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FILOSOFIA 10º ANO

LÓGICA
INFORMAL
FILOSOFIA 10º ANO

ARGUMENTOS NÃO-DEDUTIVOS
• Um argumento não-dedutivo é um argumento em que se pretende que as
premissas apoiem ou suportem a conclusão.

• Três tipos de argumentos não-dedutivos:


1. os argumentos indutivos (generalizações e previsões);
2. os argumentos por analogia; e
3. os argumentos de autoridade.
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1. ARGUMENTOS INDUTIVOS
Os argumentos indutivos baseiam-se num determinado número de casos
conhecidos para justificar uma conclusão que inclui casos desconhecidos.
Os argumentos indutivos são classificados como generalizações ou previsões.
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1. ARGUMENTOS INDUTIVOS
Estrutura (generalização): Estrutura (previsão):
(1) Foram observados n casos de (1) Até hoje, foram observados n casos
x e todos eles eram y. de x e todos eles eram y.
(2) Logo, todos os x são y. (2) Logo, qualquer x observado no
futuro será y.
Por exemplo:
(1) Todos os corvos observados Por exemplo:
até hoje são pretos. (1) Até hoje, o Sol nasceu todos os dias.
(2) Logo, todos os corvos são (2) Logo, (provavelmente) o Sol irá
pretos. nascer amanhã.
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1. ARGUMENTOS INDUTIVOS
Critérios de avaliação dos argumentos indutivos:
1. Devem basear-se num número significativo de casos e não pode haver
contraexemplos conhecidos.

Caso se desrespeite o critério 1 comete-se a:


• Falácia da generalização precipitada.

Com esta falácia mostra-se que o número de casos em que o argumento se baseia
não é significativo ou mostra-se que existem contraexemplos.
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1. ARGUMENTOS INDUTIVOS
Exemplo de desrespeito do critério 1:

(1) O LeBron James é negro e é bom jogador de basquetebol.


(2) O Kevin Durant é negro e é bom jogador de basquetebol.
(3) O James Harden é negro e é bom jogador de basquetebol.
(4) Logo, todos os negros são bons jogadores de basquetebol.
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1. ARGUMENTOS INDUTIVOS
Critérios de avaliação dos argumentos indutivos:
2. Devem basear-se em casos que representem a diversidade de características
do universo em causa.

Caso se desrespeite o critério 2 comete-se a:


• Falácia da amostra não-representativa.

Com esta falácia mostra-se que a amostra utilizada não representa a diversidade
de características do universo em causa e que, se a amostra fosse mais
representativa, a conclusão a tirar seria outra.
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1. ARGUMENTOS INDUTIVOS
Exemplo de desrespeito do critério 2:

(1) Num estudo realizado à saída da missa, em várias capitais de distrito


portuguesas, todos os inquiridos afirmaram que o aborto é inaceitável.
(2) Logo, todos os portugueses acham que o aborto é inaceitável.
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1. ARGUMENTOS INDUTIVOS
Critérios de avaliação dos argumentos indutivos:
3. Não podem ignorar ou omitir informação relevante.

Caso se desrespeite o critério 3 comete-se a:


• Falácia da omissão de dados.

Com esta falácia mostra-se os dados em falta e mostra-se de que forma eles
afetam a conclusão.
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1. ARGUMENTOS INDUTIVOS
Exemplo de desrespeito do critério 3:

(1) Até aos oito anos de idade, o Simão teve sempre uma voz aguda.
(2) Logo, o Simão nunca terá uma voz grave.
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2. ARGUMENTOS POR ANALOGIA


Num argumento por analogia partimos de um conjunto de semelhanças entre
dois elementos para atribuir a um deles uma característica observada apenas
no outro.
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2. ARGUMENTOS POR ANALOGIA


Estrutura : Por exemplo:
(1) x tem a característica d. (1) A Beatriz gosta de lógica, de discutir e
de argumentar corretamente e gosta da
disciplina de Filosofia.
(2) x é como (ou é semelhante a) y. (2) Tal como a Beatriz, também o João
gosta de lógica, de discutir questões
morais e de argumentar corretamente.
(3) Logo, (provavelmente) y (3) Logo, tal como a Beatriz, também o
também tem a característica d. João irá gostar da disciplina de
Filosofia.
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2. ARGUMENTOS POR ANALOGIA


Critérios de avaliação dos argumentos por analogia:
1. Devem basear-se num número suficiente de semelhanças.

Caso se desrespeite o critério 1 comete-se a:


• Falácia da falsa analogia.

Com esta falácia mostra-se que o número de semelhanças não é suficiente para a
conclusão que se quer retirar.
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2. ARGUMENTOS POR ANALOGIA


Exemplo de desrespeito do critério 1:

(1) A Beatriz gosta de discutir e gosta da disciplina de Filosofia.


(2) Tal como a Beatriz, também o João gosta de discutir.
(3) Logo, tal como a Beatriz, também o João irá gostar da disciplina de Filosofia.
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2. ARGUMENTOS POR ANALOGIA


Critérios de avaliação dos argumentos por analogia:
2. Devem basear-se em semelhanças relevantes para aquilo que se pretende
concluir.

Caso se desrespeite o critério 2 comete-se a:


• Falácia da falsa analogia.

Com esta falácia mostra-se que a as semelhanças consideradas não são relevantes
para a conclusão que se quer retirar.
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2. ARGUMENTOS POR ANALOGIA


Exemplo de desrespeito do critério 2:

(1) A Beatriz tem uma camisola vermelha e uma caneta azul, usa óculos
e gosta da disciplina de Filosofia.
(2) Tal como a Beatriz, também o João tem uma camisola vermelha e uma caneta
azul e usa óculos.
(3) Logo, tal como a Beatriz, também o João irá gostar da disciplina de Filosofia.
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2. ARGUMENTOS POR ANALOGIA


Critérios de avaliação dos argumentos por analogia:
3. Não pode haver diferenças relevantes entre os elementos comparados.

Caso se desrespeite o critério 3 comete-se a:


• Falácia da falsa analogia.

Com esta falácia mostra-se que existem diferenças relevantes entre os dois
elementos da comparação e mostra-se de que forma essas diferenças afetam a
conclusão.
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2. ARGUMENTOS POR ANALOGIA


Exemplo de desrespeito do critério 3:

(1) A Beatriz gosta de lógica, gosta de discutir, gosta de argumentar corretamente


e gosta da disciplina de Filosofia (além disso, adora a escola).
(2) Tal como a Beatriz, também o João gosta de lógica, gosta de discutir
e gosta de argumentar corretamente (além disso, detesta a escola).
(3) Logo, tal como a Beatriz, também o João irá gostar da disciplina de Filosofia
(que é uma disciplina escolar)
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3. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Num argumento de autoridade, recorre-se à opinião de um perito ou de um
especialista para reforçar a aceitação de uma determinada proposição.
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3. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Estrutura: Por exemplo:
(1) x diz que P. (1) O meu professor de História disse que
D. Afonso Henriques foi aclamado
primeiro rei de Portugal em 1139.

(2) Logo, P. (2) Logo, D. Afonso Henriques foi


aclamado primeiro rei de Portugal em
1139.
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3. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Critérios de avaliação dos argumentos de autoridade:
1. Devem basear-se na opinião imparcial de especialistas no assunto em
questão.

Caso se desrespeite o critério 1 comete-se a:


• Falácia do apelo à autoridade (autoridade não reconhecida).

Com esta falácia mostra-se que a autoridade invocada não é especialista no


assunto em causa.
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3. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Exemplo de desrespeito do critério 1:

(1) O Cristiano Ronaldo diz que o champô X é à prova de caspa.


(2) Logo, o champô X é à prova de caspa.
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3. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Critérios de avaliação dos argumentos de autoridade:
2. Deve haver consenso entre os especialistas da área.

Caso se desrespeite o critério 2 comete-se a:


• Falácia do apelo à autoridade (ausência de consenso).

Com esta falácia mostra-se que existem especialistas igualmente competentes


com uma opinião contrária.
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3. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Exemplo de desrespeito do critério 2:

(1) O filósofo Alvin Plantinga diz que Deus existe.


(2) Logo, Deus existe.
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3. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Critérios de avaliação dos argumentos de autoridade:
3. Devem identificar claramente a autoridade invocada.

Caso se desrespeite o critério 3 comete-se a:


• Falácia do apelo à autoridade (autoridade anónima).

Com esta falácia mostra-se que sem conhecer a fonte e a base da informação não
é possível avaliar a sua credibilidade.
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3. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
Exemplo de desrespeito do critério 3:

(1) Dizem que antes do final da década vai haver uma nova pandemia.
(2) Logo, antes do final da década vai haver uma nova pandemia.
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OUTRAS FALÁCIAS INFORMAIS


Petição de Princípio, Falso Dilema, Falsa Relação Causal, Ad Hominem,
Ad Populum, Apelo à Ignorância, Espantalho (ou Boneco de Palha),
Derrapagem (ou Bola de Neve)
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Outras Falácias Informais – Petição de princí-


pio
Pressupõe-se nas premissas Por exemplo:
aquilo que se quer ver provado
na conclusão. (1) As pessoas são todas egoístas.
(2) Logo, as pessoas nunca agem sem ser
por interesse próprio.
Estrutura:
(1) P.
(2) Logo, P. Como identificar esta falácia?
Mostrar que o argumento está a pressupor
aquilo que pretende provar.
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Outras Falácias Informais – Falso Dilema


Consideram-se apenas duas Por exemplo:
possibilidades ou alternativas,
quando na realidade existem (1) Ou estás comigo, ou estás contra mim.
outras possibilidades. (2) Não estás comigo.
(3) Logo, estás contra mim.
Estrutura:
P ou Q. Como identificar esta falácia?
Não-P. Apresentar uma terceira possibilidade,
Logo, Q. mostrando assim que a disjunção
apresentada nas premissas é falsa.
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Outras Falácias Informais – Falsa Relação


Causal
Confunde-se uma mera Por exemplo:
sucessão temporal com uma
relação causal. (1) No último jogo, usei as meias amarelas
e marquei golo.
(2) Logo, marquei golo porque estava a
Estrutura:
usar as meias amarelas.
(1) x ocorreu depois de y.
(2) Logo, x ocorreu por causa
Como identificar esta falácia?
de y.
Mostrar que um dos eventos podia ter
ocorrido sem que o outro ocorresse.
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Outras Falácias Informais – Ad Hominem


Procura-se mostrar que uma Por exemplo:
proposição é falsa atacando a
credibilidade do seu autor. (1) Einstein diz que os átomos existem.
(2) Mas Einstein era infiel à mulher.
Estrutura: (3) Logo, é falso que os átomos existem.
(1) x diz que P.
(2) Mas x é y (y = a uma Como identificar esta falácia?
qualquer característica negativa Mostrar que não foram apresentadas boas
que visa descredibilizar) razões para se considerar que a proposição
(3) Logo, Não-P. é falsa.
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Outras Falácias Informais – Ad Populum


Recorre-se à opinião popular, Por exemplo:
ou seja, à opinião da maioria, (1) A maioria pensa que não temos a
para estabelecer a verdade de obrigação moral de combater a pobreza
uma proposição. absoluta.
Estrutura: (2) Logo, não temos a obrigação moral de
combater a pobreza absoluta.
(1) A maioria pensa que P.
(2) Logo, P. Como identificar esta falácia?
Mostrar que a maioria pode ser ignorante
acerca do assunto em questão.
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Outras Falácias Informais – Apelo à Ignorân-


cia
Tenta-se provar que uma Por exemplo:
proposição é verdadeira porque (1) Até hoje, ninguém conseguiu provar
ainda não se provou que é que existem extraterrestres.
falsa, ou vice-versa.
(2) Logo, os extraterrestres não existem.
Estrutura:
(1) Até hoje, ninguém provou
Como identificar esta falácia?
que P.
Mostrar que a ausência de provas pode
(2) Logo, Não-P.
dever-se apenas à nossa incapacidade.
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Outras Falácias Informais – Espantalho (ou Boneco de Palha)

Tenta-se mostrar que se refutou Por exemplo:


uma teoria (ou argumento) (1) A lógica defende que os argumentos
atacando uma versão distorcida válidos levam sempre a conclusões
e enfraquecida. verdadeiras.
Estrutura: (2) Mas isso é claramente falso.
(1) P caracteriza-se por (3) Logo, a lógica é falsa.
defender Q (Q = versão
Como identificar esta falácia?
distorcida e enfraquecida de P)
Mostrar que o argumento falha o alvo, pois
(2) Não-Q.
limita-se a criticar uma caricatura da
(3) Logo, Não-P. posição em análise.
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Outras Falácias Informais – Derrapagem (ou Bola de Neve

Argumenta-se com base Por exemplo:


numa cadeia de (1) Se tirar negativa no próximo teste, tenho má
implicações pouco nota no final do ano.
plausível.
(2) Se tiver má nota no final do ano, nunca vou
Estrutura: arranjar emprego.
(1) Se P, então Q. (3) Logo, se tirar negativa no próximo teste, nunca
vou arranjar emprego.
(2) Se P, então R.
(3) Logo, se P, então R. Como identificar esta falácia?
Mostrar que uma das implicações em que se baseia
o argumento é falsa, ou que a sequência de
implicações no seu todo é improvável.

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