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Natureza &
Conservação
Revista Brasileira de Conservação da
Natureza
Apoiado pela Fundação do Grupo Boticário para a Proteção da
Cartas de pesquisa Natureza
ht t p : / / w w w . nat ur eza ec ons erv ac a o. c om. b r
A perda de habitat e a eficácia das áreas protegidas
no hotspot de biodiversidade do Cerrado

Renata D. Fr a n c ¸ o s o a,∗, Reuber Brandãob , Cristiano C. Nogueirac , Yuri B. Salmonaa ,


Ricardo Bomfim Machadoa , Guarino R. Collia
a Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Brasil
b Departamento de Engenharia Florestal, Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Brasil
c Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil

article info abst ract

Histórico do artigo: O definition de metas de conservação é estratégico para a proteção da biodiversidade e deve
Recebido em 28 de agosto de garantir a representatividade e a persistência dos componentes da biodiversidade. Isto é
2014 espe- cialmente crítico em ecossistemas de rápido desaparecimento, como no Cerrado,
Aceito em 4 de março de 2015 onde as oportunidades de conservação estão diminuindo rapidamente. Avaliamos como
Disponível online 17 de abril diferentes categorias de áreas protegidas (APs) no Cerrado contribuem para alcançar a
de 2015
meta de conservação de 17% defined pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).
As taxas de desmatamento em áreas de uso sustentável (categorias IV a VI da IUCN) são
Palavras-chave: similares àquelas fora das áreas protegidas, indicando que elas não são adequadas para
CDB garantir a proteção da biodiversidade. Por outro lado, as UCs rígidas exibem significantly
Objetivos de menos desmatamento e devem formar a maior parte do conteúdo alvo. Como as UCs
conservação rígidas representam apenas 3% do Cerrado, o Brasil está longe de atingir a meta de 17%
Gerenciamento do defined pela Convenção sobre Diversidade Biológica. Medidas urgentes para a criação de
desmatamento UCs rigorosas no Cerrado são necessárias para garantir a representatividade e a
Biodiversidade persistência de sua biodiversidade visível.
Savana
© 2015 Associac¸ão Brasileira de Ciência Ecológica e Conservac¸ão. Publicado por Elsevier
Região neotropical
Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

de estudos baseados em evidências ou de sugestões de


Introdução políticas (Svancara et al., 2005). Idealmente, as redes de
reserva devem ser suficientemente grandes para assegurar
Embora a humanidade esteja enfrentando uma crise uma representação e persistência adequadas dos
expressiva de biodiversidade (Peh, 2011), conservar o ecossistemas (Gaston et al., 2006), mas não há consenso
legado da natureza não é uma tarefa fácil. O estabelecimento sobre a proporção da paisagem natural que deve ser
de redes de reservas é uma ferramenta importante para mantida (Brooks et al., 2006).
atingir metas de conservação da biodiversidade (Margules et Uma revisão das metas de conservação para diferentes
al., 2002). As metas de conservação podem originar países e ecossistemas indicou uma média de 13,3% para

∗ Autor correspondente em: Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília (UnB), 70910-900 Brasília, DF, Brasil.
Endereço eletrônico: renatatafrancoso@gmail.com (R.D. Franc¸ oso).
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http://dx.doi.org/10.1016/j.ncon.2015.04.001
1679-0073/© 2015 Associac¸ão Brasileira de Ciência Ecológica e Conservac¸ão. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos
reservados.
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ecossistemas, espécies e populações incluídas) e persis- tência


metas, enquanto as metas baseadas em evidências eram
(quanto tempo permanecerão), avaliamos a contribuição de
muito maiores (Svancara et al., 2005). Há um claro conflict
diferentes categorias de AP para evitar a perda de habitat.
entre as expectativas dos cientistas de conservação e os
Utilizamos a defor- Estação dentro dos IPs e SUs e em suas
formuladores de políticas (Wilhere et al., 2008),
imediações para avaliar a resiliência e considerar apenas a
especialmente em relação à quantidade de terra necessária
porção de APs coberta por vegetação natural como
para garantir a conservação da biodiversidade. Áreas
efetivamente protegida. Nós specifically abordamos as
protegidas (APs) são rotineiramente colocadas em terras
seguintes questões: (1) As UCs podem garantir o Cerrado
residuais (Adams, 2005), onde o custo da terra é mais
importante que o valor biológico, tornando o sistema de APs
extremamente adverso para a manutenção da
biodiversidade (Venter et al., 2014).
As metas de conservação mais amplamente aplicáveis são
as estabelecidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica
(CDB), vinculada ao Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e assinada por 168 países, incluindo o Brasil. O
plano estratégico revisto e atualizado para a conservação da
biodiversidade global para 2011-2020 foi recentemente
discutido em Aichi, Japão, e incluiu o estabelecimento de
uma meta de conservação de 17% para ecossistemas
terrestres e de águas interiores e 10% para ecossistemas
marinhos e costeiros. As altas taxas de desmatamento, típicas
das regiões tropicais, são a principal causa da perda de
biodiversidade, afetando alguns dos países com maior
diversidade biológica (Vié et al., 2009). Entretanto, mesmo
em áreas florestais, a biodiversidade pode ser ameaçada por
processos de caça de subsistência e fragmentação que levam
à defaunação (Peres, 2000), comprometendo a manutenção
de latifúndios naturais (Redford, 1992). No Cerrado
brasileiro, a maior e mais rica savana neotropical (Myers et al.,
2000), de acordo com o monitoramento do desmatamento
brasileiro, os níveis de destruição de habi- tat são galopantes
e restam apenas 50% de sua cobertura natural. Embora o
Cerrado seja responsável por 30% da biodiversidade
brasileira, uma quantidade muito pequena de sua superfície
é protegida. As principais causas do desmatamento do
Cerrado são monoculturas de commodities e pastagens,
enquanto os reservatórios hidroelétricos e a expansão das
áreas urbanas são causas secundárias. Algumas previsões
mostram um cenário muito sombrio para a vegetação nativa
em um futuro próximo (Faleiro et al., 2013). De acordo com os
relatórios do governo brasileiro, a taxa de desmatamento no
Cerrado em 2009 foi de 0,32%, mais que o dobro da taxa de
0,14% observada em
Amazônia.
No Brasil, as APs criadas pelos governos federal, estadual ou
municipal - fit em doze categorias, formando dois grupos:
Proteção Integral (IP) e Proteção de Uso Sustentável (SU)
PAs (Brasil, 2000). Enquanto o objetivo principal do
primeiro é proteger os recursos naturais, o segundo visa
promover a conservação da natureza e o uso sustentável dos
recursos naturais. Como a criação de UCs é a estrutura mais
eficaz para a proteção da biodiversidade, vários países
(especialmente os signatários da CDB) investem recursos
substanciais para o identification, criação e gestão de UCs
(Gaston et al. , 2006).
Como as APs recebem recursos do financial e a confiança
do público, é essencial compreender sua eficácia para a
conservação da biodiversidade (Gaston et al., 2006).
Considerando que as principais marcas de qualquer alvo de
conservação bem sucedido são a rep- resentação (todos os
ecossistemas conhecidos ou relevantes, espécies e
populações incluídas no sistema), redundância (quanto de
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respectivamente). Entretanto, as diferenças de desmatamento


persistência? (2) Como os IPs e SUs se comparam na
dentro das UCs de acordo com a jurisdição dependem da
prevenção da perda de habi- tat no Cerrado? (3) Como
expropriação: as UCs federais expropriadas tinham nificantly
efficient são os IPs e SUs para a manutenção da cobertura
menos desmatamento do que as estaduais expropriadas (p <
de árvores do Cerrado?
0,001), municipais expropriadas (p = 0,013), ou municipais

Material e métodos

Obtivemos dados de todas as APs no Cerrado brasileiro,


exceto das RPPNs (disponíveis em
http://www.ibama.gov.br/zoneamento- ambiental/ucs/), e
recortámos seus limites de acordo com official fronteiras do
Cerrado. Usamos a forma remanescente do Cerrado - files da
imagem Landsat e CBERS classification, identificando
manchas maiores que 2 ha, e recortámos shapefiles das APs
brasileiras usando os limites do Cerrado.
Registramos a presença de restos do Cerrado dentro de
PAs (IPs e SUs) e em um buffer de 10 km ao seu redor (Fig.
1). Quando as UCs se sobrepuseram, consideramos a
quantidade de área desmatada da categoria mais
restritiva, pois nestes casos a legislação brasileira
considera que as normas aplicadas às UCs mais restritivas
devem ser mantidas (Brasil, 2000). Obtivemos a área total,
área total remanescente e área total desmatada para 2008
utilizando o Patch Analyst for ArcGis 9.3. Em seguida,
calculamos a proporção de restos totais e áreas
desmatadas totais e arcos-estipulados, transformando
todos os valores antes das análises.
Avaliamos os efeitos do uso (IPs ou SUs), jurisdição
(estadual, federal ou municipal) e expropriação (sim ou não)
sobre o desmatamento total dentro e nos 10 km de
amortecimento, utilizando testes fatoriais de ANOVA e Tukey
HSD. Algumas categorias de PA são expropriadas após sua
criação (REBIO, ESEC, PARNA, FLONA, RESEX, e RDS).
Avaliamos as diferenças em porcentagem
desmatamento dentro e fora (tampão de 10 km) diferentes
categorias de PA com testes Wilcoxon. Relatamos significa ±
1 desvio padrão e utilizamos o nível significance de 5%
para hipóteses
testes.

Resultados

Existem atualmente 285 áreas protegidas no Cer- rado


brasileiro (Tabela 1), compreendendo 155 reservas
estaduais, 81 municipais e 49 federais, cobrindo 9,6% da
região. No entanto, após contabilizar as áreas sobrepostas,
elas representam apenas 8,3% do Cerrado. Considerando
apenas a fração coberta pela vegetação nativa, esta cai
para 6,5% (Tabela 1). As AP estaduais são mais
numerosas, considerando tanto IPs como SUs (Fig. 2A), e
correspondem a 54% do total de AP na região (Fig. 2B). Os
AP municipais, embora mais numerosos do que os AP
federais, correspondem a apenas 3,2% do total de AP do
Cerrado. Apesar de serem menos numerosos, os UCs federais
protegem a maior parte do Cerrado em IPs.
O desmatamento dentro das UCs variou significantly com
uso, jurisdição, assim como a interação entre jurisdição e
expropriação (Tabela S1). O desmatamento foi significantly
mais baixo dentro dos IPs em relação às UCs (Tabela S2 e
Tabela 2, Teste Tukey HSD, p < 0,001). As UCs federais foram
significantly menos desmatadas que as UCs estaduais ou
municipais (Tabela S2 e Tabela 2, p = 0,004 e p < 0,001,
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60ºW 55ºW 50ºW 45ºW

Brasil Pará
Maranhão 5ºS

Cerrado
Piauí

Tocantins 10ºS

Bahia
Mato Grosso

15ºS
Goiás

Minas Gerais

Mato Grosso do Sul Espirito 20ºS


Santo

Lenda
São Paulo Rio de
Áreas Protegidas Integrais Áreas
Janeiro
Protegidas de Uso Sustentável
Área de
Paraná 1:25.000.000
Desflorestament
o Hidrográfico
0 250500 Km 25ºS
N
Vegetação nativa do
Cerrado
Fig. 1 - Área desmatada no Cerrado brasileiro e suas áreas protegidas (Proteção Integral em marrom; Uso Sustentável em
amarelo).

não-expropriadas (p < 0,001) PA (Tabela S2). Nenhuma das à jurisdição estavam dependentes do uso: o desmatamento
outras comparações de pares foi significant. em torno de PIs federais era significantly mais baixo que em
O desmatamento no buffer de 10 km variou significantly torno de PIs estaduais ou municipais, SUs estaduais ou
com jurisdição, expropriação, assim como a interação entre municipais, e SUs federais (p < 0,04 em todos os casos, Tabela
jurisdição e uso (Tabela S2). O desflorestamento foi signifi - S2). Nenhuma das outras comparações de pares foi significant.
pouco mais alto em torno de áreas expropriadas do que Comparando o desmatamento dentro e fora das UCs,
áreas não expropriadas (Tabela 2; Tabela S2 p < 0,001). O também observamos um menor desmatamento dentro dos
desmatamento foi signifi - menor em torno das UCs estaduais parques federais e EE e parques estaduais. Todas as outras
ou municipais (p = 0,006 e p = 0,004, respectivamente; categorias de UCs mostraram diferenças nãosignificant entre
Tabela S2; Tabela 2). Não obstante, as diferenças no o desmatamento interno e externo (Tabela S3).
desmatamento em torno das UCs de acordo com a Tabela S2.
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Tabela 1 - Número, tamanho e porcentagem de cobertura natural para cada categoria de área protegida no Cerrado, de acordo
com a jurisdição e uso.
Jurisdição Remanescente Use Categoria N Área (ha) Cobertura Remanescente
(%) (%) (%)
Federal 88.60 IP EE* 5 1,112,149 0.55 0.54
(49) (22) PARK* 15 2,891,980 1.42 1.39
REBIO* 1 3,449 0 0
RVS 1 128,049 0.06 0.06
SU FLONA* 7 29,023 0.01 0.01
(27) APA 11 1,457,864 0.71 0.45
RESEX 6 81,621 0.04 0.03
ARIE 3 2,312 0 0

Estado 75.19 IP EE* 25 48,687 0.02 0.02


(155) (81) PARK* 43 1,326,444 0.65 0.62
REBIO* 4 10,501 0.01 0
RVS 5 134,725 0.07 0.05
MN 4 31,468 0.02 0.01
SU FLONA* 10 30,766 0.02 0.01
(74) RDS* 1 58,780 0.03 0.03
APA 56 9,057,087 4.44 3.20
ARIE 7 4,446 0 0

Municipal 29.94 IP PARK* 16 7,972 0 0


(81) (27) MN 11 124,806 0.06 0.03
SU APA 54 408,579 0.20 0.04

Total 285 16,950,708 8.31 6.50

Restante (%) = porcentagem de área não afetada pelo desmatamento; Cobertura (%) = porcentagem do bioma Cerrado coberto por cada categoria;
IP = proteção integral; SU = uso sustentável; EE = estação ecológica; REBIO = reserva biológica; RVS = refúgio de vida selvagem; FLONA = for- est
nacional; APA = área protegida ambiental; RESEX = reserva extrativa; ARIE = área de interesse ecológico relevante; MN = monumento natural; RDS
= reserva de desenvolvimento sustentável.
∗ refere-se às categorias que prevêem a expropriação de terras.

de mão, as UCs federais são maiores do que as municipais,


Discussão mas menores do que as estaduais.
Entre todos os PA, não houve diferença no desmatamento
Áreas protegidas (AP) só são eficazes se qualquer mudança dentro e fora das UDs, destacando sua ineficácia contra o
ecológica profunda ou perda de habitat puder ser detectada desmatamento. No Cerrado, 85% de todas as AP corre-
e prevenida (Ahrends et al., 2010), permitindo a integridade e sponds à APA (federal, estadual e municipal). Embora as
a manutenção de suas comunidades, populações e espécies APAs sejam geralmente maiores do que outras APAs mais
ameaçadas (Parrish et al., 2003). Como esperado, os IPs do restritivas, elas são ineficazes na prevenção do
Cerrado sem assentamentos humanos dentro de seus limites desmatamento. As APAs que se enquadram na Categoria VI
são menos desmatados do que os SUs (Carranza et al., 2013). da IUCN (por exemplo, APA e ARIE) têm baixos custos
Este é um resultado óbvio, já que a maioria das atividades sociais, políticos e econômicos, já que não há expropriação e
humanas inclui o uso de fire e o desmatamento. Além disso, as restrições ao uso da terra são muito poucas. Estas APA
somente os PI expropriados apresentaram menos são freqüentemente criadas perto ou mesmo dentro de áreas
desmatamento dentro do que fora de seus limites. Embora as urbanas; assim, não é surpreendente que a categoria APA
UCs federais sejam mais efficient para proteção da seja a mais numerosa em todas as jurisdições. Os governos
biodiversidade, elas são notoriamente menos numerosas do estaduais são responsáveis por 60% das UCs no Cerrado, mas
que as UCs estaduais e municipais. Por outro lado, as seu investimento em conservação está longe de ser a
categoria de APA.

1.E+07
90 A B 54.0%
27.4% 27.0%
80
8.E+06
70
60 18.9%
6.E+06
50
24.4%
40
4.E+06
9.5% 9.5%
30
7.7%
20 2.E+06 9.2% 9.1%
10 2.4%
0.8%
0 0.E+00
Federal Estado Municipal Federal Estado Municipal

Fig. 2 - Número (A) e área (hectares) (B) de áreas protegidas do Cerrado (SU em cinza escuro, IP em cinza claro) em diferentes
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jurisdições.
40 n a t u r e z a & c o n s e r v a ç ã o 1 3 (2 0 1 5) 35-40

protegidas devido a interesses sociais) na contagem para a meta


Tabela 2 - Número e desmatamento (média e desvio padrão) da CDB (ver flooded). Mais adiante, alguns IPs do Cerrado estão
dentro e em 10 km tampão fora das áreas protegidas do sob ameaça de redução.
Cerrado de acordo com o uso, jurisdição e expropriação.

N Por dentro Fora (%)


(%)
Use
IPs 130 25.15 ± 31.02 57.24 ± 29.16
SUs 155 46.46 ± 32.04 55.67 ± 28.92
Jurisdição
Estado 155 35.68 ± 33.64 58.17 ± 31.30
Federal 49 22.58 ± 30.82 43.69 ± 28.49
Municipal 81 47.32 ± 30.46 60.64 ± 21.88
Expropriação
Sim 133 28.78 ± 35.50 59.27 ± 29.90
Não 152 43.70 ± 29.57 53.86 ± 28.02

IPs = áreas de proteção integral; SUs = áreas de uso sustentável.

ideal. A partir de 2005, apenas 16,5% dos PAs estaduais eram


IPs (Rylands e Brandon, 2005); atualmente, esta proporção
diminuiu para 14,4%.
A conservação da biodiversidade é um objetivo
secundário para as SUs (Rylands e Brandon, 2005). De fato,
as categorias V e
VI (a maioria das SUs no Brasil, incluindo RESEX, RDS,
FLONA e APA/ARIE) não devem ser consideradas PAs, uma
vez que não foram concebidas estritamente com o objetivo de
proteger a biodiversidade (Locke e Dearden, 2005). Estas
categorias são, de fato, mais próximas da agenda social,
visando garantir terras para diferentes grupos humanos
(como terras e territórios indígenas para os descendentes de
escravos - dants of slaves). Embora estas categorias sejam
relevantes para alcançar algumas demandas sociais, devem
ser conduzidas por instituições governamentais sociais ou
agrícolas, como proposto no passado pelo governo brasileiro
para os assentamentos de terras ecológicas. De fato, este viés
representa mais financial e custos políticos para o desafio da
conservação da biodiversidade. Por exemplo, as APAs foram
inicialmente adotadas no Brasil como um estratagema para o
planejamento do uso da terra nas áreas de amortecimento
ao redor de outras APAs (Rylands e Brandon, 2005).
O governo afirma que mais de 9% do Cerrado está em AP,
distribuído em todas as jurisdições e categorias. Nunca menos,
nossos resultados indicam que apenas 6% correspondem a
remanescentes do Cerrado em UCs. Os outros 3%
correspondem a áreas desmatadas dentro de diferentes APAs
(principalmente APAs). Official Os relatórios brasileiros para a
CBD incluem todas as APAs, mesmo aquelas ineficazes contra o
desmatamento, como contribuindo para os objetivos da CBD.
Assim, considerando a eficácia das diferentes categorias de
APAs, somente os IPs devem ser incluídos ao computar os
esforços para atingir a meta atual de 17% da CDB. Este cenário
pode até piorar, uma vez que alguns setores do governo
brasileiro estão planejando incluir todos os remanescentes com
qualquer tipo de proteção legal, tais como Reservas Indígenas
(destinadas à manutenção das necessidades indígenas),
reservas legais (pequena fração de terras privadas para uso
sustentável) e áreas de proteção permanente (como nascentes,
vegetação ripária, vegetação de dunas de areia e áreas
https://www.cbd.int/nbsap/targets/default.shtml, que são
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conservação do Cerrado.
De acordo com nossos resultados, não há disputa se os
PAs de gerenciamento mais restritivo sem ocupação
humana (Proteção Integral) são mais eficazes para a
Conflicts de interesse
conservação da biodiversidade. Ainda assim, estas categorias
estão claramente perdendo terreno para os UCs que
Os autores declaram não ter interesse em conflicts.
permitem muitas formas de uso humano. Embora alguns
autores concordem que as pessoas podem promover a
proteção ambiental através do uso sustentável da
biodiversidade (Adams, 2005), especialmente quando os
usuários de recursos naturais estão envolvidos na decisão
pro- cess (Ostrom e Nagendra, 2006), a presença humana nas
UCs aumenta o desmatamento e as taxas de fire,
promovendo a perda de habitat (Nepstad et al., 2006).
Assim, as políticas de conservação devem basear-se em
argumentos que tenham uma base ecológica (Peterson et
al., 2005).
Estima-se que 15-29% da Terra será protegida em 2030,
mas a maioria dos PAs serão projetados para uso humano
(McDonald e Boucher, 2011), com diferentes graus de perda
de biodiversidade. Isto se origina de questões ideológicas e
políticas, combinadas com os interesses pessoais dos
gerentes públicos, políticos e tomadores de decisão. Os PAs
projetados para uso sustentável são menos desgastantes
politicamente, mas a maioria tem altos custos associados à
perda da biodiversidade e serviços ambientais associados,
que em última instância levam ao empobrecimento das
comunidades locais (Andam et al., 2010).
Argumentamos que a criação de UCs que são inefficient
na proteção da biodiversidade de áreas de alta prioridade é
uma caligrafia sem sentido. Como as UCs são a pedra angular
de todas as estratégias de conservação da biodiversidade,
investir na seleção, projeto e gestão dessas áreas só faz
sentido se houver uma chance razoável de que elas
continuem a fornecer proteção da biodiversidade e serviços
ecológicos no futuro (Leverington et al., 2010). Embora as
áreas protegidas sejam o quadro mais importante - trabalho
para a conservação da biodiversidade (Margules et al., 2002),
é evidente que os esforços do governo brasileiro para a
conservação do Cerrado estão longe de ser os ideais. A
criação de novas PI federais é necessária, uma vez que são
mais eficazes na pré-desmatamento (Carranza et al., 2013),
mesmo considerando
ameaças reais.
Cerca de 15% do território brasileiro está sob algum tipo
de proteção (McDonald e Boucher, 2011). Entretanto, as UCs
estão distribuídas de forma muito desigual entre os diferentes
biomas (Barr et al., 2011). Isto poderia reflect diferenças nas
metas anteriores da CDB (30% para a Amazônia, e 10% para
outros biomas), mas a Amazônia Brasil- ian não é um hotspot
de conservação (Myers et al., 2000). Há um grande
desequilíbrio nos esforços de proteção entre os biomas Brasil-
ian, sendo o Cerrado um dos menos protegidos (Barr et al.,
2011). Entretanto, o Brasil tem a responsabilidade global de
proteger seus hotspots, ou seja, a Mata Atlântica e o Cer- rado
(Rylands e Brandon, 2005), especialmente porque ambos
estão quase inteiramente restritos ao território brasileiro.
Nosso findings indica que o investimento na criação de
UCs no Cerrado deve ser direcionado principalmente para
IPs federais, especialmente aqueles que exigem expropriação,
como parques, REBIOs e EEs. Os parques nacionais também
promovem o turismo ecológico, portanto ben- efiting
comunidades locais e sociedade, e são muitas vezes
grandes, contribuindo mais efetivamente para a
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Leverington, F., Costa, K.L., Pavese, H., Lisle, A., Hockings, M.,
Agradecimentos 2010. Uma análise global da eficácia da gestão de áreas
protegidas. Ambiente. Gerenciar. 46, 685–698.
O GRC agradece à CAPES, CNPq e FAPDF pelo apoio do financial. Locke, H., Dearden, P., 2005. Repensando as categorias de áreas
O RBM foi apoiado por uma bolsa de pesquisa do CNPq. protegidas e o novo paradigma. O ambiente. Conserv. 32, 1–
10.
Margules, C.R., Pressey, R.L., Williams, P.H., 2002. Representando a
Apêndice A. Dados complementares biodiversidade: dados e procedimentos para identificação de
áreas prioritárias para conservação. J. Biosci. 27 (4 Sup. 2), 309-
326.
Dados suplementares associados a este artigo podem ser McDonald, R.I., Boucher, T.M., 2011. Desenvolvimento global e o
encontrados, na versão on-line, em futuro da estratégia das áreas protegidas. Biol. Conserv. 144,
doi:10.1016/j.ncon.2015.04.001. 383–392.
Myers, N., Mittermier, R.A., Mittermier, C.G., et al., 2000.
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