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Independência, Guerra Civil e República

Ver também: Guerra Civil Angolana

Carro das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), o braço armado do MPLA,


em chamas após um confronto em Novo Redondo, em 1975, durante a Guerra Civil Angolana

Tanque PT-76 nas ruas de Luanda durante a intervenção cubana em Angola

Com a independência de Angola começaram dois processos que se condicionaram


mutuamente. Por um lado, o MPLA — que em 1977 adoptou o marxismo-leninismo como
doutrina — estabeleceu um regime político e económico inspirado pelo modelo então em
vigor nos países do "bloco socialista", portanto monopartidário e baseado numa economia
estatal, de planificação central. [33] Enquanto a componente política deste regime chegou a
funcionar dentro dos moldes postulados, embora com um rigor algo menor do que em
certos países "socialistas" da Europa. A componente económica foi fortemente prejudicada
pela luta armada e, no fundo, só se sustentou graças ao petróleo cuja exploração o regime
confiou a companhias petrolíferas americanas.
Por outro lado, iniciou-se logo depois da declaração da independência a Guerra Civil
Angolana entre os três movimentos, uma vez que a FNLA e, sobretudo, a UNITA não se
conformaram nem com a sua derrota militar, nem com a sua exclusão do sistema político.
Esta guerra durou até 2002 e terminou com a morte, em combate, do líder histórico da
UNITA, Jonas Savimbi. Assumindo raramente o carácter de uma guerra "regular", ela
consistiu no essencial numa guerra de guerrilha que nos anos 1990 envolveu praticamente
o país inteiro.[nota 10] Ela custou milhares de mortos e feridos e destruições de vulto em
aldeias, cidades e infraestruturas (estradas, caminhos de ferro, pontes). Uma parte
considerável da população rural, especialmente a do Planalto Central e de algumas
regiões do Leste, fugiu para as cidades ou para outras regiões, inclusive países vizinhos.
No fim dos anos 1990, o MPLA decidiu abandonar a doutrina marxista-leninista e mudar o
regime para um sistema de democracia multipartidária e uma economia de mercado.
UNITA e FNLA aceitaram participar no regime novo e concorreram às primeiras eleições
realizadas em Angola, em 1992, das quais o MPLA saiu como vencedor. Não aceitando os
resultados destas eleições, a UNITA retomou de imediato a guerra, mas participou ao
mesmo tempo no sistema político.
Logo a seguir a morte do seu líder histórico, a UNITA abandonou as armas e seu braço
armado — as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA) — foi desmobilizado ou
integrado nas Forças Armadas Angolanas. Tal como a FNLA, passou a concentrar-se na
participação, como partido, no parlamento e outras instâncias políticas. Na situação de
paz, depois de quatro décadas de conflito armado, começou a reconstrução do país e,
graças a um notável crescimento da economia, um desenvolvimento globalmente bastante
acentuado, mas por enquanto com fortes disparidades regionais e desigualdades sociais.
A paz está também a favorecer a consolidação de uma identidade social abrangente,
"nacional", que começou a formar-se paulatinamente a partir dos anos 1950.
Politicamente, continua a ter um forte predomínio do MPLA, que obteve claras maiorias
parlamentares nas eleições realizadas em 1992, 2008 e 2012, garantindo a permanência
nas funções de Presidente do Estado, entre 1979 e 2017, de José Eduardo dos Santos.
Enquanto a FNLA desapareceu praticamente da cena, a UNITA consolidou, nas eleições
de 2012, a sua posição como principal partido de oposição. A nível económico, Angola
registou por um lado um forte crescimento, enfrentando, por outro lado, dificuldades que a
obrigaram a solicitar o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), não conseguindo
travar o surgimento de desigualdades económicas e sociais muito acentuadas. [34]

Geografia

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