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INTRODUÇÃO
A Guerra da Coreia é um dos conflitos menos estudados pela academia. Tendo
resultado em cerca de 1.200.000 baixas, a guerra foi tratada como “um conflito
encapsulado e discreto”2 que durou 3 anos e cuja origem fora desconhecida até as décadas
de 1970-80. A partir de então ocorreu uma reexaminação do conflito, que foi
caracterizado como guerra civil, internacionalizada a partir da intervenção dos Estados
Unidos da América. Deste modo, este artigo busca analisar a Guerra da Correia, os fatores
que levaram a esta e suas atuais consequências para a península coreana. Assim sendo,
1
Este é uma versão resumida do artigo de mesmo título financiado pela CNPq a ser publicado
posteriormente pelo PIBIC – IBMEC.
2
Geiger, 2017, p.118
3
Information Service Of The Republic Of Korea, [s.d.]f
4
Britannica, [s.d]
É Joseon que começa a sofrer com as invasões japonesas, tendo como principal
conflito a Guerra Imjin, que teve como causa o comércio entre os países e levaria a Joseon
a se aproximar mais da dinastia Ming chinesa. A queda de Joseon ocorreu por conta de
seu isolamento durante o período imperialista, resultando também na abertura (forçada)
da China e Japão. Ao negar-se a fazer o mesmo, o reino foi atacado em 1866 pelos
franceses, em 1871 pelos estadunidenses e em 1875 pelo Japão. Estes ataques levaram a
assinatura do Tratado Ganghwado.
Em 1902 o Japão construiu para si uma forte posição ao entrar numa aliança
com o Reino Unido, a potência europeia mais importante na região. O Japão
reconheceu os interesses britânicos na China e em troca os britânicos
reconheceram os interesses especiais do Japão na Coreia. Sentindo uma
fraqueza na costa do território chinês, a Rússia começou a mover tropas para a
Coreia e imediatamente entrou em conflito com o Japão. Numa tentativa de
evitar uma guerra, o Japão propôs que os dois países dividissem a Coreia em
esferas de influência, com o marco divisor sendo traçado no Paralelo 38 - a
mesma linha escolhida pelos Estados Unidos para a divisão da Coreia depois
da Segunda Guerra Mundial. (OBERDORFER; CARLIN, 2014, p. 4)
5
Oberdorfer; Carlin, 2014, p. 4
No breve espaço de tempo entre o colapso da administração colonial japonesa
e a chegada das autoridades de ocupação estrangeira, os coreanos tentaram
criar suas próprias organizações políticas, tanto na capital como nas províncias.
Contudo, por causa da rapidez do processo, as organizações locais que
emergiram tomaram uma variedade de formas e nomes, as quais ficaram
conhecidas, genericamente, como Comitês Populares (inmin wiwonhoe). Os
soviéticos reconheceram a autoridade dos comitês populares, ao mesmo tempo
que tentavam torná-los mais favoráveis a suas políticas. Assim,
diferentemente da firme autoridade exercida pelos EUA no sul, de agosto de
1945 a janeiro de 1946,a URSS não chegou a estabelecer qualquer tipo de
administração central, mas sim um governo provisório misto, no qual a
Administração Civil Soviética (ACS), criada em agosto de 1946, coordenava-
se com os Comitês Populares. (VISENTINI ET AL., 2005, P.50-51)
Com a chegada dos soviéticos, formou-se um governo militar no Sul, que não
reconheceu o governo sul-coreano e levou a divisão política de Seul. Neste contexto
ocorreu o retorno de Syngman Rhee. Com o aumento das tensões internas e externas,
Rhee assumiu um papel cada vez mais proeminente dentro do governo devido ao seu forte
anticomunismo e seu apoio as eleições separadas para os estados coreanos. Este status
permitiu que Rhee elimina-se as alternativas moderadas ao governo, levando-o a ascender
ao cargo de presidente, em 1948, da República da Coreia. (Vu, 2007) E, três semanas
após o surgimento da república sul-coreana, forma-se a República Popular Democrática
da Coreia, sobre o comando de Kim Il-sung, que foi eleito através de uma votação dentro
do partido. (Visentini et al, 2005)
A GUERRA DA COREIA
A polarização da península, somada ao contexto da Guerra Fria, levou a Guerra da
Coreia - iniciada no ano de 1950 e “terminada” em 1953 com o Acordo de Armistício de
Panmunjon. Este foi o único conflito armado entre as potências polos da Guerra Fria e é
facilmente divido, conforme Cumings (2010, p. 11), em 3 partes: a guerra em direção ao
Sul, no verão de 1950; a guerra em direção ao norte, no outono e inverno de 1950; e, por
último , a intervenção chinesa. Deste modo, mesmo que a
[...] Coreia do Norte tenha realizado os primeiros ataques, os pedidos repetidos
e reiterados de Rhee por uma "marcha para o norte" podem ter contribuído para
o aumento das tensões que levaram à guerra. Ele e Kim Il-sung
supervisionaram as prisões e assassinatos em massa de cada regime. A
violência intensificou o que já havia sido o antiamericanismo extremo ao norte
e o anticomunismo extremo ao sul. [...] A guerra homogeneizou as duas
sociedades e reforçou suas elites extremistas. (VU, 2007, p. 38)
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UNODA, [s/d]a
7
UNODA, [s/d]b
8
INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY, 1994.
espaço para as disparidades de dependência. O comércio bilateral aumentou de
US $19 milhões em 1979 para US $239,9 bilhões em 2017, assim, a China é o
principal parceiro comercial da Coreia do Sul e a Coreia do Sul tem sido o
quarto maior parceiro comercial da China durante vários anos. Desde 1992, a
Coreia do Sul não tem tido déficits comerciais com a China. Como Seul há
muito valoriza o comércio, o investimento e o turismo como interesses
nacionais centrais, a ascensão econômica da China significou uma crescente
de vulnerabilidade para a Coreia do Sul (HO, 2018, p.73)
Por consequência, o governo chinês vem tentando manter o status quo da região.
Contudo, isto não quer dizer que ele não está envolvido nas negociações do conflito.
A China observará atentamente a cúpula Trump-Kim com a esperança de que
passos cruciais sejam dados em direção à paz na península, que servem aos
melhores interesses da China. Mas Pequim também está seriamente
preocupada com os detalhes dos acordos, bem como com o papel que pode
desempenhar enquanto as negociações avançam. Embora por muito tempo
tenha desempenhado um papel significativo de mediador, Pequim precisou
afastar-se e observar de fora o desenvolvimento desse importante problema de
segurança para a região. Para se manter mais diretamente envolvido no
processo, Pequim está pressionando para que a cúpula Trump-Kim ocorra na
China, o que pode ser uma escolha racional, dada não apenas a conveniência
do local para Kim, cujo avião especial é muito pobre para percorrer longas
distâncias, mas também dado o papel histórico da China como mediador.
(HUANG, 2018)
CONCLUSÃO
Conclui-se que sem a intervenção das grandes potências regionais e internacionais
em sua busca por novos mercados consumidores, mão-de-obra e matéria-prima,
dificilmente ocorreria a separação da península coreana. Mesmo que a Guerra (Civil) da
Coreia ainda viesse a acontecer, é impossível analisar a história da Guerra da Coreia e
não perceber que, sem a intervenção americana e posterior intervenção sino-soviética,
esta teria terminado com a unificação da península sob um governo ou outro. Para além,
é sensato imaginar que a Guerra da Coreia não terá um fim até que se realize uma
conferência com todas as partes envolvidas direta ou indiretamente, de modo a sanar
todos os medos e receios para que, enfim, possa-se chegar a um Acordo de Paz.
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