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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

LICEU REI NDUNDUMA

TRABALHO EM GRUPO
DE
HISTÓRIA

TEMA:

OS ACORDOS DE NOVA IORQUE

Grupo Nº 7

Turma: C1

12ª Classe

Período: Vespertino

Curso: Ciências Económicas e Jurídicas

DOCENTE

_____________________

CUITO, 2023/2024
REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

LICEU REI NDUNDUMA

TRABALHO EM GRUPO DE HISTÓRIA

TEMA: OS ACORDOS DE NOVA IORQUE

ELEMENTOS DO GRUPO

Nº/O Nome Cotação

1. Luciano Lima

2. Madalena Samuel

3. Manasses C. Mizombo

4. Pedro Ngueve Orlando


ÍNDICE
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1

1. ACORDOS DE NOVA IORQUE......................................................................2

1.1. FACTOR DE OCUPAÇÃO DA ÁFRICA DO SUL NA NAMÍBIA...................3

1.2. IMPACTO DOS ACORDOS DE NOVA IORQUE NA REGIÃO AUSTRAL. .3

1.3. PONTOS CRUCIAIS DA RESOLUÇÃO 435/78...........................................5

CONCLUSÃO....................................................................................................10

BIBLIOGRAFIAS
INTRODUÇÃO

O presente trabalho abordará de forma pormenorizada sobre os acordos de


Nova Iorque, um dos principais acordos que desencadeio nas Independência
da Namíbia e da África do Sul, foi uma das formas de demostrarem a soberania
e força seja estratégica e militar da República Popular de Angola (Atual
República de Angola), porquanto que, o acordo foi obtido graças a derrota das
forças sul-africanas a celebre a Batalha de Cuito Cuanavale, o maior confronto
militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de novembro de 1987 e 23
de março de 1988.

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1. ACORDOS DE NOVA IORQUE

Os Acordos de Nova Iorque foram um acordo tripartido assinado em 22 de


dezembro de 1988 pelos Ministros das Relações Exteriores da República
Popular de Angola, da República de Cuba e da República da África do Sul na
sede das Nações Unidas em Nova Iorque. O acordo concedeu a independência
à Namíbia da África do Sul e encerrou com o envolvimento direto de tropas
estrangeiras na Guerra Civil Angolana.

Subsequente alteração do quadro militar em Angola, e por arrastamento em


toda região, particularmente a derrota do exército Sul africano na batalha do
Cuito Cuanavale, forçou a alteração estratégica do ocidente e África do Sul,
que optou por negociar o fim do seu envolvimento militar directo no conflito de
alguns países da região austral como Angola.

O objectivo principal dos acordos foi conceder a independência à Namíbia da


África do Sul e encerrar com o envolvimento direto de tropas estrangeiras na
Guerra Civil Angolana.

Não obstante, o evento tornou-se o ponto de viragem decisivo na guerra que se


arrastava há longos anos, incentivando um acordo entre Sul-africanos e
Cubanos para a retirada de tropas e a assinatura dos Acordos de Nova Iorque,
que deram origem à implementação da resolução 435/78 do Conselho de
Segurança da ONU, levando à independência da Namíbia e ao fim do regime
de segregação racial, que vigorava na África do Sul.

Foram assim concluídos os Acordos de Nova Iorque em 22 de Dezembro de


1988, que permitiram a cessação das hostilidades militares entre Angola e a
África do Sul, a retirada das forças sul-africanas que ocupavam o sul de Angola
desde 1982 e o início da descolonização da Namíbia.

A descolonização da Namíbia foi um processo longo e complexo que se


estendeu até 1990, quando o Partido do Povo do Sudoeste Africano (SWAPO)
venceu a primeira eleição democrática do país. A SWAPO teve um papel
importante nas negociações multilaterais internacionais e na Guerra de
Independência travada a partir de 1963.

O processo de descolonização da Namíbia foi conduzido pelas vias


diplomáticas, principalmente no âmbito da Organização das Nações Unidas, e

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resultou em um processo de burocratização da Questão, que serviu aos
interesses dos países ocidentais interessados na manutenção da presença sul-
africana na região. A Guerra de Independência, travada pela SWAPO, foi uma
disputa assimétrica entre a guerrilha namibiana e o poderoso exército sul-
africano, a qual, no entanto, exerceu pressão internacional para que a Questão
da Namíbia fosse solucionada.

1.1. Factor de ocupação da África do Sul na Namíbia

Em 1915, durante a Campanha do Sudoeste Africano na Primeira Guerra


Mundial, a África do Sul, membro da Commonwealth britânica e ex-colônia
britânica, ocupou a colônia alemã. Depois da guerra, foi declarada um Mandato
da Sociedade das Nações nos termos do Tratado de Versalhes, com a União
da África do Sul responsável pela administração do Sudoeste Africano,
incluindo Walvis Bay.

O Mandato deveria se tornar um Protetorado das Nações Unidas quando os


mandatos da Liga das Nações foram transferidos para a Organização das
Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial, mas a União Sul-Africana
recusou-se a concordar em permitir que o território iniciasse sua transição para
a independência. Assim, o território passou a ser considerado de facto quinta
província da África do Sul, embora nunca fosse realmente incorporado ao país.

1.2. Impacto dos acordos de Nova Iorque na região Austral

Estes acordos alteraram de maneira positiva o cenário militar e político em


Angola e na África Austral. O regime de Apartheid reconheceu a sua
insustentabilidade e enveredou por um processo de abertura política e de
democratização. Para os restantes países da região, que se congregaram
inicialmente no seio da «Linha da Frente», mecanismo de concertação política
e diplomática para harmonizarem os seus esforços na luta pela descolonização
da região e, posteriormente, ao nível da SADC, para lutarem contra a
dependência económica da África do Sul.

O novo quadro pós-acordos de Nova Iorque tornou-se um balão de oxigénio


para as suas economias seriamente debilitadas pelas dificuldades na atracção
de investimento estrangeiro devido ao clima de instabilidade regional, na

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circulação intra-regional, por na sua maioria serem países encravados, e na
implementação de projectos para facilitar a integração económica regional.

A solução do problema passava pela retirada das forças militares estrangeiras


do solo angolano. Assim, a partir de 1982, o governo sul-africano começa a
condicionar o cumprimento da resolução 435/78 com a retirada das tropas
cubanas de Angola.

Este é um dos elementos que explica a razão de ser das conversações


quadripartidas entre Angola, Cuba, África do Sul e Estados Unidos da América,
que culminam com os acordos de Nova Iorque a 22 de Dezembro de 1988.

Com a proposta dos EUA sobre «Bases de Negociação», a África do Sul


assumiu o compromisso de materializar a resolução 435/78 e a retirada de
todas as suas tropas de acordo com um calendário acordado.

Ainda, a África do Sul deu toda a sua garantia de que respeitaria a soberania e
a integridade territorial de Angola e de que não permitiria que o seu território e
o território sob seu controlo fossem utilizados para ameaças ou actos de
violência contra Angola.

E Angola, por sua vez, faria o mesmo em relação à Namíbia. As tropas


cubanas sairiam de Angola segundo um calendário pré-estabelecido até 1991.

A Namíbia era uma colónia alemã que, na sequência da derrota na I Guerra


Mundial perdera todas as suas possessões coloniais e passou em regime de
mandato ao Reino Unido, para ser administrado pela sua colónia do Cabo. Os
pareceres do Tribunal Internacional de Haia consideravam ilegal a presença
sul-africana na Namíbia.

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1.3. Pontos cruciais da Resolução 435/78

A Assembleia Geral da ONU aprova a resolução 435/78 sobre a


independência da Namíbia, estipulando um processo de transição de quatro
etapas:

 Cessar-fogo, desmobilização parcial das forças sul-africanas e


restrição às bases de ambos os lados.

Um cessar-fogo (ou trégua é uma paralisação temporária de uma guerra em


que cada lado concorda com o outro para suspender acções agressivas entre
as forças sul africanas e angolanas. Cessar-fogo pode ser declarado como
parte de um tratado formal, mas também foram chamados como parte de um
entendimento informal entre forças em referência.

Um cessar-fogo geralmente é mais limitado do que um armistício mais amplo,


que é um acordo formal para encerrar os combates. O cessar-fogo pode ser
abusado pelas partes como cobertura para rearmar ou reposicionar forças, e se
falham, são chamados de 'cessar-fogo falho'; no entanto, cessar-fogo bem-
sucedido pode ser seguido por armistícios e, em seguida, por tratados de paz.

Os acordos de cessar-fogo são mais prováveis de serem alcançados quando


os custos do conflito são altos. Os estudiosos enfatizam que o término da
guerra é mais provável de ocorrer quando as partes têm mais informações uns
sobre os outros, quando os envolvidos podem assumir compromissos
confiáveis e quando a situação política doméstica possibilita que os líderes
façam acordos de término da guerra sem incorrer em punição doméstica.

O objectivo da desmobilização militar é o retorno gradual dos militares às


proporções compatíveis com as exigências da defesa nacional em situação de
normalidade e principalmente a retirada das forças sul-africanas da Namíbia e
procurar mecanismo de não haver mais agressões no futuro.

O planejamento da desmobilização militar procura determinar os encargos e


as condições de execução para todos os escalões subordinados. As principais
acções de desmobilização militar que foram impostas nas tropas sul africanas
são:

o A extinção de comandos;

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o Unidades e serviços não mais aplicáveis;
o A destinação dos excedentes de guerra em poder das Forças Armadas;
o O licenciamento dos efetivos excedentes;
o A redução gradativa dos efetivos a níveis compatíveis às necessidades
da segurança nacional;
o A liberação dos controles e restrições sobre todas as organizações civis
por ventura postos sob a responsabilidade das Forças Armadas, por
ocasião da mobilização;
o A revisão e o cancelamento dos contratos;
o A reconversão das indústrias;
o O planejamento da restituição e, se for o caso, das indenizações das
instalações, serviços e materiais requisitados;
o O aproveitamento nos quadros da ativa das Forças Armadas, do pessoal
mobilizado participante das operações militares;
o Sua retirada total no território ora ocupado.

 Revogação de toda a legislação discriminatória e politicamente


restritiva.

A primeira grande legislação do apartheid foi a Lei de Registro Populacional, de


1950, que formalizou a divisão racial através da introdução de um cartão de
identidade para todas as pessoas com idade superior a dezoito anos,
especificando a qual grupo racial cada uma delas pertencia. Equipes oficiais ou
conselhos foram criados para determinar a raça de indivíduos cuja etnia não
era claramente identificada.

Tais casos trouxeram complicações, especialmente para os mestiços, que em


alguns casos tiveram membros de suas famílias separados em raças distintas.
Logo após sua posse, o novo governo aprovou várias leis que pavimentaram o
caminho para o "grande apartheid", centrado em separar as raças em grande
escala, através da separação das pessoas em espaços para cada raça.

A Namíbia foi ocupada pela África do Sul por quase 75 anos, durante os quais
milhares de sul-africanos se estabeleceram na Namíbia e a África do Sul tratou
a área como uma província interna ao invés de uma entidade estrangeira

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ocupada, impondo as leis do apartheid na Namíbia como fez na África do Sul.
O apartheid foi um regime político de segregação racial que durou quase meio
século e terminou em 1991.

O sistema se apoiava em três pilares: a lei sobre a classificação da população;


a lei da habitação separada; e a lei sobre a terra. Os habitantes eram
classificados, desde seu nascimento, em quatro categorias: brancos, negros,
mestiços e indianos. Na vida cotidiana, havia placas para reservar ônibus,
restaurantes, bilheterias e até praias para a população branca.

Os casamentos mistos e as relações sexuais inter-raciais eram proibidas. Os


negros tinham acesso a educação e a saúde de pior qualidade. Quase todo
território (87%) era reservado aos brancos. Cerca de 3,5 milhões de pessoas
foram expulsas à força, e os negros, relegados às “townships”, cidades-
dormitório, e “bantustões”, reservas étnicas. A SWAPO, partido político que
venceu a primeira eleição democrática do país em 1990, teve um papel
importante nas negociações multilaterais internacionais e na Guerra de
Independência travada a partir de 1963.

 Libertação de todos os presos políticos e regresso de refugiados e


exilados, seguida da realização de eleições nacionais livres após o
período de campanha convencionado.

Este ponto retratava sobre a necessidade de libertação de todos os presos


políticos que de forma geral têm um papel significativo na construção de
revoltas populares.

Para qualquer regime, e o Apartheid não foge a regra, todos os grandes


homens com intelectualidade na Namíbia e que criavam mecanismo de
manobrar de forma perigosa a opinião pública nacional e internacional com
acções e mentalidades de revoltas eram presos para controlar tais atitudes no
ceio da população.

A Namíbia foi uma colônia da África do Sul e, portanto, foi afetada pelo regime
do apartheid. Muitos namibianos fugiram para outros países para escapar da
opressão. Muitos países como Angola e Botswana eram destino de muitos
namibianos do regime de opressão que se havia instalado, entretanto, a
instabilidade que se observavam na África Austral era debilitada para que os

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países tivessem condições logística e técnicas e a própria sustentabilidade
para receber muitos imigrantes e requerentes de asilo político.

Com o cumprimento deste acordo a primeira eleição na Namíbia ocorreu em 7


de novembro de 1989, após a assinatura do Acordo de Nova Iorque em 1988,
que estabeleceu um cronograma para a independência da Namíbia e a
realização de eleições livres e justas. A eleição foi supervisionada pela
Organização das Nações Unidas (ONU) e contou com a participação de 11
partidos políticos e organizações.

A SWAPO (Organização do Povo do Sudoeste Africano) venceu as eleições


com 57,3% dos votos e Sam Nujoma tornou-se o primeiro presidente da
Namíbia. Desde então, a Namíbia realizou várias eleições presidenciais e
parlamentares, com a última eleição presidencial ocorrendo em 2019.

 Promulgação da Constituição e declaração de independência para


superintender todo esse processo e assegurar a fiscalização das
orientações da Assembleia-Geral.

Em 1966, a Assembleia Geral aprovou uma resolução 2145 (XXI), que declarou
o mandato encerrado e que a República da África do Sul não tinha mais direito
de administrar o Sudoeste Africano. Em 1971, na decorrência de um pedido de
parecer consultivo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Tribunal
Internacional de Justiça decidiu que a continuação da presença da África do
Sul na Namíbia era ilegal e que a África do Sul estava obrigada a se retirar da
Namíbia imediatamente. Também decidiu que todos os Estados membros das
Nações Unidas tinham a obrigação de não reconhecer como válido qualquer
ato realizado pela África do Sul em nome da Namíbia.

O Sudoeste Africano tornou-se conhecido como Namíbia pela ONU quando a


Assembleia Geral mudou o nome do território pela Resolução 2372 (XXII), de
12 de junho de 1968. A SWAPO foi reconhecida como representante do povo
da Namíbia e ganhou o estatuto de observador da ONU quando o território do
Sudoeste Africano que já havia sido removido da lista de territórios não
autônomos.

O território tornou-se independente como República da Namíbia em 21 de


março de 1990. Em 1993 — no âmbito das negociações pelo fim do apartheid

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—, a África do Sul aprovou a transferência dos territórios de Walvis Bay e das
Ilhas Pinguim para a Namíbia, com a integração formal a ocorrer no ano
seguinte.

Pretória vai condicionar a sua retirada da Namíbia em simultâneo com a de


todas as tropas cubanas estacionadas em Angola por recear o ataque às suas
fronteiras a partir da Namíbia, alastrando a influência comunista na África
Austral que, ao consumar-se na Namíbia, atacaria em breve o espaço sul-
africano, visto que o ANC, como a SWAPO, acusava demasiada colagem a
Moscovo.

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CONCLUSÃO

Depois da análise feita para a elaboração do presente trabalho, conclui-se que,


os Acordos de Nova Iorque foram um marco histórico para a independência da
Namíbia e o fim do regime de segregação racial na África do Sul. Eles foram
assinados em 22 de dezembro de 1988 pelos Ministros das Relações
Exteriores da República Popular de Angola, da República de Cuba e da
República da África do Sul na sede das Nações Unidas em Nova Iorque. O
acordo concedeu a independência à Namíbia da África do Sul e encerrou com
o envolvimento direto de tropas estrangeiras na Guerra Civil Angolana.

10
BIBLIOGRAFIAS

Fernandes, J. P. & Capumba, P. A. (2014). História 12ª Classe. Luanda: Textos


Editores, Lda. – Angola.

A Libertação da África austral. Disponível em:


https://www.vicepresidente.gov.ao/index.php/2023/03/23/dia-da-libertacao-da-
africa-austral-dia-da-batalha-do-cuito-cuanavale-. Acesso 25/11/23

Acordos de Nova Iorque. Disponívrl em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_de_Nova_Iorque-. Acesso 25/11/23

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