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1.

As ações do Pajem e de Álvaro Pais obedecem a um plano previamente


traçado. Justifique esta afirmação, com base na informação contida no texto.

As acções do Pajem e de Álvaro Pais são concertadas segundo um plano prévio torna-se
evidente, logo no primeiro parágrafo, com o uso da expressão «segundo já era percebido»
para caracterizar o comportamento do Pajem do Mestre. Depois, essa concertação revela-se
no modo como Álvaro Pais estava igualmente preparado – até já «armado com ~ua coifa na
cabeça» e pronto para cavalgar um cavalo «que anos havia que nom cavalgara» – como se
estivesse à espera de que tudo acontecesse.

2. Descreva três das reações das «gentes» aos apelos lançados pelo Pajem e por
Álvaro Pais.

Primeiro, começaram a dar conta do que se passava, com surpresa; depois, foram ficando exaltados com a
possiblidade de alguém poder matar o Mestre – e procuraram armas.
Então, juntando-se a Álvaro Pais e ao Pajem, logo os seguiram para irem salvar o Mestre onde
quer que ele estivesse em perigo, com a dedicação e a vontade de servir que teriam por um senhor muito
amado. Reunidos em grande número, cada um queria ser o primeiro a chegar, levados todos pelo alvoroço
e pela devoção.

3. Explique a relação de sentido que se estabelece entre o texto e a frase que lhe
serve de título.
A frase que serve de título a este texto resume a extraordinária adesão do povo à
pessoa do Mestre, ao ponto de todos o identificarem como aquele que tinham de
defender da morte a todo o custo, bem como o papel de destaque que coube a Álvaro
Pais nesse levantamento.
A relação entre o povo e esse que já considerava o seu senhor era, assim, de
reconhecimento daquele que devia ocupar o lugar de seu protector.

4. Refira uma característica da escrita de Fernão Lopes patente no texto,


fundamentando a resposta com citações relevantes.

No excerto destacam-se, entre outras, as seguintes características da escrita de Fernão Lopes:

– a narrativa usa imagens visuais e auditivas: o Pajem do Mestre está «aa porta», e depois
parte

«rijamente a galope» e vai «bradando pela rua». Álvaro Pais é apresentado com a sua «coifa
na

cabeça», também cavalgando e bradando;

– o realismo desta escrita está patente na descrição dos movimentos, desde o dos cavalos e

cavaleiros até ao do povo que sai à rua, começa a falar, a tomar armas, a juntar-se a Álvaro
Pais,
querendo cada um ser o primeiro a chegar ao paço. O alvoroço e o empenhamento da «gente»
em prol do Mestre são dados pela imagem fortemente visual – «era estranha cousa de veer» –
de as pessoas já não caberem nas ruas principais, e terem de atravessar «logares escusos»
para irem defender o Mestre.

Num texto bem estruturado, de cem a duzentas palavras, descreva as suas impressões
de leitura de excertos de uma crónica de Fernão Lopes – Crónica de D. Pedro ou
Crónica de D. João I –, destacando o episódio que considere mais impressivo.
Comece por identificar, na sua folha de respostas, o título da crónica a que se refere o
seu texto.

1.O título do capítulo a que pertence o excerto transcrito corresponde à hipótese A. Entre
outros, podem ser apresentados os seguintes argumentos: − na cidade, começam a reunir-se
mantimentos com abundância (ll. 2-6); − muitas pessoas e famílias inteiras refugiam-se no
interior da sua muralha (ll. 6-7); − as defesas são preparadas com construções, armas (ll. 10-12)
e um sistema de vigia e de alarme (ll. 13-20).

2. O Mestre e as gentes da cidade ordenam: − primeiro, a recolha e a conservação do máximo


de mantimentos possível («logo foi ordenado de recolherem pera a cidade os mais
mantimentos que haver podessem, assi de pam e carnes, como quaes quer outras cousas» – ll.
2-3); − depois, que a guarda das muralhas seja distribuída «pelos fidalgos e cidadãos
honrados» (l. 14), atribuindo uma quadrilha a cada um, bem como a ajuda de um certo
número de besteiros e homens de armas (ll. 14-15).

3. Entre outros, destacam-se os seguintes traços caracterizadores da população: − é diligente a


cumprir as ordens do Mestre (ll. 4-6); − é organizada relativamente à recolha de mantimentos
(ll. 5-6); − é prudente, porque acorre a proteger-se na cidade (ll. 6-7); − é temerária, pois
escolhe guardar os seus pertences na cidade, mas permanece «nas vilas que por Castela
tomarom voz» (l. 8); − é valente, uma vez que acode com presteza quando soa o sino da sua
quadrilha (ll. 15-17 e ll. 19-20).

4.Os sinos colocados em cada quadrilha («Em cada quadrilha havia uu~ sino pera repicar
quando tal cousa vissem» – ll. 15-16) servem para tocar a rebate quando há algum ataque do
inimigo, chamando assim os homens de armas à defesa da muralha, processo este que se
mostra adequado à proteção da cidade («e como cada uu~ ouvia o sino da sua quadrilha, logo
todos rijamente corriam pera ela» – ll. 16-17).

Alberto Caeiro é um heterônimo do poeta português Fernando Pessoa, considerado um dos


maiores poetas da Língua Portuguesa e da Literatura Universal.

Estas verdades não são perfeitas porque são ditas


Alberto Caeiro
Estas verdades não são perfeitas porque são ditas.
E antes de ditas pensadas.
Mas no fundo o que está certo é elas negarem-se a si próprias.
Na negação oposta de afirmarem qualquer cousa.
A única afirmação é ser.
E ser o oposto é o que não queria de mim.

O mistério das cousas, onde está ele?
Alberto Caeiro
O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
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