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ASPECTOS CULTURAIS

Esporte

Entre os principais acontecimentos relacionados aos esportes, estão as duas edições


da Copa do Mundo e as três edições dos Jogos Olímpicos.

De 30 de maio até 17 de junho de 1962, ocorreu a sétima edição da Copa do Mundo da


FIFA, a qual foi sediada pelo Chile e teve a Seleção Brasileira de Futebol como
campeã. Já de 11 de julho até 30 de julho de 1966, ocorreu a oitava edição da Copa do
Mundo da FIFA, dessa vez sediada pela Inglaterra, tendo 16 seleções nacionais
qualificadas: 10 europeias, 5 americanas e 1 asiática. Por fim, a Inglaterra se consagrou
campeã dessa edição.
Finalmente, três edições das Olimpíadas foram realizadas na década de 60: Roma
(1960), em que o Brasil garantiu sua primeira medalha olímpica, com o lendário
nadador Manoel dos Santos, o Maneco, Tóquio (1964) e Cidade do México (1968). Na
edição em Tóquio, o Japão desejou mostrar ao mundo que havia superado as sequelas
da Segunda Guerra, promovendo uma edição repleta de inovações tecnológicas.
Quatro anos mais tarde, os países de língua inglesa protestaram diante da
possibilidade da celebração olímpica ir parar no “terceiro mundo”, enquanto os países
fora do circuito do desenvolvimento apoiavam essa possibilidade com o argumento da
expansão do Movimento Olímpico e da prática verdadeira de seu ideal.

Por fim, a edição mexicana foi a primeira em uma cidade latina americana, cuja altitude
de 2.300m gerou controvérsias sobre o dano que o ar rarefeito podia causar no
desempenho dos atletas. Além disso, ela foi quase cancelada por conta do massacre à
cidade de Tlatetolco, o que manchava o espírito olímpico pregado pela COI. Nessa
edição, o curso da tocha olímpica seguiu a mesma rota feita pelo navegador Cristóvão
Colombo quando descobriu a América, saindo da Espanha, passando por Bahamas até
chegar em Vera Cruz na costa Mexicana. Vale ressaltar ainda que essa edição ficou
marcada pelos protestos de alguns atletas, entre eles, Tommie Smith e John Carlos,
dois atletas negros norte-americanos que utilizaram o pódio para protestar contra a
discriminação racial sofrida em seu país foram banidos para sempre das competições
esportivas. Além deles, a ginasta tcheca, Vera Caslavská aproveitou o momento da
premiação para não cumprimentar suas concorrentes soviéticas como forma de
protesto contra a invasão de Praga. Além de não cumprir o protocolo olímpico, imprimiu
seu protesto e escapou ilesa da punição sofrida pelos americanos, indicando a
parcialidade com que essas questões foram historicamente tratadas.
No mesmo período o COI anulou a restrição à racista África do Sul de ser afastada dos
Jogos Olímpicos. Diante da possibilidade da reintegração sul-africana protestos
veementes das demais nações africanas, acompanhadas da União Soviética, levaram
os dirigentes a rever sua posição e recuar na confirmação do convite.

Jogos eletrônicos

O ano de 1961 ficou marcado pelo surgimento do Spacewar!, o qual foi idealizado por
um grupo de estudantes do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados
Unidos. Entre seus criadores, o nome de Stephen Russell foi o que mais se destacou,
mas o grupo contava também com Peter Samson, Dan Edwards, Martin Graetz, Alan
Kotok, Steve Piner e Robert Saunders. O jogo, inspirado em uma série de livros de
ficção científica do americano E.E. "Doc" Smith, foi criado para atender ao público do
MIT.

O jogo foi testado pela primeira no início da década de 1960. Para rodar o game, era
necessário usar um supercomputador, chamado de PDP-1. A máquina era do tamanho
de uma mesa e o seu valor podia chegar a US$ 120 mil (cerca de R$ 446 mil na
cotação atual).

Apesar da boa recepção por parte do público, SpaceWar não gerou lucros para seus
criadores, uma vez que as outras máquinas da época não suportavam o jogo e o alto
preço do PDP-1 não permitiu sua comercialização.

Apesar disso, o jogo foi um marco, uma vez que fomentou o primeiro campeonato da
história dos videogames, que aconteceu em 1972. Além disso, o sucesso do game
inspirou diversos cientistas da computação, o que levou o PDP-1, que era utilizado
somente para cálculos, a se tornar uma máquina capaz de entreter as pessoas e um
fenômeno para os visitantes do MIT.

Moda

Nos primórdios da década de 60, a moda feminina seguiu princípios muito semelhantes
ao da década anterior. Nesse sentido, a forma de se vestir de figuras como a primeira
dama, Jacqueline Kennedy, tornou-se bem representativa, assim como as produções
de Hubert de Givenchy e Cristobal Balenciaga.

No entanto, com o passar do tempo, um novo fenômeno surgiu: o Swining London, cuja
principal idealizadora foi Mary Quant, a quem é atribuído o design das minissaias e
vestidos curtos.
Já na moda masculina, a principal mudança concerne à introdução de uma vasta paleta
de cores. Além dela, houve a diversificação do uso de jaquetas sem gola,
acompanhadas por calças justas e botas. Além disso, vale ressaltar a influência de
astros do rock como Mick Jagger e Jimi Hendrix na incorporação de elementos militares
na roupagem da época.

Por fim, é possível, ainda, observar a influência do movimento hippie, o qual, através de
camisas largas e vestes aveludadas, impactou tanto a moda feminina quanto
masculina.

Dança

O ritmo twist foi uma dança inspirada pelas músicas do rock and roll dos anos de 1960.
Logo no começo da década, se tornou a primeira dança considerada como “mania
mundial”.

A inspiração original do termo twist veio de uma dança afro-americana chamada


"wringin and twistin”, que se tem notícia desde os anos 1890. Porém, sua origem
estética vem dos movimentos pélvicos e passos aleatórios, herdados do oeste africano.
Durante todo o século XX, a dança se desenvolveu, até alcançar uma audiência em
massa nos anos 1960.

Apesar de toda a história por trás dos primórdios do twist, os passos e estilo simples
que conhecemos hoje, veio mesmo com Chubby Checker e seu cover de Hank Ballard
& The Midnighters., num sábado, 6 de Agosto de 1960, durante sua apresentação no
programa de TV Dick Clark Show, cujo apresentador era conhecido por mostrar ao
povo americano novos talentos da música.

Nessa dança, os pés do casal ficam a média distância, os braços são mantidos longe
do corpo (parados ou em movimento), com os cotovelos dobrados e o quadril, o tronco,
as pernas giram sobre os pés como um só, com os braços podendo ficar. Por fim, os
pés se movem para frente e para trás, com a velocidade variando de acordo com o
tempo da música. Às vezes, as pernas podem ser levantadas por conta de alguma
coreografia específica, mas, geralmente, é uma dança de baixa postura, com muito
contato dos pés com o chão, sem muita movimentação vertical.

Movimentos

Herdeiro da cultura beat americana, o movimento hippie surgiu na cidade de São


Francisco, na costa oeste dos Estados Unidos, na década de 60. Nele, pregava-se o
amor livre, o respeito à natureza, ao pacifismo e à uma vida mais simples, sem
preocupações consumistas, garantia dos direitos civis e liberdade sexual.
Além dele, outro acontecimento marcante foi a fundação dos Panteras Negras em
1966, por dois universitários negros chamados Huey Newton e Bobby Seale como
forma de combater a violência policial. Assim, esses dois estudantes resolveram criar
uma organização para acompanhar as operações policiais munidos de armamento e
impedir que violência contra afro-americanos fosse realizada.

Cinema

O cinema mundial nos anos 60 deu uma guinada para novas narrativas, transgressões
temáticas e linguagem inovadora. Na onda de reflexões sobre moral, costumes,
sociedade de classes e individualidades, muitos filmes romperam barreiras tradicionais
e se arriscaram em assuntos polêmicos e em técnicas revolucionárias.

Já no início da década, 1960, o filme “Psicose” foi lançado por Alfred Hitchcock.
Misturando suspense, terror e psicanálise, o filme surpreende por uma abordagem
ousada, já que a heroína é assassinada na primeira parte da história, e acompanha um
dono de um hotel de estrada que pratica taxidermia e possui uma estranha relação com
a mãe. Mora numa casa sinistra e, sem aviso, aterroriza as pessoas.

Em 1961, um novo diretor americano surge, Blake Edwards, com o filme “Bonequinha
de Luxo”. Adaptado de uma obra de Truman Capote, o filme narra a história de Holly
Golightly, uma acompanhante de luxo em Nova York que sonha em casar com um
homem rico e tornar-se atriz em Hollywood. Com uma grande atuação da atriz Audrey
Hepburn, o filme navega pelas altas rodas da sociedade, faz um perfil crítico sobre as
futilidades sociais e as armações de interesses em prol de uma ascensão de vida.

Em 1968, o diretor Stanley Kubrick, que vinha empolgando muito com seus filmes
polêmicos, lançou a poderosa ficção científica “2001, Uma Odisseia no Espaço”.
Narrando uma evolução dos macacos até o espaço sideral, o filme é até hoje analisado
por antever um futuro tecnológico e a inteligência artificial. Contando com a atuação de
um computador malvado e de um meteorito inexplicável, o filme encanta por suas
imagens futuristas, seu bailado cósmico e com sua profecia de que podemos chegar
longe no universo, com mistério e o senso do desconhecido.

Jean-Luc Godard, um grande expoente do movimento cinematográfico da “Nouvelle


Vague” francesa, lançou o revolucionário “Acossado” em 1960, seu primeiro filme. A
história acompanha Michel (Jean-Paul Belmondo), um ladrão procurado pela polícia.
Tentando fugir do país, conhece a aspirante a jornalista Patrícia (Jean Seberg), com
quem tem um romance. O filme é considerado um manifesto estético, espontâneo, e
contém elementos novos, entre eles, irreverência, ironia, herói à deriva, cortes
descontínuos, baixo orçamento e locações em ruas. Um filme que se enquadrava no
chamado “cinema de autor”.

Em 1963, Federico Fellini realizou seu melhor filme: “8 e ½”. O enredo retrata a crise
criativa de um diretor de cinema, Guido (Marcelo Mastroiani), que, oprimido pela
confusão reinante entre seu trabalho e sua vida pessoal, tem de lidar com seus
demônios, pensamentos atormentados, amores, passado e presente, num clima de
realismo fantástico. Fellini fez sua própria catarse artística, criando um circo de
emoções, fantasias, improvisações e imagens surreais. Em uma palavra: uma obra
prima.

Em 1965, um jovem diretor polonês, Roman Polanski, encantou o mundo com o


divertido “A Dança dos Vampiros”. A trama é ambientada na Transilvânia onde o
Professor Abronsius (Jack MacGowran) e seu aprendiz Alfred (Roman Polański) estão
à caça de vampiros. Quando a bela Sarah (Sharon Tate) é sequestrada, a dupla vai ao
Castelo de um Conde para resgatá-la. Com um horror na dose certa, clichês destruídos
e passagens hilariantes, o filme é delicioso e tem grandes momentos: um vampiro
homossexual, um vampiro judeu sobre quem a cruz, tradicional aliada dos caça-
vampiros, não faz nenhum efeito, e um baile de gala com centenas de vampiros.

Enquanto isso, no Brasil, destacou-se Glauber Rocha, um grande cineasta do Cinema


Novo, um movimento com propostas estéticas e temáticas inovadoras, fazendo a
defesa de um cinema feito nas ruas e engajado com os problemas econômicos,
políticos e sociais do país. Entre suas principais produções, tem-se Deus e o Diabo na
Terra do Sol.

Música

Na Grã-Bretanha, os Beatles criaram seu próprio estilo musical com uma mistura de
melodias claras e ritmos complexos, influenciados pelo R&B, o qual estava formando
uma nova subcultura britânica conhecida como mods. Os mods celebraram o jazz e o
soul, o que levou a bandas britânicas como The Rolling Stones e The Kinks, e criou
novas bandas como The Who e Small Faces.

Enquanto isso, os EUA deram origem aos anti-Beatles em The Velvet Underground.
Talvez a primeira banda de arte, Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison e outros,
produziu música que atraiu influência de compositores modernistas (Cornelius Cardew),
literatura (Venus in Furs), poesia e música pop.

As drogas também influenciaram a música, uma vez que elas arantiram uma
característica essencial da música dessa década: a psicodelia, a qual conferia um tom
sonhador, descontraído ou errático às produções através do uso de tecnologia
emergente em pedais de guitarra e efeitos sonoros.

Liricamente, as músicas seriam sobre amor, unidade, liberdade, liberação sexual,


literatura, ou às vezes seriam simplesmente absurdas. Bandas como The Beatles,
Jefferson Airplane, The Soft Parade, Jimmi Hendrix, Donovan, Pink Floyd e Captain
Beefheart variaram em estilo, mas todas abraçaram a psicodelia em seu som.

Foi nesse cenário que aconteceu o festival de música de Woodstock, oficialmente


conhecido como Woodstock Music and Art Fair. Ele foi idealizado por Artie Kornfield,
Joel Rosenman, Michael Lang e John Roberts, quatro jovens, na faixa dos 20 anos, que
desejavam investir dinheiro em um grande evento.

O evento aconteceu em 15, 16 e 17 de agosto de 1969 e reuniu bandas e cantores,


como The Who, Creendence, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Santana, Joan Baez. Os
produtores, percebendo o sucesso do festival, aumentaram a capacidade para 200 mil
pessoas, cobrando um valor de 18 dólares por pessoa.

Entretanto, o Woodstock atraiu de 400 mil a 500 mil jovens, o que fez com que os
organizadores tornassem-no gratuito porque não havia equipe suficiente para cobrar e
controlar a entrada de tantas pessoas. Milhares de jovens de todas as partes dos
Estados Unidos reuniram-se no local, acamparam em barracas e, por três dias,
aproveitaram os shows.

Enquanto isso, no Brasil, a música popular brasileira ficou dividida entre várias
correntes. Entre elas, destacam-se a Jovem Guarda e o Tropicalismo.

A Jovem Guarda fazia um rock despretensioso, com letras que falavam de namoros,
festas, carros, roupas- assuntos comuns à juventude da época. Uma característica do
movimento foi o uso de instrumentos elétricos: guitarra em vez de violão, teclado em
vez de piano.

Já o Tropicalismo procurou conciliar diferentes correntes musicais que disputavam


espaaaço nos palcos e na TV a fim de universalizar a música de maneira antropofágica:
união da sanfona de Luiz Gonzaga com a guitarra de Jimi Hendrix, a bossa nova de
João Gilberto com o rock dos Beatles, o bumba meu boi com iê-iê-iê. Por fim,
justapunham guitarras e baixos elétricos a violinos e instrumentos de percussão,
samplearam retalhos musicais e inseriram conversas e sons não musicais em meio à
música.

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