Você está na página 1de 13

CA?

iTUL0
CRrr1CA E INTERTExrUALIDADE
"L. Ide lhéologique. •car
suivi
La de (La p. 101.
Uma das principais caractcristicas da transforma;äo sofrida
obras litcrårias. a partir do lim do século XIX, é a multi-
de scus significados, quc permitcm c até mcsmo sdici-
'am uma leitura méltipla.
As personagcns dos romances comcgarn a representar dife-
rcntes "vozrs" näo unificadas por uma verdadc cnglobante, dc
ordcm idcolögica (a "filbsofia" do autor) cu dc ordcm psico-
J-:5gica (a do SäO disso os
manccs de Dostoicvski, as narrativas de Kafka c de Os
pcrmitem mais uma porquc
cXorrc neles um estilhapmento temätico c uma mistura dc virios
tips d: discurso que dcscncorajam a Icitura homogencizadora
Perdidas a unidade do tcxto e a dc sua Icitura, a critica sc
depara, mais do quc nunca, Com o problcma das rcla;öcs cntrc
difcrentcs discursos, cntre direrentes tcxt0S. Alusöcs, cita;öcs,
pa:édits. pastiches. plégios inserem-sc agora aa prépria tessitura
do discuso sem quc seja possivcl destrincä•lo daquilo
que seria cspccffico c original. Lautréamont é urn excrnplo
tävcl nesse sentido 1 mas a CIC se poderiam acrcsccntar muitos
Z 59
outros, Como o Flaubert de Uouvard et Pécuehet. Joyce. Pound,
nossos modcrnistas d: 22. etc.
O dc diferentes
de difercntes åreas lingüisticas aäo é novo, podemos mesmo dicer
quc ele caractcriza desdc sempre a atividade poética_ Em tcx]os
os tempos, o texto literirio surgiu relacionado com outros textos
anteriores ou contemporäneos. a litcratura Sempre nasccu da e na
literatura. Basta lembrar as tcmiticas e formais de
inümeras grandcs obras do passado corn a com os textos
greco•latinos, com as obras literårias imcdiatamente anteriotes,
quc Ihcs scrviarn de rnodclo estrutural e de fontc dc "citaqöes",
pcrSonagcns e situavöes (A Divina Ccvnédia, Os Lusiadas, Dom
Quixote, etc.).
A fonte podia ser até mesmo um discurso meuos aobre. nä«»
-sacramcntado, extrahterårio. cxemp'o curioso é o do Cuenro
de Gentos, de Oucvcdo, narrativa composta exclusivamente com
as cxprcssöes popularcs que. com sua rctörica scrvagem. "contami-
a conscqüéncias
significativas teve a Obra de Que•ædo. Tendo Sido composta como
critica purista do linguajar do povo, a obra tcvc eleita contrårio.
fixando c Consagrando as cxprcssöes cmpregadas_ 2 Akm disso,
o que é ainda mais eutioso, a obra suscitou irnediatamcate uma
sérjc de imita;öes compostas Segundo o mesmo principia, verda-
deiras par6dias de Cuentos. portanto textOS feitos de crnprés-
timos de um texto fei:o. cle pcöprio, de cmpréstimos_ A fortuna
do Cucnto de Cuemos nos convida a perder qualquer ilu5äo
quanto "pureza" de qualqucr obra verbal. e Obriga-nos a enca.
rat a linguagcm Como urn campo dc trocas incontroläveis e
portanto. a intercornunicavåo dos discursos näo é algo novo.
O que é novo, a partir do século XIX. é que esse inter-rtlacio-
namcnto apare;a como algo sistcmätico. assumido implicitamentc
PCIOS c o a tcxtOS sc
prcocupaqio dc fidelidadc (imitasåo). ou de contestagäo simples
(par6dia ridicuiarizantc), sem o cstabclccimcnto de distäncias
claras entre o original auténtico e a réplica. sem respeato a qual-
qucr hierarquia dcpcndentc da "verdade" (religiosa estéüca.
-Mas creyå ello y
e del

60 CAr. — Z
O que é novo é quc essa assimilacäo realize cau
terrnos dc reclabora#o ilimitada da forma e do sentido, cm ter-
mos dc aproøiaqäu livrc, scal que sc visc o cstabclecimento dc
tnn scotido linal (coincidentc ou contraditö-rk» com o scntido do
a Mikhaii Bakhtine a prinxira tcorizaqåo
mcno da intertextuaiidadc, scu ramoso cnsaio sobre OS roman-
Ccs de Dostoievski. Segundo Bakhtine. Dostoicvski o criador
dc tipo de romance
terizado pela pluralidadc de vozes, irredutiveis a uma "audis.io"
unitaria, Cada de Dostoiwski constitui um
cspi'imaå c um mundo lingüisrico c a coexis•éncia dBscs
huge de tcndcr para a unificasåo Tina], a
manéncia da pluralidädc.
Essc novo tipo de romance —
c e 'Sto quc nos intercssa
particular
näo reprcscnta apcnas uma inovasäo do ge-
ma_s a "um tipo novo
to artistico", "uma espécie dc novo modclo artistico do ntumJo,
no qual muitos momcntos esscnciais da antiga artistica
foram submeüdos a transformas•äo radical". •
O cstudo de Bakhtine tem o aspecto inovador dc Cncarar
problcma da piuralidadc semantica a partir do significante.
ele o estudo da
suas corn as palavras dc outros discursos_ A pcsquisa
da palavra como migratöria e como elcmcnto dc ligavåo
entre mültiplos discursos, transcende as vwssibilidadcs atuais da
ciéncia Jingoistica c rcquer a criasäo dc uma translingiiistica. ca-
paz de c-qudar "a Vida da palavra. sua passagcm dc urn locuaor
a outao. dc um a outro, de uma colctividadc social. dc
uma geraۊo a ouua. E a palavra nunca esquccc seu trajcto.
nuuca se dcscmbarasa totalmente do dominio dos concrclos
a que patencc".
O caxitor nunca cncontra öajavras ncutras. puras. mas
mcnte "palavras "palav•as habitadas por outcas vezcs".
Esla obscrvasäo de Bakhtioe torna patentes os limitcs da
'ica. Conw ela é praticada habitu:dmcntc_ O estabclecirncntg
de eixos sémicos, bifurcando-sc cm lcxemas matcados WC-
ou ausércia de um sema (unidade dc sentido). pressupöe a
semas em cstado puro, Ctn grau zero, ipteira-
mente denotalivo. o quc. cvidentemcntc. é uma ilusio dcsmentida
por qualqucr enunciado real. isto inserido num desde
O mais simples (discurso da cornunicasäo currcntc) até o mais
complcxo (discurso poético).
O inter-reiacionamcnto significativo das palavras é uma carac-
tcristica dc fala, no passado, havia uma tendéncia
a univocar a o dc modO o sentidO
para
co Num tcXtO Como o d: Dcstoievski. a palavra tcnde a Ser
contac'OS no
do mCSmo Ou
Como bem observa Julia Kristeva (sintetizando e deseavol•
vendo as propostas de Bakhtine). o discurso dialögico se opöe
ao discurso monolögico uma atitudc filosöfica e um encami-
nhamcnto Iögico radicalmentc divcrsos. Enquanlo o discurso
monolögico decorrc da crenca no ser. na subsiäncia, na causali-
dadc. na continuidade, o discurso dialégico ao ser estivel o
devir. subståncia 'mutivel a relacäo (simbölica ou analégica).
causalidade a oposiqäo näo•exclusiva, continuidade a diståncia.
A 16gica do discurso monolögico é a Idgica formal aristolélica,
enquanto a do discurso dialågicu a lögica ccrrelaoional. Assim
send-a. cnquanto no discutSO men016gicO cada
minada de no discurso
dialögiCO cada seguida por "imediatamentc
superior", nåt»deduzida de causal. "translini(a•• (conceito
A (rcpctisåo) do primCirO de discurSO
substituida Segundo.
o do é (lei.
trecrunmentos do Sujcito Com a
Enquanto o lei
gressäo (que podc parcccr. primeita vista. como dia16gica. mas
näO o o discurso dialögico Je
uma lei. gcrada sua pröpria sislernatica. •
E que O puro conccitO
onaL
p. 43.
• A brilbante d. no
que

62 —
No illirao s"ulo, as grandcs obras literårias Sido scm-
dialögicas. Em nossa lingua, urn cncmpio particularmcnle
de dialogismO é o da Ohra de Fernando pcssoa, onde
os heterönimos Cornpöem uma verdadcira politonia. Dai as dili-
da diantc dessa Obra, daqucla
qtJC Se esfalfa apesar de tudO ou no cstabc-
lecimcnto do hetcrönimo mais auténtico, do "verdadeiro" Pessoa.
rava Pessoa como para Dostoievski. "os liamcs estilisticos
esscncaats nio sic os que cnistem cntrc as palavras no quadro de
um enunciado monolÖgico, mas OS liarncs dinärnicos inlensos entre
enunciados, entrc centros discursivos autönomos e independentes,
liberados da ditadura verbal c interpretativa dc um estilo rnonc»
Iégico, dc tom inico". •
A leoria dc Bakhtine pontos de contacto com a leitura
anagrarnitiea emprecndida por Saussure cm Seus Cahiers d'ana-
onde sc lcvanta a hipötcse dc que cada pocma seria
"a char:cc dcscnvolvida dc urn vocibuJo simples".
Trmava-sc. para Saussure, dc buscar a "palavra indutora",
cujos foncrnas estariam dispcrsos através do texto, cstabcleccndo
nan diålego interno entre cSsa palavra e o tcxto todo_ Muitas
vczcs, o mcstre gencbriao suspeilou quc a palavra indutora de
fosse o de uma (O corpus
estudado cra constituido dc poemas latinos). rode'nos conside•
cssa ocotréncia Como urn fcnömcno dc intertextualidade am.
pois a prcscnsa dcs5a palavra ntnn pocma implica o diålogo
deste com outros tex10S •(sagrados), Ondc CSSc nomc ocorre
originalmcnre.
Satx•se a que ponto essas cspeculaqöes foram conflituosas
para Saussure, ji que a confirmaväo de sua hipétesc poria em
o a histi«ia corno
é o dialögiCO
histQia O to da
n e rtCSS: semidu
datado. o sinczO.
e o d..logando do passado.
a a sincronia e O
enuc monologismo/dialogismo• e
No dialog •
"mo, o é iogo o
C O que
a ligam]o
do
Mikhail. op_ rit. p.
xeque virios conceitos da ciéncia linguistica que, com ele pråprio.
COmcq•avam a particular a questio do arbitrario
do signo lingüistico). Isto porque essas cspeculagöes ji cram da
ordcm da translingüistica sugctida por Bakhtinc, implicando jå
um ultrapassamento da lingüi5tica estrutural que apenas esbO—
no mcSmo momento_
Aliando Saussure e Bakhtine, Kristeva propöe o método
paragramätico n,
que permitiri recolhcr no texto os grantar
escrifWäis (que dialogam no interior do pr6prio texto) e os gra-
mas leilurais (que dialogarn com *tamas de Outros textos).
Segundo Kristeva. a produGäo textual ocorre. nao dc um
. modo gramatical (submissio is leis do eödigo), mas de
paragramåtico (aberlura do c6digo e pluralizaväo dos scntidos .
pcia fricfäo dos gramas no int:rior do texto, ou com Outros
gramas, situados em outros textos). E5tabeIecz-se entäo uma
vcrdadeira rede dc seatidos, quc se espraia para alim de cada
recobrindo todo o conjunto dos poéticos (a literatura.
Segundo a tcrminologia tradicioaal), Permanente produgåo de
sentidos novos.
"Todo texto é absorvåo e transformaqäo de uma multiplici-
dade de Outros textos", diz Kristcva, na esteira de Bakhtine. En-
tende-se por intertex:ualidadc este trabalho constantc de cada
texto com rclavio aos outros. esse imenso e incessant' diåiogo
entre obtas quc constitui a literatura. Cada obta surge como
nova voz (ou urn novo conjuntO de VOZes) que
öcseL
lcmcntc as vozes anteriorcs. arrancaudc>lhes novaS entona;
A velha frase de La Bruyérc: "Chegamos tard' e ludo iå
foi dito", soari ela pröpria diterentemente_ Tudo ji foi dito (tudas
as palavras eståo habitadas, dirå Bakhtinc) mas tudo podc Scr
rcdito dilerentemcntc. Assim a pröpria frase de La Bruyérc
loi redita por Lautréamont: "Chegamos cedo. nada foi dito". No
Scu significado c no scu significant', a par6dia dc Lautréamont
é a exemplificavåo perfeita da pta:ica da inlertextualidade. Para
O pocta nada estå completamente dito. estamos sempre no ama-
nhecer da linguagem e no despontar do scntido.
"miologie d" In:
o haviam intuido. é
use de
Dai a e .tu.lidadc dc

64
cv.iucA L
A intcrtentualidade critica (iiipülcse)
Esta nova visao da pccdu#o litcrå'ia näo podcria dcixar dc
ICC cfcitos sobrc a critica. tanto no quc sc rcfcrc sua atitudc
diantc das obrzs, quanto no que diz respc'to sua pröptia alivi-
dade
O que aqui nos intcrcssa é saber cm que mcdida cssc novo
artistico abala a critica, o que cla faz dcle ou o quC.
dela, cle faz. Trata-sc dc rcspondcr pcrgunta: em que medida
O dialogismo critico dilcrc do dialogismo poético? por outras pa-
lavras: podc cristir uma vcrdadeira intcrtcxtualidadc critica?
Em principio, a critica sc dcrmos a
csse tcrmo um schi7dö¯låiÅo_ Tralou-se semprc de cscrcver um
outro Assun, mesmo no caso mais simples
(evidcnlemcnle hipotético, Como todas as "formas simples"),
ocorre •ern todo discurso critico o entrecruzamento dc dois tcxtos,
o texto analisado c o texto anaJisantc.
O uso da cita;io. um dos processos mais clissicos da critica
litcr5ria, csboqa uma certa intertextualidade. "A citagäo mais
ral é, cm certa mcdida, uma parödia. O simplcs levantamcnto)
a transforma, a escolha na qual cu a insiro, scu rccorte (dois cri•»
ticos podcrn citar a Incsrna passagctn, fixando scus limitcs dc rno•.
do divcrso), as suprcssöes que opero cm seu interior, c que•
} podem substituir a gram.itica originat por uma outra, e, nätural•
mentc. o modo como cu a cncaro, como ela é Lomada cm
corncntårio."
Nao se deve, no cntanto, reduzir a intcttcxtualidade ao uso
da citaqäo ou an aparato rcfcrcncial da criciea crudila. O que aqui
nos imcrcssa é uma simples adiGäo dc texlos, mas o trabaiho
dc absorcäo c dc trans(orrnacäo de outros textos por um tcxlo,
trabalho dilicilmcnle rcalizävel num tipo de critica ciosa dc dc-
clarar suas [ontcs.
responder, pcrgunta acima formula-
da. comesarentos por ohservagöcs cmpiricas. Em primciro lugar,
a intertextualidade critica é islo C, submissa a uma lei,
cnquanlo a inlcrtex'ualidade poética pod•ser Gicita (c na maior
vczes o é). O critico que sobre
outra obra ou sobre outlas Ohras; o nonac do outro autor (autor
tutclar) c o da obra-objcto figuram rrcqücntcmcnle no pr6prio
Michel. p. 18. dit« entüo de uma Citasüo
o Hutor "do
• universitårios
bibliogralia notas de
Como
réncias explacitas c („bcdicnles a normas internacionais).
de das aspas é
A dcclara$o 'ndica uma submissao. O discurso FX)ético
u abr.ga, nao para conservå-los como
uma propricdade. pgra aprupriar-sc dcles, mas para os em
pcrda, numa migrav•.io incontrolivel. A estrutura do discurso
critico tradictonal, pelo etuitr:iriu. englobada pelo texto indutor,
dc filidGåo, de continuasio.
Essas injuns-Oes aprcsenlam uma analogia com as leis
de dcclaraqao e aproprias-åu que regem a esiera econömica.
Essas leis social que implica
de identificas•åu e dtrcvtos dc propricdade. A declarasio do cri-
uma de de contribuinte: identidade,
domiciho, protiss,io. propriedadcs plenas e propriedades alicnadas.
critieo é alhcia, c isto pressu•
poc o respeito a
regras. das quais a mais cicmentar o
dos dcvcres do
Ora. o cscritar com mais declara pad..
utiliza• os -6ei߯dc iossem scus:-• Isto rcvcla que
o cdntralo liter.irio do eScritnr nao é o nrsrno que o do critico.
A rclaväo entre "criadores•' é uma rclas:iu de igualdade, a relas-åo
cntrc "criador" e eritie[' uma relaq•äo de submissäo_
Q dialogi5mo se trava em ver.•nos os
dois tcxtos cstho nöinesiilö¯ntvcl
cm os •lais etn niveis d 'fercntes.
é d n da que
modula ludo o cnunciado. aqui d: discutir o pr0-
blcma du sujcito da mas host.' 'embrar, para nossoS
tins, o quanto a pusis•åu desse sujeito depend" dc uma expectativa
social.
Tradicionalmentc, a pusis•åo do cra codificada c
vigiada pcla instituis•äo dus génerus Entretanto, e justa-
rncnte a partir do fim do seculo XIN. as fronteirus entre us géne•
tos se estumaram, ate: que. X X. nuancrosaS votes (bem
diversas Como c intensåO) sc
contra a pröpria nosio dc géncro.
Paradoxalm•nte, a
critica continua c
s porquc a
os de mais do que simples

66 J"
— c.Rir•ca E
Ecnérica. A critica nio é nem litcratura. nem näo-litcratura;
cspécic de paralitcratura, quasc diriamos ulna pirta-litcralura.
Se Maurice Ulanchot, Michel Butor c Roland Barthes con-
tV3tarn (cada um a scu modo) essa frontcira, c sc isso cria pro-
blcmas para os classificadores c Causa espécie aos criticos tradi-
cionais, é justamente porquc essa fronteira Sc mantém, corno
cApec[ativa social corn •elaväo å literatura.
por excrnplo, justifica sua pr5tica de escritura pela
afirrnavåo: "Urn livro nio pertcncc mais a pénero, todo livro
precede -unicamcntc da litctatura, corno csta dctivcsse dc antc-
cm sua gencralidade. os segredos e as férmulas quc permi-
tcm dar ao que sc escrcvc a reaiidade do livro". Essa dccia-
ras50 podcria ser subscrita por Barthes, cujas obras repclcm
qualqu€r ctiqucta gcnérica. Butor embora dcfcndcndo a identi-
dad" cntce a critica e a invens•äo respcila ainda a frontcira ao
incluir algutnas dc suas obras na série critica dos Réperloirc.
O reconhecimento ou o näo•reconhccimcnto da hierarquia
c das fronteiras gcnéricas arctam profundamcntg a intertextuali-
dade critica. Com cfeilo. se näo se considcrar a distinqåo entre
os dois tipos de obra, a ohra critica sc encontrari apta a Pör crn
prahca o mcsmo tipo de intertcxlualidadc que a obra poélica:•
unta intctlcxtualidadc tåcita. apropriativa c detorrnantc, ao•invés
de uma intcrtexlualidade declarada e submissa.
Toda a qucstäo se encontra assim resumida: "Havcria leis
dc criaqio vilidas para cscritor mas nio para o critico?" Nio
temos a pretensio dc responder a essa pcrgunta quc Barthes deixa
cm suspcnso. Trata-se aqui, a titulo de hip6tcse, dc examinar uma
possibilidade e suas conseqiiéncias: a possibilidadc dc que sc esta-
bclcs•am as mcsrnas leis (ou mclhor, que Se conccdam as mcsmas
libertiades) para a critica como para a "criaqäo".
Se 'as leis forem as mesmas, os fcnörncnos de intertextuali-
dade scräo totalmcnte transtornados. Ota, sc as fronteiras intcr-
textuais säo ninda bem dcmarcadas cntJC as obras de cada autor
(a pritica dcsabusada de Lautréamont ainda é revolucionåria, a
urn século dc distäncia!), clas o sio ainda mais entre a obra do
autor c a do critico. Dc quaiqucr mod", o problema das fron-
tciras é ainda geral: "Como podcria ser uma parddia que nao
se exibissc como taJ? Este é o problcrna colocado pela escritura
5 L' livre. a p. 293.
Roland. Essais p. 244_
E 07
modcrna: como rorgar o muro da cauncias•äo, o muro da origem,
o muro da propricdadc?"
Em alguns caSoS CXtrcmos (como o do proprio Barthes), a
Tusäo parccc iniciada. O muro esti scndo lorgado, e a titica es-
colhida nåo é a da dcmolisäo fragorosa mas a do deslocamento
Socratciro c progressivo! "A ünica resposta passivel näo é nem
o ataque frontal nem a destruiGäo, mas somente o roubo: frag-
mcntar o antigo da cultura. da ciéncia. da literatura e disse-
minar seus traqos scgundo förrnulas irreconheciveis, do mesmo
modo que sc disrarsa (maquiile) uma mcrcadoria roubada."
Devemos distinguir aqui dois tipos de fronteira: a fronteira
discursiva (ou gcnérica) c a fronteira textual. A primeira serve
para distinguir dois tipos dc discurso (em nosso caso: discurso
poético e discurso critico); a scgunda define åreas de proprie-
dad", isto é, o Campo das dilercntes obras cuja integridade é
protegida sob os nomes dos autorcS. A fronteira discursiva
é ab5trata, Seu percurso é trapdo pelo cödigo dos géneros;
a frontcira textual aponta para o problema bem concreto
dos dircitos autorais. Nos dois casos, trata-se de uma questio
— apropriado. adequado, con-
propriedadc: Scr dc —
vcnicntc (Irontcira ou SCL
pcrtcnccntc a (fronteira textual) _
A primcira frontgira parccC ofcrcccr menos resisténcia do
que a scgunda c isso sc cotnpreende, ji que sc trala de uma fron-
teira institucional, cnquanlo a segunda é diletamcnte cconötnica.
Entrctanto. quando a primcira é ultrapassada,• a scgunda é amea-
cada. A inlraqäo primcira acarrcta das autoridadcs
competcntcs (Univcrsidade, critica oticial)
a infraGåo se-
gunda podc custar ao infrator um processo por pligio. A ver-
dadeira intertextualidadc scri possiu•l quando os dois murOS
tiverem caido, e jsso implica a derrubada de mucos bcm mais
vastOS do que os da
J . Metalinguagcm c intertextua!idade
A quest.io da intertextualidade critica se coloca diferente-
mcnte segundo o modo como sc considcrar a linguagcm critica:
p. 15.
quando Seu
de mond Picard. polemic.
ailiq«. hoje perdo.do pela

68 CA". — E
SC a considerarmos Como a discur-
Siva sc a como linguagem
Critura), cSsa 5Crå
Vciamos o quc ocorrc sc consideramos a critica como
metalinguagcm. Segundo O Barthes dos Essair critiques, o ra-
manci5ta c o poc•la falarn do mundo, o critico do discurso dc
outrcm. No discurso . critico, transparcccrn cnt.•io dois tipos dc
rclaqäo: l) rclaqäo da mctalinguagcm com a linguagcm-objcto;
2) rctafio da Jinguagcrn-obiclo com o mundo (que a mctalin•
guagcm nio podc ignorar).
Ent,-ctanto, o critico tambérn estä no mundo. Sua linguagctn
é "uma das linguagcns que sua época Ihe propöe". Eis por-
de rato, a critica é um diilogo entre duas histörias c duas
subjetividades. Sendo esse diilogo "deportado para o presentc",
cnläo aparcce nao é a verdade do passado mas "a cons-
Iruqao do intcligivcl dc nosso tempo".
sc a Como as
S;io redobradas; duas linguagcns, duas his-
duas subjetividadcs.
O mcsn'0 nåo acontccc na intertextualidade poética? Quanch
Ducassc reescrcvc Pascal, nao Ictnos duas linguagcns, duas his-
16rias, duas subierividadcs? Pascai nio é deportaJo para o pré-
Sente dc Ducassc? Sim, mas a difcrcnca é que aqui a fusio é
perlcita, as juntas sio invisiveis. O resultado é um discurso
Önico c totalmcnte novo. O discurso ducassiano. Assistimos aqui
a o a englobamcnto.
contrårio, o critico que assume a metalinguagem nio
recscrcve Pascal ou um outro. supcrpöc seu discurso, cm 'rans-
paréneia, ao discurso do autor, respcitando a hicrarquia discur-
Siva. Seu discurso lem a polidcz de pcrntancccr diifano, o outro
discurso conserva sua opacidadc objectal. No discurso critico
ocorre uma duplicagåo, cnquanto no discurso poético hi unifica-
$0. Os problemas de interlcxtualidadc cnconlrarn assim mul-
liplicados na metalinguagem critica, como tratarcmos de dc-
monstrar.
Se compararmos o dialogismo poético, tat como roi defi-
nido por Bakhtinc (e redc{inido por Julia Kristcva), com o dialo-
gismo critico Como definidO Cri-
riques, Obtcmos uma multiplicacäo da ambivaléncia. Segundo
to seu de
p. 257.
E 09
Kristeva, os trés elementos diilogo (sujcito da escritura. desti-
natårio, textos exteriores) ent dois cixos pcrpend.cu-
tares: o eixo horizontal do sujeito da escritura
destinatåriu virtual) e o cixo vcrticai (dialogu do texto corn outros
tcxtos). 2:
No caso da metalinguagem, a csses Jois eixos se sobrcpöem
Outros dois: horizontal — diålogo do critico seu leitor virtual;
— diälogo do tcxto critico com outros textOS criticos. Essa
vertical
supcrposivio pcrmite cenos cruzamentos transversais: diilogo do
critico com o autor. diälogo do critico corn o lei'or do autor .com
atual o actor podia prever, aquele que a con•
tinuaqäo da histöria C O rcncwamento da cultura lhe deram.
vczc5 a dc diålogo do Outros
textOS poéticos contempotåncos, anteriores ou postetiores åquele
sobrc o qual elc concentra sua atcnsäo.
Essa complexidade quasc vertiginosa do dialogismo metalin-
giiistico nao como se podcria crer. um enriquecimento da inter-
tcxtualidadc. verdadc, sc trata
plena porque essas mühiplas rciasöes seriam decorréncias da ma-
nu'cagåo da frontcira discursiva c da fronteira 'extual. Ora. nao
pode haver intertextualidadc. no scntido lone do tcrmo. senio
quando essas fronteitas abolidas pela forsa avassaladora da
escritura.
Aliäs, no pröprio livro enl que Barthes definia a critica como
metalinguagcm de tipo légil_-u. outras propostas.. outros deseios
banhesianos o desmentiarn, anunciando outra coisa: uma critica-
-escri[ura. O projeto critico dc uma metalinguagcm (torsosamente
rcprodutiva e nio produtiva) sc aplica a umu critica cstrutura-
lista-scmiolögica.
Nesse tipo de critica, nao pode Laver verdadeira intertex-
mas täo-somcntc
transcrn;äo mas ou menos rigo-
rosa que visa a tomat intcligiveis as cstxuturas significaMes do
sistema-objeto, isto C, que visa a tornä•lo Icgivel.
A estabel«id.
dialog o c
nio
O d"logo
Kristen lcmbra quc um ser
Como
rrmüogo di.lögico)_ o diüloeo
a do
é a do digugso.

.2
CAP. — E
Esse tipo dc linguagcm tcm objeto eaplicitar uma outra
'ingrn•gcm. Nio podcmos imaginar uma mctalinguagcm dc tipo
deixc suspcnsos OS SC'itidOS. que Se permita
SugC5töes ou sensoriais, que assuma Sua
os näo-ditos do inconseiente, suas pcrdas incalculåveis, que
a proliferacåo indcfinida dos
QuandO o pretcndc scr um lögiCO
tor, sc acha implicado naquele "engano" quc, Segundo Barthes.
a O consiste em • "Omar cada
do por um terna S61idO, cuiO scntidO Scria imcdiatO c
niüvo_ Esse cngano nåo é irrelevante. constitui a pröpria lite-
c maws prccisamente infinitO da e da
obra, faz corn quc o tempo literårio seia tanto o dos
que avansam o da que os
mends para dar sentido i obra cnigmitica do quc para destruir
c para
Esse "diålogo infinito" so se podc travac corno intertextua-
Iidade plena, como circuito de trocas e perdas entre duas lingua-
get'S [nutuamente subversivas potque poéticas. c nio como
qiiila superposiuo de uma metalinguagem explicativa e uma lio-
buagem-ObietO
a atividade semiolÖgica mcsma nåO O
do urn Corn O
arenas uma super posta. procura
minar as condis•Oes em quc o rode ralar, lentando rceobrir a
do com sua transpaccmc c esqu:mälica —
de que as do
mclhor se possa vé•lo.
a Ser um
intertextual. Nela, nio sc trata de recobrir explicitando. mas de
recobrir (isto é a disscminaøo, isto a significan-
cia). O novo texto tcr;i as mesmas caractctisticas dc densidadc
p. 10,
d. E. linguagem
urn
La d" r. 96.)
E 71
sémica. de susFnsäo de sentidos. dc ambigüidade e
alxrtura escritarai que säo as do p&tico.
Na urn entre
a com
aquela que 'he serve de O crilico näo sc diante
'Ela como um explicador de ambigüidadcs mas um
iStO um
A poßibilidade de uma critica-escritura egapava is
Julia unc
Segundo ela. a paragramåtica osto a
O fcnÖmcnOS
dadc) scri possivcl no em•ontro "uma formalizasäo iso-
Kurnalizasåo. a scu gxxie ser elaborada a pattir dc duas
mctodologias: l) as matematicas e as mctamatcmilicas; 2) a
linguistica transtormack»nal.
rapidamcatc essas conclusÖcs radicais. Acene-
a haia
dais par. essa Mas a
Sua
ciéncia: "Esta ciéncia pangram.itica. cornu ioda cÆm-ia.
prestar contas de toda a complexidade de ubßlo. ainda
rmnos quan.% dos pangramas litcrüios. Nao temos a
c dar uma
total de uma o
a paragramas o
de ultrapassar o psicologisrrv» o s.n•i.Aog.smo vulgates. que nio
vécm na logica poetica mas do quc uma express-ao ou um
eliminando assim suas puticuluidadcs, O problema que enlio
que tem a sxrspcctiva. lcntando construir-se cla
nrsma como paragnma (como construeo e como maxima).
totaar vet mais isomoda aos paragrama' poiticos".
O otimismo rclativo ao progtesso 'ks_sa ciéncia notada.
diminui&' pela expressio "cada vet mais".
desse "cada vcz mais" o quc a linguagem
üca. Estå Claro que nenhuma ptctcnde pcestar contas
gralmente de obicto. c o avanso cicntdico so
a putir da nuxkslia fundamental do mais". da cons.
Mas no vaso do Icnömcno a ciéoci•

72
n;iO radada au c IXr-
da do objcto- Quanto sc
objetus
dc liquid-a.
Ouc S-erniÖlogos Ou sc
siiéncio. poderia brotar
tic", que uma c diseurso
O Bakhtinc O
do paragramatismo nåo scgundO a
é a da Bakhtinc
nao cscapar
c Vulgar ?
PW outcas palavras; a ciéncia nio
no discurso Verbal? A um valor
o conhccimcnto almejadO (no o do
mais
na do que
N.iO sc tratar:i, vcz
Assim a pocs•a näo é
• •cada mais" vcz •
critica-csc.itura outra"_ Tal
Sua
• Para dc
00
haver se a primeira sc c
uma
Os d' modernidnJe abren»sc diålogo e fccham-se
sc
Subrc da dc
e urn discurso dc säO
mas cscrtpt.vcis_
De modO. a Cm a
inrabada. (no sentidO Cm as
Ias de Datalha chamadas "inuxrfcitas") c. isso. mere-
c cxigeme de "A atividadc critica consist:
Obras a atividade a
•aspitas•åa• a propria ealidadc como inacabada".
A "acabadä
nada ao
A obta a pelo a
c. assim que o mais o mais
é Cuia Consegue a autor.
c fazcr com estc eatrc dc tal forma cm si mesmo que ele
cuvseguiti transformar sua imaginaeo numa parte da sua
A semelhan«-a dcssa cmccm-äo butoriana da critica com o
dc tuto •scriptivcl parecc cl com a dile-
dc que
de tudo
c regratoso". Barthes assumc a infidelidade e a
priasäo como incrcnlcs a qualquer escritura.
_O_ que Butor _decia _ nao €_ rcfazcr. mas confinuar: "Fazer
critica e _ considcrar_ o lcx•o dc que se
alguas miihares. que é aÉenas
_Jica.
o cm Barthes : a
* a de todas
. uma das linguagens.
CIS um SCgnR1tIO do
monumental da
a visio implica o
oade cada cncontraria seu 'ugar harmcb
da hisz6ria, projcto apcxaliptiCO. Em
da_ linguagcm.
um acaba—
mento_ Em- Éirlhcs. a circularidadc infinila das lingu•genen
a uma OS
p. 20.
"u. p. 16.
10.

74 cnr.
cm pcrda, apagando as pcgadas dc outrcm
_ corno as proprvas:
NO as hierarquias GO
abolidws; "Proust é O que o Cu
é uma E
e exatamcntc isso o intcrtcxto: a impossibilidadc de viver Ga do
texto infinito, quc esse texto seja Proust ou O jornal quotidiano
Ou o video da telcvisäo: o Jivro [az o sentido, o semido faz a
Vida".
A essa' duas vozcs. podcriarnos acresccntar ouLra_iguaImcn-
te harmcuuiosa cm sua dissonåncia, a de MauriceQ!E92D "No
upbra a obra —
acabada claé O que cla diz. é exclusivamcntc
isto: qt'C ela
— c nada mais ( _
. ) Aquclc que vivc na depcn-
déncia da Obra, quer para cscrcvé-la, qucr para Fitcnce
Solid50 daquiJo so a ) A solidäo
obra tern. como primcira mnldura. essa ausincia de
aa solidåo da obra corno qucm a exrevc ao
dcssa solidio". E cm outro lugar: "A raz com
quc a obra sc obra ( .
) o que
A manchOt parece opor-SC c
dclas ainda do
isto e critica.
A cntce Butor e Barthes é que o primeiro propöe
na linha da a uma
[Jade impossivel desejada (nåo um proicto mas uma nostal-
gia hegctiana). Barthes uma continuidade mas urns
c o cspaso, urn intertexto infinito (o adietivo "infinito" é uma
'marca cstitistica de navthes). Em ambos h' o sonho da "maioa•
• v linguagem". mas csta é conccbida diferentcmente cada um
dcles: Dutor. monumentatidade, Barthes Como
disseminawo.
Como darthcs c afirma a abcrtura da Obra:
"O pocta é aquele que. por Seu sacrificio, manlém em Sua Obta
a pcrgunta Mas o que orienta toda a reflexio de
Blanchot é O da tOdOS os sentidos aspi—
rados por urn ccntro in&finidamcntc rccuado. A obta esti
no da dircqäo e
Como diz Da.-'hes, "a obra dc Blanchot representa uma
espécic do scnado. adåmica. assim diaer. ji que
é a do primeirQ do
a distingue
com rclasäo ao scntido; lazer scntido (o quc é ficil c proprio
da cultura de massa): 2) o senüdo (o que é arte): 3)
anuJar o (projeto dcsesperado prquc o "fora-
•do-sentido" é absor.•ido (non-Jens) absurdo.
assumindo entäo uma significaqåo indesejada).
O projeto de Blancbot é um desesperado. que de-
scmb«a no siléncio ou toma involuntariamcate um ar de palavra
absurda_ O proicto dc Barthes colic-sponde ao segundo tipo; sus-
Fndcc o scntiü). Quanto a Butor. diriamos que ele Sc encontra
na !tonteira entrc o scntido susgxnso c um dcsejo de razer scoti-
recc excessiva) mas como scntido filos6ticO humanista.
Essas tres conduzir intencxtualidade,
mas teremos tres tivx»s de intcrtcxtualidade. O dinogismo de
Bulot coastrutivo. o Barthes disscminador. no dc Blanchot.
intcrlcxutorcs discorcccio ctcrnamente sobrc o siléncio qual
aspiram. como origcm perdida. e que os aspira. na ideutidade do
malogro e da
SC tratassc de uma em fit'. nutor intercalarii
votes numa longa lala Uarthcs facia um
uma mi•agcm dc votes c Blanchot gravaria uma
voz. sempre a mcsma. que dilia a necessidade de apagax Ioda
Nio podcriamos terminar cstc capitulo sem nos rcle:irmos
a outro problema ainda Jnais vasto. O quc vailicamos nio
é uma dissolusåo das entre os gineros litetårios mas
também uma abolisåo das frontcitas cnttc as diferentes artcS. As
cxperiéncias dc "art' que sc apresentam nio
Obra und•cada e matctialmcntc homogénea, mas documen-
29.

76 CA".
tav.io de uma experiéncia
c squemas
grificos, fotografias, trilha sonora. c.
d ade pluriartistica_ O pr6prio cinema,
long",
Ora. fcnömenO a tinge a e sugere
a possibilidadc dc intertextual mas intcrartis-
tica; "Faso votOS de Vma rnüsica,
grando a matéria romanesca, podendo
tima'l T a) mtisica. tal pintura seriam a contrapanida dos textos
a pr6pIio tern escrito näo "a rcspcito dc" mas intcgrando,
a e a Sua
CAPiTUL0 IV
OS CRITICOS-FSCRITORES
que des
de ses
moins dans
critique p.
dins
de "critic.
cm ianc;ro
linsu•sem-
em que sua
pela
Seu
Critica•arte e critica•exritura
Chegou o momento de enfrentar nosso objeto em sua per-
turbadora duplicidadc.
Captar os aspectos criticos da critica-escritpra nao constitui
uma grande dificuldade. se adolarmos uma estabe•
lecida das caractcristicas do discurso critico e de suas I•nalidades.
ant.go e
conhec.do; o que colxa o nova, isto C. a escritura.
A "bra critica tradicional uma dissertatio. iMo um dis•
em que sc dcscnvolvcm uma
precisa_ ao caso uma OtNa p.*tica. A dissertagio implica racio-
objetividade, fidelidade e dependéncia com
retasio ao objeto tratado. Os obietivos da dissertacäo säo:
comprccnder, comparar, classificar e avaliar (excluimos a pala-
Vra iulgar, de conota;öes éticas). para auxiliar a leitura, a com-
preen"o e a aprcciasäo de outros Icitores. Trata-se. portanto.
diseurs-O sc os tipos de
nidOS antiga discurSO
judiciüio e discutSO epiditico Dems de
carnasso) e que så acessoriamente pode scr um diw•urso "belu".
cm que manifestam a inventio. a disposino e a

Você também pode gostar