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Análise sobre a Guerra da Coreia a partir do uso do Método

MENDES, Maria Laura

A Guerra da Coreia foi o primeiro conflito armado da Guerra Fria. Consolidando-se


como um conflito curto, mas excepcionalmente sangrento, a Guerra da Coreia tinha como
objetivo a reunificação dos dois pólos de influência, a República Democrática da Coreia
(Coreia do Norte) e a República da Coreia (Coreia do Sul), segregadas pelas duas
potências nucleares no contexto da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética, em
exercício da extensão e reafirmação de seus poderes através do estabelecimento de suas
filosofias políticas, modelos econômicos e modo de vidas entre o Sul e o Norte da Península
Coreana. Uma guerra marcada por avanços e recuos, conquistas e regressos e ao menos
2,5 milhões de vítimas, sendo esse número majoritariamente composto por civis e
apresentando uma taxa de mortes civis maior do que a da Segunda Guerra Mundial e a
Guerra do Vietnã, foi interrompida após três anos inconclusivos de conflito, através de um
armistício em 1953. Através do supracitado, é possível estabelecer a pergunta de pesquisa
do presente trabalho, a qual poderá ser respondida por meios estatísticos: Por que as
partes envolvidas, com objeção da Coreia do Sul, concordaram com o armistício após 3
anos de conflito, rejeitado anteriormente pela Coreia do Norte, visto que o cessar fogo
estabeleceria a derrota de ambas as partes e a inconclusão do conflito?
Em primeiro plano, é importante ressaltar que uma tentativa de cessar fogo atribuída
à Coreia do Norte foi exigida pela Organização das Nações Unidas em 1951, a qual foi
ignorada pelo país. Não obstante, o Acordo de Armistício Coreano de 1953 contou com a
atribuição do general norte-coreano Nam II representando o Exército Popular da Coreia,
mas a República Coreana, isto é, a Coreia do Sul, não concordou com os termos e portanto,
nenhum tratado de paz formal foi estabelecido. Nesse sentido, consegue-se através de
dados estatísticos desenvolver uma hipótese para a objeção posterior da Coreia do Sul,
inicialmente o principal beneficiado pelo armistício proposto em 1951 no Acordo assinado
em 1953 e a adesão do governo norte-coreano no Armistício de 1953, mesmo com sua
negligência ao cessar fogo exigido anteriormente.
A princípio, é válido salientar que apesar de o conflito em sua totalidade ter se
iniciado por divisões em áreas estratégicas do capitalismo norte-americano e do socialismo
soviético, a contribuição da União Soviética à Guerra sempre foi pequena, incluindo
unidades médicas dos aliados soviéticos como Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, Bulgária
e Romênia. Na verdade, em 1949 o governante da República Democrática da Coreia, Kim
Il-Sung, havia pressionado Joseph Stalin a uma invasão convencional do Sul, recusada por
Stalin, preocupado com o relativo despreparo das forças armadas norte-coreanas sobre um
possível envolvimento dos EUA. Em 1950, a liderança comunista construiu o KPA (Korean
Popular Army), em uma implacável força ofensiva modelada após um exército mecanizado
soviético. Os chineses libertaram veteranos coreanos do PLA (People’s Liberation Army),
enquanto os soviéticos financiaram armamentos. Ainda em 1950, era nítida a superioridade
norte-coreana em todas as categorias de recursos bélicos, somando-se em
aproximadamente 135.000 homens sobre o recém formado exército sul-coreano, o ROKA,
que continha 98.000 soldados. A ofensiva principal, conduzida pelo KPA I Corps, contava
com 53.000 homens, enquanto o II Corpo possuía 54.000 soldados, atacando ao longo de
dois eixos amplamente separados, o que resultou na conquista de Seul, a capital da Coreia
do Sul. A resposta inicial de Truman, o então presidente dos Estados Unidos, foi ordenar a
MacArthur, oficial militar norte-americano, a transferir munições para a ROKA e usar a
cobertura aérea para proteger a evacuação de cidadãos americanos. No entanto, a
administração Truman enfrentou a infeliz verdade de que não tinha poder militar
suficientemente eficaz para conter a invasão. MacArthur garantiu o compromisso de três
divisões do Japão, mas as forças terrestres dos EUA só expandiram o escopo da derrota.
Durante quase oito semanas, soldados americanos lutaram e morreram, enfraquecidos por
armas inadequadas, números limitados e liderança incerta, sendo frequentemente
assediados por fluxos de refugiados que fugiam para o sul, o que aumentava a ameaça de
infiltração de guerrilha. O compilado da desorganização norte-americana atrelada ao
despreparo do exército sul-coreano responde diretamente o porquê de uma recusa do
armistício por parte da Coreia Do Norte, proposto em um primeiro momento pela
Organização das Nações Unidas, visto que, no determinado momento, a República
Democrática da Coreia havia conquistado parte majoritária do território “inimigo” em razão a
sua superioridade bélica e estratégica em relação a Coreia do Sul.
Ademais, o financiador direto da Coreia do Norte na Guerra da Coreia era a China,
fornecendo mais de um milhão de homens durante os três anos de conflito. O envolvimento
da China comunista na Guerra da Coreia aumentou as preocupações com a segurança
interna, esticando a já esgotada economia nacional e colocando em risco uma potencial
Guerra total do Ocidente com a China. O conflito ocasionou em quase dois milhões de
mortes, entre 150.000 e 400.000 dos mortos sendo chineses. No mais, diversos fatores
contribuíram para a adesão dos comunistas ao acordo antes rejeitado, como por exemplo a
ascensão das Forças Aéreas dos Estados Unidos, que partiu de menos de 700 aeronaves
em julho de 1950 para mais de 1.400 em fevereiro de 1951. As tropas norte-americanas, no
entanto, constam com menos de 200 mil vítimas em sua totalidade, sendo possível concluir
que, por superioridade bélica e de recursos, os Estados Unidos, em uma extensão do
conflito, iriam acabar, em um determinado momento, vencendo a Guerra, mas já não era a
um custo aceitável.
Por fim, no que tange à rejeição da Coreia do Sul ao Acordo de Armistício Coreano,
pode-se concluir que Syngman Rhee, o presidente da República da Coreia determinado
pelos Estados Unidos, recusava aceitar o fracasso na unificação da Coreia à força.
Syngman Rhee, no entanto, não possuía autoridade legal, pois a República da Coreia não
era um partido independente no conflito, visto que o comando sobre seus militares foi dado
a um general dos EUA. Ademais, a República da Coreia, notoriamente fragilizada, com
cerca de 1,000,000 milhão de civis mortos e desaparecidos, 217,000 militares mortos e
desaparecidos e 429,000 mil militares feridos, não possuía recursos bélicos e econômicos
para prosseguir com seu objetivo de reunificação, portanto, a República da Coreia foi
representada pelos Estados Unidos no Acordo de Armistício Coreano. Em suma, esses
aspectos e recursos - ou a falta deles - obrigaram os líderes de ambas as coalizões a
considerar que a paz não poderia ser imposta por nenhum dos lados através da vitória
militar, a considerar o custo benefício para os países.

REFERÊNCIAS

Korean War. Disponível em: <https://www.britannica.com/event/Korean-War>. Acesso em: 22 jun.


2022.

ROK Army Story. Disponível em: <https://www.globalsecurity.org/military/world/rok/army-history.htm>.


Acesso em: 22 jun. 2022.

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