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V. 2, n.

4 - Agosto de 2015

CONGO: DESORDEM,
INTERESSES E CONFLITO1
Renato Henrique Valenzola2

INTRODUÇÃO das relações estabelecidas entre a assinatura do Tratado de Ber-


grupos com distintos interesses. lim, de 1885, o qual dividiu as
A República Democrática do fronteiras africanas, positivando a
Congo (RDC) é um dos países A existência de valiosos recur- exploração do território pelas po-
africanos incluídos dentro de sos naturais no território foi, no tências europeias.
um contexto de desordem social passado, o principal motivo da
motivada pela suplantação dos colonização e segue, hoje, sendo De forma geral, a RDC não foi o
regimes de imperialismo tardio, um fator de interesse de diversas país que mais sofreu com as rea-
anteriores à Primeira Guerra instituições, inclusive estrangei- locações dos povos em frontei-
Mundial, por governos autori- ras. Tal interesse é crucial para a ras artificiais naquele momen-
tários apoiados pelas potências não dispersão do ambiente con- to. Contudo, a consolidação do
que bipartiam o mundo durante flituoso, uma vez que com a ins- amalgama social se tornaria mui-
a Guerra Fria. tabilidade governamental, torna- to complicada após a intensifica-
se mais simples o gerenciamento ção dos fluxos de refugiados que
O país, dentro de seu processo de paralelo de tais recursos, em que buscavam território com melhor
formação histórica, foi marcado, instituições de diversas naturezas perspectiva econômica, dada a di-
como também aconteceu com podem agir com maior liberdade. ficuldade de permanência em seus
muitos de seus vizinhos, pela respectivos territórios nacionais,
grande contradição de não pos- HISTÓRICO E PERSPECTIVA por questões de segurança. Um
suir perspectiva de construção de DOS ACONTECIMENTOS exemplo claro disso foi o grande
uma ordem nacional pensada de fluxo de ruandeses que migraram
dentro para fora. Na ausência de Dentro do contexto do imperia- para a RDC após a ocorrência do
um projeto nacional de Estado, lismo europeu sobre a África no genocídio naquele país em 1994.3
isto é, em razão da população ali período que precedeu a Primeira
presente não constituir uma na- Guerra Mundial, o território que A RDC se tornou independente
ção em si, mas povos aglomerados hoje corresponde à República De- em 1960, no contexto da Guer-
sem um sentimento de comunida- mocrática do Congo foi colônia ra Fria, quando tomou partido
de, hoje ainda verificamos desdo- belga de exploração desde 1878. pela influência estadunidense.
bramentos conflituosos derivados Fato importante deste período foi Da mesma forma como ocorreu

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Série Conflitos Internacionais

na América Latina e em outros

Don-kun;Uwe Dedering/CC
países africanos, os Estados Uni-
dos financiaram a manutenção
de um governo autocrático na
RDC alinhado com suas perspec-
tivas hegemônicas. Resultou des-
ta conjuntura o longo período do
governo de Joseph-Desiré Mobu-
tu, que durou de 1965 até 1997.

O governo de Mobutu foi marca-


do pela utilização da máquina pú-
blica em benefício de uma elite,
da mesma forma que ocorreu em
outros países do norte do conti-
nente até a Primavera Árabe, sem
questionamento externo porque
esses governos não eram preo-
cupações aos interesses estaduni-
denses. Fato importante no que
toca à RDC é que sua riqueza na-
tural motivou o interesse dos vi-
zinhos e de organizações não es- Ofensiva da AFDL na Primeira Guerra do Congo

tatais que passaram a existir num


contexto de contestação ao mono-
pólio estatal dos bens do país.4 tornou presidente e tentou livrar te o conflito, Laurent Kabila, se
o país dos interesses dos vizinhos tornaria presidente provisório até
O fim do governo de Mobutu que haviam apoiado sua chegada 2006, governando com quatro vi-
ocorreu num momento em que ao poder. ce-presidentes, os quais eram re-
tais organizações instituídas na presentantes de diversos interes-
forma de milícias passam a con- Com isso, Ruanda, Uganda e Bu- ses: um da oposição política, um
testar o poder central do pre- rundi passaram a apoiar outras da sociedade civil, um da milícia
sidente com o financiamento e milícias envolvidas no conflito, Movimento pela Libertação do
apoio material de países vizinhos enquanto Zimbábue, Angola, Congo (MLC), apoiada por Ugan-
como Ruanda e Uganda. Mais Namíbia e Chade tomaram par- da, e um da milícia União Con-
que isso, a questão da convivên- tido no conflito apoiando Kabi- golesa pela Democracia (RCD),
cia entre os refugiados no país la. Por esse envolvimento, a Se- apoiada por Ruanda.
passou a refletir os conflitos que gunda Guerra do Congo também
os motivavam em suas nações foi chamada de Guerra Mundial A maneira com que a RDC saiu de
originais, formando um cenário Africana. um contexto de exploração colo-
insustentável. nial e progrediu historicamente
A guerra aberta e declarada teve no sentido da disputa por interes-
Entre 1996 e 2003 aconteceram a fim com a assinatura do Global ses sem que houvesse uma inicia-
Primeira e a Segunda Guerra do and All Inclusive Agreement tiva estatal do ponto de vista da
Congo. Nelas ficou evidente a im- (AGI), em 2003, após anos de construção de uma organização
portância que a organização dos combate armado e a multipli- política concreta e que privile-
interesses diversos em milícias cação do número, da força e da giasse a nação de forma geral, e
desempenharia para o futuro do representatividade das milícias não grupos determinados, resul-
país. Durante esse período Jose- dentro da RCD. O acordo deter- tou em um Estado fraco, incapaz
ph-Desiré Kabila, líder da princi- minou que o filho do ex-presi- de lidar com as diferentes deman-
pal milícia opositora à Mobutu se dente Kabila, assassinado duran- das sociais e políticas.

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Basicamente, na falta de um in-

MONUSCO/Abel Kavanagh
termediador reconhecidamente
legítimo, as partes se sentiriam
capazes de buscar seus interesses
por seus próprios meios. O pro-
blema maior é que os meios pe-
los quais as milícias atuam fazem
com que os civis acabem sendo os
maiores afetados pelo conflito.

Nos anos que sucederam o gover-


no provisório de Laurent Kabila,
acordado pelo AGI, não conse-
guiu dar passos significativos no
estabelecimento da ordem neces-
sária ao Estado congolês de forma
a implementar os direitos básicos Monitoramento de atividades do vulcão no Mount Nyamulagira - Norte Kivu
no cotidiano de seus cidadãos.

A ONU passou a intervir na RDC


com a Resolução 1279 do Conse- ria recente do conflito. Esta Mis- recorrente uso de violência con-
lho de Segurança da Organização são é a maior entre as estabeleci- tra civis e a incapacidade de o
das Nações Unidas (ONU), de 30 das pela ONU atualmente, além Estado congolês de utilizar suas
de novembro de 1999.5 Essa reso- de receber permissão para reali- forças armadas para proteger seus
lução criou a Missão das Nações zar operações ofensivas contra al- cidadãos. Tal incapacidade se
Unidas no Congo (MONUC) com guma parte envolvida no conflito, desdobra, também, de uma parti-
a intenção de monitorar manu- abrindo discussões sobre o princí- cularidade do conflito, a qual se
tenção da paz na região em meio pio da imparcialidade que marca refere ao fato de antigos milicia-
à Segunda Guerra do Congo. Pos- as missões da ONU. nos comporem as forças armadas
teriormente, diversas resoluções estatais, as quais, mal treinadas,
foram aprovadas pelo Conselho A alegação do Conselho de Segu- passam a utilizar das mesmas tá-
de Segurança no sentido de am- rança para permitir tal mudança ticas dos milicianos e também
pliar o mandato e o contingente de postura foi o fato de o conflito cometem atos de violência contra
da Missão. ter como característica própria o os civis.

Em 2010, a MONUC foi substi-


tuída pela Missão de Estabilização
MONUSCO

da Organização das Nações Uni-


das no Congo (MONUSCO), por
força da Resolução 1925, de 28 de
maio, do Conselho de Segurança,
com o fim de intensificar a prote-
ção aos civis, dada a continuidade
de ações beligerantes pelas milí-
cias mesmo com anos passados do
final da guerra civil declarada, e
progredir no sentido da recons-
trução da ordem política no país.6

A atuação da MONUSCO é de
grande importância para a histó- Forças da MONUSCO na última linha de defesa próximo de Goma

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Neste sentido, o histórico recen- ambas eram milícias de motiva- nós também vamos atacá-los...
te do conflito centra-se na luta ções díspares e que a somatória Nós vamos acertá-los forte”.9
do governo de Kabila contra as de forças com uma delas poderia
milícias que configuram um po- gerar benefício mútuo. Dos combatentes que restaram
der paralelo dentro do território no CNDP e que não foram incor-
congolês. Depois de sua eleição Como resultado, as FDLR passa- porados nas forças armadas, sur-
definitiva, em 2006, o presidente ram a intensificar o uso da vio- giu um novo movimento contra
tem como adversários duas prin- lência contra civis como forma de o próprio governo de Kabila em
cipais milícias que se sobressaem punir o governo por ter escolhido 2012. A insurgência chamada de
entre outras de menor expressão: ficar contra elas. Por outro lado, os M23 se rebelou devido ao não
o Congresso Nacional pela Defesa membros do CNDP que se incor- cumprimento de todas as propos-
do Povo (CNDP), uma dissidência poraram às forças armadas congo- tas realizadas pelo governo em 23
de maioria tutsi da RCD, e as For- lesas continuaram a agir segundo de março de 2009 que iam no sen-
ças Armadas pela Libertação de suas táticas de milícia, isto é, não tido de empoderar e incorporar
Ruanda (FDLR), de maioria hutu.7 cessando a violência contra civis em plenitude o CNDP ao aparato
quando em combate, resultando estatal congolês.10
Os primeiros movimentos de Ka- em um prejuízo ainda maior para
bila no combate foram no sentido a população congolesa. O movimento cresceu rapida-
de incorporar membros do CNDP mente, incorporando outras milí-
às forças armadas da RDC, pen- Um bilhete deixado pelas FDLR cias menores que se sentiam igno-
sando que ao mesmo tempo em depois de um ataque a civis que radas pelo governo, e logo passou
que eles serviriam de contingente deixou diversos mortos dizia: a representar uma ameaça em po-
na luta contra as FDLR, diminuir- “População Congolesa e FARDC8, tencial. O Conselho de Segurança
se-ia o poder do próprio CNDP. desde que vocês decidiram que é aprovou a Resolução 2098, em 28
Isso partindo do pressuposto que bom nos expulsar de nosso lugar, de março de 2013, criando dentro
MONUSCO

Patrulha conjunta da MONUSCO e FARDC no Lago Tanganyika no leste da RDC


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da MONUSCO uma brigada mul- ADF composta por muçulmanos Eleições também foram marca-
tinacional, com o objetivo central e o LRA formado por católicos. das e as resoluções apontam que
de desmobilizar o M23. Com isso, Ataques a escolas e hospitais, prá- o pessoal da MONUSCO terá a
a missão passou de uma condição ticas de tortura e violência sexual função de auxiliar na realização
de neutralidade à tomada de par- e conversão religiosa forçada são da mesma. Com as eleições mar-
tido e ataque armado a uma das corriqueiras no conflito.13 cadas para novembro de 2016, há
partes envolvidas no conflito. No a indicação de que a MONUS-
dia 8 de novembro daquele ano, Nos últimos anos um grupo de CO se fará presente para além da
o M23 abriu mão da luta armada, experts vem monitorando, den- data estipulada para seu mandato
afirmando passar a existir somen- tro da MONUSCO, a dinâmica atual, uma vez que a organização
te como oposição política.11 do conflito e sugerindo medidas a de eleições configura um passo
serem implementadas pelo Con- importante na manutenção da
Ainda assim, o ambiente confli- selho de Segurança, num meca- paz através das vias democráticas
tuoso na RDC continua ativo. A nismo semelhante ao que diversas sempre ressaltadas pela ONU.17
desmobilização do M23 confi- Organizações Não Governamen-
gurou uma vitória parcial, mas a tais (ONGs) de Direitos Humanos Dados importantes que figuram
quantidade de milícias ativas no praticam, mas com um grau maior nestas resoluções são relativos à
território e o poder paralelo que de legitimidade e resultado, dado manutenção da brigada criada
elas representam não se configu- sua conexão direta com o Conse- para se opor às milícias na RDC,
ram somente uma ameaça políti- lho de Segurança. mesmo com a desmobilização
ca, mas uma ameaça cotidiana aos armada do M23. Determinam
civis que seguem sendo alvo da As resoluções 2198, de 2015, con- que a MONUSCO deve “neutra-
violência das mesmas. sideraram os informes deste gru- lizar grupos armados através da
po para determinar em que medi- brigada de intervenção”18, isto é,
De 2014 até a presente data, são da continuará com suas ações de ampliando seu escopo de atuação
três as instituições que se apre- proteção à paz e ataque a milicia- para todas as milícias que amea-
sentam como maiores causas dos nos no território congolês.14 çam a paz no país, com foco es-
problemas de Kabila na centrali- pecial para as três milícias apon-
zação da regulação das atividades Desta forma, aponta-se que o em- tadas anteriormente, diretamente
sociais na RDC. A primeira delas bargo de armas determinado em citadas na resolução.
são as FDLR, que durante os anos, 2008 pelo Conselho permanecerá
a pesar de serem alvo seguido das vigente até 1 de julho de 2016 a Outros dados de relevância reti-
ações estatais e da ONU na busca ser monitorado pela MONUSCO. rados da maioria das resoluções
de sua desmobilização, apresen- Até esta data também vigorarão do Conselho de Segurança da
tou uma capacidade assustadora os trabalhos a serem realizados ONU aprovadas nos últimos anos,
de regeneração e continuidade pelo grupo de experts, visando possibilitam que se levante alguns
operativa. As outras duas são pro- monitorar o desenvolvimento do pontos centrais de preocupação
venientes de Uganda: as Forças conflito.15 no desenrolar do conflito.
Democráticas Aliadas (ADF) e
o Exército de Resistência do Se- Foi estabelecida a data provisó- O primeiro seria a preocupação
nhor (LRA).12 ria de 31 de março de 2016 para com o envio dos prisioneiros e
o término das ações da MONUS- dos voluntários que se encontram
Analogamente ao conflito exis- CO. Uma resolução futura indi- na área de conflito, mas que são
tente entre tutsis e hutus que cará a data de encerramento, mas naturais de outros países. Na RDC
motivou o enfrentamento en- desde este momento, se iniciou muitos dos integrantes das milí-
tre o CNDP e as FDLR na RDC, a redução do efetivo em dois mil cias são naturais ou tem alguma
a oposição entre muçulmanos e homens, para um total de 19815 ligação com os países vizinhos
católicos dentro de Uganda, tam- militares combatentes, 760 ob- principalmente da fronteira les-
bém encontra reflexos na órbita servadores militares, 391 policiais te da RDC, com foco em Ruanda
do conflito armado entre as ins- e 1050 em unidades de polícia e Uganda. Há uma preocupação
tituições citadas acima, sendo as formada.16 muito grande com o envio desse

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Série Conflitos Internacionais

é o valor dos recursos naturais


L. Rose

na RDC e em que medida eles


devem ser propriamente admi-
nistrados pelo governo. Com a
situação encontrada hoje com
as milícias controlando parte
deles, estas manterão a capaci-
dade de continuar existindo, da
mesma forma que o interesse de
novos sujeitos nesses recursos,
acaba renovando a lógica do
conflito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, são dois os princi-


pais motivos para o conflito ar-
Crianças soldados mado na RDC iniciado em 1996
ainda não ter encontrado um fim.

Por um lado temos o Estado que


pessoal a seus países natais para res e das crianças envolvidas no não exerce suas funções corre-
o apaziguamento do ambiente conflito. De um lado, mulheres tamente e que historicamente
belicoso, principalmente, de- são estupradas e violentamente serviu como meio para o benefi-
pois do episódio de 2013, com a mortas e de outro, crianças que ciamento de algum grupo espe-
desmobilização do M23. não tem a força necessária para cífico. Primeiramente os belgas,
sustentar uma arma de fogo são depois a oligarquia que apoiava
Outra preocupação latente é brutalmente incorporadas ao Mobutu e, em seguida, as milí-
com a impunidade que vigo- conflito pelo recrutamento das cias que, percebendo a fragili-
ra na RDC, uma vez que parte milícias. A ONG Human Rights dade desta estrutura, passaram a
dos criminosos que cometem Watch apresentou o relato de coexistir com a instituição esta-
atos de violência contra civis uma família atacada pelas forças tal, primeiro tentando suplanta
não são julgados por falhas do armadas congolesas: -la, posteriormente percebendo
sistema jurídico, porque não há que isso não era necessário para
aparato coercitivo estatal capaz Eu estava em minha casa quan- que pudessem estabelecer domí-
de prendê-los ou porque muitas do os soldados vieram. Tinham nio sob uma determinada área.
armas e eu não sabia o que O governo congolês atualmen-
vezes, são milicianos incorpora- fazer. Eles chamaram meu
dos ao exército. marido e lhe pediram $ 500.
te é limitado, incapaz de tomar
Disseram que o matariam se medidas eficazes que melhorem
Terceiro, o perigo que represen- ele não lhes desse isso. Nós só a situação no país. Não parece
tínhamos $ 200, então demos. que o Estado não queira a paz,
ta a ligação íntima das milícias
Eles disseram que não era su-
com o governo congolês. Ao mas há a sensação que suas insti-
ficiente, então um deles disse
serem incorporadas às forças que eu era bonita e ele não po- tuições são incapazes alcança-la.
armadas e, portanto, poderem deria sair dali sem me estuprar. Se para se tornar independente
legalmente utilizarem da força Quando meu marido implorou foi necessária a ajuda estaduni-
para ele, o soldado atirou em dense e para retirar a ditadura
para combater em prol do Esta-
meu marido e a mesma bala
do, usurpam desta situação para acertou meu filho mais velho.
que se implantou foi necessária
cometerem atos ilícitos sob a di- Ambos morreram. Então ele a ajuda dos vizinhos, atualmen-
nâmica de impunidade já citada. me estuprou.19 te, para diminuir o poder das
Relativo a este ciclo, sempre é milícias, a força da MONUSCO
lembrada a situação das mulhe- Por fim, outro ponto lembrado vem sendo utilizada. A questão
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que fica é se o Estado terá a capa- cíficos se beneficiem de tais re- para fins particulares, pensando
cidade de se auto-sustentar quan- cursos. Haveria uma saída para no seu gerenciamento a partir
do a MONUSCO se retirar. isso? Talvez o empoderamento do interesse da nação. E para isso
do Estado, de modo que consiga tem-se que construir a nação, ou
Enquanto houver interesses administrar os recursos em prol seja, a violência armada pode até
alheios nos recursos naturais do da sociedade. Mas para que isso cessar, mas suas causas são mais
país haverá ações que incitam a ocorra é necessário que se mude a profundas e levarão mais tempo
desordem para que grupos espe- lógica de apropriação dos mesmos para serem sanadas.

1
Texto preparado a partir de Iniciação Científica financiada pela FAPESP. 9
HRW, op. cit., p. 54, tradução nossa.

2
Renato Henrique Valenzola Discente do Curso de Relações 10
RIFT VALLEY INSTITUTE. Op. cit.
Internacionais da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da UNESP
– Campus de Marília e membro do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre 11
RFI. Movimento M23 anuncia fim da rebelião na República Democrática do
Conflitos Internacionais (GEPCI). Congo. França, 05 nov. 2013. Disponível em: <http://www.portugues.rfi.fr/
mundo/20131105movimento-m23-anuncia-fim-da-rebeliao-na-republica-
3
HRW - HUMAN RIGHTS WATCH. “You Will Be Punished”: Attacks on democratica-do-congo>. Acesso em: 18 jan. 2015.
Civilians in Eastern Congo. New York: HRW, 2009.
12
ONU. Informe final ao Conselho de Segurança 2015/19. Nova Iorque: 2015
4
RIFT VALLEY INSTITUTE. From CNDP to M23: The evolution of an armed
movement in eastern Congo. Londres: 2012.
13
Ibidem.

5
ONU - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução do Conselho de
14
ONU. Resolução do Conselho de Segurança 2211. Nova Iorque: 2015.
Segurança 1279. Nova Iorque: 1999.
15
ONU. Resolução do Conselho de Segurança 2198. Nova Iorque: 2015.
6
ONU. Resolução do Conselho de Segurança 1925. Nova Iorque: 2010.
16
ONU. Resolução do Conselho de Segurança 2211. Nova Iorque: 2015.
7
HRW. Op. cit.
17
Ibidem.
8
FARDC é a abreviação para Forças Armadas das República Democrática do
Congo.
18
Ibidem, p. 6, tradução nossa.

19
HRW. Op. cit., p. 67, tradução nossa.

Série Conflitos Internacionais é editada pelo Série Conflitos Internacionais mais recentes:
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