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Plano – Guia

Contéudo literário 10º ano

Farsa de Inês Pereira

Introdução

Bom dia a todos.


Hoje, quero apresentar uma pequena exposição sobre um conteúdo literário tratado durante o
nosso 10.º ano.
A minha escolha recaíu sobre a “Farsa de Inês Pereira”, e foi feita segundo dois motivos. O
primeiro porque no ano anterior não tive bom aproveitamento neste contéudo e assim aproveitei
para rever e consolidar a matéria tratada e em segundo lugar porque é uma obra divertida, que com
bastante sarcasmo critica alguns valores da sociedade da altura e que considero ainda temas atuais.
O objectivo desta exposição é demonstrar a minha apreensão da obra e a minha capacidade em
transmitir esses conhecimentos para todos vós.

Desenvolvimento

A “Farsa de Inês Pereira” é uma das muitas obras de Gil Vicente.


Em relação ao autor, não se pode concretizar com certeza nem a data de nascimento, nem de
morte, assim como dizer ao certo o local onde nasceu. Pelos estudiosos é aceite que nasceu em
meados do séc. XV e que já terá morrido em inícios do séc. XVI. Apesar de contoverso, aceita-se
que Barcelos seja a sua cidade natal, ou seja, a cidade onde nasceu.
Gil Vicente como autor retratou de forma o mais fiel possível a sua visão da sociedade
portuguesa do séc. XVI, traçando o perfil psicológico de todas as personagens que inseria na suas
obras.
Dando uso a fórmula de Moliére “rindo se castigam os costumes”, Gil Vicente foi um crítico
severo dos costumes da epóca.
A sua obra insere-se no Humanismo, um movimento que incentiva a valorização do ser
humano.
A sua primeira peça de sucesso foi o “Auto da Visitação” encenado para a rainha D. Maria em
homenagem ao seu primogénito.
Para terminar as considerações sobre o autor, devo concluir dizendo que ele é considerado por
muito como o pai do teatro português.

Para comprovar: “mais vale asno que me carregue do que cavalo que me derrube” Gil Vicente
escreveu a “Farsa de Inês Pereira”.
Esta obra divide-se em três atos.
O primeiro ato corresponde a Introdução ou Exposição.
Inês, uma jovem moça da burguesia, suspira e manifesta desejo de se libertar da mãe, que a
obriga a ficar sempre em casa, ocupando-se de tarefas domésticas as quais considera enfadonhas.
Rejeita um pretendente rico, mas rústico e sem maneiras, Pêro Marques, que para a sua mãe e para a
alcoviteira Lianor Vaz é um “bom partido”.
Nesta primeira parte da obra refleti sobre muitas histórias que ouvi a minha avó contar de
raparigas que para sairem da vida modesta que tinham na aldeia vinham trabalhar para o Porto com
o grande objectivo de encontrarem um “partido”, ou seja um marido rico que as viesse a sustentar,
mesmo que isso implicasse ficarem confinadas a vida doméstica enquanto muitas vezes o marido
levava uma vida dupla com outra família.

O segundo ato corresponde ao Desenvolvimento.


Já nesta parte da obra, Inês aceita um segundo pretendente, Brás da Mata, que tem boas
maneiras, tange viola, correspondendo assim ao seu ideal de “bom casamento”, mas não ao de sua
mãe. Este pretendente é apresentado pelos dois judeus casamenteiros. Brás da Mata é acompanhado
por um criado que se queixa que o amo o trata mal e não lhe paga, ao que ele responde que casando
com Inês acertas as suas contas. Inês casa, e uma vez casada é encerrada em casa e maltratada, o
que a leva a suspirar por se libertar do fidalgo, que metafóricamente é o cavalo que a derruba. O
fidalgo vai para África e após três meses, é morto por um mouro, motícia que Inês recebe com
alegria, prometendo ser mais “realista no futuro”.
Não pude deixar de achar graça, ao verificar que muitas vezes vemos caras e não vemos
corações. Ou seja, como aprendemos em filosofia, nem tudo que apreendemos corresponde a
verdade e a realidade. Muitas das vezes somos enganados pelos nossos sentidos. Vemos uma coisa,
mas a essência, a verdade, a originalidade está escondida e somos completamente enganados.

O terceiro ato corresponde a Conclusão ou Desfecho


Inês aceita casar com Pêro Marques, o seu primeiro pretendente, o rústico rejeitado e com
quem passa a levar uma boa vida, encontrando-se mesmo com um ermitão de quem se torna
amante.
É o próprio Pêro Marques que a leva alegremente ao encontro com o ermitão e a carrega aos
ombros.
Com o segundo casamento, Inês liberta-se.
Pêro Marques é o marido enganado que metaforicamente representa o asno que a carrega.
Com a conclusão não pude de me sentir um pouco defraudado. No fundo, Inês é quem engana,
é quem traí mas acaba por não ser castigada. Não acho correto que no final seja ela a rir-se.

As personagens são poucas e resumem-se a: Inês, a personagem principal, Mãe de Inês


Lianor Vaz, a alcoviteira, Pêro Marques, Latão e Vidal, os judeus casamenteiro, Brás da Mata, o
fidalgo, Moço de Brás da Mata e Ermitão, amante de Inês, todoas estas, personagens secundárias. O
tempo é dilatado, e não se consegue ter grande percepção na sua passagem. A nível de espaço, toda
a obra é na casa de Inês.

Podem ser identificados três tipos de cómico: cómico de carácter que se verifica por exmplo na
imagem de Pêro Marques, um provinciano e bronco, completamente deslocado quando está junto de
Inês e de sua mãe; cómico de situação, como quando já na fase final, Pêro Marques carrega Inês as
costas para a levar a encontrar-se com o amante; e cómico de linguagem, como quando o moço
ironiza sobre o escudeiro demostrando que ele não passa de um pelintras.

Conclusão
Na generalidade gostei da obra, porque é de fácil leitura e têm momentos muito caricatos, apesar de
não concordar com a conlusão, como já tive oportunidade de referir anteriormente.
Gil Vicente demonstra com esta obra a sua capacidade inata em produzir boa literatura e fazer ato
cívico, ao criticar e por a “nu” os maus comportamentos da sociedade da epóca.
Através desta obra podemos ficar com uma ideia mais abrangente da sociedade do séc. XVI, as
qualidades, mas sobertudo os seus defeitos, que eram os alvos preferidos para serem criticados pelo
nosso grande dramaturgo.

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