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Departamento de Línguas

9.º Ano | Português


Ficha de trabalho| Ano Letivo 2022/2023

Crónica

Seja feita a nossa vontade

O robô da próxima geração não será destinado a exercícios suicidas nem a missões
especiais. Servirá para fazer companhia aos corações solitários, para se ocupar de pessoas
idosas, para brincar com as crianças e para dar uma ajuda em casa. Tudo isto requer um nível
avançado de computação, capaz de ler e interpretar as emoções humanas e de permitir que
o robô vá aprendendo a conviver com as singularidades do seu dono. É o desafio do projeto
europeu Feelix Growing, dirigido por Lola Canamero, investigadora espanhola da
Universidade de Hertfordshire (Reino Unido).

É certo que os robôs mais célebres trabalham, atualmente, na manipulação de


substâncias tóxicas e explosivos. A verdade, porém, é que não foram inventados para
desempenhar tarefas perigosas, mas para prestarem serviços aborrecidos. O primeiro de
todos eles, criado por Tesíbio de Alexandria (cerca de 130 a.c.), servia para dar a volta a uma
clepsidra. E a maioria dos autómatos continua a trabalhar nas cadeias de montagem da
indústria automóvel.

No topo da pirâmide estão os robôs cirúrgicos que transplantam rins com maior eficácia
do que os seus colegas de carne e osso, e os robôs cientistas que planificam as experiências
tão bem como os investigadores humanos, ou talvez melhor. Se ainda não assumiram as
tarefas domésticas, tal não se deve a um descuido industrial, mas um grave problema
científico.

É que os computadores já igualam os grandes mestres de xadrez, mas ainda ninguém


conseguiu programar num robô os gestos que os humanos fazem sem esforço consciente,
como aproveitar um tropeção num tapete para ocupar o único lugar livre no sofá. E trabalhar
em casa passa por uma série de reações ainda mais complexas:” Para que os robôs possam
viver com pessoas, têm de crescer com elas e aprender a interpretar as suas emoções”, afirma
Canamero. “Isso implica diversas estratégias sobre as quais estamos a trabalhar em paralelo,
como equipar os robôs com o equivalente a um sistema de prazer e de dor que lhes permita
categorizar os estímulos, dar-lhes os meios para aprenderem comportamentos sociais, como
a distância que devem manter em relação a cada pessoa, e interpretar as emoções humanas.

O projeto Feelix Growing, que recebeu 2,5 milhões de euros no quadro do programa de
robótica avançada da Comissão Europeia, reúne 25 especialistas em robótica, psicólogos e
neurocientistas de seis países. Trabalham em colaboração para tornar os robôs capazes de
“interagirem com os humanos no seu ambiente e isto de modo frutuoso, flexível autónomo”.

Como pode um robô ler as emoções do seu dono? “Os robôs devem adaptar-se a todas
as pessoas”, explica Canamero. “Mas os humanos exprimem muitas emoções por sinais
exteriores universais e inconscientes e são esses que nos interessam.”
Javier Sampedro, Seja feita a nossa vontade in Courrier Internacional, 12 /2008

1. Seleciona, em cada item, a alínea que completa cada frase de forma adequada,
de acordo com o sentido do texto. Escreve o item e a alínea correspondente.

1.1 O texto em análise dá a conhecer que, na Antiguidade Clássica, os robôs


(A) desempenhavam tarefas arriscadas para os humanos.
(B) substituíam os humanos em intervenções cirúrgicas.
(C) trabalhavam na manipulação de substâncias tóxicas.
(D) executavam tarefas simples e monótonas.

1.2. De acordo com o artigo, os robôs mais importantes


(A) encontram-se nas linhas de montagem dos automóveis.
(B) são cirurgiões e cientistas.
(C) auxiliam nas tarefas domésticas.
(D) sevem de apoio aos idosos.

1.3 Para os robôs poderem viver com humanos


(A) têm de crescer em termos de expressão emocional.
(B) terão de nascer como eles e interpretar as suas emoções.
(C) necessitam de um sistema operativo particular, permanentemente atualizado.
(D) terão de desenvolver-se a seu lado e ser capazes de interpretar emoções.

1.4 Na expressão: “ interagirem com os humanos no seu ambiente e isto de modo


frutuoso, flexível e autónomo”, o vocábulo em destaque tem por sinónimo:
(A) inútil
(B) expansivo
(C) proveitoso
(D) abrangente

1.5 De acordo com o artigo, o grande objetivo do projeto Feelix Growing,é tornar os
robots capazes de :
(A) realizar todas as tarefas domésticas.
(B) substituir totalmente a mão de obra humana na indústria automóvel.
(C) realizar intervenções cirúrgicas de risco em humanos.
(D) interpretar as emoções dos humanos a partir de gestos espontâneos dos humanos.

3. Identifica o referente do pronome destacado no segmento textual: “ um sistema de


prazer e de dor que lhes permita categorizar os estímulos”.

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