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Ficha 7

Orações coordenadas e subordinadas


Orações coordenadas

Uma oração coordenada é aquela que surge numa frase complexa e que não
depende sintaticamente da oração com a qual tem uma relação de coordenação (a). As
orações coordenadas distinguem-se das subordinadas na medida em que, em geral,
não podem ser antepostas à oração com a qual surgem coordenadas (b).
Exs.: a) Regámos as flores e demos comida aos gatos.
b) *E demos comida aos gatos regámos as flores.
As orações coordenadas podem ser sindéticas ou assindéticas.
• Oração coordenada sindética — oração que é coordenada por intermédio de uma
conjunção ou de uma locução coordenativa; pode ser copulativa, adversativa,
disjuntiva, conclusiva ou explicativa.
Exs.: Estava cansada, mas continuei a trabalhar.
• Oração coordenada assindética — oração que é coordenada por meio de uma vírgula.
Exs.: Abri a porta, liguei a luz e fui surpreendida por um intruso.

1. Orações coordenadas sindéticas


•O
 ração coordenada copulativa — oração que se inicia com uma conjunção ou
locução coordenativa copulativa, transmitindo uma ideia de adição.
Exs.: O Miguel fez uma escultura e a Maria optou por uma pintura.
oração coordenada       oração coordenada copulativa
Não só comi o bolo como também bebi o sumo.
oração coordenada    oração coordenada copulativa

•O
 ração coordenada adversativa — oração iniciada por uma conjunção ou locução
coordenativa adversativa e que estabelece uma ideia de contraste face à oração
com que surge coordenada.
Exs.: Atrasámo-nos, mas conseguimos chegar a tempo da partida do comboio.
oração coordenada          oração coordenada adversativa

•O
 ração coordenada disjuntiva — oração iniciada por uma conjunção ou locução
coordenativa disjuntiva e que transmite uma ideia de alternativa em relação à
oração com a qual surge coordenada.
Exs.: Apetece-te comer um chocolate ou preferes provar este bolo?
oração coordenada         oração coordenada disjuntiva
Ora lhe apetecia rir ora tinha vontade de chorar.
oração coordenada    oração coordenada disjuntiva

•O
 ração coordenada conclusiva — oração que se inicia com uma conjunção ou
locução coordenativa conclusiva e que apresenta uma conclusão em relação à
oração com a qual surge coordenada.
Exs.: Estou exausto; logo, não vou à praia.
oração coordenada oração coordenada conclusiva

•O
 ração coordenada explicativa — oração iniciada por uma conjunção explicativa
e que exprime uma justificação que legitima o ato de fala expresso pela oração
com que surge coordenada.
Exs.: Vou à água, pois apetece-me imenso mergulhar.
oração coordenada   oração coordenada explicativa

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ANEXO II. CLASSES DE PALAVRAS, SINTAXE E LEXICOLOGIA

Orações subordinadas

Uma oração subordinada é aquela que surge numa frase complexa e que depende
sintaticamente da oração subordinante (a). Ao contrário das orações coordenadas, as
orações subordinadas podem, em geral, ser antepostas às orações subordinantes (b).
Uma oração subordinada pode desempenhar a função sintática de sujeito (c), de com-
plemento — do nome (d), do verbo (e) e do adjetivo (f) — e de modificador — do nome
(g), do grupo verbal (h) e da frase (i).
Exs.: a) Saímos de casa assim que chegares.
b) Assim que chegares, saímos de casa.
c) É fundamental que tragas um casaco.
d) A hipótese de ficarmos em casa é absurda.
e) A rainha ordenou que nos sentássemos.
f) Eles estão satisfeitos por terem terminado o trabalho.
g) Os meus amigos franceses, que adoram Portugal, vêm cá este ano.
h) Quando fomos a Paris, visitámos o Museu do Louvre.
i) Se conseguirmos uma promoção, vamos ao Japão nestas férias.
Com base na função sintática que desempenham na frase, as orações subordinadas
podem classificar-se como substantivas (quando desempenham uma função típica do
nome), adjetivas (quando desempenham uma função que, em geral, é atribuída ao
adjetivo) ou adverbiais (quando desempenham uma função característica do advérbio).

1. Orações subordinadas substantivas


• Oração subordinada substantiva completiva (ou integrante) — Oração que pode
ser o sujeito (a) ou o complemento de um verbo (b), de um nome (c) ou de um
adjetivo (d). No caso de ser finita (isto é, de o verbo não se encontrar conjugado
no infinitivo), é introduzida pelas conjunções «que» ou «se». As orações não fini-
tas podem iniciar-se com «para» (e) ou sem conjunção (f).
Exs.: a) É importante que faças este trabalho.
b) Ela jurou que não vira nada.
c) A convicção de que tudo correria bem deu-lhe ânimo.
d) Ela estava certa de que eles não faltariam ao prometido.
e) Nós pedimos para sair mais cedo da reunião.
f) Eles afirmaram ter feito o trabalho sem ajuda.
• Oração subordinada substantiva relativa — Oração que é introduzida por um
pronome relativo — quem, o que, onde, quanto — que não tem um antecedente
(isto é, expressão lexical que fosse recuperada). Pode desempenhar a função
sintática de sujeito (a), de complemento direto (b), de complemento indireto (c),
de complemento oblíquo (d) e de modificador do grupo verbal (e). As orações
subordinadas substantivas relativas podem ser finitas ou não finitas.
Exs.: a) Quem não arrisca não petisca.
b) Ele premiou quem merecia.
c) Ela disse a resposta a quem lha pediu.
d) Ele duvidava de quem era demasiado solícito.
e) Eles estão onde querem.

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Ficha 7

2. Orações subordinadas adjetivas


• Oração subordinada adjetiva relativa restritiva — Oração que se inicia com um
quantificador relativo, pronome relativo, determinante relativo ou advérbio rela-
tivo — que, quem, o qual/a qual, os quais/as quais, cujo(s)/cuja(s), quanto(s)/
quanta(s), onde. Uma vez que restringe o antecedente, esta oração desempenha
a função sintática de modificador restritivo do nome, não podendo, portanto, ser
separada do antecedente por vírgula.
Exs.: a) Os alunos que trabalharam serão recompensados.
b) Os concorrentes cuja obra de arte foi premiada irão a Londres.
c) A escola onde trabalho é ótima.
• Oração subordinada adjetiva relativa explicativa — Oração que se inicia com
um quantificador relativo, pronome relativo, determinante relativo ou advérbio
relativo — que, quem, o qual/a qual, os quais/as quais, cujo(s)/cuja(s), quanto(s)/
quanta(s), onde. Esta oração apresenta informação adicional sobre o anteceden-
te, desempenhando a função sintática de modificador apositivo do nome e sendo
separada do antecedente por vírgula (a, b e c). Quando o pronome relativo reto-
ma o conteúdo da subordinante na sua totalidade, a oração subordinada desem-
penha a função sintática de modificador da frase (d).
Exs.: a) A Catarina, que se interessa por arqueologia, vai no verão ao Egito.
b) O Rui, cujo irmão é meu colega, emprestou-me este livro.
c) Na ilha de São Miguel, onde se situa a lagoa das Sete Cidades,
há uma aposta no turismo de natureza.
d) Ele conquistou uma medalha, o que encheu os pais de orgulho.

3. Orações subordinadas adverbiais


• Oração subordinada adverbial temporal — Oração que situa no tempo a informa-
ção apresentada na oração subordinante e que desempenha a função sintática de
modificador do grupo verbal. Esta oração pode ser finita ou não finita. No primei-
ro caso, é introduzida por uma conjunção ou uma locução subordinativa temporal
(a). No segundo caso, classifica-se como infinitiva (quando o verbo está no infini-
tivo) (b), participial (quando o verbo se encontra no particípio passado) (c) ou
gerundiva (quando o verbo está no gerúndio) (d).
Exs.: a) Mal chegámos, começámos a trabalhar.
b) Ao sair de casa, apercebi-me de que me tinha esquecido
do guarda-chuva.
c) Terminada a reunião, regressámos a casa.
d) Ela entrou em casa andando silenciosamente.
• Oração subordinada adverbial causal — Oração que indica a causa da ideia que é
expressa na oração subordinante e que desempenha a função sintática de modifi-
cador do grupo verbal. Quando finita, esta oração é introduzida por uma conjunção
ou uma locução subordinativa causal (a). As orações subordinadas adverbiais cau-
sais não finitas podem ser infinitivas (b), participiais (c) ou gerundivas (d).
Exs.: a) Como está a chover, ficamos em casa.
b) Ele foi promovido por revelar um excelente desempenho nas suas
funções.
c) Destruída a casa, os seus habitantes foram realojados.
d) Estando o trabalho concluído, é natural que eles queiram descansar.

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ANEXO II. CLASSES DE PALAVRAS, SINTAXE E LEXICOLOGIA

• Oração subordinada adverbial final — Oração que indica o objetivo da situação


que é descrita na oração subordinante e que desempenha a função sintática
de modificador do grupo verbal. Pode ser finita (a) ou não finita (b).
Exs.: a) O anfitrião esforçou-se muito para que todos se sentissem
à vontade na festa.
b) Eles vieram cá para visitar o País.
•O
 ração subordinada adverbial condicional — Oração que indica uma condição
para a realização do facto expresso na oração subordinante. Desempenha a fun-
ção sintática de modificador da frase. De acordo com o seu sentido, as orações
subordinadas adverbiais condicionais podem classificar-se como factuais
(ou reais), quando exprimem um facto real. Neste caso, o verbo da oração subor-
dinada é conjugado no modo indicativo (a). Podem também ser hipotéticas,
quando apresentam uma hipótese, situação em que o verbo da oração subordi-
nada é conjugado no presente ou no futuro do modo conjuntivo (b). Finalmente,
existem também orações subordinadas adverbiais condicionais contrafactuais (ou
irreais), quando se indicam situações que não se podem realizar. Neste último
caso, o verbo é conjugado no pretérito imperfeito do modo conjuntivo (c). Além de
finitas, estas orações podem também ser não finitas — infinitivas (d), participiais
(e) e gerundivas (f).
Exs.: a) S
 e estudaste, tens maior probabilidade de ter um bom resultado.
b) Se estudares, terás maior probabilidade de ter um bom resultado.
c) Se estudasses, terias maior probabilidade de ter um bom resultado.
d) A fazer essa viagem, terias de me acompanhar.
e) Publicado o livro, poderemos divulgar a nossa teoria.
f) Fazendo o trabalho, mostrarás o teu valor.
• Oração subordinada adverbial concessiva — Oração que apresenta um ­obstáculo
que se coloca à situação apresentada na oração subordinante, mas que não
a impede de se concretizar. Desempenha a função sintática de modificador
da frase. As orações subordinadas adverbiais concessivas podem ser finitas (a)
ou não finitas. Neste caso, classificam-se como infinitivas (b), participiais (c)
e gerundivas (d).
Exs.: a) Embora seja tímida, ela aceitou participar na peça.
b) Apesar de se sentir cansada, a Marta decidiu ir passear com a mãe.
c) Mesmo degradado, o monumento conservou parte da sua beleza.
d) Mesmo sabendo que eles não apreciam sopa, vou servi-la ao jantar.
• Oração subordinada adverbial comparativa — Oração que apresenta o segundo
termo de uma comparação em relação ao que é expresso na oração subordi­
nante (a). Nas orações subordinadas comparativas, o verbo pode ser elidido (b).
Estas orações têm um comportamento diferente do das restantes orações subor-
dinadas adverbiais, uma vez que, por vezes, parecem referir-se especificamente
a um elemento da oração subordinante, e não a esta oração na sua totalidade,
e têm pouca mobilidade na frase (c).
Exs.: a) Ele lia tão bem como escrevia.
b) Este aluno é mais alto do que aquele (isto é, do que aquele é alto).
c) Ela trabalhou mais do que tu.
*Do que tu ela trabalhou mais.

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Ficha 7

• Oração subordinada adverbial consecutiva — Oração que exprime uma conse-


quência do facto apresentado na oração subordinante (a). Tal como as orações
subordinadas adverbiais comparativas, estas orações têm um comportamento
diferente do das outras orações subordinadas adverbiais, dado que, por vezes,
modificam apenas um elemento da oração subordinante, e não esta oração
no seu todo, e têm pouca mobilidade na frase (b). Estas orações podem ser não
finitas, sendo, neste caso, infinitivas (c).
Exs.: a) Ele esforçou-se tanto que conseguiu superar todas as dificuldades.
b) Ela era tão simpática que não tinha dificuldade em fazer amigos.
*Que não tinha dificuldade em fazer amigos ela era tão simpática.
c) A Maria ficou entusiasmada com a ideia a ponto de procurar,
a todo o custo, concretizá-la.
A classificação das orações que foi aqui apresentada encontra-se sistematizada nos
quadros seguintes.

Orações coordenadas
Subclasses Exemplos
Assindéticas Sinto-me quente, devo estar doente.
Copulativas Saí do trabalho e fui para casa.
Adversativas O telemóvel tem bateria, mas não funciona.
Sindéticas Disjuntivas Chovia ou nevava.
Conclusivas Estudei bastante para o teste, por isso tive boa nota.
Explicativas Liga o aquecedor, pois estou com frio.

Orações subordinadas
Subclasses Exemplos
Completivas Ele pediu que lhe fizéssemos um favor.
Substantivas
Relativas Quem espera sempre alcança.
Relativas
Gosto da camisola que compraste.
restritivas
Adjetivas
Relativas
A Ana, que chegou hoje de viagem, está a descansar.
explicativas
Temporais Assim que me fui embora, ele chegou.
Causais O carro parou porque ficou sem gasolina.
Finais Amanhã encontramo-nos para resolver esse assunto.
Condicionais Se fores ao supermercado, traz leite.
Adverbiais
Apesar de não ter muita fome, podemos começar a
Concessivas
jantar.
Comparativas O teu irmão é mais alto do que tu.
Consecutivas Estava tanto frio que tremíamos.

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