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Índia após a independência

Índia é uma média potência que se está a tornar uma grande potência com uma localização
geoestratégica.
Após a Segunda Guerra Mundial, como consequência lógica da vitória da liberdade face à tirania,
espalha-se por todo o mundo colonizado um movimento de autodeterminação e libertação. Um
quinto do mundo é composto por povos subjugados a colonizadores europeus, nesta fase
profundamente enfraquecidos pela destruição da guerra. A Índia será a primeira colónia a obter a
independência, iniciando um processo de contestação contra os colonizadores, um pouco por toda
a parte.

Em 1947 a Índia torna-se independente em relação à Inglaterra - apesar de continuar a fazer parte
da Commonwealth - mas este processo de independência vai implicar, paralelamente, a
desagregação do Império Indiano, apesar das tentativas unificadoras de Gandhi e Nehru.
Assiste-se assim ao nascimento do Paquistão e da União Indiana. O Paquistão vai surgir
principalmente devido aos esforços de Ali Jinnah - líder da Liga Muçulmana, num território
maioritariamente povoado por seguidores do Islão. A cisão entre as duas nações vai provocar
conflitos e perseguições religiosas que levam à fuga de milhões de pessoas: 7 milhões de
muçulmanos partem da União Indiana rumo ao Paquistão, e 5 milhões de hindus e sikhs
percorrem o caminho oposto.

Após terem sido governados como uma só unidade durante quase um século, a Índia e o
Paquistão seguiram caminhos diferentes na sua consolidação enquanto Estados, após a
independência de 1947. A Índia abraçou um processo de governação democrático e tornou-se um
Estado secular. O Paquistão, por seu lado, assistiu à alternância entre governos civis e regimes
militares e, ao contrário da Índia, adoptou uma identidade islâmica.

Factores impulsionadores do restabelecimento da Índia

A história da República da Índia começa em 26 de janeiro de 1950. O país tornou-se uma nação
independente dentro da Comunidade Britânica em 15 de agosto de 1947. O líder do Congresso
Nacional Indiano, Jawaharlal Nehru, tornou-se o primeiro primeiro-ministro da Índia, mas o líder
mais associado à luta pela independência, Mahatma Gandhi, não aceitou nenhum cargo. A nova
constituição de 1950 tornou a Índia um país democrático.
A Constituição indiana, que data de 1950, é marcada pelo exemplo de Gandhi e proíbe qualquer
perseguição que se baseie na religião, raça ou casta de cada indivíduo, e neste âmbito projeta-se
um plano de empregos reservados e de facilidades de entrada na Universidade com o objetivo de
integrar na sociedade as castas mais desfavorecidas. Há também uma preocupação expressa de
atenuar as diferenças entre os sexos, através da atualização dos códigos de casamento e sucessão.
É desenvolvido um programa de reformas agrícolas com vista a aumentar a produtividade,
diminuir as diferenças sociais e abolir o antigo sistema em que o proprietário é também o coletor
de impostos.
Os frutos deste processo não vão corresponder exatamente às expectativas dos seus fundadores,
mantendo-se importantes fatores de subdesenvolvimento, que se traduzem numa enorme pressão
demográfica - que leva mesmo Indira Gandhi a lançar um extensivo programa de controlo de
natalidade, que se traduz em esterilizações massivas; no peso da ruralidade que ainda envolve a
grande maioria da população; numa enorme vulnerabilidade perante as secas e inundações
frequentes; nas condições de grande pobreza da população; numa administração muitas vezes
corrupta; e numa democracia inquinada por vários e fortes grupos de pressão.

A Lei de Reorganização dos Estados, sancionada em 1956, extinguiu os estados indianos criados
em 1947 e constituiu uma nova estrutura federativa, baseada em estados formados a partir de
critérios étnicos e linguísticos. A nação enfrentou a violência religiosa, o casteísmo, o naxalismo,
o terrorismo e as insurgências separatistas regionais, especialmente em Jammu, Caxemira.

Disputa pelo domínio da Caxemira


O continente abrange uma imensa diversidade cultural e religiosa. Neste palco de diversidades e
belezas, existe a região da Caxemira, compreendida entre montanhas, lagos e planícies. Porém,
esta região se tornou um palco de disputas étnico-religiosas, políticas e históricas que serviram
como razão para que os governos da Índia e Paquistão iniciassem um confronto armado devido
aos diversos problemas relacionados à descolonização britânica.

A rivalidade entre Índia e Paquistão pela Caxemira tem sua origem na década de 40 durante o
processo de independência da Índia, quando país deixou de ser colônia britânica. Para evitar
conflitos com a minoria muçulmana, o governo britânico resolveu criar um Estado para os fiéis
dessa religião. Desta maneira, nasceu o Paquistão Ocidental e o Paquistão Oriental, atualmente,
Bangladesh.
À região da Caxemira, os britânicos propuseram que se decidisse através de um referendo a qual
país gostariam de pertencer. O marajá que governava a província naquele momento, decidiu
integrar-se à Índia. Esta resolução desagradou aos muçulmanos locais que protestaram afirmando
que a maioria da população da região era de origem paquistanesa e, portanto, deveria pertencer ao
Paquistão.

Uma guerra não declarada entre os dois países se estendeu até 1949. A Índia perdeu parte do
território da Caxemira, que foi incorporado ao Paquistão com o nome de Azad Kashmir
(“Caxemira Livre”). Igualmente, ficou estabelecida a realização de um plebiscito, mas a Índia
não cumpriu esta decisão, pois considera que a região é sua e não é preciso fazer esta consulta à
população.

A luta pela posse dos recursos hídricos acaba por situar um hiato entre a motivação para o
conflito e a disponibilidade para a cooperação entre as partes. O rio Indo é responsável por irrigar
em quase na sua totalidade a área do Vale da Caxemira, devido ao seu percurso extenso, afluentes
e subafluentes que acabam por irrigar através de seis grandes rios uma área compreendida para
além do vale, adentrando em territórios vizinhos.
A religião é o reflexo da identidade dos povos na Caxemira, tanto para a minoria hindu quanto
para a maioria muçulmana.
O conflito da Caxemira é um confronto de religiões, uma batalha entre povos acima de qualquer
outra questão e por isto a ideologia Jihadista representa um instrumento de guerra na própria
guerra.

Economia indiana

O domínio da Companhia Britânica das Índias Orientais sobre o subcontinente indiano trouxe
grandes mudanças nas políticas tributária e agrária, que tenderam a promover o comércio
agrícola, causando a diminuição da plantação de gêneros alimentícios, o empobrecimento das
massas, a perda de terras pelos fazendeiros e escassez alimentar. A política econômica inglesa na
Índia causou um severo declínio no artesanato e no setor têxtil, devido à redução da demanda e
ao aumento do desemprego.
Após a remoção das restrições internacionais pelo ato de 1813, o comércio indiano expandiu-se
substancialmente. O resultado foi uma significativa transferência de capital da Índia para a
Inglaterra, que, devido à política colonial dos ingleses, levou a uma fuga maciça de receita ao
invés de qualquer esforço sistemático de modernização da economia nacional.

No entanto, no final do regime colonial, a Índia herdou uma economia que era uma das mais
pobres entre os países em desenvolvimento, com um crescimento industrial paralisado,
agricultura incapaz de alimentar uma população em rápido crescimento, uma força de trabalho
em larga escala iletrada e desqualificada e uma infraestrutura extremamente inadequada.

A corrida tecnológica e a comercialização da agricultura na segunda metade do século XIX foi


marcada por muitos contratempos econômicos, muitos pequenos produtores tornaram-se
dependentes de mercados distantes. Houve um aumento no número de grandes crises de fome e,
apesar dos riscos do desenvolvimento de uma infraestrutura suportada pelos contribuintes
indianos, pouco emprego industrial foi gerado para a população.

A sociedade indiana também é extremamente violenta, com fissuras internas profundas. Abriga
três grupos políticos violentos. Em primeiro lugar, os movimentos étnicos que prevalecem desde
a independência, em 1947, ao longo das periferias do país. Em segundo lugar, pelo menos desde
a década de 1960, os grupos de esquerda que operam em diferentes terrenos com maior ou menos
intensidade, impugnando tanto a persistência das estruturas feudais da terra como projetos de
desenvolvimento modernistas. Por último, grupos de direita surgidos desde 1980, resultantes do
deslocamento social e da desigualdade de renda que acompanha o projeto de modernização do
Estado – e que, em certa medida, são um fenômeno global. No entanto, o último tipo de fissura
violenta também pode ser atribuído à deliberada política do Paquistão.

Finalmente, na última década, o governo colocou em marcha uma política proativa para
restabelecer os laços dos migrantes indianos com o país. Essa iniciativa começou com a criação
de um Comitê de Alto Nível sobre a diáspora indiana que apresentou seu relatório em dezembro
de 2001

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