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A entrada da década de 70, a região Austral do continente africano estava dividida em dois grupos
de países: o grupo de países independentes (Botswana, Tanzânia e Zâmbia) e o grupo de países que
lutavam pela libertação dos regimes que ocupavam ilegalmente os seus territórios: moçambique,
angola, Zimbabwé, Namíbia e África do sul.
As lutas pela libertação dos três países da África Austral em estudo desenvolveu-se com o objectivo
de libertar as colónias portuguesa de Angola e Moçambique e de regularizar a situação política
implantada na Rodésia do sul (Zimbabwé).
Numa comunicação à Nação no limiar da independência de Angola, Agostinho Neto (1922 – 1979),
afirmou: «... no Zimbabwé, na Namíbia e na África do Sul está a continuação da nossa luta...».
Pela sua localização geográfica, Moçambique apoiou de forma directa e sem reservas as lutas dos
povos zimbabweano e sul-africano, enquanto que Angola apoiou a luta da Namíbia de forma directa
e indirecta, da África do sul e do Zimbabwé, os dois países livres serviram de retaguarda para as
forças nacionalistas, e ao mesmo tempo foram vítimas de agressões das forças anti-nacionalistas.
1.2 A INGERÊNCIA SUL AFRICANA NOS PROCESSOS POLÍTICOS DA REGIÃO -
SUAS CONSEQUÊNCIAS
A partir dos finais dos anos 70 do século XX, assiste-se com grande intensidade a invasão dos
territórios de Angola, Zâmbia e de Moçambique por parte das forças de elite sul africanas.
As ofensivas sul-africanas aos territórios vizinhos tinham por objectivo conter as ofensivas das
forças nacionalistas do Sudoeste Africano(Namíbia) e da África do Sul, nomeadamente a Swapo
(braço armado da Namíbia) e o ANC (braço armado da África da África do Sul, apoiados por
Angola e pela maioria dos países da África Austral, pertencentes à organização da Linha da Frente.
A África do Sul desenvolveu inúmeras acções de desestabilização contra os países da região, com a
cumplicidade e apoio de países ocidentais, com particular destaque os EUA...
O regime de apartheid criou unidades militares especificamente para desestabilizar países vizinhos,
como foram os casos do Batalhão Bufalo, também conhecido 32º Batalhão, os Comandos de
Reconhecimento, o Destacamento Especial Sul Africano, o 44º Batalhão de Para-quedistas e os
Cofutes (tropas de origem Namibiana - dócil ao regime do apartheid).
Na década de 80, as tropas Sul-Africanas ocuparam um vasto território nas províncias do Cunene e
do Kwando Kubango, com o objectivo de manter os países da região, particularmente Angola, sob
continua pressão militar, no sentido do então governo da república popular de Angola ceder,
permitindo a retirada das tropas Cubanas que lado a lado com as forças armadas populares de
angolanas (FAPLA), combatiam as forças Sul Africanas...
A Linha da Frente, tinha por objectivo a libertação total dos povos e territórios oprimidos e
sob dominação política, económica e social na África Austral.
A independência do Zimbabwe foi sem dúvidas uma vitória do movimento da Linha da Frente.
A 17 de Dezembro de 1920, o Conselho da Sociedade Das Nações (SDN) ao abrigo do artigo 22º
do Tratado de Versalhes (1919), concedeu a Namíbia à África do Sul para a administrar como parte
integrante do seu território. A cedência do território ocorreu na sequência da derrota da Alemanha
na Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) - A Alemanha perdeu todas as sua possessões coloniais e
passou em regime de mandato ao Reino Unido para ser administrado pela sua ex-colónia do Cabo.
A Organização da s Nações Unidas (ONU) substituta da SDN na sua resolução 269 do Conselho de
Segurança de 12 de Agosto de 1969 decretou o fim do mandato da África do Sul sobre o território,
ao mesmo tempo que reconheceu a legitimidade da luta pela libertação da Namíbia, levada a cabo
pela Organização dos Povos do Sudoeste Africano (SWAPO) desde 26 de Agosto de 1966.
Angola ajudou politicamente, assim como militarmente a Namíbia. Neste contexto a África do
Sul atacava e ocupava militarmente regiões do sul de Angola, alegando perseguição às forças
da Swapo (braço armado para libertação da Namíbia), que tinham bases em Angola e também
treinados por angolanos.
O processo para independência da Namíbia teve contornos difíceis que levou à confrontações
direitas de forças regulares da África do Sul, que combatiam as forças armadas angolanas (Fapla),
que se batiam lado à lado com as forças armadas cubanas, que ajudavam o Governo e o Estado
angolanos a defenderem-se da invasão estrangeira.
Perante este embrolhaço, as Nações Unidas empenhavam-se na busca de uma solução pacífica
que pudesse pôr fim os confrontos na África Austral, assim como levar a Namíbia à
independência.
Depois de várias sessões de negociação, na sede das Nações Unidas, a África do Sul concordaria
conceder à independência da Namíbia e a retirada de suas forças militares do território angolano e
em contra partida, Angola aceitava a retirada faseada das forças militares cubanas que apoiavam as
forças angolanas.
Foi neste sentido que se confirmava a assinatura dos ACORDOS DE NOVA IORQUE à 22 de
Dezembro de 1988 que punha fim em parte a instabilidade na África Austral e começava o
Processo de Descolonização da Namíbia.
Depois de um longo período, sob dominação do regime de Apartheid, e com maior incidência na 2ª
metade do século XX, os Nacionalistas Sul africanos e todos Sul Africanos amantes da Paz, da
Democracia, da Integração entre os Povos e do Progresso, moveram uma Luta de Resistência contra
a minoria Branca que Governava à África do Sul e mantinha os seus concidadãos negros e não só,
sob opressão.
Os Países da região da África Austral integrados no Movimento PLF (Países da Linha da Frente), e
mais tarde na SADCC, desenvolveram esforços no sentido de pôr fim o Apartheid e a
implementação de um Regime Multirracial e Democrático na África do Sul.
Após uma longa e decisiva caminhada, a África do Sul entrava a partir de 1990 num Processo de
Transição e de seguida as Primeiras Eleições Multirraciais e Democráticas, que tiveram lugar à 27
de Abril de 1994 e elegia Nelson Mandela, como o primeiro 1º presidente negro da história da
África do Sul.
Com a queda do Apartheid na África do Sul, estavam assim, coroados de êxitos os esforços e
empenho dos países da sub - região da África Austral, assim como da comunidade internacional que
sempre condenaram o regime hediondo do apartheid...
2 -ANGOLA, DE 1975 À ACTUALIDADE
2.1 A REPÚBLICA POPULAR DE ANGOLA
A República popular de Angola é, pela sua história e geografia, um país da África Austral situado
nos hemisférios Sul e Este. As suas coordenadas geográficas são: 12º 30’ Sul e 18º 30’ Este. É
limitada a Norte pela República do Congo (brazzaville) e pela República Democrática do Congo e a
Este pela Zâmbia; a Sul pela República da Namíbia e a Oeste pelo Oceano Atlântico. Com uma
superfície global de 1.246.700 km2 a República popular de Angola é um Estado que lutou
arduamente pela sua autodeterminação, tendo-se tornado independente da colonização portuguesa e
um país soberano a 11 de Novembro de 1975. O português é a sua língua oficial.
A capital de Angola é Luanda, fundada em 1575, devido à sua localização na zona de transição
entre a África Central, e Austral, no país predominam climas quentes e três tipos: tropical húmido,
na maior parte do país, sobretudo no interior; tropical seco no litoral ao Sul do N’zetu e desértico
quente no Sudoeste do país. Angola é um país muito rico em minerais e em recursos hídricos.
Portugal voltou a ser um país Democrático, abrindo caminho para o início do processo de
Descolonização de Angola e a criação de condições para o Debate.
Em 27 Julho de 1974, na Conferência de Lusaka (lei 7/74), e em Agosto do mesmo ano na sede das
Nações Unidas, foram dados os passos decisivos para o processo de descolonização que levaria
Angola à Independência.
2.1.2 OS MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO
Na obstante terem sido vários os Movimentos de Libertação Nacional, três assumiram maior
protagonismo: o FNLA, o MPLA e a UNITA, surgidos da extinção, fusão ou fracção de outros
movimentos.
Depois do golpe de Estado de 25 de Abril em Portugal, e apesar do entusiasmo que tinha trazido o
derrube do sistema colonial fascista português, surgiram logo à nascença problemas de legitimidade
dos movimentos que haviam lutado contra o colonialismo português: a FNLA, o MPLA e a
UNITA. No interior de Angola, principalmente entre os portugueses, surgiram também alguns
movimentos, cuja vida foi efémera.
Verificou-se também que os líderes dos três Movimentos de Libertação Nacional (Holden Roberto,
Agostinho Neto e Jonas Savimbi), estavam profundamente divididos em aspectos fundamentais
sobre o futuro de Angola.
Na busca da construção do País e da Nação, precisamente para ultrapassar essas e outras divisões,
os lideres dos três principais Movimentos de libertação de Angola,(Holden Roberto, da FNLA,
Agostinho Neto, do MPLA e Jonas Malheiro Savimbi, da UNITA) reuniram-se em mombaça e na
presença de Jomo Kenyatta, presidente do Quénia, acordaram uma frente Comum com vista as
negociações marcadas para Portugal, com o objectivo de alcançar rapidamente à Independência de
Angola.
No final da reunião os Líderes angolanos reconhecem-se uns aos outros como partidos
independentes, com iguais direitos e responsabilidades. Acordaram ainda, não estarem preparados
para assumir imediatamente o poder e que é necessário um período de transição, no qual Portugal
colabore, antes de a Independência lhes ser dada.
Em Mombaça foi elaborada de 3 e 5 de Janeiro de 1975, pelos três Movimentos uma Declaração de
princípios que tinha em vista uma Frente Única para a Cimeira que se realizaria em Portugal a partir
de 10 de Janeiro de 1975 com o Governo Português.
Realizavam-se assim, de 10 à 15 de Janeiro de 1975, os Acordos de Alvor que entre vários pontos
firmados destacam-se os seguintes: o Estado Português reconhece os Movimentos de Libertação
- FNLA, MPLA e UNITA, como únicos e legítimos representantes do Povo Angolano;
reafirma o reconhecimento do direito à Independência e afirma que Angola constitui uma
entidade una e indivisível, nos seus limites geográficos e políticos atuais; marcação para 11 de
Novembro de 1975, a data da proclamação da Independência; formação de um Governo de
Transição à empossar em 31 de Janeiro de 1975; composição das forças armadas unificadas;
aspectos relacionados com os desalojados angolanos e o reagrupamento de pessoas; a
organização, por parte do Governo de Transição, das eleições para uma assembleia
Constituinte, no prazo de nove (9) meses, a partir de 31 de Janeiro de 1975; candidaturas
serão vedadas a todas as forças politicas com excepção dos Movimentos signatários deste
Acordo - a FNLA, o MPLA e a UNITA - reconhecidos pelo Governo Português como únicos
representantes legítimos do povo angolano...
2.1.3 A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA
A escolha do Socialismo como via de desenvolvimento económico de Angola pelo MPLA está
perfeitamente ligada ao factor ideológico da sua elite, que ao longo da luta política e militar,
recebeu vastos e multiformes apoios dos países socialistas, sobretudo da União Soviética, que
depois da China tomou o primeiro lugar na ajuda directa.
1º Um governo (poder executivo) exercido apenas pelo MPLA, como único representante
legítimo do povo angolano.
5º Um poder dependente do poder central, afastado dos cidadãos, sem autonomia dos meios
financeiros para promover a satisfação das necessidades sociais específicas de cada região, de
cada cultura, nas províncias, municípios, comunas ou bairros.
Nos seus documentos o MPLA afirmava que o poder político era utilizado para destruir as velhas
relações de produção e criar novas.
e) Formação socialista.
Após a II Guerra Mundial as duas superpotências procuraram estender a sua influência política,
criando apoios diversificados aos Movimentos de Libertação Nacional através de países da
Organização do Tratado do atlântico Norte (OTAN) liderados pelos Estados Unidos da América,
por um lado, e pelo Pacto de Varsóvia, encabeçados pela URSS, por outro lado.
Podemos assim, caracterizar o conflito interno angolano no contexto da Guerra Fria. O grande
antagonismo que existiu entre as duas Superpotência de então (os EUA e a URSS), levou à
implantação de zonas de influência em várias partes do mundo: em África por exemplo apoiavam
Estados e também à movimentos separatistas. Foi neste âmbito que o MPLA que liderava e
governava o novo Estado de Angola tinha o apoio da URSS e por conseguinte do outro lado o
movimento separatista UNITA contava com o apoio dos EUA.
A República do Zaíre (RDC) e a África do Sul , como aliados dos EUA, davam apoio as forças
separatistas de Angola, chegando mesmo a invadir militarmente o território angolano: a norte o
Zaíre invadia áreas do território angolano e a sua a África do Sul lançava-se numa política de
ocupação militar do território angolano.
Em resposta a ingerência Zairense e Sul Africana (!!!), Angola como país soberano, pede ajuda de
Cuba afim de fazer face a invasão externa.
O território angolano era assim palco de conflitos armados entre as forças armadas angolanas
e cubanas apoiadas pela URSS de um lado, e do outro lado as forças da UNITA e sul
africanas apoiadas pelos EUA.
A Guerra Civil que teve lugar em Angola, no período de 1975 - 1991, caracterizou-se no
contexto da Guerra Fria.
A disputa por zonas de influência, levou com que Americanos apoiassem militarmente e
economicamente o movimento rebelde UNITA, e a URSS apoiassem o Estado e o Governo da
República Popular de Angola.
É discutível a abordagem sobre a ingerência Zairense (RDC) e Sul Africana, assim como a presença
militar Cubana em Angola. Os Zairenses (congoleses) e os Sul Africanos, envolveram-se
activamente no conflito interno angolano com suas forças regulares, apoiando as forças rebeldes da
UNITA, e tinham também como objectivo impedir que a região fosse tutelada pela URSS, ou seja,
travar a ameaça Soviética na região. Pois a União Soviética no seu projecto, pretendia estender
influência por toda região da África Austral, tendo Angola como ponto de partida.
As transformações políticas que tiveram lugar no final da década de 80 do século XX, rapidamente
se disseminou por toda Europa de Leste e pelo mundo fora.
O derrube do muro de Berlim em Junho de 1989, marcava o fim do Império Soviético, assim como
o fim da Guerra Fria.
O clima de Guerra Fria levou as duas superpotências mundiais a uma corrida aos armamentos, que
íncluia as armas nucleares e o apoio a conflitos localizados. Foi também um período de espionagem
intensa, com a intervenção das polícias secretas, nomeadamente a CIA (EUA) e o KGB (URSS).
Não ousando, porém, confrontar-se directamente, EUA e URSS passaram a apoiar os seus aliados
em conflitos regionais, fornecendo tropas, conselheiros e material de guerra. Desenvolveu-se,
assim, a luta por zonas de influência que originou um mundo bipolar. Esta luta conduziria ao
«equilíbrio pelo terror».
O primeiro foco de tensão entre a URSS e os EUA ocorreu com a Questão de Berlim (1948 - 1949)
que conduziu à continuação da divisão daquela cidade, mas também à divisão da própria Alemanha
em duas: a Alemanha de Leste (que iria adoptar a designação de República Democrática Alemã -
RDA) e a Alemanha Ocidental (que adoptaria o nome de República Federal da Alemanha - RFA).
O que se entende então por Guerra Fria?
Guerra Fria é nome dado ao período de grande antagonismo e de forte tensão entre os EUA e
a URSS, a partir do final da 2ª Guerra Mundial; apesar de não ter havido um conflito
armado, houve constantes provocações mútuas, temendo-se a deflagração de uma nova guerra
mundial.
As transformações que começaram depois de 1985 na URSS, com a eleição de Mikhail Gorbachev,
levaram ao abrandamento da Guerra Fria e do clima de conflitualidade entre os países Ocidentais e
os países de Leste, criando assim perspectivas para uma solução pacífica (negocial) do conflito
regional que opunha a República Popular de Angola à África do Sul. Neste contexto a tensão militar
foi transferida para a fronteira norte, onde a R.D.C. ex-República do Zaire, se tornava receptora do
material militar enviado pelos EUA à UNITA. Foi neste clima, que no ano de 1989, o presidente da
República do Zaire, Mobutu, reuniu em Gbadolite com José Eduardo dos Santos e Jonas Malheiro
Savimbi na presença de vários estadistas africanos. A reunião produziu um acordo de cessar-fogo
declarada em 24 de Junho, que nunca viria a entrar em vigor.
A busca pelo Acordo de Gbadolite contou com o grande engajamento do presidente Mobutu, que
depois da reunião de Kinshasa de 27 de Abril de 1989, volta a encontrar-se com Eduardo dos santos
durante a Cimeira de Luanda à 16 de Maio de 1989, que reuniu também os presidentes Keneth
Kaunda (Zâmbia), Omar Bongo (Gabão), Manuel Pinto da Costa (S.Tomé e príncipe)Denis Sassou
Nguesso (Gabão), Robert Mugabe (Zimbabwé), visando encontrar uma solução negocial para a
crise angolana
Nesta ocasião o presidente José Eduardo Dos Santos (governo de Angola), entrega ao mediador
(presidente Mobutu) um Plano de Paz para Angola, que era mais um processo de rendição da
UNITA, ao que um processo de reconciliação. A UNITA pretendia a revisão da Constituição e a
realização de Eleições Gerais em, Angola e o governo angolano pretendia a manutenção das
estruturas e instituições do estado. As duas partes estavam desavindas. Na verdade, quer a UNITA,
assim como o governo não conheciam os Planos de Paz um do outro.
Estes princípios não foram partilhados Jonas Savimbi, que rejeita uma integração e o seu
afastamento da vida política angolana e no caso, a sua organização não se encontrava militarmente
debilitada.
No final da Conferência de Gbadolite foi lavrada um documento com os seguintes pontos:
Foi neste espírito e na presença de 22 chefes de estado e de Governo de África, que se realizaram
em Gbadolite (República do Zaíre) a Cimeira de Gbadolite, que teve lugar em 22 de Junho de 1989.
Gbadolite foi assim uma das tentativas africanas no sentido de se resolver o conflito interno
angolano por via do diálogo. Foi efectivamente o primeiro aperto de mãos entre o
presidente angolano e o líder da UNITA, Jonas Savimbi.
Estes Acordos alteraram de maneira positiva o cenário militar e político em Angola e na África
austral. O regime do Apartheid reconheceu a sua insustentabilidade e enveredou por um processo de
abertura política e de democratização.
A solução do problema passava pela retirada das forças militares estrangeiras do solo angolano.
Assim, a partir de 1982, o governo sul africano começa a condicionar o cumprimento da resolução
435/78 com a retirada das tropas cubanas de Angola. Este é um dos elementos que explica a razão
de ser das conversações quadripartidas entre Angola, Cuba, África do Sul e Estados Unidos da
América, que culminaram com os acordos de Nova Iorque a 22 de Dezembro de 1988.
A África do Sul garantiu respeitar a soberania e a integridade territorial de Angola e que não
permitiria que seu território e territórios sob seu controlo fossem utilizados para ameaças ou actos
de violência contra Angola. E Angola, por sua vez, faria o mesmo em relação a Namíbia. As tropas
cubanas sairiam de Angola segundo um calendário pré estabelecido até 1991.
O Acordo de Bicesse tinha em vista a criação de um exército nacional unificado a partir das forças
militares dos dois adversários, um cessar-fogo, o aquartelamento das tropas da UNITA, a formação
de novas Forças Armadas, a desmobilização da tropa não requerida, a restauração da administração
do estado em áreas controladas pela UNITA e as Eleições Multipartidárias e presidenciais.
As Eleições foram realizadas em Setembro e Outubro de 1992, tendo sido consideradas pela
comunidade internacional de livres e justas, mas que perderam o seu sentido quando savimbi em
nome da UNITA recusou aceitar a vitória, por estreita margem, de José Eduardo dos santos e do
MPLA.
Introdução
Os países da África Austral pertencentes ao grupo dos Países da Linha da Frente (Zâmbia,
Tanzânia, Botswana, Angola e Moçambique), mais ainda o Leshoto, Malawi, Suazilândia e o
zimbabwé proclamaram na cidade de Lusaka, capital da Zâmbia no dia 1 de Abril de 1980 a
Conferência para Coordenação do desenvolvimento da África Austral (SADCC), substituindo
assim, os Países da Linha da Frente.
A SADCC foi criada com o objectivo de diminuir a dependência económica que alguns países da
região tinham da África do sul.
Com o objectivo de promover a cooperação e a integração regionais entre países da África Austral e
com base em factores históricos, políticos, económicos, sociais e culturais, que de certa forma
criaram fortes laços de solidariedade e unidade entre os povos da África austral, achou-se
necessário a criação de uma organização regional para estabelecer a cooperação política, económica
e sociocultural entre os países da região da África Austral.
A iniciativa da Linha da Frente tinha como objectivo a libertação política da região (descolonização
total da região e o fim do regime de apartheid). Os países da Linha da Frente reuniam-se
regularmente com o objectivo de coordenar os esforços para aquisição de recursos e estratégias para
os Movimentos de Libertação Nacional da África Austral que lutavam contra o racismo e a
dominação da minoria branca. Mais tarde a iniciativa foi alargada para tratar das agressões militares
e da desestabilização desencadeadas pelo regime de apartheid da África do sul contra os estados
independentes da região. Com o decorrer do tempo os líderes da África austral viram a promoção
do desenvolvimento económico e social através da cooperação e integração como passo lógico para
alcance da independência política.
Neste sentido com base nas conclusões saídas da Conferência de Arusha, realizada em Julho
de 1979, na qual se acordou a criação da Conferência de Coordenação de Desenvolvimento da
África Austral (SADCC). Os então nove países independentes da África Austral: Angola,
Botswana, Leshoto, Malawi, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwé,
reuniram-se em Cimeira em Abril em Abril de 1980 em Lusaka, capital da Zâmbia e
proclamaram a criação da Conferência de Coordenação e desenvolvimento da África Austral
(SADCC).
A SADCC tinha como objectivo reduzir a dependência económica em relação à África do Sul. A
dependência económica que alguns países da região tinham da África do sul, constituía um
problema sério, uma vez que países como a Zâmbia e o Botswana encontravam dificuldades no
escoamento dos seus principais produtos de exportação para o litoral.
A SADCC tinha também como objectivo a cooperação dos países livres da região com vista ao
desenvolvimento integrado das economias nacionais dos Estados membros e a eliminação
progressiva da dependência económica, comercial e de transporte da África do Sul. Ao longo dos
doze anos de existência (1980 – 1992) a SADCC desenvolveu para além da política, no domínio
económico, projectos de cooperação entre os países membros, envolvendo os sectores dos
transportes e comunicações, indústria, energia e agricultura.
Com a independência da Namíbia no ano de 1990 punha-se, assim, fim oficial do colonialismo da
África Austral.
- Zimbabwé – 1992;
- Botswana – 1992;
- Namíbia – 1992;