autores.39 40
 Organizações de direitos humanos condenaram energicamente as tropas indianas
pelo estupro e assassinato de civis inocentes QUE acusA estes civis de serem
militantes.4142 43
 A solução Chenab era um compromisso proposto na década de 1960, em que o vale
da Caxemira e outras áreas predominantemente muçulmanas, ao norte do rio
Chenabiriam para o Paquistão e Jammu e outras regiões predominamente hindus para
a Índia.44
Ponto de vista da China[editar | editar código-fonte]

 A China não aceita os limites do Principado de Jammu e Caxemira, no norte da Aksai


Chin e do Karakoram, que foram propostos pelos britânicos. 2
 A China resolveu suas questões fronteiriças com o Paquistão no Trans-Karakoram
em 1963 com a oferta de que o acordo estava sujeito à solução final da disputa na
Caxemira.45
Disputa pela água[editar | editar código-fonte]
Outra razão por trás do conflito da Caxemira é o recurso hídrico. A Caxemira é a fonte de
vários rios e afluentes do rio Indo. Estes incluem o Jhelum e Chenab, que fluem
basicamente no Paquistão, enquanto que outros ramos - como o rio Ravi, rio Beas e o rio
Sutlej, irrigam o norte da Índia. O Paquistão tem sido apreensivo quanto a isso, em uma
situação extrema, a Índia poderia usar a sua vantagem estratégica que dá a sua parcela
da Caxemira e que passa na origem dos referidos rios e mantendo o mesmo canal, assim,
estrangular a economia agrária do Paquistão. O Tratado de Água do Indo, assinado
em 1960 resolveu a maioria desses litígios em matéria de partilha da água e apelou para a
cooperação mútua a este respeito. Este tratado enfrentou questões levantadas pelo
Paquistão durante a construção de barragens no lado indiano, que limitam a água para o
lado paquistanês.

Violações dos direitos humanos[editar | editar código-fonte]


Tem havido afirmações de violações dos direitos humanos em relação com as forças
armadas indianas e os militantes da Caxemira.46 Um estudo de 2005 realizado
pela ONGMédicos Sem Fronteiras descobriu que as mulheres da Caxemira estavam entre
os pessoas que mais sofriam de doenças de violência sexual no mundo, com 11,6% das
entrevistadas que relataram terem sido abusadas sexualmente. 47 Algumas pesquisas
descobriram que na região da Caxemira em si (onde se concentra a maior parte da
atividade por separatistas e da Índia), a percepção popular sustenta que as forças
armadas da Índia são mais culpadas por violações dos direitos humanos que os grupos
separatistas. De acordo com o inquérito da MORI de 2002, na Caxemira, apenas 2% dos
entrevistados acreditam que grupos militantes são culpados de abusos generalizados dos
direitos humanos, enquanto 64% acreditam que as tropas indianas eram culpadas do
mesmo; no entanto, essa tendência foi revertida em outras partes do estado. 48

Questões cartográficas[editar | editar código-fonte]


Tal como acontece com outros territórios em disputa, cada um dos governos representam
mapas com suas reivindicações sobre a Caxemira como parte de seu território,
independentemente do seu efetivo controle. Na Índia, é ilegal a exclusão de toda ou parte
da Caxemira em um mapa. Também é ilegal no Paquistão não incluir o estado deJammu e
Caxemira como um território disputado, conforme permitido pela Organização das Nações
Unidas. Os não-participantes costumam usar a Linha de Controle e Linha de Controle Real
como os limites representados, como no The World Factbook da CIA. Quando
a Microsoft lançou um mapa no Windows 95 e no Microsoft MapPoint 2002, atraíu
controvérsia, pois não mostrava a totalidade da Caxemira, como parte da Índia, como é
exigido na Índia; entretanto todos os neutros e empresas paquistanesas pretendem seguir
o mapa das Nações Unidas e mais de 90% de todos os mapas que contêm a Caxemira
mostram-a como um território disputado.49
Conflito de Darfur
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Conflito de Darfur

Campo no Chade para refugiados vindos de Darfur.

Período 2003 – presente1


Local Darfur, Sudão
Resultado Conflito em curso
Participantes do conflito

 Facções  Sudão União Africana


doMovimento  Nações
Justiça e Unidas
Igualdade
 Exército de
Liberação
Sudanesa
Apoiado por:
 Chade
 Eritreia2 3 45

Líderes

 Khalil  Omar al- Rodolphe


Ibrahim † Bashir Adada
 Ahmed  Musa Hilal  Martin
Diraige  Hamid Luther Agwai
 Minni Dawai
Minnawi  Ali
 Abdul Wahid Kushayb
al Nur  Ahmed
Haroun6

Forças

Desconhecido Desconhecido 9 065

Baixas

Desconhecido Desconhecido 51 capacetes


azuis mortos

~461 520 mortos7 8


2 850 000 deslocados/desalojados (segundo a ONU)8

O conflito de Darfur (ou genocídio de Darfur) é um conflito armado em andamento na


região de Darfur, no oeste doSudão, que opõe principalmente
os janjawid - milicianos recrutados entre os baggara, tribos nômades africanas de língua
árabe e religião muçulmana - e os povos não-árabes da área. O governo sudanês, embora
negue publicamente que apoia os janjawid, tem fornecido armas e assistência e tem
participado de ataques conjuntos o grupo miliciano. O conflito iniciou-se, oficialmente, em
fevereiro de 2003, com o ataque de grupos rebeldes do Darfur a postos do governo
sudanês na região, mas suas origens remontam a décadas de abandono e descaso do
governo de Cartum, eminentemente árabe, para com as populações que vivem neste
território.
As mortes causadas pelo conflito são estimadas entre 50 000 (Organização Mundial da
Saúde, setembro de 2004) e 450 000 (Dr. Eric Reeves, 28 de abril de 2006). A maioria
das ONGs trabalha com a estimativa de 400 000 mortes. O número de pessoas obrigadas
a deixar seus lares é estimado em 2 000 000. A mídia vem descrevendo o conflito como
um caso de "limpeza étnica" e de "genocídio". O governo dos EUA também o considera
genocídio, embora as Nações Unidas ainda não o tenham feito, pois a China, grande
parceira comercial do governo sudanês, defende o país em todos os fóruns internacionais
que abordam o tema. Algumas propostas de intervenção militar internacional realizadas na
ONU não foram aprovadas por veto deste país.
Quando os combates se intensificaram em julho e agosto de 2006, no entanto, o Conselho
de Segurança das Nações Unidasaprovou a Resolução 1706, de 31 de agosto de 2006,
que prevê o envio de uma nova força de manutenção da paz da ONU, composta de 20 000
homens, para trabalhar em conjunto com as tropas da União Africana presentes no local,
que contam com cerca de 7000 soldados. O Sudão opôs-se à Resolução e, no dia
seguinte, lançou uma grande ofensiva militar na região.
Diferentemente da Segunda Guerra Civil Sudanesa, que opôs o norte muçulmano ao
sul cristão e animista, em Darfur não se trata de um conflito entre muçulmanos e não
muçulmanos pois a maioria da população é muçulmana, inclusive os janjawid. Trata-se de
um conflito étnico-cultural, que iniciou-se por motivos políticos, e ganhou contornos raciais
ao longo dos últimos anos. Promovido por forças militares, hoje muitas vezes uma célula
de poder independente, e impulsionado por interesses econômicos, como o fortalecimento
das relações comerciais com outros países.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]
Darfur tem cerca de 5,5 milhões de habitantes, numa região com baixo nível
de desenvolvimento: apenas 15% das crianças do sexo masculino - e 10% do feminino -
frequentam a escola.

Três etnias são predominantes na região: os fur (que emprestam o nome à região),


os masalit e os zaghawa, em geralmuçulmanos da localidade ou seguidores de outras
religiões da África Sub-Saariana.

O Sudão tem uma história de conflitos entre o sul e o norte do país, que resultaram na
primeira (1955-1972) e na segunda (1983-2005) guerras civis sudanesas. A segunda
confrontação causou cerca de dois milhões de mortos e mais de um milhão de refugiados,
em ambos os casos principalmente no sul.
Causas[editar | editar código-fonte]

Campo de refugiados no sul deDarfur.

A combinação de décadas de secas, desertificação e superpopulação estão entre as


causas do conflito de Darfur, onde os nômades árabes Baggara, em procura por água,
levam seu rebanho para o sul, uma terra ocupada predominantemente por comunidades
agrárias.9

Existem muitas casualidades: estimativas geralmente convergem entre centenas de


milhares de pessoas. As Nações Unidas estimam que o conflito deixou em torno de
300 000 mortos da violência e doenças. 10 O Museu em Memória ao Holocausto dos
Estados Unidos estima que 100 000 morrem todos os anos graças aos ataques do
governo. A maioria das ONGs estimam de 200 000 para 500 000, o último é uma
estimativa da Coalizão Internacional pela Justiça.11 Aproximadamente 2.5 milhões de
pessoas foram deslocadas até Outubro de 2006. 12

O governo sudanês tem sido acusado de suprimir informações prendendo e matando


testemunhas desde 2004, além de destruir vestígios para eliminar seu valor como
prova.13 14 15 O governo sudanês, por obstruir e prender jornalistas, tem sido capaz de
esconder os acontecimentos.16 17 18 19 Enquanto o governo dos Estados Unidos tem
descrito o conflito como genocídio20 , as Nações Unidas continuamente não tem mostrado
suporte para esta designação21 . Em março de 2007, uma missão das Nações Unidas
acusou o governo do Sudão de orquestrar e tomar parte de "graves violações" em Darfur,
e clamou por uma ação internacional urgente para proteger os civis.

Após os conflitos terem cessado em julho e agosto, em 31 de agosto de 2006 o Conselho


de Segurança das Nações Unidas aprovou a resolução 1706, que atribuiu mais 20 600
tropas de paz, as UNAMID (African Union - United Nations Hybrid Operation in Darfur)
para complementar as 7 000 tropas da União Africana, que sofrem de graves problemas
de fundos e falta de equipamentos. O Sudão foi veementemente contra a resolução, e
declarou que trataria as forças da Nações Unidas na região como invasores estrangeiros.
No dia seguinte, o governo do Sudão lançou uma grande ofensiva na região.

Em 14 de julho de 2008, procuradores da Corte Penal Internacional processaram o


presidente do Sudão, Omar al-Bashir, por dez crimes de guerra, três processos por
genocídio, cinco crimes contra a humanidade e dois homicídios. Os procuradores
argumentaram que al-Bashir "planejou e implementou um plano para destruir em parte
substancial" três grupos tribais de Darfur por conta de sua designação étnica. 22 Em março
de 2009, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra o presidente
Omar Hassan al-Bashir, por crimes contra a humanidade e crimes de guerra em Darfur.

O conflito[editar | editar código-fonte]

Milicianos de Darfur.

Em 2003, dois grupos armados da região de Darfur rebelaram-se contra o governo


central sudanês, pro-árabe. O Movimento de Justiça e Igualdade e o Exército de
Libertação Sudanesa (SLA, na sigla em inglês) acusaram o governo de oprimir os não-
árabes em favor dos árabes do país e de negligenciar a região de Darfur.

Em reação, o governo lançou uma campanha de bombardeios aéreos contra localidades


darfurianas em apoio a ataques por terra efetuados por uma milícia árabe, os janjawid.
Estes últimos são acusados de cometer grandes violações dos direitos humanos, como
assassinatos em massa, saques, destruição de povoados e o estupro sistemático da
população não-árabe de Darfur. Os janjawid também praticam o incêndio de vilarejos
inteiros, forçando os sobreviventes a fugir para campos de refugiados localizados a Oeste
de Darfur e no Chade; muitos dos campos darfurianos encontram-se cercados por forças
janjawid. Até meados de 2006, entre 150 000 e 200 000 pessoas haviam sido mortas e
pelo menos dois milhões haviam fugido, provocando uma grave crise humanitária na
região.

Em setembro de 2004, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a


Resolução no. 1564, que estabeleceu uma comissão de inquérito em Darfur para avaliar o
conflito. Em janeiro de 2005, a ONU divulgou um relatório afirmando que embora tenha
havido assassinatos em massa e estupros, aquela organização internacional não estava
em condições de classificá-los como genocídio, devido a "uma aparente falta de intenção
genocida" (tradução livre do inglês) e um forte lobby do governo chinês.

Em maio de 2006, o Exército de Libertação Sudanesa, principal grupo rebelde, concordou


com uma proposta de acordo de paz com o governo. O acordo, preparado
em Abuja,Nigéria, foi assinado com a facção do Movimento liderada por Minni Minnawi. No
entanto, o acordo foi rechaçado tanto pelo Movimento Justiça e Igualdade como por uma
facção rival do próprio Exército de Liberação Sudanesa, dirigida por Abdul Wahid
Mohamed el Nur.

Os principais pontos do acordo eram o desarmamento das milícias janjawid e a


incorporação dos efetivos dos grupos rebeldes ao exército sudanês. Apesar do acordo, os
combates continuaram.

Muitos dos grupos militares atuando no Sudão passaram a exercer um poder autônomo,
sem responder necessariamente aos grupos dos quais se originaram, o que gera uma
falácia de poder e milícias que combatem para defender seus próprios interesses mais
imediatos, e não políticas mais abrangentes, relativas ao território de Darfur como um todo.

Sequestros[editar | editar código-fonte]
Ao longo de 2009, Darfur foi palco de inúmeros sequestros - a maior parte deles para pedir
resgate. As agências humanitárias enfrentam hostilidade crescente, desde que oTribunal
Penal Internacional emitiu mandado de prisão contra o presidente Omar Hassan al-Bashir,
por crimes de guerra.

Em outubro dois trabalhadores da organização humanitária irlandesa Goal foram libertados


depois de passarem mais de 100 dias no cativeiro. Dois soldados da paz da União
Africana ainda são mantidos reféns.

Em 22 de outubro homens armados sequestraram um funcionário francês do Comitê


Internacional da Cruz Vermelha, Gauthier Lefévre, que estava em um veículo com clara
identificação da Cruz Vermelha, na fronteira com o Chade. Lefèvre passou 147 dias em
cativeiro, sendo libertado em 18 de março de 2010. 23

Palestina
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para a instituição estatal semiautônoma que governa partes da Palestina,
veja Autoridade Nacional Palestina. Para outros significados, veja Palestina
(desambiguação).
Área geográfica da Palestina, conforme definida pelo Império Bizantino, no final do século IV, com as
fronteiras das dioceses da Palaestina Prima e Palaestina Secunda.
Palestina (em árabe: ‫فلسطين‬, translit. Filasṭīn; em hebraico: ‫;פלשתינה‬
em grego: Παλαιστίνη, transl. Palaistinē, e em latim: Palæstina), é a denominação
histórica dada pelo Império Romano a partir de um nome hebraico bíblico, a uma região
do Oriente Médio situada entre a costa oriental do Mediterrâneo e as atuais fronteiras
ocidentais do Iraque e Arábia Saudita, hoje compondo os territórios da Jordânia e Israel,
além do sul do Líbano e os territórios de Gaza e Cisjordânia.
A área correspondente à Palestina até 1948 encontra-se hoje dividida em três partes: uma
parte integra o Estado de Israel; outra a atualJordânia e duas outras (a Faixa de Gaza e a
Cisjordânia), de maioria de árabes palestinos, deveriam integrar um estado palestino a ser
criado - de acordo com a lei internacional, bem como as determinações das Nações
Unidas, o Reino Unido. Em 1967, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia foram conquistadas
por Israel ao Egito e à Jordânia respetivamente, após a Guerra dos Seis Dias. E
posteriormente Gaza em2005 foi entregue à Autoridade Palestina, já a Cisjordânia
(Judeia e Samaria) possui partes de territórios soberanos palestinos e parte de territórios
com habitantes israelenses estabelecidos na conquista do território.
Há alguns anos, porções dispersas dessas duas áreas foram oferecidas por Israel e
passaram a ser administradas pela Autoridade Palestina, mas, devido à estratégia
defensiva de expansão territorial e seus ataques violentos contra os terroristas palestinos,
esses territórios e sua população estão sob constante ameaça.
A população palestina dispersa pelos países árabes em campos de refugiados, ou
situados nos territórios de Gaza e Cisjordânia, é estimada em quatro milhões de pessoas.

Etimologia[editar | editar código-fonte]
A região era chamada de Palastu pelos assírios.1

A palavra Palestina deriva do grego Philistia, nome dado pelos autores da Grécia Antiga a
esta região, devido ao facto de em parte dela (entre a actual cidade de Tel Aviv eGaza) se
terem fixado no século XII a.C. os filisteus.

Os filisteus não eram semitas bem como não mantêm relações com os atuais palestinos e
sua provável origem é creto-miceniana, uma das mais conhecidas (embora
recorrentemente mencionadas) vagas dos chamados "Povos do Mar" que se
estabeleceram em várias partes do litoral sul do mar Mediterrâneo, incluindo a área hoje
conhecida como Faixa de Gaza. Segundo a tradição bíblica os filisteus seriam oriundos
de Caphtor, termo associado à ilha de Creta. Este povo é igualmente referido nos escritos
do Antigo Egipto com o nome de prst, por onde também passaram e foram repelidos.

No século II d.C., os romanos utilizaram o termo Syria Palaestina para se referirem à parte


sul da província romana da Síria. O termo entraria posteriormente na língua árabe e é
usado desde então para se referir a esta região. Foi onde nasceu o Cristianismo.

História[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: História da Palestina
A Palestina, sendo um estreito trecho de favorável passagem entre a África e Ásia, foi
palco de um grande número de conquistas, pelos mais variados povos, por se constituir
num corredor natural para os antigos exércitos.

Em meados do século XV a.C. a região é conquistada pelo faraó Tutmósis III, mas será
perdida antes de completar 18 dinastia, para ser novamente reconquistada por Seti I e
porRamsés II. Com o enfraquecimento do poder egípcio em finais do século XIII a.C., a
região será invadida pelos Povos do Mar.

Um destes povos, os filisteus, fixa-se junto à costa onde constroem pequenas cidades.
Contemporânea a esta invasão é a chegada das tribos hebraicas, lideradas por Josué. A
sua instalação no interior gerou guerras com os filisteus, que se recusam a aceitar a
presença hebraica.

As tribos hebraicas decidem então unir-se para formar uma monarquia, cujo primeiro rei
é Saul. O seu sucessor, David (início do I milénio a.C.) derrota finalmente os filisteus e fixa
a capital do reino em Jerusalém. Durante o reinado do seu filho, Salomão, o reino vive um
período de prosperidade, mas com a sua morte é dividido em duas partes: a norte, surgirá
o reino de Israel (com capital em Samaria) e a sul, o reino de Judá (com capital em
Jerusalém).

Abrevie-se para afirmar que, salvo breves intervalos, a região foi dominada por outras
potências tais como a Assíria (722 a.C.), os babilônicos (fins do século VII a.C.), os persas
aquemênidas (539 a.C.), os greco/macedónios (331 a.C. permanecendo em poder
dos ptolomaicos de 320 a 220 a.C. e dos Selêucidas de 220 a 142 a.C.) passando por uma
retomada pelos locais Asmoneus que dominaram daí até o ano de 63 a.C. quando
sobreveio o domínio romano.

No ano de 66 d.C. inicia-se uma rebelião dos judeus que foi fortemente reprimida pelos
romanos com a destruição do templo de Iavé no ano de 70, e só no ano de 131 a pax
romana foi novamente abalada por rebeliões ao fim das quais o
imperador Adriano rebatizou Jerusalém de Colonia Aelia Capitolia e a Judeia foi
incorporada à nova Síria Palestina.

Passando pela divisão do Império Romano, a região viveu entre 324 d.C. e 638 d.C.,
extrema prosperidade e crescimendo demográfico, sendo de se considerar que a esta
altura a população era de maioria cristã, aliás, religião oficial do Império Bizantino, além da
presença judaica sempre presente na região.

No ano de 614 a região acaba de ser ocupada pelos persas Sassânidas que mantém seu
jugo até o ano de 628 e no ano de 638 toda a região está sob o domínio árabemuçulmano.

De 1517 a 1917 o Império Otomano controla toda região (incluindo Síria e Líbano).

No século XIX (1850 em diante), judeus perseguidos nos territórios aonde estavam
refugiados, começam a voltar para a região juntando-se aos judeus que já estabelecidos
ali, dando surgimento a novas cidades como rishon letzion e no crescimento de
comunidades com as de Mea Shearim. Ao mesmo tempo, fortes movimentos migratórios
oriundos dos territórios sírios e de países árabes vizinhos, forçados pela escassez em
seus territórios, também fizeram a população árabe local dar saltos populacionais.

Durante a 1ª Guerra Mundial, o Império Otomano que apoiava a Alemanha é derrotado e
expulso do oriente médio pelos povos árabes e pelas tropas aliadas, o que teria-lhes
garantido aos judeus o direito internacional para reconstituição de um estado judaico
totalmente independente da Turquia garantido por uma "promessa" de ajuda dos Aliados,
adeclaração Balfourd. Na sequência do final da 1ª Guerra Mundial (1917), a parte sul do
Império Otomano foi atribuído à Grã-Bretanha a região correspondente a Palestina e
àFrança Líbano e Síria que teria ao sul dos montes libaneses outra comunicação com o
mediterrâneo.

Em 1923 a Grã-Bretanha divide a sua zona em dois distritos administrativos, separados


pelo rio Jordão, sendo que os Judeus apenas seriam permitidos na zona costeira, a oeste
do rio (cerca de 25% da parte britânica). Os árabes rejeitam a divisão, receando tornar-se
uma minoria e incitados pelo crescente nacionalismo árabe no médio oriente, assim como
apoiando-se no acordo pós 1ª Guerra Mundial.

A Grã-Bretanha entrega a resolução do problema às Nações Unidas em 1947. A


Assembleia Geral das Nações Unidas determina a partilha da parte ocidental da Palestina
(os 25% em disputa) entre um Estado Judeu e outro Estado Árabe baseado na
concentração das populações, através da resolução 181. A 14 de Maio desse ano os
israelitas declaram a constituição do estado de Israel, já os árabes que já haviam formado
um estado em 75% do território (A Jordânia), recusam esta partilha. Países árabes
comoJordânia, Síria, Líbano, Arábia Saudita, Iraque e Iémen além do Egito,conclamam os
árabes locais a abandonarem o território para que declarassem guerra ao novo estado
judeu e prometeriam que ao varre-los no mapa, entregariam todo o território nas mãos dos
mesmos. Nos 19 meses seguintes, na chamada Guerra da Independência, Israel acabaria
por perder cerca de 1% da sua população, mas sairia vencedora, formando juntamente
com os árabes que se recusaram a abandonar o local, um pais maior que o inicialmente
proposto pelas Nações Unidas dois anos antes. Egipto e Jordânia ocupam o território
restante, Gaza, Judeia e Samaria.

Em 1967, Egito, Jordânia e Síria juntamente com Líbano, Arábia Saudita e Iraque
mobilizam os seus exércitos, com vista à destruição do estado Israelita. Naquela que
ficaria conhecida como Guerra dos seis dias, Israel derrotou os seis exércitos em outras
tantas frentes, ocupando a península do Sinai (Egito), Colinas de Golã (Síria)
e Cisjordânia(Jordânia), incluindo o total controlo sobre Jerusalém. Desde esse ano Israel
adotou uma política destinada a promover a instalação de colonias civis israelenses,nos
pedaços de terras desocupados e construindo as casas para os seus cidadãos. O
presidente americano Jimmy Carter, em 1978, juntou o presidente egípcio (Anuar Sadat) e
o primeiro-ministro israelita (Menachem Begin) em Camp David, a fim de estabelecer o
primeiro tratado de paz de sempre entre israelenses e árabes. Foi aqui acordada a
devolução da península do Sinai, retirando os colonias aí existentes, bem como o fim da
agressão árabe ao estado de Israel e o restabelecimento de laços políticos e económicos.

No ano de 1982, Israel devolve a península do Sinai ao Egipto.

Domínio árabe[editar | editar código-fonte]


Ao contrário de várias potências que por ali só estenderam seu domínio de passagem, às
vezes legando a administração da região a potentados locais, os árabes, à semelhança
dos judeus, se estabeleceram na região, e o primeiro elemento cultural que introduziram
foi a língua uma vez que aparentada com o aramaico, obteve fácil aceitação.

Desde o ano de 660 até 750, vigorou o Califado Omíada, cuja capital
era Damasco datando daí a construção do Nobre Santuário na região dos templos
judaicos(Har Hamoriah) e chamada pelos árabes de Esplanada das Mesquitas em
Jerusalém(cidade fundada pelos judeus), substituída pela dinastia dos abássidas cuja
capital era Bagdá que dominou até o ano de 974, seguindo-se a Califado Fatímida que
perduraram até o ano 1071.

Ao fim do longo domínio árabe de mais de quatro séculos, a religião islâmica em sua


campanha de massificação acabou amplamente majoritária, seguindo-se de uma pequena
minoria de cristãos e judeus, até quando, no ano de 1072, sobreveio a conquista da região
pelos turcos seldjúcidas que tinham capital em Bagdá.

No ano 1099 com a Primeira Cruzada europeus conquistaram Jerusalém e lá


estabeleceram o seu domínio sob o nome de Reino Latino de Jerusalém cuja existência
periclitante em meio à sociedade islâmica se demorou até o ano de 1187 quando a cidade
foi reconquistada por Saladino.

Império Otomano[editar | editar código-fonte]


Após a expulsão dos Cruzados, a Palestina tornou-se parte
do Sultanato mameluco do Egipto, integrada no distrito (Wilayah) de Damasco.

Sob a administração mameluca a região viveu cerca de cem anos de prosperidade, com a
consequente reconstrução de escolas, mesquitas destruídas ou negligenciadas durante o
período dos Cruzados. Em torno de 1382 a expansão territorial dos Mamelucos leva-os a
confrontarem os Mongóis, e posteriormente os Otomanos. Estas campanhas vão estender-
se até 1516, quando as forças do Sultão Selim I derrotam os Mamelucos na batalha de
Marj Dabiq, e ocupam a totalidade da Palestina.

Durante os próximos 400 anos, o nome Palestina praticamente desaparece, pois a


designação oficial sob a administração turca, uma vez que estes dividem o território em
subprovíncias (vilayet) que recebiam o nome da sua cidade capital (ex.: vilayet de Sídon).

Em 1799, durante a Guerras Napoleónicas, e no âmbito da Campanha do Egito, as tropas


napoleónicas invadem por pouco mais de um mês as cidades de Jaffa, Haifa eCaesarea; é
ainda nesta altura, durante o cerco a Acre, que um estadista europeu publicamente avança
com a ideia de um estado judaico na região palestina. De facto,Napoleão tinha uma
proclamação preparada nesse sentido, mas nunca chegou a ser publicada.

Extensão do Império Otomano.

Entre 1832 e 1840 esteve sob administração do Egipto de Muhammad Ali, voltando à


dependência directa do Império Otomano no fim desse período.

Em 1873 a região é reorganizada administrativamente, sendo dividida em três grandes


àreas: a Norte, de Jaffa aJericó e o Rio Jordão a pertencer ao vilayet de Beirute. De Jaffa,
ao longo da costa até ao Sinai, pertencia ao distrito de Jerusalem, enquanto o restante
território Península do Sinai, Deserto de Negev pertencia ao vilayet de Hijaz, que se
estendia até à parte ocidental da Arábia.

É também em torno desta data que devido às perseguições, os primeiros emigrantes


judeus europeus, sionistas, começam a voltar à região palestina e se juntam ao milhares
de judeus locais estabelecidos ai. A escola Mikveh Israeltinha sida fundada
em 1870 pela Alliance Israélite Universelle, com o objectivo de ensinar aos colonos como
cultivar a terra, por forma a obter os melhores resultados. As terras cultivadas por estes
colonos eram compradas diretamente da administração Turca.

Apesar das designações oficiais, o termo Palestina foi utilizado de forma informal, não só


pelas populações locais, como em algumas situações, mesmo pelos Otomanos; a partir
do século XIX a expressão Arz-i Filistin (A Terra da Palestina) aparece em vários
documentos oficiais para indicar uma região a somente a Oeste do Rio Jordão num
sentido lato.

O Império Otomano era um dos membros da Tríplice Aliança, e portanto inimigo


da Inglaterra na Primeira Guerra Mundial. Os ingleses, sobretudo a partir do Egipto
lançaram várias ofensivas contra os turcos, nomeadamente através das acções
de Lawrence da Arábia, que à frente das forças arabes conquista a região, chegando
até Damasco a 1 de Outubro de 1918. Contudo, um ano antes, a 2 de novembro de 1917,
o então ministro britânico dos Assuntos Estrangeiros, Arthur James Balfour, havia enviado
a Lord Rothschild a carta, conhecida como a Declaração de Balfour, na qual comprometia
a Inglaterra na criação de um estado judaico.

Com o Tratado de Versalhes a Palestina no seu sentido lato é dividida entre a França, que
ocupa os actuais Libano e a Síria, e a Inglaterra.

O enquadramento legal desta situação será dado pelo Mandato Britânico na Palestina, por
decisão da Sociedade das Nações, que, com base no Acordo Sykes-Picot previa que a
Palestina seria colocada sob administração internacional. Esta situação iria manter-se até
ao final da Segunda Guerra Mundial.

Do Mandato Britânico a Israel[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Mandato Britânico da Palestina e Plano da ONU para a
partição da Palestina de 1947

Mandato Britânico da Palestina

Apoiada no Mandato Britânico na Palestina, o Reino Unido estabelece uma administração


semi-colonial, que apesar da Declaração de Balfour é reticente quanto à emigração
judaica, tentando apaziguar a reação da população árabe - receosa de que os judeus
voltassem a sua terra de origem e formassem um estado que acabaria com a profecia de
estabelecimento do califado árabe, e por outro lado sentindo-se traída pelas promessas
feitas por Lawrence da Arábia durante a guerra contra os turcos a Faiçal, e depois
quebradas.

A insatisfação é crescente entre os grupos de sionistas. Então, já em 1931, surge o


primeiro grupo militante conhecido como tal, o Irgun. Essa força para-militar sionista
consistia em apressar a criação do estado de Israel pela imposição da força, resistindo aos
ataques árabes e ao mesmo tempo forçando a expulsão dos britânicos que os haviam
"traído".

A ascensão do Nazismo e as perseguições aos judeus aumentam a pressão migratória


sobre a administração inglesa, que, face a uma crescente oposição árabe, à qual não é
estranha a ajuda nazi ao Grão-Mufti de Jerusalém, Mohammad Amin al-Husayni, na
propaganda antijudaica, fecha cada vez mais os portos, chegando mesmo a repatriar
emigrantes judeus para a Alemanha nazi.

Plano da ONU para a partição da Palestina de 1947.

No final da Segunda Guerra Mundial, os sobreviventes do Holocausto são impedidos de


voltar para a região palestina pela administração britânica. Os ânimos de ambos os lados
exaltam-se e são acompanhados por uma escalada de violência que a Inglaterra já não
consegue conter.

O Reino Unido, enfraquecida pela guerra e debilitada pela ação dos grupos militantes
judaicos - que, após uma trégua durante a guerra, regressam mais ativos e combativos no
apoio à emigração clandestina e na luta armada - e de grupos militantes árabes
igualmente ativos na campanha de povoar / colonizar o território com o maior número de
árabes possível, entrega a administração da região palestina à recém-criada Organização
das Nações Unidas(ONU).

O aumento dos conflitos entre judeus, ingleses e árabes forçou a reunião da Assembleia
Geral da ONU, realizada em 29 de Novembro de 1947, quedeliberou a partição da região
palestina em dois estados, um judeu e outro árabe, que deveriam formar uma união
econômica e aduaneira.

A 14 de Maio de 1948 David Ben-Gurion declara o nascimento do Estado de Israel, ao


assinar a Declaração de Independência. A Liga Árabe recusa esta partilha, resolve não
formar seu estado e ainda não reconhece o estado de Israel.
Da Fundação de Israel à actualidade[editar | editar código-fonte]

Mapa do Estado de Israel.


Ver artigo principal: Declaração de Independência do Estado de Israel, Conflito
árabe-israelita, Conflito israelo-palestiniano e Autoridade Nacional Palestina

Em 15 de Maio de 1948, um dia depois da fundação do Estado de Israel, sete exércitos de


países da Liga Árabe atacaram Israel.

Durante a Guerra árabe-israelita, estimulada pelos países árabes, a maioria da população


árabe da região da palestina se vê na esperança de que destruíssem o estado judeu e
fogem para os países vizinhos (Líbano, Jordânia, Síria e Egito) em busca de segurança,
para retornarem quando o território fosse "limpo" pelos países árabes. Com a inesperada e
surpreendente vitória de Israel, a maioria desses refugiados, cerca de 750 mil, continua a
não aceitar o estado de Israel e agora fica impedida de regressar às suas casas, pois a
esperança de que pudessem tomar toda a terra para si, se transformara no oposto.

É na sequência do trabalho efetuado no apoio a estes refugiados que nasce o Alto


Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Após um período inicial de estadia nos países árabes vizinhos, muitos destes refugiados
traídos por seus próprios aliados, são expulsos desses países de acolhimento, dirigindo-se
para o sul do Líbano, onde permanecem em campos de refugiados até hoje, não sendo
integrados pelos países onde estão e passando o estatuto de refugiado de pais para filhos.

Em 1964, o Alto Comissariado da Palestina solicitou à Liga Árabe a fundação de


uma Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cujo missão estatutária é a
destruição do Estado de Israel. Em 1988, a OLP proclamou o estabelecimento de um
estado palestino. O principal líder da organização foi o egípcio Yasser Arafat, falecido
em 2004. Arafat, após anos de luta contra Israel, resolveu abandonar a luta armada, a
violência e o terrorismo e iniciou as negociações que levaram aos Acordos de Paz de
Oslo.

Desde 1994 parte da Palestina está sob a administração da Autoridade Nacional Palestina,


como resultado dos Acordos.

Atualmente a Faixa de Gaza é governada pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh,


do Hamas, e a Cisjordânia(Judeia e Samaria) pelo presidente Mahmoud Abbas, do Fatah,
tendo havido confrontos armados entre os dois grupos em Gaza em 2007.

Em 29 de novembro de 2012, 65 anos depois da Resolução 181 que fez a partilha oficial
da Palestina, a Assembleia Geral das Nações Unidas, numa votação histórica, reconheceu
os territórios ocupados pelos palestinos como Estado-não membro da
ONU,2 status político igual ao do Vaticano.3 Na votação em que eram necessários apenas
97 votos a favor, com o apoio de 139 países, capitaneados na Europa pela França e tendo
entre eles o Brasil, Angola e Portugal, o Estado Palestino teve seu reconhecimento feito
para participar das reuniões da Organização como membro sem direito a voto. Além
de Israel, os Estados Unidos, Canadá e a República Tcheca ficaram entre os nove votos
contrários (e 41 abstenções) à resolução.2 A decisão contraria as regras da própria ONU,
pois a Guerra dos Seis Dias foi defensiva e quando um território é conquistado em guerra
defensiva, este passa a pertencer ao país que o conquistou.

Evolução do Mandato da Palestina e dos Territórios Palestinos modernos


v • e

Propostas de 1916-22: As três propostas para a administração da Palestina após a Segunda Guerra
Mundial. A linha vermelha é a "Administração Internacional" proposta em 1916 no Acordo Sykes-Picot, a linha
azul pontilhada foi proposta pelaOrganização Sionista Mundialdurante a Conferência de Paz de Paris em 1919 e
a linha azul se refere às fronteiras finais do Mandato Britânico da Palestina entre 1923-48.
Situação em 1947:Mandato da Palestina, mostrando em azul as áreas controladas por judeus na
Palestina em 1947, que constituíam 6% da área territorial do mandato, das quais mais da metade eram
controladas pelo Fundo Nacional Judaico (FNJ) e pela Associação da Colonização Judaica da Palestina. A
população de judeus cresceu de 83 790 pessoas em 1922 para 608 000 em 1946.

Proposta de 1947:Proposta do plano da ONU para a partilha da Palestina de 1947 (Assembleia


Geral das Nações Unidas - Resolução 181 (II), 1947), antes daGuerra árabe-israelense de 1948. A proposta
incluía ocorpus separatum deJerusalém, estradas extraterritoriais entre as áreas não contíguas e a consolidação
de Jaffa como uma exclave árabe.
Situação entre 1948-67:Ocupação da Cisjordânia pelaJordânia e ocupação da Faixa de
Gaza pelo Egito (observe a linha pontilhada entre os territórios palestinos e Jordânia/Egito) após a Guerra
árabe-israelense de 1948, mostrando a linhas de armistício criadas em 1949.

Situação atual: Em verde, a região restante que ainda é administrada pela Autoridade Nacional
Palestina (sob Oslo 2).

Veja também

A Questão Palestina

Palestina (do original Filistina – “Terra dos Filisteus”) é o nome dado desde a Antiguidade à
região do Oriente Próximo (impropriamente chamado de “Oriente Médio”), localizada ao sul
do Líbano e a nordeste da Península do Sinai, entre o Mar Mediterrâneo e o vale do Rio
Jordão. Trata-se da Canaã bíblica, que os judeus tradicionalistas preferem chamar de Sion.

A Palestina foi conquistada pelos hebreus ou israelitas (mais tarde também conhecidos como
judeus) por volta de 1200 a.C., depois que aquele povo se retirou do Egito, onde vivera por
alguns séculos.
Mas as sucessivas dominações estrangeiras, começadas com a tomada de Jerusalém (587
a.C.) por Nabucodonosor, rei da Babilônia, deram início a um progressivo processo de
diáspora (dispersão) da população judaica, embora sua grande maioria ainda permanecesse
na Palestina.

As duas rebeliões dos judeus contra o domínio romano (em 66-70 e 133-135 d.C.) tiveram
resultados desastrosos. Ao debelar a primeira revolta, o general (mais tarde imperador) Tito
arrasou o Templo de Jerusalém, do qual restou apenas o Muro das Lamentações. E o
imperador Adriano, ao sufocar a segunda, intensificou a diáspora e proibiu os judeus de viver
em Jerusalém. A partir de então, os israelitas espalharam-se pelo Império Romano; alguns
grupos emigraram para a Mesopotâmia e outros pontos do Oriente Médio, fora do poder de
Roma.

A partir de então, a Palestina passou a ser habitada por populações helenísticas


romanizadas; e, em 395, quando da divisão do Império Romano, tornou-se uma província do
Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino).

Em 638, a região foi conquistada pelos árabes, no contexto da expansão do islamismo, e


passou a fazer parte do mundo árabe, embora sua situação política oscilasse ao sabor das
constantes lutas entre governos muçulmanos rivais. Chegou até mesmo a constituir um
Estado cristão fundado pelos cruzados (1099-1187). Finalmente, de 1517 a 1918, a Palestina
foi incorporada ao imenso Império Otomano (ou Império Turco). Deve-se, a propósito,
lembrar que os turcos, e embora muçulmanos, não pertencem à etnia árabe.

Em 1896, o escritor austríaco de origem judaica Theodor Herzl fundou o Movimento Sionista,
que pregava a criação de um Estado judeu na antiga pátria dos hebreus.

Esse projeto, aprovado em um congresso israelita reunido em Genebra, teve ampla


ressonância junto à comunidade judaica internacional e foi apoiado sobretudo pelo governo
britânico (apoio oficializado em 1917, em plena Primeira Guerra Mundial, pela Declaração
Balfour).

No início do século XX, já existiam na região pequenas comunidades israelitas, vivendo em


meio à população predominantemente árabe. A partir de então, novos núcleos começaram a
ser instalados, geralmente mediante compra de terras aos árabes palestinos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Turquia lutou ao lado da Alemanha e, derrotada, viu-se
privada de todas as suas possessões no mundo árabe. A Palestina passou então a ser
administrada pela Grã-Bretanha, mediante mandato concedido pela Liga das Nações.

Depois de 1918, a imigração de judeus para a Palestina ganhou impulso, o que começou a
gerar inquietação no seio da população árabe. A crescente hostilidade desta última levou os
colonos judeus a criar uma organização paramilitar – a Haganah – a princípio voltada para a
autodefesa e mais tarde também para operações de ataque contra os árabes.

Apesar do conteúdo da Declaração Balfour, favorável à criação de um Estado judeu, a Grã-


Bretanha tentou frear o movimento imigratório para não descontentar os Estados
muçulmanos do Oriente Médio, com quem mantinha proveitosas relações econômicas; mas
viu-se confrontada pela pressão mundial da coletividade israelita e, dentro da própria
Palestina, pela ação de organizações terroristas.

Após a Segunda Guerra Mundial, o fluxo de imigrantes judeus tornou-se irresistível. Em


1947, a Assembléia Geral da ONU decidiu dividir a Palestina em dois Estados independentes:
um judeu e outro palestino. Mas tanto os palestinos como os Estados árabes vizinhos
recusaram-se a acatar a partilha proposta pela ONU.

Em 14 de maio de 1948, foi proclamado o Estado de Israel, que se viu imediatamente


atacado pelo Egito, Arábia Saudita, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano (1ª Guerra Árabe-
Israelense). Os árabes foram derrotados e Israel passou a controlar 75% do território
palestino. A partir daí, iniciou-se o êxodo dos palestinos para os países vizinhos. Atualmente,
esses refugiados somam cerca de 3 milhões.

Os 25% restantes da Palestina, correspondentes à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, ficaram


sob ocupação respectivamente do Egito e da Jordânia. Note-se que a Cisjordânia incluía a
parte oriental de Jerusalém, onde fica a Cidade Velha, de grande importância histórica e
religiosa.

Damos a seguir a cronologia dos principais acontecimentos subsequentes

1947 – A ONU aprova a partilha da Palestina em dois Estados – um judeu e outro árabe.
Essa resolução é rejeitada pela Liga dos Estados Árabes.

1948 – Os Judeus proclamam o Estado de Israel, provocando a reação dos países árabes.
Primeira Guerra Árabe-Israelense. Vitória de Israel sobre o Egito, Jordânia, Iraque, Síria e
Líbano e ampliação do território israelense em relação ao que fora estipulado pela ONU.
Centenas de milhares de palestinos são expulsos para os países vizinhos. Como territórios
palestinos restaram a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, ocupadas respectivamente por tropas
egípcias e jordanianas.

1956 – Guerra entre Israel e o Egito. Embora vitoriosos militarmente, os israelenses


retiraram-se da Faixa de Gaza e da parte da Península do Sinai que haviam ocupado.

1964 – Criação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cuja pretensão inicial
era destruir Israel e criar um Estado Árabe Palestino. Utilizando táticas terroristas e sofrendo
pesadas retaliações israelenses, a OLP não alcançou seu objetivo e, com o decorrer do
tempo, passou a admitir implicitamente a existência de Israel.

1967 – Guerra dos Seis Dias. Atacando fulminantemente em três frentes, os israelenses
ocupam a Faixa de Gaza e a Cisjordânia (territórios habitados pelos palestinos) e tomam a
Península do Sinai ao Egito, bem como as Colinas de Golan à Síria.

1970 – “Setembro Negro”. Desejando pôr fim às retaliações israelenses contra a Jordânia,
de onde provinha a quase totalidade das incursões palestinas contra Israel, o rei Hussein
ordena que suas tropas ataquem os refugiados palestinos. Centenas deles são massacrados
e a maioria dos sobreviventes se transfere para o Líbano.

1973 – Guerra do Yom Kippur (“Dia do Perdão”). Aproveitando o feriado religioso judaico,
Egito e Síria atacam Israel; são porém derrotados e os israelenses conservam em seu poder
os territórios ocupados em 1967. Para pressionar os países ocidentais, no sentido de diminuir
seu apoio a Israel, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) provoca uma
forte elevação nos preços do petróleo.
1977 – Pela primeira vez, desde a fundação de Israel, uma coalizão conservadora (o Bloco
Likud) obtém maioria parla mentar. O novo primeiro-ministro, Menachem Begin, inicia o
assentamento de colonos judeus nos territórios ocupados em 1967.

1979 – Acordo de Camp David. O Egito é o primeiro país árabe a reconhecer o Estado de
Israel. Este, em contrapartida, devolve a Península do Sinai ao Egito (cláusula cumprida
somente em 1982). Em 1981, militares egípcios contrários à paz com Israel assassinam o
presidente Anwar Sadat.

1982 – Israel invade o Líbano (então em plena guerra civil entre cristãos e muçulmanos) e
consegue expulsar a OLP do território libanês. Os israelenses chegam a ocupar Beirute, 
capital do Líbano. Ocorrem massacres de refugiados palestinos pelas milícias cristãs
libanesas, com a conivência dos israelenses.

1985 – As tropas israelenses recuam para o sul do Líbano, onde mantêm uma “zona de
segurança” com pouco mais de 10 km de largura. Para combater a ocupação israelense,
forma-se o Hezbollah (“Partido de Deus”), organização xiita libanesa apoiada pelo governo
islâmico fundamentalista do Irã.

1987 – Começa em Gaza (e se estende à Cisjordânia) a Intifada (“Revolta Popular”) dos


palestinos contra a ocupação israelense. Basicamente, a Intifada consiste em manisfestações
diárias da população civil, que arremessa pedras contra os soldados israelenses. Estes
frequentemente revidam a bala, provocando mortes e prejudicando a imagem de Israel junto
à opinião internacional. Resoluções da ONU a favor dos palestinos são sistematicamente
ignoradas pelo governo israelense ou vetadas pelos Estados Unidos. A Intifada termina em
1992.
1993 – Com a mediação do presidente norte-americano Bill Clinton, Yasser Arafat, líder da
OLP, e Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel, firmam em Washington um acordo
prevendo a criação de uma Autoridade Nacional Palestina, com autonomia administrativa e
policial em alguns pontos do território palestino. Prevê-se também a progressiva retirada das
forças israelenses de Gaza e da Cisjordânia. Em troca, a OLP reconhece o direito de Israel à
existência e renuncia formalmente ao terrorismo. Mas duas organizações extremistas
palestinas (Hamas e Jihad Islâmica) opõem-se aos termos do acordo, assim como os judeus
ultranacionalistas.

1994 – Arafat retorna à Palestina, depois de 27 anos de exílio, como chefe da Autoridade
Nacional Palestina (eleições realizadas em 1996 o confirmam como presidente) e se instala
em Jericó. Sua jurisdição abrange algumas localidades da Cisjordânia e a Faixa de Gaza –
embora nesta última 4 000 colonos judeus permaneçam sob administração e proteção militar
israelenses. O mesmo ocorre com os assentamentos na Cisjordânia. Na cidade de Hebron
(120 000 habitantes palestinos), por exemplo, 600 colonos vivem com o apoio de tropas de
Israel. Nesse mesmo ano, a Jordânia é o segundo país árabe a assinar um tratado de paz
com os israelenses.

1995 – Acordo entre Israel e a OLP para conceder autonomia (mas não soberania) a toda a
Palestina, em prazo ainda indeterminado. Em 4 de novembro, Rabin é assassinado por um
extremista judeu.

1996 – É eleito primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, do Partido Likud (antes denominado


Bloco Liked), que paralisa a retirada das tropas de ocupação dos territórios palestinos e
intensifica os assentamentos de colonos judeus em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém
Oriental, em meio à população predominantemente árabe. O processo de pacificação da
região entra em compasso de espera, ao mesmo tempo em que recrudescem os atentados
terroristas palestinos. Em Israel, o primeiro-ministro (chefe do governo) é eleito pelo voto
direto dos cidadãos.

1999 – Ehud Barak, do Partido Trabalhista (ao qual também pertencia Yitzhak Rabin), é
eleito primeiro-ministro e retoma as negociações com Arafat, mas sem que se produzam
resultados práticos.

2000 – Israel retira-se da “zona de segurança” no sul do Líbano. Enfraquecido


politicamente, devido à falta de progresso no camiho da paz, e também devido às ações
terroristas palestinas (não obstante as represálias israelenses), Barak renuncia ao cargo de
primeiro-ministro. São convocadas novas eleições, nas quais ele se reapresenta como
candidato. Mas o vencedor é o general da reserva Ariel Sharon, do Partido Likud, implacável
inimigo dos palestinos. Pouco antes das eleições, começa nos territórios ocupados uma nova
Intifada.

2001 – Agrava-se o ciclo de violência: manifestações contra a ocupação israelense,


atentados suicidas palestinos e graves retaliações israelenses. Nesse contexto, Yasser Arafat,
já septuagenário, parece incapaz de manter a autoridade sobre seus compatriotas ou de
restabelecer algum tipo de diálogo com Israel, cujo governo por sua vez mantém uma
inflexível posição de força.

Balanço Atual

Até agora, Israel desocupou apenas sete cidades da Cisjordânia (uma oitava foi desocupada
parcialmente), 
correspondentes a 3% do território cisjordaniano; deste, 24% encontram-se sob controle
misto israelense-palestino e 74% permanecem inteiramente ocupados. Em termos
demográficos, 29% dos palestinos estão sob a jurisdição exclusiva da Autoridade Palestina.
Quanto à Faixa de Gaza, cuja importância é consideravelmente menor, nela permanecem
apenas as tropas israelenses que protegem os colonos judeus ali estabelecidos.

Os grandes obstáculos para a implementação do acordo firmado entre Yitzhak Rabin e Yasser
Arafat são:
a) A oposição das facções extremistas, tanto palestinas como isralelenses.
b) A posição militarista e intransigente do governo Sharon.
c) O estatuto de Jerusalém Oriental, que os palestinos almejam transformar em sua capital
mas que já foi incorporada oficialmente ao território israelense, dentro do conceito de que a
cidade de Jerusalém “é a capital de Israel, una e indivisível”.
d) O problema dos 150 000 colonos existentes em Gaza e na Cisjordânia e que se recusam a
deixar seus assentamentos.
e) A disputa pelos recursos hídricos do Rio Jordão, pois parte de seu curso (na fronteira
entre a Jordânia e a Cisjordânia) ficaria fora do controle de Israel.
f) O território palestino simplesmente não tem como absorver os quase 3 milhões de
refugiados que habitavam terras do atual Estado de Israel e que continuam a viver, na maior
parte, em precários campos de refugiados espalhados pelo mundo árabe – notadamente no
Líbano.
A “Cidade Velha”

A disputada “Cidade Velha”, dentro de Jerusalém Oriental, conta com locais sagrados de três
religiões. Os principais são: o Muro das Lamentações, reverenciado pelos judeus como o
único remanescente do grandioso Templo de Jerusalém; a Mesquita da Rocha (foto acima),
erigida sobre um rochedo de onde, segundo a tradição islâmica, a alma de Maomé ascendeu
ao Paraíso; por último, a Igreja do Santo Sepulcro, construída sobre o lugar onde Cristo teria
sido sepultado e, de acordo com a crença cristã, ressuscitou no terceiro dia.

Conflito na Chechênia  

 
Terrorismo: uma das mais recentes facetas do longo conflito entre russos e chechenos

A disputa entre russos e chechenos, vez ou outra ganha destaque


nos noticiários internacionais com o registro de conflitos de menor e
maior impacto. De fato, esta intranqüila região das montanhas do
Cáucaso tem sua história marcada por interesses de dimensões
política, econômica e geográfica. Incrustado entre o mar Negro e
Cáspio, essa localidade compõe a fronteira que divide os vários
governos islâmicos do Oriente Médio e as zonas de influência russa
no Leste Europeu.

Sob o ponto de vista histórico, a região ocupada pela Chechênia


marcou uma antiga esfera de conflito entre os espaços dominados
por cristãos e muçulmanos sob o ponto de vista político e religioso.
Apesar de viverem em uma região dominada pelos russos, de
orientação cristã, os chechenos se converteram ao islamismo por
volta do século XVIII. Em resposta a tal situação, a monarquia
czarista russa decidiu anexar a Chechênia aos seus vastos
domínios imperiais.

A partir desse advento, o Império Russo teve enormes dificuldades


para estabelecer seu domínio sob uma população com aspectos
identitários e tradições bastante homogêneas. Nas primeiras
décadas do século XX, passado meio século da dominação russa,
os chechenos aproveitaram das convulsões que colocavam a
revolução bolchevique a caminho na Rússia. Dessa forma,
decidiram formar um governo independente com criação da
República Montanhesa do Cáucaso Norte.

Apesar da profunda mudança política ocorrida na Rússia, os


exércitos revolucionários trataram de dar fim ao intento separatista
entre os anos de 1919 e 1921. Com a represália russa, os
chechenos mais uma vez retrocederam seus desejos autonomistas
tendo somente outra oportunidade com a Segunda Guerra Mundial
(1939 - 1945). Nesse momento, inspirados pela ação dos
finlandeses, formaram um exército de resistência e declararam sua
independência.

Temendo que os russos mais uma vez conseguissem derrotá-los,


os chechenos decidiram buscar apoio militar da Alemanha Nazista.
A aliança oferecia grandes vantagens à Hitler, que poderia daquela
região promover o controle sobre os ricos campos de petróleo
encontrado na região de Baku. Inconformado com essa aliança, o
ditador Josef Stálin decidiu deportar mais de 400 mil chechenos
para as áridas regiões da Ásia Central.

Este episódio marcou uma das últimas situações de conflito entre


russos e chechenos na região. Contudo, nos fins da década de XX,
o processo de desintegração do bloco socialista reavivou o desejo
de soberania entre os povos do Cáucaso. Dessa forma, a
Chechênia declarou uma nova independência, em novembro de
1991. Somente três anos depois, com a Rússia sob o comandado
do presidente Boris Ieltsin, novas tropas foram enviadas contra os
separatistas.
Em 1996, passados dois anos de conflito entre russos e chechenos,
a Rússia sofreu uma humilhante derrota que poderia dar fim ao
histórico impasse entre esses dois povos. Contudo, no ano de 1999,
o exército russo invadiu a Chechênia depois de alguns militantes
islâmicos radicais terem participado da tentativa de implantação de
um governo islâmico na província do Daguestão. Nesse meio
tempo, organizações de natureza terrorista se estabeleceram como
uma nova força de oposição contra a dominação russa.

Recentemente, alguns indícios apontam a possibilidade de


terroristas chechenos receberem apoio da rede terrorista islâmica
Al-Qaeda. Em 2004, o seqüestro e assassinato de crianças em uma
escola do interior da Rússia, promovido por terroristas chechenos e
árabes, reativaram com grande força o clima de tensão. De lá para
cá, a possibilidade de fim para esse conflito se torna uma incógnita
que, cada vez mais, acumula lamentáveis sinais de ódio, sangue e
terror.

A Questão dos Bascos


Por Caroline Faria
 
 
A questão basca, ou questão dos bascos, é um conflito territorial e étnico surgido no final
do século XV e início do XVI com a unificação da Espanha em um só reino e a anexação da
porção sul da região à Espanha e da porção norte da região à França.
O País Basco, como pode ser chamado, é composto por sete regiões tradicionais: Álava,
Biscaia, Guipúscoa e Navarra que compõem o território de Hegoalde na Espanha, e Baixa
Navarra, Lapurdi e Sola que compõem o território de Iparralde na região francesa.
Oficialmente, o território de Iparralde é considerado uma parte do Departamento Francês dos
Pirineus Atlânticos. E, Hegoalde, é considerada uma comunidade autônoma denominada
Euzkadi separada da Comunidade Foral de Navarra, ambas constituintes da Monarquia
Constitucional Espanhola.

O povo basco teria ocupado a região da Península Ibérica por volta de 2000 a.C. tendo
resistido durante séculos a invasões e à dominação por outros reinos, inclusive os romanos.
Sua cultura resistiu ao tempo e às conquistas, se tornando, a língua basca, a língua mais
antiga falada atualmente na Europa, mesmo tendo surgido como língua escrita apenas no
século XVI o que, apenas contribuiu para fortalecer o espírito nacionalista do povo basco.

A principal característica da questão basca é que os bascos lutam para manter sua
identidade como povo, sua língua, cultura e modo de vida. Ao invés de serem incorporados e
suplantados por outra cultura, como a maioria dos povos que habitaram a Península Ibérica
e a Europa. Outro ponto interessante é o apoio que a luta armada do grupo
guerrilheiroETA (Euzkadi Ta Askatana, que em vasconço significa “Pátria Basca e Liberdade”)
tem da população basca. Ou, pelo menos tinha.

O ETA surgiu em 1959 como um movimento socialista fundado através da união de diversos
grupos políticos que atuavam na região. Desde a Guerra Civil Espanhola (1936-39) e do
bombardeio à cidade de Guernica pelos nazistas alemães como represália ao apoio do povo
basco aos republicanos, então aliados dos anarquistas e socialistas e, a proibição do
vasconço em todo o território basco pelo general Franco, o sentimento nacionalista basco foi
se tornando cada vez mais forte. Estes fatos, também contribuíram para que o ETA decidisse
pela luta armada e tivessem o apoio da população.

Mas, com o final da ditadura de Franco em 1975 e os direitos cedidos pela Constituição de
1978 que defende o respeito pela diversidade cultural e lingüística, e de um estatuto especial
assegurando à Catalunha, à Galiza e ao País Basco o direito de utilizar suas próprias línguas
e ainda outros direitos que lhes confere certa autonomia, a guerrilha do grupo ETA começa a
perder força ante a população basca.

Desta forma, em março de 2006 o ETA declara uma trégua que durou apenas 14 meses. O
ETA já decretou várias tréguas desde 1981, mas, apenas oito delas foram de fato efetivadas.

Atualmente o Partido Nacionalista Basco (PNV) tenta um acordo com o governo espanhol
para a realização até o final de 2008, em caráter consultivo e, até 2010 de forma definitiva,
de dois plebiscitos onde o povo basco decidirá sobre o tipo de governo a ser adotado e sobre
a relação política entre o País Basco e a Espanha. No entanto, o primeiro – ministro
espanhol, José Luis Zapatero, rejeita o plano Ibarretxe, como é chamado o plano lançado
pelo PNV. Até lá as expectativas apontam que o ETA deverá decretar mais um cessar
fogo como próximo ao plebiscito como manifestação de apoio ao PNV.

ETA, o País Basco e a


autodeterminação
Introdução

Nas últimas três décadas a imprensa internacional têm dado grande destaque às atividades do grupo
basco ETA (Euzkadi Ta Askatasuna), que através de vários atentados choca-se com a política do Estado
espanhol, exigindo a independência de todo o País Basco.

Origem

Mapa da Revista IstoÉ


A região ocupada pelos bascos situa-se no norte da Espanha e noroeste da França. Presume-se que o
povo basco tenha ocupado a Península Ibérica por volta do ano 2000 a.C. e tenha resistido as constantes
invasões sofridas pela região ao longo dos séculos. Apesar da dominação romana, os bascos mantiveram
sua língua, costumes e tradições, num processo de constante resistência. A língua basca não tem
parentesco com nenhuma outra no mundo e embora seja a língua mais antiga falada hoje na Europa, o
vasconço somente constitui-se como língua escrita no século XVI e reforçou o sentimento de união do
povo.
Entre os séculos XV e XVI a região foi submetida à Espanha, finalizando o processo de formação do
Estado Monárquico, que havia sido iniciado com o casamento dos reis católicos Fernando e Izabel.

A Formação da ETA

Igreja de São Nicolas em Bilbao

Euzkadi Ta Askatana (ETA) significa na língua basca Pátria Basca e Liberdade. Essa organização nasceu
como um movimento socialista fundado em 1959 a partir da atividade de vários grupos culturais e
políticos que atuavam na sociedade.
O desenvolvimento de uma política socialista e ao mesmo tempo nacionalista esteve vinculada a história
mais recente do povo basco: durante a Guerra Civil Espanhola (1936-39) a maioria da população basca
apoiou os republicanos, aliados naquele momento aos socialistas e anarquistas, provocando violentas
represálias por parte dos fascistas, sendo que o episódio mais conhecido foi o bombardeio da cidade
basca de Guernica no dia 26 de abril de 1937, quando a aviação da Alemanha nazista lançou bombas
incendiárias, matando mais de 1000 pessoas. A ditadura fascista do general Franco reprimiu com grande
violência todos os movimentos nacionalistas. No País Basco, o vasconço foi proibido assim como
qualquer manifestação política ou cultural dos bascos. O Estatuto de Autonomia que havia sido aprovado
pelas Cortes em 1936 foi suprimido. A repressão sobre os bascos contribuiu de decisivamente para o
radicalismo no interior da ETA e na segunda metade dos anos 60 a organização passou a luta armada,
tendo como alvo os membros do aparato de repressão. Sua ação mais espetacular foi o atentado que
matou o Primeiro Ministro, Almirante Luiz Carrero Blanco, provável sucessor de Franco, em 1973.
Durante a ditadura certos assassinatos políticos tiveram grande apoio popular.

A Redemocratização

Em 1975 terminou a ditadura franquista e iniciou-se o processo de redemocratização. No País Basco


surgiram alguns partidos "nacionalistas", com projetos diferenciados, dividindo os bascos quanto a luta
pela autonomia. Com a elaboração de nova constituição, o Estado Espanhol propôs um Estatuto de
Autonomia, aprovado em 1978, incluído na nova constituição no ano seguinte, com o apoio de parte da
população e de alguns partidos. A ETA rejeitou o Estatuto, manteve a atividade militar e ao mesmo tempo
passou a atuar politicamente com a fundação do Herri Batasuna ( Unidade Popular), agupamento político
legalizado, cujos membros defendem as propostas da ETA.
Bandeira do País Basco

Com o retorno à democracia a ETA tendeu a perder apoio popular, pois governantes, elite e imprensa
passaram a considerar o "debate político" como única forma de atuação, condenando com maior
veemência as ações do grupo armado, que até então eram vistas com simpatia por grande parte da
sociedade, pois chocaram-se com as autoridades da ditadura. No entanto a grande campanha sobre a
opinião pública do país e principalmente internacional, omite elementos importantes do conflito no período
democrático:

1) Durante o governo de Felipe Gonzales ( Partido Socialista Operário Espanhol) formaram-se as GAL --
Grupos Antiterroristas de Libertação -- organização ilegal, responsável pela violenta repressão aos
nacionalistas bascos, promovendo prisões arbitrárias, torturas e assassinatos. Apesar da condenação
destas atividades por parte do governo, as GAL receberam apoio e financiamento de diversos setores da
sociedade e mantiveram-se constantemente em ação.
2) A ETA e o Herri Batusuna formularam propostas políticas para acabar com os atentados e com a
"Guerra suja" promovida pelos GAL. A Alternativa KAS era formada por cinco pontos principais: a
formação de um Estado Basco, o reconhecimento internacional desse Estado, retirada das forças policiais
espanholas, anistia aos presos políticos e à inclusão de Navarra ao País Basco
3) A partir de 1995, o governo espanhol comandado por Felipe Gonzales, e a Esquerda Unida (IU)
comandada pelo Partido Comunista recusaram-se a discutir nova proposta de paz da ETA, que tinha o
objetivo de acabar com o conflito no País Basco. Podemos considerar a Alternativa Democrática, como
uma adaptação da proposta anterior, tendo agora um conteúdo mais democrático, que enfatizava o papel
da sociedade basca na organização de um País Basco independente. Desta forma a ETA e o Herri
Batasuna "abandonam temporariamente" a defesa de seu "projeto socialista" e passam a defender que
todos os bascos sejam os responsáveis pelos destinos do país. A Alternativa Democrática propunha: 1.
Reconhecimento do direito á autodeterminação e à unidade territorial da País Basco e, em consequência,
o compromisso de se respeitar a decisão do povo basco sobre o futuro do pais; 2. Mediante ampla
discussão e participação, a sociedade basca decidirá qual o modelo de Estada que será criado. Este
debate e esta decisão diz respeito única e exclusivamente ao povo basco; 3.Para que este processo
resulte realmente democrático, se concederá uma anistia que permita a participação de todos prisioneiro
políticos, refugiados e deportados; 4. ETA se compromete a suspender sua atividade armada assim que
se consiga um acordo político sobre o conteúdo da proposta.

A Autodeterminação dos Povos

Em 1998 a ETA suspendeu a realização de atentados em busca de uma solução negociada. Porém o
atual governo da Espanha, considerado como de centro direita, utiliza-se de argumento semelhante aos
governos anteriores para aceitar as negociações: a desmobilização da ETA. A exigência de
desarmamento da ETA serve, na verdade, como pretexto para a recusa em promover a discussão,
pretendendo manter a idéia junto a opinião pública, de que as negociações não ocorrem por culpa da
organização guerrilheira. Dessa maneira a discussão sobre o "direito de autodeterminação dos povos" é
escamoteada. Esse direito consta do discurso de liberais e de vários grupos que se dizem de esquerda,
porém, quando uma possibilidade real de coloca-lo em prática surge -- A Alternativa Democrática e o fim
dos atentados -- os governantes aumentam suas exigências, como forma de não levar a discussão
adiante ou ainda de promover a desorganização dos nacionalistas, impedindo-os de desenvolver seu
projeto de independência.
Os nacionalistas revolucionários consideram que a independência do País Basco não é apenas uma
reivindicação histórica, mas uma via necessária para garantir o desenvolvimento econômico, cultural e
social do povo basco.

Curdos, um conflito que não tem fim


Batalhas, genocídios, grupos terroristas e uma luta constante pela independência
são parte da história desta etnia, que tem 27 milhões de despatriados
Natalia Yudenitsch | 01/01/2006 00h00
Em 1919, pouco antes do nascimento oficial do Estado Iraquiano (ainda sob o controle
britânico), os curdos estavam a um passo de ter sua nação independente. O xeque Mahmoud
Barzanji, o então líder curdo, se autoproclamou rei do Estado Independente Curdo,
reclamando a Suleimânia (uma cidade do Curdistão, no Iraque) e áreas adjacentes. Menos de
um ano depois, o excército britânico depôs Barzanji. Em 1920, foi assinado na França o
Tratado de Sèvres. O texto delimitava as fronteiras do Curdistão e prometia a tão esperada
autonomia. Mas isso não foi colocado em prática. Para complicar, em 1923 um novo acordo
foi assinado na Suíça entre países participantes da I Guerra Mundial (1914-1919) e da Guerra
da Independência da Turquia (1919-1922). O documento não só dividia o Curdistão entre
Turquia, Iraque e Síria como também desobrigava o governo turco a garantir a autonomia
curda. Em 1925, após a repressão a uma revolta curda, a Liga das Nações decidiu que o
mandato britânico na região se estendesse por mais 25 anos. Como em toda a história curda,
as coisas não aconteceram como o esperado. “Os ingleses ficaram menos de cinco anos.
Quando, em 1930, o Iraque conseguiu sua independência dos britânicos, os curdos se
rebelaram novamente”, diz Juan Cole, professor da Universidade de Michigan, nos Estados
Unidos.
As rebeliões aconteceram em várias partes do Curdistão. A ocorrida na Turquia, na região do
monte Ararat, foi apoiada pelas forças britânicas no Iraque – onde, em paralelo, vários focos
rebeldes explodiram. Muitas das revoltas foram encabeçadas pelo líder nacionalista curdo
Mustafá Barzani. Nenhuma lhes deu um país independente, e eles continuam lutando até hoje
por isso.
Extermínio em massa
Para entender a obstinação desse povo – a maior etnia sem pátria da atualidade – em ter o
Curdistão reconhecido, é preciso voltar a suas raízes. Os curdos sempre habitaram a região
que ocupam hoje. Eles são uma etnia nativa das áreas montanhosas ao norte do Iraque e ao
sul da Turquia. “As terras que querem ver reconhecidas como suas sempre estiveram em suas
mãos”, fala Anna Olson, professora americana da Universidade de Washington. “Essa região,
com cerca de 500 mil km2, que atualmente configura o Curdistão, fica em sua maior parte na
Turquia, ocupando ainda partes de Iraque, Irã, Síria, Armênia e Azerbaijão. Como a área não
é reconhecida como independente, os cerca de 25 a 27 milhões de curdos vivem hoje
espalhados por essas seis nações, sem um núcleo oficial.” Em sua maioria, são muçulmanos
sunitas, e a língua oficial é o curdo.
A história desse povo começa há cerca de 8 mil anos, na região da antiga Mesopotâmia, onde
fica hoje parte de Iraque, Turquia e Síria. Sempre habitando as regiões montanhosas e
acostumados ao frio intenso que acompanha a altitude, os curdos da Antigüidade se dividiam
em clãs com nomes como gutis, kurti e mushku e viviam em cidades-estado. Com o passar dos
séculos, outros povos indo-europeus – como os medas (cujo império, há 2,6 mil anos,
englobava boa parte do que hoje é o Curdistão), cíntios, partos, mitanis, cassitas, hititas e
guttis, entre outros – se fixaram na região. “Os curdos são, portanto, o produto da
miscigenação de todos os povos invasores ou migrantes para a região, incluindo assírios,
acádios, armênios, persas, gregos, romanos, bizantinos, árabes, mongóis e turcos”, diz Olso.
Da Antigüidade ao século 20, a mistura de cultura e a falta de unidade e de um país levaram
os curdos a intermináveis batalhas, guerras civis e levantes (leia quadro Luta Milenar). Após
as revoltas na época da independência do Iraque, na década de 1930, eles tentariam criar seu
estado próprio ao fim da II Guerra Mundial. Quando terminou o conflito, as terras curdas no
Azerbaijão foram ocupadas por forças soviéticas. Em 1946, os curdos criaram um estado
independente na cidade de Mahabad, conhecido como República de Mahabad. Menos de um
ano depois, porém, quando os soviéticos partiram, a república viu seu fim com a reanexação
da região pelo Irã.
Durante os primeiros anos do regime imposto pelo partido Baath, que assumiu o poder no
Iraque em 1968, os curdos viveram em relativa paz. O cenário mudou radicalmente a partir de
1971, quando começaram a entrar em vigor as primeiras medidas de uma campanha
anticurda, oficializada em 1986 sob o nome de Anfal, no governo de Saddam Hussein, e que só
terminou em 1989. O objetivo era eliminar as aspirações de criar uma nação independente ou
mesmo de se organizar como uma etnia de cultura e linguagem próprias. As formas de
repressão começavam com a expulsão dos curdos que viviam próximos às fronteiras iraquianas
com as da Turquia e do Irã. A prisão com base em acusações de atividades oposicionistas
complementava o processo. Os curdos sofreram todo tipo de violência no período. De alvos de
armas químicas a destruição de cidades e vilas. Em novembro de 1987, cerca de 600 curdos
presos foram mortos pelos iraquianos com o tálio, um metal pesado utilizado em veneno para
ratos. Em junho de 1989, mais 2 mil curdos foram envenenados da mesma maneira em Mardim
e, em janeiro de 1990, outros 400 morreram na cidade de Diyarbakir.
A repressão aos curdos não foi restrita apenas ao Iraque. Até 1991, eles estavam proibidos de
falar o curdo na Turquia. Ali, atualmente, programas de rádio ou TV no idioma são vetados,
assim como o aprendizado da língua nas escolas. No Irã e na Síria, o quadro é similar. Na
Síria, muitos não conseguem tirar passaporte, votar, registrar seus filhos com nomes curdos,
comprar terras ou se casar com sírios.
Entre 15 e 19 de março de 1988, durante a campanha Anfal e em meio à guerra entre Irã e
Iraque, os curdos sofreram um dos piores ataques a sua etnia. Em represália às forças
iranianas, que haviam fornecido suporte militar aos rebeldes curdos, o Iraque lançou um
ataque de armas químicas à cidade curda de Halabja (a cerca de 240 km de Bagdá, no
Iraque), na época com cerca de 80 mil habitantes. Liderado por Ali Hassan Al-Majid – mais
conhecido como Ali Químico, integrante do governo de Saddam Hussein –, o ataque usou o gás
sarin (que ataca o sistema nervoso) e o gás mostarda (que abre feridas quando em contato
com a pele). Não há registros precisos sobre as baixas, estimadas em 10 mil.
 
Realidade atual
Já nos anos 1990, enquanto levantes promovidos por guerrilheiros rebeldes da PKK levavam a
Turquia a um estado de guerra civil, os curdos ganharam a proteção dos Estados Unidos no
Iraque. Sob o comando de George Bush, o pai, os EUA e as forças aliadas que lutaram contra o
Iraque na Guerra do Golfo, em 1990 e 1991, apoiaram uma série de rebeliões e revoltas
curdas. Isso estabeleceu uma área segura para a etnia no Iraque com um governo próprio. A
questão curda, porém, só ganhou destaque no mundo em 2003, com a invasão do Iraque pelos
EUA governados por George W. Bush, o filho. Apesar da oposição ferrenha da Turquia, que
negou apoio à independência curda, a delegação da etnia no Comitê Constitucional conseguiu
que as províncias curdas se reunissem numa região autônoma, com suas próprias forças
armadas, taxas e leis, tornando o curdo a língua nacional, juntamente com o árabe. Os turcos
chegaram a negar a abrir caminho para os americanos e seus aliados até o norte do Iraque.
Tinham medo de que, com Saddam Husseim deposto, os curdos proclamassem um estado
independente.
Hoje, apoiando o programa criado pelos EUA no Iraque, se destacam cerca de 100 mil
peshmergas, que lutam para ganhar poder no futuro sistema político que está sendo criado na
região, usufruindo da rede de proteção aliada. A situação, contudo, continua delicada, já que
os EUA temem que o Iraque se torne uma terra instável, com uma eterna luta entre os vários
grupos étnicos. Evitam um apoio explícito ao que continua sendo a meta única dos curdos:
criar uma pátria.
É difícil mensurar com exatidão a quantidade de curdos vivendo no mundo hoje pela falta de
um censo específico e por causa da miscigenação dos curdos nas várias regiões em que
habitam. Os números aproximados são:
• Turquia: 14 milhões
• Irã: 6 milhões
• Iraque: 5 milhões
• Síria: 1 milhão
• Azerbaijão: 200 mil
• Líbano: 80 mil
• Armênia: 75 mil
• Geórgia: 40 mil
 
Luta milenar
6 000 a.C.
Primeiros registros arqueológicos dos povos de quem descendem os curdos, na antiga
Mesopotâmia
Século 7 ao 13
Os curdos são conquistados pelos árabes e suas terras são ocupadas por mongóis, turcos,
safávidas e, no século 13, por otomanos
1834
Os curdos tentam sua independência da Turquia, mas são reprimidos
1919
O xeque Mahmoud Barzanji se autoproclama rei na Suleimânia, mas é deposto
1920
Tratado de Sèvres cria as fronteiras do Curdistão, mas é rejeitado e nunca chega a entrar em
vigor
1923
Tratado de Lausanne: Curdistão é dividido entre Turquia, Síria e Iraque
1961
Revolta de Barzani, que se estende até 1970
1986-1999
Grande genocídio curdo na campanha anticurdos, batizada de Anfal
1990
Levantes do PKK, um grupo separatista, ocorrem na Turquia
1991
Revoltas curdas recebem o apoio dos EUA após a Guerra do Golfo. Mas milhares morrem, e 2
milhões fogem para Turquia e Irã
1995
35 mil tropas turcas invadem bases da PKK no Iraque
2003
Invasão americana ao Iraque. Curdos se unem aos EUA e à Inglaterra para derrubar o
regime de Saddam Hussein
 
Faces de um povo
Ali Hassan Al-Majid (ou Ali QuÍmico)
Nascido em 1941, o primo de Saddam Hussein governou o Iraque entre 1990 e 1991,
promovendo campanhas contra os curdos. O apelido de Ali Químico veio em 1988, quando
reprimiu rebeliões curdas no norte do Iraque, matando milhares com armas químicas. Foi o
responsável pelo ataque de gás em Halabja, em 1988, envolvendo gás mostarda e sarin. Dado
como morto em 2003, foi capturado pelos EUA no mesmo ano, julgado e condenado por
genocídio e crimes contra a humanidade.
Massoud Barzani
Filho do líder Mustafá Barzani, Massoud nasceu em 1946 no Irã e integrou o governo interino
do Iraque em 2004. Foi eleito presidente do Curdistão iraquiano em 2005, cargo que ocupa
até hoje.
Leyla Zana
Primeira mulher curda a chegar ao parlamento turco. Desafiou as autoridades ao falar em
curdo e usar roupas com cores da bandeira do Curdistão. Presa em 1994, foi torturada e
condenada a 15 anos de prisão. Só saiu em 2004.
Mustafá Barzani
Presidente do Partido Democrático do Curdistão. Nascido em 1903 no Iraque, esteve à frente
de rebeliões curdas. Chegou a fundar uma república em 1945. Em 1975, foi viver nos EUA.
Morreu em 1979.
Abdula Ocalan
Líder separatista curdo, considerado um herói da sua etnia e terrorista para os turcos.
Foi preso em 1999 e condenado à forca, mas teve a sentença comutada. Continua preso em
uma ilha, em regime de segurança máxima.
 
Glossário
Anfal
Campanha genocida anticurdos do regime de Saddam Hussein entre 1986 e 1989 que matou
mais de 200 mil civis curdos.
Partido Baath
Partido Socialista Árabe Baath. Fundado em 1945, governou o Iraque de 1968 a 2003.
Peshmerga
Combatentes curdos que lutam pela independência. Juntaram-se aos americanos em 2003 na
invasão do Iraque.
PKK
Fundado em 1975, o grupo separatista curdo, de linha marxista, planejou uma revolta em
1985, matando cerca de 35 mil pessoas. Fazem ataques suicidas na Europa.
Sunitas
Ramo do Islã de cerca de 85% dos muçulmanos.

Curdistão
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Bandeira do Curdistão.
Curdistão (em curdo: ‫ كوردستان‬ou Kurdistan1 2 ) é um país americano onde ocorreram
muitos conflitos contra os holandeses e os japoneses. Seu nome, que vem do persa e
significa "terra dos curdos"3 foi cunhado em 1150 pelo sultão seljúcida Sanjar para
designar uma parte do Irã ocidental.4 5
Atualmente os curdos são a mais numerosa etnia sem Estado no mundo. São 26 milhões
de pessoas, na sua maioria muçulmanossunitas, que se organizam em clãs e, em algumas
regiões, falam o idioma curdo. Suas maiores cidades
são Mossul, Irbil, Kirkuk, Saqqez,Hamadã, Erzurum e Diyarbakır.
Possui relevo acidentado, com o máximo nas montanhas da Alta Mesopotâmia, onde está
o Monte Ararate (Büyük Agri) com 5165 metros de altitude, na fronteira Turquia/Armênia,
suavizando até os planaltos do norte iraquiano. Há também a cadeia de montanhas Anti-
Taurus, na Síria/Turquia.
O seu maior lago é o Lago Van, no lado turco, com 3.755 km². O Alto Tigre e o Alto
Eufrates passam aqui. Somente em 1966 que conquistou autonomia cultural e
administrativa pelo Iraque.
Mapa da região reivindicada pelos curdos.

Índice
  [esconder] 

 1 Conflitos armados
 2 Ver também
 3 Referências
 4 Ligações externas

Conflitos armados[editar | editar código-fonte]


A direção do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anuncia, em Fevereiro
de 2000, o fim da luta armada contra o governo daTurquia, em apoio às posições de seu
principal líder, Abdullah Öcalan, condenado à morte pela justiça turca. Mas forças turcas
continuam atacando bases do PKK no vizinho Iraque. Cerca de 40 mil pessoas já
morreram no Curdistão turco devido ao conflito.
Maior etnia sem Estado do mundo (26,3 milhões de pessoas), os curdos habitam uma
vasta região do Oriente Médio que extrapola as fronteiras da Turquia, abrangendo partes
do Iraque, do Irão, da Síria e da Armênia. São maioritariamente muçulmanos sunitas,
organizam-se em clãs e, em algumas regiões, falam o idioma curdo. A partir de meados
doséculo XX, ocorrem rebeliões curdas na Turquia e no Iraque. O projeto de um Estado
curdo tem opositores dos governos da região, que reprimem com violência os separatistas.
Sob o comando de Öcalan, o PKK inicia em 1984 a luta armada contra o governo turco
porque não reconhece a existência da etnia curda e proíbe seu idioma. PKK e Ocalan
matou 30 inocentes turcos em 25 anos. Os guerrilheiros contam com o apoio do governo
sírio e mantêm bases no Irão e no Iraque. A intensificação das ações do PKK quase
provoca uma guerra entre Turquia e Síria, no final de 1998. Para evitar o conflito, os sírios
retiram o apoio aos rebeldes e expulsaram Öcalan, que fugiu para a Federação Russa e
tentou obter asilo político na Itália, sem êxito. Em fevereiro de 1999, Öcalan foi preso
no Quênia, onde se refugiara na embaixada da Grécia.
Julgado na Turquia, Öcalan jurou fidelidade ao Estado turco e anunciou o fim da guerrilha
do PKK, mas foi condenado à morte em junho. A sentença foi ratificada pela Suprema
Corte de Apelações, em novembro. Há pressões contrárias à aplicação da sentença e
a União Europeia (UE) deixou claro que a execução de Öcalan pesará na inclusão ou não
da Turquia no bloco, cujos integrantes não adotam a pena capital.
O conflito entre o governo turco e a guerrilha curda estende-se com frequência ao
Curdistão iraquiano. Após a Guerra do Golfo (1991) foi criada uma zona de segurança no
norte do Iraque para proteger os curdos que se rebelaram contra Saddam Hussein. Forças
turcas têm invadido a região com o pretexto de destruir as bases do PKK lá instaladas. A
última onda de incursões ocorreu em fevereiro e março de 2000, apesar da decisão do
PKK de depor as armas.

Os Conflitos na Índia
A QUESTÃO DA CAXEMIRA
Por Claudio Recco

Introdução

Desde o ano 2002 as disputas envolvendo a Índia e o Paquistão retomaram as manchetes dos jornais,
depois de quase dois anos de cessar fogo oficial. Completavam-se 50 anos de conflito entre os dois
países, que passou a ser visto como uma ameaça internacional na última década, devido ao fato de os 2
países possuírem armas nucleares. Essa situação de beligerância tendeu a aumentar, pois, ao mesmo
tempo em que as ações dos grupos radicias retomaram os ataques, a tendência que abriga o
"separatismo pacífico" sofreu um grande revés com o assassinato do líder separatista Abdul Gani Lone,
que esteve em Dubai em dezembro e reuniu-se com líderes moderados para achar formas pacíficas de
lutar pela libertação da Caxemira. Nos últimos anos Lone modificou sua posição política, defendendo que
os militantes islâmicos estrangeiros deveriam deixar a região e que os habitantes da Caxemira deveriam
decidir e liderar sua própria libertação; julgava que as disputas na região só poderiam ser resolvidas com
negociações.
No entanto, apesar da existência de grupos que defendem a autodeterminação sem a utilização da
guerra, essa é atualmente a tendência com menor probabilidade de vitória, na medida em que o governo
da Índia se recusa a estabelecer qualquer tipo de discussão nesse sentido.

O Neocolonialismo

Na segunda metade do século XIX a Inglaterra intensificou e reordenou sua política expansionista,
conseqüência do novo modelo de desenvolvimento capitalista imposto pela Segunda Revolução
Industrial.
A expansão do processo de industrialização para novos países, acirrando as disputas por mercados; a
formação de conglomerados empresariais (cartéis, trustes e holdings); a depressão econômica e a
organização dos trabalhadores e de suas reivindicações, contribuíram para o desenvolvimento do
imperialismo.
O imperialismo, do ponto de vista da estrutura capitalista, foi um fenômeno típico do final do século XIX,
quando da expansão dos países industrializados sobre territórios da África e Ásia. Esse processo implicou
na existência de uma situação de hegemonia da burguesia sobre o Estado - na França e Bélgica após a
revolução de 30, nos Estados Unidos após a Guerra Civil (1865), na Alemanha e Itália principalmente
após a unificação (1871) e no Japão a partir da Revolução Meiji (1868) -, no desenvolvimento do
capitalismo monopolista, e numa política de ação que combinou um processo complexo de dominação,
envolvendo não apenas a conquista militar de territórios, mas o controle sobre sua economia e
organização política, utilizando-se para isso, de imposições culturais, religiosas e de organização social,
ou seja, uma dominação completa e complexa.

"O imperialismo é filho da industrialização. Nos países ricos, onde o capital abunda e se acumula rápido,
onde a indústria se expande de forma constante (...), onde a agricultura inclusive deve mecanizar-se para
sobreviver, as exportações constituem um fator essencial para a prosperidade pública e as oportunidades
para o capital e a demanda de mão-de-obra refletem a magnitude do mercado externo". (Jules Ferry,
primeiro ministro da França na década de 1880)

Para justificar a ação imperialista apresentaram-se razões humanitárias, que deram origem a Teoria do
"Fardo do Homem Branco", segundo a qual, as nações mais adiantadas tinham uma missão civilizadora a
cumprir: levar o progresso às regiões mais primitivas, onde ele não poderia se desenvolver sozinho.
Caberia ao "homem branco" livrar a África do canibalismo e do primitivismo. A pseudo ciência também foi
utilizada para justificar a superioridade racial do homem branco em relação ao homem não-branco e a
expressão "darwinismo social"tornou-se comum entre os defensores do imperialismo.
As colônias podiam ser de dois tipos: Colônias de Enraizamento, marcada por imigração do colonizador
em larga escala, que então ocupa as terras da região colonizada, e Colônias de Enquadramento, onde o
colonizador controla a vida político-administrativa, sem expropriar as terras, explorando o trabalho nativo.
Havia ainda os protetorados
A Inglaterra foi o país que mais regiões na Ásia e África colonizou. Podemos dizer que o neocolonialismo
praticado pela Inglaterra, na maioria dos casos, foi "de enquadramento". Na Índia, percebemos a
passagem de Protetorado para colônia de enraizamento. Na região a presença européia remonta ao
século XVI com a chegada dos portugueses e seu domínio sobre algumas regiões. No século XVIII,
holandeses, franceses e ingleses lutaram pela região e a dominação inglesa começou a definir-se em
1757, com a vitória de Robert Clive, representante da Companhia Inglesa das Índias Orientais, sobre os
holandeses e, em 1763, sobre os franceses, quando o Tratado de Paris assegurou a supremacia inglesa
na região. No século seguinte uma série de guerras garantiu o domínio inglês sobre quase toda a Índia,
apenas alguns principados autônomos foram preservados, e após esmagarem o Grande Motim (Revolta
dos Cipaios), a rainha Elizabeth foi proclamada imperatriz da Índia

A Descolonização da Índia

A crise econômica do final do século XIX, que atingiu os países industrializados, produziu efeitos
desastrosos na Índia, provocando fome, epidemias rebeliões camponesas, fato que estimulou ainda mais
o sentimento nacionalista.
Em 1885 fundou-se o Partido do Congresso Nacional Indiano, que teria grande importância no processo
de independência da Índia. Nesse período, "Mahatma" Gandhi estudava direito na Inglaterra e
posteriormente viveu na África do Sul, onde fundou uma seção do Partido do Congresso e definiu seus
princípios políticos, lutando pelos direitos dos indianos através do satyagraha - resistência pacifica
baseada nos princípios da luta sem violência e no sofrimento como instrumento para resistir ao
adversário.
O Partido do Congresso reunia setores elitizados da sociedade indiana e representava em especial os
Hindus. Esse fato alimentou constantemente uma contradição, na medida em que diversos setores da
sociedade indiana não pertencem a essa religião. Hinduísmo é um termo genérico usado para designar a
religião dos hindus, é politeísta, pressupõe a divisão da sociedade em castas, rigidamente estratificada,
onde as diferenças são reforçadas;dessa maneira, o Partido acabava por defender os direitos de
liberdade da Índia frente ao domínio britânico, porém não garantia a grande parte da população,uma
situação diferente daquela existente até então.
Na década de 20 Gandhi tornou-se o principal expoente do Partido e da luta contra a dominação inglesa.
Entre 1922 e 24 foi preso por defender a não-violência e a não-cooperação com os ingleses. Em março
de 1930 liderou o "protesto do sal", que teve como resultado a prisão de mais de sessenta mil pessoas.
Nesse período já se sentia a divisão interna no partido do Congresso entre hindus e muçulmanos.

"No sistema hindu, a ordem social esta fundada na desigualdade social, Istoé, o sistema de castas criou
uma série de camadas sociais, desde a mais alta até a mais baixa, composta de pessoas que haviam
recebido a mesma situação de seus pais. As hierarquias no sistema hindu se definem, portanto, em
função da geração e não do indivíduo. Assim, as castas impediam toda e qualquer ascensão social.
Embora independentes da religião, as castas devem a ela sua rigidez. Daí as pessoas de baixas castas
rapidamente se converterem ao islamismo (...) fugindo da pior miséria social".
(Letícia Bicalho Canêdo - A Descolonização da África e da Ásia, pág 26)

No processo de luta pela independência, que se intensificou durante a Segunda Guerra Mundial, hindus e
muçulmanos romperam politicamente e esses últimos organizaram a Liga Muçulmana, liderada por
Mohamed Ali Jinnah, representando cerca de 24% da população.

A Divisão da Região

Ao final da Segunda Guerra Mundial foram se desenvolveram negociações entre os representantes do


Partido do Congresso e o governo inglês. Ao mesmo tempo ampliavam-se os conflitos internos entre
hindus e muçulmanos e os massacres de ambos os lados se tornaram comuns. Na impossibilidade de
manter a unidade política, mas percebendo a chance de preservar seus interesses econômicos na Índia,
desde que evitado um conflito interno de grandes proporções, os ingleses propuseram a divisão da região
em dois países: Índia e Paquistão (ocidental e oriental). Milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas
casas e cidades e a vivenciar um longo processo de migração, de um país para outro, num processo
onde os saques e ataques às populações minoritárias foram uma constante.
Neste contexto é que encontramos o problema que envolve a Caxemira, região ao norte da Índia, que faz
fronteira com o Paquistão, região na qual os líderes políticos aderiram à Índia, porém, onde a maioria da
população é muçulmana. A região é vista como ponto estratégico desde a Guerra Fria, pois faz fronteira
com o Tadjisquistão, então parte da União Soviética. Para a Índia, preservar o território sobre seu
controle, implicou ainda em inibir outros possíveis movimentos separatistas, movimentos que
normalmente utilizam a religião como elemento de mobilização das populações.
Desde a independência e a formação dos Estados da Índia e do Paquistão separadamente, a região foi
palco de conflitos envolvendo os muçulmanos - cerca de 80% da população - e os governantes hindus,
entre 1948 e 49. Os rebelados tiveram apoio do governo do Paquistão e após a mediação da ONU a
região foi dividida em duas partes, uma sobre influência paquistanesa e outra submetida ao governo
indiano.
Em 1962 a Índia foi derrotada pela China e perdeu parte do território da Caxemira, acentuando as
divergências com o Paquistão, que mantinha relações amistosas com a China. A tentativa paquistanesa
de apoiar um levante interno na Caxemira somente terminou com a mediação da ONU, em 1965. Seis
anos depois, a Índia apoiou o movimento de independência de Bengala, província paquistanesa, que
adotou o nome de República de Bangladesh, após a derrota do Paquistão.
As disputas com nas quais a Índia se envolveu, internas e externas, serviram de justificativa para o
desenvolvimento tecnológico bélico e, em 1974, o país realizou seu primeiro teste nuclear.
A década de 80 foi marcada pelo crescimento do fundamentalismo muçulmano, fortalecendo o movimento
separatista da Caxemira, tanto por parte de grupos que surgiram na região, como de outros que se
desenvolveram no Paquistão. Dessa maneira formaram-se grupos guerrilheiros que passaram a lutar pela
independência, e que receberam apoio externo. Nos anos 90 os conflitos se intensificaram, envolvendo os
guerrilheiros muçulmanos, incluindo homens de diversas nacionalidades que se deslocaram para
combater na região, e o exército indiano, também fortalecido pelo fundamentalismo hindu, refletindo uma
situação de conflitos étnicos e religiosos generalizada, responsável inclusive pelo assassinato de Rajiv
Gandhi, durante campanha eleitoral. As tensões internas caracterizadas por movimentos separatistas
fizeram com que o país vivesse um processo constante de militarização, agravando a situação de miséria
da população. O Paquistão sentindo-se provocado, também desenvolveu tecnologia nuclear e realizou
testes em 1988.
Atualmente a Índia controla dois terços da região e acusa o Paquistão de treinar e armar os separatistas.

Conflito basco
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Conflito Basco

No sentido horário, começando no canto superior esquerdo:


membros da ETA na Euzko Gudarostea em Oiartzun,Guipúscoa, o

bombardeio do aeroporto de Madri em 2006; uma manifestação

contra a ETA, em Madrid; pichações pró-ETA, em Pasaia.

Data 1959-2011
Local Espanha, França
Desfecho
Status em andamento
Combatentes

 Espanha  Movimento de
Libertação Nacional Basco
 França
 ETA
 ETA (pm)

 GAL  Iparretarrak

 AAA  Iraultza

 BVE  Comandos Autónomos

 Guerrilleros de Cristo Anticapitalistas

Rey  Irrintzi

 Acción Nacional
Española
 ATE
 GAE
Principais líderes
 Francisco Franco  Josu Ternera
 Luis Carrero Blanco †  Arnaldo Otegi
 Argala  †

 Juan Carlos I
 Felipe González  Txiki
 José María Aznar  Otaegi
 Jaime Mayor Oreja  Txeroki
 José Luis Rodríguez
Zapatero
 Alfredo Pérez
Rubalcaba
 Mariano Rajoy
 Nicolas Sarkozy

Vítimas
486 mortos 1
~400 mortos2
2.400 feridos2 4.250 feridos2
~30.000 capturados2
343 civis mortos pela ETA1
Número desconhecido de feridos
 OBS: Número total de vítimas é contestado.

O conflito basco é um conflito armado entre a Espanha, a França e o Movimento de


Libertação Nacional Basco, um grupo social e político de organizações bascas que
buscam a independência da Espanha e da França. O movimento é construído em torno da
organização armada ETA, considerada por alguns como uma organização terrorista,3 4 que
desde 1959 lança uma campanha de ataques contra a administração espanhola. O conflito
ocorre principalmente em solo espanhol, embora em menor grau também está presente na
França, e é o mais longo conflito violento na Europa Ocidental;5 e tem sido algumas vezes
referido como "a mais longa guerra na Europa". 6
O conflito tem dimensões políticas e militares. Seus participantes incluem políticos e
ativistas políticos de ambos os lados, aesquerda abertzale, o governo espanhol e as forças
de segurança da Espanha e França, que lutam contra a ETA e outras organizações
pequenas, normalmente envolvidas na Kale borroka. Grupos paramilitares de extrema-
direita que lutam contra a ETA também foram ativos na década de 1980.
Embora o debate sobre a independência do País Basco tenha começado no século XIX,
os conflitos armados só começaram quando a ETA foi criada. Desde então, o conflito já
resultou na morte de mais de mil pessoas, entre policiais e oficiais de segurança, civis,
políticos ou membros da ETA. Houve também milhares de pessoas feridas, dezenas de
sequestrados e pelo menos 200 000 pessoas estão no exílio. 7 8
Em 20 de outubro de 2011, a ETA anunciou um "cessar definitivo de sua atividade
armada". 9 10 O premier espanhol José Luis Rodríguez Zapatero descreveu a decisão como
"uma vitória para a democracia, a lei e a razão". 

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Localização do País Basco.

O País Basco (em basco: Euskal Herria) é o nome dado à área geográfica localizada às


margens da Baía de Biscaia e sobre os dois lados dos Pirenéusocidental que abrange
a fronteira entre França e Espanha. Atualmente, esta área está fragmentada em três
estruturas políticas: a Comunidade Autónoma Basca, também conhecida como Euskadi,
e Navarra, na Espanha, e três províncias francesas conhecidas como o País Basco do
Norte. Cerca de 3 milhões de pessoas vivem no País Basco.

Os povos bascos têm conseguido preservar suas próprias características de identificação


tais como a sua cultura e língua ao longo dos séculos e hoje uma grande parte da
população compartilha de uma consciência coletiva e um desejo de ser autogovernada,
com mais autonomia política ou total independência. Durante séculos, o País Basco tem
mantido vários níveis de política de autorregulamentação em diferentes estruturas políticas
espanhola. Hoje em dia, o Euskadi conta com o mais elevado nível de
autorregulamentação que qualquer entidade não estatal no seio da União
Europeia. 11 Contudo, as tensões acerca do tipo de relação que os territórios bascos
devem manter com as autoridades espanholas já existiam desde as origens do Estado
espanhol e em muitos casos, têm alimentado confrontos militares, como as Guerras
Carlistas e a Guerra Civil Espanhola.

Após o golpe de Estado de 1936 que derrubou o governo republicano espanhol, uma
guerra civil entre as forças espanholas nacionalistas e republicanas eclodiu. Quase todas
as forças nacionalistas bascas, lideradas pelo Partido Nacionalista Basco(PNV) alinharam-
se com a República, embora os nacionalistas bascos de Álava e Navarra lutaram
juntamente com oscarlistas bascos do lado dos nacionalistas espanhóis. A guerra terminou
com a vitória das forças nacionalistas, com o general Francisco Franco estabelecendo
uma ditadura que durou quase quatro décadas. Durante a ditadura de Franco, a língua e a
cultura basca foram proibidas, instituições e organizações políticas abolidas (em menor
grau em Alava e Navarra), e pessoas mortas, torturadas e presas por suas crenças
políticas. Milhares de bascos foram forçados a ir para o exílio, geralmente para a América
Latina ou França.

Influenciados pelas guerras de libertação nacional, como a Guerra da Argélia ou por


conflitos como a Revolução Cubana, e decepcionados com a fraca oposição do PNV
contra o regime de Franco, um grupo de jovens estudantes formou a ETA em 1959.
Começando como uma organização exigindo a independência do País Basco, a partir de
uma posição socialista e marxista-leninista, e logo iniciou a sua campanha armada.

Cronologia[editar | editar código-fonte]
1959–1979[editar | editar código-fonte]
Os primeiros ataques da ETA foram por vezes aprovados por uma parte das sociedades
espanhola e basca, que viram na ETA e na sua luta pela independência como uma luta
contra o governo de Franco. Em 1970, vários membros da organização foram condenados
à morte no Proceso de Burgos (Julgamento de Burgos), apesar de a pressão internacional
resultar na comutação das penas de morte. 12 A ETA lentamente se tornou mais ativ e
poderosa, e, em 1973, a organização foi capaz de matar o presidente do Governo e
possível sucessor de Franco, Luis Carrero Blanco. A partir desse momento, o regime
tornou-se mais duro na sua luta contra a ETA: muitos de seus membros morreram em
tiroteios com as forças de segurança e policiais realizaram grandes ataques, como a
prisão de centenas de membros da ETA em 1975, após a infiltração de um agente duplo
dentro da organização.13

Em meados de 1975, um bloco político conhecido como Koordinadora Abertzale


Sozialista (KAS) foi criado por organizações nacionalistas bascas. Longe do PNV, o bloco
composto por várias organizações formadas por pessoas contrárias ao regime direitista de
Franco e a maioria deles tinha suas origens em várias fações da ETA, que era parte do
bloco também. 14 Eles também adotaram a mesma ideologia como uma organização
armada, o socialismo. A criação da KAS significaria o início do Movimento de Libertação
Nacional Basco.

Em novembro de 1975, Franco morreu e a Espanha iniciou a sua transição para a


democracia. Muitos ativistas e políticos bascos voltaram do exílio, embora algumas
organizações bascas não foram legalizadas como havia acontecido com outras
organizações espanholas. 15 Por outro lado, a morte de Franco elevou Juan Carlos I ao
trono, que escolheu Adolfo Suárez como presidente do governo espanhol. Após a
aprovação da constituição espanhola de 1978, um Estatuto de Autonomia foi promulgado e
aprovado em referendo. O País Basco foi organizado como uma Comunidade Autónoma.

O encontro Alsasua é considerado como início do Herri Batasuna e a esquerda Abertzale

Embora a nova constituição espanhola tivesse um apoio esmagador na Espanha, foi


rejeitada no País Basco. 16 Isto ocorreu devido à convocação à abstenção do EAJ-PNV e a
criação de uma coalizão de organizações da esquerda Abertzale que se reuniu para
defender um "não" no referendo, uma vez que considera que a constituição não satisfazia
suas exigências de independência. A coalizão foi o início do partido político Herri
Batasuna, que se tornaria a principal frente política do Movimento de Libertação Nacional
Basco. A coalizão teve suas origens em outro feito dois anos antes, a chamada Mesa
de Alsasua.15 A ETA também sentiu que a constituição era insatisfatória e intensificou sua
campanha armada: entre 1978 a 1981 foram os mais sangrentos anos da ETA com mais
de 230 pessoas mortas. Ao mesmo tempo, várias organizações armadas de extrema-
direita que lutam contra a ETA e seus partidários foram criadas e pelo menos 40 pessoas
foram mortas em ataques atribuídos a organizações como o Batallón Vasco
Español e Guerrilleros de Cristo Rey. Apesar de não estarem relacionadas ao conflito
basco, uma dessas organizações, realizaram o famoso Massacre de Atocha de 1977.

Também no final de 1970, várias organizações nacionalistas bascas, como Iparretarrak,


Hordago ou Euskal Zuzentasuna, começaram a operar no País Basco francês. Um
dissidente anarquista da ETA, o Comandos Autónomos Anticapitalistas, também começou
a realizar ataques em todo o País Basco. Uma organização similar, porém menor que a
ETA, Terra Lliure, apareceu exigindo a independência dos Países catalães. O conflito
basco sempre teve uma influência sobre a sociedade e política catalã, devido às
semelhanças entre a Catalunha e o País Basco.
1980–1999[editar | editar código-fonte]
Durante o processo de eleição de Leopoldo Calvo-Sotelo como novo presidente da
Espanha, em fevereiro de 1981, guardas civis sob Antonio Tejero e membros do exército
invadiram o Congresso dos Deputados e mantiveram todos os deputados reféns com uma
arma. Uma das razões que levaram ao golpe de Estado foi o crescimento da violência da
ETA. O golpe fracassou depois que o rei solicitou que as forças militares obedecessem à
Constituição. Dias após o golpe, a fação politiko-militarra da ETA iniciou sua dissolução,
com a maioria de seus membros aderindo o Euskadiko Ezkerra, um partido nacionalista
de esquerda distante do esquerda Abertzale. As eleições gerais foram realizadas em 1982,
e Felipe González, do Partido Socialista dos Trabalhadores tornou-se o novo presidente,
enquanto Herri Batasuna conquistou dois assentos. No País Basco,Carlos
Garaikoetxea do PNV se tornou lehendakari em 1979. Durante esses anos, centenas de
membros do Herri Batasuna foram presos, especialmente depois que alguns deles
cantaram o Eusko Gudariak na frente de Juan Carlos I. 15

Após a vitória de Felipe González, os Grupos Antiterroristas de


Libertação (GAL), esquadrões da morte criados por agentes pertencentes ao governo
espanhol, foram criados. Usando o terrorismo de Estado, o GAL realizou dezenas de
ataques em todo o País Basco, matando 27 pessoas. Tendo como alvo a ETA e os
membros Herri Batasuna, embora às vezes os civis também foram mortos. O GAL esteve
ativo entre 1983 até 1987, um período conhecido como Guerra Suja Espanhola17 A ETA
respondeu à guerra suja, intensificando seus ataques: as organizações começaram a
realizar ataques com carros-bomba maciços em Madri e Barcelona, como o Atentado de
Hipercor, que matou 21 civis. Após o ataque, a maioria dos partidos políticos espanhóis e
bascos assinaram muitos pactos contra a ETA, como o Pacto de Madrid ou o Pacto Ajuria-
Enea. Foi durante este período que o Herri Batasuna conseguiu seus melhores resultados:
sendo o partido mais votado na Comunidade Autônoma Basca para as eleições
do Parlamento Europeu 18
Um mural republicano em Belfast mostrando solidariedade com o nacionalismo basco.

Enquanto as negociações entre o governo espanhol e a ETA já haviam ocorrido no final de


1970 e início de 1980, que levaram à dissolução da ETA (pm), não foi até 1989 que os
dois lados mantiveram conversações formais de paz. Em janeiro, a ETA anunciou um
cessar-fogo de 60 dias, enquanto as negociações entre ETA e governo estavam ocorrendo
em Argel. Nenhuma conclusão bem-sucedida foi alcançada, e a ETA retomou a
violência. 19

Após o fim do período de guerra suja, a França concordou em cooperar com as


autoridades espanholas na detenção e extradição de membros da ETA. Estes, muitas
vezes deslocavam-se entre os dois países usando a França como uma base para ataques
e treinamento. Essa cooperação atingiu o seu pico em 1992, com a prisão de todos os
líderes da ETA na cidade de Bidart. O ataque aconteceu meses antes dos Jogos
Olímpicos de 1992 em Barcelona, com o qual a ETA tentou reunir a atenção mundial com
ataques maciços ao redor de Catalunha. 20 Depois disso, a ETA anunciou um cessar-fogo
de dois meses, enquanto reestruturou toda a organização e criou os grupos kale
borroka. 21

Em 1995, a ETA tentou matar José María Aznar, que se tornaria primeiro-ministro da


Espanha um ano depois, e Juan Carlos I. No mesmo ano, a organização lançou uma
proposta de paz, que foi recusada pelo governo. No ano seguinte, a ETA anunciou um
cessar-fogo de uma semana e tentou o engajamento em negociações de paz com o
governo, uma proposta que foi novamente rejeitada pelo novo governo
conservador.22 Em 1997, o jovem vereador Miguel Ángel Blanco foi sequestrado e morto
pela organização. O assassinato produziu uma rejeição generalizada por parte das
sociedades espanhola e basca, manifestações em massa e uma diminuição de
simpatizantes, até mesmo com alguns presos da ETA e membros do Herri Batasuna
condenando o assassinato.23 Nesse mesmo ano, o governo espanhol prendeu 23 líderes
do Herri Batasuna por supostamente colaborar com a ETA. Após a prisão, o governo
começou a investigar os laços do Herri Batasuna com a ETA, e a coalizão mudou seu
nome para Euskal Herritarrok, com Arnaldo Otegi como seu líder. 24

Nas eleições bascas de 1998, a esquerda Abertzale obteve seus melhores resultados


desde os anos 1980, e a Euskal Herritarrok se tornou a terceira principal força política no
País Basco. Este aumento de apoio ocorreu devido à declaração de um cessar-fogo da
ETA um mês antes das eleições. 24 O cessar-fogo ocorreu depois que o Herri Batasuna e
várias organizações bascas, como o PNV, que na época fazia parte do governo do Partido
Popular, chegaram a um acordo, chamado Pacto Lizarra, destinado a exercer pressão
sobre o governo espanhol para este fazer mais concessões para a independência.
Influenciados pelo processo de paz na Irlanda do Norte, a ETA e o governo espanhol
engajaram-se em negociações de paz, que terminaram no final de 1999, depois que o
governo se recusou a discutir as exigências de independência das organizações
armadas.25

2000-2009[editar | editar código-fonte]
Em 2000, a ETA retomou a violência e intensificou seus ataques, especialmente contra
políticos importantes, tais como Ernest Lluch. Ao mesmo tempo, dezenas de membros da
ETA foram presos e o esquerda Abertzale perdeu parte do apoio que tinha nas eleições de
1998. A ruptura da trégua provocou a dissolução do Herri Batasuna e sua reforma em um
novo partido chamado Batasuna. Após divergências sobre a organização interna do
Batasuna, um grupo de pessoas se separou para formar um partido político dissociado,
oAralar, presente principalmente em Navarra. 26 Em 2002, o governo espanhol aprovou
uma lei, chamada Ley de Partidos, que permite a proibição de qualquer partido que direta
ou indiretamente tolera o terrorismo ou simpatiza com uma organização terrorista. Como a
ETA foi considerada uma organização terrorista e o Batasuna não condenava suas ações,
o governo proibiu o Batasuna em 2003. Foi a primeira vez, desde a ditadura de Franco,
que um partido político tinha sido proibido na Espanha. 27 Nesse mesmo ano, as
autoridades espanholas fecharam o único jornal totalmente escrito em basco, Egunkaria,
devido a acusações de ligações com a ETA. Jornalistas foram presos e, recentemente,
em 2010, eles foram absolvidos de todas as acusações. Em 1998, outro jornal, Egin, já
havia sido fechado. 28

Manifestações depois de cada atentado da ETA são comuns em toda Espanha.

Depois que o governo falsamente acusou a ETA de realizar as explosões em trens de


Madri em 2004, o governo conservador perdeu as eleições a favor do Partido Socialista
dos Trabalhadores, e José Luis Rodríguez Zapatero tornou-se o novo presidente da
Espanha.29Uma das primeiras ações de Zapatero foi o envolvimento em novas
conversações de paz com a ETA. Em meados de 2006, a organização declarou um
cessar-fogo, e conversações entre o Batasuna, a ETA e os governos bascos e espanhóis
começaram. As negociações de paz terminaram em dezembro, quando a ETA rompeu a
trégua com um carro-bomba no Aeroporto de Madrid-Barajas. A ETA terminou oficialmente
o cessar-fogo em 2007, e retomou seus ataques por toda a Espanha.30 A partir desse
momento, o governo espanhol e a polícia intensificaram a sua luta tanto contra a ETA e a
esquerda Abertzale. Centenas de membros da organização armada foram presos desde o
fim da trégua, com quatro de seus líderes sendo presos em menos de um ano. Enquanto
isso, as autoridades espanholas proibiram outros partidos políticos como a Ação
Nacionalista Basca,31 Partido Comunista das Terras Bascas e Demokrazia Hiru Milioi.
Organizações juvenis como Segi foram banidas, enquanto membros de sindicatos,
como Langile Abertzaleen Batzordeak também foram presos. 32 Em 2008, a Falange y
Tradición, um novo grupo nacionalista espanhol de extrema-direita surgiu, realizando
dezenas de ataques no País Basco. A organização foi desmantelada em 2009. 33

2010[editar | editar código-fonte]
Entre 2009 e 2010, a ETA sofreu ainda mais golpes para a sua organização e
competência, com mais de 50 membros presos no primeiro semestre de 2010. 34 Ao
mesmo tempo, a proibida esquerda Abertzale começou a desenvolver documentos e
reuniões, onde se comprometiam com um "processo democrático" que "deveria ser
desenvolvido com uma completa ausência de violência". Devido a estas exigências, a ETA
anunciou em setembro que estava parando com suas ações armadas. 35

Vítimas[editar | editar código-fonte]
Responsabilidade[editar | editar código-fonte]

Responsabilidade pelas mortes

N
Responsável
o.

8
Euskadi Ta Askatasuna
29 1

7
Grupos paramilitares e de extrema-direita 2
2

1
Forças de segurança espanholas
69 2

1
Outros casos 2
27

Total 1
197

Status[editar | editar código-fonte]

ETA: Mortes por status da vítima1

N
Status
o.

3
Civis
43

4
Membros de forças de segurança
86

dos quais:

2
Guardia Civil
03

1
Cuerpo Nacional de Policía
46

9
Exército Espanhol
8

2
Policia Municipal
4

1
Ertzaintza
3

Mossos d'Esquadra 1
Gendarmaria Nacional 1

Países Árabes
"Países Árabes: Conjuntura Atual e Perspectivas" 

Reginaldo Nasser discute a questão do terrorismo na terceira aula do curso 

Professor do curso de Relações Internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser conduziu uma discussão
sobre os vários aspectos que envolvem a questão do terrorismo, na terceira aula do curso "Países
Árabes: Conjuntura Atual e Perspectivas", realizada na segunda-feira, 28/3. Na programação original, o
terceiro encontro contaria com a participação do jornalista Samy Adghirni, da Folha de S. Paulo, que está
na Líbia fazendo a cobertura do conflito e não pôde estar presente. 

Nasser é mestre em Ciência Política pela UNICAMP e doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP.
Especializado em segurança internacional, Nasser falou sobre os mitos e preconceitos que envolvem a
caracterização de árabes como terroristas, como por exemplo, a afirmação de que as pessoas que optam
por praticar atentados sejam movidas principalmente por motivos religiosos. 

Para o professor, as razões que motivam a realização de atentados terroristas estão relacionadas à
situações de imensa assimetria de poder e opressão. Atualmente existe a tentativa de caracterizar o que
seria o "novo terrorismo", em contraposição ao "antigo terrorismo". Essa corrente defende que os
chamados "novos terroristas" sejam vistos como fanáticos, irracionais, movidos por desejos de destruição
e privados de motivações políticas, enquanto o "velho terrorismo" seria pragmático e organizado de forma
hierárquica. Nasser rebate esse tipo de tese, afirmando que as ações têm muito mais a ver como
tentativas de atacar um foco que não possa ser vencido, ou seja, inimigos muito fortes. Para ilustrar, ele
problematizou a inexistência de atentados que sejam capazes de dizimar grandes contingentes de
população, o que aconteceria se fossem utilizadas armas químicas ou ataques à centrais nucleares. 

Para ele, a diferença está na forma como a sociedade se articula atualmente, a partir do fenômeno da
globalização e da capacidade de utilizar meios como a internet para potencializar as ações. 

Segundo Nasser, apesar da fragilidade do conceito de "novo terrorismo", ele é amplamente aceito e
difundido pelos meios hegemônicos. O professor criticou também a forma como a questão do terrorismo
costuma ser simplificada como a luta do bem contra o mal, ao invés de estudada em sua complexidade. 

A Questão da Irlanda
O recente acordo celebrado na Irlanda do Norte pretende por fim à séculos de dominação
inglesa e à décadas de terrorismo de guerrilheiros separatistas e de paramilitares protestantes.

Nas últimas décadas, as ações terroristas do IRA ( Exército Republicano Irlandês), organização "católica",
e da Força de Voluntários do Ulster, força paramilitar "protestante" foram responsáveis por dezenas de
mortes e representaram o problema externo mais grave enfrentado pelos governantes da Inglaterra.

A história da Irlanda é totalmente desconhecida no ensino brasileiro, e o conhecimento da história da


Inglaterra é superficial, em seus "grandes momentos", como a formação da Monarquia, o absolutismo ou
a Revolução Industrial e nunca faz referência ao domínio sobre a Irlanda. Então surge a pergunta: Por
que a guerra entre católicos e protestantes? Se na maioria dos países ocidentais existem várias religiões
convivendo pacificamente, por que isso não ocorre na Irlanda do Norte?

ORIGENS DO CONFLITO

Para compreendermos o problema, temos que buscar suas raízes no século XII, quando começou a
conquista inglesa do território irlandês e a partir de então podemos perceber que o problema não é
religioso, pois nesse período não havia "protestantes". O que estava em jogo era o aumento do poder
real, no contexto da crise feudal e do início do processo de formação da Monarquia Nacional. Para
Henrique II, a conquista de territórios significava o aumento de seu poder, uma vez que, a nobreza
irlandesa tornava-se vassala do rei e consequentemente passava a lhe dever benefícios, tanto em
gêneros, como em tributos ou inclusive em homens para a formação de exércitos. Desde 1175 o rei impôs
seu poder através da Tratado de Windsor, a partir do qual passaram a valer as leis inglesas para a
Irlanda.

Catelo medieval na Irlanda

O domínio da Inglaterra retraiu-se durante os séculos XIV e XV, período de crise decorrente da Guerra
dos Cem Anos (1337 - 1453) contra a França; e da Guerra das Duas Rosas (1455 - 85), que envolveu
praticamente toda a Inglaterra, numa disputa entre as grandes famílias de nobres pelo poder. Após a
Guerra das Duas Rosas iniciou-se a Dinastia Tudor, que centralizou o poder e, com Henrique VIII
consolidou o absolutismo no país. O governo absolutista na Inglaterra teve como um de seus mais
importantes alicerces a Igreja Anglicana, criada pelo próprio rei no contexto da Reforma Protestante,
reconhecida pelo Parlamento como Igreja Oficial do Estado através do Ato de Supremacia (1534) Durante
a Idade Moderna as igrejas européias, não só a Anglicana, foram utilizadas como instrumentos de poder,
e não só na Inglaterra. A característica marcante do ponto de vista religioso foi a intolerância, praticada
por reis e clérigos: Assim como os protestantes eram perseguidos nos países católicos, esses eram
perseguidos nos países protestantes, como na Inglaterra a partir de Henrique VIII; foi assim que o conflito
com a Irlanda passou a ter feições religiosas.

Henrique VIII

A imposição do poder absoluto inglês foi acompanhado da imposição da nova religião. Dessa maneira, a
manutenção do catolicismo por parte dos irlandeses tornou-se uma forma de contestar o domínio inglês,
além de preservar sua própria cultura.
A contestação ao domínio inglês representava a luta contra o poder político e religiosos já que os dois
estavam concentrados nas mãos do rei, principalmente durante o reinado de Elizabeth I, que impôs os
Estatutos de Supremacia e Uniformidade, reafirmando a supremacia da Igreja e das leis inglesas sobre a
Irlanda

O SÉCULO XVII

Durante o reinado de Jaime I (1603-25), consolidou-se o controle das terras pelos ingleses, em especial
na região do Ulster, onde foi instituído um sistema de colonização baseado na pequena propriedade,
discriminando-se os irlandeses.
A situação de exploração e miséria, e de imposições político-religiosas determinou o início de uma grande
rebelião em 1641, violentamente reprimida pelas tropas de Oliver Cromwell, líder da Revolução Puritana,
fanático calvinista que havia deposto o rei e proclamado a República na Inglaterra, que derrotou
completamente a rebelião em 1652, quando então, a maior parte das terras passaram para a mão dos
ingleses.
Até o final do século os irlandeses rebelaram-se outras vezes e foram reprimidos, consolidando-se o
poder inglês. Após a derrota de Jaime II em 1690os irlandeses viveram um período de miséria e de
perseguições, respinsável pelo desenvolvimento de um maior sentimento nacionalista e católico, uma vez
que a repressão inglesa passou a estar associada à religião "protestante".

Oliver Cromwell

A INDEPENDÊNCIA

A repressão inglesa e o sentimento nacionalista foram responsáveis pela eclosão de uma Revolução em
1798, dirigida por uma sociedade secreta denominada Irlandeses Unidos.
Em 1829, um movimento nacionalista e popular conquistou alguns direitos políticos e civis para os
católicos, que poderiam ocupar a maior parte dos cargos públicos, apesar da manutenção do voto
censitário.
Entre 1847-48 o país foi assolado pela fome ( devido à praga na cultura de batata) e por uma epidemia de
tifo, responsáveis pela morte de aproximadamente 800.000 pessoas, cerca de 10% da populaçãp total do
País. Nas décadas seguintes a crise foi responsável pela grande imigração, principalmente para o norte
dos EUA.

Em 1905 foi fundado o Sinn Féin (nós sozinhos) importante movimento nacionalista que se propunha a
lutar pela soberania da Irlanda de forma legal e que, com grande apoio popular, elegeu em 1918 a maioria
dos deputados irlandeses ao Parlamento Britânico. Fortalecido, o Sinn Féin proclamou unilateralmente a
independência da Irlanda, provocando a reação inglesa e de grupos protestantes da região do Ulster
(norte). Depois de dois anos de conflitos, em 6 de dezembro de 1921, foi assinado um tratado pelo qual a
Irlanda ( com exceção do Ulster) tornou-se um Estado independente, porém considerado ainda como
domínio da coroa inglesa, integrando a commonwelth.
A independência completa foi obtida a partir da Constituição de 1937, quando a Irlanda passou a
denominar-se EIRE, desvinculando-se completamente da monarquia britânica; porém essa situação
somente foi reconhecida pela Inglaterra em 1949, que concedeu autonomia ao Ulster, que passou a
denominar-se Irlanda do Norte.

Muro de Belfast - Representação anti inglesa

"IRA"
Fundado em 1919, o IRA ( Irish Republican Army) passou a utilizar-se da guerrilha como forma de
eliminar o domínio inglês e obter a independência da Irlanda, e posteriormente, pretendendo a unificação
da Irlanda do Norte ao restante do país. Nas últimas três décadas as ações do IRA e dos grupos
paramilitares ‘protestantes" intensificaram suas ações e foram res[ponsáveis por vários atentados na
Irlanda do Norte, principalmente na capital, Belfast.

A ascensão do Partido Trabalhista ao poder em 1997, a criação do Euro e a "nova ordem mundial"
criaram novas condições de negociação política, tendo de um lado a Inglaterra uma nova preocupação,
em fortalecer-se dentro da Europa e a própria elite irlandesa católica, preocupada em aproveitar as novas
condições de desenvolvimento. A suspensão dos atentados por ambos os lados foi fundamental para que
as negociações pudessem existir, criando condições concretas para a pacificação da região.

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