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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
LICEU 22 DE NOVEMBRO LOSSAMBO

TRABALHO DE HISTÓRIA
TEMA:
A BATALHA DO CUÍTO CUANAVALE

Nome: Teresa Sandalawa Cassoma


Nº 29
Turma: 12-7
Período: Tarde
Curso: C.E.J

Docente
___________________________
Gil Samahina

HUAMBO/2021

Índice
Introdução.................................................................................................................................3
Desenvolvimento.....................................................................................................................4
A Guerra Civil Angolana....................................................................................................4
FAR.........................................................................................................................................4
URSS......................................................................................................................................5
A Jamba.................................................................................................................................5
A batalha................................................................................................................................5
Mavinga..................................................................................................................................5
O cerco de Cuíto Cuanavale.............................................................................................6
Cuito Cuanavale e o fim do apartheid............................................................................6
Conclusão.................................................................................................................................8
Referências Bibliográficas....................................................................................................9

Introdução
A Batalha de Cuíto Cuanavale foi o maior confronto militar da Guerra Civil
Angolana, ocorrido entre 15 de novembro de 1987 e 23 de março de 1988. O
local da batalha foi o sul de Angola, na região do Cuíto Cuanavale, província de
Cuando-Cubango, onde se confrontaram os exércitos de Angola (FAPLA) e
Cuba (FAR) contra a UNITA (União Nacional para a Independência Total de
Angola) e o exército sul-africano. Foi a batalha mais prolongada que teve lugar
no continente africano desde a Segunda Guerra Mundial.
Desenvolvimento
A Guerra Civil Angolana
Até 1975, Angola foi um dos territórios coloniais africanos do Império Português
tal como Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe,
regidas por Portugal. No entanto surgiu uma guerra de guerrilha entre o
governo colonial e três movimentos revolucionários armados, a FNLA (Frente
Nacional de Libertação de Angola), a UNITA (União Nacional para a
Independência Total de Angola) e o MPLA (Movimento Popular de Libertação
de Angola), com um acréscimo no Norte, na região de Cabinda levada a cabo
pela FLEC (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda), um movimento
separatista) que reclamava a independência autónoma de Cabinda em relação
a Angola.

Angola foi só uma das frentes da Guerra do Ultramar, durante a qual, o estado
português tentou manter os seus territórios coloniais ao contrario da tendência
das outras nações europeias como a Grã-Bretanha e a França que estavam a
entregar a independência gradualmente às suas colónias.

O preludio da guerra civil angolana, tem a sua origem em 1974 quando se deu
em Portugal a Revolução dos Cravos, derrubando o regime salazarista. A junta
militar que ocupou o poder provisoriamente, decidiu acabar a Guerra do
Ultramar, mas deixar as tropas nas colónias até à sua independência. No
entanto, devido a pressões internas, decidem abandonar Angola até o outono
de 1975, sem que nenhum dos movimentos revolucionários estivesse no
controle da nação. Uma decisão problemática que afetou o desfecho da guerra
civil em Angola.

FAR
A intervenção da FAR começou apenas com 652 tropas de elite na Operação
Carlota, uma manobra militar levada a cabo em novembro de 1975 contra a
incursão sul africana, porém com a expansão da guerra nos anos seguintes
Cuba, a pedido do governo angolano, reforçou as suas forças militares de uma
forma permanente, tendo participado na batalha de Cuíto Cuanavale 15 000
tropas cubanas. A força cubana em Angola chegou a ter 36 000 tropas activas.
URSS
A participação da União Soviética no conflito angolano, limitou-se a um grupo
de conselheiros militares soviéticos colocados em Angola, à formação de
quadros superiores em território da URSS e à ajuda em armamento militar. As
relações entre os dois países nunca foram totalmente claras, havendo
suspeitas de envolvimento soviético numa tentativa de golpe de estado,
preconizado pelo Ministro do Interior do MPLA Nito Alves, culminando num
período negro da história angolana conhecido por Fraccionismo. Não obstante
esses desentendimentos, estiveram presentes na batalha conselheiros
soviéticos que tiveram um papel muito importante na organização das FAPLA e
na planificação da batalha.

A Jamba
Os EUA não reconheceram o governo angolano, acusando-os de comunistas,
receando que Angola se tornasse uma ponta de lança da União Soviética em
África. Henry Kissinger, Secretário de Estado dos Presidentes Richard Nixon e
Gerald Ford, chegou mesmo a afirmar que o governo do MPLA era uma
ameaça à liberdade em África. Nos anos oitenta a administração de Ronald
Reagan promoveu a guerra de guerrilha nos países com ligações ao Bloco de
Leste, em países como a Nicarágua e Angola. Já desde 1977 que os Estados
Unidos da América apoiavam UNITA, vindo a reforçar esse apoio no governo
Regan. Um dos projectos mais importantes da ajuda americana foi a Jamba-
Cueio, o refugio e quartel-general das forças da UNITA no sudoeste de Angola.
Na Jamba-Cueio, Jonas Savimbi líder da UNITA, construiu uma base militar
bem defendida para lutar contra o governo MPLA e criou um mini-estado.

A batalha
Mavinga
A primeira acção militar da campanha do governo angolano, foi a ocupação da
antiga base portuguesa de Mavinga, onde estavam sediados 8 000
guerrilheiros da UNITA, porem até a chegada das forças angolanos, Mavinga
recebeu um reforço de 4 000 tropas da SADF (South African Defence Force),
vindo a confrontar uma força de 18 000 soldados angolanos. Mavinga foi o
primeiro passo no caminho para a Jamba-Cueio e para penetrar a Faixa de
Caprivi.
O ataque a Mavinga foi uma derrota total para as forças angolanas, com baixas
estimadas em 4 000 mortos. A manobra de contra-ataque das SADF, nomeada
Operação Modular foi um êxito, forçando as tropas das FAPLA e das FAR a
retroceder 200 quilómetros de volta a Cuíto Cuanavale numa perseguição
constante através da Operação Hooper.

O cerco de Cuíto Cuanavale


Sabendo que caindo Cuíto Cuanavale o inimigo seguiria para Menongue, uma
base aérea importante do governo, as FAPLA restabeleceram-se aí, retendo
com dificuldade o avanço da UNITA e das SADF. As três brigadas
sobreviventes da força original barricaram-se a leste do Rio Cuíto, do outro
lado da povoação de Cuíto Cuanavale, aguentando as forças rivais durante três
semanas, sem blindagem nem artilharia para se defenderem e sem provisões.
O presidente de Cuba Fidel Castro, a pedido do governo angolano, enviou mais
15 000 soldados de elite para ajudar ao esforço da batalha, dando o nome a
essa movimentação de tropas de Manobra XXXI Aniversário da FAR.Com o
reforço cubano, o número de tropas no país passava de 50 000. A 5 de
dezembro de 1987 o primeiro reforço militar chegou ao posto das FAPLA em
Cuíto Cuanavale.

Cuíto Cuanavale e o fim do apartheid


A partir daqui o objectivo das tropas angolano/cubanas e dos próprios
destacamentos da SWAPO, do ANC e do PC da África do Sul, tornou-se mais
vasto do que a libertação do território angolano. Tratava-se de explorar em
profundidade os êxitos militares obtidos com o colapso do exército sul-africano,
nomeadamente libertar a Namíbia e derrotar militarmente o regime de
apartheid e tudo o que ele representava de odioso para os povos da África
Austral.

O regime racista sul-africano tomou consciência do significado da derrota


militar das suas forças armadas no seu próprio território. Febrilmente, procurou
a sua sobrevivência na mesa das negociações em Brazzaville, Cairo e Nova
Iorque.

Mas a proeza que os angolanos e cubanos tinham obtido no campo de batalha


esteve presente na mesa das negociações, o que obrigou o regime da África
do Sul a aceitar os acordos de Nova Iorque, dando origem à implementação da
Resolução 435/78, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que levou à
independência da Namíbia e ao fim do regime de segregação racial, que
vigorava na África do Sul.

A batalha de Cuíto-Cuanavale, ocorrida entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de


Março de 1988, foi o confronto militar mais prolongado e mais sangrento de
que há memória naquela região de África.

Em 2 de Dezembro de 2005, Fidel Castro num discurso proferido em Havana e


referindo-se ao contingente internacionalista cubano, que passou por Angola,
referia: «A missão internacionalista estava cabalmente cumprida. Os nossos
combatentes iniciaram o regresso à pátria com a cabeça levantada, trazendo
consigo unicamente a amizade do povo angolano, as armas com que lutaram
com modéstia e valor a milhares de quilómetros, a satisfação do dever
cumprido e os restos mortais dos nossos irmãos caídos. A sua missão resultou
também decisiva para consolidar a independência de Angola e alcançar a da
Namíbia. Foi ainda uma contribuição para a libertação do Zimbabué e
desaparecimento do odioso regime do apartheid na África do Sul».

E na mesma efeméride, a embaixadora sul-africana, Thenjiwe Mtintso, afirmava


numa passagem do seu discurso: «Hoje a África do Sul tem novos amigos.
Esses mesmos amigos hoje querem que nós denunciemos e isolemos Cuba.
Nossa resposta é muito simples, é o sangue dos mártires cubanos e não
destes amigos que corre na terra africana e nutre a árvore da liberdade da
nossa pátria».

Desde 1975, passaram por Angola em missão internacionalista 400 mil


militares e civis, homens e mulheres da República de Cuba e, destes, 2289
deram a vida em combate, a par de muitos outros combatentes que
derramaram o seu sangue por uma Angola soberana, independente e pela
libertação dos povos africanos do jugo do colonialismo, do racismo e do
imperialismo.
Conclusão
Assim é concluído que entre os anos de 1987 e 1988, segundo as diferentes
versões conhecidas mais de 30 anos depois, os combates militares que
envolveram as FAPLA (MPLA) e as FALA (UNITA), no Cuíto Cuanavale,
província do Cuando Cubango, também foram decididos ao pormenor.

A historiografia africana regista a Batalha do Cuíto Cuanavale como um evento


fundamental para o “óbito” do infame Apartheid sul-africano. Esta foi a evolução
mais expressiva da última frente da Guerra Fria, um conflito supostamente
atípico entre o Ocidente capitalista e democrático, liderado pelos EUA, e o
chamado Bloco do Leste, liderado pela URSS, charneira do antigo império
comunista, que foi oficialmente desarticulado com a queda do Muro de Berlim,
em 1989.
Referências Bibliográficas
Jimenéz Gomes, Rúben G10. Cuíto Cuanavale. Crónica de uma batalha.
Mayomba Editora (2015).

http://tpa.sapo.ao/noticias/politica/batalha-do-cuito-cuanavale-definiu-o-rumo-
da-historia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Cuito_Cuanavale

https://www.abrilabril.pt/internacional/cuito-cuanavale-uma-batalha-decisiva-na-
libertacao-da-africa-austral

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