Você está na página 1de 38

Unidade 1 – O Modernismo

Conceito de Modernismo
Primeira Geração (1922-1930)
Segunda Geração (1930-1945)
Terceira Geração (1945-1960)

Unidade 2 – Tendências Contemporâneas

O Contexto Contemporâneo na Cultura Literária


Concretismo - Movimento com foco na imagem e na poesia
O poema do Concretismo
Surgimento do Concretismo
Neoconcretismo
Ferreira Gullar: poesia nos anos de chumbo
A poesia marginal de 1970 – 1980
Unidade 1 – O Modernismo

Conceito de Modernismo

As correntes literárias do final do século XIX deram a origem a um


complexo de tendências de vanguarda, de repercussão no Brasil a partir da
década de 1920 (o futurismo, o cubismo, o dadaísmo, o surrealismo, etc.). Desde
o decadentismo-simbolismo, afirmou-se a convicção de que pensar em
conceitos de estilos de época unívocos – com apenas um a tendência dominante
– não seria suficiente para explicar a plurivocidade (várias vozes, isto é, várias
tendências simultâneas sem dominância de umas sobre as outras) que se
registrava nas artes.
O século vinte daria coordenadas absolutamente inéditas ao mundo.
Provocaria transformações radicais e profundas. Registra-se o apogeu da época
industrial e técnica, a formação da alta burguesia e do proletariado, o
estabelecimento organizado do capitalismo.

https://guerrafriaresumo.com/capitalismo-e-socialismo/

Dá-se o aperfeiçoamento das máquinas de combustão e o


aproveitamento da eletricidade nas indústrias, com o seu consequente e
imediato progresso.
Cresce o comércio, fomenta-se o transporte, multiplica-se a produção,
que, processada em larga escala, abarrota os entrepostos, gerando as
rivalidades do comércio internacional.
Em 1921 o grupo modernista – ou futurista como era chamado – está não
somente composto, mas coeso e unido e representa uma força dotada de
consciência.
É chegado o momento de declarar publicamente e existência desse
movimento e o que importa mais, de revelar a disposição em que se encontra
para a luta, que sabe vai ser árdua. Faz-se necessário divulgar o que está
realizando ou planejando nesse sentido. É fundamental que os novos deixem
marcada a sua posição divisionista. Impõe-se a ruptura que, de fato, já se deu,
mas que urge como uma atitude de um grupo, proclamada como resolução de
uma coletividade de escritores.

http://gladislangaro.comunidades.net/autores-obras-textos-da-1-fase-modernista

O grupo modernista não se opõe apenas ao passado, ao romantismo, ao


realismo e à escola parnasiana. Ataca também o regionalismo literário, então em
moda.
Os modernistas poupam o simbolismo em seu organizado ataque às
correntes estéticas anteriores. Na verdade respeitam a escola simbolista,
chegando mesmo a considerá-la inspiradora de muitas de suas atitudes e a
admitirem até estarem dando prosseguimento aos princípios por ela formulados.
Enfim, no Brasil, as tendências de vanguarda se associaram à procura da
modernidade: motivaram os nossos escritores modernistas a perspectiva de
atualizar as nossas letras em relação às transformações poéticas que ocorriam
na Europa e a ideia de pesquisar uma linguagem artística autenticamente
nacional.
O Modernismo no Brasil se dividiu em três fases. Cada uma das gerações
modernistas apresentam características distintas, mas que se complementam
em sua essência.
A primeira geração se opôs ao modelo anterior, seu objetivo claro era
chocar; com uma vertente menos radical, a segunda geração de modernistas
formou grandes romancistas e poetas; a terceira geração se opôs à primeira,
chegando a ser ridicularizada por divergir do que a primeira pregava.

https://www.guiaestudo.com.br/modernismo-no-brasil

Os modernistas criticaram a “literatura oficial” parnasiana, acusada de


imitar modelos europeus, uma linguagem que consideravam acadêmica, sem
criatividade. Ao reivindicar uma literatura que traduzisse a identidade nacional
brasileira – a maneira de ser do Brasil na literatura -os modernistas valorizaram
a cultura popular do país.

Primeira Geração (1922-1930)

A primeira geração de modernistas foi marcada pela tentativa de definir


posições. Essa foi a fase em que o Modernismo no Brasil lançou mão de
manifestos e revistas para mostrar a necessidade de romper com o
passado. Nessa fase fica evidente a busca dos artistas pela renovação estética,
influenciada pelo contato com as vanguardas europeias
com Cubismo, Futurismo e Surrealismo.
Conhecida como Fase Heroica, essa fase foi o mais radical do movimento,
formada, sobretudo, por artistas rebeldes. O objetivo dos modernistas dessa fase
era mostrar que não queriam nada do que já havia sido feito. Com um caráter
essencialmente destruidor, essa geração buscava o moderno, o polêmico, o
original e o nacionalismo, em uma da tentativa de representar o cotidiano da
sociedade brasileira.

https://www.haikudeck.com/a-primeira-fase-do-modernismo-education-presentation-Olaldb8lgp

Foi nesse período que foram criados os grupos modernistas e lançadas


as publicações de revistas e de manifestos. Dentre os grupos criados pela
primeira geração de modernistas estão: Movimento Pau-Brasil, Movimento
Antropofágico, Grupo modernista-regionalista de Recife, Movimento Verde-
Amarelo e a Escola da Anta.
No que diz respeito a publicações, o Brasil conheceu as revistas Klaxon
(1922), Estética (1924), A Revista (1925), Terra Roxa e Outras Terras (1927) e
Revista de Antropofagia (1928); e os manifestos da Poesia Pau-Brasil (1924),
Antropófago (1928), Regionalista (1926) e Nhenguaçu Verde-Amarelo (1929).
Os repertórios literários europeus deveriam ser “deglutidos” pelo escritor,
que produziria um texto novo, com forma e conteúdos literários que
representariam a “maneira de ser” do país.
Manuel Bandeira foi um escritor brasileiro, além de professor, crítico de
arte e historiador literário. Fez parte da primeira geração modernista no Brasil.
Com uma obra recheada de lirismo poético, Bandeira foi adepto do verso
livre, da língua coloquial, da irreverência e da liberdade criadora. Os principais
temas explorados pelo escritor são o cotidiano e a melancolia.

https://bemblogado.com.br/site/manuel-bandeira-da-vida-terna-e-eterna/

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu no dia 19 de abril de


1886, no Recife, Pernambuco.
Aos dez anos de idade mudou-se para o Rio de Janeiro onde estudou no
Colégio Pedro II entre os anos de 1897 a 1902. Mais tarde, formou-se em
Letras.
Em 1903, começa a estudar Arquitetura na Faculdade Politécnica em
São Paulo. No entanto, abandona o curso pois sua saúde fica frágil.
Diante disso, procura curar-se da tuberculose em Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Suíça, onde permanece durante um ano.
De volta ao Brasil, em 1914, dedica-se a sua verdadeira paixão: a
literatura. Durante anos de trabalhos publicados em periódicos, publica seu
primeiro livro de poesias intitulado “A Cinza das Horas” (1917).
Nessa obra, merece destaque a poesia “Desencanto” escrita na região
serrana do Rio de Janeiro, Teresópolis, em 1912, durante a recuperação de
sua saúde:
https://psico.online/blog/diferenca-entre-tristeza-e-depressao/

Desencanto

Eu faço versos como quem chora


De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
– Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira publicou uma vasta obra até sua morte, desde contos,
poesias, traduções e críticas literárias.
Junto ao movimento literário do modernismo, colaborou com publicações
em algumas revistas como a klaxon e a Antropofagia.
No segundo dia da Semana de Arte Moderna, seu poema Os Sapos foi
lido por Ronald Carvalho.
http://jornaldeletrasitaufs.blogspot.com/2012/12/os-sapos-manuel-bandeira.html

Os sapos (trecho do poema)

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,


Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo


Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom


Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Em sua trajetória laboral, destaca sua atuação como professor de


Literatura Universal no Externato do Colégio Pedro II, em 1938. Foi também
professor de Literatura Hispano-Americana, de 1942 a 1956, da Faculdade
Nacional de Filosofia, onde se aposentou.
Faleceu no Rio de Janeiro, aos 82 anos, em 13 de outubro de 1968, vítima
de hemorragia gástrica.
Manoel Bandeira possui uma das maiores obras poéticas da moderna
literatura brasileira, dentre poesias, prosas, antologias e traduções:

Poesia
• A Cinza das Horas (1917)
• Carnaval (1919)
• Libertinagem (1930)
• Estrela da Manhã (1936)
• Lira dos Cinquent'anos (1940)

Prosa
• Crônica da Província do Brasil (1936)
• Guia de Ouro Preto, Rio de Janeiro (1938)
• Noções de História das Literaturas (1940)
• Autoria das Cartas Chilenas (1940)
• Literatura Hispano-Americana (1949)
• De Poetas e de Poesia - Rio de Janeiro (1954)
• A Flauta de Papel - Rio de Janeiro (1957)
• Itinerário de Pasárgada (1957)
• Andorinha, Andorinha (1966)

Antologia
• Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica (1937)
• Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana (1938)
• Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos
(1946)
• Antologia Poética (1961)
• Poesia do Brasil (1963)
• Os Reis Vagabundos e mais 50 crônicas (1966)

Manuel Bandeira não era um dos modernistas mais radicais, mas seu
poema “Os sapos” foi lido durante a Semana de Arte Moderna de 1922. Por sua
sátira aos parnasianos, o poema tornou-se ponto de referência dos poetas
modernistas da época.
Outro escritor modernista foi Mário de Andrade, crítico literário,
musicólogo, folclorista e ativista cultural brasileiro.
Seu estilo literário foi inovador e marcou a primeira fase modernista no
Brasil, sobretudo, pela valorização da identidade e cultura brasileira.
Ao lado de diversos artistas, ele teve um papel preponderante na
organização da Semana de Arte Moderna (1922).

https://veja.abril.com.br/entretenimento/carta-de-mario-de-andrade-rompe-conspiracao-do-pudor/

Mário Raul de Morais Andrade foi um escritor brasileiro que exerceu


importante papel na consolidação do movimento Modernista no Brasil. Nasceu
em São Paulo, Capital no dia 9 de outubro de 1893. Concluiu o ginásio e entrou
para a Escola de Comércio Alves Penteado, ironicamente abandonando o curso
após um desentendimento com o professor de Português. Em 1911 ingressou
no Conservatório de Música de São Paulo, formando-se em piano.
No ano de 1917 seu pai faleceu, então passou a ministrar aulas de piano
para seu sustento. Com isso, passou a ter maior convivência com os artistas da
época, tornando-se grande amigo de Anita Malfatti e Oswald de Andrade. Na
sequência, com o pseudônimo de Mário Sobral, publicou seu primeiro livro "Há
Uma Gota de Sangue em Cada Poema", tecendo críticas às mortes causadas
pela Primeira Guerra Mundial.
Engajado no meio literário e musical, em 1921 integrou a Sociedade de
Cultura Artística e marcou presença no banquete do Trianon, lançamento do
Modernismo. No mesmo ano, Oswald de Andrade escreveu o artigo “Meu poeta
futurista” no “Jornal do Commércio de São Paulo” para apresentar Mário de
Andrade ao público.
Quando foi realizada a Semana de Arte Moderna em 1922, Mário foi
nomeado professor catedrático do Conservatório de Música. Publicou "Pauliceia
Desvairada", uma coletânea de seus primeiros poemas modernistas e integrou
o grupo fundador da revista Klaxon, veículo de divulgação Modernista.
No auge desse Movimento, a intenção era se desvincular dos modismos
europeus e alcançar uma linguagem nacional própria, que promovesse
integração entre o homem brasileiro e a sua terra. Pensando em buscar esse
tipo de conhecimento para inspirar suas obras, o autor fez várias viagens pelo
Brasil e estudou a cultura de cada região.
Visitou cidades históricas de Minas, passou pelo Norte, Nordeste e
compilou diversas informações da cultura regional.
Todas as suas pesquisas sobre festas populares, lendas, ritmos e
canções lhe renderam um rico conteúdo que embasaram obras como
"Macunaíma", "Clã do Jabuti" e "Ensaio sobre a Música Brasileira".
O autor foi Diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo
entre os anos de 1934 e 1938. Foi afastado do cargo por motivos políticos e em
1938 foi para o Rio de Janeiro, onde lecionou Filosofia e História da Arte na
Universidade.
Em 1940 retornou para São Paulo, atuando como funcionário do Serviço
do Patrimônio Histórico do Ministério da Educação.
Realizou trabalhos também como crítico de arte em jornais e revistas.
Mário de Andrade faleceu vítima de ataque cardíaco no dia 25 de
fevereiro de 1945, na cidade de São Paulo.
"Macunaíma" é considerado seu livro mais impactante, recebendo
aclamada adaptação para o cinema.
Algumas obras:
• Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, 1917
• Pauliceia Desvairada, 1922
• A Escrava que não é Isaura, 1925
• Losango Cáqui, 1926
• Primeiro Andar, 1926
• Clã do Jabuti, 1927
• Amar, Verbo Intransitivo, 1927
• Macunaíma, 1928
• Ensaio sobre a Música Brasileira, 1928
• Compêndio da História da Música, 1929
• Modinhas e Lundus Imperiais, 1930
• Remate de Males, 1930
• Música, Doce Música, 1933
• Belazarte, 1934
• O Aleijadinho, 1935
• Álvares de Azevedo, 1935
• Namoros com a Medicina, 1939
• Música do Brasil, 1941
• Poesias, 1941
• O Baile das Quatro Artes, 1943
• Aspectos da Literatura Brasileira, 1943
• Os Filhos da Candinha, 1943
• O Empalhador de Passarinhos, 1944
• Lira Paulistana, 1946
• O Carro da Miséria, 1946
• Contos Novos, 1946
• Padre Jesuíno de Monte Carmelo, 1946
• Poesias Completas, 1955
• Danças Dramáticas do Brasil, 1959
• Música de Feitiçaria, 1963
• O Banquete, ensaio, 1978
https://www.mundoboaforma.com.br/novo-estudo-evidencia-a-importancia-de-amendoins-para-a-
diabetes/

O Poeta Come Amendoim

Mastigado na gostosura quente de amendoim...


Falado numa língua curumim
De palavras incertas num remelexo melado melancólico...
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...
Molham meus beiços que dão beijos alastrados
E depois remurmuram sem malícia as rezas bem nascidas...
Brasil amado não porque seja minha pátria,
Pátria é acaso de migrações e do pão nosso onde Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo do meu braço aventuroso,
O gosto dos meus descansos,
O balanço das minhas cantigas amores e danças.
Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,
Porque é o meu sentimento pachorrento,
Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.
Mário de Andrade

O sentimento nacional de Mario de Andrade se explicita nos três últimos


versos desse poema. A identificação nacional vem da sua aceitação da maneira
de ser do povo brasileiro. Na imagem básica do poema, essa identificação do
poeta pode ser representada pela deglutição da cultura – uma cultura a ser
mastigada “na gostosura quente do amendoim”.

Segunda Geração (1930-1945)

A segunda geração modernista foi marcada pela prosa de ficção e


predominância de temáticas nacionalistas e regionalistas. Também chamada de
fase da Consolidação, esse período foi tido como um momento de
amadurecimento do movimento.
Abandonando os excessos da primeira fase, esse foi o momento em que
o Modernismo Brasileiro conseguiu sua melhor definição. Após o rompimento
com as tradições e o experimento das novas formas de fazer arte, os
modernistas passaram a apresentar engajamento com as questões sociais.

https://www.portugues.com.br/literatura/geracao-1930.html

As temáticas de ordem política, social, econômica, humana e espiritual


passaram a ser incluídas nas obras literárias. Temas ligados ao regionalismo
também se fizeram presentes, no qual houve uma representação do homem
brasileiro em diversas regiões. Foi o momento em que os artistas transmitiram a
consciência crítica através de suas obras. É muito comum perceber nas obras
do período abordagem de temas de interesse social como: a desigualdade
social, os resquícios de escravidão, o coronelismo e a vida difícil dos retirantes.
Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro do
período do modernismo. Considerado um dos maiores escritores do Brasil,
Drummond fez parte da segunda geração modernista. Foi precursor da chamada
"poesia de 30" com a publicação da obra "Alguma Poesia".
https://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/carlos-drummond-de-andrade-ganha-dia-comemorativo/

Carlos Drummond de Andrade nasceu dia 31 de outubro de 1902 em


Itabira do Mato Dentro, no interior de Minas Gerais. Descendente de uma família
de fazendeiros tradicionais da região, Drummond foi o nono filho do casal Carlos
de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade.
Desde pequeno Carlos demonstrou grande interesse pelas palavras e
pela literatura. Em 1916, ingressou no Colégio em Belo Horizonte. Dois anos
mais tarde, foi estudar no internato jesuíta no Colégio Anchieta, no interior do
Rio de Janeiro, Nova Friburgo, sendo laureado em “Certames Literários”.
Em 1919, foi expulso do colégio jesuíta por “insubordinação mental” ao
discutir com o professor de Português. Assim, retorna a Belo Horizonte e a partir
e 1921 começa a publicar seus primeiros trabalhos no Diário de Minas.
Formou-se em Farmácia na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo
Horizonte, porém não exerceu a profissão. Em 1925 casou-se com Dolores Dutra
de Morais, com quem teve dois filhos, Carlos Flávio (em 1926, que vive apenas
meia hora) e Maria Julieta Drummond de Andrade, nascida em 1928.
Em 1926, ministra aulas de Geografia e Português no Ginásio Sul-
Americano de Itabira e trabalha como redator-chefe do Diário de Minas.
Continuou com seus trabalhos literários e em 1930 publica seu primeiro
livro intitulado “Alguma Poesia”.
Um de seus poemas mais conhecidos é “No meio do caminho”. Ele foi
publicado na Revista de Antropofagia de São Paulo em 1928. Na época, foi
considerado um dos maiores escândalos literários do Brasil:
https://poesiainfantilblog.wordpress.com/2016/04/13/no-meio-do-caminho-drummond/

“No meio do caminho tinha uma pedra


Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.”

Trabalhou como funcionário público durante grande parte de sua vida e


se aposentou como Chefe de Seção da DPHAN, após 35 anos de serviço
público.
Em 1982, com 80 anos, recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Drummond faleceu em dia 17 de agosto de 1987 no Rio de Janeiro.
Morreu com 85 anos, poucos dias após a morte de sua filha, a cronista Maria
Julieta Drummond de Andrade, sua grande companheira.

Algumas Obras:
• Alguma poesia (1930)
• Brejo das almas (1934)
• Sentimento do Mundo (1940)
• Confissões de Minas (1944)
• A Rosa do povo (1945)
• Poesia até agora (1948)
• O Gerente (1945)
• Claro Enigma (1951)
• Contos de Aprendiz (1951)
• A Mesa (1951)
• Passeios na Ilha (1952)
• Viola de Bolso (1952)
• Fazendeiro do ar (1954)
• Viola de Bolso novamente encordoada (1955)
• Fala, amendoeira (1957)
• Ciclo (1957)
• Lição de coisas (1962)
• Antologia Poética (1962)
• Obra Completa (1964)
• Cadeira de Balanço (1966)
• Mundo Vasto mundo (1967)
• Poemas (1971)
• As Impurezas do Branco (1973)
• Amor, Amores (1975)
• A Visita (1977)
• Contos Plausíveis (1981)

https://afala.com.br/carta-a-menina-da-foto/maos-dadas-crianca-e-mulher/
Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco


Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei cantor de uma mulher, de uma história
Não darei os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes a
vida presente.

Carlos Drummond de Andrade

O poeta volta-se para a ação no mundo, não é um poeta abstrato, fora da


realidade que o cerca. Solidariamente, ele caminha com os companheiros de
seu tempo, um tempo presente, com os problemas desse presente. O poeta
solidário não vê soluções abstratas, sonhadoras, mas vê soluções a partir dessa
vivência de problemas comuns.
Jorge de Lima, conhecido como “príncipe dos poetas alagoanos”, foi um
escritor modernista. Além disso, ele trabalhou como artista plástico, professor e
médico.
Pertencente à segunda fase do modernismo no Brasil, também chamada
de “fase de consolidação”, Jorge de Lima teve grande destaque na poesia de 30.

https://blogdocastorp.blogspot.com/2018/06/jorge-de-lima-mulher-proletaria.html
Jorge Mateus de Lima nasceu dia 23 de abril de 1893 na cidade alagoana
de União dos Palmares. Passou sua infância em sua cidade natal e em 1902
mudou-se com sua família para a capital: Maceió. No jornal do colégio, ele já
escrevia poemas.
Em 1909, Jorge ingressou no curso de medicina na capital baiana:
Salvador. Porém, foi no Rio de Janeiro que ele terminou a graduação. Trabalhou
na área de formação, mas paralelamente foi se aprofundando na literatura.
Além disso, esteve envolvido com a política sendo Deputado Estadual. Foi
também Diretor-Geral da Instrução Pública e Saúde em Alagoas.
Se dedicou também às artes plásticas (pintura de telas, fotomontagens e
colagens) como autodidata, participando de algumas exposições.
Seu trabalho como artista plástico esteve relacionado com a vanguarda
artística do surrealismo, o qual se aproximou do universo onírico.
A partir de 1930 mudou-se para o Rio de Janeiro. Ali, trabalhou como
médico e professor de Literatura. Em 1935 foi eleito governador do Estado. Mais
tarde, tornou-se presidente da Câmara no Rio de Janeiro.
Em 1940 recebeu o “Grande Prêmio de Poesia”, concedido pela
Academia Brasileira de Letras (ABL). Faleceu no Rio de Janeiro, dia 15 de
novembro de 1953.
Jorge de lima escreveu textos em versos (poemas) e prosa (ensaios,
peças de teatro, romances e biografias) com foco na cultura brasileira.
Suas obras têm como tema os aspectos sociais do regionalismo e da
religião. As principais obras do poeta Jorge de Lima são:
• XIV Alexandrinos (1914)
• Poemas (1927)
• Novos poemas (1929)
• O acendedor de lampiões (1932)
• O anjo (1934)
• A mulher obscura (1939)
• Poemas negros (1947)
• Livro de sonetos (1949)
• Guerra dentro do beco (1950)
• Invenção de Orfeu (1952)
Essa negra fulô

http://www.jmarcelofotos.com/2014/04/poema-essa-negra-fulo-de-jorge-de-lima.html

Ora, se deu que chegou


(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!

Essa negra Fulô!

Essa negrinha Fulô!


ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô!

Essa negra Fulô!

"Era um dia uma princesa


que vivia num castelo
que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
Entrou na perna dum pato
saiu na perna dum pinto
o Rei-Sinhô me mandou
que vos contasse mais cinco".

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Vai botar para dormir
esses meninos, Fulô!
"minha mãe me penteou
minha madrasta me enterrou
pelos figos da figueira
que o Sabiá beliscou".

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

O Sinhô foi ver a negra


levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

O Sinhô foi açoitar


sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?

Essa negra Fulô!

Uma das características do modernismo foi a promoção do resgate social


de populações marginalizadas do país. É o que acontece aqui com a imagem da
negra, que supera no físico e na perspicácia a senhora do engenho dos tempos
da escravidão. Em relação a linguagem literária, o modernismo procurou
enfatizar os registros sociais da linguagem, em particular as variações populares
e regionais.

Terceira Geração (1945-1960)

A terceira geração modernista carregava a essência da renovação. Eles


buscavam não seguir regras, nem mesmo as ditadas pelos modelos modernistas
anteriores. O regionalismo ganhou uma nova dimensão na terceira fase do
Modernismo no Brasil. O romance e o conto passaram a ter uma literatura
intimistas e introspectiva.

http://letrascurtidas.blogspot.com/2011/10/terceira-fase-do-modernismo-brasileiro.html

Chamada Geração de 45, alguns estudiosos consideram os artistas dessa


fase como pós-modernistas, uma vez que se opuseram às conquistas e
inovações modernistas de 22, abandonando a liberdade formal modernistas para
buscar uma poesia mais equilibrada.
Não há consenso entre os estudiosos sobre o fim da terceira fase do
modernismo. Alguns defendem que ela se estende até os anos 80, no entanto,
outros afirmam que a terceira geração do Modernismo no Brasil se encerra em
1960.
João Cabral de Melo Neto foi poeta, escritor e diplomata brasileiro.
Conhecido como “poeta engenheiro”, ele fez parte da terceira geração
modernista no Brasil, conhecida como Geração de 45.
Nesse momento, os escritores estavam mais preocupados com a palavra
e a forma, sem deixar de lado a sensibilidade poética. De maneira racional e
equilibrada, João Cabral se destacou por seu rigor estético.
“Morte e Vida Severina” foi, sem dúvida, a obra que o consagrou. Além
disso, seus livros foram traduzidos para diversas línguas (alemão, espanhol,
inglês, italiano, francês e holandês) e sua obra é conhecida em diversos países.
http://www.institutoriobranco.itamaraty.gov.br/artigos/62-noticias/homenagem/64-homenagem-joao-cabral-de-
melo-neto

O pernambucano João Cabral de Melo Neto nasceu no Recife em 6 de


janeiro de 1920. Filho de Luís Antônio Cabral de Melo e de Carmen Carneiro
Leão Cabral de Melo, João era primo de Manuel Bandeira e Gilberto Freyre.
Passou parte da infância nas cidades pernambucanas de São Lourenço
da Mata e Moreno. Muda-se com a família em 1942 para o Rio de Janeiro, onde
publica seu primeiro livro, “Pedra do Sono”.
Começa atuar no serviço público em 1945, como funcionário do DASP
(Departamento de Administração do Serviço Público). No mesmo ano, inscreve-
se para o concurso do Ministério das Relações Exteriores e passa a integrar em
1946 o quadro de diplomatas brasileiros.
Após passar por vários países, assume o posto de cônsul-geral da cidade
do Porto, em Portugal em 1984. Permanece no cargo até 1987, quando volta a
viver com a família no Rio de Janeiro. É aposentado da carreira diplomática em
1990. Pouco depois, começou a sofrer com uma cegueira, fato que o leva a
depressão.
João Cabral morreu em 9 de outubro de 1999, no Rio de Janeiro, com 79
anos. O escritor foi vítima de um ataque cardíaco. João Cabral escreveu diversas
obras e segundo ele “escrever é estar no extremo de si mesmo”:
• Considerações sobre o poeta dormindo, 1941;
• Pedra do sono, 1942;
• O engenheiro, 1945;
• O cão sem plumas, 1950;
• O rio, 1954;
• Quaderna, 1960;
• Poemas escolhidos, 1963;
• A educação pela pedra, 1966;
• Morte e vida severina e outros poemas em voz alta, 1966;
• Museu de tudo, 1975;
• A escola das facas, 1980;
• Agreste, 1985;
• Auto do frade, 1986;
• Crime na Calle Relator, 1987;
• Sevilla andando, 1989.

https://www.revistapazes.com/joao-cabral/

Tecendo a manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:


ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,


se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entre tendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

O poeta vale-se de imagens minerais, evocativas do Nordeste brasileiro.


Através dessas imagens concretas, o poeta-engenheiro modela seu poema de
forma simbólica como se estivesse esculpindo a pedra.
Vinicius de Moraes foi um poeta, dramaturgo, escritor, compositor e
diplomata brasileiro. É autor de “Soneto de Fidelidade”, uma das mais
importantes obras da literatura Brasileira, da peça “Orfeu da Conceição”, e ainda,
um dos precursores da Bossa Nova no Brasil.
Foi durante a segunda fase do modernismo no Brasil que Vinicius de
Moraes teve destaque com suas poesias eróticas e de amor.

http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/contato

Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes nasceu em 09 de outubro de


1913 no Rio de Janeiro. Filho de Lydia Cruz de Moraes e Clodoaldo Pereira de
Moraes, somente aos nove anos foi registrado como Vinicius de Moraes.
Foi batizado na Maçonaria em 1920 e, aos dez anos, fez a Primeira
Comunhão na Igreja da Matriz, no bairro carioca de Botafogo. Ainda adolescente,
iniciou parcerias ao lado dos irmãos Paulo, Haroldo e Oswaldo Tapajós. Com os
amigos do colégio Santo Inácio formou, em 1927, um conjunto musical para tocar
em festas.
O grupo era composto por Paulo e Haroldo Tapajós, Maurício Joppert e
Moacir Veloso Cardoso de Oliveira. E foi com Haroldo Tapajós que compôs as
primeiras canções, “Loura ou Morena” e “Canção da Noite”. Essa última, tendo
a participação de Paulo Tapajós.
Em 1929, tornou-se bacharel em Letras pelo Colégio Santo Inácio; e no
ano seguinte, ingressa na Faculdade de Direito da Rua do Catete. O primeiro
poema publicado de Vinicius de Moraes, “A Transfiguração da Montanha”, foi
editado na revista A Ordem, em 1932.
Somente em 1933, no mesmo ano em que se forma em Direito, é
publicado o primeiro livro do poeta: “O Caminho para a Distância”, pela Schmidt
Editora. Já sua segunda publicação, “Forma e Exegese”, publicada pela editora
Irmãos Pongetti em 1935, recebe o prêmio Felipe de Oliveira. Também foi
reconhecido pelo crítica e obteve comentários elogiosos de Manuel Bandeira.
Estava em Lisboa acompanhado da primeira mulher e de Oswald de
Andrade quando compõe “Soneto de Fidelidade”, em 1939. O soneto é um dos
mais reconhecidos no legado de Vinicius de Moraes. Em 1941, começa a atuar
no jornal A Manhã como crítico cinematográfico. O trabalho é conciliado com os
estudos para o concurso de ingresso na carreira diplomática, tendo êxito em
1942.
Consegue conciliar a carreira diplomática e os trabalhos no suplemento
literário de O Jornal até 1946. Naquele ano, assumiu o posto de vice-cônsul em
Los Angeles, para onde viaja com Fernando Sabino.
Nos Estados Unidos, onde permaneceu cinco anos sem regressar ao
Brasil, faz contato com músicos brasileiros, como Carmem Miranda e o crítico
cinematográfico Alex Vianny. Em um curso de cinema que decide fazer em 1947,
torna-se amigo pessoal de Orson Welles. Vinícius teve uma vida amorosa
agitada, casando-se nove vezes.
O artista morre em 9 de julho de 1980, vítima de edema pulmonar.
https://www.ideiademarketing.com.br/2016/02/03/o-soneto-da-fidelidade-uma-relacao-de-amor-com-o-cliente/

Soneto da fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero 29ive-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Embora às vezes preso às estruturas poéticas clássicas, Vinícius de


Moraes mostra-se consciente da associação poema/música, que veio a
singularizá-lo como um dos grandes compositores da música popular brasileira.

Unidade 2 – Tendências Contemporâneas

O Contexto Contemporâneo na Cultura Literária


Entre os anos de 1960 até 1990, surgiram muitas transformações. No
caso do Brasil, a feição agrário-exportadora do país foi dando lugar para uma
sociedade centrada na produção e no consumo de bens.
Houve uma significativa alteração no perfil econômico, social e cultural
dos brasileiros mesmo que as desigualdades sociais tenham deixado marcas
negativas em relação ao acesso igualitário a bens e serviços básicos.
Nas últimas décadas, vários fatores impactaram, de forma decisiva a
cultura literária: a globalização da economia, o processo de massificação da
cultura e o consumismo.

https://blog.hotmart.com/pt-br/consumismo-no-brasil/

Com os avanços tecnológicos e a internet a veiculação do texto literário


ficou mais fácil, pois passou a ser disponibilizado digitalmente sem prejuízo ao
material impresso.
A relação do indivíduo com a sociedade, apesar dessas modificações,
conservou o registro das diferentes sensibilidades. A literatura tem a função de
entreter e de analisar criticamente o modo de vida da sociedade contemporânea.
Dessa forma, poesia e prosa se deparam com novos e diferentes desafios.
O texto literário ampliou seu público e garantiu novos valores com a
inserção de outras linguagens artísticas como o cinema e a televisão. O leitor
contemporâneo tem o grande desafio de desenvolver habilidades de leitura
diante das plataformas digitais e do acesso às redes sociais.
O leitor contemporâneo poderá realizar uma leitura crítica que lhe permita
autonomia diante do texto.
Concretismo - Movimento com foco na imagem e na poesia

O Concretismo foi um movimento literário que surgiu em meados da


década de 50, tendo como uma das principais influências a arte concreta. O
principal foco do Concretismo no Brasil foram as mudanças na forma de
fazer poesia. Para os artistas, a poesia era, além de palavra e som, visual.
Esse conjunto de características inclusive recebeu o nome de
"verbivocovisual". Para eles, "verbi", fazia referência a verbo, ou seja, a palavra.
Já "voco" era o som, a leitura da poesia. Por fim, o "visual", que era a principal
característica do movimento.

https://campoliterario.files.wordpress.com/2013/07/concreta.jpg

No Brasil, o Concretismo teve como principais nomes os artistas Augusto


de Campos e Haroldo de Campos, que são conhecidos como "os irmãos
campos" e Décio Pignatari. Juntos, os três foram os responsáveis por
impulsionar o movimento na poesia brasileira.

https://www.portugues.com.br/literatura/cinco-poemas-concretismo.html
O poema do Concretismo

Durante o Concretismo, os artistas tinham como questionamento o uso


tradicional do espaço em branco do papel ou da tela. Por isso, decidiram que
não iriam se limitar a escrever de forma tradicional de leitura ocidental: da
esquerda para a direita e de cima para baixo.
A característica que ficou conhecida como “poesia espacial”, permitia que
surgissem diversas possibilidades para que os artistas usassem a imaginação e
a criatividade. As poesias do Concretismo então passam a utilizar os mais
diferentes formatos, como círculos, cascata e até palavras formadas por outras
palavras.

https://www.estudopratico.com.br/poesia-praxis/

Nesse momento, o que importa para o artista concretista não é o poema


em si, e sim a parte visual da poesia. Por muitas vezes, a imagem se sobrepõe
às palavras, pois para o artista do Concretismo, o visual do poema deve ter mais
destaque.
Outra forte característica do movimento é a falta do verso e da estrofe,
formato tradicional das poesias. As palavras não precisam necessariamente ter
rima e, algumas vezes, sentido. Nesse momento, os artistas ainda deixam de
lado o uso de pontuação nas obras.
Os artistas passam a usar a decomposição de palavras, ou comutação.
Isso quer dizer que as palavras dão origem a outras palavras iguais ou
semelhantes. Essa, inclusive, é uma das maiores características que define
o poema concretista.
Isso permite que a pessoa que vê a poesia faça diversos tipos de leitura,
tanto na questão do sentido das frases, como na interpretação do conjunto das
palavras.
Surgimento do Concretismo

Os principais criadores do movimento concretista no Brasil foram os


irmãos Augusto de Campos e Haroldo de Campos, juntos com Décio Pignatari.
Eles já trabalhavam juntos no clube da poesia.
Os três acabaram se desentendendo com outros integrantes do grupo,
por não concordarem com muitos dos ideais do clube da poesia. Eles resolveram
então se separar e fundar a sua própria revista, que recebeu o nome de
"Noigandres".

https://unicidesign.wordpress.com/2012/05/07/poesia-concreta/

Essa revista, lançada em 1952, é considerada até hoje marco inicial do


movimento. Já na segunda edição, Augusto de Campos publicou vários poemas
que foram chamados de "poetamenos". Esses são considerados os primeiros
poemas concretistas.
Em 1956, aconteceu no Museu de Arte Moderna de São Paul (MAM)
a Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta, o que deu mais impulso para o
estilo. Augusto de Campos chegou a trabalhar na organização do evento.
Anos mais tarde, o artista teria muitas de suas obras expostas em museus
no Brasil e no mundo.

Neoconcretismo
No final da década de 50 surge, na cidade do Rio de Janeiro, um
movimento que fazia oposição aos ideais do Concretismo. Ele ficou conhecido
como Neoconcretismo.
Esse movimento não ficou limitado a literatura, mas atuou ainda nas artes
plásticas, nas esculturas e nas performances. Os principais nomes desse estilo
foram a mineira Lygia Clarck e maranhense Ferreira Gullar.

https://br.pinterest.com/pin/471118810993880278/

Enquanto o grupo do Concretismo, que ficava em São Paulo, ficou


conhecido como "Grupo Ruptura", o grupo do Neoconcretismo, do Rio de
Janeiro, ficou conhecido como "Grupo Frente".
O Neoconcretismo acreditava que as artes tinham sensibilidade,
expressividade e subjetividade, e não que eram apenas formatos geométricos
ou objetos. O movimento não chegou a sair do Rio de Janeiro.
Em 23 de março de 1959 um grupo formado por Ferreira Gullar, Theon
Spanudis, Lygia Clarck, Lygia Pape, Franz Weissmann e Amilcar de Castro
publicou o Manifesto Neoconcreto. O manifesto foi publicado no suplemento
dominical do Jornal do Brasil.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Grupo_Frente_1956.jpg
Nesse mesmo dia acontecia a 1² Exposição de Arte Neoconcreta. Ela foi
realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Todos os artistas que
participaram do manifesto estiveram presente na exposição.
No ano seguinte, a exposição foi realizada no Ministério da Educação,
também no Rio de Janeiro, e em 1961 a última exposição aconteceu no Museu
de Arte Moderna de São Paulo.
Inicialmente, Ferreira Gullar e Lygia Clark faziam parte do grupo do
Concretismo. Gullar foi o primeiro a se afastar do Concretismo, em 1959, ano em
que fundou o movimento do Neoconcretismo.
Em seguida, foi a vez de Lygia Clarck romper com o grupo concretista e
se juntar ao Neocontretismo de Gullar. A artista acreditava que a poesia não
poderia se distanciar da palavra, fosse ela falada ou escrita.

Ferreira Gullar: poesia nos anos de chumbo

O poeta maranhense Ferreira Gullar (1930-2016) tem uma produção


extensa, que compreende, além de poesia, ensaio, dramaturgia, prosa e crítica
de arte. Como poeta, foi um dos principais representantes da poesia social
engajada que se fez no Brasil, principalmente nas décadas de 1960 e 1970, no
contexto do regime militar no país e das ditaduras latino-americanas em geral.

https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/ferreira-gullar-veja-repercussao-da-morte-do-escritor.ghtml

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951, onde trabalhou como revisor e


depois como jornalista. Logo passou a ter participação ativa na cena cultural
brasileira e, em 1956 e 1957, tomou parte da Exposição Nacional de Arte
Concreta, realizada em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em 1959, rompeu com o grupo que fazia a revista Noigandres e, junto
com vários artistas fundou o grupo de arte Neoconcreto.
Nos últimos anos, escreveu regularmente artigos para jornais do Rio de
Janeiro e de São Paulo e publicou duas importantes obras poéticas: Muitas
Vozes (1999) e Em alguma parte (2010).

A poesia marginal de 1970 – 1980

Os poetas das décadas de 1970-1980, principalmente os que faziam


poesia social, tinham poucas opções diante do controle da censura: utilizar
linguagem indireta, metáfora e publicar nos meios editoriais convencionais ou
driblar a censura e cuidar eles mesmos da produção, divulgação e distribuição
de seu trabalho.

Paulo Leminski, Ana Cristina César e Torquato Neto estão entre os principais representantes da Poesia
Marginal ou Geração Mimeógrafo*
https://www.portugues.com.br/literatura/poesia-marginal.html

Um novo perfil de poeta começou a surgir. Deixando de ser um produtor


cultural solitário, os poetas foram para as ruas, para os bares, para as portas de
cinemas e teatros, onde expunham seu trabalho em forma de declamações,
happenings e shows musicais e promoviam sua venda diretamente ao
consumidor.
Na extensa lista de poetas desse período, destacam-se: Waly Salomão,
Torquato Neto, Chacal, Roberto Piva, Rodrigo Haro, Sebastião Uchoa Leite. A
Poesia Marginal foi um movimento cultural importante para uma geração que
buscou através da Literatura uma atuação cultural distante dos padrões da
Academia e indiferente à crítica literária. Seus pequenos textos, aliados a
elementos visuais como fotografias e quadrinhos, são permeados pela
coloquialidade, ironia, sarcasmo, gírias e humor. Do movimento literário, ficaram
a inventividade artística e a vitalidade criativa, suas características
predominantes.
Referências

ABDALA Junior, Benjamin. Movimentos e Estilos Literários. São Paulo: Scipione,


2005. (Coleção Margens do Texto)

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 49.ed. São Paulo:


Cultrix, 2013.

BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo Brasileiro: antecedentes da


Semana de Arte Moderna. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. São Paulo: Edusp, 1975.

CEREJA, William. Português: linguagens. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

GONÇALVES, Marcos Augusto. 1922 – A Semana que não terminou. São Paulo:
Companhia das Letras, 2012.

HAUSER, Arnold. História social da literatura e da arte. São Paulo: Mestre Jou,
1982, 2v.

SARAIVA, Antônio José; LOPES, Oscar. História da literatura portuguesa. 12.ed.


Porto: Porto Editora, 1982.

https://www.todamateria.com.br/manuel-bandeira/
https://www.infoescola.com/literatura/mario-de-andrade/
https://www.todamateria.com.br/mario-de-andrade/
https://www.pensador.com/frase/MTMzOTA5MA/
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/modernismo-no-brasil
https://www.todamateria.com.br/carlos-drummond-de-andrade/
https://armazemdetexto.blogspot.com/2018/04/poema-maos-dadas-carlos-
drummond-de.html
https://www.todamateria.com.br/jorge-de-lima/
http://www.jornaldepoesia.jor.br/jorge.html#essanegra
http://www.jornaldepoesia.jor.br/joao02.html
https://www.todamateria.com.br/joao-cabral-de-melo-neto/
https://www.todamateria.com.br/vinicius-de-moraes/
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/concretismo

Você também pode gostar