Você está na página 1de 4

SOBRE O CONFLITO:

A Guerra Civil Angolana foi um conflito armado interno, que começou em 1975 e
continuou até 2002. A guerra começou imediatamente após a Angola se tornar
independente de Portugal em novembro de 1975. O conflito foi uma luta de poder
entre dois ex-movimentos de guerrilha anticoloniais, o comunista Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a anticomunista União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA). A guerra foi usada como campo de batalha de
uma guerra por procurações da Guerra fria por Estados rivais como União
Soviética, Cuba, África do Sul e Estados unidos.

A guerra que durou 27 anos pode ser dividida aproximadamente em três períodos de
combates: 1975 a 1991, 1992 a 1994 e 1998 a 2002, com períodos de paz falsas.
Quando o MPLA alcançou a vitória em 2002, mais de 500 mil pessoas morreram e
mais de um milhão foram deslocadas internamente. A guerra devastou a
infraestrutura de Angola e danificou gravemente a administração pública, a economia
e as instituições religiosas do país.
A Guerra Civil Angolana foi à combinação da violência interna e o envolvimento
militar e político estrangeiro. A guerra é considerada um conflito por procuração da
Guerra Fria, já que a União Soviética e os Estados Unidos, com seus respectivos
aliados, prestaram assistência às facções opostas.
O conflito tornou-se entrelaçado com a Segunda Guerra do Congo, na
vizinha República Democrática do Congo, e a Guerra das Fronteiras na África do Sul.

ANTECEDENTES:

Os três movimentos rebeldes de Angola tinham suas raízes nos movimentos


anticoloniais da década de 1950.
O MPLA era principalmente um movimento urbano em Luanda(capital da Angola) e
arredores.
Era composto em grande parte por pessoas da etnia Ambunda(segundo maior grupo
étnico angolano e vivem no leste de Angola).
Em contraste, os outros dois principais movimentos anticoloniais, a FNLA e a UNITA,
eram grupos de base rural. A FNLA consistia em grande parte de Congos vindos do
norte de Angola. A UNITA, uma ramificação do FNLA, era composta principalmente por
pessoas da etnia ovimbunda(constituem 37% da população da Angola) do planalto
central angolano.
O MPLA e a UNITA tinham raízes diferentes na sociedade angolana e lideranças
mutuamente incompatíveis, apesar do objetivo comum de acabar com o domínio
colonial.
Um terceiro movimento, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), que lutou
contra o MPLA com a UNITA durante a guerra pela independência, não teve quase
nenhum papel na guerra civil.
Além disso, a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), uma associação de
grupos militantes separatistas, lutou pela independência da província angolana
de Cabinda.]

GRUPOS:

MPLA: Desde a sua formação na década de 1950, a principal base social do MPLA está
entre o povo ambundo e a intelligentsia(pessoas envolvidas em trabalhos
intelectuais na disseminação de cultura) multirracial de cidades
como Luanda, Benguela e Huambo. Durante sua luta anticolonial entre 1962 e 1974,
recebeu apoio de países comunistas.

UNITA: As principais bases sociais da UNITA eram os ovimbundos do centro de Angola,


que constituíam cerca de um terço da população do país, mas a organização também
tinha raízes entre vários povos menos numerosos do leste de Angola.
A UNITA foi fundada em 1966 por Jonas Savimbi, que até então era um líder
proeminente da FNLA.
Durante a guerra anticolonial, a UNITA recebeu algum apoio da República Popular da
China. Com o início da guerra civil, os Estados Unidos decidiram apoiar a UNITA e
aumentaram consideravelmente sua ajuda à UNITA nas décadas que se seguiram. No
entanto, no último período, o principal aliado da UNITA foi o regime
de apartheid da África do Sul

FNLA: A FNLA formou-se paralelamente ao MPLA e era inicialmente dedicada a


defender os interesses do povo Congo e apoiar a restauração do histórico Império
Congo.
No entanto, rapidamente se transformou em um movimento nacionalista, apoiado em
sua luta contra Portugal pelo governo de Mobutu Sese Seko no Zaire.
Durante o início dos anos 1960, a FNLA também foi apoiada pela República Popular
da China, mas quando a UNITA foi fundada em meados da década de 1960, a China
mudou seu apoio a esse novo movimento, porque a FNLA havia mostrado pouca
atividade real.
Os Estados Unidos se recusaram a apoiar a FNLA durante a guerra contra Portugal,
que era um aliado da OTAN nos EUA; no entanto, a FNLA recebeu ajuda dos EUA
durante a guerra civil.
RAÍZES DO CONFLITO:

Divisões étnicas: diversos povos foram empurrados e obrigados a saírem de seus locais
de origem

Colonialismo português: A presença portuguesa na costa Angola era extremamente


limitada, mas no século XIX começou avanços para o interior da Angola, seu objetivo
era estabelecer uma soberania e redes comerciais

Guerra colonial: Em 1961, a FNLA e o MPLA, com sede nos países vizinhos, iniciaram
uma campanha de guerrilha contra o domínio português em várias frentes.

A Guerra Colonial Portuguesa, que incluiu a Guerra da Independência Angolana, durou


até a derrubada do regime português em 1974, através de um golpe militar de
esquerda em Lisboa.

A maioria dos 500 mil angolanos étnicos portugueses fugiram do território durante as
semanas antes ou depois da guerra e Portugal deixou para trás um país recém-
independente, cuja população era composta principalmente pelos povos ambundos,
ovimbundos e congos.

Os portugueses que moravam em Angola representavam a maioria dos trabalhadores


qualificados na administração pública, agricultura e indústria, uma vez que estes
fugiram do país, a economia nacional começou a afundar.

CONSEQUENCIAS:

A guerra civil gerou uma crise humanitária desastrosa em Angola, deslocando


internamente 4,28 milhões de pessoas, que corresponde a um terço da população
total do país.
As Nações Unidas estimaram em 2003 que 80% dos angolanos não tinham acesso a
cuidados médicos básicos, 60% não tinham acesso à água e 30% das crianças
angolanas morriam antes dos cinco anos de idade, com uma expectativa de vida
nacional inferior a 40 anos de idade. Mais de 100 mil crianças foram separadas de suas
famílias.
Houve um êxodo das áreas rurais na maior parte do país. Grande parte da população
fugiu para países vizinhos, enquanto outros foram para áreas montanhosas remotas.
Mais de 156 pessoas morreram desde 2018 de 70 acidentes com minas terrestres e
outras explosões resultantes de explosivos instalados durante a guerra civil. As vítimas
de minas terrestres não recebem nenhum apoio do governo.

Você também pode gostar