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A Guerra da Coreia

A Guerra da Coreia é conhecida como a guerra que nunca acabou, já que desde 1953 a
Coreia do Sul e a Coreia do Norte estão em trégua, mas ainda não formalizaram o fim do conflito.
Este confronto traz consequências até aos dias atuais, em especial nas tensões entre os Estados
Unidos e Coreia do Norte e Coreia do Sul.

O que foi a Guerra da Coreia?

A Guerra da Coreia foi um conflito armado que aconteceu entre 1950 e 1953 entre a
República da Coreia, ou Coreia do Sul, e a República Popular Democrática da Coreia, ou Coreia
do Norte. A guerra começou quando soldados da Coreia do Norte, com o apoio da União
Soviética e da China, invadiram o território da Coreia do Sul, numa tentativa de unificar a
península.

Contexto histórico: a Guerra Fria

Pré - antecedentes da Guerra da Coreia

Depois dos Aliados terem vencido a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos da
América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) iniciaram uma disputa
de poder para alcançar a maior influência na esfera internacional, resultando na Guerra Fria.
Deste modo, o mundo ficou dividido em dois grandes polos: o bloco socialista, representado pela
União Soviética, e o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos. Esta nova ordem ficou
conhecida como bipolarismo e foi marcada por grandes acontecimentos:

 Criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) em 1949, uma aliança


militar entre os Estados Unidos e os países europeus;

 Criação do Pacto de Varsóvia em 1955, um acordo militar entre a União Soviética e os


países de leste;

 Corrida armamentista, onde cada superpotência buscava os avanços tecnológicos para


desenvolverem ainda mais a sua capacidade bélica;
 Corrida espacial, onde a União Soviética conseguiu lançar o primeiro satélite artificial em
1957 e o primeiro voo espacial tripulado por um humano em 1961, enquanto os Estados
Unidos promoveu a chegada de seres humanos à lua em 1969;

 Construção do Muro de Berlim, símbolo do bipolarismo e que dividiu a capital da


Alemanha em duas: a Ocidental sob influência capitalista e a Oriental sob influência dos
soviéticos.

Antecedentes da Guerra da Coreia

De 1910 até 1945, a Coreia foi colónia do Japão e não possuía governo próprio. Com o
colapso do Império Japonês e o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, os Estados Unidos da
América e a União Soviética reuniram-se na Conferência de Potsdam, junto com o Reino Unido,
para decidir o futuro da península. Nesta conferência, as duas grandes potências da época
acordaram em dividir a Coreia em duas, sendo que a parte norte ficou sob a influência da URSS
e a parte sul influenciada pelos Estados Unidos. Esta divisão é conhecida como o paralelo 38,
uma linha que está a 38 graus ao norte da Linha do Equador. A princípio, esta divisão era
somente para fins administrativos, ou seja, apenas para desarmar o exército japonês e repatriar os
soldados.

As divergências ideológicas entre os Estados Unidos e a URSS dificultavam o processo


de estabelecer uma Coreia unificada. Em 1947, o então Presidente dos Estados Unidos Harry
Truman convenceu a Organização das Nações Unidas (ONU) em se tornar responsável pela
união da península. Apesar da decisão da Organização, as tropas estadunidenses se mantiveram
do lado sul do paralelo até 1948. No mesmo período, Kim Il-sung, que teve treinamento na
União Soviética e foi major no exército da URSS, acaba por ganhar relevância na Coreia do
Norte. Depois de ter lutado contra o Império Japonês na Segunda Guerra Mundial, Kim Il-sung
volta à Coreia do Norte e se torna líder comunista do país de 1948 até a sua morte em 1994.

Em 1949, Kim Il-sung tentou invadir o sul com o apoio da União Soviética, mas o líder
do bloco soviético, Stalin, recusou essa abordagem, já que para ele as tropas da Coreia do Norte
não estavam totalmente preparadas e Stalin temia uma possível retaliação dos Estados Unidos.
O primeiro conflito armado da Guerra Fria

Em 1950, o exército da Coreia do Norte já se encontrava numa posição mais favorável do


que a da Coreia do Sul: o exército de Kim Il-sung contava com armamentos financiados pela
União Soviética e veteranos coreanos do Exército de Libertação Popular da China. Depois de
uma visita em Moscou, Stalin aprovou a invasão e, em 25 de Junho de 1950, as tropas norte-
coreanas (cerca de 75.000 soldados) atravessaram o paralelo 38 em direcção à Seoul, capital da
Coreia do Sul, com o objectivo de reunificar a Coreia.

O Presidente estadunidense Harry Truman defendia que se o líder do bloco capitalista


não tomasse nenhuma providência em relação às Coreias, o socialismo se alastraria para o
restante do mundo como aconteceu com a China em 1949. Portanto, com a invasão dos soldados
norte-coreanos, Truman mandou tropas para a defesa da Coreia do Sul e também recorreu à
ONU para obter apoio militar. Na resolução 82 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a
organização afirma que o governo sul-coreano foi estabelecido de forma legítima através de
eleições e que é o único governo deste tipo na península. Além disso, a resolução apela para que
as forças norte-coreanas regressem para o Parelelo 38, de forma a acabar com a guerra. Esta
decisão do Conselho de Segurança poderia ter sido acatada por União Soviética e não foi, já que
a URSS estava receando o aumento da influência da China na região. Se a URSS parasse de
ajudar a China comunista continuando a ajudar a Coreia ganharia maior influencia, e a URSS
não quer perder essa influencia.

Assim, em Setembro de 1950, tropas da ONU lideradas pelo general MacArthur


chegaram à península coreana de forma a conter a invasão da Coreia do Norte. Por não querer
uma fronteira com um país influenciado pelos Estados Unidos, em Outubro de 1950, a China
auxiliou a Coreia do Norte até um pouco abaixo do paralelo 38. Em 1951, com mais tropas da
ONU, o norte coreanos regressaram à divisão inicial e em 1953 foi assinado um armistício entre
as duas Coreias, que as deixou divididas até aos dias atuais.
Consequências da Guerra da Coreia

A guerra teve consequências gigantes tanto na Coreia do Norte quanto na Coreia do Sul,
sendo que boa parte do conflito ocorreu ao redor da zona desmilitarizada, uma região de 5km de
largura que divide as duas Coreias de leste a oeste e que foi estabelecida durante o armistício.

 Quase cinco milhões de pessoas morreram na guerra e mais da metade eram civis;

 Desde 1953, existe tensões entre ambos os governos coreanos;

 A Coreia do Sul conta com a presença de mais de 20.000 soldados estadunidenses na


zona desmilitarizada e se transformou numa potência económica e tecnológica regional.

 Coreia do Norte tornou-se num dos países mais isolados do mundo.

Implicações da Guerra da Coreia

Depois da Guerra Fria

o Com o fim da URSS no fim da década de 1980, a Coreia do Norte perdeu um dos seus
principais aliados e o desenvolvimento de armas nucleares foi uma medida de segurança
para a dinastia Kim, assim o mundo vem mais uns pais produzindo armas nucleares, oque
eles estavam a tentar parar ou barrar, e as desconfianças no sistema internacional
aumentam;

o Tensões entre Estados Unidos e Coreia do Norte. EUA nunca quis reconhecer a Coreia
do Note como Legitima, e sempre impõe sanções comercias e mesmo de transacções
bancarias a Coreia o Norte. As relações diplomáticas entre a Coreia do Norte e Estados
Unidos são muito complexas, marcadas por muitas tentativas de negociação, divergências
e envolvem diversos atores e interesses. Com o governo Trump, as tensões entre os dois
países aumentaram, já que a Coreia do Norte tem tido sucesso nos testes de mísseis
balísticos de longo alcance e dos avanços na tecnologia de bombas de hidrogénio.
o Relações entre Coreia do Sul e Coreia do Norte. Desde a trégua em 1953, a Coreia do
Norte e a Coreia do Sul possuem relações diplomáticas um pouco conturbadas. Apesar
disso, em 2018, aconteceu um encontro histórico entre os líderes dos dois países. Esse
encontro ocorreu na zona desmilitarizada e com o apoio dos Estados Unidos. Durante a
cimeira de 2018, os líderes afirmaram o seu compromisso com “uma nova era de paz”,
sendo que o Presidente sul-coreano Moon Jae-in chegou a afirmar que “não vamos voltar
atrás no tempo”. Durante o encontro, o Líder Supremo da Coreia do Norte afirmou que
“o mesmo sangue, a mesma cultura e a mesma nação não pode estar separada. Nós somos
irmãos. Esperamos unir esforços e abrir caminho para um novo futuro. Por isso é que eu
atravessei a fronteira e vim à Coreia do Sul”;
Considerações finais

A Guerra da Coreia foi o primeiro conflito armado da Guerra Fria e causou muita
destruição para ambos os países, com pelo menos três milhões de mortos, sendo a maioria civil.
Actualmente, apesar dos esforços de relações diplomáticas entre os norte-coreanos e sul-
coreanos, as diferenças ideológicas entre os dois Estados são visíveis.

Esta guerra foi muito marcante na história do século XX e também nos ajuda a entender
um pouco mais sobre a relação destes países com grandes potências, como Rússia, Estados
Unidos e China, tanto a nível regional, como a relação diplomática entre as duas Coreias.

Como dissemos, os Estados Unidos são fortemente aliados da Coreia do Sul, não
reconhecendo a legitimidade da Coreia do Norte. Contudo, a existência de apoio soviético
durante a Guerra Fria e a própria presença no entorno estratégico da China impediram medidas
militarmente enérgicas por parte dos Estados Unidos.

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