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A China na Guerra
A Guerra Civil Angolana foi um conflito que se deu entre os anos de 1975 até
2002, e cuja motivação foram desavenças entre dois partidos anticoloniais: a UNITA
(União Nacional para a Independência Total de Angola), de espectro de direita, e o
MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), com cunho de esquerda. No
entanto, é importante destacar que esse confronto não se deu apenas por razões
relacionadas à dinâmicas internas do território angolano, mas funcionou como uma
“guerra por procuração”, dentro do contexto da Guerra Fria, de modo que Estados
Unidos apoiou a UNITA, enquanto a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
auxiliou o MPLA. Assim, a Guerra Civil de Angola se destaca por ser um embate
com uma alta participação de Estados estrangeiros, aliados a um dos dois pólos, e,
entre os países envolvidos a presença da República Popular da China foi
imprescindível para a determinação dos rumos desse conflito, que culminou na
vitória do MPLA.
Contudo, antes de se adentrar propriamente nas ações que a China
desempenhou no confronto, é interessante situar a posição na qual o país se
encontrava naquela época, com a intenção de melhor compreender seu papel dentro
do Sistema Internacional, e também possibilitar um maior entendimento quanto às
suas intenções na guerra. Portanto, deve-se levar em consideração que, durante o
século XX, a RPC passava por um momento de grande crescimento econômico, o
que o que possibilitou uma expansão de seu mercado consumidor, levando o país a
buscar novas fontes de recursos primários, dentre as quais, o continente africano se
apresentou como um espaço estratégico para a geopolítica chinesa. Em razão disso,
é plausível afirmar que houve uma maior aproximação entre Angola e China, de
forma que seu relacionamento evoluiu para uma cooperação bilateral após o período
da independência angolana. Entre as características principais dessa relação,
destaca-se o intercâmbio cultural, através do qual a nação asiática pretendia
expandir seu domínio- vale lembrar que, nesse momento, a China procurava
aumentar sua projeção internacional-, porém essa interação não se apresentou de
forma tão marcante devido a uma certa resistência por parte do governo africano.
Além disso, ressalta-se a questão do investimento chinês, utilizado na infraestrutura
angolana em troca de petróleo, como outro importante fator presente nesse
relacionamento.
No contexto da Guerra, a China, a princípio, ficou ao lado da FNLA, um grupo
paralelo ao MPLA que pretendia assegurar os direitos do Congo e garantir a
restauração de seu antigo império. Porém, devido a pouca concretude de suas
ações, a República Popular da China logo passou a ajudar financeira e militarmente
a UNITA, mesmo com a tendência pró-ocidental do partido e do apoio de seu
adversário na África do Sul. O auxílio chinês foi visto com desagrado pela URSS,
que abertamente sustentava o MPLA, enquanto os EUA haviam elegido a UNITA
como sua representante no confronto. Esse ato serviu para aprofundar as
divergências entre China e URSS, que já vinham sendo cada vez mais conturbadas
desde a morte de Stálin, em 1953.
O fim da Guerra se deu em 2002, marcada pela vitória do MPLA sobre a
UNITA. Mesmo assim, a relação sino- angolana conseguiu prevalecer, visto os
investimentos que a RPC empreendeu, e continua a empreender, na região.
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