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INTRODUÇÃO
[Antes das palavras abaixo houve aquela peça clássica, que retrata um homem
normal procurando uma clínica psiquiátrica.]
Uma peça como essa pode parecer uma simples brincadeira, entretanto ela revela só
uma parte da realidade. É impossível pôr numa peça de 45 minutos tudo quanto a gente
gostaria. Mas é isso mesmo, hoje ser normal é passar por louco. Basta ver o fato que
assistimos há duas semanas, de um estudante de medicina – que aliás, já ia se formar,
faltava apenas alguns dias – que mata 3 pessoas e fere 5 num cinema.
Tenho uma matéria muito interessante para transmitir, mas antes queria comentar
um pouco como as pessoas, no início do século, tomavam as novidades que iam
aparecendo por todos os lados, quase que explosivamente.
Imaginemos alguém que viveu 87 anos, portanto atravessou praticamente o século
inteiro. Nasceu quando o século XX gatinhava, em 1908, e morreu em 1995, digamos. Se a
gente conversasse com esse alguém, ele contaria o modo com que as pessoas recebiam o
progresso todo da técnica no início do século. Então aparecia uma coisa formidável, a
batedeira! Depois, um liquidificador! Depois um geladeira... Coisas banais todas hoje para
nós, mas que antigamente era motivo de sensação.
Quando o carro apareceu, era tão caro, que só pessoas de muita posse podiam ter. O
carro era cultuado pelas pessoas. Uma pessoa que tivesse um carro era ultraprestigiada, e
as outras pessoas gostavam até de encostar nela, porque com automóvel ela era uma
espécie de semideus. Hoje é a coisa mais comum do mundo ter carro; qualquer um tem.
Acontece que o número de inventos era tão grande, que havia gente já fazendo
previsões megalomaníacas. Então imaginavam um homem vivendo no espaço, com casa,
com trabalho, etc. Depois remédios que curariam câncer com uma simples pastilha, tá-tá-
tá.
Porém chegamos hoje no fim do milênio e no limiar do novo — não vamos entrar na
discussão se é em 2000 ou 2001 que começa o século XXI, pois um ano a mais ou a menos
não vai mudar nada, em concreto — e as “profecias”, as esperanças para o ano 2000 na sua
totalidade não se realizaram, pura e simplesmente. E uma bem pequena parte se realizou
muito insuficientemente, muito incompletamente.
Vejamos aqui várias notícias que jornais e revistas publicaram, agora no fim-do-ano,
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COMPUTADORES – 1943
No Futuro, o mercado mundial necessitará apenas de cinco computadores para
ser controlados (Thomas Watson, fundador da IBM, 1943).
Já foram fabricados 300 milhões de computadores pessoais em todo o mundo e
não são suficientes para substituir o cérebro humano.
Interessante: Depois que quase tudo no mundo passou a ser controlado por
computador, todos os dias os jornais estão coalhados de notícias que mostram o pânico
com a virada no ano 2000, uma vez que muita coisa de informática vai emperrar a partir
daí.
ESPAÇO – 1970/1980
Haverá mais humanos vivendo no espaço que na Terra (Gerard K. O´Neill,
professor de física da Universidade Princeton e autor do livro Colônias Humanas no
Espaço, 1980)
Continuamos com os pés no chão.
Humanidade haveria de celebrar o réveillon do ano 2000 nas estrelas, transitando
pelo espaço em supernaves movidas a hidrogênio e fazendo escalas em colônias orbitais.
Em 1969, quando a Apollo 11 voltou de seu passeio histórico à Lua, o vice-presidente
americano Spiro Agnew anunciou que uma missão tripulada haveria de desembarcar em
Marte em 2000. No vigésimo aniversário da Apollo 11, em 1989, o presidente George Bush
prometeu que o homem voltaria à Lua, "desta vez para ficar", no ano 2000 e celebraria o
qüinquagésimo aniversário de sua conquista desembarcando em Marte em 2019. Pelo
menos a primeira parte da promessa já falhou. Na época em que Bush fez seu anúncio
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exultante, a Nasa informou que apenas a viagem a Marte custaria 400 bilhões de dólares.
Cálculos mais realistas reduziram o orçamento a 10% do valor inicial, mas já era tarde e a
proposta, rejeitada pelo Congresso, acabou retirada por Bill Clinton.
SAÚDE – 1981
O controle químico do envelhecimento dobrará o tempo de vida das pessoas
(Harry Stine, consultor dos institutos Smithsonian, Hudson e do Futuro, 1981).
Só em ratos de laboratórios, por enquanto...
— Dados da África
Há uma bomba plantada no coração da África. ela matará mais de 22 milhões de
homens, mulheres e crianças no decorrer da próxima década. O número é 200 vezes maior
do que o de todas as vítimas da bomba que destruiu Hiroshima, em 1945. Ou 100 vezes o
total de mortos na Guerra do Vietnã. Esse extermínio em massa e silencioso é provocado
pela Aids.
Ler: A tragédia africana: 9/6/99.
— Na linha de problemas psiquiátricos, a OMS afirma que 400 milhões de pessoas
no planeta sofrem de qualquer tipo de doença mental. Sendo que afeta mais os países
desenvolvidos.
SUPERPOPULAÇÃO – 1960
As previsões feitas sobre a superpopulação revelam a servidão psicológica ao
pânico. Foi ontem, em termos históricos, que o físico britânico John Fremlin previu que
"em 1.000 anos a humanidade poderia se extinguir asfixiada pelo calor que os próprios
humanos haveriam de gerar". Quando Fremlin disse isso, na década de 60, a população
mundial crescia 1,9% ao ano. Chegou a crescer 2%, nos anos 70, mas atualmente aumenta
já num ritmo mais moderado, 1,3%. Vai estacionar e declinar nas próximas décadas,
segundo a Organização das Nações Unidas.
Apesar do medo da super-população apenas 1% da superfície da Terra é
habitada.
TRABALHO – 1967
As pessoas viverão mais, trabalharão menos e se aposentarão mais cedo. terão
férias mais longas e jornadas de trabalho mais curtas. Num ano, trabalharão 147 dias e
descansarão 218 (Herman Khan, 1967).
As pessoas (justamente o contrário) ainda trabalham 218 dias por ano e
descansam 147!
DROGA – 1981
A cocaína será legalizada. A legalização da maconha ocorreria antes e serviria
para aumentar a arrecadação de impostos (Shelley Levitt, editora da revista High Times,
de apologia às drogas, em 1981).
O consumo de drogas é a tragédia de sempre e o combate ao tráfico virou guerra.
Alguns exemplos:
— Consumo de maconha supera o do álcool nas universidades – Veja, 20/10/99
Um sinal de alarme foi dado na semana passada com a divulgação de uma pesquisa
sobre o uso de drogas no meio universitário do Rio de Janeiro. Os jovens estão
consumindo mais maconha do que álcool. A constatação está no estudo "Universidade,
educação e drogas", organizado pelo psicanalista Dalcy Fontanive, da Universidade
Federal Fluminense, UFF
Ao perguntarem aos estudantes se queriam abandonar o vício, só uns 30% desejam.
AGRICULTURA – 1974
As superfícies marinhas da Antártica e da Lua serão adaptadas para a plantação
de lavouras. Parte da humanidade viverá em cidades subterrâneas (Andrei Sakharov,
físico nuclear russo, 1974).
(Não é preciso provar que tudo isso não passou de ficção científica) em se
plantando tudo dá, na Terra.
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ENERGIA – 1981
Centrais orbitais transformarão energia solar em eletricidade, que será
transmitida à Terra pro microondas (Isaac Asimov, 1981).
Não funcionou nem em testes.
ESPAÇO – 1990
Um homem desembarcará na Lua em 1990 e viajará a Marte cinco anos depois. A
instalação de uma base lunar dará início à colonização planetária. Em vinte anos já estarão
funcionando cidades espaciais (Arthur C. Clarke, autor de ficção científica e cientista,
1981).
A mir, única estação orbital em atividade, em breve virará sucata.
SAÚDE – 1960
Será descoberta a cura do câncer (Willard Libby, prêmio Nobel de Química de
1960)
Algo se fez, mas quão longe estamos da cura...
TRANSPLANTE – 1981
Será possível a fabricação de córneas, pulmões, rins, pernas e braços artificiais
eficientes como os naturais, com substitutos electrônicos dos sentidos, inclusive da vista e
do tato. Nos Estados Unidos, 1% da população viverá à custa de órgãos de reposição.
Haverá um mercado aberto de peças anatômicas usadas (Pierre Galletti, professor de
biologia da Universidade Brown, Estados Unidos, em 1981).
Temos no máximo pernas mecânicas e as próteses de material sintético, imitando
braços, mãos, narizes, etc., o resto ainda é mero sonho.
ENERGIA – 1981
O hidrogênio será o combustível das usinas (Felix Kaufmann, economista,
Instituto Hudson, 1981)
Apenas nos Estados Unidos estarão rodando de 3 a 4 milhões de carros elétricos
(John Thomas, pesquisador de futurologia do Instituto Hudson, em 1981)
Tudo isso ainda continua em estudo
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INTELIGÊNCIA ELETRÔNICA
Cérebros eletrônicos vaidosos seriam rivais da humanidade.
Os computadores podem ser úteis, mas não pensam...
TRÂNSITO – 1946
Carros voadores fáceis de pilotar e baratos seriam o sonho de consumo da casse
média
Na hora do rush os carros andam a 6 quilômetros por hora, velocidade das
carruagens no século XIX... (1946)
[FONTES VÁRIAS]
CRIMINALIDADE
Desaparecerá quase por completo com a alfabetização mundial. “Abrir escolas é
fechar presídios.”
Aumentou barbaramente e os índices indicam que será incontrolável em alguns
anos mais.
Alguns exemplos:
— Escolas de SP têm uma morte a cada 2 semanas – OESP, 12/9/1999
Durante seis meses do atual ano letivo foram assassinados 12 estudantes e 3
professores nas escolas de São Paulo. A média desses crimes indica um assassinato nas
escolas públicas a cada duas semanas. Além das mortes, seis alunos foram feridos à bala
com gravidade, no mesmo período. Dois professores e oito alunos foram esfaqueados com
gravidade. A polícia prendeu de fevereiro a agosto 18 alunos e um professor armados nas
escolas. É o mais alto índice internacional.
grave.
pai era geólogo, o outro piloto condecorado pela força áerea norte-americana. Porém um
fascínio eles tinham: eram fanáticos por Satanismo!
Mas isso não ficou pelos EUA, como os jornalistas brasileiros costumavam dizer:
“Coisa da cultura norte-americana”. No dia 4 de novembro, o estudante Mateus Meira
metralhou as pessoas que assistiam a um filme na sala 5 do cinema no Morumbi-
Shopping. Matou 3 pessoas e feriu outras 5.
Interessante: Com o caso do estudante de medicina, foi revelado que 10% dos 600
alunos de medicina da Santa Casa tem problemas psíquicos... FSP, 6/11/1999
CONCLUSÃO
[Explorar na conclusão o pensamento abaixo.]
O que dizer de tudo isso?
É preciso dizer o seguinte: que houve um progresso tecnológico muito grande,
houve. Isso não há dúvida. A medicina avançou tremendamente nas últimas décadas, que
o conforto do homem hoje é maior também não há dúvida. Porém, um grande orador
católico comentava isso: o progresso material só é inteiramente verdadeiro e eficaz quando
ele anda junto com progresso moral e religioso. Do contrário, acontece com o mundo o que
nós vemos hoje: manda foguete para Lua e fabrica computadores cada vez mais rápidos,
porém as drogas, as doenças incuráveis como a Aids, o suicídio o assassínio e a violência
vão se tornando inconteníveis.
Cresceu-se tecnicamente, mas regrediu-se moral e religiosamente. Dizia muito bem
o Pe. Pio (um padre italiano em processo de canonização, morto há poucas décadas) que o
progresso deve levar o homem a conhecer e amar mais a Deus, não a afastar-se dele, como
hoje vemos tão claramente...
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