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* O que é o heroísmo?
Mas, o que é propriamente um herói? Será que herói é aquele que possui super-poderes? Que atira com uma
arma, cuja munição é interminável, que nunca é atingido e tem uma tal pontaria que a bala faz até uma curva para
acertar o seu inimigo?
O que é o heroísmo?
Heroísmo é a qualidade daquele que é herói.
Nós poderíamos dizer que a palavra “heroísmo” tem um brilho próprio. Quando se diz que alguém é um herói,
a palavra “herói” reluz com uma “luminosidade” especial.
O que é um herói?
Herói é aquele que, colocado diante de um alto dever, o cumpre até o fim!
Vejam que as palavras “herói” e “heroísmo” não são tão fáceis de definir quanto parecem à primeira vista, pois
o que foi dito acima, não esgota o tema. Creio até ser possível fazer duas ou até mais reuniões sobre assunto tão
interessante.
Mas, por ora, vejamos alguns exemplos que nos ajudarão a compreender melhor o verdadeiro sentido da
palavra herói:
* Carlos Magno
Houve um menino que, em uma viagem de trem de São Paulo a Santos -- é preciso dizer que esse fato se
passou no começo do século XX, no qual os trens e as estações ferroviárias eram bem diferentes das que existem
atualmente. Eram trens de muita categoria, para pessoas de bom nível social.
A estação que esse menino foi, era a Estação da Luz, construída em estilo inglês. Nessa Estação enquanto
esperava a hora do embarque, esse menino viu em uma banquinha de livros e revistas uma brochura sobre Carlos
Magno.
Carlos Magno foi o grande Imperador do Sacro Império, ele viveu na Idade Média, entre os século VIII e IX.
Lutou pela defesa da Igreja, ora contra os invasores do norte, ora contra os do sul que constantemente
ameaçavam a Cristandade.
No ano 800, durante uma Missa na noite de Natal, foi coroado imperador pelo próprio Papa São Leão Magno.
Carlos Magno defendeu o Papa contra os ataques dos lombardos, e em agradecimento o Sumo-Pontífice deu-
lhe, dentre vários presentes, uma magnífico urna que continha as seguintes relíquias:
-- O pano que envolveu a cabeça de São João Batista;
-- O pano com o qual Nossa Senhora envolveu o Menino Jesus;
-- O cinto que Nossa Senhora havia deixado com São Tomé;
-- O pedaço de esponja com que deram vinagre para Nosso Senhor beber no alto da Cruz.
Carlos Magno foi quem compôs o belíssimo hino do Veni Creator Spiritus.
Colocou toda a sua glória e salvação na proteção de Nossa Senhora e carregava uma piedosa medalha da
Rainha do Céu ao pescoço pendente numa corrente de ouro. À sua poderosa intercessão atribuiu o sucesso de
todos os seus empreendimentos. Por isso quis deixar às gerações futuras um testemunho de sua piedade e seu
reconhecimento a Maria: a Basílica de Aix-la-Chapelle.
Este homem, conhecido como “o férreo”, era tão colossal, que só de vê-lo muitos inimigos se punham em
fuga. Ele se apresentava para a batalha com o corpo coberto de ferro.
Em torno de si reuniu os cavaleiros mais heróicos que constituíam os Doze Pares de França, três deles eram
Roland, Olivier e Turpin.
Na espada de Carlos Magno havia uma belíssima inscrição:
“Carlos Magno é o defensor dos 10 Mandamentos!”
Para esse menino que, por assim dizer encontrou com o Imperador do Sacro Império na Estação da Luz, a idéia
de herói era a de um homem como Carlos Magno.
* Moisés
Outro exemplo de herói e que eclipsa até a figura de Leônidas: Moisés. Um homem extraordinário. Um autor
chamado André Frossard, assim se refere a esse grande personagem bíblico: “Talvez o
maior homem que tenha existido na história, porque Jesus Cristo é Deus.”
Moisés foi escolhido por Deus para libertar o povo judeu da escravidão no Egito e
conduzi-lo para a Terra Prometida. Para isso, ele tinha de enfrentar, sozinho, o
poderoso Faraó do Egito. É verdade que esse “sozinho”, deve ir entre-aspas, pois Deus
estava com ele.
Imaginem se nós vivêssemos naquela época e encontrássemos um homem como Moisés, que transforma
água em sangue, que manda chuvas de gafanhotos, que abre o mar e depois o fecha, afogando o exército egípcio
que o perseguia, que fere uma rocha com uma vara e dela faz brotar água... Imaginem! Um herói colossal, um
homem de Deus!
* Os Santos Apóstolos
Depois de Pentecostes, que grandes heróis foram os Apóstolos!
No Livro dos Atos dos Apóstolos, podemos ler verdadeiras passagens heróicas:
“Levantaram-se o Sumo Sacerdote e todos os seus partidários e cheios de inveja prenderam os apóstolos,
metendo-os na cadeia pública. Mas um anjo do Senhor abriu de noite as portas do cárcere e, conduzindo-os para
fora, disse-lhes: “Ide, e apresentando-vos no templo, pregai ao povo todas as palavras desta vida”. Eles
obedeceram. Entrando no Templo, ao amanhecer, começaram a ensinar. Chegando o Sumo Sacerdote com os
seus, convocou o Sinédrio e todo o senado dos israelitas, e mandaram buscar os prisioneiros. Os guardas,
chegando ao cárcere, não os acharam. Voltaram e comunicaram, dizendo: “Encontramos a prisão fechada e bem
segura, com os guardas às portas. Mas abrindo, não encontramos ninguém dentro”.
Neste momento alguém foi dizer-lhes: “Aqueles homens que metestes na prisão estão no Templo ensinando
ao povo”. O oficial com os guardas foram então buscá-los, mas sem lhes fazer violência, porque temiam que o
povo os apedrejasse. Trouxeram-nos e os introduziram na sala do Sinédrio. O Sumo Sacerdote os interrogou,
dizendo: “Não vos ordenamos solenemente que não ensinásseis neste nome?”
Pedro e os apóstolos responderam: “Importa obedecer mais a Deus do que aos homens! O Deus de nossos
pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, suspendendo-o numa cruz. Destes fatos somos testemunhas nós e o
Espírito Santo, que Deus concedeu aos que lhe obedecem”. (Atos 5, 17-32)
Os fariseus ouvindo isso ficaram furiosos e queriam matá-los, mas Gamaliel disse:
“Se esta idéia ou esta obras [que eles pregam] vem dos homens, ela mesma se desfará; mas se vem de Deus,
não a podeis desfazer; assim não correis o risco de fazer oposição ao próprio Deus.” E eles seguiram o seu
conselho. (Atos 5, 38-39)
Outro episódio é a “prisão e a libertação” de São Pedro:
“Por aquele tempo, o rei Herodes mandou prender alguns membros da Igreja para torturá-los. Assim matou à
espada Tiago, irmão de João. Vendo que agradava aos judeus, mandou prender também Pedro. Era a semana da
Páscoa. Depois de preso, meteu-o no cárcere, entregando a guarda a dezesseis soldados subdivididos em quatro
grupos, com o propósito de apresentá-lo ao povo depois da Páscoa. Enquanto Pedro era vigiado na prisão, a Igreja
rezava instantemente a Deus por ele.
Na noite antes do dia em que Herodes iria apresentá-lo ao povo, estava Pedro dormindo entre dois soldados,
amarrado com duas correntes, com sentinelas guardando a porta da prisão. Eis que de repente um anjo do Senhor
entrou, e uma luz brilhou na cela. Tocou o lado de Pedro e o acordou, dizendo: “Levanta-te depressa”. Caíram-lhe
das mãos as correntes. O anjo acrescentou: “Põe o cinto e calça as sandálias”. Assim ele fez. O anjo acrescentou:
“Envolve-te em teu manto e segue-me”. Pedro saiu atrás dele, sem saber se era realidade o que o anjo fazia.
Julgava ter uma visão.
Atravessando a primeira e a segunda guarda, chegaram à porta de ferro que leva à cidade. Ela se abriu por si
mesma e eles saíram. Tomaram juntos a rua e logo o anjo desapareceu. Então Pedro, voltando a si, disse: “Agora
sei que o Senhor realmente enviou seu anjo e me arrancou das mãos de Herodes e de toda a expectativa do povo
judeu”.
* Os heróis de Hollywood
Mas, existem os heróis criados por Holywood.
No início do século, com o cinema, os norte-americanos encheram o mundo com seus filmes de cowboys.
O cowboy seria o vaqueiro que bebe uísque, sabe atirar bem, viaja em cima de trens, geralmente mascando
fumo, sujo, de perna arqueada. Tem uma vida imensamente agitada, frenética e, é bom dizer, bem atéia! Com esse
tipo humano, era uma nova concepção de herói que Holywood projetava no mundo.
Depois apareceram os super-heróis. E aí já entramos no mundo da fantasia. São os “super-homens” com
poderes extraordinários. Eles voam, possuem uma força de rasgar qualquer chapa de aço, têm olhos de visão raio
X, e não se sabe quantas outras coisas mais.
Vê-se bem claramente que o sentido da palavra herói vai mudando com o tempo. Não é mais o homem que,
com o auxílio essencial da graça, vence os seus defeitos, vence a si mesmo, que faz o bem, que morre santo, etc.
Ou então, num sentido menos sobrenatural, mas também nobre, verdadeiro, o homem que se sacrifica por amor à
pátria, que morre até para defendê-la.
O novo tipo de herói, lançado pelo cinema, era um ente dotado de poderes fabulosos, que também lutava
contra inimigos fantásticos que ameaçavam a paz da Terra.
Ao lado dos “super-homens”, aos poucos foram aparecendo alguns heróis meio esquisitos. Não sei se há, mas
acho raro que exista, por exemplo, o “homem-águia”, o “homem-leão”. Normalmente são inspirados em animais
ou insetos, em sua maioria feios, como por exemplo o morcego, a aranha, o besouro, etc.
O morcego é um bicho é feíssimo, chupa sangue de homens e outros animais. Conheci uma pessoa que na
maçã do rosto tinha a marca de dois dentes bem finos, pois um dia dormindo ao ar livre, um morcego lhe tirou
sangue, e ele só lembrava na madrugada de um “ventinho”... Uma coisa de arrepiar, não é? Sem contar que há
morcegos venenosos, que podem até matar!
Outros heróis são os mais esquisitos possíveis, alguns são verdadeiras “coisas”, entes deformados, etc.
Não sei se notam a transformação?
Esses novos tipos de “super-heróis” vão formando na cabeça das crianças modelos de heroísmo diferentes de
uma formação católica real. Não são mais as virtudes dos santos, dos mártires, ou então de homens e mulheres
que prestaram aos homens um serviço verdadeiramente exemplar. Mas são personagens meio “marcianos”, feios,
que possuem poderes espetaculares e fazem coisas fenomenais.
Há até certos super-heróis que são de formas horríveis, e se apresentam muito parecido como convencionou-
se mostrar as figuras dos demônios. Ora, nós aprendemos pelo catecismo que o demônio é um ser revoltado, que
no princípio foi criado por Deus, como anjo de luz e, voltando-se contra as disposições divinas, se rebelou e foi
lançado no abismo do inferno. Portanto conceber que um desses seres são “super-heróis”, pode ser prejudicial
para a formação moral e religiosa das crianças e dos jovens.
* Conclusão
No fim desta exposição, nós nos damos conta de como o sentido de herói mudou ao longo dos tempos.
Passamos do herói da pátria, digamos assim, do Múcio Scévola que põe o braço a queimar, para um mártir que
morre por amor de Deus; de um soldado valente, para um cowboy americano; depois para “super-heróis” que são
também “super-esquisitos”.
A verdadeira definição de heroísmo nos é dada pelo maior herói que já existiu em todos os tempos: Nosso
Senhor Jesus Cristo! Ele é o supremo exemplo de heroísmo. Ele é o modelo de toda forma de virtude e santidade;
não só o modelo, mas a fonte, porque dEle emanam as graças que levam à santidade.
E, talvez, onde esse supremo heroísmo mais tenha transparecido, foi no momento de sua “Agonia do Horto”.
Nosso Senhor tinha o instinto de conservação perfeito, muito harmonicamente desenvolvido. Possuía
também, uma inteligência perfeitíssima. Ele tinha, portanto, uma compreensão muito mais perfeita do que
qualquer um de nós, do que eram todos os tormentos físicos e morais que O aguardavam.
E o instinto de conservação levava-O a ter pavor dos sumos tormentos físicos que iria sofrer. Diz a Sagrada
Escritura que foram tais os tormentos, que Ele começou a transpirar sangue.
Que exemplo de heroísmo, nos dá Nosso Senhor neste episódio?
Para falar em termos humanos, pois Nosso Senhor é Deus, Ele tinha uma “convicção profunda”: Ele sabia que
tinha de fazer a vontade do Pai Eterno, e Ele queria fazer a vontade do Pai Eterno! Em conseqüência dessa
“vontade inabalável”, em conseqüência desse “domínio”, dessa “coragem”, enfrentou tudo até o fim!
Aqui temos o Heroísmo de Nosso Senhor Jesus Cristo:
Sendo Deus, se encarnou no gênero humano; tornou-se fraco na figura de um simples menino, e nos deu o
maior de todos os exemplos: fazer a vontade do Pai Celestial!
Se o homem quiser ser um herói, ele deve cumprir a vontade de Deus. Esse é o maior dos heroísmos!
Todos os santos seguiram o seu divino exemplo. Todos os verdadeiros heróis imitaram a Nosso Senhor Jesus
Cristo!
Passados dois mil anos, Sua heróica figura, pregada no alto do madeiro continua a nos apontar o verdadeiro
sentido do que é ser herói: “Se queres ser perfeito... vem e segue-me”. (Mateus, 19,21)
Como os santos conseguiram fazer isso?
Eles, sobretudo, rezaram pedindo a Nossa Senhora a graça de serem heróis!
Façamos nós o mesmo! Rezemos à Rainha do Céu e da Terra!