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Literatura em tópicos e textos Prof.

Otoniel Machado

Primeira fase modernista


(1922-1930)

1. Nome:

 Fase radical; de ruptura; demolidora; heróica.

2. Semana de Arte Moderna (13 a 17 de fevereiro de 1922):

 Marco inicial do Modernismo brasileiro;


 Símbolo da quebra da concepção artística tradicional;
 Evento acontecido no ano de comemoração do centenário da independência brasileira;
 Ruptura e Inovação.

3. Características:

 Inspiração nacionalista;
 Acentuada pesquisa estética;
 Maior aproximação entre a língua falada e a escrita, valorizando-se literariamente o nível coloquial;
 Abolição da velha distinção retórica entre as coisas poéticas e não-poéticas;
 Conquista definitiva do verso livre;
 Extinção da rima ou sua utilização noutro plano e com outros objetivos expressionais;
 Criação de imagens novas, o abuso da enumeração caótica, a frase ilógica, o simultaneísmo;
 Reinvenção do epigrama e uso do poema-piada;
 Incorporação, pela literatura, dos aspectos marcantes da vida moderna e do progresso tecnológico;
 Grande liberdade de criação e expressão, em que se manifestam, também, o humor e a irreverência,
contribuindo para quebrar a pretensa solenidade que envolvia a nossa literatura.

4. Movimentos:

Movimento Pau-Brasil (1924)


Lançado por Oswald de Andrade, propôs uma literatura autenticamente nacionalista, fundada nas
características naturais do povo brasileiro. Combatia a influência estrangeira e a linguagem retórica e vazia. Exaltava o
progresso e a era presente: "Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos,
perdidos como chineses na genealogia das idéias. A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica."

Movimento Verde-Amarelo (1926)


Lançado por um grupo formado por Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, Plínio Salgado, Cândido Mota Filho
e outros, colocou-se em posição contrária às idéias de movimento Pau-Brasil. O seu nacionalismo era entendido como
"de afirmação, de colaboração coletiva, de igualdade dos povos e das raças, de liberdade do pensamento, de crença
na predestinação do Brasil na humanidade, da fé em nosso valor de construção nacional".

Movimento Regionalista do Recife (1926)


Programa cultural lançado por vários intelectuais do Nordeste e cuja finalidade era "desenvolver o sentimento
de unidade do Nordeste, já tão claramente caracterizado na sua condição geográfica e evolução histórica e, ao mesmo
tempo, trabalhar em prol dos interesses da região nos seus aspectos diversos: sociais, econômicos e culturais".

Movimento Antropofágico (1928)


Lançado com a publicação da Revista de Antropofagia, preparada por Oswald de Andrade, Antônio de
Alcântara Machado, Tarsila do Amaral e outros. Constitui um desenvolvimento do Pau-Brasil e uma reação contra o
conservadorismo do grupo Verde-Amarelo. Em vez da conciliação, propõe a atitude simbólica de "devoração" dos
valores e influências estrangeiras, num processo de assimilação crítica, para dar-lhes um caráter nacional.

5. Principais revistas:

 Klaxon (1922, São Paulo - durante algum tempo foi uma espécie de porta-voz das idéias modernistas)
 Estética (1924, Rio de Janeiro)
 A Revista (1925, Minas Gerais)
 Madrugada (1925, Rio Grande do Sul)
 Terra Roxa e Outras Terras (1926, São Paulo)
 Festa (1928, Rio de Janeiro)

6. Principais autores:
 Mário de Andrade
 Oswald de Andrade
 Manuel Bandeira
 Cassiano Ricardo
 Menotti Del Picchia
 Alcântara Machado
7. Estudo de Textos:

Poética

Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido


Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais


Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador


Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo

De resto não é lirismo


Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
[maneiras de agradar às mulheres, etc

Quero antes o lirismo dos loucos


O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Os sapos
Manuel Bandeira

Enfunando os papos, — "Não foi!" — "Foi!" — "Não foi!"


Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos. Brada em um assomo
A luz os deslumbra. O sapo-tanoeiro:
— "A grande arte é como
Em ronco que aterra, Lavor de joalheiro.
Berra o sapo-boi:
— "Meu pai foi à guerra!" Ou bem de estatuário.
— "Não foi!" — "Foi!" — "Não foi!". Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
O sapo-tanoeiro, Canta no martelo."
Parnasiano aguado,
Diz: — "Meu cancioneiro Outros, sapos-pipas
É bem martelado. (Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
Vede como primo — "Sei!" — "Não sabe!" — "Sabe!".
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo Longe dessa grita,
Os termos cognatos! Lá onde mais densa
A noite infinita
O meu verso é bom Verte a sombra imensa;
Frumento sem joio
Faço rimas com Lá, fugindo ao mundo,
Consoantes de apoio. Sem glória, sem fé,
No perau profundo
Vai por cinqüenta anos E solitário, é
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos Que soluças tu,
A formas a forma. Transido de frio,
Sapo-cururu
Clame a saparia Da beira do rio...
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas . . ."

Urra o sapo-boi:
— "Meu pai foi rei" — "Foi!"

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