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Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.


Manuel Bandeira Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Manuel Bandeira foi um escritor brasileiro, além de professor, crítico de arte e
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
historiador literário. Fez parte da primeira geração modernista no Brasil.
Com uma obra recheada de lirismo poético, Bandeira foi adepto do verso livre, da Cai, gota a gota, do coração.
língua coloquial, da irreverência e da liberdade criadora. Os principais temas E nestes versos de angústia rouca
explorados pelo escritor são o cotidiano e a melancolia. Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Características de suas obras: – Eu faço versos como quem morre.
Verso livre No segundo dia da Semana de Arte Moderna, seu poema Os Sapos foi
Fala coloquial lido por Ronald Carvalho.
Poesia simples, direta Em sua trajetória laboral, destaca sua atuação como professor de
Fatos do cotidiano Literatura Universal no Externato do Colégio Pedro II, em 1938.
Sentimento de humildade diante dos fatos
Foi também professor de Literatura Hispano-Americana, de 1942 a
Humor
Visão de amor quase sempre tangenciando o erotismo, o amor físico. 1956 da Faculdade Nacional de Filosofia, onde se aposentou.
Faleceu no Rio de Janeiro, aos 82 anos, em 13 de outubro de 1968,
Ele afirmou: “...a poesia está em tudo – tanto nos amores quanto nos chinelos, vítima de hemorragia gástrica.

tanto nas coisas lógicas como nas disparatadas.” Obras


Manoel Bandeira possui uma das maiores obras poéticas da moderna literatura brasileira,
dentre poesias, prosas, antologias e traduções.
Biografia Para compreender melhor a linguagem e o estilo de Manuel Bandeira, segue abaixo alguns
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu no dia 19 de abril de 1886, no Recife, de seus melhores poemas:
Pernambuco.
Pneumotórax
Aos dez anos de idade mudou-se para o Rio de Janeiro onde estudou no Colégio Pedro II entre
os anos de 1897 a 1902. Mais tarde, formou-se em Letras. Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
Em 1903, começa a estudar Arquitetura na Faculdade Politécnica em São Paulo. No entanto, A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
abandona o curso pois sua saúde fica frágil. Tosse, tosse, tosse.
Diante disso, procura curar-se da tuberculose em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Suíça, onde
Mandou chamar o médico:
permanece durante um ano.
De volta ao Brasil, em 1914, dedica-se a sua verdadeira paixão: a literatura. Durante anos de — Diga trinta e três.
trabalhos publicados em periódicos, publica seu primeiro livro de poesias intitulado “A Cinza das Horas” — Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
(1917). — Respire.
Nessa obra, merece destaque a poesia “Desencanto” escrita na região serrana do Rio de — O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito
Janeiro, Teresópolis, em 1912, durante a recuperação de sua saúde:
infiltrado.
Desencanto — Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
Eu faço versos como quem chora — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
De desalento... de desencanto...

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