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POESIA MARGINAL/
GERAÇÃO MIMEÓGRAFO
•Definição do termo Marginal.
- ALÔ, É QUAMPA?
- não... – é engano.
- alô, é quampa?
- não, é do bar patamar.
- alô, é quampa?
- é ele mesmo. quem tá falando?
- é o foca mota da pesquisa do jota brasil. gostaria de saber suas
impressões sobre essa tal de poesia marginal.
- ahhh... a poesia. a poesia é magistral. mas
marginal pra mim é novidade. você que é bem
informado, mi diga: a poesia matou alguém,
andou roubando, aplicou algum cheque frio, jogou
alguma bomba no senado?
- que eu saiba não. mas eu acho que é em relação
ao conteúdo.
- mas isso não é novidade. desd’adão... ou
você acha que alguém perde o paraíso e fica
calado. nem o antônio.
- é verdade. mas deve haver algum motivo pra
todos chamarem essa poesia de marginal.
- qual essa!? eu tou achando até bem comportada.
sem palavrão, sem política, sem atentado à
moral cristantã.
- não. não tô falando desse que se lê aqui.
tô falando dessa outra que virou moda.
- ahhhh.... dessa eu não tou sabendo.
ando meio barro-bosta por isso tenho ficado
quieto em casa. rompi meu retiro pra atender
esse telefone. e já que ti dei algumas impressões
você vai mi trazer as seguintes ervas pra curar
meus dissabores: manacá carobinha jurubeba
picão da praia amor do campo malva e salsaparrilha.
até já foca mota.
(Nuvem Cigana, 1977)
Pesquisadores como Heloísa Buarque de Hollanda e Carlos
Alberto Pereira definem a poesia marginal no estilo coloquial,
vocabulário chulo, gírias e sintaxe isenta das regras da
gramática.
REVOLUÇÃO
POÉTICA 2
BIBLIOTECA ESTADUAL.
DOS HOMENS
AÍ COMEÇOU A TREMER
DERRETENDO-SE.
tá mijadinho
bichado
bicudo
Informante I – Frenesi
(PEREIRA, 1981)
POETA: CHARLES
ri do meu cabelo
(Nuvem Cigana,1976)
Revigoramento de uma poesia mais
discursiva e referencial.
Tom irônico e coloquial.
Vasto entrecruzamento de diferentes
formas de linguagem.
Herança das vanguardas:
Exigência da informação moderna associada ao trabalho de
invenção.
Valorização dos aspectos gráficos e visuais como elementos
muitas vezes estruturantes do trabalho poético.
Contraposição:
Poesia jovem 70: experimentalismo marcado pela procura de
coerência entre prática intelectual e opção existencial.
Ênfase na intervenção comportamental.
Recuperação da oralidade.
Certo sabor anárquico no trato com o construtivismo das
vanguardas dos anos 50/60.
(HELLOÍSA, 1982)
POETA: PAULO LEMINSKI
POETA: KÁTIA BENTO
PEGA LADRÃO!
Alguém tirou
um pedaço
do meu
P~O.
Flashes poéticos próximos da poética
oswaldiana
poema-minuto, poema-piada
POETA: ANA CRISTINA CÉSAR
ARPEJOS
1
MARCATEMPO
-olha a passarinhada
-onde?
-passou
DRAMA FAMILIAR
mais um berro histérico
e mato um
POETA: CHACAL
PAPO DE ÍNDIO
(PEREIRA, 1981)
POETA: CACASO
JOGOS FLORAIS I
JOGOS FLORAIS II
a buceta dela
CRASH CARDÍACO - CHARLES
overdose
pentelhos enroscadinhos na borda da privada
de fora
a mulher batendo sem saber que porta abrir
ou que veia tomar
Politização do cotidiano (interferência
no cotidiano das pessoas)
Não há, geralmente, intenção de
agredir, chocar, intimidar
Sexo, tóxicos, palavrões – conjunto
de ideias e práticas cotidianas.
POETA: CHICO ALVIM
AQUELA TARDE